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TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS Comunicação e Saúde Comunicação em saúde e discurso do sujeito coletivo: Semelhanças nas diferenças e diferenças nas diferenças → A comunicação é sempre uma ação que acontece num contexto ou quadro social ou psicossocial, definido, entre outros atributos, por apresentarem um “idioma” de “representações sociais” que os indivíduos acessam para estabelecerem contatos uns com os outros. No campo da Saúde Coletiva, a tarefa de fazer com que os habitantes de determinadas sociedades, coletividades ou grupos contatem e acolham ideias e/ou práticas que permitam avanços no enfrentamento das diversas facetas do adoecer humano é uma busca constante. → A comunicação em saúde deve trabalhar num contexto de tensão constante entre o semelhante e o diferente, considerando que o comunicador, educador ou promotor de saúde, para entender os indivíduos com os quais interage, precisa ter em mente que eles aderem às representações sociais por instinto gregário, por necessidade de identificação coletiva e por interesses objetivos. → A comunicação, definida como contato ou contato bem-sucedido, é sempre uma ação que acontece num contexto ou quadro social ou psicossocial. Sendo assim, é possível dizer que indivíduos que vivem num mesmo contexto social pensam de modo semelhante porque compartilham das mesmas representações ou de representações diferentes, mas que “conversam” entre si. → É parte do campo da Saúde Pública ou Coletiva a tarefa de fazer com que os habitantes de determinadas sociedades, coletividades e grupos contatem e acolham ideias e/ou práticas que permitam avanços no enfrentamento das diversas facetas do adoecer humano. → Para que isto ocorra é necessário que os portadores desta tarefa conheçam, diretamente, as representações sociais presentes na formação social sobre o adoecimento a ser enfrentado, além das concepções sobre a saúde e sobre o próprio corpo. → Sem esse conhecimento, o contato necessário para o sucesso de tal tarefa tende a não se estabelecer. Discurso do Sujeito Coletivo, semelhanças e diferenças : O DSC filia-se, assim, àquelas correntes do pensamento contemporâneo que valorizam o múltiplo, o complexo, o diferente, mas considera, com o mesmo grau de importância, que este diferente, múltiplo e complexo convive em tensão dialética com o semelhante, com o uno, com o simples. Diferenças e semelhanças na esfera paradigmática: O DSC permite mostrar que sempre há diferentes tipos ou categorias de pensamento coletivo entre as populações envolvidas com um determinado tema em uma determinada pesquisa empírica; → Significa dizer que diferentes indivíduos pensam de modo semelhante e o DSC, adotando procedimentos de base indutiva sobre um conjunto de depoimentos individuais e selecionando adequadamente os estímulos (as questões abertas), permite identificar e reconstituir tipos, categorias ou diferentes lógicas de pensamento coletivo, bem como dar diferentes nomes a estes diferentes conjuntos de depoimentos, agrupados por semelhança ; TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS Diferenças e semelhanças na esfera sintagmática: O sentido do pensamento coletivo exige, pois, a presença e a consideração da dimensão discursiva ou sintagmática que, no DSC, reúne e articula os diferentes conteúdos e argumentos que recheiam ou encorpam uma determinada opinião. “diferença mais que semelhança, semelhança na diferença e diferença na diferença” Diferença na diferença: Há que considerar que o movimento em direção à diferença deve predominar sobre aquele em direção à semelhança. Isto, na medida em que a mobilização da energia coletiva para a semelhança, sempre presente e muito forte na história humana, pode ser embrutecedora. A comunicação em saúde e as semelhanças e diferenças → A comunicação em saúde para os dias de hoje deve, então, trabalhar num contexto de tensão constante entre o semelhante e o diferente. → Deve considerar o semelhante na medida em que o comunicador, educador ou promotor de saúde, para entender os indivíduos com os quais interage (numa consulta médica, numa aula, numa palestra, num software educativo), precisa ter em mente que eles aderem às representações sociais por instinto gregário, por necessidade de identificação coletiva, por interesses objetivos, etc. Precisa tal comunicador considerar, por outro lado, o diferente, na medida em que: a) Os indivíduos que aderem a uma mesma representação social o fazem com base em conteúdos e argumentos diferentes; b) Uma dada formação sociocultural é composta por diferentes tipos de representação social e a tendência moderna é nitidamente a diversificação dos modos de ver o mundo e, dentro dele, a saúde e a doença. → A comunicação em saúde pode ser vista como uma relação de troca de ideias ou mensagens que, quando bem sucedida, promove um contato entre o pensamento sanitário e o pensamento do senso comum, afetando ambos e fazendo avançar a consciência coletiva sobre as questões de saúde e doença em uma dada formação sociocultural. → Para que isso ocorra, é preciso considerar as representações sociais sobre saúde e doença existentes nas formações socioculturais, ou seja, o sistema de ideias que constitui o modo de pensar saúde e doença próprio do grupo ao qual o(s) indivíduo(s) pertence(m). → Para que o panorama da saúde coletiva de uma dada sociedade evolua, é necessário que haja um eficiente e eficaz sistema comunicativo. → Para isso, são necessárias condições situadas no chamado plano material da vida social (trabalho, emprego, habitação, etc.). → Isto não impede, contudo, que sejam desenvolvidos projetos, programas e intervenções no plano estritamente comunicativo. Relação médico-paciente → A relação médico-paciente (RMP) vai além do encontro situacional entre esses dois intérpretes, algo maior do que fazer perguntas e exame físicos, receitar medicamentos e prescrever condutas. → Estudos sugerem que