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MECANISMOS CELULARES E MOLECULARES DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO Dra. Ellen Eguchi Embriologia veterinária 1 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL O desenvolvimento embrionário abrange todos os processos nos quais uma única célula – o óvulo fertilizado ou zigoto – origina o embrião e posteriormente o feto O desenvolvimento intrauterino é dividido em: Período embrionário Período fetal A maioria dos tecidos é formada Crescimento e maturação dos órgãos Crescimento continua pelo menos até a puberdade 2 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL O período embrionário é iniciado pela fertilização O oócito recoberto pela zona pelúcida é fecundado pelo espermatozóide resultando no embrião de uma célula chamada zigoto Na primeira mitose após a fertilização o zigoto transforma-se em um embrião de duas células Essas duas, e as subsequentes células embrionárias iniciais são denominadas Blastômeros 3 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL Em seguida, os blastômeros formam um pequeno agregado celular, chamado mórula Inicialmente, a mórula é caracterizada por blastômeros protuberantes individualizados Posteriormente, estas células aderem-se firmemente umas as outras e formam a mórula compacta Processo conhecido como compactação 4 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL As células da camada externa originam o trofectoderma (2) O processo seguinte, denominado blastulação, forma-se no interior do trofectoderma uma cavidade preenchida por líquida, denominada blastocele Assim como um conjunto de células internas, denominado massa celular interna (MCI) O embrião neste estágio é denominado blastocisto O trofectoderma participará da formação da placenta enquanto a massa celular interna dará origem ao embrião propriamente dito 5 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL O trofectoderma participará da formação da placenta enquanto a massa celular interna dará origem ao embrião propriamente dito O período entre a fertilização e a blastulação completa dura cerca de 10 a 12 dias em suínos, caprinos, ovinos e felinos 14 dias em bovinos e equinos e 16 dias nos cães 6 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL O blastocisto expande-se e eclode da zona pelúcida (H) A MCI forma duas camadas celulares, uma interna e outra externa, denominadas hipoblasto e epiblasto (3 e 4) Concomitantemente, o formato do embrião muda de esférico para ovoide 7 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL Na fase subsequente, o disco embrionário bilaminar é transformado em um disco embrionário trilaminar, no processo de gastrulação A gastrulação leva a formação de três folhetos germinativos: ectoderme (7), mesoderme (8) e endoderme (9) E a formação das células germinativas primordiais, progenitoras das células da linhagem germinativa 8 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL Após a gastrulação, os três folhetos se diferenciam em diversos tipos celulares Determinando a formação da maioria dos sistemas orgânicos Definindo o final do período embrionário 9 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL O elevado numero de tipos celulares originados da gastrulação necessitam de um complexo sistema de organização e diferenciação Para darem origem a diversos tipos de tecidos especializados de um organismo completo O período embrionário é seguido pelo período fetal, que se estende até o nascimento 10 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO INICIAL 11 DIFERENCIAÇÃO O corpo de um mamífero adulto é composto por mais de 230 tipos celulares diferentes, originados de uma única célula, o zigoto O processo pelo qual tipos celulares especializados desenvolvem-se de células menos especializadas é conhecido como diferenciação celular Em geral, o evento que precede a diferenciação celular é o comprometimento celular, que pode ser dividido em: Especificação celular Determinação celular Fase reversível Fase irreversível 12 DIFERENCIAÇÃO A diferenciação celular é essencialmente regulada mediante a diferenças na expressão gênica Como explicar que células com a mesma informação genética e características/funções tão distintas? Mecanismos epigenéticos Metilação Imprinting 13 INDUÇÃO Em um embrião, as células são frequentemente induzidas a diferenciar-se por uma sinalização célula a célula A interação entre duas ou mais células vizinhas é denominada interação proximal ou indução Durante o desenvolvimento, a indução entre células e tecidos é crucial para a organização e diferenciação das células em seus respectivos órgãos e tecidos Para que a indução ocorra é necessário que as células induzidas (células potencialmente responsivas) sejam competentes ou receptivas ao sinal indutor A competência esta presente durante apenas um intervalo de tempo determinado 14 INDUÇÃO Se a célula não for induzida durante este período crítico Ela pode iniciar o processo de morte celular programada ou apoptose O primeiro embriologista a investigar os processos de indução foi Hans Spemann Notou que a formação do cristalino em anfíbios só ocorria quando havia interação da vesícula óptica do cérebro com o ectoderma superficial 15 INDUÇÃO Spemann removeu a vesícula optica antes que a interação ocorresse Como consequência, não houve formação do cristalino Se a vesícula fosse posicionada em uma posição diferente (tronco), não ocorria formação do cristalino O Ectoderma do tronco não era competente para formar o cristalino 16 INDUÇÃO Moléculas sinalizadoras, como a molécula Sonic The hedgehog, atuam entre células com pequena distância Conhecidas como fatores parácrinos ou morfógenos Quatro famílias destas moléculas são particularmente importantes: Familia dos fatores de crescimento derivados dos fibroblastos (FGF) Familia Hedgehog, incluindo as proteínas codificadas pelo gene Hedgehog 17 INDUÇÃO Familia Wingless (Wnt), que contem ao