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2 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL DIRETORA GERAL Prof.ª Esp. Suzana Karling VICE-DIRETORA GERAL Prof.ª Me. Daniela Caldas Acosta DIRETOR PEDAGÓGICO Prof. Me. Argemiro Aluísio Karling COORDENADORA GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO Prof.ª Me. Nelci Gonçalves Dorigon ELABORAÇÃO DO MATERIAL Prof.ª Esp. Elisângela Vanice Otaviano REVISÃO DO MATERIAL, FORMATAÇÃO E ARTE FINAL Prof.ª Esp. Elisângela Vanice Otaviano Nenhuma parte deste fascículo pode ser reproduzida sem autorização expressa do IEC e dos autores. Direitos reservados para: INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E DA CIDADANIA Av. Cerro Azul, 1411, Jardim Novo Horizonte - CNPJ – 02.684.150/0001-97 CEP: 87.010-055 - Maringá – PR – Fone: (44) 3034-4488 e-mail: fainsep@fainsep.edu.br mailto:fainsep@fainsep.edu.br 3 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Sumário PROGRAMA DO MÓDULO ................................................................................................................... 5 Apresentação ................................................................................................................................. 5 Ementa do módulo ........................................................................................................................ 5 Objetivo geral ................................................................................................................................. 5 Objetivos específicos ................................................................................................................... 6 Orientações didáticas .................................................................................................................. 6 Estratégias de estudo a serem utilizadas ............................................................................... 6 Avaliação ......................................................................................................................................... 6 UNIDADE I ........................................................................................................................................ 8 A deficiência a partir do contexto histórico ........................................................................... 8 Introdução ....................................................................................................................................... 8 Da invisibilidade à conscientização ......................................................................................... 8 Para pôr em prática ..................................................................................................................... 12 Deficiência auditiva: contexto histórico ................................................................................ 13 A deficiência visual: contexto histórico ................................................................................ 15 Síntese ............................................................................................................................................ 18 Saiba mais ..................................................................................................................................... 18 UNIDADE II ..................................................................................................................................... 19 A legislação que ampara a deficiência sensorial ............................................................... 19 Introdução ..................................................................................................................................... 19 Deficiência sensorial: legislação ............................................................................................ 19 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 ................................................. 19 Declaração de Jomtien de 1990 ............................................................................................... 20 Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA ...................................................................... 20 Declaração de Salamanca ......................................................................................................... 20 Lei 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação ....................................................... 21 Convenção da Guatemala ......................................................................................................... 21 Plano nacional de educação – PNE, Lei 10.172................................................................... 22 Resolução CNE/CEB 02/01 ........................................................................................................ 22 Lei 10.436/02 ................................................................................................................................. 22 Resolução CNE/CP 01/02 .......................................................................................................... 22 Portaria MEC 2.678/02 ................................................................................................................ 23 Lei 10.845/04 ................................................................................................................................. 23 4 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Decreto 5.626/05 .......................................................................................................................... 23 Decreto 6.094/07 .......................................................................................................................... 23 Decreto 7.612 ................................................................................................................................ 23 Para pôr em prática ..................................................................................................................... 24 Síntese ............................................................................................................................................ 24 Saiba mais ..................................................................................................................................... 25 UNIDADE III ................................................................................................................................... 26 A deficiência sensorial: visual e auditiva ............................................................................. 26 Introdução ..................................................................................................................................... 26 Deficiência visual: o que é? ...................................................................................................... 26 Baixa visão ou visão subnormal ............................................................................................. 28 Cegueira ......................................................................................................................................... 30 Atendimento pedagógico ao aluno com deficiência visual ............................................. 31 Para pôr em prática ..................................................................................................................... 34 Sorobã ............................................................................................................................................ 35 O sistema braile ........................................................................................................................... 36 Para pôr em prática ..................................................................................................................... 39 Equipamentos do braile .............................................................................................................39 Deficiência auditiva: o que é? .................................................................................................. 39 Classificando as perdas auditivas .......................................................................................... 41 Atendimento pedagógico ao aluno com deficiência auditiva ......................................... 43 Alfabeto manual ........................................................................................................................... 45 Libras .............................................................................................................................................. 46 Leitura complementar ................................................................................................................ 46 Educação inclusiva no ensino superior ................................................................................ 50 Para pôr em prática ..................................................................................................................... 52 Síntese ............................................................................................................................................ 52 Saiba mais ..................................................................................................................................... 53 Considerações Finais ................................................................................................................. 54 Referências ................................................................................................................................... 55 Referências consultadas ........................................................................................................... 59 5 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL PROGRAMA DO MÓDULO Apresentação Caro aluno, Os estudos sobre a deficiência englobam conceitos que permeiam entendimentos históricos e legislativos referentes à educação inclusiva, deficiências e a inclusão de pessoas na vida social, ou seja, infere na percepção da inserção de todos nos diversos segmentos sociais, incluindo a participação do indivíduo no ensino regular com o direito as adaptações de objetos e recursos para que a aprendizagem ocorra. Nesse sentido, no módulo de Deficiência Sensorial: Auditiva e Visual, abordaremos deficiências específicas: visual e auditiva. A partir do processo histórico da construção conceitual de deficiência, com as alterações ao longo dos anos, até se constituir como a conhecemos atualmente. Também, veremos como a elaboração e a atuação de políticas públicas com a promulgação de alguns documentos legais, incidiram sobre a mudança conceitual incorporada no cotidiano social. Ademais, englobaremos as possibilidades de adaptações curriculares para todos níveis educacionais visando a desenvolvimento do indivíduo e seu ingresso ao mercado de trabalho. Por fim, destacaremos algumas reflexões quanto à organização da equipe pedagógica que contemple a diversidade e preconize a qualidade em educação. Logo, esperamos que ao final desse módulo, você esteja preparado para o desafio da inclusão. Bons estudos! Ementa do módulo Conceituação da deficiência visual e auditiva pautada no entendimento histórico e na legislação. Estudo de práticas de aprendizagem priorizando a inclusão no ensino regular com as devidas adaptações. Objetivo geral Oferecer subsídios teóricos ao profissional que objetiva atuar no contexto da educação inclusiva, bem como, apresentar metodologias específicas à prática pedagógica. 