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Aprendizado em Pequenos Grupos Jorge Vinícius Silva Cristo 2023.1 “Lembre de olhar para as estrelas, não para seus pés” Dr. S. H. Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL Três níveis do sistema nervoso controlam o movimento: (1) a medula espinal, que integra reflexos espinais e possui os geradores centrais de padrão; (2) o tronco encefálico e o cerebelo, que controlam os reflexos posturais e os movimentos das mãos e dos olhos; e (3) o córtex cerebral e os núcleos da base responsáveis pelos movimentos voluntários A cada lado do encéfalo, esses núcleos consistem no núcleo caudado, no putâmen, no globo pálido, na substância negra e no núcleo subtalâmico. Estão situados, em sua maior parte, laterais ao tálamo e à sua volta, ocupando grande parte das regiões interiores de ambos os hemisférios cerebrais. A principal função dos gânglios da base é integrar-se ao sistema corticoespinal no controle de movimentos finos e precisos voluntários. Estas estruturas controlam a atividade motora por meio da regulação de impulsos neuromotores que facilitam sua atividade tônica, auxiliando o planejamento e a execução de movimentos sequenciados como, por exemplo, a marcha humana. O circuito do putâmen As aferências do circuito do putâmen se originam de áreas adjacentes ao córtex motor primário, e suas eferências se destinam ao córtex motor primário. Sua função exata ainda não está elucidada, mas provavelmente está relacionado com a execução subconsciente de padrões motores previamente aprendidos. O circuito do caudado O circuito do caudado está relacionado com a tomada consciente, porém rápida e instintiva, de uma decisão para realizar uma ação motora. Desse modo, o controle cognitivo da atividade motora determina subconscientemente e em segundos quais Rever a morfofisiologia dos núcleos da base; Estudar os distúrbios extrapiramidais. Diferencias síndromes hipocinéticas de hipercinéticas. Conhecer os aspectos farmacodinâmicos dos antiparkinsonianos. Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL padrões de movimento serão usados juntos para atingir objetivo complexo que poderia, ele mesmo, durar muitos segundos. Vias de regulação dos movimentos Para compreender as vias direta e indireta vale ressaltar: Córtex => glutamato Globo pálido medial e lateral e putâmen => GABA Núcleo subtalâmico e tálamo => glutamato Via direta O córtex, por meio das suas vias glutamatérgicas, estimula o putâmen. As vias GABAérgicas estimuladas do putâmen inibem o globo pálido medial. Este mantem uma conexão GABAérgica tônica com o tálamo. No entanto, como agora se encontra inibido pelo putâmen, as suas vias de conexão como tálamo são desativadas. O tálamo é estimulado e, com suas vias glutamatérgicas, finda por estimular o córtex, ocasionando na execução do movimento voluntário. A substância negra atua neste circuito como um facilitador, uma vez que libera dopamina e esta age sobre receptores D1, que são excitatórios. Via indireta A ação excitatória do córtex sobre o putâmen também ocorre na via indireta. No entanto, aqui o putâmen age inibindo o globo pálido lateral. O globo pálido lateral mantem uma inibição constante do núcleo subtalâmico. Inibido pelo tálamo, o GPL deixa de exercer sua força inibitória sobre o subtálamo, permitindo sua ação glutamatérgica. O subtálamo estimula o globo pálido medial e as suas vias GABAérgicas. Estas vias inibem o tálamo, que não consegue enviar sinais excitatórios para o córtex e induzir a realização de movimento. Esta cadeia de conexões tem como função impedir que movimentos indesejados se manifestem durante a realização de um padrão motor pretendido. Porém, neste circuito a dopamina age sobre o seu receptor D2, que atua inibindo o putâmen. O putâmen inibido não consegue inibir o GPL. Este aumenta sua atividade e inibe o subtálamo. O subtálamo, então, não estimula mais o GPM. O GPM inibido deixa de agir sobre o tálamo, libertando-o. Agora o tálamo pode novamente estimular o córtex e induzir ao movimento. Distúrbios hipercinéticos Hipercinesias são movimentos involuntários ou movimentos anormais que ocorrem em consequência de disfunções ou lesões que Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL comprometem o sistema motor. Embora