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Seminário Borgen - Geopolítica do Clima

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
Disciplina: Geopolítica do Clima
Professora: Dra. Rosemary Vieira
Turma: A1 - 2022.2
Alunos: Ana Beatriz Miranda; Eduardo Lago Zauza Sampaio Maciel;Isabella Mello;Paulo
Henrique Pires; Fabio Soares Queiroz; Valentina Rodriguez.
Borgen: o Reino, o Poder e a Glória
Borgen poder e glória é uma série fictícia dinamarquesa que aborda, principalmente,
questões relacionadas às tensões geopolíticas climáticas relacionadas ao Ártico.
Antes de mais nada, devemos comprender porque o Ártico vem sendo tão comentado nos
últimos anos e o que faz da série, Borgen, uma ficção tão próxima da realidade.
O Ártico é uma extensão de terra que se localiza no extremo norte do planeta,
concentrando uma das mais baixas temperaturas do planeta. Devido a sua alta latitude, a
média térmica nos meses de inverno pode chegar a -40ºC.
O Pólo Norte é uma grande área congelada, não contendo terra e, por isso, não
podendo ser considerado um continente. Com o aquecimento global e a crise climática, o gelo
marínho do Ártico vem sendo cada vez menos presente ao longo do ano, se tornando um
centro importante de disputas geopolíticas. Segundo Silva (2014), “os Estados com litoral no
Oceano Ártico buscam garantir suas respectivas soberanias e jurisdições sobre águas que se
descortinam como cada vez mais navegáveis nas próximas décadas. Todos esses fatores
imprimem uma nova dinâmica nas relações entre os Estados com interesses na região.” Com
isso veremos como a série aborda diversos temas atuais da região sendo um importante meio
para compreendermos as relações diplomáticas do Ártico.
Em seu o primeiro capítulo chamado “O futuro é feminino” a série destaca as lideranças
femininas (Primeira-Ministra e Ministra de Relações Exteriores) no governo dinamarquês e na
imprensa. Deste modo, os países nórdicos são líderes em igualdade de gênero. Assim, eles
apoiam explicitamente essa igualdade em casa, no trabalho, na vida pública, e, muitas vezes,
são os primeiros países a tomar medidas para promover esse objetivo. Como resultados dessas
políticas, as mulheres são líderes na maioria dos países nórdicos, e um ponto em comum
dessas lideranças é que elas compartilham de uma mesma agenda: o clima (OEDC, 2018).
A questão climática talvez seja um dos pontos de maior destaque da série, pois seu enredo
começa com a descoberta de petróleo na Groenlândia. A possível exploração desse recurso
natural vai de encontro à questão climática defendida pelo governo dinamarquês uma vez que
o país nórdico é signatário do Acordo de Paris. Posto isto, o Acordo de Paris é um tratado
global, foi adotado durante a 21ª Conferência das Partes (COP21) em dezembro de 2015. O
acordo tem como meta redução das emissões de dióxido de carbono a partir de 2020, e seu
objetivo é fortalecer a resposta à ameaça da mudança do clima, além de reforçar a capacidade
dos países para lidar com os impactos gerados por essa mudança (MINISTÉRIO DA
CIÊNCIA, TECNOLOGIA INOVAÇÕES E COMUNICAÇÕES).
A Dinamarca destaca-se como um dos países mais comprometidos com o clima, pois
possui metas ambiciosas para diminuir e até mesmo zerar suas emissões de carbono. Neste
sentido, em 2019, seu parlamento adota a Lei Climática Nacional que define metas
juridicamente vinculadas e estabelece uma base sólida para uma ação climática contínua e
ambiciosa. Em curto prazo, a Lei Climática dinamarquesa estabelece a meta de reduzir as
emissões de gases de efeito estufa em 70% até 2030 abaixo dos níveis de 1990 e estabelece
uma meta de longo prazo de alcançar a neutralidade climática (TIMPERLEY, 2019). Visando
a neutralidade até o meio do século XXI, a Dinamarca tomou recentemente uma decisão
histórica sobre o futuro da extração de petróleo no Mar do Norte. Uma ampla maioria, no
Parlamento, concordou com uma data final de eliminação da extração de petróleo no Mar do
Norte até 2050 (Reuters, 2020).