6 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Objetivos específicos Apresentar o histórico da conceituação de deficiência; Entender o processo histórico da pessoa surda e cega; Apresentar como pode ocorrer o processo de inclusão da pessoa com deficiência visual e auditiva no contexto de escola regular. Orientações didáticas Diferentemente do ensino presencial, o aluno que opta pela Educação a Distância precisa conhecer as características desta modalidade. O próprio aluno é o sujeito do processo, ou seja, ele é o principal agente da aprendizagem, e seu próprio professor. Para que isso ocorra, é importante que você faça uso correto das estratégias e recursos utilizados em EaD. Visando promover tal autonomia intelectual, você tem à disposição as ferramentas disponíveis no Moodle: material didático (textos, livros, filmes, vídeos e atividades); tutor a distância e fórum. Estratégias de estudo a serem utilizadas Leitura, pesquisa, discussões, debates, resumos. Utilização de diferentes recursos pedagógicos ofertados pela FAINSEP: biblioteca virtual (hemeroteca) e o Ambiente Virtual de Aprendizagem (MOODLE). Realização das atividades do dossiê e do exame, a fim de aprofundar e consolidar os conhecimentos desenvolvidos no módulo. Utilização de ferramentas síncronas e assíncronas para a interação com os tutores. Leitura de textos complementares. Avaliação A avaliação final consistirá na nota da atividade avaliativa on-line, que valerá de 0,0 a 10,0, com peso 4 e a da nota do exame on-line que valerá de 0,0 a 10,0, com peso 6. A média final para aprovação é 7,0 (sete). Atividade avaliativa on-line constituída de 20 questões objetivas, com direito a 2 tentativas, sem limite de tempo. Apenas realize as atividades no Moodle, quando tiver estudado todas as unidades e se sentir seguro e preparado. 7 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL O exame on-line, com 10 questões objetivas, estará à disposição, na plataforma Moodle, durante este período de oferta do módulo, fica a critério do aluno escolher o melhor horário para iniciar o exame, tendo o prazo de uma hora para sua conclusão. Logo após a conclusão do exame, o sistema apresentará automaticamente a nota do aluno. Fique atento(a): o exame de segunda oportunidade abrirá automaticamente dentro do período de oferta do módulo, caso não seja atingida a nota 7,0 na atividade avaliativa ou no exame. No caso de não atingir a média após as tentativas no período de oferta do módulo, ou não conseguir fazer o exame no período estipulado, o aluno deverá requerer 3.ª oportunidade no período estipulado, tendo como referência o cronograma do referido curso. Para maiores informações consulte o guia acadêmico. Caro aluno, É necessário oferecer às diferenças a possibilidade de conviver harmoniosamente em sociedade. Quem sabe assim começaremos a construção de um espaço social, que conheça, aprenda e conviva de forma mais humana e sensível, fazendo com que todos se sintam bem e confortáveis, de forma igualitária, na vivência em comum. Pense nisso! https://moodle.fainsep.edu.br/moodle35/course/view.php?id=47 8 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL UNIDADE I A deficiência a partir do contexto histórico Introdução Ao longo da história, as atitudes para com crianças “especiais” eram drásticas, isto porque o objetivo era ter uma sociedade saudável e forte, com homens aptos para guerrear, uma vez que só os fortes sobreviviam. Nesse sentido, o indivíduo com algum tipo de deficiência não possuía espaço no contexto social. Foi após percorrerem um longo caminho, que a pessoa com deficiência conseguiu quebrar de paradigmas e garantir direitos perante a sociedade. E para entender o porquê da falta de espaço no contexto social, nesta unidade, você terá a oportunidade de compreender, por meio da contextualização histórica, como a pessoa com deficiência conseguiu garantir mais espaço na sociedade. Vamos lá? Da invisibilidade à conscientização O termo ‘deficiente’, para muitos, ainda hoje, tem um significado muito forte, carregado de valores morais, contrapondo-se a ‘eficiente’. Além disso, supõem que a pessoa deficiente não é capaz, isto porque é considerada incompetente e sem inteligência. “A ênfase recaino que falta, na limitação, no ‘defeito’, gerando sentimentos como desprezo, indiferença, chacota, piedade ou pena”, (GIL, 2000, p. 5). Mas de onde vem essa concepção negativa em relação a pessoa com deficiência? Para responder a esse questionamento, é necessário voltarmos ao início das civilizações do Ocidente. Silva (2012), ao discorrer sobre o contexto histórico da pessoa com deficiência, pontua que foi durante as primeiras civilizações do Ocidente até o declínio do Império Romano, em 476 d.C., que surgiram as primeiras formas de tratamento fornecidas às pessoas com deficiência. Contudo, antes desse período, essas pessoas, ao nascerem, eram descartadas, rejeitadas e até condenadas à morte, isto porque as sociedades antigas consideravam o deficiente como subumano, uma vez que, que não tinha plena capacidade de viver em sociedade, em convívio social, e muito menos ter alguma serventia para o governo, que era marcado por uma relação de produção baseada na escravidão. 9 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Na Grécia Antiga e na Roma Antiga, por exemplo, o governo tinha como meta construir uma sociedade perfeita, para tanto, era necessário homens plenamente aptos às atividades diárias, que dependiam do trabalho braçal. Como pode-se observar, a pessoa com deficiência não possui tal perfil, portanto, era considerado inútil à sociedade. De acordo com Aranha (1979), nas sociedades antigas, a deficiência não era vista, por essa razão, a criança que apresentasse algum tipo de deficiência e fosse imediatamente detectável, a atitude praticada, na época, era o abandono ao relento, até a morte. Mas por que tinham essa atitude? Aranha (1979) pontua que, nas sociedades antigas, a busca pelos ideais de perfeição não permitia a inclusão das pessoas deficientes no contexto social. Assim, era comum práticas cruéis para com os deficientes. Sueli (2011) destaca as narrativas dos filósofos, dos trabalhadores e intelectuais dessas sociedades, comprovam as atitudes severas em relação à pessoa com deficiência, Há relatos que comprovam como era comum o ato de abandonar crianças em montanhas e florestas ou atirá-las de penhascos ou nos rios, por serem consideradas uma ameaça à manutenção daquela forma de divisão social do trabalho: homens livres versus escravos, trabalho manual versus trabalho intelectual (SUELI 2011, p. 38). No século V, o Império Romano entra em declínio devido à invasão dos povos bárbaros, como consequência, as riquezas passam a se concentrar nas mãos de poucas pessoas, resultando no colapso do sistema de produção escravista. Há, nesse contexto, o início de um novo ciclo econômico baseado nas relações de servidão (Feudalismo). Outro protagonista desse período, é a igreja católica que passa a dominar as regiões da Europa ocidental, que “tem suas raízes materiais na hegemonia de uma nova classe proprietária de terras, cuja economia era fortemente subsidiada na agricultura, pecuária e artesanato: o clero” (SUELI, 2011, p. 39). Nesse sentido, o cristianismo impõe sua visão de mundo, - Deus no centro de tudo, - por meio de dogmas religiosos, resultado em uma nova organização social. Assim, as relações de trabalho que, na Roma Antiga, pautavam-se na escravidão, na nova sociedade chamada de Idade Média, é modificada, isto porque as relações de trabalho passam a se ancorem nos ideais do cristianismo, que definia o trabalho como um sacrifício que exige do homem a superação de suas dificuldades físicas e submeta-se a um estado de docilidade para que haja o enriquecimento do seu espírito. Conclui-se, nesse sentido, que a divisão do trabalho na Idade Média se dá pelos servos que deveriam 10 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL obedeciam aos comandos dos senhores feudais, donos das terras que o servo deveria cuidar. Ambos servo e senhor eram subordinados ao clero (igreja) e à nobreza. Essa contextualização do sistema econômico-social é fundamental para que você possa visualizar como a pessoa com deficiência é vista nas diferentes sociedades. Assim, na Idade Média, século XII, passa a vigorar uma dinâmica econômica-social diferente daquela da Roma Antiga, o que resultou no questionamento do aniquilamento das pessoas com deficiência. Tal questionamento ancorava-se na visão do cristianismo que defende a ideia de que todos os homens são criaturas de Deus e, portanto, têm o direito à vida, contrapondo-se à condenação dessas pessoas à morte (SUELI, 2011). Assim, a morte da criança diagnosticada com deficiência, passou a ser condenada. No entanto, Sueli (2011) enfatiza que na Idade Média havia a tendência de interpretar o nascimento de uma criança com deficiência como um castigo de Deus, isto é, uma punição dada em virtude dos pecados cometidos pelos seus pais ou familiares. Ademais, também consideravam que as pessoas apresentassem qualquer deformidade, estavam sob a posse de um ser maligno. Quem sofria de epilepsia, por exemplo, era visto como uma criatura possuída por demônios ou simplesmente louca. Portanto, o que muda em relação à Grécia e Roma Antiga é que, na Idade Média, havia punição aos pais que abandonassem ou matassem o filho com deficiência. No entanto, a deficiência não é vista com bons olhos. Você já assistiu ao filme Corcunda de Notre Dame? Esse filme, ilustra bem como a pessoa com deficiência era considerada na Idade Média. Além de um novo sistema econômico-social, a Idade Média trouxe contribuições à medicina, isto porque nesse período surgiram diversas doenças epidêmicas devido à falta de higienização da população e, também, ao comércio realizado pelos navios, que traziam em seus porões ratos que encontravam nas cidades europeias. Ademais, não havia sistema de esgoto fechado nem a preocupação com o lixo produzido pela população. O resultado foi a morte de um terço da população europeia, em decorrência da peste bubônica, popularmente, chamada de “peste negra” (SUELI, 2011). Houve, portanto, a necessidade de hospitais, que, na Idade Média, eram tidos como instituições de caridade, já que eram de matriz religiosa e se amparavam nos princípios do cristianismo. Assim, atos de caridade realizados nessas instituições eram vistos como um meio de conduzir a alma à vida eterna, à salvação, e moldaram as instituições 11 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL filantrópicas do século XVI e motivaram a criação de asilos e abrigos de assistência às pessoas com deficiências, Esse movimento histórico caracteriza o chamado período de segregação das pessoas com deficiências em instituições, que tinha o objetivo de enclausurar aqueles que não se encaixavam nos padrões da normalidade, como os leprosos, os paralíticos, os doentes venéreos, os doentes mentais e toda sorte de desajustados (SUELI, 2011, p. 41). A partir do XVIII, há um novo processo de mudança no sistema econômico-social e, agora, político, isto porque foi um momento histórico marcado pelas Revoluções