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Unidade II - Educação Física no Brasil Influência Médica. Militar. do Pensamento Escolanovista e do Esporte

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Prévia do material em texto

História da 
Educação Física
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Thelma Hoehne Peres Polato
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Educação Física no Brasil: Influência Médica, Militar, 
do Pensamento Escolanovista e do Esporte
• Educação Física no Brasil: da República aos anos de 1980
• Influência Médica e Militar
• Influência do Pensamento Escolanovista
• Influência do Esporte
 · Identificar as influências sofridas pela Educação Física brasileira e as 
características assumidas pela área no seu desenvolvimento histórico.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Educação Física no Brasil: Infl uência Médica, 
Militar, do Pensamento Escolanovista e 
do Esporte
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Educação Física no Brasil: influência médica, militar, 
do pensamento escolanovista e do esporte
Contextualização
Estudaremos nesta unidade a história da Educação Física no Brasil trazendo para 
o debate as influências sofridas por esta área, principalmente a partir do fim do 
Império e início da República até a década de 1980, período que Educação Física 
foi se estruturando e se configurando como área acadêmica e profissional.
Será possível perceber que, apesar de determinadas influências serem 
hegemônicas em determinados períodos da História, até hoje podemos presenciar 
uma Educação Física fortemente marcada por conceitos de corpo e saúde, bem 
como maneiras de ser organizada nas escolas, que nos remete a períodos e 
contextos anteriores. 
A reportagem publicada na Revista Educação, em 2001, intitulada Instrumento 
do Estado, mostra como as práticas da Educação Física estiveram, pelo menos 
até a década de 1980, atreladas às necessidades do Estado, ou seja, que ela 
sempre esteve vinculada aos interesses da ideologia dominante, finalizando que, 
no momento contemporâneo, ainda vemos presentes na prática pedagógica dos 
professores dessa área, fortes resquícios dessas determinações. Ainda há grandes 
desafios a serem vencidos quando pensamos em princípios teóricos que orientem 
essas práticas profissionais e que contribua para a construção de uma identidade 
para a Educação Física.
As reflexões exploradas nessa reportagem apontam exatamente o exercício que 
devemos ter quando pensamos a nossa formação e, além disso, a nossa atuação 
como profissionais. 
O que estou querendo dizer com isso? 
Que o conhecimento da história da Educação Física permite a formação de um 
profissional que possui propriedade teórica e conhecimento da área que o torna 
capaz de entender as demandas com base na contextualização que se faz dessas, 
ou seja, entender como a Educação Física veio se caracterizando e respondendo 
aos diferentes contextos. Significa entender o que a Educação Física está sendo no 
presente e o porquê dessas características e determinações.
Pensar uma Educação Física crítica requer de você, professor, esse exercício.
Leia a reportagem na íntegra, acessando o link: https://goo.gl/WLJzIm
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A Educação Física será melhor e organizará melhor seus objetivos pedagógicos 
se seus profissionais desenvolverem cada vez mais a capacidade de questionar e 
descobrir as relações sociais e as reais pretensões políticas por trás das características 
que esta área possui. Só assim estará assegurada a real dimensão política dessa 
prática pedagógica.
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Educação Física no Brasil: da República 
aos anos de 1980
Trataremos nesta unidade da Educação Física brasileira partindo da reflexão 
das influências sofridas por ela, principalmente no período que se estende 
entre o início do período Republicano no Brasil até a década de 1980. Apesar 
de a Educação Física chegar ao Brasil em 1810 com a Academia Real Militar, 
iniciaremos a abordagem no final do século XIX com a abolição da escravatura e 
início do período Republicano.
Utilizaremos como principais referências nesta trajetória de recontar a história 
da Educação Física as obras: Educação Física: raízes europeias e Brasil, da 
autora Carmem Lúcia Soares, Educação Física e Sociedade, do autor Mauro 
Betti e Educação Física no Brasil: a história que não se conta, do autor Lino 
Castellani Filho.
Essas obras são leituras fundamentais para entender a história da Educação 
Física no Brasil. Tiveram suas primeiras edições publicadas no início da década de 
1990 e apresentam uma leitura crítica sobre a Educação Física brasileira, umas das 
primeiras com esse caráter.
Iniciaremos reforçando a ideia de que, apesar de períodos de hegemonia 
da influência das Instituições médicas, militares, escolar (principalmente pelo 
pensamento escolanovista), e do esporte, é possível perceber que ao longo de 
todo o processo de desenvolvimento histórico da Educação Física brasileira, essas 
influências foram sempre aparecendo de forma mais ou menos determinante, o 
que significa que tanto Lino Castellani Filho, como Carmem Lúcia Soares e Mauro 
Betti, concordam que a história da Educação física no Brasil se confunde, em 
muitos momentos, com a história dessas Instituições.
A Escola Nova foi um movimento de renovação do ensino, ocorrido no Brasil no início 
do século XX, que tinha como principal preocupação contrapor o modelo tradicional de 
educação. Diversos pedagogos brasileiros como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo 
foram adeptos desse movimento. 
