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Bronquiolite e Asma Na Infância Asma Epidemiologia ● Doença crônica mais comum em crianças (até 24,3% das crianças no Brasil ● Grande causa de morbidade e consumo de recursos na saúde Fisiopatologia ● Doença heterogênea multifatorial ● Principal característica⇒ inflamação crônica das vias éreas inferiores - células inflamatórias → mediadores químicos → alterações epiteliais, anormalidades do tônus, alterações da permeabilidade vascular, hipersecreção de muco, mudanças na função mucociliar, aumento da reatividade do músculo liso da via aérea - hiper-reatividade brônquica e processo inflamatório crônico → remodelamento das vias aéreas (hipertrofia da musculatura lisa, espessamento da membrana basal e fibrose → limitação do fluxo aéreo) ● Inflamação aguda⇒ sintomas agudos (crise), leva a edema, hipersecreção de muco, contração do músculo liso → tosse, dispneia, sibilos, aperto no peito ● Inflamação crônica⇒ alterações estruturais e na intgridade epitelial Fenótipos ● Alérgico⇒ principal na criança, fenótipo mais facilmente reconhecido, associada a história de doença alérgica (eczema, rinite, alimentos, medicamentos) - Inflamação eosinofílica das vias aéreas → boa resposta a corticosteroides inalatórios - Exacerbações associadas a exposição aos aeroalérgenos ● Não Alérgico⇒aparece a partir dos 12 anos, predomínio de infiltração neutrofílica (pode ter eosinófilos em menor quantidade) - Má resposta aos corticóides inalatórios ● Asma Eosinofílica⇒ parecida com a asma alérgica (estão associadas), início na infância, boa resposta aos corticosteróides ● Asma Neutrofílica⇒ pode ocorrer em qualquer idade, má resposta a corticosteroides ● Asma de Início Tardio⇒ocorre principalmente em mulheres adultas, comum associação com hipersensibilidade aos AINEs ou polipose nasal, normalmente refratária ao tratamento com corticosteróides Características da Asma ● Limitação variável do fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento - Reação com fatores desencadeantes (atividade física, aeroalérgeno, poluição, tabagismo, variações climáticas, infecções respiratórias ● Sintomas - Dispneia, tosse (geralmente seca e a noite/manhã), sibilância ● Fatores Desencadeantes - Alergia: aeroalérgenos (ácaros, fungos, pólen, epitélios de animais, insetos) - Clima: mudanças bruscas de temperatura, clima muito seco ou frio - Fatores psicológicos: estresse, depressão, ansiedade - Infecções: principalmente infecções virais em crianças - Atividades físicas, riso, choro - Tabagismo: ativo ou passivo Diagnóstico ● Predominantemente clínico ● Anamnese⇒ idade, sintomas, frequência, duração, fator desencadeante, resposta ao beta2 de curta duração, sintomas associados, outras alergias associadas, história familiar de atopia ● Exame Físico⇒mais específico no momento da crise (sibilância, desconforto respiratório, batimento de asa nasal, saturação de O2) Índice Preditivo de Asma ou Critérios de Castro-Rodrigues ● Criança entre 0-3 anos, com 4 ou mais episódios de sibilância e 1 dx médico, além de cumprir 1 critério maior e 2 menores - Critérios maiores: HF de asma, dermatite atópica diagnosticada por um médico, sensibilidade alérgica a pelo menos um alérgeno - Critérios menores: sensibilidade alérgica a leite/ovo ou amendoim, sibilâncias não relacionadas a infecções virais, eosinofilia >=4% ● GINA - Sintomas de tosse/sibilância/aperto torácico por menos de 10 dias no mês durante uma IVAS, 2-3x ao ano, com a criança assintomática entre os episódios → Poucos evoluem para asma - Sintomas por +10 dias associados a IVAS, com mais de 3 episódios/ano ou um episódio grave e/ou pioras durante a noite, pode apresentar sintomas entre os episódios → alguns evoluem para asma - Sintomas por +10 dias, +3 episódios/ano e/ou piora a noite, sintomas mais acentuados, maior sensibilização alérgica conhecida ou história de alergia ou HF de atopia em primeiro grau → muitos evoluem para diagnóstico de asma Exames Complementares ● São apenas complementares, não fazem parte do diagnóstico ● Teste cutâneo alérgico ● IgE (específica ou total) ● Espirometria com prova broncodilatadora (valores normais não excluem asma) ● Exames de imagem⇒ excluir diagnóstico diferencial e avaliar más evoluções Classificação ● Controlada⇒ nenhum item do GINA ● Parcialmente controlada⇒1-2 critérios ● Não controlada⇒3-4 critérios ● ACT - Soma maior do que 19 pontos → asma controlada Diagnósticos Diferenciais ● Importante avaliar quando o paciente não evolui bem mesmo usando a medicação de forma correta e em dose adequada ● Fibrose cística, imunodeficiência primária, DRGE, laringotraqueomalácia, corpo estranho Tratamento ● Objetivos⇒ controle dos sintomas, melhora da qualidade de vida, manter a função pulmonar normal, evitar crises/idas ao PA e hospitalizações, reduzir necessidade do uso de resgate, minimizar efeitos adversos, evitar a morte ● Importante⇒ adesão, uso correto, considerar diagnósticos alternativos ● Técnica Inalatória⇒ necessário usar o espaçador em crianças e máscara para menores de 6 anos - Agitar a medicação → acoplar espaçador → fazer o jato → aguardar 20 segundos (ou 8-10 respirações) ● GINA 2022 - Recomendação de corticoide inalatório, não ficar apenas com beta2 de curta