Industrial e Francesa, que resultou na mudança de poder, uma vez que a Igreja deixa de ser a detentora do poder absoluto; os revolucionários, ao almejarem a liberdade do homem, a igualdade e o livre mercado, assumem o poder. Outro ponto importante nesse período é que a industrialização passa a ser o foco no século XVIII, e o sistema feudal dá lugar ao capitalismo. É nesse cenário que se institui o poder disciplinar, o poder da norma, o nascimento das ciências naturais. A mudança nas relações sociais impulsionou o sistema capitalista, e os estados passaram a investir em mecanismos de prevenção à vida da população que cada vez mais ocupava os centros urbanos. A consequência dessa transformação, foi um maciço investimento em saúde para o controle da natalidade, para o tratamento de doenças venéreas e para a preocupação, principalmente, com a higiene. Você ter percebido que nesse novo sistema econômico-social-político denominado Estadonovo, o foco está no indivíduo que compõem a sociedade, uma vez que, agora, o poder não estava centralizado na figura de um “senhor” que decidia sobre a vida do povo, mas sim na economia, que passa a incluir os indivíduos na produção e no consumo. Essa é, sem dúvida, a fonte de vida do capitalismo. Nesse contexto histórico, o homem começa a ser substituído pela máquina, que é mais eficiente e mais lucrativa para o sistema capitalista de produção. E, portanto, a pessoa com deficiência não possui espaço social nesse período, resultando em uma intensa desigualdade operada pelo modo de produção capitalista, que ao mesmo tempo que “apregoa a liberdade da propriedade do corpo como força de trabalho na esfera da circulação, opera, contraditoriamente, como a condição que potencializa a desigualdade” (SUELI, 2011, p. 43). 12 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Assim, os séculos XVIII e XIX são marcados pela desigualdade social o que gerou uma preocupação aos pesquisadores que focavam seus estudos ao entendimento do indivíduo com deficiência. E é nesta época que emergem as instituições de caráter assistencialista, sobretudo na América, e objetivam o aproveitamento de pessoas com deficiência para inseri-los no mercado de trabalho, As instituições funcionavam como asilos, alimentando e abrigando os internos; como escolas, oferecendo instrução básica na leitura, escrita e cálculo; como oficinas de produção, pois as pessoas com deficiências constituíam mão de obra barata no processo inicial de industrialização (SUELI, 2011, p. 44). Em síntese, é o sistema econômico-social- político que dita o indivíduo é visto socialmente, e, nas sociedades modernas, o corpo se torna objeto do poder, e por ser útil, também é dócil, tornando-se uma sociedade de corpos padronizados, aptos para assumirem uma função social. E nesse contexto, infelizmente, há pouquíssimo espaço para o indivíduo com deficiência. Nesta seção, vimos que, historicamente, a pessoa com deficiência já foi classificada como: amaldiçoada, ser semidivino, resultando sempre na exclusão social e vivenciando a base de ações de caridade da comunidade. Para pôr em prática Caro aluno, Para aprofundar a temática dessa unidade, assista ao filme A Roda dos Expostos, de Maria Emília de Azevedo, o filme é uma simbologia dessa prática, abordando o abandono. Gira em torno do personagem central Hector. Todas as noites, ele volta à “roda” na esperança de reencontrar sua mãe. Disponível on-line 13 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Deficiência auditiva: contexto histórico Nesta seção, você conhecerá um pouco mais sobre a história do indivíduo com surdez. E para começarmos, responda: você conhece ou trabalha com um surdo? Em seu dia a dia, você lida mais com o ouvinte ou com o surdo? Talvez você não tenha percebido que em nossa sociedade há um número expressivo de indivíduos surdos. De acordo com os números do IBGE, em 2019, havia aproximadamente 10,7 milhões de pessoas surdas e/ou com deficiência auditiva no Brasil; no entanto, é raro encontrarmos uma pessoa surda nos diferentes contextos sociais. Para encontrar o possível motivo de tal silenciamento social, é preciso analisar o percurso histórico da surdez. Duarte et al. (2013) destacam que a surdez sempre esteve presente na sociedade, mas, dependendo do período histórico, a pessoa com surdez era vista de modo diferente pela sociedade, e, assim, ficava a margem desse contexto. Portanto, o surdo não era respeitado em suas diferenças. Os autores acrescentam que, antigamente, a pessoa surda era perseguida por ser vista como aberração da natureza. No século XIX, com as contribuições da medicina, a surdez passa a ser entendida como doença. Lunardi (2002) destaca que a institucionalização da norma, nesse período, constituiu o conceito de “anormal”, que passou a agir sob a forma de diferentes técnicas e dispositivos: a escola, a família, o hospício, a prisão, e no caso deste trabalho, a educação especial, isto porque, como afirma Maciel (2008, p. 41), “o modelo médico interpreta a deficiência como sendo um desvio padrão normal do ser humano”. Portanto, o objetivo da ciência está alinhado à “correção” de certa anormalidade, de um certo “desvio” presente na pessoa com deficiência. Assim, “o modelo assistencialista interpreta a deficiência como algo inconciliável com a vida ‘normal’, portanto, sua orientação é voltada à manutenção de redes paralelas de atendimento” (MACIEL, 2008, p. 41). E como vimos na seção anterior, a medicina passou a se desenvolver a partir do século XVIII, e foi, somente, nesse período que a situação dos deficientes auditivos começa a ter um rumo diferente, uma vez que, na Antiguidade e na Idade Média, a pessoa com deficiência era tratada com indiferente, como marginalizada, por vezes, não era reconhecida como ser humano. Em síntese, foi no Estado Moderno, que inicia-se a conscientização de que as pessoas com deficiência também devem ocupar um lugar na sociedade. 14 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Conforme os avanços medicinais avançavam, surgiam metodologias e práticas educacionais que amparam os deficientes auditivos, porém, nem sempre adequavam-se as reais necessidades da pessoa surda. Skliar (2013) enfatiza que o despreparo dos profissionais ao atendimento aos surdos e a visão apenas clínica discriminou-os como sujeitos totalmente incapazes. Reconhece-se que as pessoas que possuíam algum tipo de deficiência eram afastadas do convívio social e as ações direcionadas a esse grupo eram basicamente assistencialistas, com objetivo curativo, e engendradas por motivação religiosa ou caritativa. Esta situação ainda é presente, mas vem se tornando menos frequente, em parte, como resultado das atitudes e comportamentos das próprias pessoas com deficiência (FIGUEREDO, 2013, p. 445). É evidente que compreensão da deficiência era equivocada, pois era considerada como um desvio da normalidade, e foi nesse contexto, que se percebeu a necessidade de pesquisas mais aprofundadas para compreender as causas e os fatores etiológicos da deficiência, A explicação da origem da deficiência localizada no indivíduo, por meio da investigação de fatores genéticos-hereditários, relativos às circunstâncias pessoais ou familiares; A imutabilidade na condição da deficiência, posto que se considerava impossível reverter quadros de atraso social, intelectual e linguístico; A adoção de um padrão de normalidade físico que balizava a avaliação dos desvios apresentados; A identidade entre a deficiência e a doença mental, uma exótica fusão entre psiquiatria e pedagogia, determinando tratamento clínico, independentemente da natureza do “desvio” apresentado (BEYER, 2005 apud SUELI, 2011, p. 47-48). Nesse sentido, começam a surgir as instituições especializadas que iniciaram um processo de transição entre as abordagens clínicas e pedagógicas, conhecida mais tarde como “escolas especiais” (SUELI, 2011). A concepção pautada no conceito de doença fez com muitas pessoas entendessem a deficiência com um conhecimento de senso comum “lugar de deficiente é no hospital” (SUELI, 2011, p. 48). Tal crença explica o porquê, até hoje, muitos consideram a pessoa com deficiência como um ser doente que só alcançará a cura por meio de tratamento adequado. Nesse cenário, a pessoa com deficiência auditiva, por muito tempo, além de não ter visibilidade social, foi privada de realizar atividades comuns no contexto social. Os inúmeros motivos que inviabilizaram os direitos do surdo na história, o silenciaram; contudo, de acordo com Duarte et al. (2013), o principal motivo que fez com que o deficientes auditivo não possuísse seus direitos garantidos foi, definitivamente, por não se 15 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL comunicar oralmente, e consequentemente, nãoestar incluído na cultura da sociedade ouvinte. Skliar (2013, p. 21) enfatiza que, A configuração do ser ouvinte pode começar sendo uma simples referência a uma hipotética normalidade, mas se associa rapidamente a uma normalidade referida à audição, a partir desta, a toda uma sequência de traços de outra ordem discriminatória. Ser ouvinte é ser falante e é, também, ser branco, homem, profissional, letrado, civilizado etc. Ser surdo, portanto, significa não falar – surdo- mudo – e não ser humano. Em suma, entende-se que o tratamento para as pessoas com deficiência auditiva sempre foi de exclusão social, uma vez que as ações que eram empregadas não passavam de um simples e básico assistencialismo, prestado por instituições religiosas ou de caridade. Infelizmente, tais ações ainda ocorrem atualmente. Ainda que silenciado, o surdo, devido a uma forte iniciativa de pesquisadores e de pessoas surdas, está construindo uma nova identidade social pela participação e competência que vem desempenhando na sociedade. Além disso, políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência, têm contribuído para que o surdo ocupe os diferentes papéis sociais, a exemplo, podemos citar a legislação que conceitua o indivíduo surdo e o reconhecimento da língua de sinais (LIBRAS), Observou-se maior respeito a esse grupo no momento em que a legislação brasileira, através do Decreto nº 5.626/20054, em seu art. 2º, considerou a pessoa surda como aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a pessoa com perda auditiva como aquela com perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000Hz (FIGUEREDO, 2013, p. 5). Portanto, percebemos que a pessoa com surdez vem percorrendo um longo caminho para garantir, cada vez mais, o seu espaço na sociedade; contudo, ela ainda precisa desenvolver suas habilidades para factualmente se inserir na sociedade ouvinte e letrada e, para tanto, a pessoa surda precisa se esforçar muito e contar com a ajuda de profissionais da saúde e da educação para que isso realmente se efetive. A deficiência visual: contexto histórico Assim como o surdo, o indivíduo cego não tinha espaço no contexto social na Antiguidade, isto porque, como vimos em seções anteriores, as pessoas com deficiência eram mortas ou abandonadas. Motta (2009), ao discorrer sobre a história da deficiência 16 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL visual, pontua que, na Antiguidade, quando uma criança nascia cega, era abandonada à morte, e, caso o adulto ficasse cego, era totalmente abandonado, isto é, pela família e pela sociedade. Na Idade Média, a cegueira passou a