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Slides de Aula II - letras interdisciplinar

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Prof. Bruno César
UNIDADE II 
Letras Interdisciplinar
Linguística 
3 paradigmas:
1.Estruturalismo.
2.Gerativismo Transformacional.
3.Linguística Textual/Pragmática.
Objeto de estudo:
1.Unidades mínimas: fonema, morfema.
2.Unidades mínimas: SN + SV.
3.Texto.
Texto 
 É uma ocorrência material da língua, com dimensões que não são apenas 
linguísticas, mas também sociocognitivas. 
 É marcado por um conjunto de fatores, que fazem com o que o texto seja texto e 
não um amontoado de palavras ou frases.
Tem fatores: 
a) fatores linguísticos: coesão e coerência.
b) fatores pragmáticos: aceitabilidade, informatividade, intertextualidade, 
intencionalidade, situacionalidade.
Fatores de textualidade
Raridade – José Paulo Paes
A arara
é uma ave rara
pois o homem não para
de ir ao mato caçá-la
para a pôr na sala
em cima de poleiro
onde ela fica o dia inteiro
fazendo escarcéu
porque já não pode
voar pelo céu.
E se o homem não para
de caçar arara,
hoje uma ave rara,
ou a arara some
ou então muda seu nome
para arrara.
Fatores de textualidade
 Coerência: tema mantido (o perigo de extinção da arara)
 Coesão: 
 Elos para a manutenção: arara/ ave/ caçá-la, a pôr, ela
 Conectivo ou: 
 ou a arara some
 ou então muda seu nome
Extinção / mudança de nome (arrara)
Fatores de textualidade
 Intertextualidade: não há referência direta a outro texto.
 Situacionalidade: consciência atual sobre o cuidado com a natureza.
 Intencionalidade: criar um texto poético, com jogo lúdico, em que há neologismo 
(arrara), por ex.
 Aceitabilidade: o leitor identifica e aceita o texto como poético, identificando rima, 
entre outros elementos. 
Ensino sem considerar o texto 
O patinho feio
Era o mais feio de todos
Só fazia trapalhadas
Nem cantar ele sabia
Nadava que nem louco
Se brincava ninguém entendia.
Tentou fazer amizades
Tentou uma duas três vezes
Tiraram sarro dele
Diziam que era avesso.
 Indique os tempos verbais dos verbos destacados na 
segunda estrofe.
Ensino que considera o texto
Epitáfio para um banqueiro
n e g ó c i o
e g o
ó c i o
O
(José Paulo Paes. Anatomias.)
Tema atual: o egoísmo, a solidão do indivíduo, a falta de 
comunicação que o leva a fechar-se nos limites de sua 
própria existência e vendo o mundo deformado por uma 
visão individualista. Tomando por base estas observações:
Ensino que considera o texto
 Faça uma descrição do plano semântico-visual do texto, de modo a revelar sua 
compreensão do poema como um “epitáfio”; 
 Aponta a palavra que, numa das linhas do poema, demarca a característica do 
indivíduo como ser em si, exclusivista e isolado.
Interatividade 
“Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho”.
Dado o início do texto de Chico Buarque, consideramos correto.
I. Em texto literário, o fator de informatividade é o mais importante.
II. Por fazer referência ao conto Chapeuzinho Vermelho, evidencia-se a 
intertextualidade.
III. A falta de coesão no segundo verso contribui para a incoerência textual.
a)I
b)II
c) III
d) I e II
e) I e III
d) I e II
e) I e III
Resposta
“Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho”.
Dado o início do texto de Chico Buarque, consideramos correto.
I. Em texto literário, o fator de informatividade é o mais importante.
II. Por fazer referência ao conto Chapeuzinho Vermelho, evidencia-se a 
intertextualidade.
III. A falta de coesão no segundo verso contribui para a incoerência textual.
a)I
b)II
c) III
Língua e literatura
Língua – Gilberto M. Teles
Esta língua é como um elástico
que espicharam pelo mundo.
No início era tensa, de tão clássica. 
Com o tempo, se foi amaciando,
foi-se tornando romântica,
incorporando os termos nativos
e amolecendo nas folhas de bananeira
as expressões mais sisudas. 
