Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIDADE 4: EXAME FÍSICO DISCIPLINA: SEMIOLOGIA PROFª ENFª.: KARYNE NEGROMONTE Exame físico do sistema tegumentar O sistema tegumentar é composto pela pele, cabelo, couro cabeludo e unhas. Antes de iniciar a avaliação de cada um desses componentes, é importante avaliar o histórico de saúde do paciente. O enfermeiro deve questionar os seguintes pontos em relação a esses órgãos e estruturas do organismo: Pele: questionar se o paciente apresenta lesão, se usa protetor solar... Cabelo e couro cabeludo: questionar se o paciente observou alguma alteração (lesão) ou queda de cabelo excessiva. Unhas: questionar se o paciente tem hábito de higiene com as unhas, se observou presença de lesão ou micose. Exame físico da pele A pele deve ser examinada inicialmente com a inspeção das vias áreas; Atenção para evitar a exposição corporal do paciente repetidas vezes; Oferecer mais conforto ao indivíduo durante a realização do exame físico; O enfermeiro deve usar os sentidos de visão, olfato e toque durante as técnicas de inspeção e palpação; O procedimento poderá oferecer informações importantes sobre o estado de saúde do paciente (oxigenação, circulação, nutrição e hidratação). A pele deve ser avaliada em um ambiente com iluminação adequada, podendo ser utilizada a luz diurna ou artificial, dependendo das condições físicas do ambiente; A temperatura do local do exame também é importante, pois salas com temperatura elevada podem ocasionar vasodilatação superficial, causando aspecto avermelhado na pele, principalmente, nos indivíduos de pele clara. Exame físico da pele Odor Pés Coloração Hidratação Temperatura Textura Turgor Exame físico da pele Odor: estar atento aos odores da pele do paciente (jovens: odor mais forte devido ao maior nº de glândulas sudoríparas) Pés: avaliar os pés principalmente de idosos e diabéticos, considerando a temperatura, coloração e presença de lesões (deficiência de oxigenação ou circulação) Coloração: tende a ser homogênea nos bebês , podendo alterar ao longo da idade (exposição solar). A coloração altera dependo da região a ser examinada Hidratação: na pele hidratada há equilíbrio entre a quantidade de água e oleosidade da pele. A presença da umidade deve-se à transpiração (regiões de dobras cutâneas), após atividade física e obesos. Exame físico da pele Temperatura: relação com circulação sanguínea (aumento ou redução da temperatura pode estar relacionado a aumento ou redução do fluxo sanguíneo). Aumento de temperatura acompanhado de coloração avermelhada e baixa temperatura acompanhada de palidez. Textura: a pele normalmente possui textura lisa, fina, firme e macia. Crianças (pele macia e flexível). Adultos (pele menos macia, com redução da flexibilidade) e idosos (pele enrugada e enrijecida, com alteração de sensibilidade enrijecimento e aumento da espessura). Turgor: (elasticidade) alterada pela idade e desequilíbrio hídrico (edema e desidratação). Avaliado com pinça (dedo indicador e polegar), realizando a prega. Exame físico do cabelo e couro cabeludo Na avaliação dos pelos, é importante o enfermeiro estar atento à cor, distribuição, quantidade, espessura, textura e lubrificação dos cabelos. O cabelo pode sofrer variação podendo ser liso ou crespo, mas deve estar brilhante e flexível. A coloração do cabelo pode variar conforme a idade ou de forma artificial (tinturas); Em relação à idade, as crianças apresentam cabelo mais fino, adultos apresentar os fios mais espessos, e idosos, voltam a ter fios mais finos. Durante o exame físico, o enfermeiro deve fazer a inspeção do couro cabeludo e do cabelo; O enfermeiro deve buscar pequenas lesões e manchas na pele (anormalidade). Exame físico das unhas As unhas refletem sobre hábitos, estado nutricional, ocupação e saúde do indivíduo; A avaliação das unhas é feita pela inspeção e palpação. Na inspeção, é importante avaliar a forma, o tamanho, a cor, a simetria, a higiene e a configuração da unha. Em condições saudáveis, as unhas são transparentes e lisas. Quando estão roídas, com machas e bordas irregulares, pode indicar a falta de higiene; Na palpação, o leito da ungueal apresenta-se firme e sem anormalidades. Avaliar presença de anormalidades (edema, exsudato purulento ou eritema) processo infeccioso; Durante a palpação, o enfermeiro deve tocar levemente o leito ungueal e observar a