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NEGOCIAÇÃO INTERNACIONAL AULA 5 UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 1 of 17 25/04/2023, 16:01 Prof. João Alfredo Lopes Nyegray CONVERSA INICIAL Considere, por um momento, as notícias que você viu recentemente na esfera internacional: possivelmente, qualquer governo tomou alguma atitude controversa. Conflitos – infelizmente comuns – podem estar ocorrendo em um dado lugar do mundo, enquanto pessoas desesperadas tentam fugir dali. Essas são as frequentes ondas de migração, que ocorrem em todos os continentes. Eventualmente, você ouviu sobre um atentado terrorista em algum lugar, pode ser no Oriente Médio, na África, na Ásia ou na Europa; ou um atentado a tiros numa escola nos Estados Unidos. Além disso, num mundo pós-pandemia da Covid-19, outras doenças poderão tomar conta. Como milhares de voos cortam o mundo de leste a oeste, norte a sul, a chance de que vírus e bacterias se espalhem pelo mundo em velocidade recorde é grande. Como, então, analisar um mundo com tantas complexidades? Figura 1 – Caleidoscópio Crédito: Tetyana Pavlovna/Shutterstock. UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 2 of 17 25/04/2023, 16:01 O mundo de hoje é como a imagem da Figura 1: um caleidoscópio de partes, cores e formas diferentes que compõem algo de difícil percepção. Um dos grandes desafios da gestão moderna é, justamente, saber navegar nesse oceano de complexidades que caracteriza o cenário internacional. Bons negociadores e analistas podem ser capazes de enxergar, nessas diferentes situações, oportunidades ou ameaças, o que depende de duas coisas: sua percepção e seu preparo para lidar com esse cenário. É sobre isso que falaremos nesta aula. Vamos lá? CONTEXTUALIZANDO Como você aprendeu anteriormente, o mundo de hoje é caracterizado pela pluralidade e pela heterogeneidade. Enquanto, no passado, os Estados eram os grandes atores internacionais e ninguém desafiava sua preponderância, hoje não é mais assim. O mundo tem 206 países, cada qual com suas empresas – que podem ser multinacionais. Essas empresas, muitas vezes, possuem uma receita anual superior ao produto interno bruto (PIB) de diversos países, como vimos há algumas aulas. Além de países e empresas, há uma pluralidade de organizações internacionais. Algumas dessas organizações auxiliam na padronização de práticas e normas. Outras, de caráter regional, buscam aproximar e integrar nações vizinhas. Além disso tudo, existem dezenas de milhares de culturas e hábitos distintos, que fazem com que palavras e gestos possam ter significados muito distintos, ainda que dentro de um mesmo país. Nesse cenário todo – de caleidoscópica complexidade –, qual a tarefa dos negociadores? Saber negociar com partes distintas, conseguir trabalhar e conviver com o diferente e saber que o normal (se é que isso existe) é meramente uma questão de referencial. TEMA 1 – O RELACIONAMENTO NAS NEGOCIAÇÕES Anteriormente, discutimos a respeito do processo de comunicação nas negociações. É extremamente relevante o desenvolvimento de uma comunicação eficaz e clara; porém, muitas vezes os negociadores fazem o oposto disso. Vimos, também, que mesmo casais juntos há décadas têm problemas de comunicação, de modo que é natural que pessoas que nunca se viram ou por conta das posições que ocupam iniciem seu processo de negociação nutrindo uma certa animosidade uma pela outra. Aqui é que entra a importância do relacionamento nas negociações. UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 3 of 17 25/04/2023, 16:01 Normalmente, quando as pessoas se defrontam com o termo relacionamento, automaticamente pensam em relações afetivas com as pessoas de que gostam ou em experiências traumáticas de um passado mais ou menos recente. Em termos de negociação, o relacionamento é o que você deve buscar construir com a outra parte. Você faria negócio com quem não conhece? Compraria algo de quem pode não lhe entregar o que prometeu ou lhe entregar algo com características diferentes do combinado? Não. Exatamente por isso é que a construção dos relacionamentos é tão importante no cenário das negociações. Trata-se de criar um histórico profissional baseado em confiança e respeito mútuos. Nesse ponto, a primeira lição é comum àquilo que aprendemos quando falamos de comunicação: para criar um relacionamento (e se comunicar bem), ouça! É o que nos ensina Carnegie (2012, p. 111): Ouvir o ajudará a conhecer a pessoa com quem está conversando e trabalhar no sentido de criar um elo