servir de castigo ou vingança. Muitos registros históricos confirmam que reis e imperadores ordenavam que os olhos de prisioneiros fossem retirados antes de devolvê-los à sua pátria. Crimes em que havia a participação dos olhos, o réu era condenado a cegueira (MOTTA, 2009). Quando a filosofia do cristianismo expandiu, a pessoa com deficiência visual passou a ser considerada “filha de Deus”; contudo, a situação ainda era de exclusão porque os cegos eram segregados em asilos ou viviam da caridade de pessoas, caso não fossem acolhidos por instituições de caridade ou por famílias, deveria ser sacrificado, O Cristianismo modificou a postura diante da deficiência incluindo seu portador entre as “criaturas de Deus”, assim ele não poderia ser abandonado, já que possui alma. Sob a influência do Cristianismo os portadores de deficiência passam a ser assistidos em suas necessidades básicas de alimentação e abrigo, mas não havia a preocupação com seu desenvolvimento e educação (MANTOAN,1997, p. 215). Com o avanço da medicina, no século XVIII, ocorreram descobertas sobre a anatomia e a fisiologia, o que auxiliou a ciência a compreender o funcionamento do olho e a estrutura do cérebro. Nesse período, o cego começa a ser visto como um indivíduo que possuia uma condição social diferenciada. Bruno; Mota (2001), ressaltam, no entanto, que a preocupação com a educação de pessoas cegas começou no século XVI, com o médico italiano, Girolínia Cardono, que considerou a possibilidade do ensino de leitura por meio do tato. Nesse contexto, também surgem as primeiras tentativas para a criação de métodos, que possibilitaram à pessoa cega o acesso à linguagem verbal escrita. Belarmino (1996) descreve que esses métodos faziam uso de fundição de letras em metal, caracteres recortados em papel, alfinetes de diversos tamanhos pregados em almofadas; porém, permitiam, apenas, a leitura de pequenos textos. No final do XVIII e início do XIX, começam a surgir, na Europa, institutos e escolas para pessoas cegas. Na América, registros históricos datam que o primeiro instituto para cegos foi criado em 1829. Com a criação dos institutos os cegos começam a dispor de atendimento especializado, e o Sistema Braille passa a ser adotado como método 17 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL universal de ensino para pessoas cegas em 1978, devido às considerações pontuadas no Congresso em Paris. No Brasil, o atendimento especializado à pessoa cega começa a acontecer com a inauguração do Instituto Benjamin Constant, localizado no Rio de Janeiro, nasceu do sonho de um adolescente chamado José Álvares de Azevedo que, em 1850, decidiu iniciar uma verdadeira cruzada no Brasil em prol das pessoas que fadadas à exclusão social pelo fato de não enxergarem. Com o grande número de atendimentos, outros institutos foram criados: Em 1854, inauguração do Instituto Benjamin Constant, primeira iniciativa em prol dos deficientes visuais no Brasil. Hoje, é referência em atendimento às questões de deficiência visual. Em 1929, inauguração do Instituto Padre Chico, resultou da cooperação do povo, acrescida das grandes quantias dos senhores Conde de Lara, Dr. Antônio de Castro e de outros magnânimos paulistas. Em 1933, inauguração do Instituto de Cegos da Bahia, que, inicialmente, funcionou como albergue dos cegos que trabalhavam na confecção de vassouras visando garantir a sua sobrevivência. Em 1943, inauguração do Lar das Moças Cegas, em São Paulo, que visava assistir e educar as mulheres cega, mas, em 1988, passou a atender homens também. Em 1946, inauguração da Fundação Dorina Nowill, com o intuito de ensinar cegos ou não para atender a deficiência visual, oportunizando, assim, a inclusão social de pessoas cegas ou com baixa visão. Desde a sua fundação, focou na inclusão social e a reabilitação dos deficientes, e, também, na produção editorial, com livros dos mais diversos segmentos para atender as pessoas com deficiência visual. Em 1991, inauguração da associação LARAMARA, que teve como incentivo de uma mãe que tinha uma filha com deficiência visual, e de tanto ouvir discursos desencorajadores dos profissionais da saúde, essa mãe resolveu fundar a LARAMARA para auxiliar as famílias Atualmente, a LARAMARA atua junto a profissionais, pais, crianças e jovens com deficiência visual, para promover a integração do cego na sociedade. Destacamos que essas são, apenas, algumas das instituições criadas no Brasil para atender a pessoa cega. E, após a leitura dessa seção, você deve ter percebido que 18 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL o cego teve mais visibilidade que o surdo na sociedade, tal fato resulta da condição de fala, uma vez que estamos inseridos em uma sociedade em que a maioria é ouvinte. Na próxima unidade, vamos conhecer as leis, os decretos e os documentos que contribuíram e garantiram a integração da pessoa com deficiência na vida social e educacional. Síntese Você percebeu que a luta da pessoa com deficiência visual e auditiva para conseguir espaçona sociedade não foi fácil, foram várias as etapas que enfrentaram para chegar aos dias atuais com direitos. Inicialmente, eram abandonados à morte devido à questão de sobrevivência, pois não serviam para a caça. Após esse período, o descaso continuou, isto porque as pessoas com deficiência eram jogadas de montanhas, afogadas em rios ou, ainda, serviam ao entretenimento, como músicos ou palhaços. Anos mais tarde, forma vistos como castigos divinos. A sensibilidade para com as pessoas começou a acontecer apenas quando a religião começou a abordar a questão com mais humanidade. Com os avanços da medicina, os motivos reais da deficiência começaram a ser identificados. Foi, então, a partir do século XVIII, que aconteceu uma aproximação com a educação para diminuir os efeitos de exclusão. Nesse sentido, caro aluno, lembre-se de que por mais desafiante que pareça é preciso continuar a garantir os direitos da pessoa com deficiência visual e/ou auditiva, e o contexto escolar pode ajudar nesse percurso, pois juntos, é possível minimizar o preconceito e a exclusão. Saiba mais Caro aluno, Para aprofundar a temática dessa unidade, acesse a Cartilha Viver sem Limite elaborada pelo governo federal que preconiza promover, por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações, o exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência. Acesse: https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de- conteudo/pessoa-com-deficiencia/cartilha-viver- sem-limite-plano-nacional-dos-direitos-da-pessoa- com-deficiencia/view https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/pessoa-com-deficiencia/cartilha-viver-sem-limite-plano-nacional-dos-direitos-da-pessoa-com-deficiencia/view https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/pessoa-com-deficiencia/cartilha-viver-sem-limite-plano-nacional-dos-direitos-da-pessoa-com-deficiencia/view https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/pessoa-com-deficiencia/cartilha-viver-sem-limite-plano-nacional-dos-direitos-da-pessoa-com-deficiencia/view https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/pessoa-com-deficiencia/cartilha-viver-sem-limite-plano-nacional-dos-direitos-da-pessoa-com-deficiencia/view 19 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL UNIDADE II A legislação que ampara a deficiência sensorial Introdução Na unidade I, conhecemos um pouco sobre como as pessoas com necessidades especiais foram consideradas ao longo dos séculos. Você deve ter percebido que foi um percurso de exclusão e silenciamento devido às condições de preconceito e à falta de informação sobre as deficiências. Nesta Unidade, discorreremos sobre as legislações que garante às pessoas com deficiência, o direito de exercer os diversos papéis sociais. A ênfase será na legislação brasileira. É importante ressaltar que, atualmente, há diversas leis que minimizam as deficiências e abrem as escolas e a ação educativa para que todos tenham educação de qualidade de acordo com as suas possibilidades de aprendizagem. Vamos lá? Deficiência sensorial: legislação O documento oficial que promoveu a preocupação com a inclusão social e educacional da pessoa com deficiência é a Declaração dos Direitos Humanos, elaborado após a Segunda Guerra Mundial, isto porque foi necessário reintegrar à sociedade aqueles que voltaram da guerra mutilados. Esse documento, elaborado pelas Nações Unidas, considera todos os seres humanos em situação de igualdade de direitos, mas sabemos que na prática, infelizmente, isso ainda não ocorre. Portanto, a partir da Declaração dos Direitos Humanos de 1948, é que o direito à educação passa a ser abordado nas leis que regem os países. Na sequência, listamos as principais leis que abordam e garantem a educação da pessoa com deficiência, mais especificamente, a pessoa com surdez e/ou cega. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 A Constituição Federal de 1988, lei maior de nosso país, objetiva “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, e, em seu art. 208, determina que a educação é um direito de todos, garantindo o desenvolvimento integral da pessoa, promovendo o exercício da cidadania e 20 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL a preparação para o trabalho, instituindo a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola”, e, também, estabelece como obrigação do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, de preferência, no ensino regular. Declaração de Jomtien de 1990 Em 1990, em Jomtien, na Tailândia, aconteceu a Conferência Mundial de Educação para Todos. Nessa ocasião, foi elaborado um documento chamado “Declaração de Jomtien”, que definiu as abordagens sobre as necessidades básicas de aprendizagem, a fim de estabelecer compromissos mundiais para garantir a todas as pessoas os conhecimentos básicos necessários a uma vida digna para uma sociedade mais humana e mais justa (MENEZES, 2009). Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA Com o intuito de reforçar os direitos garantidos pela Constituição de 1988 e pela Declaração de Jomtien, em 1990, é assinada a Lei n. 8.069/90 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA, que prevê, Capítulo IV Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II- direito de ser respeitado por seus educadores; III- direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV- direito de organização e participação em entidades estudantis; V- acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Art. 54. É dever de o Estado assegurar à criança e ao adolescente: I- ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; [...] Declaração de Salamanca Em 1994, ocorreu, em Salamanca, na Espanha, a Conferência Mundial sobre Educação Especial, que resultou em uma nova visão de educação, a qual focava na 21 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL escola inclusiva, reforçando, assim, a Declaração dos Direitos Humanos e a Declaração de Jomtien, que determinavam a igualdade de direitos educacionais entre os seres humanos. A Declaração de Salamanca forneceu as diretrizes básicas para a elaboração e reformulação de políticas e sistemas educacionais focando na inclusão social. Torna- se, assim, juntamente com a Declaração de Jomtien, um dos principais documentos que visam à inclusão social. Lei 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Pautada na Constituição de 1988, na Declaração de Jomtien, no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Declaração de Salamanca, o direito à educação, no ensino regular, é reforçado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, LDB. Essa lei estabelece que os sistemas de ensino devem garantir aos alunos com deficiência, currículo, métodos, recursos e organização específicos para oferta de educação, de preferência, no sistema regular; e, também, a oferta de serviço e apoio especializado, a oferta de ensino na educação infantil e diminui o atendimento em classes e/ou escolas especiais, aos alunos cuja deficiência não permita a integração na rede regular. No capítulo V, artigos 58 e 59, aborda a educação especial, Artigo 58 - Entende-se por educação especial, para efeitos desta Lei, modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com necessidades especiais. § 1º - Haverá, quando necessário, serviços de apoioespecializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º - O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º - A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Artigo 59 - Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: [...] III- professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. [...] Artigo 60 - [...] parágrafo único: O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. Convenção da Guatemala Ocorreu em 1999 e visava garantir às pessoas com deficiência, os mesmos direitos humanos como todas as pessoas. E, também, definiu como discriminação toda atitude 22 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL diferenciada ou excludente que possa interferir na vida social e educacional da pessoa com deficiência. Plano nacional de educação – PNE, Lei 10.172 Tinha como uma de suas metas o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos por escolas regulares, a fim de diminuir o déficit da oferta de matrículas para alunos com deficiência nas escolas comuns do ensino regular, priorizando a formação docente, a acessibilidade física e o atendimento educacional especializado. Resolução CNE/CEB 02/01 Essa resolução enfatiza que os sistemas de ensino precisam matricular todos os alunos, fazendo com que as escolas se organizem para atendê-los de forma a acolher as necessidades educacionais especiais, garantindo as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos, Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica (MEC/SEESP, 2001). Lei 10.436/02 Essa lei reconhece a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como língua oficial no Brasil juntamente com o Português; também, apresenta a definição de surdez e da pessoa com deficiência. Resolução CNE/CP 01/02 Essa resolução detalha as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica e determina que as instituições de Ensino Superior devem antever, em sua organização curricular, formação docente direcionada à diversidade, contemplando conhecimentos sobre os alunos com necessidades educacionais especiais, a fim de nortear a prática docente. 23 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Portaria MEC 2.678/02 Essa portaria define as diretrizes e as normas para o uso, o ensino, a produção e a propagação do Sistema Braile em todas as modalidades de ensino, abrangendo o projeto da Grafia Braile para a Língua Portuguesa e a sugestão para o seu uso em todo país. Lei 10.845/04 Essa lei objetiva garantir a prática do Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência (PAED), e, também, avalizar a universalização do atendimento especializado de alunos com deficiência cuja condição não consinta a integração em classes comuns de ensino regular e garantir, progressivamente, a admissão dos educandos com deficiência nas salas comuns de ensino regular. Decreto 5.626/05 Esse decreto regulamenta a Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, que refere-se à Língua Brasileira de Sinais – Libras; e o art. 18 da Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000, definindo que a formação de docentes para o ensino de Libras deva ser concretizada em nível superior, em curso de Licenciatura Plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa, como segunda língua. Decreto 6.094/07 Esse decreto regulamenta o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, que tem como objetivo, a formação de professores para a educação especial, a implantação de salas de recursos multifuncionais, a acessibilidade arquitetônica das escolas, o ingresso e a permanência das pessoas com deficiência no ensino superior e o acompanhamento do acesso à escola dos beneficiados pelo Benefício de Prestação Continuada. Decreto 7.612/11 Esse decreto refere-se ao Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite, que tem como objetivo promover, por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações, o exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência, tendo como um de seus eixos principais o acesso à educação, 24 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL prevendo a garantia de que as instituições públicas de educação tornem-se acessíveis às pessoas com deficiência, até mesmo por meio de transporte apropriado. Em síntese, atualmente, a legislação é um recurso que garante a educação para todos, inclusive para a pessoa com deficiência visual e auditiva. Com isso, cada vez mais o movimento pela inclusão social ganha força em nossa sociedade, aumentando valorização do ser humano e a diversidade. Pense nisso! Para pôr em prática Síntese Nessa unidade, discorremos sobre os documentos oficiais que garantem à pessoa com deficiência a inclusão social e escolar, mais especificamente, do surdo e do cego, em nosso país. Portanto, falamos sobre: a Declaração dos Direitos Humanos, da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da Criança e do Adolescente, da Declaração de Jomtien, da Declaração de Salamanca, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, do Plano Nacional de Educação de 1999, da Convenção de Guatemala, da Lei 10.436/02, da Portaria MEC 2.678/02, do Decreto 5.626/05 entre outras. Nesse sentido, enfatizamos que tais documentos devem servir de base à prática docente. No site do MEC, você encontra, na íntegra, todas as leis, decretos e portarias referentes à educação especial. Vale a pena conhecer! Acesse http://portal.mec.gov.br/secretaria- de-educacao-especial-sp-598129159 http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-especial-sp-598129159 http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-especial-sp-598129159 25 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Saiba mais Para aprofundar o conteúdo dessa Unidade, acesse as leis e decretos na íntegra: • Lei 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legislacoes&catid =70:legislacoes • Resolução CNE/CEB 02/01 http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf • Lei 10.436/02 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm • Resolução CNE/CP 01/02 http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf • Portaria MEC 2.678/02 http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/grafiaport.pdf • Lei 10.845/04 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.845.htm • Decreto 5.626/05 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm • Decreto 6.094/07 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6094.htm • Decreto 7.612 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7612.htm http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legislacoes&catid=70:legislacoeshttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legislacoes&catid=70:legislacoes http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/grafiaport.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.845.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6094.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7612.htm 26 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL UNIDADE III A deficiência sensorial: visual e auditiva Introdução Você já para pensar que a visão e a audição são canais fundamentais ao relacionamento do indivíduo com o mundo exterior, isto porque captam registros próximos ou distantes e permite organizar, no nível cerebral, as informações trazidas pelos outros órgãos dos sentidos (GIL, 2000). Mas a pessoa que não dispõem desses canais? Como conseguem organizar as informações do mundo exterior? Esses questionamentos serão abordados nesta unidade, na qual você conhecerá o conceito de deficiência visual e auditiva, e, também, quais são os recursos e as metodologias que podem ser utilizadas pelo indivíduo com deficiência visual e/ou auditiva no contexto social. Nosso ponto de partida será o termo para se referir a pessoa com deficiência. A partir do ano de 2010, o Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência definiu através da portaria 2.344, de novembro de 2010, que a forma correta para o tratamento das pessoas com necessidades especiais, por lei, deve ser Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015; GIL, 2000). Anote aí para não esquecer. Deficiência visual: o que é? Para definir a deficiência visual, primeiramente, precisamos compreender como funciona nosso sistema visual para, então, estudar a deficiência visual. Nossa visão é composta pelos olhos que estão diretamente ligados ao Sistema Nervoso Central por meio dos nervos ópticos. Logo, nossa visão é um dos sentidos importantes para a convivência e a socialização do ser humano, isto porque os nossos olhos são responsáveis por captar imagens, transformá-las em impulsos e enviá-las ao cérebro, com auxílio do nervo óptico, possibilitando seu entendimento. Na Figura 1, ilustramos a estrutura do olho humano: 27 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 1 Getty image Quando essa estrutura fica comprometida por alguma razão, o resultado pode ser variado, ou seja, pode surgir doenças como: a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo, que podem ser corrigidas com recursos óticos, e há, também, doenças mais severas que necessitam de um tratamento mais complexo e que podem ocasionar perda de visão. A exemplo, citamos: a catarata, o diabetes ocular, o glaucoma, que, geralmente, ocorrem em adultos; já a catarata congênita, o glaucoma congênito, a ambliopia, a retinopatia da prematuridade, que ocorrem na criança. Além das doenças, quando a estrutura dos nossos olhos fica comprometida por lesões genéticas ou acidentais, ocorre, também, a deficiência visual que refere-se à redução da resposta visual, devido à causas congênitas ou adquiridas. Essa redução pode variar de leve a severa, ou até a ausência total da resposta visual. Para ilustrar essa 28 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL variação, Ampudia (2011) afirma que o comprometimento parcial ou total da visão, devido às doenças, não corresponde à deficiência visual, isto porque o comprometimento pode ser corrigido com o uso de lentes ou em cirurgias. O referido autor também cita os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os diferentes graus de deficiência visual: Baixa visão (leve, moderada ou profunda): pode ser compensada com o uso de lentes de aumento, lupas, telescópios, com o auxílio de bengalas e de treinamentos de orientação. Próximo à cegueira: ocorre quando a pessoa ainda é capaz de distinguir luz e sombra, mas já utiliza o Sistema Braile para ler e escrever, e, também, recursos de voz para