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Fichamento do texto “A conexão dançante: Ampliação das possibilidades de condução em dança a dois”, de Sérgio Maria Pereira Santos, páginas 7 a 12 A dança tem sua origem intrínseca à existência humana, sendo sempre um meio do homem se expressar, louvar, festejar, lamentar e sentir. Dessa forma, a dança acompanha o processo de socialização humana, tornando- se também social, o que dá origem a formas de dança que trazem a relação entre os indivíduos dançantes. Assim como cada sociedade encontrou sua forma de se relacionar pela dança, as cortes européias também criaram suas expressões, que deram origem às primeiras formas de dança de salão, que posteriormente foi levada a outras partes do globo através dos diversos processos de colonização de outros territórios. É possível observar como a dança, apesar de ser uma forma de lazer, diversão e socialização na época, acaba sendo utilizada como mais uma ferramenta colonizadora, pois chega ao Brasil e outras colônias adequada aos moldes europeus. É um recorte da sociedade europeia que vem com sua estética, sua forma de interagir com o outro e de vivenciar o lazer. Chegando aos territórios colonizados, essa dança encontra um contexto sociocultural completamente diferente do contexto onde se originou, com outros corpos, outros modos de se relacionar com o espaço e com a sociedade, e dessa mistura surgem tantas outras danças. Já no contexto pós colonização, apesar de ainda existir constante influência europeia, após mesclar tantas culturas, o Brasil se torna precursor de suas próprias danças, movido por uma intensa paixão pela dança que acentua a personalidade coletiva de um povo alegre, animado e bem humorado. Logo essa presença constante nos bailes faz com que estes espaços se tornem importantes pontos de funcionamento da sociedade, sendo um espaço onde as pessoas se encontram, se conectam e interagem de várias formas e com diversas finalidades. Quase como uma onda, ao longo dos anos a dança de salão foi saindo dos salões eruditos e do caráter de “nobreza” que carregava, e se tornando cada vez mais diversa, despojada e popular, até que alcançou um ápice de popularidade e de enaltecimento social, e então entrou em declínio, perdendo seu prestígio na sociedade e passando a ser vista como antiquada e até marginalizada. O período quando ocorreu este declínio, por volta das décadas de 60 e 70, foi uma época de constantes transformações sociais, com surgimento de formas artísticas e culturais inovadoras e revolucionárias, de tom mais jovial, livre, agitado e com um quê de excentricidade. Acredito que em um momento tão agitado culturalmente, a dança de salão nos moldes que a compunham na época não acompanhou tantas transformações e principalmente a personalidade marcante da juventude da época, por isso deixou temporariamente de ser a moda mais apreciada por grandes grupos sociais da época. Contudo, apesar deste período de desvalorização, de dentro das discotecas, que dominavam a juventude da época, foram surgindo novos estilos, mais alinhados com a cultura e com a personalidade da sociedade daquele período. Estes novos estilos, como por exemplo a lambada prestigiados pelos jovens da nova geração, reaproximaram a cultura de dançar a dois, tornando a expandir a dança de salão, que se reinventou e voltou a ser apreciada na sociedade, de forma até mais estruturada e profissionalizada. Este novo papel social assumido pelas danças de salão acompanha até os dias de hoje, mantendo seu caráter popular e de lazer, enquanto se difunde de forma profissional em escolas de dança, muitas vezes adquirindo caráter competitivo. Além disso, as tendências se tornam menos centralizadas das originadas no Rio de Janeiro, dando mais lugar às origens e gostos regionais, e acompanham a cultura do povo de cada local do Brasil. Já no contexto de profissionalização da dança de salão, surgem novas problemáticas, pois tendo surgido de um contexto informal e popular, não se buscou muito trazer o ensino desta dança de forma crítica, trazendo as subjetividades, conexões e percepções artísticas que a dança traz. Foi criado um modelo de ensino baseado em imitação e repetição de passos prontos pertencentes a cada modalidade, encaixados em um padrão engessado de movimentos, pouco importando o caráter reflexivo e cultural da dança. Apesar de uma pequena parcela de uma pequena parcela de dançarinos e professores buscar uma formação mais crítica e profunda, aplicando em suas aulas metodologias que vão além da técnica pura, foi estabelecido um padrão estrutural de ensino de dança de salão que toma conta da maior parte dos espaços onde se pratica dança, o qual ainda não é capaz de ser rompido de forma significativa e transformadora. Referência: Páginas 7 a 12 do texto: SANTOS, Sérgio Maria Pereira. A conexão dançante: ampliação das possibilidades de condução em dança a dois. Trabalho de Conclusão de Curso. UFRN, 2016. https://antigo.monografias.ufrn.br/jspui/handle/123456789/3914 https://antigo.monografias.ufrn.br/jspui/handle/123456789/3914
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