possam aparecer em decorrência do acometimento de diversas partes do sistema nervoso, as hipercinesias estão mais associadas ao acometimento dos gânglios da base. COREIA - Coréia é um termo derivado do grego (“chorea”) que significa dança. Os movimentos corêicos são caracterizados por serem movimentos irregulares, que fluem constantemente numa sequência de ativação muscular desordenada e imprevisível. Essas características peculiares criam o aspecto de semelhança a uma dança de movimentos corporais variados. Distonias - movimentos involuntários caracterizados por contrações musculares persistentes ou prolongadas, que resultam em movimentos repetitivos ou estrereotipados que muitas vezes causam torção do segmento corporal ou posturas anormais. A principal característica que difere os movimentos coreicos dos distônicos é que os últimos são repetitivos, e, portanto, a sequência de ativação muscular no movimento anormal é previsível. Tremores De repouso – surge enquanto a ação motora não é realizada e desaparece ao realiza-la, por isso não costuma causar incapacidade. Postural – surge da exacerbação dos tremores mínimos fisiológicos por conta da estimulação adrenérgica. Pode acontecer em casos de ansiedade ou de uso de drogas como cafeína e beta-agonistas. De intenção – ocorre durante um movimento intencional. De certa forma, quanto maio a precisão requerida pelo movimento, mais grosseira se torna a movimentação do membro usado na tarefa. Distúrbios hipocinéticos Ocorre comprometimento da substância negra pars compacta, levando a uma redução da atividade do neostriado sobre as vias de saída direta e indireta. Essas alterações promovem intensificação da atividade inibitória do complexo pálido medial sobre o tálamo e, consequentemente, uma redução da estimulação cortical. O quadro clínico característico compõe-se de bradicinesia, hipertonia plástica, tremor de repouso de baixa frequência e elevada amplitude, além de instabilidade postural. Doença de Parkinson Etiologia – ocorre perda da massa de neurônios dopaminérgicos da substância negra, causando disfunção da via nigroestriatal. Com isso, há uma perda de ação inibitória do segmento lateral do globo pálido sobre o núcleo subtalâmico, bem como existe uma ação hiperexcitatória do núcleo subtalâmico sobre o segmento medial do globo pálido, cujo resultado final será uma menor ação excitatória do tálamo sobre o córtex motor, determinando assim desta forma a síndrome rígido- acinética. Quadro clínico - acinesia, rigidez, tremor e instabilidade postural. Pelo menos dois desses componentes são necessários para a caracterização da síndrome. Acinesia => pobreza de movimentos e lentidão na iniciação e execução de atos motores voluntários e automáticos, associada à dificuldade na mudança de padrões motores, na ausência de paralisia. Rigidez => resistência à movimentação do membro afetado pode ser contínua ou intermitente, sendo que esta configura o fenômeno da “roda denteada; acomete preferencialmente a musculatura flexora. Tremor => é clinicamente descrito como de repouso, exacerbando-se durante a marcha, no esforço mental e em situações de tensão emocional, Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL diminuindo com a movimentação voluntária do segmento afetado e desaparecendo com o sono. Instabilidade postural=> decorrente da perda de reflexos de readaptação postural. Esse distúrbio que não é comum em fases iniciais de evolução da DP, eventualmente evidenciando-se em mudanças bruscas de direção durante a marcha, posteriormente pode agravar-se e determinar quedas frequentes. Levodopa A dopamina não pode ser usada no tratamento do Parkinson pois não é capaz de atravessar a barreira hematoencefáliaca (BHE) e agir sobre as sinapses. A levodopa, por outro lado, entra no tecido nervoso por meio de um transportador de L-aminoácidos, LAT. Uma vez no cérebro, a L-dopa é rapidamente convertido em dopamina pela L-aminoácido descarboxilase (DOPA descarboxilase ou AACD), uma enzima presente em vários tecidos do corpo, inclusive no cérebro. No entanto, como a enzima conversora está presente em vários tecidos periféricos, parte do princípio ativo pode se perder nestes tecidos. Para evitar a conversão prematura da levodopa em dopamina nos tecidos periféricos, ela