acessar programas de computador, locomove-se com a bengala e precisa de treinamentos de orientação e de mobilidade. Cegueira: ocorre quando não há qualquer percepção de luz. Utiliza, obrigatoriamente, o Sistema Braile para ler e escrever, e, também, recursos de voz para acessar programas de computador, locomove-se com a bengala e precisa de treinamentos de orientação e de mobilidade. Baixa visão ou visão subnormal A baixa visão aplica-se aos casos em que há a alteração na capacidade visual, resultando no rebaixamento da acuidade visual, na redução do campo visual e da sensibilidade aos contrastes. Pode ter uma variação de leve a severa ou, ainda, profunda. A baixa visão pode decorrer de doenças como: de retina, glaucoma, catarata, traumas, diabetes, senilidade etc., que podem resultar na perda da visão central, na perda da visão periférica, na perda difusa do campo visual e na diminuição da sensibilidade ao contraste. De acordo com Coeicev (2013), a baixa visão é caracterizada por problemas na visão central, com comprometimento severo na fóvea central ou na mácula, como ilustramos na Figura 2: 29 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 2 Getty image Coeicev (2013), explica que “a fóvea situa-se na mácula: é a porção mais nobre da retina, ou seja, a parte central da mácula, é a responsável pela acuidade visual, que está sempre direcionada para o objeto que se quer ver. Logo, qualquer problema na fóvea provocará um borrão ou ponto cego na visão, como ilustramos nas imagens: Figura 3 Disponível em: http://www.acessibilidadenapratica.com.br/textos/baixa-visao- classificacao-quanto-ao-perfil-de-resposta-visual/ http://www.acessibilidadenapratica.com.br/textos/baixa-visao-classificacao-quanto-ao-perfil-de-resposta-visual/ http://www.acessibilidadenapratica.com.br/textos/baixa-visao-classificacao-quanto-ao-perfil-de-resposta-visual/ 30 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 4 Disponível em: http://www.acessibilidadenapratica.com.br/textos/baixa-visao- classificacao-quanto-ao-perfil-de-resposta-visual/ Diversas são as causas ocasionam a baixa visão e há vários recursos especiais que podem ser utilizados para minimizar os problemas de baixa visão: Estar atento aos diversos comportamentos dos alunos, pode auxiliar a família no diagnóstico da deficiência visual, uma vez que o aluno dá pistas comportamentais, as quais possibilitam ao professor perceber se ele está com algum tipo de dificuldade para enxergar. No site do Instituto de Cegos da Bahia, encontramos as principais pistas que uma pessoa com dificuldade na visão pode dar: lacrimejamento, sensibilidade à luz, mancha branca no olho, redução do tamanho do globo ocular, grande dilatação na pupila, estrabismo e necessidade de grande aproximação dos objetos para uma melhor visão. Cegueira Fi g u ra 5 Ó C U LO S ES P EC IA IS Figura 5 Lentes especiais http://www.acessibilidadenapratica.com.br/textos/baixa-visao-classificacao-quanto-ao-perfil-de-resposta-visual/ http://www.acessibilidadenapratica.com.br/textos/baixa-visao-classificacao-quanto-ao-perfil-de-resposta-visual/ 31 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL A cegueira, como mencionamos anteriormente, é definida como a ausência total da resposta visual e pode ser: congênita ou adquirida. Coeicev (2013) define a cegueira como a ausência total de visão, até a perda da capacidade de indicar projeção de luz, obrigando a pessoa a utilizar o Sistema Braile como principal recurso para leitura e escrita. Para ser considerada cega, a pessoa deve se encaixar nos seguintes critérios: a visão corrigida do melhor dos seus olhos é de 20/200 ou menos, ou seja, a pessoa pode ver a 20 pés (6 metros)o que uma pessoa de visão normal pode ver a 200 pés (60 metros), ou se o diâmetro mais largo do seu campo visual subentende um arco não maior de 20 graus, ainda que sua acuidade visual nesse estreito campo possa ser superior a 20/200. Conde (2006), afirma que esse campo visual restrito pode ser chamado de “visão em túnel” ou “ponta de alfinete”. Em relação à classificação da cegueira, esta pode ser absoluta (a pessoa não distingue nada) ou a parcial (a pessoa distingue luz, sombra ou contornos). As formas de manifestação da cegueira são fundamentais para identificar e compreender a pessoa acometida por essa deficiência. Com relação aos tipos de cegueira, pode ser congênita que refere-se à perda total de visão desde o nascimento ou ocorre antes dos cinco anos de idade. Nesse tipo, a pessoa cega, geralmente, não apresenta memória visual, o que estimula o cérebro a criar mecanismos naturais de substituição do sentido da visão por outros sentidos sensoriais, por exemplo, o tato, a audição, o gosto e o olfato. Geralmente, os sentidos sensoriais mais desenvolvidos são o tato e a audição. A cegueira também pode ser do tipo adquirida que refere-se à perda quase total ou integral do sentido da visão em pessoas que possuíram a visão e, portanto, possuem a memória visual, ou seja, guardam na memória imagens e cores que visualizou, auxiliando na sua readaptação. Esse tipo de cegueira pode ocorrer devido a acidentes ou, ainda, em virtude de doenças degenerativas específicas, ou causadas pela idade. Atendimento pedagógico ao aluno com deficiência visual Sá et al (2007, p. 18), pontuam que o trabalho com aluno que tem baixa visão baseia-se no seguinte princípio: “estimular a utilização plena do potencial de visão e dos sentidos remanescentes, bem como na superação de dificuldades e conflitos emocionais”. Afinal, “um aluno com baixa visão possui seu cognitivo intacto, porém, a percepção do mundo baseada na visão se torna limitada por conta da deficiência”. 32 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Nesse sentido, quanto antes a criança com deficiência visual for estimulada, mais rápido ocorrerá o seu desenvolvimento e a integração dela com o meio ambiente e a descoberta de sua identidade pessoal. Assim, a estimulação visual deve ocorrer, quando houver, a partir da visão residual da criança, por meio de atividades e exercícios que visem alcançar o desenvolvimento da acuidade visual. Gagliardo; Nobre (2009, p. 17) afirmam que “A estimulação visual que o lactente recebe a partir do nascimento é de fundamental importância para a formação de conexões neurais responsáveis pela visão”. Portanto, a família tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança com deficiência visual, uma vez que é o contato com a mãe propicia a aprendizagem e a familiarização com o meio no qual a criança está inserida, mas sabemos que, no primeiro momento, a adaptação com o nascimento de uma criança com deficiência não é uma tarefa fácil. Por vezes, as relações ficam abaladas e atingem a relação entre mãe e filho, que pode ser positiva (superproteção) ou negativa (rejeição, negação). Fato que resulta na demora do atendimento adequado para o desenvolvimento da criança. Na sequência, ilustramos alguns brinquedos que podem auxiliar no estímulo da criança. Figura 6 Chocalho sensorial 33 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 7Capa de mamadeira Figura 8 Móbile preto e branco Figura 9Tapete sensorial 34 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 10 Prancha de alimentação Para pôr em prática Em síntese, o estímulo visual deve ser uma atividade contínua no dia a dia da criança com deficiência visual durante toda a fase escolar, isto porque é esse tipo de trabalho que possibilitará o desenvolvimento da visão residual em crianças com baixa visão e o desenvolvimento dos sentidos remanescentes, como o tato, o paladar, o olfato e a audição em crianças cegas ocorra e, assim, permita que ela esteja cada vez mais integrada a sociedade. Caro aluno, Conheça manual “Brincar para todos”, da autora Mara O. de Campos Siaulys, Acesse o link http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ brincartodos.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf 35 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Sorobã Neste ponto, você já deve ter percebido que o desenvolvimento cognitivo da pessoa cega é complexo devido à dependência de recursos para que ela possa construir o seu aprendizado e, consequentemente, sua concepção de mundo. Logo, é necessário a busca por instrumentos que facilitem o desenvolvimento cognitivo da criança cega. A exemplo, citamos o ensino de matemática, que é fundamental para que a formação de conceitos, para ter a capacidade classificatória, desenvolver o raciocínio, aprender a criar as representações mentais entre outras funções cognitivas. Nesse sentido, Joaquim Lima de Moraes, primeiro brasileiro que se preocupou com recursos para a pessoa cega aprender matemática. Devido a uma miopia progressiva, Moraes teve que interromper seu curso ginasial e após 25 anos, matriculou-se na Associação Pró-Biblioteca e Alfabetização para aprender o Sistema Braille. A matemática era uma de suas matérias prediletas, assim, após aprender o Sistema Braille, Joaquim Lima de Moraes focou em métodos para o modo de calcular dos cegos (MEC, 2007). Foi nesse contexto que o ábaco sofreu adaptações e modificações para que pudesse ser utilizado pelas pessoas cegas, que resultou no sorobã. Bernardes (2010) pontua que o sorobã é um aparelho de cálculo com origem japonesa e foi adaptado para o uso de deficientes visuais. Por facilitar o aprendizado matemático, o sorobã tem grande aceitação pelos cegos, principalmente, as crianças. Ademais, é um recurso que permite cálculos realizados com rapidez, tem baixo custo e é feito de material durável, como ilustra a Figura 11: 36 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 11 Getty image O sistema braile Como vimos na Unidade I, o Sistema Braille foi reconhecido em 1854, mas só foi adotado como método universal de ensino para pessoas cegas, em 1978, com a realização do Congresso em Paris. Esse sistema foi criado por Louis Braille e, atualmente, é conhecido universalmente como meio de leitura e escrita das pessoas cegas. Na imagem acima, ilustramos como funciona o Sistema Braille, que baseia-se na combinação de 63 pontos em relevo, os quais representam as letras do alfabeto, os Figura 12Getty image - Sistema Braile 37 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL números e os símbolos gráficos. Nesse sistema, há o arranjo de seis pontos em relevo, dispostos na vertical em duas colunas de três pontos cada, que são chamados de "cela braille". Figura 13 Cela braille Nesse sentido, os movimentos da escrita em Braille são diferentes dos de leitura, isto é, o movimento de perfuração é realizado da direita para a esquerda para produzir a escrita em relevo de forma não espelhada. Já a leitura é realizada da esquerda para a direita, como ilustra a imagem abaixo: Figura 14 Leitura e Escrita em Braille Na sequência, você conhecerá a escrita do alfabeto e dos números e quantidade da cela utilizada na escrita de cada símbolo. 