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GENÉTICA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 7° SEMESTRE ERROS INATOS DO METABOLISMO • Conceito o Defeitos provocados por um bloqueio em uma rota metabólica devido a um defeito hereditário em uma enzima, levando ao acúmulo de substâncias (aminoácidos) ou causam a deficiência das mesmas ▪ Os aminoácidos são blocos de construção das proteínas, e desempenham papeis, principalmente, no crescimento, desenvolvimento e metabolismo energético o Podem afetar qualquer idade, porém, são mais comuns em lactentes e crianças o Apresentam uma sintomatologia complexa, como atrasos no desenvolvimento, retardo do crescimento, convulsões, hipoglicemia etc. o O diagnóstico envolve uma combinação de métodos, incluindo a apresentação clínica (sinais e sintomas), testes bioquímicos e testes genéticos o O tratamento geralmente envolve uma dieta específica, suplementos, terapia de reposição enzimática ou, em casos mais complexos, transplante de órgãos o Esse conjunto de erros são categorizados de 2 formas: ▪ Categoria I: alterações que afetam um único sistema orgânico ou um órgão (ex: sistema imunológico, fatores de coagulação); seus sintomas geralmente são uniformes e o diagnóstico é facilitado ▪ Categoria II: alterações cujo defeito compromete uma via metabólica comum a diversos órgãos ou restrito a um órgão, porém, com manifestações humorais e sistêmicas; seus sintomas são variados e o diagnóstico é dificultado Grupo I: distúrbios de síntese ou catabolismo de moléculas complexas; doenças lisossomais (mucopolissacarídeos e esfingolipidoses), doenças peroxissomais, defeitos no metabolismo de lipídeos, defeitos no transporte de metais – sintomas permanentes que tendem a acentuar-se ao longo do tempo em todas as faixas etárias Grupo II: EIM (erro inato do metab.) intermediário → manifestações → intoxicação aguda e recorrente ou crônica e progressiva; aminoacidopatias, defeitos dos ácidos orgânicos, defeitos do ciclo da ureia, intolerância aos açucares – apresentam intervalos livres de sintomas; relação com alimentação; Grupo III: deficiência na produção ou utilização de energia (ATP); doenças mitocondriais, defeitos na oxidação de ácidos graxos, provenientes de distúrbios hepáticos, miocárdicos, musculares ou nervosos – manifestação através de hipoglicemia, miopatia, hipotonia generalizada, insuficiência cardíaca, retardo de crescimento e morte súbita GENÉTICA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 7° SEMESTRE AMINOACIDOPATIAS FENILCETONÚRIA • É um distúrbio metabólico hereditário causado por uma mutação no gene PAH, localizado no cromossomo 12, provocando um defeito na codificação da enzima fenilalanina hidroxilase (PAH) (converte L-fenilalanina → L-tirosina), consequentemente afetando o metabolismo da fenilalanina, provocando o seu acúmulo (sangue, cérebro) e levando a danos neurológicos o Prevalência: 1:10.000 crianças recém-nascidas o O excesso de fenilalanina faz com que esta se transforme num ácido fenilpirúvico, que exerce ação tóxica em vários órgãos, especialmente no cérebro • Herança • É um distúrbio de herança autossômica recessiva (o filho deve herdar duas cópias do gene mutado) o Pode aparecer em mais de um membro da família; o Típico nos irmãos do probando o Não há distinção de sexo o Genitores do filho afetado são portadores do alelo mutante – maior ocorrência em casos de consanguinidade o Progenitor afetado (aa) x Progenitor portador/normal (Aa) → filho afetado (chance: 50%) o Ambos os pais portadores (Aa x Aa) → 25% chance de herdar 2 cópias do gene mutado (aa) 50% de chance de herdar 1 cópia do gene mutado e se tornar portador (Aa) 25% chance de herdar 2 cópias do gene normal e não ser afetado (AA) o Transmissão horizontal (afeta, geralmente, os membros de uma única família) • Classificação • A doença é classificada de acordo com o erro metabólico envolvido, que reflete sobre a