menos 15 proteínas A superfamília do fator de crescimento transformador- β (TGF- β) que contém ao menos 30 moléculas 18 POTENCIAL CELULAR E GENÔMICO O zigoto e as primeiras gerações de blastômeros possuem potencial de desenvolvimento, ou potência, equivalentes Cada uma destas células é capaz, independente das demais, de dar origem a todos os tipos celulares que compões o embrião, inclusive tecidos extraembrionários Esta característica é conhecida como totipotência celular 19 POTENCIAL CELULAR E GENÔMICO Subpopulações de células embrionárias, como a MCI, mantém a capacidade de formar todos os tecidos do embrião Mas perdem a capacidade de formar tecidos extraembrionários, como a placenta Não podendo dar origem a um organismo fetal ou adulto Essa característica é conhecida como pluripotência 20 POTENCIAL CELULAR E GENÔMICO Totipotência celular Pluripotência celular X Possui a capacidade de formar tecidos extracelulares, como a placenta Não possui a capacidade de formar tecidos extracelulares, como a placenta 21 POTENCIAL CELULAR E GENÔMICO Diversos experimento com células-tronco embrionárias (CTEs) tem desafiado esse conceito Como a geração da ovelha Dolly, em 1996 Foi gerada através da indução de uma célula diferenciada da glândula mamária dentro de um ovócito cujo genoma havia sido removido Demonstrando que até mesmo uma célula diferenciada possui totipotência 22 POTENCIAL CELULAR E GENÔMICO Nesse contexto, é importante diferenciar totipotência celular de totipotência genômica O zigoto e os primeiros blastômeros possuem totipotência celular Pois conseguem, por si só, originar tanto o embrião por completo como todos os tecidos embrionários A célula da glândula mamária possui totipotência genômica A célula pode formar novos tecidos, mas apenas com a reprogramação provida pelo citoplasma do óvulo 23 POTENCIAL CELULAR E GENÔMICO Após a gastrulação, a pluripotência permanece apenas nas células da linhagem germinativa Uma vez que as demais células embrionárias diferenciam-se em um dos três folhetos germinativos: ectoderma, mesoderma e endoderma Células em cada um desses folhetos germinativos são consideradas multipotentes Células multipotentes são capazes dese diferenciar em um número limitado de outros tipos celulares Ao final, células em cada um dos folhetos germinativos dão origem a células progenitoras unipotentes tecido-específicas 24 POTENCIAL CELULAR E GENÔMICO Em determinado momento do desenvolvimento as células se tornam completamente maduras e não mais se dividem, neste momento elas estão completamente diferenciadas Para manter a capacidade regenerativa de órgãos e tecidos, algumas células mantem-se plásticas Formando um conjunto de células-tronco somáticas unipotentes que podem ser recrutadas 25 CONTROLE MOLECULAR DA DIFERENCIAÇÃO No nível molecular, diversas vias estão envolvidas no processo de diferenciação celular Alterações epigenéticas (cromatina): Resultam em padrões estáveis (ou seja, herdáveis) de expressão gênica A constituição genética não é alterada durante a diferenciação, portanto, todas as células descendentes do zigoto devem possuir a mesma informação genética Porém, diversos mecanismos epigenéticos controlam como os genes são diferencialmente expressos s principais proteínas da cromatina são as histonas. As histonas H2A, H2B, H3 e H4 unem-se, formando um octâmero denominado nucleossoma, enquanto que a histona H1 une os nucleossomas adjacentes, "empacotando-os", visto que a molecula de DNA "dá" uma volta e meia em torno do octâmero de histonas. É essencial existir a histona H1 para estabilizar este enrolamento. Numa célula eucariótica, quase todo o DNA está compactado na cromatina. O DNA é "empacotado" na cromatina para diminuir o tamanho da molécula de DNA, e para permitir maior controle de tais genes por parte da célula. Grande parte da cromatina é localizada na periferia do núcleo, possivelmente pelo fato de uma das principais proteínas associadas com a heterocromatina ligar-se a uma proteína da membrana nuclear interna. 26 CONTROLE MOLECULAR DA DIFERENCIAÇÃO s principais proteínas da cromatina são as histonas. As histonas H2A, H2B, H3 e H4 unem-se, formando um octâmero denominado nucleossoma, enquanto que a histona H1 une os nucleossomas adjacentes, "empacotando-os", visto que a molecula de DNA "dá" uma volta e meia em torno do octâmero de histonas. É essencial existir a histona H1 para estabilizar este enrolamento. Numa célula eucariótica, quase todo o DNA está compactado na cromatina. O DNA é "empacotado" na cromatina para diminuir o tamanho da molécula de DNA, e para permitir maior controle de tais genes por parte da célula. Grande parte da cromatina é localizada na periferia do núcleo, possivelmente pelo fato de uma das principais proteínas associadas com a heterocromatina ligar-se a uma proteína da membrana nuclear interna. 27 MODELAGEM É o processo pelo qual células embrionárias organizam-se em tecidos ou órgãos Embora a diferenciação dê origem a células com estrutura e função especializada, esse processo isoladamente não forma um organismo As células diferenciadas necessitam ser organizadas espacialmente em três dimensões Modelagem é a consequência da expressão regional de genes que podem ser determinadas pela ação de gradientes de moléculas sinalizadoras Células-alvo próximas da fonte geradora de moléculas sinalizadoras estão expostas a maior concentração de sinalizadores 28 MORFOGÊNESE Morfogênese é o mecanismo pelo qual tecidos e órgãos ganham forma Enquanto a modelagem consiste na reunião de células em regiões que formarão os órgãos, a morfogênese consiste na aquisição da forma interna e completa dos órgãos Durante a morfogênese estruturas como folhetos, tubos e agregados densos de células são formados Isso ocorre em resposta a diferentes taxas de proliferação celular, alterações no tamanho e/ou formato das células, fusão celular e alterações nas propriedades de adesão das células 29 MORFOGÊNESE 30