38 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 15 Alfabeto em Braille Figura 16 Números em Braille Além do Sistema Braille, o cego dispõe de outros recursos para se comunicar, tais como: a reglete, que é uma prancha com régua que possui janelas correspondentes às 39 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL celas braile; o punção, a máquina de escrever braille e a impressora braille. Assim, consideramos que o Sistema Braille é um dos recursosfundamentais para a inclusão do cego na sociedade; porém, ainda hoje, não é acessível a todos. Pense nisso! Para pôr em prática Equipamentos do braile Deficiência auditiva: o que é? A pessoa surda, assim como a cega sempre enfrentou (ver Unidade I) dificuldades para participar da sociedade, principalmente, no contexto escolar. A falta de estímulo de seu potencial cognitivo somado à falta de adaptações nesse contexto, contribui para que ainda hoje tenhamos a exclusão social da pessoa surda. Mas afinal, você sabe o que é deficiência auditiva? Ampudia (2011), ao discorrer sobre a deficiência auditiva, a define como a perda parcial ou total da audição, devido à má-formação (causa genética), lesão na orelha ou nas estruturas que compõem o aparelho auditivo. Portanto, deficiência auditiva refere-se à diminuição da sensibilidade auditiva. De acordo com Gil (2009), nossa orelha é dividida em três partes: orelha externa, orelha média e orelha interna, como ilustra a Figura 17: Caro aluno, Conheça mais sobre o sistema Braile, acesse o link https://novaescola.org.br/conteudo/397/c omo-funciona-sistema-braille e saiba como esse sistema funciona. https://novaescola.org.br/conteudo/397/como-funciona-sistema-braille https://novaescola.org.br/conteudo/397/como-funciona-sistema-braille 40 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 17Getty image Caso ocorra uma lesão em alguma destas partes, pode resultar no mau funcionamento da audição, Alterações nas orelhas externa e média dão origem a perdas auditivas do tipo condutiva e alterações na orelha interna, seja nas células ciliadas ou no nervo auditivo, resultam em perdas auditivas do tipo neurossensorial. Existem ainda as perdas auditivas mistas, as quais envolvem problemas tanto no mecanismo de condução (orelhas externa e média) como na transdução mecanoelétrica dos estímulos auditivos (orelha interna) (GIL, 2009). Nesse sentido, o grau da perda de sensibilidade auditiva está relacionado à região da orelha que foi afetada e, portanto, pode variar como veremos na próxima seção. 41 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Classificando as perdas auditivas Como mencionamos, a perda de sensibilidade auditiva está relacionada à parte lesionada da orelha, assim, a perda auditiva pode ser classificada em diferentes níveis, conforme a Figura 18: Figura 18 Classificação da Organização Mundial da Saúde de 2014 Ressaltamos que a perda auditiva acima dessa classificação, é classificada como surdez total (AMPUDIA, 2011). Atualmente, para amenizar a perda da audição, o deficiente auditivo pode recorrer a diferentes recursos, por exemplo, a pessoa com perda moderada, pode recorrer ao uso de aparelhos e o acompanhamento terapêutico- profissional (fonoaudiólogo); no entanto, a perda em graus mais avançados, tais como a perda auditiva severa (sons abaixo dos 80 decibéis) e a profunda (quando não se escuta sons com intensidade menor que 91 decibéis), o aparelho é um recurso nulo e, portanto, o aprendizado de Libras é o melhor recurso. Tal recurso torna-se cada vez mais recomendado ao surdo, isto porque é o meio pelo qual ele pode recorrer para interagir com o outro e, assim, sair da posição de exclusão 42 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL social. Logo, é de suma importância que a Libras torne-se cada vez mais acessível aos professores, que assumem papel fundamental no processo de inclusão da pessoa surda na sociedade. Causas da perda auditiva Nesta seção, vamos discorrer sobre as possíveis causas da deficiência auditiva, no entanto, não dispensam o diagnóstico de um profissional habilitado e com recursos para análise e diagnóstico. As causas da perda auditiva mais comuns, de acordo com Arrifano (2015), são: envelhecimento, casos de genética, lesões traumáticas e doenças tipo caxumba, meningite, sarampo e escarlatina; Problemas no pré-natal tais como: sífilis, citomegalovírus, rubéola gestacional entre outras; O acúmulo de cera pode bloquear o canal auditivo e, assim, impedir a condução adequada das ondas sonoras. A perfuração do tímpano, principalmente na infância, pode causar lesões traumáticas e infecções e, consequentemente, danos auditivos. A otite que é a inflamação ou infecção no ouvido é outra causa bem comum. A limpeza inadequada do ouvido com objetos pontiagudos ou, até mesmo, com as hastes flexíveis, quando colocadas muito profundamente, podem causar a perda auditiva. Os barulhos muito fortes ou grande pressão atmosférica podem lesionar a sensibilidade auditiva. A doença de Ménière, que pode ser confundida com a labirintite devido a sintomas comuns, como tontura, zumbidos no ouvido, resulta na perda auditiva. O uso de medicamentos de forma prolongada, tais como antibióticos, pode causar a perda da audição. A exposição prolongada aos ruídos altos devido ao trabalho, por exemplo, que pode causar danos gravíssimos ao ouvido interno. Como pode-se perceber, são vários os fatores que podem causar a perda da audição. Nesse sentido, as lesões, dependendo da parte em que ocorre na orelha, podem resultar na perda auditiva irreversível. 43 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Atendimento pedagógico ao aluno com deficiência auditiva A perda auditiva pode ocorrer durante a infância ou posterior a essa fase, ou ainda, desde o nascimento da criança, e, como vimos, são várias as causas da perda auditiva. Logo, os sintomas diferem de pessoa para pessoa e, consequentemente, o diagnóstico, ainda hoje, não é realizado facilmente. Assista ao vídeo para saber como podemos identificar a perda auditiva: Clique no link para assistir: https://youtu.be/3VfcRrkvIJw Ao seguir essas dicas para o diagnóstico da perda auditiva, o professor deve adotar uma postura que considere essa condição do aluno. Ações como: sentar o aluno nas primeiras carteiras; evitar virar de costas para a turma durante a explicação; dar ênfase no uso de recursos visuais nas aulas, como cartazes, projeções de imagens e, no caso, da surdez total, fazer uso da Libras ou solicite o acompanhamento de um intérprete em sala. Abaixo, ilustramos, alguns recursos para trabalhar com a criança com deficiência auditiva: https://youtu.be/3VfcRrkvIJw 44 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 19 Prancha de fotos Figura 20 Prancha de figuras Figura 21 Relógio em Libras 45 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 22 Jogo da memória em Libras Alfabeto manual O alfabeto manual é um recurso que o surdo utiliza para objetos, nomes próprios e nomes de cidades que não tenham sinal. Tal recurso é feito por diferentes formatos das mãos para representar as letras do alfabeto escrito, conforme Figura 23: Figura 23 Getty image 46 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Assim, ressaltamos que o Alfabeto Manual deve ser ensinado a criança com perda auditiva para que ela possa reconhecer as letras do alfabeto e para soletrar as palavras na fase de alfabetização. Contudo, “a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) não é feita somente com o alfabeto manual”, (SILVEIRA e NASCIMENTO, 2013, p. 112). Libras Como mencionamos, a perda auditiva total é definida como surdez, e, nesse caso, a pessoa com tal nível de perda auditiva deve recorrer à Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Isto porque é o recurso que o surdo garantiu por lei para se comunicar com os outros e, também, para o processo de alfabetização. O uso da LIBRAS garante, assim, a inclusão mais efetiva da pessoa surda. Como língua, está composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos, preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerado instrumento linguístico de poder e força. Possui todos os elementos classificatórios identificáveisnuma língua e demanda prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua [...]. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística (Sá et al., 2007, p. 9). Assim, o uso da Libras deve se tornar comum no contexto escolar para que esse espaço possa incluir o surdo com a sua condição de comunicação diferenciada. E caso você tenha interesse em conhecer mais sobre LIBRAS, saiba que ela pode ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com a comunidade surda (SÁ et al., 2007). Leitura complementar Neste ponto, você deve estar se perguntado como é possível colocar em prática o que estudamos até aqui, não é mesmo? Por essa razão, sugerimos a você que leia a reportagem “Conheça as salas de recurso que funcionam de verdade para a inclusão” de Camila Monroe e Beatriz Santomauro. Conheça as salas de recurso que funcionam de verdade para a inclusão Os números do último Censo Escolar são o retrato claro de uma nova tendência: a Educação de alunos com deficiência se dá, agora, majoritariamente em classes regulares. Seis em cada dez alunos nessa condição estão matriculados em salas comuns - em 2001, esse índice era de apenas dois em cada dez estudantes. O aumento merece ser 47 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL comemorado, mas que não esconde um grande desafio: como garantir que, além de frequentar as aulas, crianças e jovens aprendam de verdade? A tarefa tem naquilo que os especialistas chamam de Atendimento Educacional Especializado (AEE) um importante aliado. Instituído pelo mesmo documento que em 2008 concebeu as diretrizes para a inclusão escolar, mas regulamentado apenas no fim do ano passado, o AEE ocorre no contraturno nas salas de recursos, ambientes adaptados para auxiliar indivíduos com uma ou mais deficiências (veja nas fotos que ilustram esta reportagem alguns dos principais equipamentos utilizados em três escolas da capital paulista: EE Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, EMEF João XXIII e EMEI Professor Benedicto Castrucci). Segundo o Censo Escolar, atualmente 27% dos alunos matriculados em classes comuns do ensino regular recebem esse apoio. Se a implantação das 15 mil novas salas prometidas para este ano de fato ocorrer, o atendimento alcançará mais de 50% das matrículas - em números absolutos, cerca de 190 mil estudantes. Trabalho não se confunde com atividades de reforço escolar Diferentemente do que muitos pensam, o foco do trabalho não é clínico. É pedagógico. Nas salas de recursos, um professor (auxiliado quando necessário por cuidadores que amparam os que possuem dificuldade de locomoção, por exemplo) prepara o aluno para desenvolver habilidades e utilizar instrumentos de apoio que facilitem o aprendizado nas aulas regulares. "Se for necessário atendimento médico, o procedimento é o mesmo que o adotado para qualquer um: encaminha-se para um profissional da saúde. Na sala, ele é atendido por um professor especializado, que está lá para ensinar", diz Rossana Ramos, especialista no tema da Universidade Federal de Pernambuco. Os exemplos de aprendizagem são variados. Estudantes cegos aprendem o braile para a leitura, alunos surdos estudam o alfabeto em Libras para se beneficiar do intérprete em sala, crianças com deficiência intelectual utilizam jogos pedagógicos que complementam a aprendizagem, jovens com paralisia descobrem como usar uma prancheta de figuras com ações como "beber água" e "ir ao banheiro", 48 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL apontando-as sempre que necessário. "Desenvolver essas habilidades é essencial para que as pessoas com deficiência não se sintam excluídas e as demais as vejam com