coloração (rosada com pontas brancas ou escura com tom amarronzado; O crescimento das unhas ocorre de forma contínua (redução com a idade e a cutícula fica mais fina). Exame físico do sistema neurológico O sistema neurológico é complexo, pois está relacionado a uma série de funcionalidades do organismo: A avaliação física desse sistema deve ser detalhada e demorada; Ao se avaliar o sistema da cabeça e pescoço, o enfermeiro pode avaliar os nervos cranianos e o estado mental do paciente. Coordenação de movimentos Recepção e envio de comandos Controle hormonal Controle geral dos sistemas do organismo Exame físico do sistema neurológico 1. Estado mental e emocional • Avaliado pelo miniexame do estado mental (MEEM) • Mensura a orientação e a função cognitiva do indivíduo • Estruturado e com pontuação máxima de 30 pontos • Pontuação abaixo de 21 indica que há alguma alteração neurológica necessitada de uma avaliação mais detalhada. Exame físico do sistema neurológico 1. Estado mental e emocional • Avaliação do nível de consciência: Escala de Coma de Glasgow • Pacientes comunicativos: respondem aos questionamentos de forma espontânea, apresentando nível de consciência máximo; • Pacientes que apresentam alteração na abertura dos olhos, na resposta verbal e na resposta motora, podem apresentar um déficit no nível de consciência. Exame físico do sistema neurológico 2. Memória • A função intelectual é a memória do indivíduo (imediata, recente e passada); • A avaliação da memória pode ser feita solicitando ao paciente que fale seu nome de solteiro, por exemplo, que relate algo do passado, que conte o que comeu no dia anterior ou qual a primeira atividade realizada no dia. Exame físico do sistema neurológico 3. Função sensorial • Verifica a função sensorial, relacionada à dor, temperatura e sensações do organismo; • Normalmente, os pacientes reconhecem a dor, calor ou frio excessivo, e sentem o toque de algum objeto ou pessoa mesmo que tocados de forma suave; • Com a idade ou devido às patologias (diabetes e hanseníase), a perda da sensibilidade do paciente pode acontecer; •Na presença de perda de sensibilidade, o enfermeiro deve explicar ao paciente sobre a necessidade de cuidado com aquela região (passível de danos, lesões, queimaduras e traumas). Exame físico do sistema neurológico 4. Função motora • Pode ser feita durante a avaliação do sistema musculoesquelético; • Avaliar a função motora fina (o enfermeiro pede ao paciente para tocar o nariz com o dedo indicador de cada mão de forma alternativa) Normalmente, o indivíduo faz o movimento sem nenhum problema, de forma coordenada e rápida; • É importante observar o equilíbrio do indivíduo (pedir que o paciente caminhe, avaliando se o indivíduo fica em pé de forma equilibrada); • Verificar se o paciente precisar de algum apoio ou se consegue permanecer em posição ortostática sem dificuldade. Exame físico do sistema neurológico 5. Reflexos • A avaliação dos reflexos fornece informações sobre as vias sensoriais periféricas do paciente; • Ao fazer a avaliação dos reflexos, o enfermeiro deve manter o paciente o mais relaxado possível, para evitar tensionamento muscular ou movimento involuntários. Reflexo rotuliano Reflexo braquio-radial Reflexo bicipital Reflexo tricipital Exame físico da cabeça e pescoço A avaliação da cabeça e pescoço utiliza as técnicas da inspeção e palpação. Cabeça Olhos Nariz Boca Faringe Pescoço Exame físico da cabeça e pescoço 1. Cabeça •Inspecionar quanto à posição, tamanho, forma e contorno. • Normalmente, a cabeça se apresenta de forma centralizada e vertical em relação ao tronco; • Na palpação, observar se há presença de massa ou nódulos. • Em crianças recém-nascidas e até os dois anos de idade, é possível observar a abertura das fontanelas (aberturas dos ossos cranianos, que com o desenvolvimento da criança, fecham naturalmente); • Ao palpar as fontanelas, deve-se registrar quantas polpas digitais têm abertura e comparar com a avaliação anterior, observando se houve o fechamento. Exame físico da cabeça e pescoço 2. Olhos • Verificar acuidade visual (solicitar que o paciente leia um trecho de qualquer texto). • Ofertar iluminação adequada ao ambiente, para não prejudicar a sua percepção com relação ao paciente. • Certificar-se se o paciente usa ou não óculos, solicitando que o indivíduo permaneça de óculos durante a avaliação, caso os use