sólido, elemento fundamental para a construção de um relacionamento profissional sadio e constante. Se você conseguir refrear a compulsão de falar demais e passar a ouvir de maneira respeitosa, suas palavras terão mais força nos momentos corretos. O próximo passo é fazer com que a outra parte saiba que você está ouvindo – o que também é conhecido como audição ativa. Se estiverem conversando pessoalmente, você pode usar linguagem corporal – contato visual, movimentos concordantes com a cabeça – em resposta ao que é dito. Sempre tente adicionar comentários breves que abordem os pontos que a pessoa levanta e mostre apreciação e compreensão por aquilo que a pessoa está dizendo. Pense nisso como uma maneira de compartilhar sua compreensão e atenção com a pessoa que está falando. Esse é exatamente o comportamento a ser adotado para se demonstrar que você não está falando para a plateia ou para obter adeptos, mas para criar laços com a outra parte. Uma negociação prospera na medida em que um relacionamento de confiança é criado. Carnegie (2012, p. 139) ensina também que as pessoas “[...] geralmente reagem de maneira positiva se você perguntar o que elas fazem ou o que elas acham. Se você fizer isso de maneira afirmativa – ‘Diga- me do que você mais gosta aqui na empresa’ –, ajudará a construir e manter um diálogo aberto”. Outro ponto de imensa relevância, que decorre do diálogo aberto e da comunicação para a construção de um relacionamento, é a possibilidade de aprender mais sobre a outra parte. Na fase de abertura da negociação, quando se conversa sobre amenidades, tem-se um excelente momento para se conhecer melhor o outro lado. Isso serve para tentar encontrar pontos em comum, o que certamente gera uma certa simpatia entre os envolvidos. UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 4 of 17 25/04/2023, 16:01 Obviamente, a geração de simpatia e a construção de bons relacionamentos não são sempre possíveis. Em negociações sindicais, por exemplo, em que as partes representam lados completamente opostos – os patrões e os colaboradores –, há uma tensão natural. No entanto, ouvir atentamente, demonstrar que você se importa e manter o diálogo aberto é fundamental para que o relacionamento de respeito mútuo surja. Mesmo nessas negociações entre partes que representam lados absolutamente distintos, pode-se ouvir coisas como: Prefiro negociar com o Fulano do que com o Ciclano. Se isso ocorre numa negociação entre lados tão divergentes, é pelo relacionamento e confiança construídos entre Fulano e a outra parte. Recentes pesquisas a respeito de negociação, relacionamento e confiança explicam que [...] as partes que mantêm um relacionamento próximo (ou que esperam ter um relacionamento futuro): • São mais cooperativas e empáticas. • Fecham acordos melhores. • Têm desempenhos melhores tanto na tomada de decisão quanto em tarefas práticas. • Concentram suas atenções nos resultados da outra parte e nos próprios resultados. • Investem mais atenção nas normas desenvolvidas para regulamentar o modo como trabalham juntas. • Estão mais inclinadas a compartilhar informações e menos dispostas a usar táticas coercitivas. (Lewicki; Sauders; Barry, 2014, p. 212) Trata-se, sobretudo, de construção de respeitoe confiança. Os chineses, por exemplo, possuem uma palavra específica que denota a existência de um relacionamento entre as partes: guanxi. Se as partes possuem guanxi, há confiança entre elas, que poderão pedir favores ou auxílio uma à outra. Por fim, a dica para manter relacionamentos duradouros é não estar preso ao passado. Carnegie (2012, p. 199) comenta que Invocar o que aconteceu na semana passada ou no ano anterior é quase sempre má ideia nos conflitos empresariais, independentemente do que você queira afirmar. É comum as pessoas se referirem a sucessos passados como maneira de obter o que desejam agora: “Veja tudo o que fiz pela empresa no ano passado! Você não pode me tratar assim agora!”