a RMP mescla habilidades técnicas e pessoais. TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS → Frente ao desgosto de atuações médicas homogeneizantes que ignoram a pessoalidade intrínseca de cada vivente, a empatia surge de forma prática na RMP para promover grandes avanços diametralmente opostos a estas práticas. → Empatia, no contexto médico, remete a sensibilização do médico pelas mudanças sentidas e refletidas, momento a momento, pelo paciente. Ambrosie Paré: “Curar ocasionalmente, aliviar frequentemente e consolar sempre.” → A empatia pode enriquecer a prática médica. → A profissão idealizada, reconhecida como aquela que traz grande prestígio entre as profissões e uma expectativa (fantasiosa) de sucesso econômico, vem se contrapondo à realidade de um mercado de trabalho precário e distorcido e às políticas de saúde que não têm se preocupado com as condições mínimas para o exercício adequado da medicina. → Respeitar o sentimento, ouvi-lo e tentar minimizar os sentimentos ruins e maximizar os bons são um ato e um dever do médico, → Na RMP, linguagem verbal e não verbal atuam em conjunto e se complementam como facilitadoras deste processo, → A comunicação não verbal, às vezes, passa mais informações do que a verbal. Percebem-se detalhes através do jeito, pela maneira de falar, de se portar. → Em situações em que a RMP não se constrói de maneira efetiva, ocorre distanciamento entre estes dois atores. → A sobrecarga de trabalho sofrida pelo docente talvez prejudique a consolidação de uma RMP mais intensa e, mais do que isso, talvez reduza os momentos em que a apresentação desta situação, bem construída e fonte de reflexão e treinamento, ocorre ao longo da formação médica. Empatia: Empatia na consulta médica é a capacidade que nós temos de poder ver no paciente e o paciente ver em nós, Um momento de quebrar alguns paradigmas; → Se nós podemos, com um olhar, ao cumprimentar o paciente,Com um sorriso, quebrar um pouco do medo, da angústia, da ansiedade, nós estamos fazendo empatia na consulta. → Observa-se que variáveis como qualidade do atendimento, confiança e creditação na conduta médica se correlacionam com a prática da empatia no contexto de uma consulta médica, demonstrando assim, sua importância. → Contudo, existe uma questão muito interessante que denominamos paradoxo técnica-empatia: Alguns pacientes relatam o temor de, ao serem empáticos, se distanciarem da técnica existente na identidade médica, um distanciamento do profissionalismo. → Empatia foi relacionada mais à qualidade do que ao sucesso da intervenção médica, “um adjuvante importante ao tratamento” e ao manejo do paciente. → A empatia na relação Médico e Paciente deve ser discutida, aprendida e colocada em prática diariamente. → Reformas curriculares que reforcem positivamente o treinamento de habilidades voltadas à consolidação de práticas e à vivência de uma RMP salutar poderiam ter como alicerce a empatia. TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS O Aluno de Medicina e estratégias de enfrentamento no atendimento ao paciente →As relações interpessoais aluno-professor, aluno-paciente e aluno-familiar do paciente proporcionaram aos estudantes vivências embaraçosas e constrangedoras, fazendo-os sentir-se expostos e vulneráveis. → O sofrimento do paciente também constituiu uma situação estressora que mobiliza nos estudantes a adoção de estratégias de enfrentamento (aceitação de responsabilidade, resolução de problemas, suporte social, reavaliação positiva, fuga-esquiva e religiosidade) para controlar e minimizar seus sentimentos. → Situações e fatores estressantes inerentes à vivência acadêmica levam o estudante de medicina a desenvolver estratégias de enfrentamento. → O texto relata inicialmente das expectativas, medo e insegurança dos acadêmicos de medicina ao se depararem com o atendimento clínico ao paciente e que, ao chegarem nesses ambientes, se decepcionam com a postura de alguns docentes, onde os mesmos acabam não tendo a postura esperada, tanto de como ensinar como se portar, quanto em relação à disponibilidade do professor em ajudar o aluno em algumas situações. → Lazarus e Folkman1 organizaram um elenco de pensamentos e ações utilizadas pelo indivíduo diante de eventos estressores específicos, e elaboraram um inventário de estratégias de enfrentamento que serviu de base para esta pesquisa: confrontamento; aceitação de responsabilidade; resolução de problemas; suporte social; reavaliação positiva; fuga-esquiva; afastamento; autocontrole. → Os alunos do curso médico precisam desenvolver habilidades para exercer a prática da medicina, tendo que lidar com a própria imaturidade e as circunstâncias inerentes ao modelo de ensino. → A vivência do aluno junto ao paciente também é apontada na literatura como fonte de estresse. → Para Guimarães, o curso médico é e será sempre um fator de estresse para o aluno, e resta a ele aprender a lidar com os diversos agentes estressores. → Algumas relações pessoais e interpessoais podem tornar-se fatores limitantes para a construção da verdadeira relação aluno-paciente. Questões como: relações difíceis entre professor-aluno, devidas a atitudes inadequadas do docente, falta de orientação por parte do professor para lidar com a prática assistencial ao paciente, inexperiência do aluno, interferência de familiares do paciente, entre outras, são apontadas como fatores que mobilizaram situações embaraçosas e constrangedoras. TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde → Há em curso na saúde coletiva brasileira processos dessa natureza relacionados à reconstrução das práticas de saúde, muito especialmente aquele que gravita em torno das proposições da chamada humanização da atenção à saúde. → Há uma centralidade lógica e prioridade ética da noção de humanização em relação as demais, buscando- se trabalhar com esta no sentido genérico de um conjunto de proposições cujo norte ético e político é o compromisso das tecnociências da