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resumo virologia veterinaria

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Vaccinia Vírus 
Vaccinia (VACV) é um vírus da família Poxviridae, é causador de doença não letal entre humanos e demais mamíferos, mas sem tratamento específico e de impacto econômico e na saúde pública. O vírus teve papel importante na erradicação da Varíola, pois a partir dele foi criada a primeira vacina existente. O termo vacina foi dado devido ao vírus da vaccínia.
A vaccinia teve, recentemente, sua presença confirmada em animais. A constatação vem de inquérito sorológico realizado, que resultou em sequenciamento de parte do genoma viral de amostras recolhidas de animais soropositivos. A primeira análise revelou que 24,4% tinham anticorpos para Orthopoxvirus, gênero ao qual pertence o vaccinia vírus.
A família Poxviridae compreende grandes e complexos vírus de animais, Orhopoxvirus (OPXV) é um dos gêneros da família, e entre os seus representantes estão o Cowpox virus, o Variola virus e o Vaccinia virus (VACV). O VACV é o agente causador da vaccinia bovina no Brasil, e está associado à formação de lesões ulcerativas em bovinos e ordenhadores, acarretando perdas econômicas e impactos sociais. Apesar de todos os impactos causados pela vaccinia bovina no Brasil, os hospedeiros naturais do VACV são pouco conhecidos, e a escassez de dados dificulta a proposição de modelos sólidos relativos à biologia do VACV, como a manutenção e circulação desses vírus na natureza. Além disso, atualmente não existem imunógenos seguros disponíveis no mercado contra esta doença.
 
Vírus Vaccinia grupo 2, Brasil
Em 2011, o vírus vaccinia causou um surto em bovinos, afetando o gado leiteiro e ordenhadores. O surto ocorreu no município de Serro, no estado de Minas Gerais, um dos maiores produtores de leite no Brasil.
 Acredita-se que há diferentes cepas do vírus co-circulando no Brasil. 
 Os surtos geralmente ocorrem em propriedades rurais sem higiene e causam erupções cutâneas graves nos tetos e úberes das vacas leiteiras, e em várias localizações em humanos. No presente estudo, o surto afetou 2 fazendas, 91 vacas leiteiras e 3 trabalhadores, o qual um foi hospitalizado.
 Alguns estudos sugerem uma associação entre os surtos de vaccínia bovina e as cepas de VAVC utilizadas durante a campanha de erradicação da varíola pela Organização Mundial de Saúde. Pesquisas mostraram que há 2 tipos distintos deste vírus. 
O estudo
No primeiro dia notou-se, na fazenda 1, uma vaca doente. Após 2 dias, o proprietário (paciente A), que teve contato direto com a vaca afetada, apresentou lesões em suas mãos. Posteriormente, mais 6 vacas da mesma fazenda ficaram doentes, e o paciente A foi para a fazenda 2, e lá manipulou o gado saudável. Passada uma semana desde o primeiro dia do estudo, notou-se que todas as vacas da fazenda 1 estavam doentes. No 9º dia, algumas vacas da fazenda 2 ficaram doentes. No 12º dia, o proprietário da fazenda 2 (paciente B), e seu empregado (paciente C), ficaram doentes. Após 3 dias, o paciente C foi internado com vários sintomas, dentre eles febre alta e prostração, tendo também lesões nas mãos. No 18º dia, todas as 77 vacas da fazenda 2 estavam doentes. No dia 22, a produção de leite de ambas as fazendas caiu em torno de 70%. No 24º dia, a vigilância sanitária isolou as fazendas por 8 dias. Quase 1 mês após o primeiro caso, todas as vacas já estavam se recuperando.
Para identificar o agente etiológico responsável pelo surto, no dia 27, foram coletadas amostras de swab de lesões de pacientes denominados B e C e de uma Vaca. As amostras foram colocadas em células Vero para o isolamento do vírus e em seguida, purificadas em um gradiente de sacarose. Os isolados a partir dos doentes B e C e a vaca foram nomeados VACV Serro humano 1, VACV Serro humano 2 e VACV Serro bovina, respectivamente.
Os isolados foram examinados em PCR para detectar o gene A56R(hemaglutinina) e os fragmentos obtidos foram sequenciados e analisados. Todos os VACV Serro mostraram uma mesma sequencia de nucleotídeos, sendo igual também com cepas de VACV do Brasil.
 