. Tudo isso pode ser verdade, é claro, mas é essencialmente um argumento emocional. Como dissemos, a questão tanto boa quanto ruim dos relacionamentos empresariais é que eles são basicamente destituídos de emoções. Amizades de negócios são especialmente significativas enquanto tudo UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 5 of 17 25/04/2023, 16:01 vai bem. Quando surgem problemas no ambiente de trabalho, é surpreendente perceber com que velocidade bons amigos podem se tornar estranhos. Em negociações, isso é especialmente válido. Imagine duas empresas que possuem um certo histórico. Num dado momento, houve um desconto ou condição especial de pagamento já dada que não pôde ser replicada; ou o comprador trocou de fornecedor. Se a relação se mantém ou é retomada após alguma descontinuidade, nesses casos, olhar para o passado é a pior coisa que as partes podem fazer. O foco no presente ou no futuro é que pode garantir que haja uma relação sadia. TEMA 2 – NEGOCIAÇÕES ENTRE MÚLTIPLAS PARTES Em negócios internacionais, você não precisa fazer tudo sozinho. Prospectar e analisar o potencial de um mercado estrangeiro pode ser algo complexo demais para empresas de pequeno porte. Para isso, existem os intermediários e facilitadores, que acrescentam novas partes a uma negociação. Noutros casos, ainda que você não use intermediários ou facilitadores, pode-se ter negociações que envolvam compradores e distribuidores, por exemplo. Essas negociações, chamadas, muitas vezes, de negociações multipartes, possuem a presença de ao menos três negociadores diferentes. Nesses casos, as negociações acabam tendo uma complexidade maior, uma vez que, como apontam Lewicki, Sauders e Barry (2014, p. 228), à medida que o [...] “número de participantes na negociação aumenta, cresce também o número de valores, interesses e percepções a serem integrados ou acomodados”. Acompanhar esse volume de informações, as perspectivas de cada parte e os parâmetros aos quais uma solução precisa se encaixar torna-se um grande desafio para os negociadores. Nesses casos, os próprios processos de negociação tendem a ser mais complexos e um pouco mais lentos, também. As diferentes partes terão seus momentos de fala e, quanto mais gente envolvida, mais tempo as falas durarão, mais tempo as perguntas levarão e mais atenção os negociadores precisarão ter. Uma maior preparação é exigida dos negociadores, uma vez que se torna necessário conhecer e pesquisar um certo número de pessoas e empresas. Lewicki, Sauders e Barry (2014, p. 235) comentam que, em negociações multipartes, não é incomum “[...] vermos a formação de alianças antes mesmo de as negociações começarem. Às vezes essas alianças também se formam na expectativa de todas as partes se reunirem. As alianças UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 6 of 17 25/04/2023, 16:01 são feitas para promover ou impedir uma pauta específica.” Em negociações que envolvem países, isso é bastante frequente. Para que essas negociações, que são mais amplas e complexas, produzam bons resultados e um andamento contínuo, a elaboração de uma pauta é bastante indicada. Lewicki, Sauders e Barry (2014, p. 236) ensinam que muitas razões [...] fazem da pauta de negociações uma ferramenta útil na tomada de decisão, porque ela ajuda a: • Definir as questões a serem discutidas. • Especificar o modo como cada questão é posicionada e enquadrada, dependendo de como as questões são redigidas [...]. • Estabelecer a ordem de discussão das questões. • Apresentar questões processuais (regras sobre decisões, normas sobre discussões, papéis dos integrantes, dinâmica das discussões) e substantivas. • Atribuir limites de tempo para diversos itens, indicando a importância de cada questão. Quando negociações que envolvem muitas partes se iniciam sem uma pauta, é comum que os tópicos se percam no meio do caminho e que as coisas acabem não devidamente decididas. Essas negociações são vistas como uma grande perda de tempo e tendem a gerar conversas paralelas sobre temas irrelevantes para o objeto do que está sendo negociado. Outro ponto de destaque refere-se à quantidade de informações a ser considerada. Tanto em negociações que envolvem várias partes quanto em negociações de objetos complexos há muito a se considerar. Tenha, em suas anotações, guardadas as informações mais importantes, e deixe indicado com clareza aquilo que você não pode esquecer de considerar. Esses itens devem estar em seus documentos. Para a tomada de decisão, algumas técnicas podem ser consideradas. Uma delas é, de acordo com Lewicki, Sauders e Barry (2014, p. 241), a técnica de Delphi, pela qual um moderador [...] prepara um questionário inicial para obter informações e o envia a todas as partes. As partes fazem suas contribuições e retornam o questionário ao moderador, que então redige um resumo das respostas e o devolve a elas. As partes avaliam esse resumo, acrescentam informações e o devolvem para o moderador. Nessas rodadas as partes têm a chance de trocar muitas informações e compartilhar diferentes perspectivas. Outras técnicas indicadas por Lewicki, Sauders e Barry (2014, p. 241) são: O brainstorm. No brainstorm, as partes identificam um problema e geram o maior número UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 7 of 17 25/04/2023, 16:01 possível de soluções para ele, as quais não são criticadas nem avaliadas nessa etapa [...]