saúde, em seus meios e fins, com a realização de valores contra faticamente relacionados à felicidade humana e democraticamente validados como bem comum. CUIDADO EM SAÚDE: compromisso das tecnociências da saúde, em seus meios e fins, com a realização de valores contra faticamente relacionados à felicidade humana e democraticamente validados como bem comum. → Cuidado em saúde significa dar atenção, tratar, respeitar, acolher o ser humano. O cuidado em saúde é uma dimensão da integralidade em saúde que deve permear as práticas de saúde. As pessoas querem se sentir cuidadas, acolhidas em suas necessidades de saúde. → O cuidado com o paciente e o acolhimento dele auxilia na relação médico paciente pois ao escutar com cuidado o paciente, se entende as suas reais necessidades e assim, ser tratado e acompanhado da melhor maneira possível mediante as suas dificuldades e limitações. Bioética na Atenção Básica à Saúde (ABS) Bioética: (“ética da vida”) é a ciência “que tem como objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores de referência racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações” (LEONE; PRIVITERA; CUNHA, 2001). → Além do contexto histórico, devemos entender o contexto cultural e social em que estamos inseridos antes de enveredar para a discussão bioética. → Exercem atualmente grande influência na reflexão ética: o individualismo, o hedonismo e o utilitarismo*. (*Contexto cultural e as relações assistenciais.) Individualismo: doutrina moral, econômica ou política que valoriza a autonomia individual na busca da liberdade e satisfação das inclinações naturais. → No seu formato mais radical, o individualismo propõe que a atitude mais importante para tomarmos uma decisão seja a reivindicação da liberdade, expressa na garantia incondicional dos espaços individuais. → Para que todos tenham o direito de expressar a sua liberdade, é preciso atrelar esse conceito ao de responsabilidade, pois todos os nossos atos têm alguma consequência para outras pessoas. Hedonismo: A segunda corrente cultural e social que nos cerca é o hedonismo. Na lógica hedonista, a supressão da dor e a extensão do prazer constituem o sentido do agir moral. TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS → O desejo de felicidade é reduzido a uma perspectiva de nível físico, material, sensorial. → A “qualidade de vida” para o hedonismo é interpretada como eficiência econômica, consumismo desenfreado, beleza e prazer da vida física. Utilitarismo: A terceira corrente cultural (e social) que nos influencia é o utilitarismo. Nessa perspectiva, as nossas ações se limitam a uma avaliação de “custos e benefícios”. O referencial “ético” para as decisões é ser bem-sucedido; o insucesso é considerado um mal. Só o que é útil tem valor. → Contudo, não é ético que nossas ações fiquem restritas a essa correlação entre custos e benefícios. Pessoas com necessidades especiais e aquelas consideradas vulneráveis devem ser consideradas dignas de respeito; são pessoas humanas, e isso é condição suficiente para que sejam respeitadas. Além disso, o Estado deve protegê-las sempre que possível. Fundamentação da Bioética – o valor da vida humana A pessoa humana: a) A pessoa é única. Isso significa que as pessoas são diferentes (mesmo os gêmeos idênticos são diferentes), têm suas características, seus anseios, suas necessidades, e esse patrimônio, essa identidade, merece ser respeitado (para que as pessoas não sejam tratadas como números). b) A pessoa humana é provida de uma “dignidade”. Isso significa que a pessoa tem valor pelo simples fato de ser pessoa. c) A pessoa é composta de diversas dimensões: dimensão biológica(que as ciências da saúde, medicina, enfermagem, odontologia, fisioterapia e outras estão acostumadas a estudar), dimensão psicológica (que os psicólogos estudam detalhadamente), dimensão social ou moral (estudada pelas ciências sociais) e dimensão espiritual (estudada pelas teologias). Por isso, falamos que a pessoa é uma totalidade, pois todas essas dimensões juntas compõem a pessoa. O valor da vida humana Para a Bioética, é fundamental o respeito à vida humana. a vida é um processo que pode ser: a) Contínuo: porque é ininterrupto na sua duração. Estar vivo representa dizer que não existe interrupção entre sucessivos fenômenos integrados. Se houver interrupção, haverá a morte. b) Coordenado: significa que o DNA do próprio embrião é responsável pelo gerenciamento das etapas de seu desenvolvimento. Esse código genético coordena as atividades moleculares e celulares, o que confere a cada indivíduo uma identidade genética. c) Progressivo: porque a vida apresenta, como propriedade, a gradualidade, na qual o processo de desenvolvimento leva a uma complexidade cada vez maior da vida em formação. Os princípios da Bioética Beneficência/não maleficência: Sempre que o profissional propuser um tratamento a um paciente, ele deverá reconhecer a dignidade do paciente e considerá-lo em sua totalidade (todas as dimensões do ser humano devem ser consideradas: física, psicológica, social, espiritual), visando oferecer o melhor tratamento ao seu paciente, tanto no que diz respeito à técnica quanto no que se refere ao reconhecimento das necessidades físicas, psicológicas ou sociais do paciente. Um profissional deve, acima de tudo, desejar o melhor para o seu paciente, para restabelecer sua saúde, para prevenir um agravo, ou para promover sua saúde. TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS Autonomia: A autonomia é a capacidade de autodeterminação de uma pessoa, ou seja, o quanto ela pode gerenciar sua própria vontade, livre da influência de outras pessoas. Para que o respeito pela autonomia das pessoas seja possível, duas condições são fundamentais: a liberdade e a informação. Justiça: De acordo com o princípio da justiça, é preciso respeitar com imparcialidade o direito de cada um. Não seria ética uma decisão que levasse um dos personagens envolvidos (profissional ou paciente) a se prejudicar. → A