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ASMA BRÔNQUICA DEFINIÇÃO Doença heterogênea, geralmente caracterizada por inflamação crônica da via aérea e que se manifesta por sintomas respiratórios como sibilância, dispneia, opressão torácica e tosse, que variam ao longo do tempo e em intensidade, associados a limitação variável do fluxo aéreo expiratório (broncoconstrição), espessamento das paredes da via aérea e aumento de muco (GINA 2020). MECANISMOS PATOGÊNICOS Os sintomas agudos da asma estão relacionados à inflamação brônquica, pois a obstrução ao fluxo aéreo é gerada por: • Contração do músculo liso brônquico • Edema de mucosa por aumento da vasopermeação • Hipersecreção de muco intraluminal (pode estar presente sem infecção associada) • Infiltrado celular, particularmente eosinofílico (pode ser variável dependendo do fenótipo) A inflamação brônquica está ligada à cronicidade da asma e às alterações morfológicas do brônquio (remodelamento – surge ao longo do tempo): • Descamação epitelial • Espessamento do colágeno reticular da membrana basal • Hipertrofia do músculo liso • Hiperplasia das glândulas mucosas Quando o paciente já apresenta remodelamento, ele possui manutenção dos sintomas e pior resposta ao tratamento. O tratamento da asma visa evitar o desenvolvimento do remodelamento. BRONCOESPASMO • Antes da exposição → vias pérvias • 10 minutos após a exposição ao alérgeno → broncoespasmo (principalmente na expiração)!!! EPIDEMIOLOGIA Doença respiratória crônica que afeta entre 1 e 18% da população em diferentes países. Afeta todas as faixas etárias, com predomínio em crianças e adultos jovens. Resulta de uma interação entre GENÉTICA + EXPOSIÇÃO AMBIENTAL A ALÉRGENOS E IRRITANTES + FATORES ESPECÍFICOS que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas. Afeta 300 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 20 milhões no Brasil. Em torno de 12% das AIHs (autorização de internações hospitalares): asma, DPOC e broncopneumonia. Asma mata mais de 8 pessoas/dia, cerca de 2.500 óbitos/ano. CARACTERÍSTICAS • Sintomas inespecíficos • Sintomas + hiper-responsividade das vias respiratórias (HRVR) • Estímulos que desencadeiam ou pioram os sintomas: o Exercício físico o Exposição a alérgenos e irritantes o Mudança de temperatura o Infecções (principalmente virais) o Estresse • Algumas drogas podem induzir ou desencadear: beta-bloqueadores e, em alguns pacientes, aspirina ou outros AINEs • Sintomas e limitação ao fluxo variam espontaneamente ou sob efeito de medicações FENÓTIPOS • Asma alérgica: escarro com eosinofilia, boa resposta a corticoide inalatório • Asma não alérgica: adultos, respondem mal a corticoides inalatórios • Asma de início tardio: mais comum em mulheres, respondem mal a corticoide inalatório • Asma com limitação fixa do fluxo aéreo: remodelamento presente • Asma com obesidade > ASMA DE INÍCIO NO ADULTO • Sintomas de asma pela primeira vez na idade adulta • Maioria dos estudos baseados em questionários • Afeta mais mulheres • Baixa taxa de remissão • Menos associado à atopia • Pior prognóstico, com rápido declínio da função pulmonar e obstrução severa ao fluxo aéreo, mesmo com asma de curta duração • Perda significativa de função ocorre já no início da doença >> OCUPACIONAL o 9-15% dos casos de asma de início no adulto o 2 tipos ▪ Sensibilizada: • Mediada ou não por IgE • Período de latência após exposição seguida por início dos sintomas • Mecanismos imunológicos IgE mediado? • 250 agentes documentados, alguns dose dependente ▪ Irritativa: • Síndrome da via aérea reativa • Sem base