. A técnica do grupo nominal. A técnica do grupo nominal normalmente segue a metodologia do brainstorm. Quando a lista de opções obtidas por brainstorm estiver pronta, os integrantes do grupo classificam, avaliam ou julgam as alternativas com base na capacidade de cada uma para resolver o problema. Há que se destacar que não há técnica no mundo que sirva quando as pessoas estão decididas a não colaborar. Nesses casos, não adianta insistir e talvez a melhor opção seja o famoso walkaway, ou seja, ir embora. De outro lado, quando as partes estão comprometidas com encontrar uma saída e chegar a um acordo, as técnicas podem ser bastante úteis. Também em situações que envolvam muitas partes, a técnica de Delphi pode ser bastante útil para se alcançar um acordo preliminar. Esses acordos preliminares podem poupar tempo e reduzir a chance de que problemas de comunicação atrapalhem o acordo. Nessas negociações multipartes, os líderes têm papel de preponderância, seja na definição da pauta, seja na sugestão de técnicas. TEMA 3 – INTERMEDIÁRIOS NOS NEGÓCIOS INTERNACIONAIS Como vimos, embora os negócios internacionais tenham uma multiplicidade de participantes dos mais variados portes, apenas uma pequena parcela das empresas são multinacionais ou grandes organizações. Uma vez que a grande maioria das empresas do mundo são de pequeno e médio portes – pequenas e médias empresas (PMEs) – e é raro que tais organizações consigam desempenhar por conta própria todas as atividades implicadas em negócios internacionais. Nas PMEs, é comum que os planos internacionais acabem dissolvidos no planejamentocomercial e de marketing; e que os funcionários tenham múltiplas responsabilidades. É exatamente aqui que entram os intermediários, para ajudar as organizações e facilitar sua inserção no cenário internacional de negócios. Os intermediários podem ser empresas ou quaisquer profissionais que liguem as pontas da cadeia global de suprimentos. Explicam Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 44) que Um intermediário do canal de distribuição é especializado em oferecer uma gama de serviços logísticos e de marketing a empresas focais, como parte da cadeia internacional de suprimentos, tanto no país de origem quanto no exterior. Intermediários como os distribuidores e os representantes de vendas geralmente se localizam em mercados estrangeiros e fornecem serviços de distribuição e marketing em nome das empresas focais. Trata-se de negócios UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 8 of 17 25/04/2023, 16:01 independentes em seus respectivos mercados, que atuam sob contrato. Trata-se, portanto, de uma ampla variedade de empresas ou profissionais que auxiliam empresas a ingressar nas atividades de negócios internacionais e otimizar suas operações. Há algumas questões de que, muitas vezes, aqueles que estão iniciando na área acabam se esquecendo. Por exemplo, onde seu produto será vendido? Numa rede de lojas próprias? Em lojas de terceiros? Mercados? Farmácias? Independentemente de onde os produtos sejam comercializados, alguém precisa retirá-los do porto e distribuí-los pelo país de destino. São os intermediários que podem lhe ajudar nessas tarefas! Dependendo de qual for a tarefa na qual você esteja envolvido(a) ou operando, pode-se utilizar mais de um intermediário. Tudo o que foi dito até aqui sobre negociação aplica-se a esses profissionais: seja qual for sua área ou a área de atuação do intermediário, é absolutamente essencial construir com ele uma relação de confiança. A velha máxima da construção de relacionamentos vista anteriormente aplica-se aqui, também. Ao se buscar intermediários, o primeiro passo é tentar descobrir se eles são ou não confiáveis. Veja os comentários a respeito dessa empresa ou profissional nas redes sociais, busque saber quem são e como foram atendidos seus clientes anteriores, considere acionar escritórios jurídicos no país de destino para analisar se existem processos contra seu potencial apoiador. Por fim, tente uma reunião presencial. São várias as possibilidades que podem ajudar na redução dos riscos. Como mostra a Figura 2, existem vários tipos distintos de intermediários, em diferentes áreas de atuação. Figura 2 – Tipos