Um elástico que já não se pode
mais trocar, de tão gasto;
nem se arrebenta mais, de tão forte. 
Um elástico assim como é a vida
que nunca volta ao ponto de partida. 
Língua 
 Metáfora criada em torno da semelhança entre língua e elástico. A língua com a 
passagem do tempo se espicha.
 Compreensão de que essa flexibilidade das línguas não as enfraquece.
 Alusões às circunstâncias que marcaram a história da língua portuguesa no 
Brasil, a qual incorporou os termos nativos e foi amolecendo nas folhas de 
bananeira as expressões mais sisudas.
 A antonímia implicada em amolecer e expressões sisudas é mais clara ainda 
entre “tão gasto” e “tão forte”.
Língua e literatura
 Relação constitutiva língua-literatura caracteriza a cumplicidade de expressão e 
conhecimento da linguagem humana. 
 Pela organização textual – sintática, sonora etc., os textos exploram e expõem a 
língua de maneira a chamar a atenção do leitor para a linguagem como janela para 
os mundos internos e externos 
 A literatura é uma das possibilidades de exploração da língua, como forma criativa. 
Língua portuguesa
 Matriz, modelo e suporte;
 português europeu (PE) assentado nas normas de Portugal, para uso econômico 
e tecnológico;
 português brasileiro (PB) diversificado do PE, com personalidade própria;
 português de Angola e de Moçambique, vivida com as línguas fraternas e 
vizinhas;
 português em diglossia, como acontece em São Tomé e Príncipe;
 língua internacional, modelada pelo PE: Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor;
 português vagamundo, que os imigrantes amoldam aos vários ambientes.
Graciliano Ramos
 Qual é a postura desse autor diante da língua?
 Um dos enfrentamentos é o desconhecimento do sentido das palavras. 
 O estilo simples e despretensioso ocorre no vocabulário das obras de Graciliano 
Ramos. Ele busca, por meio da linguagem dos personagens, brasileirismos, 
expressões próprias da linguagem oral, irregularidades que dão liberdade e 
flexibilidade à língua. 
Guimarães Rosa
 Qual é a postura desse autor diante da língua?
 Classificada, por muitos críticos, como barroca, devido à opulência, 
rebuscamentos léxicos e sintáticos, certa obscuridade e de certa emotividade.
 A intenção do autor, segundo depoimento escrito em carta, era chocar, ‘estranhar’ 
o leitor, não deixar que ele repouse na bengala dos lugares-comuns, das 
expressões domesticadas e acostumadas.
Guimarães Rosa
Neologismos, traço estilístico do autor, não designam coisas novas, oriundas da 
vida moderna e seu progresso. São criações que não penetraram no uso corrente 
da língua; são expressões do artista. Entre elas: 
 Arreleque, arreglórias, desnacer, deslei, trestite (prefixação); 
 Arrozã, sossolã, amarelal, calmança, fazeção, sujoso (sufixação);
 Alquebro, aprovo, fervo, gesticulejo, oscilo (regressiva).
 Delúsio, dênia, quassar (advindos do latim); esmarte (smart), estarvo (starve) 
(anglicismo) etc.
Carlos Drummond de Andrade
Mão suja
Minha mão está suja.
Preciso cortá-la.
Não adianta lavar.
A água está podre.
Nem ensaboar.
O sabão é ruim.
A mão está suja,
suja há muitos anos.
A princípio oculta
no bolso da calça,
quem o saberia?
Drummond 
 O léxico no poema é revelador de um “eu” sobre o “mundo”.
 Esse “eu” aparece torto, gauche, retorcendo-se calado, com pensamentos curvos, 
de maneira retorcida. 
 O “eu” reveste-se de manifestação indireta de culpa: náusea, sujeira, 
sepultamento, emparedamento; e de mutilação: cortar, mutilar, fazer em pedaços. 
Interatividade 
Ao enfrentar a língua, o escritor assume diferentes posições. Exemplos:
I. Em fazia-o tossir, haviam emigrado, não se viam, revela cuidado com a língua 
culta.
II. Em “Eu estava meio ‘p...’ da vida, sem arranjar qualquer emprego”, ocorre tom 
coloquial vulgar.