A descoberta de petróleo na Groenlândia, apresentada na série, evidencia questões
complexas e que são pertinentes ao atual contexto. É possível vermos o discurso de que ainda
se teriam 28 anos para explorar o petróleo sem descumprir as metas de neutralidade, ao passo
que a exploração do petróleo na Groenlândia ajudaria a manter o estado de bem-estar social
promovido pela Dinamarca. No que tange ao meio ambiente, os impactos provenientes da
extração de petróleo podem ser incalculáveis. Como exemplo desses impactos, a série
menciona o risco de degradação do Fiorde de gelo de Ilulissat que, em 2004, foi declarado
patrimônio da humanidade pela Unesco (UNESCO).
A geopolítica do Ártico é mais um ponto delicado pois a região é formada por 8 países:
Noruega, Suécia, Finlândia, Rússia, Estados Unidos, Canadá, Dinamarca e Islândia. Juntos
esses países formam o Conselho do Ártico — órgão criado em 1996 — que toma decisões
relacionadas à região (Arctic Council). Para evidenciar o clima de tensão, a série apresenta os
interesses da Rússia na região e as táticas dos Estados Unidos para conter o avanço russo. A
importância da região ártica pôde ser vista na ocupação durante a Guerra Fria. “Sendo o único
território onde os Estados Unidos e a extinta União Soviética faziam fronteira, a região foi de
extrema importância para a demonstração de força que os países realizaram durante o
período” (FUENTES, 2021).
O segundo capítulo ainda tem como viés a oposição de Copenhagen à extração de
petróleo, a manutenção de sua agenda climática e a tensão geopolítica da região. Contudo, um
ponto a se observar é que a série mostra a intenção da Groenlândia de se tornar independente
da Dinamarca. Segundo Schionning (2020) pesquisas de opinião sobre o assunto são
inconclusivas — algumas sugerem que até 64% da população quer que o território se separe
da Dinamarca, enquanto outras apontam que esse percentual seria de 38%.
O fato é que, independente ou não, a Groenlândia tem sido motivo de atenção das atuais
potências globais. Trump, durante seu mandato de presidente dos Estados Unidos, demonstrou
interesse em comprar a Groenlândia (DW, 2019), não obstante, rechaçado pela
Primeira-Ministra Frederiksen, os Estados Unidos anunciaram uma política diferente para
aumentar sua presença e influência na Groenlândia: reabrir seu consulado no país ártico
(REUTERS, 2019). Em contrapartida, a China é outra potência que possui interesses
estratégicos e econômicos na região (FUENTES, 2021).
Segundo Schionning (2020) analistas dizem que há duas razões pelas quais os Estados
Unidos e a China estão de olho na Groenlândia: econômica e geoestratégica. E ambas estão
ligadas às mudanças climáticas. Economicamente, a Groenlândia possui um dos maiores
depósitos dos chamados metais de terras raras, como neodímio, praseodímio, disprósio e
térbio. Metais cada vez mais utilizados na fabricação de telefones celulares, computadores e
carros elétricos. Além disso, as mudanças climáticas tornam mais fácil tanto extrair esses
metais como navegar pelo Oceano Ártico, seja em um navio de carga ou em um navio militar.
No terceiro capítulo da série a protagonista Birgitte recebe a notícia por um de seus
assessores de que seu filho Magnus, esteve envolvido em um polêmico protesto de
ambientalistas radicais em uma estrada na Dinamarca. O ato consistiu em um grupo pequeno
de jovens que roubou um caminhão de porcos, o abandonou em um campo e soltaram os
animais, o problema foi que além do prejuízo causado ao motorista do caminhão todos os
porcos morreram pois o estresse do protesto os fizeram correr para a estrada e foram
atropelados, causando um caos na rodovia, por fim, a manifestação acabou gerando mais
repulsa da população do que empatia pela causa ambiental.
Podemos fazer uma analogia desse caso fictício com os protestos do movimento “Just
Stop Oil” que tem ocorrido ao longo de vários museus de arte importantes da Europa, que
consistem em jogar comida e se colar a obras de arte clássicas como o Girassóis de VincentVan gogh, Moça do Brinco de Pérolas de Vermeer, Monalisa de Leonardo da Vinci entre
outros. Esses ativistas têm o discurso de que as pessoas se importam mais com a arte do que
com a crise climática, pois a exploração de combustíveis fósseis só aumenta, o problema é que
acaba sendo uma manifestação muito tola e pouco estratégica, já que a arte e a crise climática
não têm relação direta entre si. Entretanto, devemos concordar que os protestos chamam
atenção mas não necessariamente de uma maneira positiva, já que acabam gerando revolta na
população que valoriza o patrimônio histórico artístico.