de intermediários e facilitadores UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 9 of 17 25/04/2023, 16:01 Fonte: Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010, p. 45. Como você pode perceber, existem intermediários para várias atividades distintas: suprimentos, pesquisa e desenvolvimento (P&D), gestão de exportação, varejo e outras dezenas. Tudo isso é muito útil para empresas de menor porte ou que estejam iniciando sua atuação internacional. Intermediários são, portanto, profissionais e organizações que podem alavancar sua presença global ou agilizar sua internacionalização. No entanto, não é qualquer atividade que pode ser relegada aos intermediários. Aquilo que a empresa tem de essencial, que a diferencia perante as demais, deve sempre ser realizado internamente. Como explicam Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 45), é essa a importância de se conhecer a própria cadeia de valor: Nas empresas exportadoras, grande parte da cadeia de valor está concentrada no âmbito de uma nação – o país de origem. Nas altamente internacionalizadas, a administração pode executar uma variedade de atividades de valor agregado – produção, marketing, distribuição – em vários países. [...] As multinacionais esforçam-se para racionalizar sua cadeia de valor ao estabelecer cada atividade em um país com a mais favorável combinação de custo, qualidade, questões logísticas e outros critérios. Nesse ponto, muitos podem estar se perguntando: mas, onde podemos buscar uma lista confiável de intermediários? Bem, diretórios comerciais, câmaras de comércio, embaixadas e consulados costumam fornecer listas mais confiáveis do que aquelas simplesmente postadas na internet. Órgãos específicos encarregados de apoiar as exportações também são bastante úteis, como a Apex, no Brasil. TEMA 4 – FACILITADORES, NOS NEGÓCIOS INTERNACIONAIS Para além dos intermediários – como você viu na Figura 2 –, existem outros profissionais ou empresas que podem lhe ajudar no cumprimento de suas metas e objetivos. São os facilitadores! Tratam-se de profissionais de funções semelhantes, mas que atuam numa gama mais ampla de serviços. É o que explicam Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 63): Um facilitador é uma empresa ou um indivíduo com experiência em consultoria jurídica, UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 10 of 17 25/04/2023, 16:01 bancária, despacho aduaneiro ou em serviços correlatos de apoio, que prestam assistência a empresas focais na realização de transações internacionais. Dentre eles há provedores de serviços logísticos, agentes de carga, bancos e outros empreendimentos de suporte, que auxiliam as empresas focais no desempenho de funções específicas. Um agente de carga é um provedor de serviços logísticos especializado em providenciar embarques internacionais para empresas exportadoras, como se fosse um agente de viagem para cargas. Como você pode perceber, facilitadores são empresas e profissionais com conhecimentos bastante específicos a uma área ou um mercado, de difícil captação por iniciantes. Aqui você se depara com duas oportunidades: é possível tanto utilizar os serviços dos facilitadores quanto tornar-se um, oferecendo seus conhecimentos para solucionar problemas de outras empresas ou pessoas que queiram atuar no mercado brasileiro. Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 64) comentam que “alguns facilitadores são especialistas em gestão da cadeia de suprimento, responsáveis pelas atividades de distribuição física e logística de seus clientes”. Esse é o caso da famosa Federal Express (FedEx). Atualmente, a empresa tem a segunda maior frota de aviões do mundo, perdendo apenas para a Delta Airlines. A FedEx oferece serviço de courrier e distribuição de encomendas por todo o mundo, em velocidade espantosa, como contam Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 64): Um importante facilitador do comércio internacional é o provedor de serviços logísticos, um especialista em transportes que cuida da distribuição física e da armazenagem de produtos para as empresas focais, além de controlar as informações entre os pontos de origem e de consumo. Empresas como DHL, FedEx, UPS e TNT oferecem meios econômicos de entrega de carga em praticamente qualquer lugar do mundo. [...] A FedEx, um dos maiores em entrega expressa, transporta milhões de pacotes por dia e provê serviços de gestão da cadeia de suprimentos. A empresa faz entregas em mais de 210 países e territórios, cobrindo quase todo o planeta