Para saber mais leia MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete 
Escola Nova.  Dicionário Interativo da Educação Brasileira -  Educabrasil. São Paulo: 
Midiamix, 2001. Disponível em: https://goo.gl/Mky6LS
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UNIDADE Educação Física no Brasil: influência médica, militar, 
do pensamento escolanovista e do esporte
Influência Médica e Militar
Para Soares (2001) foram as instituições médica e militar que, em diferentes 
momentos, determinaram as formas de intervenção e pensamento da Educação 
Física brasileira, principalmente no início do século XX, mais especificamente até 
1930, período em que, segundo a autora, a Educação Física foi sinônimo de saúdefísica e mental, de promoção de saúde e de regeneramento da raça, das virtudes e 
da moral da sociedade brasileira do período.
Castellani Filho (1991) evidencia como é possível perceber essa estreita relação 
entre a história da Educação Física e a história das instituições militares. Como 
podemos ver na citação abaixo:
A criação da Escola Militar pela Carta Régia de 04 de dezembro de 
1810, com o nome de Academia Real Militar, dois anos após a chegada 
da família militar no Brasil; a introdução da Ginástica Alemã, no ano 
de 1860, através da nomeação do alferes do Estado Maior de segunda 
classe, Pedro Guilhermino Meyer, alemão, para a função de contramestre 
de Ginástica da Escola Militar; a fundação, pela missão militar francesa, 
no ano de 1907, daquilo que foi o embrião da Escola de Educação Física 
da Força Policial do Estado de São Paulo – o mais antigo estabelecimento 
especializado em todo o país –; a portaria do Ministério da Guerra, de 10 
de janeiro de 1922, criando o Centro Militar de Educação Física, cujo 
objetivo enunciado em seu artigo primeiro era o de dirigir, coordenar e 
difundir o novo método de Educação Física e suas aplicações desportivas 
– Centro esse que só passou a existir, de fato, alguns anos mais tarde 
quando do funcionamento do curso provisório de Educação Física – 
somados a muitos outros fatos, como por exemplo a marcante presença 
dos militares na formação dos primeiros professores civis de Educação 
Física, em nosso meio, validam a referida afirmação. (CASTELLANI 
FILHO, 1991, p. 34)
Todavia, Castellani Filho (1991) aponta para a necessidade de se buscar entender 
não só a presença dos militares nos rumos traçados pela Educação Física brasileira, 
mas principalmente buscar realizar uma leitura crítica sobre o real significado 
dessas relações. Da mesma forma nos alerta Soares (2001), quando se refere às 
Instituições médicas, principalmente no seu discurso médico higienista, e da relação 
e influência desse discurso na caracterização da sociedade brasileira de início de 
século XX e, como consequência, de caracterização da Educação Física no Brasil.
No final do Império e início da Primeira República, o Brasil vive o momento 
do início da industrialização e urbanização, principalmente calcadas nas propostas 
idealistas (pensamento liberal). Nessa época a principal estratégia político-
administrativa era a de organizar e disciplinar o espaço urbano e segregar as classes 
sociais, por meio de uma gestão higiênica da miséria. Nesse contexto é possível 
identificar a forte influência do pensamento médico higienista que contribuiu 
com um discurso normativo que auxilia de maneira determinante a política de 
transformação dos indivíduos a partir dos interesses do Estado.
10
11
Expressão dessa influência pode ser apreendida através do pensamento 
pedagógico brasileiro, veiculado por autores representativos deste 
pensamento, tais como Rui Barbosa e Fernando de Azevedo, por meio 
de publicações, discursos e conferências. Estes autores revelam estreita 
e orgânica vinculação de seus discursos pedagógicos aos discursos 
médico higienistas. Quanto à Educação Física, particularmente a 
escolar, privilegiam em suas propostas pedagógicas aquela de base 
anatomofisiológica retirada do interior do pensamento médico higienista. 
Consideram-na um valioso componente curricular com acentuado caráter 
higiênico, eugênico e moral [...]. (SOARES, 2001, p.71)
Da mesma forma nos coloca Castellani Filho (1991) apontando que a Educação 
Física no Brasil de final de século XIX e início de século XX sempre foi tida 
como a responsável por forjar o indivíduo forte e saudável tão necessário para o 
processo de desenvolvimento do país, indicando a forte presença do pensamento 
médio higienista.
Para Castellani Filho (1991, p. 39)
[...] esse entendimento, que levou por associar a Educação Física à 
Educação do Físico, à Saúde Corporal, não se deve exclusivamente e 
nem tampouco prioritariamente, aos militares. A eles, nessa compreensão, 
juntavam-se os médicos que, mediante uma ação calcada nos princípios 
da medicina social de índole higiênica, imbuíram-se da tarefa de ditar 
à sociedade, através da instituição familiar, os fundamentos próprios ao 
processo de reorganização daquela célula social. Ao assim procederem, 
ao tempo em que denunciavam os malefícios da estrutura familiar do 
período colonial, autoproclamavam-se a mais competente das categorias 
profissionais para redefinir os padrões de conduta física, moral e intelectual 
da “nova” família brasileira.