Além disso, o episódio 3 também aborda a crítica que a redação do noticiário
dinamarquês desenvolve de que Birgitte tem razão em se preocupar com o clima mas que
estava fazendo movimentos diplomáticos elitistas, já que existe uma população na
Groenlândia muito pobre e pouco instruída que almeja ascensão social e vê essa solução na
exploração de Petróleo. Esse dilema político causa muita instabilidade para o cargo de Birgitte
já que esse posicionamento a fez perder muito apoio no congresso, e tensiona as pressões
sobre a Primeira Ministra da Dinamarca para que Birgitte seja exonerada.
O quarto episódio de Borgen começa com as negociações acerca de que parte do valor da
exploração de petróleo ficará com a Groenlândia e qual parte ficará com a Dinamarca. Cabe
lembrar que essas negociações só passaram a acontecer após Birgitte ter mudado a sua política
sobre a exploração do petróleo, que até o momento caminhava para a não exploração. Agora
Brigitte, indo contra o seu partido ambientalista, passa a apoiar a atividade pretolífera
sustentável.
Esse capítulo é bem interessante para observarmos, mesmo que de forma fictícia, como se
dão as negociações para a exploração de recursos naturais de um território autônomo mas
dependente de um Estado-nação. Hans, ministro das relações exteriores e dos recursos
naturais da Groenlândia, faz uma proposta de passar para a Dinamarca apenas uma parte do
valor da exploração e depois de um tempo, com a autonomia que a Groenlândia ganharia,
parar com os repasses e se tornar independente. Com isso, a Dinamarca recusa a proposta pois
não deseja a independência do território da Groenlândia.
Com isso, as negociações ficam abertas e as atividades pretolíferas, nesse meio tempo,
são vendidas de acionistas Russos para uma empresa Chinesa. Como sabemos, os dois países
desejam interferir na região para controlar parte do Ártico, local de importantes rotas
marítimas. De acordo com Silva (2014):
"O avanço do degelo na camada polar ártica vem preocupando
sobremaneira os ambientalistas. Por outro lado, a possibilidade real de
diminuição do gelo ártico abre novas perspectivas para a região, tanto para os
países árticos como para os não árticos, entre estes, um merece atenção especial: a
China.”
De acordo com o autor, por mais que a China tenha interesse em diversas partes do
mundo e em diversos assuntos globais, a exploração de recursos energéticos e a abertura
de novas rotas comerciais marítimas são os principais interesses da China e o Ártico oferece
os dois ao mesmo tempo.
Contudo, a série vai se mostrar mais real do que nunca ao relatar o descontentamento
dos Estados Unidos ao saber do envolvimento da China na Groenlândia. Para os
estadunidenses o Ártico também é rota marítima estratégica. Diversos estudos, segundo Silva
(2014), apontam que as alterações na camada de gelo do Ártico proporcionarão a navegação
pelo oceano Ártico por navios comerciais comuns através da Rota Marítima do Norte e da
Passagem Noroeste, principalmente no mês de setembro.
A Figura 1 mostra quais seriam essas rotas marítimas e a importância do dominio da
Groenlândia nessa nova geopolítica que se forma. Segundo Silva, 2014:
Desde 1979, o mapeamento por satélite tem revelado uma tendência de progressiva
redução da camada de gelo do Ártico durante os meses de verão no hemisfério norte.
Desde 2006, essa redução vem sendo, ano após ano, cada vez maior. Com base nestes
dados, associados às projeções de elevação da temperatura média do planeta para os
próximos anos, descortinou-se um quadro de possíveis novas rotas de comércio
marítimo que reduziriam significativamente as distâncias entre os portos do Atlântico
e do Pacífico. As principais oportunidades referem-se à chamada Rota Marítima do
Norte (Northern Sea Route) e à Passagem Noroeste (Northwest Passage).
Figura 1 - Rotas Marítimas Ártico
Fonte: THE ARCTIC INSTITUTE. Arctic Shipping Routes. Disponível em: . Acesso em: 02 ago. 2022.
No sexto episódio, logo no início podemos observar um objeto não identificado
caindo no deserto congelado da groenlândia, uma equipe de reconhecimento vai até o local de
tréno, mas pelo tipo de locomoção irá demorar algum tempo, enquanto isso a Ministra
Birgitte tenta achar uma melhor maneira para que o empresa chinesa presente na captação de
petróleo não incomode os EUA, parceiro também importante para a Dinamarca.