duração nas crises - Terapia MART (6-11 anos)⇒ baixas dose de formoterol + budesonida (manutenção e alívio), poi reduz mais exacerbações do que os SABA - Dupilumabe (imunobiológico) indicado para maiores de 6 anos com asma moderada/grave ● Maiores de 6 anos - STEP 1 (sintomas -2x/mês)⇒ dose baixa de corticoide inalatório sempre que usar o SABA, ou baixa dose de corticoide inalatório diariamente - STEP 2 (sintomas 2x ou mais no mês, mas não diários)⇒corticoide inalatório diário + SABA por demanda, considerar anti-leucotrieno (motelucaste) diariamente ou baixa dose de CI quando usar o SABA - STEP 3 (sintomas na maioria dos dias, despertar noturno 1x na semana) ⇒considerar dose baixa de corticoide inalatório + LABA ou dose média de CI ou dose muito baixa de corticoide com LABA na fórmula MART - STEP 4 (sintoma na maioria dos dias, despertar noturno 1x na semana, comprovante de baixa função pulmonar)⇒dose média ou baixa de corticoide com LABA de controle e resgate, encaminhar para especialista, considerar tiotrópio (LAMA) ou antileucotrieno - STEP 5⇒ avaliar fenótipo a depender da gravidade, dose alta de corticoide com LABA ou imunobiológico (omalizumabe, dupilumabe, mepolizumabe) ● Menores de 6 anos (baixas doses) - STEP 1⇒ b2 de curta duração sob demanda, considerar CI intermitente - STEP 2⇒ considerar CI diário, SABA sob demanda, antileucotrieno/CI intermitente - STEP 3⇒ dobrar CI e usar beta2 se necessário, considerar CI + antileucotrieno, encaminhar pra especialista - STEP 4⇒ associar anti-leucotrieno ou CI ou adicionar CI intermitente ● Importante: antes de aumentar dose, avaliar o uso correto Crise de Asma ● Objetivos⇒estabilizar, evitar recidivas/complicações/internações, reverter obstrução do fluxo aéreo, corrigir hipoxemia ● Avaliação rápida e objetiva da gravidade (consciência, SpO2, FC, cianose, sibilância) ● Exames complementares não recomendados de rotina (Rx de tórax se quadro muito grave, com piora súbita/sinais de complicação, ou irresponsivos ao tratamento) ● Gasometria em estados graves para avaliar retenção de CO2 ● Em todos usar beta2 de curta duração (aerolin/salbutamol) - Dose depende da idade, peso e gravidade - Se não responder → repetir dose ou usar corticoide sistêmico ● Crises moderadas/graves⇒ salbutamol/aerolin e suporte de O2 e corticoide → associar brometo de ipratrópio se não tiver resposta → sulfato de magnésio endovenoso Bronquiolite Viral Aguda Definição ● Academia americana⇒ primeiro evento de sibilância em menores de 2 anos ● Guidelines Europeus⇒ presença de esforço respiratório em menores de um ano Epidemiologia ● Acomete especialmente os menores de 1 ano ● Pico de incidência entre 2-6 meses ● Principal causa de internação em lactentes previamente hígidos Etiologia ● Vírus sincicial respiratórioé o principal, seguido do rinovírus humano, além de parainfluenza, adenovirus, influenza, coronavirus etc. ● Principal fonte de infecção é a família ● *O VSR é sincicial (do inverno ao início da primavera- abril a agosto no sul do BRasil) Patogênese ● Infecção da mucosa/epitélio nasal → via aérea inferior → bronquíolos terminais → inflamação peribronquiolar ● Incubação de 2-6 dias ● A infecção não causa imunidade completa (pode ter reinfecções durante a vida) Clínica ● Quadro e resfriado (coriza, congestão nasal, tosse) → intensificação da tosse, sibilos, estertores, desconforto respiratório, taquipneia após 5-8 dias ● Fatores de risco de gravidade⇒prematuridade, baixo peso ao nascer, exposição ao tabagismo, comorbidades Diagnóstico ● Clínico (anamnese e exame físico) ● Pesquisa e vírus recomendada em casos que o resultado irá modificar a conduta e em pacientes internados normalmente ● Rx - solicitado para crianças com má evolução, piora súbita, suspeita de complicações, comorbidades (cardiopatia ou displasia broncopulmonar) - Hiperinsuflação torácica, hipertransparência, retificação diafragmática, broncograma aéreo com infiltrado de padrão intersticial Tratamento ● Suporte⇒ elevação da cabeceira do leito, desobstrução das vias aéreas superiores, reposição hidroeletrolítica, oxigenioterapia, dieta oral/enteral → tudo de acordo com a necessidade da criança ● Lavagem nasal ● Corticoides não são usados de rotina ● Broncodilatadores podem ser avaliados de acordo com prova broncodilatadora, mas não são recomendados de rotina ● Epinefrina não é recomendada ● Antibioticoterapia em infecções bacterianas secundárias ● Solução salina hipertônica 3% para diminuir edema de via aérea e melhorar a eliminação do muco (poucas evidências) ● Fisioterapia respiratória não é recomendada de rotina, apenas em casos graves ou dificuldade de expelir secreção Critérios de internação ● Sinais de alarme⇒ cianose, apneia, bradicardia, taquicardia persistente (FC>180 bpm), letargia, agitação excessiva, desidratação, indisponibilidade de via oral, hipoxemia(O2<90%), esforço respiratório moderado a grave, FR > 70irpm Imunização Passiva VSR (Palivizumabe) ● Recomendado para crianças com fator de risco⇒ lactentes nascidos com menos de 29 anos de gestação durante o primeiro ano de vida, nascido entre 29-32 semanas até 6 meses, lactentes com doenças cardíacas/pulmonares crônicas até os 2 anos Bronquiolite X Asma ● Bronquiolite grave aumenta risco de desenvolver asma