com sua frota de mais de 640 aviões e aproximadamente 50.000 carros, caminhões e reboques. A FedEx, a DHL, a UPS ou mesmo a TNT conseguem ser muito mais ágeis no transporte internacional de cargas e encomendas do que empresas menos integradas ou menos internacionalizadas. Muitas vezes, para encantar um potencial cliente, é necessário entregar uma amostra rapidamente. Nesse caso, a FedEx pode ajudar. Obviamente, nem a FedEx, nem a DHL ou a UPS ou a TNT distribuirão containers inteiros de produtos, mas cargas e encomendas um pouco menores. Além dos facilitadores logísticos, pode-secontar com consultores jurídicos ou em comércio UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 11 of 17 25/04/2023, 16:01 exterior, advogados ou contadores. Pense numa empresa que queira abrir sua filial no Brasil. Quanto tempo alguém de fora levará para compreender nossa complexa e burocrática regulamentação empresarial? Considerando que muitos brasileiros não entendem o que é necessário para ter um registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) ou emitir uma nota fiscal, estrangeiros certamente se perderiam no oceano de exigências da lei brasileira. É aqui que entram os facilitadores: para explicar, organizar e eventualmente iniciar as operações internacionais de outras empresas, aqui. Um profissional muito requisitado nessa área é o despachante aduaneiro, e você mesmo(a) pode tornar-se um(a). Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 59) explicam a importância desses profissionais: É comum os governos cobrarem tarifas e taxas, além de criarem regras complexas de importação de produtos para os países que governam. Os despachantes aduaneiros são especialistas na liberação alfandegária de mercadorias em nome dos importadores. Eles preparam e processam a documentação exigida para esse fim. Além dos despachantes aduaneiros, existem facilitadores nas áreas bancária e cambiais. Os bancos podem, inclusive, financiar a atividade das empresas exportadoras. Existem programas nacionais de incentivo às atividades de exportação em quase todos os países e, no Brasil, isso não é diferente. Outros facilitadores podem desempenhar pesquisa de mercado e consultoria de marketing. Às vezes, um produto que, no Brasil, é vendido numa farmácia, em outra nação pode ser vendido num mercado. Com isso, os facilitadores ajudam a distribuir produtos nos locais mais apropriados. Como vimos, isso representa uma ampla gama de possibilidades para as empresas que querem iniciar sua atuação global. TEMA 5 – GLOBAL SOURCING Pense, por um instante, na quantidade de empresas norte-americanas e europeias que produzem seus itens na Ásia. A Apple, por exemplo, projeta seus aparelhos na Califórnia e os produz em diversas regiões do mundo. Anteriormente, falamos da Dell, que compra componentes em dezenas de países distintos e envia esses itens para os locais onde eles serão montados como um item final. Mas, o que faz com que tantas empresas procurem a Ásia para sua produção? Responder apenas mão de obra barata não explica a quantidade de organizações na China, Índia ou UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 12 of 17 25/04/2023, 16:01 Vietnã. São países de energia elétrica barata, infraestrutura de qualidade (no caso da China) e carga tributária baixa. Como consequência, essas nações recebem investimentos de dezenas de empresas, o que tem alavancado seu crescimento econômico. Um outro fator que explica a busca das organizações pela produção na Ásia é o chamado global sourcing (GS). Explicam Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 4) que o GS consiste na “[...] aquisição de produtos ou serviços de fornecedores independentes ou de subsidiárias da própria empresa localizadas no exterior para consumo no país de origem ou em outro”. É exatamente o que faz a Apple e também a Nike, a Embraer e dezenas de outras grandes empresas. Com a facilitação das trocas comerciais e da comunicação, é cada vez mais fácil comprar um projeto feito na Alemanha, produzi-lo na China e vendê-lo no Brasil. Nesse sentido, o GS tem sido um grande aliado. Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 397) apontam que [...] global sourcing se traduz na importação de mercadorias e serviços continuamente. É uma estratégia de entrada que envolve uma relação contratual entre o comprador (a empresa focal) e uma fonte externa de abastecimento. O global sourcing envolve a terceirização de tarefas de manufatura ou serviços específicos com as filiais da própria empresa ou com fornecedores independentes. Nesses casos, a chance de se realizar negociações multipartes aumenta. Além da Dell, milhares de outras empresas adotam esse tipo de estratégia. Pode-se ter sucesso nessa área por meio da seleção de parceiros competentes e do uso de contratos de confidencialidade. Ainda que uma boa parte das empresas de informática e tecnologia produza seus itens em outros países, não há vazamento de dados ou de projetos. Os contratos de confidencialidade reduzem os riscos dessas operações. A grande decisão a ser tomada envolve, na verdade, decidir aquilo que pode ser alvo de GS ou não. Tradicionalmente, as atividades mais essenciais de uma empresa são realizadas internamente, como afirmam Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 399): As empresas geralmente internalizam as atividades da cadeia de valor que consideram parte de sua competência essencial ou que envolvem a utilização de conhecimento e segredos comerciais que eles querem controlar. Por exemplo, a Canon usa suas competências essenciais de mecânica de precisão, óptica fina e microeletrônica para produzir algumas das melhores câmeras, impressoras e copiadoras do mundo. A Canon geralmente internaliza atividades da cadeia de valor como a P&D, porque ela produz melhorias nessas competências. Em contrapartida, as empresas normalmente compram de fornecedores externos os produtos ou serviços que são periféricos às ofertas principais da empresa, têm um custo mais baixo ou quando o fornecedor é UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 13 of 17 25/04/2023, 16:01 especializado na prestação de serviços muito específicos. Por óbvio, o cuidado essencial que as organizações devem ter é não entregar aos parceiros a chave crítica para seu sucesso. Ainda que com contratos de confidencialidade, é demasiado perigoso efetuar o GS das chamadas atividades-fim de uma empresa. Por isso a Canon, como vimos, por exemplo, efetua suas próprias pesquisas em lentes e inovações. TROCANDO IDEIAS Nesta aula, pudemos aprender que a construção de um relacionamento de confiança possui papel importantíssimo no sucesso das negociações. Embora o termo relacionamento possa trazer a ideia de algo afetivo entre um casal, relacionamento é muito mais do que isso. Para as negociações, os relacionamentos devem ser sempre pautados no respeito e na cordialidade. É a construção de um bom relacionamento que gera confiança entre as partes, o que pode ser fundamental para uma negociação bem-sucedida. Outro ponto bastante importante são as negociações multipartes. É comum que ocorram encontros para debater temas e pontos de vista de mais de duas pessoas ou organizações. Nesse momento, o estabelecimento de uma pauta com a qual todos concordem é essencial. Com isso, evita-se a perda de tempo em discussões paralelas e pouco produtivas – características de negociações multipartes não bem gerenciadas. Diante do que você aprendeu aqui, comente um pouco suas experiências com reuniões ou negociações com vários envolvidos. Você já esteve em alguma reunião, assim, que deu certo? Já participou de negociações multipartes que acabaram não progredindo pela falta de uma pauta clara? NA PRÁTICA Como você aprendeu, algumas negociações envolvem diferentes partes. No entanto, em ambientes internacionais, as negociações podem ser mediadas por um intérprete. Por mais essencial que seja o domínio de línguas estrangeiras, em alguns países é bastante difícil encontrar pessoas fluentes no inglês. Assim, a contratação de um intérprete é fundamental para evitar ruídos UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 14 of 17 25/04/2023, 16:01 de comunicação. No caso, o intérprete não é mais uma partena negociação – mas um intermediário na troca das informações. As negociações mediadas por intérpretes tendem a se estender um pouco mais, pois tudo o que é dito passa por esse profissional. A esse respeito, Minervini (2012, p. 86) comenta que Pode acontecer de o interlocutor não falar a mesma língua que você ou de nenhum dos dois dominar um idioma em comum. Na maioria das vezes, as duas partes consideram-se ‘hábeis’ com o inglês e conseguem se comunicar. No entanto, se não for assim, criam-se graves erros de interpretação. Presenciei muitos encontros entre empresários italianos e brasileiros. É muito comum que o empresário italiano, com alguns conhecimentos de espanhol, pense que pode interpretar bem o português e vice-versa: o empresário brasileiro, graças à familiaridade com algumas palavras italianas, tem certeza de que