Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fichamento do texto “Condução e contracondução na dança de salão”, de Carolina Polezi e Anderson L.B. Martins O texto discute a relação entre a dança de salão e os processos de constituição do corpo, destacando a técnica da condução como uma prática fundamental nesse estilo de dança. Existe um discurso que defende a ideia de que cabe ao homem conduzir e decidir os passos, enquanto à mulher cabe ser conduzida, com base em características atribuídas a cada gênero. Essa dinâmica de condução na dança de salão reflete e perpetua relações de poder. O autor também faz referência às ideias de Michel Foucault sobre o poder, enfatizando a noção de governo como uma forma de agir sobre as possibilidades de ação dos outros indivíduos. É destacada a relação entre liberdade e disciplina, argumentando que a liberação dos indivíduos requer o adestramento e a autorregulação. Além disso, o texto aborda a influência das técnicas de conduta na dança, que muitas vezes são internalizadas pelos praticantes sem que percebam a normatização e a homogeneização dos comportamentos que ocorrem nesse processo. Os bailarinos podem encontrar prazer na disciplina e na autovigilância do movimento, mas não percebem que esse prazer é socialmente produzido e está ligado a uma ética corporal específica. O texto também menciona a organização do espaço e do tempo nas escolas de dança como parte dos mecanismos de controle e disciplina, que exercem poder sobre os gestos, emoções e percepções dos alunos. Esses dispositivos de saber-poder são interiorizados e reativados pelos próprios sujeitos, resultando em um estado de alienação autônoma. A dança de salão tem suas origens na Europa durante o Renascimento, nos séculos XV e XVI. Inicialmente, era praticada principalmente nas cortes, enquanto nas camadas mais baixas da sociedade desenvolviam-se as danças populares. No Brasil, a dança de salão se popularizou com a chegada da família real portuguesa em 1808 e teve influências culturais da Espanha e da França, além da valsa vienense. No início do século XX, o Rio de Janeiro passou por transformações que afetaram os hábitos dos cariocas, como a urbanização da cidade e o aumento da vida cultural. As danças sociais foram introduzidas no país e se misturaram com outros ritmos, como os de origem africana. A dança de salão também desempenhou um papel na introdução das mulheres na sociedade, permitindo-lhes frequentar espaços públicos e exercer maior autonomia. A dança de salão era valorizada como forma de lazer e como sinônimo de boa educação. As escolas do Rio de Janeiro passaram a ensinar dança em sua grade disciplinar, buscando corrigir e formar cidadãos saudáveis e trabalhadores. A educação para a dança envolvia não apenas o aprendizado técnico, mas também ensinamentos sobre conduta, etiqueta e papéis de gênero. No decorrer do século XX, ocorreram importantes conquistas femininas, como o direito ao voto e a emancipação feminina. Contudo, o machismo ainda persiste na sociedade, inclusive nos salões de dança, onde as diferenças de gênero são naturalizadas e perpetuam a dominação masculina. A dança de salão reproduz a ideia de que o homem deve liderar e tomar decisões, enquanto a mulher é submissa e limitada em suas possibilidades. Essa desigualdade de gênero reflete-se nas relações sociais mais amplas. Apesar dos avanços conquistados, o machismo continua presente na sociedade, evidenciado nos salões de baile e no cotidiano das mulheres. A dança de salão, assim como outras instâncias culturais, contribui para a construção das identidades de gênero, perpetuando desigualdades e limitações para homens e mulheres. É importante analisar como as identidades de gênero são construídas e buscar formas de subjetivas e singulares de romper com estes padrões. O texto aborda o conceito de contraconduta na prática da dança de salão, inspirado nas teorias de Michel Foucault. A contraconduta é entendida como uma abertura de novas possibilidades que se opõem às condutas estabelecidas, sendo considerada um ato de resistência e liberdade. A dança de salão é vista como uma forma política de buscar uma perspectiva de mundo mais justo e ético. O conceito de contraconduta pode ser explorado de três formas: escapando das condutas conhecidas dos movimentos padrão, contraconduzindo os discursos estereotipados na dança de salão e opondo-se a uma estrutura desigual de gênero. Alguns exemplos de experiências de contracondutas são mencionados, como o movimento da condução compartilhada, a dança de salão queer e a desconstrução dos pares tradicionais. O texto conclui ressaltando a importância do pensamento como criação do novo e resistência, utilizando as teorias de Foucault como ferramentas para desnaturalizar as condutas estabelecidas na dança de salão. Referência: POLEZI, Carolina, MARTINS, Anderson L. B, Condução e contracondução na dança de salão. Periódico Horizontes – USF – Itatiba, SP, 2019. https://revistahorizontes.usf.edu.br/horizontes/article/view/770/367 https://revistahorizontes.usf.edu.br/horizontes/article/view/770/367
Compartilhar