Nesse período, para viabilizar essa política sanitária, fez-se uso da ginástica 
por acreditar que essa prática corporal era capaz de atender às necessidades de 
construção dos corpos. Esta construção dos corpos teve também papel fundamental 
no processo de segregação das raças. 
Inicialmente essa política higienista atuou na família da elite e a construção dos 
corpos deveria então garantir, pelo menos inicialmente, um modelo de corpo e 
indivíduo que representasse a classe dominante, a elite brasileira. Esse processo 
está diretamente relacionado ao projeto de eugenização da população brasileira 
de forma a garantir a dominação da elite (senhor do engenho) sobre as classes 
populares (escravos da senzala).
Nesse período o Brasil possuía cerca de cinquenta por cento da sua população 
constituída de negros. Sendo assim, por meio do pensamento eugenista (já tratado 
na unidade 1), era necessário acentuar a superioridade da raça branca em relação 
à raça negra e também do homem em relação à mulher. 
11
UNIDADE Educação Física no Brasil: influência médica, militar, 
do pensamento escolanovista e do esporte
Diante desse quadro, foi necessário pensar em uma política que garantisse a 
procriação e melhoramento da atual geração da elite brasileira. Isso se deu por 
meio de uma educação em que se associava a educação física à educação sexual, 
pois a educação física, por meio da ginástica, seria capaz de tornar homens e 
mulheres bons reprodutores, garantindo uma geração de homens saudáveis, filhos 
da pátria, que garantiriam a continuidade e permanência dessa elite nos quadros 
do Governo.
Com o desenrolar do processo de industrialização e urbanização esse discurso 
médico higienista se estende a toda a população. Dessa forma é possível perceber 
um forte envolvimento dos higienistas com a educação escolar e esse envolvimento 
se deu, fundamentalmente, pela Educação Física.
Podemos entender que, nas diferentes concepções de Educação Física surgidas 
ao longo de sua história, em boa parte delas a ideia de “mente sã e corpo são” 
está fortemente presente. Percebemos dessa forma que o pensamento médico, 
principalmente na sua versão higienista, acompanha a Educação Física e dá a essa 
atividade uma característica de aquisição e manutenção da saúde.
No período de hegemonia da influência médica, a ênfase na saúde é evidente 
e a Educação Física se torna sinônimo de formação de homens e mulheres fortes 
e sadios. 
Nesta perspectiva, a Educação Física se vê protagonista de um projeto político 
social que vislumbra resolver o problema da saúde, ou da “falta de saúde” da 
população brasileira, pela educação.
Neste ponto podemos citar a forte influência do pensamento liberal. Com base 
nesta influência, acreditava-se que a educação era capaz de garantir a “salvação” 
da humanidade. A educação era vista como a grande redentora, como àquela 
que iria contribuir com uma sociedade democrática e livre dos problemas sociais. 
Entendia-se que a culpa pelos males sociais encontrados nesse período – entre o 
fim o Império até meados de 1930 – se devia à ignorância popular. 
Para saber mais sobre o Liberalismo leia BOBBIO, N. MATTEUCCI, N. PASQUINO, G. Dicionário 
de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, v. 1, 1998, p. 687 – 705.Ex
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Nesta relação educação x educaçãofísica x desenvolvimento social, a educação 
do corpo deveria garantir o conhecimento sobre esse corpo para uma melhor 
forma de utilização do mesmo. Por esse motivo, a clara distinção entre a educação 
corporal dos homens e das mulheres.
Neste período podemos citar Rui Barbosa e Fernando de Azevedo como dois 
dos principais influenciadores e articuladores dos delineamentos assumidos pela 
Educação Física brasileira no período. Soares (2001) e Castellani Filho (1991) 
discorrem sobre as influências de Rui Barbosa e Fernando de Azevedo sobre as 
proposições feitas à Educação Física.
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Devemos destacar que a Educação Física pensada por Fernando de Azevedo, 
sob forte influência do pensamento de Rui Barbosa, trazia nitidamente a vinculação 
da Educação Física com a construção dos estereótipos masculino e feminino.
Nas palavras de Castellani Filho (1991, p.58)
[...] Ao propor a extensão da Ginástica a ambos os sexos na formação 
do professorado e nas escolas primárias de todos os níveis [...], externou 
sua opinião a respeito da necessidade de oferecer às mulheres, atividades 
ginásticas que atinassem para a harmonia de suas formas feminis e às 
exigências da maternidade futura. 
Para Fernando de Azevedo, assim como para Rui Barbosa, a educação física 
feminina deveria estar atenta ao perfil da mulher como “mulher mãe”, definindo, 
claramente o papel que a mulher assume na sociedade.
