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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA EXTRAÇÃO DA CAFEÍNA DO CHÁ PRETO INTRODUÇÃO A cafeína (Figura 1) é um produto natural que pertence à classe dos alcaloides do grupo das metilxantinas. Apresenta ponto de fusão de 236°C é sólida cristalina de coloração branca com aspecto brilhante, sem cheiro e com sabor amargo. É solúvel em água (2,17 g/100 mL a 25°C). A cafeína está presente, de forma natural, em mais de 60 espécies de plantas distribuídas por todas as regiões geográficas do planeta. Está contida nas mais usuais bebidas como: café coado (150 mg/xícara), café expresso (350 mg/xícara) e 30-90 mg/mL no chimarrão, por exemplo. No chá preto estão presentes além da cafeína outras substâncias como a clorofila, taninos, celulose e flavonoides entre outros. Figura 1. Estrutura molecular da cafeína. Técnicas Aplicadas: Extrações a quente sob refluxo Nesse processo o material vegetal é colocado em contato com um solvente em ebulição num recipiente fechado acoplado a um condensador. O condensador garante que os vapores do solvente sejam condensados e voltem a entrar em contato com a solução, garantindo assim o reaproveitamento deste. Porém não se pode deixar de atentar para a instabilidade térmica de algumas substâncias. Métodos de extração líquido / líquido A partição implica na dissolução seletiva e distribuição entre as fases de dois solventes imiscíveis. Tem-se, a partir daí, o início da separação dos componentes da mistura (as substâncias mais polares separam-se das substâncias menos polares). O fracionamento por partição é um método de extração líquido-líquido que ocorre em um funil de separação. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 1. Adicionar a um balão de fundo redondo de 250 mL: 5 g de folhas de chá preto e 2,5 g de CaCO3, e acrescentar 150 mL de água destilada e 5 pedrinhas de porcelana; 2. Colocar o condensador de refluxo e aquecer a mistura à ebulição durante 30 minutos; 3. Filtrar em funil de Buckner acoplado a um kitassato, a pressão reduzida para remover o restante da massa de chá preto que não será utilizada; 4. Transferir o filtrado para um Erlenmeyer e adicionar 5 g de NaCl ao filtrado e agitar; 5. Transferir a solução para uma ampola (funil) de decantação e extrair a cafeína em duas etapas com 2 (duas) porções de 15 mL de CH2Cl2; 6. Recolher a fase orgânica (fase inferior) em um bécher de 50 mL e adicionar 2 g de MgSO4 anidro a esta fase recolhida (fase orgânica). Agitar vigorosamente durante 10 minutos, de forma a absorver alguma água que ainda persista; 7. Proceder a uma filtração simples, transferindo a solução resultante para um outro bécher, este previamente tarado (você precisará desse valor para calcular o rendimento de extração); 8. Deixar evaporar o diclorometano até aproximadamente 5 mL e aquecer cuidadosamente em chapa de aquecimento até a formação de cristais; 9. Pesar o bécher e determinar o % (m/m) de cafeína contida na massa de chá preto utilizada; 10. Determinar o ponto de fusão do sólido obtido. QUESTIONÁRIO: 1- O que é um alcaloide? 2- Por que os alcaloides geralmente apresentam caráter básico? 3- Por que a cafeína é extraída com uma solução aquosa básica enquanto a maioria dos alcaloides são extraídos das plantas com uma solução aquosa ácida? ANEXOS: 1- Métodos de extração sólido / líquido Os processos de extração podem ocorrer à temperatura ambiente ou sob aquecimento. Por isso as técnicas de extração estão classificadas segundo a temperatura. 1.1- Extrações a frio Maceração: A maceração é uma operação onde o material vegetal é colocado em contato com o líquido extrator em um recipiente fechado, à temperatura ambiente, por um prolongado período (normalmente alguns dias). Durante o período de maceração não há renovação do líquido solvente e a mistura é ocasionalmente agitada. Existem variações da maceração, as quais visam apenas aumentar a eficiência desse processo, são elas: -Digestão: maceração realizada em sistema aquecido (40-60°C). -Maceração dinâmica: maceração feita com agitação mecânica constante. -Remaceração: repetição da maceração usando-se o mesmo material vegetal e renovando- se o líquido extrator. Percolação: A percolação envolve um conjunto de procedimentos cuja intenção é a extração exaustiva das substâncias, ou seja, a extração continua até que as substâncias sejam extraídas em toda a sua quantidade. Na percolação, o material vegetal moído é colocado no percolador (figura 1), que se trata de um recipiente cônico ou cilíndrico, feito de vidro ou metal, por onde passa o líquido extrator. O produto obtido após a extração denomina-se percolado. Diferentemente da maceração, a percolação é uma operação dinâmica, indicada na extração de substâncias presentes em pequenas quantidades ou pouco solúveis. Existem dois tipos de percolação, a percolação simples e a percolação fracionada: Percolação simples: A percolação simples inicia-se com o intumescimento do material vegetal pelo líquido extrator, durante uma a duas horas, fora do percolador. A Segunda etapa é o empacotamento homogêneo e não muito compacto do percolador, onde o material vegetal é colocado no percolador de maneira semelhante ao empacotamento da coluna