III. Em “ajuntação, azuretar”, há o aproveitamento de termos cultos.
a)I.
b)I e II.
c) II.
d) III.
e) II e III.
Resposta
Ao enfrentar a língua, o escritor assume diferentes posições. Exemplos:
I. Em fazia-o tossir, haviam emigrado, não se viam, revela cuidado coma língua 
culta.
II. Em “Eu estava meio ‘p...’ da vida, sem arranjar qualquer emprego”, ocorre tom 
coloquial vulgar.
III. Em “ajuntação, azuretar”, há o aproveitamento de termos cultos.
a)I.
b)I e II.
c) II.
d) III.
e) II e III.
Ajuntação, azuretar: termos populares
Retórica e estilo
 Na história da Retórica, as figuras ocuparam um aspecto central, alternando, 
nesse percurso, as funções de adorno da linguagem, responsável pelo 
embelezamento estético da expressão, e de elemento essencial para a 
construção da persuasão, no apogeu da Retórica. 
 Além das teorias retóricas, a perspectiva textual discursiva, em que as figuras 
desempenham um papel essencial na produção de sentidos, torna-se relevante 
em uma análise. 
Classificação das figuras
Ocorre no plano da expressão, em que se localizam:
 Os metaplasmos: figuras relacionadas às alterações de ordem sonora ou gráfica 
das palavras. 
 As metataxes: figuras de sintaxe, referentes às modificações no âmbito da 
construção frasal, alterando a redundância. 
Classificação das figuras
Já no plano do conteúdo, são concretizadas as metáboles denominadas:
 Metassememas: quando as figuras sofrem alterações de natureza semântica, 
com modificação no conjunto de semas de grau zero.
 metalogismos: figuras relacionadas à alteração da lógica da frase, em confronto 
com a realidade assemelham-se às figuras de pensamento.
Metáfora – visão tradicional 
 Na Retórica, a metáfora era considerada um desvio da linguagem usual para 
representar um uso especial, atendendo tanto à finalidade poética, de estilo 
ornamentado, como ao fim persuasivo.
 Oposições binárias sentido literal/sentido figurado nos discursos – discurso 
científico, constituído de linguagem clara, objetiva, literal calcada na razão; 
discurso literário, constituído de uma linguagem cifrada/polissêmica, subjetiva, 
essencialmente figurada, calcada na imaginação, na invenção.
Metáfora: novo paradigma
 Não mais compreendidas como figuras de retórica, resultantes de desvio do uso 
comum da língua. 
 Compreendida como operação cognitiva fundamental. 
 Nesse sentido, as maiores contribuições foram empreendidas por Lakoff e 
Johnson que consideraram a metáfora como base de um sistema conceptual 
subjacente à linguagem.
Estilo 
 Fluxo criativo: inerente ao homem, sua principal característica, ponto de distinção 
em relação aos outros animais.
 A essência do homem é a capacidade criativa; de imprimir estilo aos seus 
discursos em sociedade.
 O estilo, a veia criativa, é próprio ao homem. O estilo é o homem. Não no sentido 
restrito, individual. Mas no sentido universal – é próprio do ser humano. 
O pastor pianista – Murilo Mendes
Soltaram os pianos na planície deserta 
Onde as sombras dos pássaros vêm beber,
Eu sou o pastor pianista,
Vejo ao longe com alegria meus pianos 
Recortarem os vultos monumentais 
Contra a lua. 
Acompanhado pelas rosas migradoras
Apascento os pianos que gritam
E transmitem o antigo clamor do homem
Que reclamando a contemplação 
Sonha e provoca a harmonia,
Trabalha mesmo à força,
E pelo vento nas folhagens,
Pelos planetas, pelo andar das 
mulheres, Pelo amor e seus 
contrastes, Comunica-se com 
os deuses. 
Interatividade 
Sobre a metáfora, consideramos:
I. É uma figura de estilo, ligada ao pensamento, segundo a Retórica.
II. Conforme a Retórica, é uma figura de estilo empregada especialmente em texto 
literário.
III. Conforme novo paradigma, a metáfora é usada no cotidiano.
a)Apenas I é correta.
b)Apenas II é correta.
c)Apenas III é correta.
d)I e II estão corretas.
e)Todas estão corretas.