Briggite continua enfrentando a falta de apoio do partido, e ao se tornar
pró-exploração do petróleo, acaba por pedir ajudar ao ex-rival, Michael Laugesen, que possui
métodos escusos para alcançar seus objetivos, um deles que chama a atenção é refutar a
ciência com “Ciência” ou melhor pseudociência, usando dados falsos e mentirosos para
refutar aqueles que defendem a pauta ambiental.
Os últimos 2 episódios da série acabam funcionando como uma entidade maior com o
objetivo de fechar as narrativas que ocorrem durante todo o show, como a criação de uma
companhia para exploração do petróleo com divisão 50/50 para Dinamarca e Groenlândia e
mesmo quando surge um conflito entre Birgitte e seu filho ou quando no final do episódio 7
surge uma nova linha narrativa com a possível troca de liderança dos Novos Democratas esse
evento funciona mais como uma conclusão lógica de acontecimentos anteriores o único ponto
que foge dessa lógica é quando é sugerido que Birgitte iria concorrer e ganhar algum cargo de
importância na União Europeia (algo que obviamente foi colocado para dar a ideia de que se
teria uma nova temporada da série no futuro).
Um dos temas que mais chama a atenção é o da editora chefe Katrine que assim como
a política Birgitte é uma mulher que se encontra em um cargo de importância e poder,
gerando assim paralelos entre elas. No entanto, a história de Katrine trata sobre algo que a de
Birgitte não coloca em foco, o assédio sofrido por mulheres que ocupam cargos de poder.
Apesar de diversas semelhanças entre os arcos das duas personagens, em especial os
desafios que mulheres enfrentam na vida profissional, a história da editora chefe, apresenta
pelo uso de mensagens que aparecem em diversos momentos na tela como notificações estilo
“push” que continham conteúdo degradando a profissional, demontra como constante é esse
tipo de ataque e também mostram a quantidade de dano psicológico que isso causa.
Katrine sofre um ataque de pânico que a obriga a sair do trabalho. A série supõe em
alguns momentos que tais problemas advém do estresse causado pelo trabalho. Algo que se
tornou muito evidente no final do show é a similaridade dos arcos de Birgitte e Katrine que
coloca a abdicação de seus respectivos cargos como um “final feliz” para ambas é algo que
nenhuma delas via como algo necessário até que ambas haviam sofrido demais.
Outro tema tratado na série é o filho de Birgitte, Magnus, e seu ativismo ambiental.
Os dois últimos episódios são focados em uma entrevista que Magnus e Birgitte dão para
uma televisão onde Magnus, quando pressionado, compara o uso de petróleo com a criação
de campos de concentração. Vale ressaltar que os argumentos de Birgitte também não são
bons, mas brilham se comparados com a maneira que Magnus expõe suas ideias.
Magnus representa a juventude ativista europeia que muitas vezes detém causas justas
e, mais que isso, importantes para a sobrevivência de diversas pessoas, em especial pessoas
que moram em países subdesenvolvidosonde não se tem infraestrutura para proteger-se e
recuperar-se de eventos climáticos extremos. No entanto, as formas de protesto usadas por
essa juventude do norte global são colocados como atos rápidos, altos e com objetivo de
chamar atenção algo que repetidamente falha em tratar das questões reais sendo discutidas
nesses protestos.
Os protestos do grupo “just stop oil” são um exemplo dessa situação. Os ativistas
arremeçaram sopa em quadros famosos. O evento mais falado internacionalmente foi o caso
em que jogaram sopa no quadro de Van Gogh “Girassóis” causando comoção, mas falhando
em mostrar a importância de parar grupos e indivíduos que ganham muito dinheiro com a
exploração do petróleo.
Magnus portanto serve para mostrar, mesmo que por acidente, as limitações do
ativismo europeu para lidar com os desafios ambientais enfrentados atualmente, mostrando a
situação atual da luta pela preservação dos ecossistemas planetários onde enquanto jovens
fazem “protestos” desperdiçando comida, atrapalhando trabalhadores e atacando projetos de
arte na europa elites em países como o Brasil matam ativistas e militantes que realmente
lutavam contra oligarquias políticas e rurais e a destruição desenfreada da fauna e flora em
nome do lucro privado.
Com isso, o tema central da série, o petróleo da Groenlândia, evidencia as complexas
relações geopolíticas que ocorrem no nosso mundo atual, em especial no Ártico. Vemos como
a relação de poder muda rapidamente ao mudarmos o ponto de vista.