Temos então que a Educação Física adotada passa a intervir, por meio da 
educação, sobre o comportamento dos alunos de forma a disciplinar seus corpos 
para, principalmente, atenderem às demandas de força de trabalho, que cresce 
com o processo de industrialização, por meio do cuidado higienista e sanitarista 
desse corpo. A Educação Física passa a ser a disciplina responsável pelo corpo na 
escola, realizando essa educação por meio da ginástica, dos esportes e dos jogos, 
quase sempre ministradas por médicos ou militares.
Vamos refletir um pouco sobre isso pensando na educação física atual, ou na 
de pouco tempo atrás: Você já se perguntou por que uma educação física escolar 
que separa (ou separava até pouco tempo atrás) turmas de meninos e meninas? 
Já se perguntou por que da frequência de três aulas semanais para esta disciplina? 
Já se perguntou por que durante tanto tempo o gosto pelos esportes na infância 
predominava tanto entre os meninos?
Essas perguntas podem ser facilmente respondidas se trouxermos para a 
reflexão a forte influência do pensamento médico na nossa área. Até hoje temos 
uma educação física fortemente marcada pelo viés biológico e da saúde, que 
pensa o corpo separado da mente e que pensa meninos e meninas pelo seu viés 
estritamente biológico.
Com isso percebemos facilmente que a influência da instituição médica, apesar 
de hegemônica no início do século XX mantem-se, de alguma forma, até hoje. O 
próprio termo “educação física” nos remete a essa máxima, ou seja, levando ao pé 
da letra o significado do termo, vemos uma área caracterizada pela educação do 
físico, do corpo, do corpo biológico.
Não podemos esquecer a influência militar e da forte relação desta com o 
pensamento médico.
Podemos considerar que as primeiras sistematizações dos conhecimentos 
práticos sobre as atividades realizadas principalmente por meio da ginástica se 
deu pelos militares da Academia Militar Real, no início do século XIX. O método 
13
UNIDADE Educação Física no Brasil: influência médica, militar, 
do pensamento escolanovista e do esporte
ginástico alemão foi o método inicialmente adotado, por influência de um instrutor 
alemão que havia sido contratado para treinar os militares brasileiros. 
Em 1837 houve pela primeira vez a inclusão da ginástica no currículo de uma 
Instituição de Ensino e, nessa época, os instrutores eram militares e aplicavam 
o método ginástico alemão aprendido na Academia Real Militar. Em 1854, o 
ministro Couto Ferraz define a ginástica como obrigatória no ensino primário e a 
dança como obrigatória no ensino secundário.
Nota-se a forte presença dos militares na formação dos primeiros instrutores 
de ginástica no Brasil. Essa formação teve sua prática sistematizada na Escola de 
Esgrima em são Paulo que depois se tornou a Escola de Educação Física da Força 
Policial do Estado de São Paulo. Nesse momento, início de século XX, o método 
alemão é substituído pelo método francês, que se orientava pelos princípios da 
fisiologia. Mais uma vez apontamos para a aproximação com o discurso médico 
que, nesse momento, contribuiu com o conhecimento biomédico e com a explicação 
dos benefícios fisiológicos da prática da ginástica.
A partir de 1919, os militares intensificaram sua preocupação com 
a sistematização e disseminação nacional da prática de atividades 
físicas. Por essa ocasião as discussões a respeito da Educação Física se 
fortaleceram, também, entre as autoridades públicas. Fundou-se, em 
1922, na Vila Militar, no Rio de Janeiro, o Centro Militar de Educação 
Física do Exército, que se expandiria no ano de 1930, com a criação 
de centros regionais em São Paulo e Minas Gerais, fundamentando-se 
na ginástica, especialmente para atingir objetivos de saúde e ideais de 
eugenia. (MAGALHÃES, 2005, p. 92).
A prática da educação física/ginástica é defendida na escola por Fernando 
de Azevedo, como falado anteriormente, e isso ganha grandes dimensões. Por 
volta de 1930, Getúlio Vargas, então presidente do Brasil, transforma o Centro 
Militar de Educação Física em Escola de Educação Física do Exército - ESEFEX. 
Caracterizando o projeto de formação dos professores de Educação Física no Brasil. 
Os instrutores formados na ESEFEX, compuseram o primeiro corpo docente da 
Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD) da Universidade do 
Brasil, criada em 1939.
Está claro nesse momento que o pensamento médico e militar esteve fortemente 
presente na origem e constituição da Educação Física no Brasil, desde a definição dos 
modelos/métodos de educação física adotados na escola, chegando à perspectiva 
de formação dos profissionais que lá atuariam. Não vamos nos esquecer de que 
esse pensamento médico e militar estava atrelado aos mesmos ideais da sociedade 
brasileira do período, ou seja, traziam consigo os ideais higienistas, eugenistas, de 
regeneração da raça, de formação da elite brasileira, de preparação para o trabalho 
e, também, de cultivo de valores morais, em especial o civismo e o patriotismo.