atividade maior ou menor da enzima PAH e os níveis plasmáticos de fenilalanina (FAL) o Fenilcetonúria clássica: ↓ PAH; FAL – forma mais grave; sem tratamento; portador desenvolve lesões cerebrais irreversíveis o Fenilcetonúria leve: índices moderados de PAH ou FAL – o paciente depende do tratamento para o controle da evolução da doença o Hiperfenilalninemia transitória ou permanente: níveis de PAH > FAL – quadro benigno sem manifestações clínicas • Detecção precoce o Triagem neonatal (teste do pézinho) após 24 – 72h do nascimento (evita falsos positivos) – medição da quantidade de fenilalanina no sangue do bebê → confirmação de níveis elevados → testes específicos para determinação da gravidade do distúrbio ▪ OBS: A criança pode ter no sangue traços da fenilalanina presente no corpo materno • Diagnóstico o Sinais e sintomas ▪ Recém-nascidos são assintomáticos; porém, nos primeiros meses, podem apresentar sinais da doença que variam de intensidade, como retardo no desenvolvimento, hiperatividade, irritabilidade, movimentos repetitivos e desordenados, retardo mental, convulsões, vômitos constantes, suor e urina fétida, pele, cabelo e cabelos claros, microcefalia, lesões cutâneas GENÉTICA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 7° SEMESTRE A tirosina está envolvida na síntese de melanina; por isso, o individuo afetado pode apresentar a pele/cabelo/olhos claros o Dosagem de fenilalanina e tirosina o Biologia molecular; mutação no gene da enzima PAH • Tratamento o Dieta rigorosa e vitalícia, baixa em fenilalanina; deve-se evitar alimentos ricos em proteínas (ex: carne, laticínios, ovos) e que contenham aspartame, e consumir fórmulas especiais e alimentos com baixo teor proteico ▪ OBS: o organismo não produz a fenilalanina, sendo um aminoácido retirado dos alimentos proteicos, porém, não deixa de ser essencial para o organismo (por isso o consumo de fórmulas especiais) o Uso de medicamentos e suplementos em conjunto com a dieta • Recomenda-se o aconselhamento genético para os indivíduos afetados e a família, objetivando a identificação de portadores da doença e o fornecimento de orientações para o planejamento familiar e opções de testes pré-natais GENÉTICA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 7° SEMESTRE AMINOACIDOPATIAS ALCAPTONÚRIA • É um distúrbio metabólico hereditário causado por uma mutação no gene AKU, localizado no cromossomo 3, provocando um defeito na codificação da enzima homogentisato 1,2-dioxigenase (HGD), que converte o ácido homogentísico (HGA), produzido pelo fígado e rins em uma substância que pode ser metabolizada e eliminada do corpo o Sendo assim, o HGA se acumula no corpo, podendo causar o escurecimento da urina, descoloração dos tecidos conjuntivos (ex: cartilagem, tendões), dores nas articulações, rigidez muscular e, caso se acumule no coração e/ou rins, pode levar a complicações cardiovasculares e renais o A enzima HGD está envolvida na quebra do aminoácido fenilalanina e da tirosina • Prevalência: 1:250.000 (0,0004%) – 1:1.000.000 (0,0001%) indivíduos • Herança • É um distúrbio de herança autossômica recessiva (o filho deve herdar duas cópias do gene mutado) o Pode aparecer em mais de um membro da família; o Típico nos irmãos do probando o Não há distinção de sexo o Genitores do filho afetado são portadores do alelo mutante – maior ocorrência em casos de consanguinidade o Progenitor afetado (aa) x Progenitor portador/normal (Aa) → filho afetado (chance: 50%) o Ambos os pais portadores (Aa x Aa) → 25% chance de herdar 2 cópias do gene mutado (aa) 50% de chance de herdar 1 cópia do gene mutado e se tornar portador (Aa) 25% chance de herdar 2 cópias do gene normal e não ser afetado (AA) o Transmissão horizontal (afeta, geralmente, os membros de uma única família) • Diagnóstico o Sinais e sintomas ▪ Escurecimento da urina; dor nas articulações, ocronose (pigmentação preto-azulada; acúmulo de pigmento ocronótico) ▪ OBS: A gravidade da AKU pode variar adepender das mutações especificas no gene HGD, que pode ser uma mutação que leve a ausência completa da atividade enzimática, ou uma atividade reduzida o Detecção do ácido homogentísico na urina o Biologia molecular; mutação no gene da enzima HGD • Tratamento o Gerenciamento dos sintomas e prevenção das complicações; controle da dor, fisioterapia, cirurgia de substituição articular (casos graves) o Redução na ingestão de fenilalanina e tirosina o Fisioterapia o Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs); inibidores da enzima HGD (ex: nitisinona) GENÉTICA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 7° SEMESTRE • Recomenda-se o aconselhamento genético para os indivíduos afetados e a família, objetivando a identificação de portadores da doença e o fornecimento de orientações para o planejamento familiar e opções de testes pré-natais GENÉTICA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 7° SEMESTRE AMINOACIDOPATIAS ALBINISMO • É uma condição genética rara de caráter autossômico recessivo, caracterizado pela ausência ou redução da produção de melanina (pigmento que dá cor a pele, cabelo e olhos), causado por uma mutação em genes (OCA1, OCA2, OCA3 TYR, TYRP1, SLC45A2, HPS) responsáveis pela produção de melanina, desde a formação inicial até o seu transporte e armazenamento em melanócitos o Forma mais comum: OCA (albinismo oculocutâneo) – mutações nos genes OCA1 ou OCA2 ▪ Mutações no OCA1: resultante de mutações no gene TYR, codificador da tirosinase, envolvida na produção inicial de melanina OBS: A tirosinase, localizada nos melanossomos, está envolvida na hidroxilação da tirosina para formar L-DOPA (L-3,4-di-hidroxifenialanina) e a subsequente conversão em dopaquinona, que será convertida em eomelanina (responsável pela cor marrom e preta) ou feomelanina (cor vermelha e amarela) ▪ Mutações no OCA2: o OCA2 codifica a proteína P, envolvida no transporte da eumelanina dos melanócitos (células produtoras de melanina) para outras células ▪ Mutações no OCA3: resultante de mutações no gene TYPR1, que fornece instruções para a produção da proteína relacionada à tirosinase 1, envolvida na produção de eumelanina e feomelanina, levando a uma variação nas tonalidades da pele, cabelo e olhos ▪ Mutações no OCA4: resultante de mutações no gene SLC45A2, que fornece instruções para a produção da proteína B, levando a uma diminuição/ausência da melanina na pele e nos olhos • Prevalência: 1:20.000 (0,005%) de indivíduos • Herança • É um distúrbio de herança autossômica recessiva (o filho deve herdar duas cópias do gene mutado) o Pode aparecer em mais de um membro da família; o Típico nos irmãos do probando o Não há distinção de sexo o Genitores do filho afetado são portadores do alelo mutante – maior ocorrência em casos de consanguinidade o Progenitor afetado (aa) x Progenitor portador/normal (Aa) → filho afetado (chance: 50%) o Ambos os pais portadores (Aa x Aa) → 25% chance de herdar 2 cópias do gene mutado (aa) 50% de chance de herdar 1 cópia do gene mutado e se tornar portador (Aa) 25% chance de herdar 2 cópias do gene normal e não ser afetado (AA) o Transmissão horizontal (afeta, geralmente, os membros de uma única família) • OBS: O albinismo também pode ser uma herança ligada ao X o Se o homem herdar um cromossomo X mutado, este será afetado pela condição (por não ter um outro cromossomo X para compensar) o Se uma mulher herdar um cromossomo X mutado, ela provavelmente será portadora da condição (por ter outro cromossomo X para compensar) GENÉTICA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 7° SEMESTRE • Diagnóstico o Sinais e sintomas ▪ Pele, cabelo e olhos claros; problemas de visão (nistagmos (movimentos oculares involuntários), estrabismo (olhos cruzados ou desalinhados), fotofobia (sensibilidade à luz) – causados por subdesenvolvimento do nervo óptico e desenvolvimento anormal da retina); susceptibilidade