Bioética pretende contribuir para que as pessoas estabeleçam “uma ponte” entre o conhecimento científico e o conhecimento humanístico, a fim de evitar os impactos negativos que a tecnologia pode ter sobre a vida (afinal, nem tudo o que é cientificamente possível é eticamente aceitável). → Deve ser reconhecido que essas influências históricas e culturais existem e que não podemos escapar delas. → Torna-se necessário entender qual fundamento (base) devemos ter para nos orientar nos nossos processos de decisão, a fim de que essas influências negativas não prejudiquem nossas ações. → É interessante ainda, utilizar as “ferramentas” (princípios) adequadas para definir quais devem ser as nossas atitudes, sem esquecer o nosso fundamento. Dilemas bioéticos na Atenção Básica “A Atenção Básica considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção sociocultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável.” (BRASIL, 2006). → Os profissionais necessitam estar preparados para o reconhecimento de conflitos éticos, para a análise crítica de suas implicações, para o uso de senso de responsabilidade e para a obrigação moral ao tomar decisões relacionadas à vida humana. Desafios: Na Atenção Básica, alguns dilemas (aqui denominados desafios bioéticos) poderão surgir, portanto será necessário seguir critérios para que essas posturas sejam adequadas. Primeiro desafio ético: A postura profissional nas relações com o paciente, a família e a equipe de saúde. • Na área da saúde, a postura “paternalista” do profissional (em que ele se considera superior por deter um conhecimento técnico especializado) desnivela as dignidades de profissional e de paciente, fazendo com que este último se sinta inferior, excluindo-se das decisões sobre sua própria vida. Por isso, o profissional deverá mudar a postura de distanciamento do paciente, causada muitas vezes pela interposição da tecnologia entre eles. Segundo desafio ético: Humanizar e acolher • A superespecialização na área da saúde atribui à doença um valor superior ao valor do doente. Se por um lado esse modelo favorece o desenvolvimento de materiais e técnicas, por outro traz o desafio de combinar esses avanços com as necessidades das pessoas, das sociedades e com seus valores morais. Terceiro desafio ético: o esclarecimento • Para que uma pessoa possa consentir (aceitar) um tratamento, é preciso que ela esteja suficientemente informada Quarto desafio ético: a privacidade e o sigilo • Qualquer pessoa tem direito ao sigilo das informações obtidas durante um atendimento na saúde. A confidencialidade das informações é tanto um dever do profissional da saúde como um direito do paciente. A quebra do sigilo só é justificada nos casos de riscos à pessoa ou a terceiros. Nesses casos, a necessidade da quebra de sigilo deverá ser TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS comunicada à pessoa. Por isso, compartilhar informações com membros da equipe de saúde só se justifica quando se espera um real benefício àquela pessoa. Quinto desafio ético: a importância do prontuário • Os prontuários, quando compostos de registros bem documentados, representam a oportunidade de seguir e avaliar o tratamento de um paciente, bem como poderão fornecer dados relativos ao controle de qualidade do atendimento prestado. Sexto desafio ético: a interferência na adoção (ou não) de estilos de vida saudáveis • As ações de saúde pública visam interferir no processo saúde-doença da coletividade, com a finalidade de proporcionar um melhor estado de saúde para as populações. Essas ações podem, contudo, gerar confrontos entre os interesses individuais e os coletivos, entre as liberdades individuais e o bem-estar ou a segurança da coletividade. → Ações de saúde pública que podem gerar conflitos com a liberdade individual: As ações de vigilância sanitária; O controle de zoonoses; A saúde do trabalhador; O controle de comportamentos considerados não saudáveis; Vacinação; Fluoretação das águas. Sétimo desafio ético: a satisfação do usuário • A preservação e a promoção da saúde das pessoas são metas da Atenção Básica. Acrescente-se a busca pela satisfação do paciente. Para atingi-la, é necessário considerar: •O controle da ansiedade e do medo do paciente; • A incorporação de sua percepção de saúde (que muitas vezes é diferente da percepção do profissional); • O reconhecimento de suas expectativas; • A incorporação das tecnologias leves ao relacionamento com o paciente a fim de estabelecer um vínculo com ele; • A adequação dos aspectos técnicos do atendimento. → Diversos estudos mostram que a principal causa de processos judiciais contra profissionais da área da saúde é o rompimento da relação profissional-paciente (e não a insatisfação com o resultado do tratamento). Resumindo: Na Atenção Básica, diversos dilemas éticos poderão surgir na relação com o paciente, com a equipe de saúde, na obtenção do consentimento ou na preservação do sigilo das informações. → Para enfrentá-los de forma adequada, propõe-se que se parta, como fundamento ético, do reconhecimento das pessoas como seres únicos e constituídos de uma totalidade de aspectos – biológicos, sociais, psíquicos e espirituais –, enfim, como pessoas dotadas de uma dignidade que torna cada uma delas merecedora de atenção. Políticas públicas de saúde: Sistema único de saúde → SUS O Sistema Único de Saúde(SUS), criado pela Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, também chamada de “Lei Orgânica da Saúde”, é a tradução prática do princípio constitucional da saúde como direito de todos e dever do Estado e estabelece, no seu artigo 7º, que “as ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal” , obedecendo ainda aos seguintes princípios: I - Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - Participação da comunidade; IX - Descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - Integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI - Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. → As diretrizes do SUS são, portanto, o conjunto de recomendações técnicas e organizacionais voltadas para problemas específicos, produzidas pelo Ministério da Saúde, com o concurso de especialistas de reconhecido saber na área de atuação, de abrangência nacional, e que funcionam como orientadores da configuração geral do sistema em todo o território nacional, respeitadas as especificidades de cada unidade federativa e de cada município. Linha do tempo até o surgimento do SUS conjunto de datas que marcaram o longo caminho da constituição do SUS como a principal política pública de saúde brasileira, destacando as contribuições dadas por esses eventos na construção de nosso Sistema Único de Saúde. 