14
15
A instituição militar tinha a prática — exercícios sistematizados que 
foram ressignificados (no plano civil) pelo conhecimento médico. 
Isso vai ser feito numa perspectiva terapêutica, mas principalmente 
pedagógica. Educar o corpo para a produção significa promover saúde 
e educação para a saúde (hábitos saudáveis, higiênicos). Essa saúde ou 
virilidade (força) também pode ser (e foi) ressignificada numa perspectiva 
nacionalista/patriótica. Há exemplos marcantes na história desse tipo 
de instrumentalização de formas culturais do movimentar-se, como, por 
exemplo, a ginástica: Jahn e Hitler na Alemanha, Mussolini na Itália 
e Getúlio Vargas e seu Estado Novo no Brasil. Esses movimentos são 
signatários do entendimento de que a educação da vontade e do caráter 
pode ser conseguida de forma mais eficiente com base em uma ação 
sobre o corpóreo do que com base no intelecto; [...]. Normas e valores 
são literalmente “incorporados” pela sua vivência corporal concreta. A 
obediência aos superiores precisa ser vivenciada corporalmente para ser 
conseguida [...] (BRACHT, 1999, p. 72).
Neste momento alerto para a importância de não confundirmos, como aponta 
Guiraldelli Jr (1991), uma Educação Física de forte influência das instituições 
militares, com uma Educação Física Militar que se resume à prática militar de 
preparo físico. As instituições militares contribuem claramente com a imposição 
de padrões de comportamentoestereotipados e moralmente disciplinados e a 
Educação Física se adequa, mais uma vez, aos ideais que predominam na sociedade 
brasileira no período, como especificado acima.
Influência do Pensamento Escolanovista
Além das influências das instituições médica e militar, podemos destacar também 
a forte influência sofrida pela Educação Física do movimento que ficou conhecido 
no Brasil como “Escola Nova”.
Betti (1991) coloca que a partir de 1920 o Brasil, e mais especificamente, 
a pedagogia brasileira, vive um momento de “entusiasmo pela educação” 
determinantemente influenciada por ideias vindas de países da Europa e também 
dos Estados Unidos. Esse momento de entusiasmo acreditava que a educação 
escolar incorporaria a população no desenvolvimento social e econômico do Brasil.
Em meados da década de 1920, um grupo de educadores brasileiros funda a 
Associação Brasileira de Educação – ABE e lidera o movimento de renovação da 
educação nacional, movimento esse que ficou conhecido como “Escola Nova”. 
Em 1932 os escolanovistas publicam o Manifesto dos Pioneiros da Educação 
Nacional, que foi considerado um marco para a história da educação brasileira.
15
UNIDADE Educação Física no Brasil: influência médica, militar, 
do pensamento escolanovista e do esporte
Para ler o manifesto na íntegra, consulte: INEP. “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova”. 
Revista brasileira de estudos pedagógicos. – v. 1, n. 1 (jul. 1944). – Rio de Janeiro: 
Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, 1944 – Publicação oficial do Instituto Nacional 
de Estudos e Pesquisas Educacionais.
Ex
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or
 
Nesse período, as reformas educacionais, em nível estadual, se deram sob forte 
liderança desse movimento.
Embasaram esse movimento estudos na área da Biologia e Psicologia, que 
passaram a influenciar a forma de se pensar e se compreender as necessidades 
da infância. 
Para os escolanovistas as bases biológicas da educação deveriam começar 
pela descoberta da criança, compreendendo os aspectos de crescimento, 
maturação, adaptação, hereditariedade e condicionamento endócrino e 
nervoso. [...] Nas bases psicológicas a Escola Nova preocupava-se em 
compreender o comportamento globalmente e organizar a experiência 
infantil como um todo, evitando o erro de explicar os fatos e situações 
da vida infantil “pelas conclusões da psicologia do adulto”[...] (BETTI, 
1991, p. 78)
O objetivo da Escola Nova era o de proporcionar uma educação integral que 
respeitasse e fosse adequada ao desenvolvimento do ser humano nas suas fases 
de crescimento, e do respeito à personalidade da criança, para que ela pudesse se 
desenvolver plenamente.
O pensamento escolanovista define a escola como: 
[...] escola ativa, do trabalho; democrática e utilitária; escola do movimento, 
da saúde, da moralidade; da consciência econômica e política; que 
buscasse auxílio na ciência; com participação ativa da criança; tendo a 
atividade como fonte principal de aquisições e meio de expressão, através 
do desenho, trabalhos manuais, modelagem, etc.; escola popular, aberta 
a todas as classes sociais e preocupada com a proteção higiênica e a 
formação física dos escolares. (BETTI, 1991, p. 79)
Fernando de Azevedo é um dos defensores desse pensamento e em meados de 
1930 elabora um documento pedindo a definição das finalidades da educação, o 
uso do método científico na resolução dos problemas educacionais e a transferência 
da questão escolar da esfera administrativa para a esfera social. Defende, ainda, o 
direito de educação a todos.