costuma ser administrada com um inibidor da DOPA descarboxilase, como a carbidopa, que não atravessa a barreira hematoencefálica, evitando, assim, a conversão da levodopa em dopamina nesses tecidos. Agonistas do receptor dopaminérgico Seus principais representantes são bromocriptina, pergolida, pramipexol e ropinirol. Têm como vantagem não dependerem de ação enzimática para o surgimento do metabólito ativo, sendo ativos até nas fases tardias da doença de Parkinson, e podem atravessar a BHE rapidamente. Agem diretamente sobre os receptores de dopamina no cérebro. Podem produzir vários efeitos adversos cognitivos, incluindo sedação excessiva, sonhos vívidos e alucinações, particularmente em pacientes Jorge Vinícius Silva Cristo – TXXXII/UNISL idosos. Também podem desencadear sintomas da síndrome de desregulação dopaminérgica, em que os pacientes apresentam comprometimento no controle dos impulsos (jogo patológico, gasto excessivo, ingestão compulsiva de alimentos e hipersexualidade). Esses comportamentos podem ser socialmente destrutivos e exigem a interrupção do uso dos medicamentos. Inibidores do metabolismo da dopamina A selegilina é usada como um auxiliar da levodopa no tratamento da doença de Parkinson e tem sido utilizada como agente único em pacientes recém-diagnosticados. A selegilina é um inibidor parcialmente seletivo da MAO tipo B, a isoforma da enzima que metaboliza a dopamina em detrimento da norepinefrina e da serotonina. Ela retarda a decomposição da dopamina e, assim, pode aumentar os níveis desse neurotransmissor no cérebro, de origem endógena ou obtido no tratamento com a levodopa. Uma desvantagem da selegilina é que esse fármaco forma um metabólito potencialmente tóxico, a anfetamina, que pode causar insônia e confusão, particularmente no indivíduo idoso A tolcapona e a entacapona inibem a COMTe, por conseguinte, a degradação da levodopa, bem como a da dopamina. A tolcapona é um agente altamente lipossolúvel, que pode atravessar a BHE, enquanto a entacapona distribui-se apenas na periferia. Fármacos antimuscarínicos Os fármacos antimuscarínicos usados na doença de Parkinson são benzotro-pina, orfenadrina, prociclidina e triexifenidila. Os fármacos antimuscarínicos podem melhorar o tremor e a rigidez da doença de Parkinson em 50% dos pacientes, mas têm pouco efeito sobre a bradicinesia. Esses fármacos bloqueiam os receptores muscarínicos e reduzem as ações excitatórias dos neurônios colinérgicos sobre as células no estriado. Referências: Tratado de fisiologia médica. Godeiro Júnior, C O; Felício, A C; Prado, AG; Sistema Extrapiramidal: Anatomia e Síndromes Clínicas; Revista Neurociências v14 n1 - jan/mar, 2006. Núcleos da base e controle locomotor: aspectos neurofisiológicos e evidências experimentais. http://citrus.uspnet.usp.br/eef/uploads/arquivo/28_ Anais_p97.pdf. SÍNDROMES HIPERCINÉTICAS. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4502267/m od_resource/content/1/Sindromes%20hipercineticas .pdf. Doença de Parkinson – Diagnóstico. REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N3 - JUL/SET, 2005. Etiopatogenia da Doença de Parkinson. Rev Neurociencias 2005; 13(4): 201-214. Guia de Neurologia. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/bo oks/9788520452394/pageid/376. Farmacologia básica. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/bo oks/9788595025271/pageid/288. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. Farmacologia básica e clínica. http://citrus.uspnet.usp.br/eef/uploads/arquivo/28_Anais_p97.pdf http://citrus.uspnet.usp.br/eef/uploads/arquivo/28_Anais_p97.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4502267/mod_resource/content/1/Sindromes%20hipercineticas.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4502267/mod_resource/content/1/Sindromes%20hipercineticas.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4502267/mod_resource/content/1/Sindromes%20hipercineticas.pdf https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520452394/pageid/376 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520452394/pageid/376 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595025271/pageid/288 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595025271/pageid/288
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