1923 → Criação das caixas de aposentadorias e pensões (CAP). 1932 → Criação dos institutos de aposentadoria e pensões (IAPs) 1965 → Criação do instituto nacional de previdência social (INPS) 1977 → Criação do SINPAS 1982 → Implantação do PAIS 1982 → VIII conferência nacional de saúde 1987 → Criação dos SUDS 1988 → Constituição cidadã 1990 → Criação do SUS 1991 → Criação da comissão de intergestores tripartite (CIT) 1993 → NOB-SUS 93 1994 → Programa de saúde da família ou PSF 1996 → NOB 96 TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS 2002 → Norma operacional de assistência à saúde (NOAS-SUS) 2006 → Pacto pela saúde Os impasses ou dificuldades do SUS O subfinanciamento: Isto é, os recursos destinados à operacionalização e ao financiamento do SUS, fica muito aquém de suas necessidades. → Para quem trabalha na Estratégia Saúde da Família, tal insuficiência é sentida, principalmente, quando há necessidade de se acessar os outros níveis de maior complexidade do sistema, cuja oferta parece sempre aquém das demandas. As insuficiências da gestão local do SUS: A gestão municipal dos recursos do SUS vem funcionando apenas em parte – sem desconsiderar que os recursos para o SUS são insuficientes. → A gestão municipal é idealizada pelo projeto da Reforma Sanitária Brasileira como mais eficaz, porque “estaria mais próxima dos cidadãos” e mais sensível aos seus anseios. → O SUS denomina como “gestão local” o conjunto de atividades desenvolvidas pelos gestores municipais, visando à operacionalização, na prática e em seus contextos sociopolítico-institucionais singulares, das grandes diretrizes políticas do Sistema Único de Saúde. A baixa resolutividade da rede básica de serviços: Tem havido grande dificuldade de produção de alternativas de cuidado ao modelo biomédico e sua poderosa articulação com o complexo médico-industrial e acelerado processo de incorporação tecnológica. Isso tem resultado em encaminhamentos desnecessários e excessivos e alimenta as filas de espera em todos os serviços de média e alta complexidade, além de resultar: na fragmentação dos cuidados prestados; na repetição desnecessária de meios complementares de diagnóstico e terapêutica; numa perigosa poliprescrição medicamentosa; na confusão e no isolamento dos doentes; e inclusive na perda de motivação para o trabalho por parte dos clínicos da rede básica. Deficiência na formação dos profissionais de saúde: ainda muito centrada em práticas curativas e hospitalares, com consequente dificuldade de desenvolvimento de práticas mais integrais e resolutivas de cuidado, incluindo a capacidade de trabalhar em equipe, implementar atividades de promoção e prevenção em saúde e ter uma postura mais ética e cuidadora dos usuários do SUS. Deficiência na gestão dos sistemas locorregionais de saúde: que se traduz em: a) baixa capacidade de fazer uma adequada regulação do acesso aos serviços de saúde voltada para seu uso mais racional e produtivo; b) baixíssima ou quase nula capacidade de gestão do trabalho médico, em particular avaliação e acompanhamento. O Pacto pela Saúde (buscando saídas para os problemas e impasses) → Em princípio, a responsabilidade pela gestão do SUS era dos três níveis de governo, e as normas operacionais vinham regulamentando as relações e responsabilidades dos diferentes níveis até 2006, momento em que se instituiu o Pacto pela Saúde, um conjunto de reformas nas relações institucionais e no fortalecimento da gestão do SUS. TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS → Para a adesão dos gestores ao pacto, é assinado um termo de compromisso, no qual se estabelecem compromissos entre os gestores em três dimensões: Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. No Pacto pela Vida são firmados compromissos em torno de medidas que resultem em melhorias da situação de saúde da população brasileira. A partir dele, definem-se prioridades e metas a serem alcançadas nos municípios, regiões, estados e país. → Atualmente são seis as prioridades em vigência: 1. Saúde do idoso; 2. Controle do câncer do colo do útero e da mama; 3. Redução da mortalidade infantil e materna; 4. Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza; 5. Promoção da saúde; 6. Fortalecimento da Atenção Básica. O Pacto em Defesa do SUS firma-se em torno de ações que contribuam para aproximar a sociedade brasileira do SUS, seguindo estas diretrizes: 1. A repolitização da saúde, como movimento que retoma a Reforma Sanitária Brasileira, atualizando as discussões em torno dos desafios atuais do SUS; 2. Promoção da cidadania como estratégia de mobilização social tendo a questão da saúde como direito; 3. Garantia de financiamento de acordo com as necessidades do Sistema. Na dimensão do Pacto de Gestão são abordados: 1. A regionalização; 2. A qualificação do processo de descentralização e ações de planejamento e programação; 3. Mudanças no financiamento. O que é SUS1. A criação e implementação do SUS : → Todas as pessoas têm o direito à saúde e este direito está ligado a condição de cidadania. → Não depende do “mérito” de pagar previdência social (seguro social meritocrático), nem de provar condição de pobreza (assistência do sistema de proteção), nem do poder aquisitivo (sistema capitalista) e muito menos da caridade(filantropia). →O sus tem base na concepção de seguridade social, propondo uma sociedade mais solidária e democrática, movidas por valores de equidade e igualdade. 