A Educação Física sob essa influência, não abandona a concepção de promotora 
da saúde e disciplinarização do corpo, mas é nesse período que a Educação Física é 
colocada como uma prática eminentemente educativa, como disciplina pertencente 
aos currículos escolares, ou seja, uma disciplina educativa por excelência.
16
17
A Educação Física é fortemente valorizada pelos escolanovistas, pois ao cuidar 
da educação do movimento, garante a educação integral que, como visto acima, é 
uma das bandeiras defendidas pela Escola Nova.
Há uma grande crítica a esse movimento no que diz respeito à forma como 
percebiam o papel social da educação. Para muitos, a Escola Nova partia de uma 
posição ingênua ao não considerar os aspectos ideológicos e as limitações impostas 
pelo sistema socioeconômico do país. Porém ela representa um avanço em relação 
às propostas de educação que a antecedem.
Na Educação Física, podemos perceber o mesmo movimento. Mesmo defen-
dendo uma educação integral que considere os aspectos biológicos e psicológicos 
do desenvolvimento, a Escola Nova ainda defendia uma educação física e higiê-
nica, de aquisição de hábitos saudáveis, desenvolvimento de consciência sanitária 
e também de formação do cidadão que pudesse se defender das hostilidades e 
surpresas do meio social. A preocupação com a saúde e a higiene dos escolares 
fez com que a Educação Física permanecesse caracterizada a partir de uma con-
cepção biológica, porém agora com a preocupação de formar o cidadão para o 
trabalho e para o civismo.
A adoção de uma Educação Física influenciada pelas teorias escolanovistas 
não significa o abandono por completo de uma Educação Física com parâmetros 
militares, já que o método ginástico francês continua como oficialmente obrigatório 
na rede escolar brasileira até os anos de 1950.
Porém, destacamos aqui que havia significativa diferença no modelo pedagógico 
defendido pelos escolanovistas e o modelo pedagógico caracterizado com a 
influência militar. A Educação Física que se estrutura a partir da influência das 
teorias escolanovistas partia de uma visão de totalidade do Homem, que considerava 
suas particularidades culturais, biológicas e psicológicas, enquanto que a Educação 
Física influenciada pelo pensamento militar restringe-se a uma visão de Homem 
que considera apenas sua dimensão anatomofisiológica.
O período de maior hegemonia da influência do pensamento escolanovista na 
Educação Física brasileira se estendeu entre as décadas de 1940 a 1960. Esta 
Educação Física preocupa-se com a educação oferecida nas escolas e por meio 
da ginástica, da dança e do desporto acreditava contribuir com a formação de um 
indivíduo capaz de conviver com as regras democráticas e de prepara-los pra o 
altruísmo e culto nacional.
É possível perceber nesse período, conforme Betti (1991), uma convergência 
de interesses de diferentes esferas da sociedade brasileira - a Igreja, o Estado, as 
Instituições Militares e a Escola Nova.
O apoio à Educação Física por parte do Estado, do sistema militar e dos 
educadores no período de 1930-1945 fazia parte do esforço maior de 
redenção do homem brasileiro, de afirmação da nacionalidade e da busca 
do desenvolvimento socioeconômico e cultural do país, sob a condução 
da tutela autoritária. (BETTI, 1991, p.89)
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UNIDADE Educação Física no Brasil: influência médica, militar, 
do pensamento escolanovista e do esporte
Influência do Esporte
Nos anos finais da década de 1940 diminui consideravelmente as iniciativas 
governamentais para a área. Começa a haver uma reorganização de conceitos e 
a crescente influência do fenômeno esportivo que levaram a um novo modelo de 
Educação Física.
Ainda sob forte influência do pensamento esclanovista, a Educação Física vista 
como disciplina capaz de promover o homem como ser genérico e incapaz de 
sustentar divergências, em um exemplo claro de humanismo idealista, que colabora 
para que a juventude venha melhorar sua saúde, adquirir hábitos fundamentais, 
preparo vocacional e racionalização do uso das horas de lazer, passa também a cultuar 
o “desporto-espetáculo” e as tendências tecnicistas do “desporto de alto nível”. 
Retomando um pouco a história do esporte moderno para que possamos 
pensar a influência do esporte na Educação Física brasileira, lembramos que oesporte moderno tem sua gênese por volta do séc. XVIII na cultura europeia. O seu 
declínio inicia-se em torno de 1800 por causa dos processos de industrialização e 
urbanização e a chegada dos modelos ginásticos. O esporte moderno desenvolve-
se nas camadas populares/trabalhadoras, principalmente na Inglaterra e depois se 
expande pelo mundo. Porém, não se desenvolveu sem despertar reações.
Uma das análises que podemos destacar é a do interesse dos governos pelo 
Esporte. 
O principal interesse apresentado pela intervenção governamental, independente 
do país, baseia-se na instrumentalização do esporte como forma de garantir a 
reprodução do capital. O esporte garante a reprodução da força de trabalho ao 
trabalhar com a aptidão física. Pela sua dimensão lúdica garante a preservação da 
saúde da população. Por meio das políticas sociais o esporte garante a melhoria da 
qualidade de vida e oferecimento de oportunidades de lazer.