a queimaduras solares e câncer de pele; o Biologia molecular; identificação do gene específico e a mutação envolvida • Tratamento o Gerenciamento dos sintomas e prevenção das complicações o Proteção da pele dos danos solares (devido à susceptibilidade a danos provocados pelos raios UV) – uso de roupas e acessórios de proteção, além do protetor solar • Recomenda-se o aconselhamento genético para os indivíduos afetados e a família, objetivando a identificação de portadores da doença e o fornecimento de orientações para o planejamento familiar e opções de testes pré-natais GENÉTICA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 7° SEMESTRE AMINOACIDOPATIAS GALACTOSEMIA • É uma condição genética rara de caráter autossômico recessivo causada por mutações nos genes (GALT, GALK, GALE) envolvidos na quebra e utilização da galactose (açúcar encontrado no leite/produtos lácteos). Sendo assim, indivíduos portadores dessa condição não possuem a capacidade de conversão da galactose em glicose, a principal fonte de energia do corpo ▪ Gene GALT: responsável pela produção da galactose-1-fosfato-uridililtransferase (converte galactose-1-fosfato → glicose-1-fosfato no fígado); mutações desse gene levam ao acúmulo de galactose e subprodutos tóxicos no sangue e tecidos Provoca a galactosemia clássica (forma mais grave; os bebês desenvolvem os sintomas logo após nascer (icterícia, vômitos, diarreia, má alimentação, retardo do crescimento pôndero-estatural e, caso não tratada, pode levar a doenças hepáticas, deficiência intelectual e atraso no desenvolvimento) ▪ Gene GALK: responsável pela produção da galactocinase (converte galactose → galactose-1-fosfato no fígado); mutações levam ao acúmulo de galactose Provoca um tipo de galactosemia com a sintomatologia mais leve do que a g. clássica; inclui catarata, problemas de fala e atraso no desenvolvimento ▪ Gene GALE: responsável pela produção da UDP-galactose-4-epimerase (converte UDP-galactose → UDP-glicose no fígado); mutações levam ao acúmulo de subprodutos tóxicos Provoca um tipo de galactosemia com a sintomatologia semelhante a g. clássica; inclui doença hepática e atrasos no desenvolvimento • Prevalência: 1:40.000 (0,0025%) – 1:60.000 (0,0016%) de indivíduos • Herança • É um distúrbio de herança autossômica recessiva (o filho deve herdar duas cópias do gene mutado) o Pode aparecer em mais de um membro da família; o Típico nos irmãos do probando o Não há distinção de sexo o Genitores do filho afetado são portadores do alelo mutante – maior ocorrência em casos de consanguinidade o Progenitor afetado (aa) x Progenitor portador/normal (Aa) → filho afetado (chance: 50%) o Ambos os pais portadores (Aa x Aa) → 25% chance de herdar 2 cópias do gene mutado (aa) 50% de chance de herdar 1 cópia do gene mutado e se tornar portador (Aa) 25% chance de herdar 2 cópias do gene normal e não ser afetado (AA) o Transmissão horizontal (afeta, geralmente, os membros de uma única família) • Diagnóstico o Sinais e sintomas ▪ Danos ao fígado, catarata, deficiência intelectual, atrasos no desenvolvimento, aumento do risco de infecções o Triagem neonatal – teste do pézinho GENÉTICA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 7° SEMESTRE o Medição da atividade das enzimas envolvidas no metabolismo da galactose o Biologia molecular; identificação do gene específico e a mutação envolvida • Tratamento o Dieta rigorosa; eliminação de todas as fontes de galactose (leite, produtos lácteos) – os bebês recebem uma fórmula que não contém lactose e, à medida que envelhecem, adotando uma dieta que restrinja ou elimine alimentos contendo galactose, como frutas e vegetais • Recomenda-se o aconselhamento genético para os indivíduos afetados e a família, objetivando a identificação de portadores da doença e o fornecimento de orientações para o planejamento familiar e opções de testes pré-natais
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