2. O sus na constituição : TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS → Com a constituição de 1988 a saúde passou a ser conhecida como um direito social, ou seja, inerente ao cidadão cabendo ao poder público a obrigação de garanti-lo. → Essa conquista política e social pode ser atribuída a diversas lutas e esforços empreendidos pelo movimento de reforma sanitária entre 1976 e 1988. → No artigo 196, destaca-se que o dever do estado seria garantido mediante políticas públicas e sociais e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação. → As políticas econômicas (distribuição de riqueza, de renda, salário) influem sobre a saúde dos indivíduos e comunidade. E as políticas sociais (previdência social, segurança pública, esporte, lazer) são capazes de reduzir os riscos das doenças e os agravos (a doença não necessariamente pode ser definida), podendo destacar os acidentes, violência e entre outros. → O acesso universal significa a possibilidade de todos os brasileiros poderem alcançar uma ação ou serviço de saúde de que necessitem sem qualquer barreira de acessibilidade seja legal, econômica, física ou cultural. → O acesso Igualitário significa acesso igual para todos, sem qualquer discriminação ou preconceito, sendo assim, a igualdade é importante para saúde de todos. Contudo, é relevante o destaque para a equidade, priorizando os que mais necessitam (a gravidade da doença e os grupos de risco) para poder alcançar a igualdade. → A atenção à saúde e a assistência medica ambulatorial, hospitalar e domiciliar representam as principais medidas para a recuperação da saúde. → O direito de saúde no brasil estende-se á prevenção da doença, ao controle de riscos e à promoção da saúde. → A ideia de rede na saúde supõe certa ligação e interação entre os serviços, evitando que fiquem dispostos de forma isolada, autoarquivada, ou seja, sem comunicação entre si. → No SUS, não há proprietário único, posto que os estabelecimentos públicos de saúde pertencem aos municípios, estados, distrito federal e união, ao passo que os serviços particulares contratados são de propriedade privada. → A forma de rede regionalizada possibilita a distribuição dos estabelecimentos de saúde (centros de saúde, ambulatórios, hospital), em um dado território de modos que os serviços básicos sejam mais disseminados e descentralizados enquanto os serviços especializados se apresentem mais concentrados e centralizados. → Desse modo, a regionalização (organizar os serviços de saúde em cada região para que toda a população tenha acesso a todos os tipos de atendimento) corresponde a um dos princípios organizativos do SUS. ✓ O sus é organizado a partir de três orientações fundamentais ou diretrizes: I. Descentralização, com direção única em cada esfera do governo (as decisões do SUS seriam tomadas em cada município, estado e Distrito federal, pode meio de suas respec- tivas secretárias de saúde, cabendo ao ministério da saúde coordenar a atuação do sis- tema em âmbito federal); TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízos dos serviços assistenciais (compatibilizar ações preventivas e curativas, individuais e coleti- vas é conhecida como integralidade da atenção); III. Participação da comunidade (expressa uma orientação para democratizar os serviços e as decisões relacionadas a saúde). 3. O SUS nas leis : → Lei orgânica da saúde, aprovada em 19 de setembro de 1990(lei 8.080/90). Como esta lei sofreu diversos vetos do presidente da república, foi completada, em 28 de dezembro do mesmo ano, pela lei 8.142/90. → Essa lei dispõe sobre condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, bem como sobre a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. → A lei centra a sua atenção nas políticas econômicas e sociais a serem reformuladas e executadas para a redução de riscos de doença e outros agravos à saúde, tais como, acidentes, intoxicações e violências. → Todos são responsáveis pela saúde da comunidade, sem que isso reduza a obrigação do Estado de assegurar o direito à saúde. → Dimensão social: se pretendemos melhorar a saúde da população, temos de atuar especialmente sobre os determinantes vinculados ás condições de vida. Do mesmo modo, se queremos elevar os níveis de saúde da população, precisamos interferir na estrutura econômica e política do Brasil. → O SUS corresponde a um sistema público de saúde formado por órgãos e instituições federais, estaduais e municipais. Não é exclusivamente constituído por organismo da administração direta, como o ministério da saúde e as secretárias estaduais e municipais correspondentes. Integram também o SUS os órgãos e instituições da chamada administração indireta, a exemplo das autarquias, fundações e empresas públicas. → A iniciativa privada pode participar do SUS, em caráter complementar, mediante contrato rígido pelo poder público. 4. Princípios e diretrizes do SUS: → Princípio da universalização; → Princípio da integralidade de assistência (isso significa que todas a pessoas devem ter acesso a todas as ações e serviços exigidos para cada casa ou situação em todos os níveis do sistema de saúde); → O respeito à dignidade humana e a liberdade de escolha das pessoas sustentam o princípio da autonomia dos cidadãos diante das ações e serviços da saúde colocados à sua disposição; → Princípio da igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. Este princípio expressa o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde garantido pela constituição; TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS → Outras diretrizes: Divulgação de informação; regionalização e hierarquização das redes de serviços de saúde; integração; em nível executivo, das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; e organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. 