com frequência. • Utilizar quadro de Snellen instrumento para avaliar a acuidade visual do paciente. • Quando identificado qualquer dificuldade visual, o enfermeiro deve encaminhar o paciente para avaliação com oftalmologista. • Avaliação do movimento ocular: pedir para que o paciente olhe fixamente para o indicador do enfermeiro, que deverá movimentar o dedo para direita e depois para esquerda; • Observar a simetria entre os olhos, sobrancelhas, pálpebras, pelos dos cílios e sobrancelhas. Exame físico da cabeça e pescoço 3. Ouvidos • Avaliar integridade e acuidade auditiva. • Inspecionar e palpar as estruturas do ouvido externo, observar a simetria das orelhas e a acuidade auditiva. • Identificar se há perda auditiva e em qual ouvido é a perda. • Atenção à idade: idosos apresentam uma acuidade auditiva menor. 4. Nariz • Inspecionar e palpar nariz e os seios paranasais; • Avaliar quanto a sua forma, tamanho, coloração da pele e presença de secreções ou deformidades. • Durante a palpação não deve haver dor e nem secreção, porém se houver pode ser sinal de inflamação (sinusite, gripe). Exame físico da cabeça e pescoço 5. Boca e faringe • A boca e a faringe devem ser avaliadas por inspeção e palpação • Utilizar luvas, abaixador de língua e lanterna para iluminação adequada da cavidade oral. • A inspeção dos lábios deve avaliar a simetria e coloração dos lábios, se a pele está hidratada • A palpação deve observar se há linfonodo ou massa palpável (anormais) • Na cavidade oral, observar a coloração da língua, mobilidade e a presença de lesões ou alterações na cor ou textura; • Os dentes devem ser avaliados quanto à higiene e a presença de cárie. • Se o paciente fizer uso de prótese dentária, solicitar que a remova e avaliar a gengiva (lesão decorrente da prótese). • A faringe deve ser avaliada com auxílio do abaixador de língua e lanterna. • Solicitar ao paciente que fale “ah” para que possa visualizar a faringe, avaliando a sua coloração e se há ou não presença de lesões. Exame físico da cabeça e pescoço 6. Pescoço • O pescoço deve ser inspecionado e palpado. • O pescoço permanece no centro do tronco e permite a rotação para direita e para a esquerda da cabeça. • Avaliar se existe a mobilidade e se ela é simétrica. • Na palpação, avaliar a glândula tireoide que esta localizada logo abaixo da cartilagem tireoide (“pomo de adão”) • Investigar se há presença de massa palpável e se o tamanho está normal. Exame físico do sistema respiratório O exame físico do sistema respiratório deve avaliar as funções ventilatórias e respiratórias dos pulmões. O exame deve ser feito via técnicas de inspeção e ausculta no tórax e pulmões. Inspeção: avaliar a coloração, presença de lesões na pele, simetria e expansibilidade dos pulmões. Observar movimentos respiratórios, uso da musculatura acessória. Avaliar FR (considerar variações conforme idade do cliente). Ausculta: deve ser feita em pontos frontais, laterais e posteriores para auscultar ambos os pulmões e comparar sons em todos os lados. Avaliar a presença de sons adventícios (roncos, sibilos, crepitações secreção nas vias aéreas). Exame físico do sistema cardiovascular O sistema cardiovascular é formado pelo coração e rede vascular (veias, artérias, arteríolas e vênulas) e o sangue; O coração é formado pelo miocárdio, responsável pelo bombeamento do sangue; Normalmente, o coração está posicionado no lado esquerdo do peito do paciente, com o ápice voltado mais à esquerda (ictus cordis 4º-5º EICE na linha hemiclavicular E). O exame físico cardiovascular é realizado com as técnicas: inspeção, palpação e ausculta. Exame físico do sistema cardiovascular Inspeção e palpação: Observar a coloração da pele e temperatura, palpar pulsos (carotídeo, radial e femoral), avaliar pressão sanguínea, perfusão tecidual e FC (considerar variações conforme a idade do cliente). Ausculta: focos de ausculta cardíaca: aórtico (2 ºEICD), pulmonar (2 ºEICE), tricúspide (borda esternal inferior E) e mitral (5 º EICE, na linha hemiclavicular) Exame físico do sistema digestório Para a realização do exame físico no sistema digestório, são aplicadas as técnicas de inspeção, ausculta, palpação e percussão. Durante o exame físico, é importante dividir o abdômen em quadrantes ou regiões, pois isso facilita o registro dos achados anormais. Exame físico do sistema digestório Inspeção: observar a postura