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Ana Clara F. Galhano O vírus A diarreia viral bovina pertence à família Flaviridae, gênero Pestivírus. Os pestivírus são pequenos, esféricos, contem nucleocapsídeo icosaedro, capsula e genoma RNA (fita simples +). Por serem envelopados são sensíveis ao calor, detergentes e solventes orgânicos. É um vírus de destruição mundial, acomete ovinos, bovinos, caprinos e ovinos, sendo os bovinos sendo os hospedeiros principais, causa grande perda econômica. Se trata de um vírus de alta morbidade e baixa letalidade. Há vacina disponível para essa doença. O vírus da BVD possui dois grupos antigênicos principais: o BVDV tipo 1 (mais comum) e o BVDV tipo ll (mais raro, mais patogênico). Em relação ao seu efeito citopatogênico, eles podem ser classificados em dois biotipos: Citopatogênicos (CP) → ocorre destruição/lise das células, o vírus tem efeito citopático, ele vem de mutações do não citopático. Não citopatogênico (NCP) → a replicação viral não tem capacidade de destruição, responsável pela maioria das infecções. Patogênese Esse vírus tem predileção por células do sistema imunológico (linfócitos T e B), ele diminui a atividade dos macrófagos, diminuindo então o sistema imune do animal. Ele tem predileção também por células que estão em constante multiplicação, como as células entéricas da placa de peyer, além de poder se desenvolver nos fetos. Esses animais costumam ter infecções secundarias como pneumonia e enterite. Essa doença só chama a atenção do produtor quando começa a ter números de abortos anormal na propriedade. Infecção transitória – animal tem o contato com o vírus, tem a sua resposta imunológica ou não e depois consegue eliminar o vírus. No fim o antígeno vai embora e os anticorpos debelam a infecção. Esse animal transmite o vírus pelas excreções por um período de 3 a 10 dias. Nessa fase já há queda na produção. Infecção persistente – esses animais tem intensa multiplicação do vírus ao longo da vida. Isso só acontece quando existe uma infecção intrauterina. Ou seja, se uma vaca prenha com aproximadamente 30 a 120 dias de gestação (segundo trimestre) estiver com uma infecção transitória (precisa ser a primeira infecção) o vírus irá passar por via transplacentária para o feto, pois com essa idade o feto ainda não tem maturidade imunológica (ele não consegue formar anticorpo) e o vírus quando entra se multiplica e o organismo do animal entende como se esse vírus fizesse parte dele. Depois de nascer ele continua com esse vírus se multiplicando no seu organismo ao longo de sua vida, liberando o vírus pelas suas excreções. Ou seja, essa vaca vai dar origem ao um animal PI (persistentemente infectado), ele é a fonte de infecção dos animais pois sua carga viral é muito alta. Animais PI costumam ter atraso de desenvolvimento, geralmente vão a óbito com aproximadamente 3 anos devido ao prejuízo (depleção) no sistema imune. Se essa vaca prenha tiver contato com o vírus antes dos 30 dias (primeiro trimestre) do feto, geralmente esses animais vão sofrer uma reabsorção embrionária ou um aborto. Ana Clara F. Galhano ☺ O aborto pode acontecer em qualquer fase da janela imunológica e a qualquer momento da gestação porque dependende da multiplicação viral e do organismo da fêmea em rejeitar o feto. Mas, pra ser um persistente infectado precisamos que a mãe tenha a infecção transitória nesse período de 30 a 120 dias do feto. ☺ Se a fêmea se infectar a partir dos 125-175 dias de gestação o feto tem a capacidade de criar os anticorpos, mas o vírus ainda consegue se multiplicar no embrião, podendo causar anomalias principalmente no SNC, podem ter hidrocefalia; ataxia. ☺ É preciso detectar quem é o PI para poder remove-lo do rebanho, visto que ele é a fonte principal de infecção ☺ Primeiro trimestre → abortamento/reabsorção embrionária ☺ Segundo trimestre → imunotolerância (30 a 120 dias), nele há vírus e não tem anticorpo ☺ 100 a 150 dias → comprometimento do SNC, há antígeno e anticorpo ☺ Ultimo trimestre → fetos normais, não detecta antígeno, mas há como saber se ele foi infectado se tiver anticorpos ☺ Geralmente quando a vaca se infecta por um vírus citopatogenico ela aborta devido a grande destruição das células. Sintomas Na infecção transitória um dos primeiros sintomas é a febre, diarreia (podendo ser hemorrágica), pneumonia, lesão oral, corrimento nasal, hipertermia e outros. Quando esses animais são infectados pela cepa mais virulenta pode haver uma síndrome hemorrágica. Na maioria das vezes os animais cursam de forma assintomática. Temos a infecção oronasal, existe uma predileção pelo sistema imunológico, primeiro há uma multiplicação primaria na parte respiratória se for por aerossol e depois a replicação secundaria nos linfonodos. Ó vírus pode ser transmitido de forma direta e indireta. Se trata de uma doença multifacetada. Animais infectados pelo BVDV 1 não criam anticorpos pro BVDV 2. Mutação do biótipo Devido as mutações o vírus que era não citopatogênico se torna citopatogênico. Ou seja, por uma mutação ele passa a causar lise nas células. São raros os animais que passam do não citopatogenico pro não citopatogenico. O que isso vai causar no bezerro? Ele agora tem um biótipo capaz de destruir as células e entende que aquele vírus é dele. Então ocorre multiplicação e destruição celular, levando o bezerro a óbito. Ocorre um quadro chamado de “doenças das mucosas”, no qual o animal apresenta um quadro de hemorragia que é fatal. Esse animal libera tanto o biótipo citopatogenico quanto o não citopatogenico. Esse quadro é raro. Ana Clara F. Galhano ❖ *40-120 dias – janela imunotolerante → possibilidade de formar animais PI ❖ Viremia – quando consegue detectar o vírus no sangue Diagnóstico Pode ser feito por epidemiologia, sinais clínicos, lesões apresentadas na necropsia e a confirmação é feita por testes. Além dos achados na necropsia como, por exemplo, erosões em todo o trato gastrointestinal, pode ser feito PCR, histopatologia, ou então confirmar com meios diretos (isolamento do vírus) e indiretos (busca de anticorpos). Na hematologia podemos observar leucopenia, linfopenia, anemia e trombocitopenia. Profilaxia Identificar os animais PI, realizar o controle da entrada de novos bovinos, deixando-os separados, de quarentena, e realizar o teste ao chegar na propriedade. Realizar a aplicação da vacina anualmente (cuidado com as vacas em período reprodutivo pra eliminar as chances de gerar um animal PI). Com a vacinação, perde-se o indicador sorológico da presença da infecção no rebanho. Observação: o vírus RNA de polaridade positiva ao entrar na célula hospedeira já é lido e interpretado como se fosse um RNA mensageiro. Então ele é lido pelos ribossomos e tem a formação de proteínas estruturais e não estruturais e a formação de novas partículas.
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