cromatográfica, ou seja, leva-se em consideração fatores como a homogeneidade de enchimento, tamanho da partícula e fenômenos de difusão. Feito isto abre-se a válvula, cuidando para que a velocidade do fluxo esteja adequada ao tamanho das partículas no percolador. Pode-se adicionar tanto líquido extrator quanto necessário para a extração completa das substâncias presentes no material vegetal. Percolação fracionada: Na percolação fracionada separa-se as duas ou três primeiras frações de percolado, que contêm, normalmente, em torno de 75 a 80% das substâncias a serem extraídas do restante das frações, mais diluídas. Estas últimas são destinadas à fase posterior de concentração. A desvantagem da percolação é a grande quantidade de solvente usado para esgotar as substâncias do material vegetal. As variações da percolação visam, única e exclusivamente, contornar esse inconveniente. Figura 1: Percolador 1.2- Extrações a quente 1.2.1- Em sistemas abertos: Infusão: Na infusão o material vegetal é colocado em água fervente durante certo tempo, num recipiente tapado. A infusão é aplicável a partes vegetais menos rígidas, que devem estar contundidas, cortadas ou pulverizadas grosseiramente, conforme a sua natureza, a fim de facilitar a penetração e a dissolução pelo solvente. Decocção: A decocção consiste em colocar o material vegetal em contato com o solvente em ebulição durante certo tempo. A técnica não é indicada em qualquer caso, devido à instabilidade ao aquecimento prolongado apresentado por algumas substâncias. Por essa razão a decocção é indicada para partes vegetais mais resistentes. 1.2.2- Em sistemas fechados: Extração sob refluxo: Explicado no texto principal. Extração em aparelho de Soxhlet: Nessa técnica de extração o material vegetal entra em contato com o solvente renovado em cada ciclo da operação, tendo a vantagem de usar menos solvente, uma vez que este é reaproveitado. Outra vantagem é a rapidez, proporcionada pelo aquecimento e pela renovação constante do solvente. Porém, assim como em todos os métodos de extração a quente, deve-se atentar para a termolabilidade de algumas substâncias. Figura 3: Extrator Soxhlet 2- Vidrarias utilizadas Bécher ou béquer é um tipo de recipiente utilizado nos laboratórios de química. Há dois tipos de Becker, o Copo de Griffin ou Becker Forma Baixa e Copo de Berzelius ou Bécher Forma Alta. De modo muito grosseiro efetua-se medidas com o copo de Bécher, pois a sua medida é muito imprecisa (normalmente com precisão varianteem 5 % do marcado). Suas principais características são: 1. Apresentar uma escala para medição aproximada; 2. Possuir base plana para uso autônomo; 3. Conter bico para transferência; 4. Ser provido de boca larga. Seu uso é recomendado para experimentos em que esteja presente pelo menos um sólido. Feito de vidro pyrex refratário ou de polímeros como o polietileno ou o polipropileno, o bécher pode ser utilizado em uma ampla faixa de temperatura. Suas capacidades volumétricas mais comuns são 80, 125, 250 e 400 mL. Balão Kitassato, ou mais simplesmente Kitassato, é uma vidraria de laboratório usada normalmente junto com o funil de Büchner em filtrações (sob sucção) a vácuo. É constituído de um vidro espesso e um orifício lateral. Funil de Büchner é um tipo de vidraria de laboratório, consistindo num funil feito de porcelana e com vários orifícios, como uma peneira. É usado junto com o Kitassato em filtrações a vácuo. Trompa d'água: serve para provocar a sucção do ar e produzir vácuo, durante o processo de filtração. Funil de separação: é uma vidraria de laboratório usada para separar líquidos imiscíveis de densidades diferentes. Geralmente, um dos líquidos será a água e o outro, um solvente orgânico como o éter ou o clorofórmio. O funil, que possui uma forma de cone sobreposto por uma semiesfera, tem uma torneira na parte de baixo e um bocal na parte de cima. Para usá-lo, os dois líquidos em uma mistura são vertidos dentro do funil através do bocal, com a torneira fechada. O funil é então tampado, agitado, invertido e a torneira é aberta cuidadosamente para liberar a pressão em excesso. É deixado em descanso por determinado tempo e depois a torneira é aberta de forma a deixar que o líquido mais denso escoe para outro recipiente. O usuário deve ser cuidadoso de forma a fechar a torneira exatamente quando todo o líquido mais denso tenha sido evacuado do funil. Balão de destilação ou de fundo redondo: vidraria utilizada principalmente para destilação. Conecta-se a um condensador e geralmente é fabricado por vidro de borosilicato (vendido comercialmente com o nome de pirex). Também é utilizado em reações que passam por aquecimento. Balão de fundo chato tem a vantagem de não requerer uso de suporte para serem mantidos em posição vertical. Condensador: tem como finalidade condensar vapores gerados pelo aquecimento de líquidos. Os mais comuns são: a. Condensador de Liebig: para destilação simples e fracionada (acoplada a coluna de fracionamento através da cabeça de destilação); b. Condensador de bolas: serve para condensar os vapores do líquido no processo de destilação sob refluxo; c. Condensador de Graham ou em espiral: para destilação à vácuo.
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