entende muito bem o idioma. Conclusão: a comunicação inadequada é uma forma muito prática de arrumar problemas e assinar contratos que põem ser prejudiciais para uma das partes. Nesses casos, é importantíssima a ajuda de um ótimo intérprete, que domine perfeitamente os dois idiomas que deverá traduzir e, de preferência, seja nativo do país com o qual estamos negociando. Um cuidado importante na contratação de intérpretes me parece ser sempre contratá-los por conta. Em algumas situações, pode ser que o intérprete contratado pela parte com a qual negociaremos tenha com ela um vínculo. Isso poderia acabar abrindo margens para que esse profissional acabasse tomando um lado na negociação e sugerindo caminhos, à outra parte, não tão adequados aos interesses desta. É exatamente por isso que, em algumas negociações mais tensas, cada lado leva seu próprio intérprete. Considerando todas essas questões, pense quais línguas você gostaria de aprender. Você acredita que as séries de TV e os filmes exibidos em outros idiomas podem auxiliar no aprendizado de uma nova língua? Você já fala outro idioma? FINALIZANDO Após os conteúdos abordados nesta aula, é muito importante que você compreenda a importância de criar um histórico profissional baseado em confiança e respeito mútuos. Nesse UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 15 of 17 25/04/2023, 16:01 ponto, a primeira lição é comum àquilo que aprendemos quando falamos de comunicação: para criar um relacionamento (e se comunicar bem), ouça. Uma negociação prospera na medida em que um relacionamento de confiança é criado. Carnegie (2012, p. 139) ensina também que as pessoas “[...] geralmente reagem de maneira positiva se você perguntar o que elas fazem ou o que elas acham. Se você fizer isso de maneira afirmativa – ‘Diga-me do que você mais gosta aqui na empresa’ –, ajudará a construir e manter um diálogo aberto.” A criação do relacionamento é um pouco mais árdua nas chamadas negociações multipartes, em que há mais de duas empresas ou indivíduos envolvidos. Lewicki, Sauders e Barry (2014, p. 228) ensinam que, à medida que o “número de participantes na negociação aumenta, cresce também o número de valores, interesses e percepções a serem integrados ou acomodados”. Nesses casos, uma pauta bem-feita, a definição clara das questões a serem discutidas e a ordem das discussões precisam ser aceitos por todos os envolvidos na negociação, de antemão. Você aprendeu também que, em negócios internacionais, não é preciso fazer tudo sozinho(a). Podem ser utilizados os intermediários ou os facilitadores. Como ensinaram Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 44), um intermediário “[...] é especializado em oferecer uma gama de serviços logísticos e de marketing a empresas focais, como parte da cadeia internacional de suprimentos, tanto no país de origem quanto no exterior.” Nesse rol encontram-se empresas que fornecem serviços de marketing ou de logística. Além dos intermediários, aprendemos sobre os facilitadores, que, segundo Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 63), são indivíduos ou empresas “[...] com experiência em consultoria jurídica, bancária, despacho aduaneiro ou em serviços correlatos de apoio, que prestam assistência a empresas focais na realização de transações internacionais.” Na atual realidade interconectada que vivemos, essa multiplicidade de players internacionais facilitou a existência e gestão das chamadas operações de global sourcing. Explicam Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010, p. 4) que o GS consiste na “[...] aquisição de produtos ou serviços de fornecedores independentes ou de subsidiárias da própria empresa localizadas no exterior para consumo no país de origem ou em outro”. Embraer, Dell, BMW, Volkswagen e uma centena de outras empresas já se utilizam do GS para conseguir os melhores insumos pelo mundo, no menor preço possível. UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 16 of 17 25/04/2023, 16:01 REFERÊNCIAS CARNEGIE, D. As cinco habilidades essenciais do relacionamento: como se expressar, ouvir os outros e resolver conflitos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2012. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. LEWICKI, R.; SAUDERS, D.; BARRY, B. Fundamentos de negociação. Porto Alegre: AMGH, 2014. MINERVINI, N. O exportador. São Paulo: Pearson, 2012. UNINTER https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c... 17 of 17 25/04/2023, 16:01
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