O esporte serve também como atenuador das tensões sociais, garantindo a 
integração nacional, a educação cívica, e serve como instrumento de afirmação 
política, pois um país campeão no esporte é visto mundialmente como um 
país vitorioso. 
Há também o interesse pela dimensão econômica do fenômeno esportivo. Há 
uma grande movimentação financeira e dos meios de comunicação de massa em 
torno do esporte e do espetáculo que este proporciona.
Especificamente sobre o esporte como instrumento de afirmação política 
podemos destacar, em vários momentos da história mundial, exemplos desse uso 
político do esporte. No período Nazista, quando nas olimpíadas de 1936, em que 
Hitler procurou mostrar através do esporte a superioridade da raça ariana. 
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Figura 1
Fonte: Wikimedia Commons 
Quem não se lembra da marcante cena em que Hitler, após um alemão ter 
perdido a prova dos 100m para um negro Norte Americano, se recusa a entregar-
lhe a medalha, assim como vinha fazendo com todos os competidores, pelo simples 
fato do atleta ser negro. 
Importante!
Jesse Owens foi esse atleta norte americano, medalhista de ouro nos 100 e 200 m rasos, 
no salto em distância e no revezamento 4x100 m. Esse atleta representou a vitória de 
um homem negro sobre a hegemonia ariana de Hitler]
Você Sabia?
Figura 2
Fonte: National Geographic
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UNIDADE Educação Física no Brasil: influência médica, militar, 
do pensamento escolanovista e do esporte
Continuando no cenário olímpico, agora no período da Guerra Fria, em que 
Estados Unidos e União Soviética disputavam, modalidade por modalidade, a 
conquista das principais medalhas, demonstrando, com o quadro de medalhas, 
a supremacia de uma nação sobre a outra. Ou não seria melhor dizer da disputa 
entre Comunismo e Capitalismo.
Importante!
Você sabia que por causa do uso político do esporte na Guerra Fria a Organização das 
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO publica uma Carta 
Internacional da Educação Física, renovando os conceitos do esporte e vinculando a este 
um conceito de esporte-educação. 
Para ler a carta na íntegra acesse: https://goo.gl/Oza7cD
Você Sabia?
Aqui no Brasil o esporte sempre atendeu, desde a Primeira República, às 
necessidades de manutenção de determinadas situações políticas. No início do 
século passado, o esporte auxiliava no processo de controle das massas, tanto no 
que diz respeito aos interesses higiênicos e de reprodução da força de trabalho, 
como no que diz respeito aos interesses de desmobilização da população.
Vou centrar meus exemplos ao último ponto citado, especificamente no período 
da Ditadura Militar, entre as décadas de 60 e 80 do século passado. 
Neste período, várias foram as apostas no esporte. 
Assista ao documentário: Memórias de Chumbo – O Futebol nos Tempos do Condor
Acesse o link: https://youtu.be/JYPGMktWMncEx
pl
or
Primeiro, o esporte servia como um analgésico na população, ou seja, o esporte 
– e principalmente o futebol – tinha a finalidade de distrair a atenção das pessoas 
das diversas ações que o governo militar vinha tomando, como a cassação dos 
direitos, o fim da liberdade de expressão, as torturas e mortes. Nos filmes “Pra 
frente Brasil e O que é isso companheiro?” podemos perceber isso. 
Figura 3
Fonte: acervo.oglobo.com.br
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Figura 4
Fonte: memorialdademocracia.com.br
Em reportagem do canal FUTURA da série Jogo Dur o, exibida em junho de 2014, historiadores, 
jornalistas e ex-jogadores relatam como o governo militar fez uso do esporte como ópio do 
povo. Acesse o link e assista: https://youtu.be/cxfvHNsjicA
Ex
pl
or
Em segundo lugar, o esporte foi utilizado como meio de desmobilização estudantil. 
Na década de 60 a Educação Física, através do esporte, foi colocada como disciplina 
do ensino superior. Acreditava-se que por seu caráter lúdico, o esporte seria capaz 
de atrair os jovens para sua prática. Assim sendo, esses mesmos jovens deixariam 
de participar de manifestações contra a ditadura.
É também desse período, já na década de 70, que temos no Brasil a criação 
de um programa do governo chamado Programa Esporte para Todos, que ficou 
conhecido como EPT. Este programa visava ampliar as possibilidades de acesso 
de toda a população às práticas esportivas. Acredito não precisar dizer que essa 
preocupação não estava centrada exatamente no entendimento da prática esportiva 
e de lazer como um direito social, mas sim nos resultados positivos que a prática do 
esporte trazia para o governo.
