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TICs Semana 11 – Triagem de IST's na gestação Discente: Cecília da Silva Tourinho Turma: XXXIII – SOI IV Durante a gestação, ocorrem inúmeras mudanças fisiológicas no organismo da mulher, que possibilitam o crescimento e o desenvolvimento fetal, bem como preparam-na para o trabalho de parto. Contudo, essas alterações podem levar ao surgimento ou ao agravamento de algumas patologias, capazes de afetar a saúde da mãe e do feto. Por esse motivo, é importante um acompanhamento regular e uma assistência médica adequada durante as consultas de pré-natal, visando um diagnóstico e tratamento precoces de qualquer problema que possa aparecer. Dentre as patologias que devem ser rotineiramente consideradas na avaliação de uma gestante, destacam-se: 1. Hipertensão gestacional: consiste em pressão arterial elevada após a vigésima semana de gestação, sem evidências de proteinúria. O devido monitoramento e o controle da pressão são essenciais para reduzir o risco de complicações, que envolvem a pré-eclâmpsia/eclâmpsia (hipertensão acompanhada de proteinúria), descolamento prematuro da placenta, restrição de crescimento fetal e parto prematuro. 2. Diabetes gestacional: ocorre quando a grávida tem dificuldade em controlar os níveis de glicose no sangue, devido a resistência à insulina causada pelos hormônios produzidos pela placenta. Tal condição pode, ainda, ser acentuada por fatores como excesso de peso ou dieta inadequada. Se não devidamente controlada a glicemia da gestante, podem surgir distúrbios, como a pré- eclâmpsia, a macrossomia fetal (crescimento acelerado do feto em relação à idade gestacional) e o parto prematuro. 3. Anemia: quadro comum na gravidez, decorrente do aumento do volume sanguíneo, que gera hemodiluição, e à demanda por nutrientes para o desenvolvimento fetal. Assim, o número de glóbulos vermelhos no sangue é baixo. Sintomas que afetam a qualidade de vida da gestante, como fadiga, falta de ar e tontura, são frequentes; além de aumentar a chance de ocorrência de parto prematuro e baixo peso ao nascer. 4. Doenças autoimunes: algumas doenças como o lúpus eritematoso sistêmico (LES) e a artrite reumatoide, podem afetar a gestação e elevar o risco de aborto espontâneo, parto prematuro e restrição de crescimento fetal. Nesses casos, é necessário que a mulher seja avaliada e acompanhada por um especialista durante todo o período gestacional. 5. Hipotireoidismo: condição na qual a glândula tireoide não produz hormônios tireoidianos suficientes, havendo a deficiência destes. Durante a gravidez, o pode implicar em complicações, tais como aborto espontâneo, parto prematuro e baixo peso ao nascer. 6. Trombofilias: distúrbio em que o sangue tem uma maior tendência a formar coágulos (coagulação sanguínea anormal). As complicações no período gestacional, incluem: aborto espontâneo, pré-eclâmpsia e trombose venosa profunda (TVP). 7. Infecções: durante a gestação, o perigo de infecções aumenta, devido a redução da imunidade da mulher. Certas doenças podem ser transmitidas para o feto antes ou durante o nascimento, o que pode impactar negativamente o seu desenvolvimento, provocando malformações, aborto espontâneo ou um parto prematuro. Nas grávidas, as infecções do trato urinário (ITU) são muito comuns, associadas ao aumento da pressão sobre a bexiga e a uretra. A triagem das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) durante o pré-natal também deve ser levada em consideração, sendo as principais: • Sífilis - causada pela bactéria Treponema pallidum. Se não tratada, pode causar graves complicações, tanto na gestante quanto no feto, como aborto, parto prematuro, morte fetal e anomalias congênitas. O diagnóstico pode ser feito por meio de teste rápido (TR) ou sorologia e, em caso positivo, a intervenção deve ser imediata. • Virus da Imunodeficiência Humana (HIV) - pode ser transmitido da mãe para o feto durante a gestação, parto ou amamentação. As grávidas portadoras de HIV devem ser acompanhadas por uma equipe médica especializada e tratadas com antirretrovirais, a fim de evitar a transmissão vertical. • Hepatite B – infecção aguda causada pelo vírus da hepatite B (HBV), que pode ser assintomática ou sintomática, transmitida da mãe para o feto durante o parto. A vacinação é essencial para prevenir a transmissão vertical. • Herpes genital - causada pelo vírus herpes simplex (HSV), comumente transmitido durante as relações sexuais. Pode ser transmitida para o feto durante o parto, gerando complicações, como a encefalite neonatal. Embora o risco de transmissão vertical do HSV seja baixo, é importante que todas as gestantes sejam avaliadas quanto à presença de lesões genitais, as quais podem indicar a presença do vírus. • Clamídia e Gonorreia - são infecções bacterianas que podem ser transmitidas durante o parto, resultando em infecções neonatais graves, como infecções oculares, pneumonia etc. O diagnóstico é feito através de exames de urina ou swab vaginal, e o tratamento à base de antibióticos. • Papilomavírus humano (HPV) - é um vírus que pode ser transmitido durante as relações sexuais, capaz de levar ao desenvolvimento de câncer do colo do útero. O risco de transmissão vertical do HPV, em geral, é baixo, porém não elimina a importância da avaliação das gestante, principalmente quanto à presença de lesões ou verrugas genitais, que podem indicar a presença do vírus. A prevenção da doença inclui a vacinação e a realização de exames de rastreamento. Vale ressaltar que, além da mulher, é fundamental que os parceiros sexuais também sejam avaliados e tratados, se necessário. A prevenção é a melhor forma de evitar a transmissão das ISTs durante a gravidez. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde / Secretaria de Vigilância em Saúde - Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brasília, 2022. Disponível em: http://antigo.aids.gov.br/pt-br/pub/2022/protocolo- clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes. Acesso em: 20 abr. 2023. Rondônia, Secretaria de Estado da Saúde. Coordenadoria de Ações Integradas de Saúde. Gerência de Programas Estratégicos da Saúde. Assistência ao pré-natal, puerpério e recém-nascido: manual técnico. Porto Velho: SES/RO, 2018. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. NOTA TÉCNICA PARA ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE COM FOCO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E NA ATENÇÃO AMBULATORIAL ESPECIALIZADA – SAÚDE DA MULHER NA GESTAÇÃO, PARTO E PUERPÉRIO. São Paulo: Hospital Israelita Albert Einstein: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202001/03091259-nt- gestante-planificasus.pdf. Acesso em: 20 abr. 2023. SOUSA, M.C.M. et al. Infecções sexualmente transmissíveis em gestantes: diagnóstico e tratamento. Revista de Saúde Pública, v. 53, p. 1-11, 2019. http://antigo.aids.gov.br/pt-br/pub/2022/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes http://antigo.aids.gov.br/pt-br/pub/2022/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202001/03091259-nt-gestante-planificasus.pdf https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202001/03091259-nt-gestante-planificasus.pdf
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