5. O cumprimento dos princípios e das diretrizes: → A hierarquização (usar recursos disponíveis de uma forma mais racional para atender mais e melhor as pessoas) não é entre os governos, federal, municipal e estadual. Não há hierarquia entre a união, estados e municípios. Os entes federados negociam e entram em acordo sobre ações, serviços, organização do atendimento e outras relações dentro do sistema público de saúde. → Faz-se necessário que haja uma estratégia regional de atendimento (parceria entre estado e município) para corrigir as distorções de acesso. Deve haver centros de referências para graus de complexidade diferentes de serviços. Quanto mais complexos os serviços, eles são organizados na seguinte sequência: Unidades de saúde, municípios, município-polo e região. → A integralidade de assistência deve comtemplar também a continuidade de atendimento, quando necessário, em distintos níveis: a atenção básica ou primária à saúde (especialidades básicas que são clínica médica(geral), pediatria, obstetrícia e ginecologia), a atenção ambulatorial especializada e atenção hospitalar. Equipes multiprofissionais também atuam nesse nível, realizando ações promocionais e preventivas. → A sigla MAC (alta e média complexidade). A média complexidade compõe-se por ações e serviçosvisam a atender aos principais problemas de saúde as populações, cuja pratica clínica demande disponibilidade de profissionais especializados (anestesia, prótese, ações especializadas em odonto); → No caso de alta complexidade envolve procedimentos com alta tecnologia e alto custo (oncologia, cardiologia, terapia renal); → A programação pactuada integrada (PPI), é utilizada quando os municípios não possuem todos os serviços de saúde, ele pactua (negocia, acerta) com as demais cidades da sua região a forma de atendimento integral à saúde de sua população. Lei Orgânica da Saúde Lei orgânica da Saúde 8.080/90 • Promover, proteger e recuperar a saúde, além da organização e o funcionamento dos servi- ços também relacionados a saúde; • A participação da iniciativa privada no sus é prevista desde que seja complementar sem fins lucrativos; • A descentralização com ênfase na municipalização em todo território nacional. TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS Artigo 1°: → A esta lei regula, em todo território nacional as ações e serviços de saúde; → Executados: Isolado ou conjuntamente permanente ou eventual/reservas naturais ou jurídicas de direito público ou privado; → A saúde é direito fundamental do ser humano e dever do estado, devendo este promover as condições indispensáveis. Artigo 2° → Dever do estado a formulação e a execução de políticas, não inclui o das pessoas, família, empresas e sociedade. Artigo 3° → Os níveis de saúde da população expressam a organização econômica e social do País; → Determinantes condicionantes, que em sua maioria estão ligados em outros setores do poder, logo para que haja condições adequadas de saúde é necessário fomentar relações interterrioriais e o bem-estar físico social em mental. → Direito a alimentação, moradia, saneamento básico, o meio ambiente, trabalho, renda, educação, atividade física, transporte, lazer, “acesso aos bens e serviços essenciais.” Artigo 4° → A Iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar, sem fins lucrativos. Artigo 5° → Identificação e divulgação dos fatores determinantes da saúde; → Promoção, prevenção e recuperação. Artigo 6° → Vigilância sanitária; → Vigilância epidemiológica; → Saúde do trabalhador. Artigo 7° → Universalidade; → Integridade; → Igualdade; → Participação da comunidade; Lei orgânica da saúde 8.142/90 → Participação da comunidade na gestão do sus e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e de outras providenciais; → Conterá em cada esfera de governo sem prejuízo das funções do legislativo, instancias colegiais: Conferência da saúde e conselho de saúde. A VII Conferência de saúde: O tema central da VII Conferência, "Extensão das ações de saúde através dos serviços básicos", foi amplamente abordado de modo a possibilitar seu debate a todos os níveis, tendo em vista a viabilização da meta governamental de implantação de um programa nacional TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS de serviços básicos de saúde, destinado a oferecer à população brasileira um grau de cobertura de saúde que lhe permita levar uma vida social e economicamente produtiva. → Caracterizou o "Programa nacional de serviços básicos de saúde" em suas ações, processos e mecanismos necessários à sua correta implementação. Foram abordados tópicos, como: organização institucional, atividades de apoio, tecnologia apropriada, recursos humanos, participação, custos, benefícios e financiamento. → Conselho de saúde: É um órgão permanente, colegiado e deliberativo. Na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros. O conselho analisa e aprova o plano de saúde. Analisa e aprova o relatório de gestão. Informa a sociedade sobre a sua atuação. Quem faz parte do colegiado são os representantes do governo, dos usuários, dos profissionais de saúde e dos prestadores de serviços. Modelos explicativos dos processos de Saúde, Doença e Cuidado 1. Modelo mágico-religioso ou xamanístico → Os povos da época concebiam as causas das doenças como derivadas tanto de elementos naturais como de espíritos sobrenaturais; → As relações com o mundo natural se baseavam em uma cosmologia que envolvia deuses e espíritos bons e maus, e a religião, nesse caso, era o ponto de partida para a compreensão do mundo e de como organizar o cuidado; → Processos liderados pelos sacerdotes, feiticeiros ou xamã. 2. Modelo holístico → A noção de equilíbrio é que vai dar origem à medicina holística. Esta noção associa a ideia de “proporção justa ou adequada” com a saúde e a doença. A saúde era entendida como o equilíbrio entre os elementos e humores que compõem o organismo humano. Um desequilíbrio desses elementos permitiria o aparecimento da doença; → A causa do desequilíbrio estava relacionada ao ambiente físico, tais como: os astros, o clima, os insetos etc.; → Cuidado, em última instância, significa a busca pela saúde que, nesse caso, está relacionada à busca do equilíbrio do corpo com os elementos internos e externos 3. Modelo empírico-racional (hipocrático) TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS → Teoria dos Humores, teoria a qual defendia que os elementos água, terra, fogo e ar estavam subjacentes à explicação sobre a saúde e a doença; → Saúde, na concepção hipocrática, é fruto do equilíbrio dos humores; a doença é resultante do desequilíbrio deles, e o cuidado depende de uma compreensão desses desequilíbrios para buscar atingir o equilíbrio. 