Figura 1. vírus vaccinia (VACV) na região Serro, Estado de Minas Gerais, envolvendo 2 fazendas vizinhas, 91 vacas leiteiras, e três trabalhadores agrícolas laticínios. Dia 1, primeiro caso de vaccinia bovina em vaca, fazenda 1; dia 3, primeiro caso de infecção humana, o paciente 1, fazenda 1; dia 5, mais casos de gado, fazenda 1; dia 7, todo rebanho de gado doente, fazenda 1; dia 9, primeiro 6 vacas doentes, fazenda 2; dia 12, segundo e terceiro casos humanos (pacientes B e C); dia 15, o paciente hospitalizado C; dia 18, todo rebanho de gado doente, fazenda 2; dia 22, ambas as fazendas tiveram diminuição da produção de leite em 70%; dia 24, ambas as fazendas em quarentena; dia 26, das devoluções C paciente para trabalhar, com lesões; dia 27, amostras das lesões coletadas de pacientes B e C e uma vaca, fazenda 2; dia 28, todos os animais em recuperação.
A árvore filogenética hemaglutinina aglomerou a maioria dos isolados VACV do Brasil em conjunto, no entanto, os isolados de VACV Serro não exibiram este sinal e, ao invés disso, aglomeraram-se com cepas VACV que são menos frequentemente isoladas durante surtos no Brasil.
Para caracterizar ainda mais o vírus, também sequenciou-se o gene A26L (ATI). Como as sequências hemaglutinina foram idênticas para VACV Serro 1, 2 e VACV Serro bovina (e hipoteticamente representam o mesmo isolado), nós selecionamos o VACV Serro 2, para analisar a ati e virulência em ratos C. O gene ati é altamente polimórficos em cepas VACV do Brasil. . Um fragmento do VACV Serro 2 foi amplificado e não exibiu deleção a hemaglutinina ou aos genes ati.
Dado o perfil genético atípico do SH2V / 2011 e a hospitalização de longo prazo do paciente C, nós investigamos a virulência deste isolado em ratos. Um total de 16 ratos foram divididos em 4 grupos de quatro ratos cada. Inoculou-se por via intranasal em 4 ratos 10 ml de suspensões virais. Dois grupos foram inoculados com VAVC-GuaraniP1 e VACV GuaraniP2 com controles virulentos e não-virulentos, respectivamente. Outro grupo foi inoculado com solução salina tamponada com fosfato. A amostra VACV Serro 2 foi altamente virulenta em ratos C; a taxa de morbidade foi elevada e por conta disso, o grupo dessa amostra foi incluído no grupamento dos virulentos, esses animais exibiram pele enrugada, costas arqueadas, e perda de peso, bem como as pessoas infectadas com VACV-GuaraniP1. Não foram observados sinais clínicos em ratos que tinham sido inoculados com VACV-GuaraniP2 ou solução salina tamponada com fosfato.
Para caracterizar ainda mais o vírus, também realizamos um ensaio fenotípico de placa em culturas de células BSC-40. Este ensaio mostrou que, em contraste com VACVGuaraniP2, em culturas de células BSC-40, VACV Serro 2 induz a formação de grandes placas que são semelhantes aquelas induzidas por VACV-Western Reserve e VACV-GuaraniP1.
Conclusões
Nossos resultados indicaram que VACV Serro-2011 é uma nova cepa virulenta de ratos, associada com um surto que afetou vacas e humanos. Recentemente, várias cepas de VACV foram isoladas no Brasil, a maioria exibindo um sinal de deleção em A56R, pouca ou nenhuma deleção no gene ati, e baixa virulência em modelos de rato. Em contraste, o VACV isolado do surto relatado nesse estudo, que afetou o gado e humanos, exibiu virulência em camundongos, mas sem supressões em ambos os genes A56R ou ati. Esta linhagem é geneticamente e fenotipicamente distinta da cepa Serro-2, que foi isolada da mesma região em 2005. Assim, mais de um VACV pode estar circulando na cidade de Serro, e possivelmente em outras regiões do Brasil. 
Durante surtos da vacina bovina, a hospitalização de seres humanos é incomum. Infelizmente, apesar do desenvolvimento de modelos in vivo para o estudo e a diferenciação de VACV do Brasil, não foi mostrada nenhuma associação clara entre genéticas virais e a gravidade da doença nos seres humanos e no gado. Os dados aqui apresentados indicaram uma possível associação entre esses dois fatores. Embora a vigilância e caracterização de VACV tenha avançado nos últimosanos, a observação e a descrição de todas as características clínicas de humanos e gados infectados ainda podem ser úteis. Tais observações podem estar associadas com características genotípicas e fenotípicas de VACV, o que poderia influenciar as estratégias de vigilância e controle da gestão dos surtos VACV.

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