Para encerrar, cabe chamarmos a atenção para duas cenas do episódio final que
remontam bem a trajetória da série e sua mensagem. Na abertura do último episódio Birgitte
encontra uma toupeira morta na frente de sua casa e a chuta para o lado para conseguir
passar, logo depois ela e seu assistente falam que a morte da toupeira deve ser a natureza e se
corta para um artigo sobre a exploração ecológica de petróleo na Groenlândia. Na segunda
cena Birgitte sai de casa para a reunião do partido onde será votada se ela permanecerá como
líder do mesmo. No seu caminho de casa até o carro Birgitte para, se abaixa e enterra a
toupeira, essas cenas podem não parecer muito mas demonstram que a personagem, que
havia esquecido da importância de seus ideais em nome de conseguir sobreviver na política,
agora estava revendo sua trajetória e pensando novamente se tudo valeu a pena, como
indagado por um dos personagens na série “O quanto você está disposto a engolir para
permanecer no poder?” Birgitte assim teria escolhido não engolir mais contradições e sair da
posição de líder do partido e, assim como Bent, seu antigo professor, acabaria apoiando Jon
para a presidência do partido.
Referências
Arctic Council. Disponível em: <https://arcticportal.org/arctic-governance/arctic-council>.
Acesso em 28 de out. De 2022.
DA SILVA, Marcos Valle Machado. O oceano Ártico: oportunidades da nova fronteira
marítima. Antíteses, v. 7, n. 13, p. 228-253, 2014.
DA SILVA, Alexandre Pereira. A China também olha para o Ártico. AUSTRAL: Brazilian
Journal of Strategy & International Relations, v. 3, n. 6, 2014.
Denmark approves new U.S. consulate in Greenland. Reuters, 2019. Disponível em:
<https://www.reuters.com/article/us-usa-denmark-greenland-idUSKBN1YM21L>. Acesso em
30 de out. de 2022.
Denmark to end oil and gas hunt in North Sea in 2050. Reuters, 2020. Disponível em:
<https://www.reuters.com/article/us-denmark-oil-idUSKBN28D3HV>. Acesso em: 29 de out.
de 2022.
Fuentes, Patrick. Região Ártica tem importância geopolítica, econômica e ambiental,
Jornal da USP, São Paulo, 20 de out. 2021. Disponível em:
<https://jornal.usp.br/atualidades/regiao-artica-tem-importancia-geopolitica-economica-e-amb
iental/> Acesso em: 29 de out. de 2022.
Is the Last Mile the Longest? Economic Gains from Gender Equality in Nordic
Countries. OCDE, 2018. Disponível em:
https://jornal.usp.br/atualidades/regiao-artica-tem-importancia-geopolitica-economica-e-ambiental/
https://jornal.usp.br/atualidades/regiao-artica-tem-importancia-geopolitica-economica-e-ambiental/
<https://www.oecd.org/els/emp/last-mile-longest-gender-nordic-countries-brief.pdf>. Acesso
em: 28 de out. 2022.
Ministério Da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Acordo de Paris.
Disponível em:
https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/sirene/publicacoes/acordo-de-paris-e-ndc/ar
quivos/pdf/acordo_paris.pdf>. Acesso em: 25 de out. de 2022.
Schionning, Bjorn. Por que a Groenlândia, território da Dinamarca, se tornou centro de
disputa estratégica entre EUA e China, BBC News Brasil, 20 de jan. 2020. Disponível em:
<Por que a Groenlândia, território da Dinamarca, se tornou centro de disputa estratégica entre
EUA e China - BBC News Brasil>. Acesso em: 28 de out. de 2022.
Timperley, Jocelyn. Denmark adopts climate law to cut emissions 70% by 2030, Climate
Home News, 06 de dez. de 2019. Disponível em:
https://www.climatechangenews.com/2019/12/06/denmark-adopts-climate-law-cut-emissions-
70-2030/>. Acesso em: 26 de out. de 2022.
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https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/sirene/publicacoes/acordo-de-paris-e-ndc/arquivos/pdf/acordo_paris.pdf
https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/sirene/publicacoes/acordo-de-paris-e-ndc/arquivos/pdf/acordo_paris.pdf
https://www.bbc.com/portuguese/geral-51147030
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https://www.dw.com/en/trump-confirms-interest-in-greenland-purchase/a-50073701
http://www.aljazeera.com/news/2022/10/14/environmental-activists-throw-soup-over-van-gogh-sunflowers
http://www.aljazeera.com/news/2022/10/14/environmental-activists-throw-soup-over-van-gogh-sunflowers

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