normalidade", diz Maria Teresa Mantoan, docente da faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma das pioneiras no estudo da inclusão no Brasil. Também vale lembrar que o trabalho não é um reforço escolar, como ocorria em algumas escolas antes de a nova política afinar o público-alvo do AEE. "Era comum ver nas antigas salas de recursos alunos que apresentavam apenas dificuldade de aprendizado. Hoje, a lei determina que somente quem tem deficiência, transtornos globais de desenvolvimento ou altas habilidades seja atendido nesses ambientes", afirma Maria Teresa. Com o foco definido, o professor volta a atenção para o essencial: proporcionar a adaptação dos alunos para a sala comum. Cada um tem um plano pedagógico exclusivo, com as atividades que deve desenvolver e o tempo estimado que passará na sala. Para elaborar esse planejamento, o profissional da sala de recursos apura com o titular da sala regular quais as necessidades de cada um. A partir daí (e por todo o período em que o aluno frequentar a sala de recursos), a comunicação entre os educadores deve ser constante. Se o docente da turma regular perceber que há pouca ou nenhuma evolução, cabe a ele informar o da sala de recursos, que deve modificar o plano. Outra atitude importante é transmitir o conteúdo das aulas da sala regular à de recursos com antecedência. "Se a turma for aprender operações matemáticas, é preciso preparar o aluno com deficiência visual para entender sinais especiais do braile", exemplifica Anilda de Fátima Piva, professora de uma sala de recursos na EMEF João XXIII, em São Paulo. Salas para todas as deficiências ou especializadas em uma única No fim dos anos 1990, modelos distintos de salas de recursos chegaram ao Brasil. Algumas cidades começaram a montar suas próprias configurações, sem que os especialistas tenham eleito até agora um padrão ideal. Para Daniela Alonso, 49 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL psicopedagoga especialista em inclusão e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, a diversidade é positiva. "Como a proposta desses ambientes é nova, ter mais de um modelo é importante. Após algum tempo de experiência, aí, sim, pode haver consenso", defende. Em linhas gerais, é possível agrupar as diversas salas existentes em dois tipos. No primeiro, há recursos para atender a todas as deficiências. É o modelo defendido pelo Ministério da Educação (MEC) por meio das chamadas salas multifuncionais, instaladas a pedido de redes municipais ou estaduais (segundo dados oficiais, são 5,5 mil em funcionamento). O argumento principal é evitar deslocamentos e fazer com que todos os alunos com deficiência de um bairro ou comunidade sejam atendidos no mesmo local - cada sala tem estrutura para dez estudantes. "Isso tem a vantagem de aproximar a família da vida escolar dessas crianças. Os pais passam a ter mais informações sobre como auxiliar seus filhos na busca por autonomia", afirma Maria Teresa. A segunda perspectiva é realizar o AEE por deficiência, como ocorre na cidade de São Paulo. Não há grandes diferenças em relação à infraestrutura - as maiores distinções dizem respeito à formação do professor (leia o quadro abaixo). "No curso, damos ao educador uma formação específica na área em que ele vai atender. Oferecemos uma visão geral de todos os tipos de deficiência, mas ele se especializa em uma única", diz Silvana Drago, assistente técnica de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. No caso paulistano, as salas de recursos também ocupam espaço nas escolas regulares, e os alunos recebem transporte para o polo mais próximo que contemple sua deficiência. Outras cidades experimentam uma combinação dos dois modelos para conseguir ampliar o atendimento. É a opção de Fortaleza. Por lá, de acordo com as previsões oficiais, até o fim de 2010 a rede receberá o reforço de 58 salas do programa do governo federal (hoje, são 105 salas próprias da prefeitura). O tempo vai dizer qual o melhor modelo ese será necessário optar por um. "Não sabemos ainda como esse processo vai se encaminhar, mas o momento é de otimismo", afirma Daniela. "Antes, faltavam iniciativa e oferta de recursos para AEE. Agora, esses dois fatores já existem." O desafio da (boa) formação específica Por mais que os equipamentos das salas de recursos sejam importantes, é a 50 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL atuação do professor que tem mais impacto na aprendizagem. Entre as responsabilidades do educador propostas pela nova lei, estão a criação de um plano pedagógico específico para cada aluno e a elaboração de material. "Nesse sentido, o caminho para uma inclusão efetiva é a formação", afirma Rossana Ramos. O tipo de formação varia de acordo com o modelo de AEE adotado pela rede. Na proposta do MEC, o curso é a distância, dura 400 horas e aborda todas as deficiências. "A metodologia é a do estudo de caso, em que os participantes investigam a melhor conduta para cada aluno", explica Claudia Pereira Dutra, secretária de Educação Especial do MEC. Na cidade de São Paulo, por outro lado, a ênfase é na deficiência em que o professor vai atuar. No curso, presencial, o conteúdo é específico por deficiência. Por exemplo, o professor que precisa trabalhar com cegos aprenderá braile e o uso de aparelhos de apoio. Para Daniela Alonso, a formação ainda está longe do ideal. "É uma medida emergencial para atender à demanda das salas. Tem sido útil para divulgar o tema, mas precisa melhorar." Uma das maiores necessidades é ampliar o espaço para a prática. "Não há nenhum programa de estágio, o que seria essencial", finaliza. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1507/conheca -as-salas-de-recurso-que-funcionam-de-verdade- para-a-inclusao Acesso em: 15 ago. 2020. Educação inclusiva no ensino superior Devido à legislação referente à inclusão (ver Unidade II), nos últimos anos, houve um aumento significativo no ingresso no Ensino Superior pelas pessoas com deficiência. Como ilustram os infográficos: https://novaescola.org.br/conteudo/1507/conheca-as-salas-de-recurso-que-funcionam-de-verdade-para-a-inclusao https://novaescola.org.br/conteudo/1507/conheca-as-salas-de-recurso-que-funcionam-de-verdade-para-a-inclusao https://novaescola.org.br/conteudo/1507/conheca-as-salas-de-recurso-que-funcionam-de-verdade-para-a-inclusao 51 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Figura 24 Disponivel em: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2016/06/cresce-o-acesso-da-pessoa-com-deficiencia- ao-ensino-superior-no-pais.html Figura 25http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2016/06/cresce-o-acesso-da-pessoa-com-deficiencia-ao-ensino- superior-no-pais.html 52 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Os números evidenciam que a legislação e as políticas públicas de inclusão, que decorrem da primeira, têm assegurado às pessoas com deficiência, o ingresso no Ensino Superior, bem como a oportunidade de desenvolvimento pessoal, social e profissional, reduzindo, assim, a exclusão das pessoas com deficiência. Nesse sentido, o incentivo dado pelo professor para que o aluno com deficiência continue avançando em sua formação, deve ocorrer desde os níveis inicias da educação básica, isto porque é a melhor forma para que tanto a pessoa cega quanto a surda saia da posição de exclusão, eliminando, assim, as barreiras pedagógicas em todos os níveis da educação. Para pôr em prática Síntese Nesta unidade, falamos sobre a o conceito de deficiência visual que refere-se ao comprometimento parcial ou total da visão. Esse comprometimento classifica em: baixa visão; próximo à cegueira; cegueira. Atualmente, a pessoa cega dispõe de diversos recursos que podem minimizar os problemas relacionados à perda de visão. A exemplo, citamos: lupas, lentes, sorobã e o sistema braile, um recurso, de leitura e escrita, muito utilizado pelas pessoas cegas, mas ressaltamos que, ainda hoje, não é toda comunidade cega que possui acesso a esse recurso, e, portanto, o contexto escolar precisa ser o espaço para que cada vez mais o deficiente visual possa ter acesso a tais recursos para minimizar a posição de exclusão social. Discorremos, também, sobre a deficiência auditiva ou surdez, que refere-se à diminuição ou perda total da sensibilidade auditiva. Esta é A classificada de acordo com a incapacidade de se ouvir os sons: perda auditiva leve; perda auditiva moderada; perda Caro aluno, Você está preparado para a inclusão? Faça o teste proposto pela Nova Escola e descubra. Acesse o link https://novaescola.org.br/conteudo/1695/inclusao-voce-esta- preparado https://novaescola.org.br/conteudo/1695/inclusao-voce-esta-preparado https://novaescola.org.br/conteudo/1695/inclusao-voce-esta-preparado 53 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL auditiva severa; perda auditiva profunda, perda auditiva total. Os recursos que a pessoa com deficiência auditiva utiliza estão relacionados à proporção da dificuldade da aquisição da língua oral e ao grau da deficiência: quanto mais agudo o grau de perda da sensibilidade auditiva, maior será a dificuldade de aquisição da linguagem. Logo, LIBRAS é o melhor recurso para os alunos com perda auditiva severa ou surdez, resultando, assim, na inclusão mais efetiva dos alunos em todos os níveis da educação formal. Por fim, enfatizamos o papel do professor no incentivo da formação do aluno com deficiência para que ele possa ter acesso, cada vez mais, ao Ensino Básico e Superior. Saiba mais Caro aluno, Conheça os diferentes recursos para o trabalho com LIBRAS. A exemplo, sugerimos o dicionário, confira neste link: http://www.dicionariolibras.com.br . http://www.dicionariolibras.com.br/ 54 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Considerações Finais Caro aluno, Neste módulo, tínhamos como objetivo oferecer, a você, a possibilidade de compreender a história, as particularidades e as limitações da pessoa com deficiência visual e da pessoa com deficiência auditiva. Com esse entendimento, temos a certeza de que você contribuirá para a construção de uma sociedade inclusiva, que acolhe a diversidade, que conhece, aprende e convive de forma mais humana e sensível, oportunizando a todos, a convivência de forma igualitária. Pense nisso e até o próximo módulo. 55 DEFICIÊNCIA SENSORIAL: AUDITIVA E VISUAL Referências AMPUDIA, R. O que é Deficiência Visual? São Paulo, 2011a. Disponível em: http://novaescola.org.br/conteudo/270/deficiencia-visual-inclusao Acesso em 21 set. 2020 ____________. O que é Deficiência Auditiva? São Paulo, 2011b. Disponível em: http://novaescola.org.br/conteudo/273/o-que-e-deficiencia-auditiva Acesso em 21 set. 2020 ARANHA, M. S. F. Integração social do deficiente: análise conceitual e metodológica. Temas em Psicologia, n. 2, 1979, p. 63-70. ARRIFANO, S. Você conhece as causas de perda auditiva? 2015. Disponível em:http://deficienciaauditiva.com.br/voce-conhece-causas-de-perda-auditiva/ Acesso em 21 set. 2020 BELARMINO, J. Associativismo e política: a luta dos grupos estigmatizados pela cidadania plena. João Pessoa: Ideia, 1996. BERNARDES, A. O. Tecnologias para o ensino de deficientes visuais. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/ educacao/0265.html Acesso em 21 set. 2020 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988. ______. 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