do paciente (investigar dor abdominal), inspecionar a pele, observar a coloração, presença de cicatrizes, lesões e simetria abdominal. Avaliar umbigo (forma, cor e sinais de inflamação). Ausculta: realizada antes da palpação (interfere nos ruídos hidroaéreos). O peristaltismo (movimento intestinal) emite sons (irregulares) devido à passagem de ar, líquido ou fezes. A ausência de sons pode indicar obstrução intestinal. Auscultar ruídos da circulação (sopros) encaminhar ao médico. Palpação: visa encontrar alterações como órgãos aumentados de tamanho e volume (fígado e baço). A palpação deve ser superficial, seguida da profunda. Avaliar massa abdominal (fezes endurecidas ou massa tumoral). Exame físico do sistema gênito-urinário 1. Exame físico em mulheres • A mulher deve realizar o exame ginecológico (Papanicolau), com periodicidade uma vez ao ano, bem como o exame das mamas. • O enfermeiro deve explicar o procedimento à paciente e esclarecer dúvidas; • A sala onde será feito o exame precisa ser privativa e ventilada oferecer privacidade e conforto à paciente. • O enfermeiro deve deixar todos os materiais necessários dentro do consultório, pois após iniciar o exame ginecológico, o profissional não deve se ausentar, devido ao desconforto da paciente em posição ginecológica e risco à exposição; • Iniciar pela inspeção, observar a coloração da pele, a presença e distribuição dos pelos; • Verificar a presença de odor fétido que indique infecção e se há sinais de violência sexual. • Observar as características dos grandes lábios, se são simétricos e coloração da pele. Exame físico do sistema gênito-urinário 1. Exame físico em mulheres • Na avaliação da genitália interna, com a mão dominante, o enfermeiro deve abrir os grandes lábios, utilizando o dedo indicador e o polegar. • A mão não dominante deve palpar os pequenos lábios e observar a sensibilidade da região e verificar a aparência e coloração da pele; • Avaliar o orifício uretral, verificando se há presença de lesão ou infecção; • Em condições saudáveis, o clitóris possui aspecto rosado, sem edema e indolor. • Analisar a região retal e verificar a presença de hemorroidas ou algum indicativo de lesão ou infecção. • Com o auxílio do espéculo, o enfermeiro deve observar a coloração da parede vaginal, observar a coloração do colo do útero, se há presença de manchas ou verrugas • Coletar o material do colo do útero da paciente, utilizando uma espátula e uma escovinha, com o objetivo de avaliação citológica. • Realizar o teste de Schiller utilizando o iodo e observandoa coloração do colo do útero. • Finalizar com o exame físico das mamas (palpação). Exame físico do sistema gênito-urinário 2. Exame físico em homem • Avaliar a integridade da pele externa, a área inguinal e a distribuição dos pelos do órgão genital. • Na avaliação do pênis, realizar a retração do prepúcio para avaliação. • Para a avaliação do canal uretral, a glande deve ser comprimida, suavemente, com o dedo polegar e indicador; • o escroto deve ser palpado suavemente • avaliar se os dois testículos estão presentes (são assimétricos) • A pele do escroto apresenta-se com pregas e a ausência delas é um indicativo de edema testicular. • Avaliar a região anal, detectando se há a presença de hemorroidas ou lesões. Exame físico do sistema músculo- esquelético Pode ser feito de forma isolada ou durante a avaliação dos outros sistemas, utilizando as técnicas da inspeção e palpação. • Inspeção e palpação no sistema musculoesquelético: A inspeção geral deve iniciar avaliando a marcha para detectar se há alguma alteração quando o paciente se senta ou levanta. Palpar articulações, observar temperatura, sensibilidade e a resistência à pressão; Palpar músculos (considerar idade e biotipo do cliente). A avaliação da amplitude dos movimentos das articulações é necessária. Os movimentos podem ser maiores ou menores, dependendo da idade e da flexibilidade do indivíduo. Exame físico do sistema músculo- esquelético Avaliação do tônus muscular: • Avaliado a partir da movimentação de um membro relaxado; • No tônus normal, há uma resistência leve nas articulações e membros. • o paciente deve estar em uma posição estável e fazer força no antebraço flexionado. • o enfermeiro deve fazer força contrária para avaliar a força muscular. • o exame precisa ser feito nos dois lados e comparativamente. OBRIGADO(A)
Compartilhar