imunológica • Tragédia World Trade Center e Incêndio da Kiss: pode haver um longo intervalo entre a exposição e o reconhecimento dos sintomas e da doença > ASMA E OBESIDADE • Obesidade é fator de risco e a incidência de asma aumenta em 50% • Aumento de leptina no tecido adiposo pode induzir INFLAMAÇÃO direta em via aérea • Há evidências indicando maior dificuldade de se obter controle da asma em obesos • Fenótipo inflamatório (não eosinofílico) + presença de comorbidades (DRGE, SAOS) + fatores mecânicos • Redução do peso melhora a função pulmonar, a morbidade e a qualidade de vida DIAGNÓSTICO (GINA) • Sibilância, dispneia, tosse, opressão torácica • Em adultos, somente tosse NÃO é comum • Variabilidade ao longo do tempo e em intensidade • Ocorrem ou pioram frequentemente à noite OU ao levantar-se • Podem ocorrer aos esforços • Usualmente desencadeados por exercício, riso, alérgenos, ar frio • Sintomas ocorrem ou pioram com infecções virais • Aumentam a probabilidade de asma, mas NÃO SÃO específicos: o Início dos sintomas na infância o História pessoal de alergias, rinite o História familiar de asma ou alergias CONTROLE DA DOENÇA • Asthma Control Questionnaire (ACQ) • Asthma Control Teste (ACT) • GINA EXAME FÍSICO • Geralmente é NORMAL (+ grave, + sintomas) o Inspeção: utilização de músculos acessórios, tiragem, FR aumentada o Palpação: FTV normal ou diminuído o Percussão: normal ou hipersonoridade o Ausculta: diminuição do MV com expiração prolongada, sibilos • Alteração mais comum: SIBILÂNCIA • Outras situações que cursam com sibilos: DPOC, disfunção de VAS, infecções respiratórias, traqueomalácia, corpo estranho • Pode apresentar tórax silencioso (sem sibilos e sem MV) • Estertores e sibilos inspiratórios NÃO são sugestivos de asma • Exame nasal pode mostrar sinais de rinite alérgica, polipose FUNÇÃO PULMONAR • Confirmar a limitação do fluxo aéreo! • Variabilidade excessiva da função pulmonar e documentada limitação do fluxo aéreo • Variação significativa após uso de broncodilatador: 12% e 200ml (faz espirometria SEM e COM broncodilatador) • Variabilidade do PFE (pico de fluxo aéreo): 10% • Melhora da função pulmonar depois de 4 semanas de tratamento com AINE • Hiperreatividade a METACOLINA: broncoprovocação • Variação da função pulmonar entre as visitas ESPIROMETRIA • Auxiliar no diagnóstico • Avaliar a gravidade da obstrução brônquica • Acompanhamento do paciente DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • São aspectos que diminuem a probabilidade de que os sintomas respiratórios se devam à asma (GINA, 2018): o Tosse isolada sem outro sintoma respiratório o Tosse produtiva crônica o Dispneia associada a vertigem, tontura e parestesia o Dor torácica o Dispneia induzida por exercício, com ruído inspiratório TRATAMENTO • Controle atual da doença o Controle dos sintomas o Manter atividade física normal, incluindo a possibilidade de praticar exercícios físicos o Manter a função pulmonar normal ou o mais próximo possível da normalidade o Reduzir a necessidade de medicação de resgate • Redução de risco futuro o Evitar instabilidade e piora dos sintomas o Prevenir exacerbações o Evitar efeitos adversos das medicações o Prevenir mortalidade > CORTICOIDES • Atuam no combate da inflamação, reduzindo o número de células inflamatórias e sua ativação • São a 1ª opção de tratamento para asma persistente • Se não fizerem efeito com doses baixas devem associados a LABA • Inalatórios: são os controladores mais eficazes nas fases iniciais da asma, possuem menos efeitos colaterais do que os sistêmicos • Sistêmicos: utilizados