4. Modelo biomédico (medicina cientifica ocidental) → O modelo biomédico focou-se, cada vez mais, na explicação da doença e passou a tratar o corpo em partes cada vez menores, reduzindo a saúde a um funcionamento mecânico (Barros, 2002). Numa perspectiva crítica, Fritjof Capra (1982) destaca a concepção fragmentária do modelo biomédico ao defender que este consiste num tipo de modelo da teoria mecanicista, em que o homem é visto como corpo-máquina; o médico, como mecânico; e a doença, o defeito da máquina; → O cuidado, na concepção biomédica, está focado, segundo Foucault (1979), no controle do espaço social, no controle dos corpos. 5. Modelo sistêmico → “um conjunto de elementos, de tal forma relacionados, que uma mudança no estado de qualquer elemento provoca mudança no estado dos demais elementos”; → Essa noção de sistema incorpora a ideia de todo, de contribuição de diferentes elementos do ecossistema no processo saúde-doença, fazendo assim um contraponto à visão unidimensional e fragmentária do modelo biomédico; → Cada vez que um dos seus componentes sofre alguma alteração, esta repercute e atinge as demais partes, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio. 6. Modelo processual (história natural das doenças) → O conjunto de processos interativos que cura o estimulo patológico no meio ambiente ou em qualquer outro lugar, e passando da resposta do homem ao estimulo, até alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte; → Esta forma de sistematização ajuda a compreender os diferentes métodos de prevenção e controle da doença; → Apresenta uma dimensão basicamente qualitativa de todo o ciclo, dividindo-se e, dois momentos: o pré-patogênico e o patogênico. → O pré-patogênico diz respeito a interação entre os fatores do agente do hospedeiro e do meio ambiente; → O patogênico corresponde ao momento quando o homem interage com o estimulo externo, apresenta sinais e sintomas e submete-se a um tratamento. → Leavell e clark; TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS SUS, modelos assistenciais e Vigilância da Saúde → O sistema de saúde brasileiro é palco da disputa entre modelos assistenciais diversos, com tendência à reprodução, conflitiva, dos modelos médico-assistencialprivatista (ênfase na assistência médico-hospitalar e nos serviços de apoio diagnóstico e terapêutico) e sanitarista (campanhas, programas especiais e ações de Vigilância Epidemiológica e Sanitária), ao lado de alguns esforços de construção de "modelos" alternativos; → Vigilância da saúde de contexto de municipalização: propostas → Cidade saudável, distrito sanitário, saúde da família (PACS e PSFS), consorcio intermunicipal, atenção segundaria e terciaria, atenção primária e políticas públicas de promoção à saúde; → a existência dessas "vigilâncias", a primeira, a epidemiológica, obedecendo uma racionalidade técnico-sanitária fundada na clínica e na epidemiologia, e a segunda, obedecendo uma racionalidade político-jurídica, fundada nas normas que regulamentam a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços (Costa, 1998), não se justifica a sua institucionalização como órgãos separados, particularmente no âmbito municipal; → Enquanto o modelo médico-assistencial privilegia o médico, tomando como objeto a doença, em sua expressão individualizada, e utiliza como meios de trabalho os conhecimentos e tecnologias que permitem o diagnóstico e a terapêutica das diversas patologias, o modelo sanitarista tem como sujeitos os sanitaristas, cujo trabalho toma por objeto os modos de transmissão e fatores de risco das diversas doenças, segundo uma perspectiva epidemiológica, e utiliza um conjunto de meios que compõem a tecnologia sanitária (educação em saúde, saneamento, controle de vetores, imunização, etc. → Em síntese, a Vigilância da Saúde apresenta sete características básicas: a) intervenção sobre problemas de saúde (danos, riscos e/ou determinantes); b) ênfase em problemas que requerem atenção e acompanhamento contínuos; c) operacionalização do conceito de risco; d) articulação de ações promocionais, preventivas e curativas; e) atuação intersetorial; f) ações sobre o território; g) intervenção sob forma de operações; Modelo médico-assistencial privatista: Sujeito: especialização/complementariedade(paramédico) Objeto: doença (patologia e outras) /doentes (clínica e cirurgia) Meios de trabalho: tecnologia médica(individuo) Formas de organização: rede de serviços de saúde e hospital Modelo sanitarista: Sujeito: sanitarista e auxiliares Objeto: modos de transmissão e fatores de risco Meios de trabalho: tecnologia sanitária Formas de organização: programas especiais, sistemas de vigilância e epidemiológica e sanitária TURMA X MEDFASA @MED_LETTERING MARIA ISABEL RAMOS Modelo vigilância da saúde Equipe de saúde e população; Danos, riscos, necessidades e determinantes dos modos de vida e saúde (condições de vida e trabalho) Tecnologias de comunicação social, planejamento e programação local situacional e tecnologias médico-sanitárias; Politicas publicas saudáveis, ações intersetoriais, intervenções especificas (promoção, prevenção e recuperação), operações sobre problemas e grupos populacionais.
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