Resposta 
Sobre a metáfora, consideramos:
I. É uma figura de estilo, ligada ao pensamento, segundo a Retórica
II. Conforme a Retórica, é uma figura de estilo empregada especialmente em texto 
literário.
III. Conforme novo paradigma, a metáfora é usada no cotidiano.
a)Apenas I é correta.
b)Apenas II é correta.
c)Apenas III é correta.
d)I e II estão corretas.
e)Todas estão corretas.
Semântica e estilística
 Literatura: estética por meio da construção de figuras: sonora, visual e verbal. 
 Figura sonora: ritmo das frases ou dos acentos fracos-fortes, longos-breves. 
 Compõe-se de: rima; aliterações; paralelismos; dissonâncias; assonância; 
onomatopeia.
Menino bobo - Beré Lucas
este menino
inhec inhec
só sabe
mascar chiclete
P O 
L C
Exemplo 
Releitura
 Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas 
das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na 
cultura ou nas culturas que atravessaram.
 Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer, 
pois na medida em que o relemos, há sempre uma nova descoberta. 
Clássicos 
Ilíada e da Odisseia, de Homero:
 Foram feitas antes que o alfabeto chegasse à Grécia e durante séculos só 
existiram pela repetição oral que as fixava na memória coletiva dos ouvintes. 
 Mantêm-se vivas, capazes de emocionar plenamente um leitor contemporâneo, 
apresentar-lhe uma série de desafios e questões, respostas e caminhos 
renovados, ensinamentos...
Outro clássico: Bíblia
 Independentemente de qualquer crença religiosa, o simples fato de vivermos 
numa nação que faz parte do Ocidente judaico-cristão já nos torna herdeiros da 
linhagem bíblica. Estamos impregnados de suas histórias e seus ensinamentos.
 Um leitor mais maduro pode se interessar por partes mais poéticas, como os 
Salmos, o Cântico dos Cânticos ou o Apocalipse. Ou por passagens mais 
filosóficas, ou por profecias.
Referências bíblicas
 Esaú e Jacó, de Machado de Assis, Olhai os lírios do campo, de Erico Veríssimo, 
ou O sol também se levanta, de Ernest Hemingway
 A alusão à Bíblia: poema belíssimo O dia da criação, de Vinicius de Moraes, ou o 
soneto de Camões sobre o amor de Jacó por Raquel, que termina lindamente 
dizendo:
 Começou de servir outros sete anos, dizendo: “E mais servira se não fora Para 
tão longo amor tão curta a vida”.
Canção do exílio (Matriz)
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
 O texto é estruturado do contraste entre a paisagem estrangeira e a terra natal, 
jamais nomeada, vista com o olhar exagerado de quem está distante e em sua 
saudade, exalta os valores que não encontra no local de exílio. 
Canto de regresso a pátria (Paródia)
“Minha terra tem palmares 
Onde gorjeia o mar 
Os passarinhos daqui 
Não cantam como os de lá” 
Oswald de Andrade
 sentido oposto ao romântico, porque ele não celebra ufanisticamente a nação; ao 
contrário ironiza-a. 
 troca palmeiras por palmares, ou seja, a terra tem opressão, escravidão, 
dominação. 
Interatividade 
Sobre tradição e ruptura na literatura, indique a alternativa falsa:
a) Todo texto é um mosaico de retomada de outros. 
b) A produção literária possui pouco grau de abertura plurissignificativa. 
c) Os escritores recuperam e revitalizam aqueles que tecem um fio radical na forma. 
d) Os textos dialogam com outros intertextualmente.
e) Os escritores redescobrem textos criativos na temática.
Resposta
Sobre tradição e ruptura na literatura, indique a alternativa falsa:
a) Todo texto é um mosaico de retomada de outros. 
b) A produção literária possui pouco grau de abertura plurissignificativa. 
c) Os escritores recuperam e revitalizam aqueles que tecem um fio radical na forma. 
d) Os textos dialogam com outros intertextualmente.
e) Os escritores redescobrem textos criativos na temática.
ATÉ A PRÓXIMA!

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