principalmente nos casos de asma grave aguda, possuem muito efeito colateral se utilizados como controladores, porém, muitas vezes é necessário Quando o controle da asma é atingido e mantido por 3 meses e a função pulmonar atingiu seu platô, o tratamento pode ser reduzido sem perda do controle da doença. Inverno, pcte atópico → pode prorrogar por > 3 meses GINA 2018 SABA = short-acting beta-agonist (BETA-2 AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO) LABA = long-acting beta-agonist (BETA-2 AGONISTA DE LONGA DURAÇÃO) ICS = corticoide inalatório / OCS = corticoide oral SLIT = imunoterapia sublingual / HDM = Ácarodo pó doméstico GINA 2019 STEP 1 (leve): resgate STEP 2 (leve): resgate ou uso contínuo STEP 3 (moderada): uso contínuo e mesma medicação para resgate STEP 4 (grave): uso contínuo e mesma medicação para resgate, imunomoduladores > ANTI-IgE • Omalizumabe (Xolair) • Anticorpo circulante que neutraliza a IgE circulante, sem se ligar a IgE fixa nas células, inibindo as reações mediadas por estes anticorpos • Tratamento caro • Recomendado apenas para pacientes selecionados e que não estejam totalmente controlados com doses máximas dos fármacos inalatórios DEFINIÇÃO DE EXACERBAÇÃO DE ASMA • São episódios caracterizados por aumento progressivo nos sintomas de dispneia, tosse, sibilância e sensação de opressão torácica e piora progressiva da função pulmonar • Representam mudança do estado usual do paciente que é suficiente para produzir modificação do tratamento • Pode ocorrer em pacientes com diagnóstico prévio de asma • Pode ser a primeira manifestação de asma FATORES QUE AUMENTAM O RISCO DE MORTE ASSOCIADO À ASMA (GINA) • História de asma quase-fatal que necessitou de intubação e VM • Hospitalização ou visita à emergência por asma no último ano • Uso corrente ou suspensão recente de corticoide sistêmico • Não usar corticoide inalatório com regularidade • Uso excessivo de SABAs, especialmente o uso de mais de um tubo/mês • História de doença psiquiátrica ou problemas psicossociais • Pobre aderência com medicações • Pobre aderência (ou falta) a um plano de ação em asma • Alergia alimentar em paciente com asma MANEJO DA EXACERBAÇÃO DE ASMA (GINA) • Avaliar na história: o Tempo de início e causa (se conhecida) da exacerbação atual o Gravidade dos sintomas, limitação ao exercício e perturbação do sono o Qualquer sintoma de anafilaxia o Fatores de risco de morte por asma o Toda medicação em uso: controladores, de alívio, técnica de uso de dispositivos inalatórios, padrões de aderência, modificação de doses e resposta à terapia atual • Exame físico: o Sinais de gravidade da exacerbação o Sinais vitais: nível de consciência, temperatura, FR e FC, capacidade de falar sentenças completas, uso de musculatura acessória o Fatores complicadores: anafilaxia, pneumonia infecciosa, atelectasia, pneumotórax, pneumomediastino o Sinais de condições alternativas que podem explicar dispneia: IC, EP... TRATAMENTO DA ASMA NA EMERGÊNCIA • CORTICOIDES INALATÓRIOS o CI em alta dose na primeira hora de atendimento reduziu necessidade de internação em pacientes que não receberam CS o CS + CI: dados conflitantes o CI: custo elevado; agente, dose, duração: indefinidos o Na liberação da emergência: prescrever CI de manutenção! RESUMO • A ASMA É UMA DOENÇA INFLAMATÓRIA • NÃO ADIANTA TRATAR APENAS A OBSTRUÇÃO BRÔNQUICA • COMO DOENÇA INFLAMATÓRIA, TEM QUE SER TRATADA COM AINE • O AMBIENTE INFLUENCIA FORTEMENTE O DESENCADEAMENTO DOS SINTOMAS E DEVE SER OBJETO DE CUIDADO PELO ASMÁTICO
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