Outro fato que pode ser colocado diz respeito à necessidade de se buscar os 
Heróis Nacionais. Através do esporte era mostrado para o mundo um Brasil 
diferente, um Brasil vencedor, um Brasil de João do Pulo, Pelé, Garrincha, Airton 
Senna. Com exceção do Senna, todos os outros tiveram uma trajetória de vida 
muito difícil, e isso sempre foi explorado para dar mais valor às suas conquistas, 
numa forma de dizer para todo o mundo que basta ter determinação e força de 
vontade para conseguir o que se quer.
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UNIDADE Educação Física no Brasil: influência médica, militar, 
do pensamento escolanovista e do esporte
Importante!
Estamos muito distantes do que ainda acontece com o esporte hoje? Em períodos de 
Olimpíadas, Panamericanos e Copa do Mundo, como a mídia veicula a ideia do esporte e 
como vincula esse esporte com a Educação Física? Pense nisso...
Trocando ideias...
A Educação Física não fica distante desse movimento e, mais do que isso, é vista 
como um espaço de propagação do esporte e dos “valores” que o esporte pode 
ensinar, se vinculando, mais uma vez, aos interesses políticos que giraram em torno 
do esporte, e da Educação Física como consequência.
Podemos entender da seguinte forma o movimento de esportivização da 
Educação Física brasileira:
Na década de 1940 é criado o Método Desportivo Generalizado, sob forte 
influência método criado pelo Instituto Nacional de Esportes da França: 
 · Incorporava o conteúdo esportivo aos métodos de EF com ênfase no 
aspecto lúdico (jogo) – pensa o indivíduo como um todo, por meio de 
uma ação psico-morfo-fisio-sociológica.
 · É visto como uma possibilidade de formação integral dos alunos e, por 
isso, como um meio de formação e preparação para a vida.
 · Papéis atribuídos ao esporte: solidariedade, lealdade, associação em 
torno de um interesse comum.
Nas décadas de 1960 e 1970, ganha espaço o esporte de alto rendimento e a 
inclusão do binômio Educação Física/Esporte:
 · Período de massificação das atividades esportivas: culto ao atleta-herói, 
ao individualismo; competitividade - “conquistar um lugar ao sol pelo 
esforço próprio”; controle das tensões sociais.
 · Com mudanças na política educacional brasileira, a educação física 
escolar subordina-se ao modelo esportivo. Em 1971 é publicada uma 
resolução que prevê a possibilidade de criação das turmas de treinamento 
nas escolas.Na década de 1980 ainda vivemos uma forte influência e predominância do 
esporte na Educação Física:
 · 1985 – José Sarney – comissão de Reformulação do Esporte Brasileiro: 
1. deporto-performance; 2. desporto-participação; 3. desporto-educação.
 · Pedagogia tecnicista: rendimento, competitividade, esforço individual, 
ascensão pelo mérito próprio.
Porém, nesse período começa-se a se perceber um movimento de questionamento 
da Educação Física estabelecida até então. Esse questionamento se deu muito em 
função e como reflexo do próprio movimento político pelo qual o Brasil passava 
neste período.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Educação Física e Esporte: perspectivas para o século XXI
MOREIRA, W. W. Educação Física e Esporte: perspectivas para o século XXI. 
Campinas, SP: Papirus, 2014. E-book
 Filmes
O dia em que o Brasil esteve aqui
O dia em que o Brasil esteve aqui. Dirigido por João Dornelas, filme lançado 
em 2005, retrata o jogo amistoso, conhecido como o Jogo da Paz, ocorrido em 
2004, entre a Seleção Brasileira de Futebol e a Seleção Haitiana de Futebol. 
Documentário interessante para refletir sobre o impacto do esporte, nesse caso o 
Futebol, na sociedade.
 Leitura
In corpore sano - os militares e a introdução da educação física no Brasil
CASTRO, Celso. In corpore sano - os militares e a introdução da educação física no 
Brasil. Antropolítica, Niterói, RJ, nº 2, p.61-78, 1º sem. 1997.
https://goo.gl/WMXXsJ
O que é Educação Física?
OLIVEIRA, V. M. O que é Educação Física? 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.
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UNIDADE Educação Física no Brasil: influência médica, militar, 
do pensamento escolanovista e do esporte
Referências
MAGALHÃES, C. H. F. Breve histórico da educação física e suas tendências atuais a 
partir da identificação de algumas tendências de ideais e ideias de tendências. Revista 
da Educação Física, Maringá, v. 16, n. 1, p. 91-102, 1. sem. 2005. Disponível 
em <<http://ojs.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/3410/2439>> 
Acesso em 11 de julho de 2016.
CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: a história que não se 
conta.3.ed. Campinas, SP: Papirus,1991.
SOARES, C. L. Educação Física: raízes européias e Brasil. Campinas, SP: Autores 
Assossiados, 2001.
BETTI, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo, SP: Editora Movimento, 1991.
GUIRALDELLI JR. Educação Física – a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos 
e a Educação Física brasileira. Coleção Espaço, vol. 10. 3.ed. São Paulo, SP: 
Edições Loyola, 1991.
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