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#CURRÍCULO LATTES# Professora Mestre Rejane Heloise dos Santos Doutoranda em Administração na linha de Marketing e Cadeias Produtivas do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Maringá. Mestra em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (2017). Especialista em Engenharia de Produção pelo UniCesumar (2014). Graduada em Bacharelado em Administração pelo UniCesumar (2014), em Tecnologia em Processos Gerenciais pelo UniCesumar (2012) e Licenciada em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (2010). Experiência Profissional na área de Programação, Planejamento e Controle de Produção e Comercial. Pesquisas na área de Administração, principalmente, nos seguintes temas: cadeias produtivas, produção, competitividade, empreendedorismo, estruturas de governança, custos de transação e de mensuração. Professora da Universidade Estadual do Paraná (Campus Paranavaí). Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2650470257086462 Professor William Alexandre dos Santos Mestrando em Administração na linha de Marketing e Cadeias Produtivas do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Maringá. Especialista em Desenvolvimento de Sistemas para WEB pela Faculdade de Tecnologia América do Sul (2011). Graduado em Bacharelado em Administração pelo UniCesumar (2014), em Tecnologia em Processos Gerenciais pelo UniCesumar (2012) e em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual de Maringá (2010). Experiência Profissional na área de Gestão da Produção; Programação, Planejamento e Controle de Produção; Gerência de Tecnologia da Informação; Gestão de Desenvolvimento de Software; Análise de Tecnologia da Informação. Professor da Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná (UNIFATECIE) e Faculdade Cidade Verde (UniFCV). Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/9538663715406638 APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), vamos começar pensando sobre um conceito importante: você sabe o que é Manutenção Industrial? Que ela diz respeito ao cuidado dos recursos produtivos e equipamentos de uma empresa, buscando manter ou reparar cada item de uma planta produtiva? Se você já ouviu falar de manutenção, esse é um ótimo ponto de partida, porém se você não conhece nada sobre o assunto, não se preocupe, pois, a partir desse momento, iremos conhecer os principais aspectos da Manutenção Industrial e os caminhos da manutenção em uma empresa Na Unidade I iniciaremos com os conceitos básicos sobre a manutenção, as finalidades e os objetivos primordiais. Entenderemos toda a evolução histórica da função manutenção nas empresas, de sua origem até a atualidade, e conceitos atuais e futuros que vem sendo evidenciados na área. Na Unidade II, a estrutura e organização da manutenção em uma empresa será o principal foco. Ampliaremos nosso conhecimento sobre as condições básicas necessárias para que a manutenção funcione de maneira eficaz, quais os controles e padrões necessários, como ela pode ser organizada e o que é preciso para executar as suas funções. Depois disso, nós veremos que existe mais de uma forma de se organizar a manutenção, bem como as principais vantagens ou desvantagens de cada uma delas. Na Unidade III iremos compreender as abordagens da manutenção existentes: manutenção corretiva, manutenção preventiva, manutenção preditiva e manutenção preditiva, a perspectiva em que a manutenção é trabalhada e em que momento é mais adequado utilizar cada uma das abordagens. A Unidade IV trará uma abordagem sobre as técnicas principais de manutenção, análises e exames comumente utilizados, bem como ferramentas para análise de falhas e inspeção e recuperação dos componentes. Convidamos você a embarcar conosco nessa jornada de aprendizado sobre a manutenção industrial e ampliar as suas perspectivas a partir de tantos assuntos importantes que serão compartilhados. Que possamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! UNIDADE I A FUNÇÃO DA MANUTENÇÃO Plano de Estudo: • Manutenção: conceitos e definições • Evolução histórica da manutenção • Objetivos da Manutenção • Conceitos atuais da manutenção (TPM /RCM /RBM) Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar a manutenção e suas abordagens e as falhas • Compreender a evolução histórica da manutenção de suas origens aos dias atuais • Estabelecer a importância dos objetivos e benefícios relacionados à manutenção • Compreender as principais ferramentas emergentes no campo da manutenção. INTRODUÇÃO Antes de começarmos a falar sobre manutenção, iremos propor que você faça um exercício de reflexão inicial: imagine uma fábrica industrial, que trabalhe com a produção de produtos para enviar aos seus clientes. Tente imaginar as máquinas necessárias para produzir esses produtos e que algumas delas apresentam problemas, avarias, partes quebradas, peças desgastadas. Logo, elas ficam mais lentas, demorando muito mais tempo do que o esperado para produzir cada uma das partes desse produto. Em razão desses problemas, as vezes alguns itens produzidos em cada máquina apresentam defeitos, porque peças importantes da máquina ficaram muito velhas com o passar do tempo e já deveriam ter sido trocadas. Imagine que o funcionário responsável pela manutenção (quando a empresa tem um) não realiza o planejamento de paradas de máquinas e faz alguns reparos em momentos cruciais em que aquela etapa do processo produtivo não poderia ficar parada, porque havia pedidos grandes para serem faturados com aqueles produtos. Em alguns momentos, a fábrica inteira precisa parar porque uma das máquinas lá do meio do processo produtivo está com defeito e não solta peças para que as outras máquinas tenham material para trabalhar. Todos os funcionários ficam parados, esperando o conserto acontecer, a peça ser trocada e os pedidos de vendas que os clientes receberiam com esses produtos acabam se atrasando e sendo entregues fora do prazo prometido. Esse desconforto gerado na relação com os clientes faz com que eles cancelem os pedidos que fizeram com a empresa. Em alguns momentos eles ficam tão aborrecidos que prometem nunca mais comprar nada da empresa, pois eles perdem negociações com seus próprios clientes que contavam que aquele produto seria entregue no prazo, mas o pedido sofreu atrasos e não chegou. O prejuízo acaba sendo do cliente e da fábrica. Por meio desses exemplos, alguns problemas de manutenção são evidenciados e ficou mais fácil perceber a importância de se realizar manutenções adequadas e planejadas para cuidar dos equipamentos e instalações das empresas, de modo que se mantenham em funcionamento e não prejudiquem o andamento da produção, mas impulsione-o, favorecendo toda a competitividade da empresa. 1 MANUTENÇÃO: CONCEITOS E DEFINIÇÕES Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/technician-factory-machine- maintenance-working-wrench-304936823 1.1 O conceito da Manutenção Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 610) afirmam que manutenção é “quando as empresas tentam evitar as falhas cuidando de suas instalações físicas”. É uma parte importante da maioria das operações realizadas pelas empresas e, dependendo da atividade que a empresa realiza, as atividades de manutenção podem ser responsáveis por boa parte do tempo de trabalho dos gerentes de operações. Atividades como centrais elétricas, hotéis, companhias aéreas são exemplos de empresas em que a manutenção desempenha papéis centrais (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). A manutenção costuma ser formalmente definida como a “Combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma funçãorequerida” (ABNT, 1994, p. 6). Em outras palavras, significa realizar tudo que for preciso para garantir que todos os itens estejam funcionando de forma a atender as funções para as quais foram projetados. Logo, as atividades de manutenção existem para evitar a degradação e avaria dos equipamentos e instalações, causadas pelo desgaste natural e uso nas atividades das organizações. Essa degradação pode ser percebida de várias maneiras, como, por exemplo, a aparência externa das máquinas e instalações que podem apresentar um aspecto ruim, a fabricação de um produto final que acaba ficando com qualidade inferior ao desejado, poluição ambiental, perdas relacionadas ao desempenho que fica comprometido, paradas ocasionadas por falhas nos equipamentos que, em muitos casos, acabam gerando também uma parada em todo o sistema produtivo de uma empresa (XENOS, 1998). Xenos (1998) afirma que todas essas manifestações influenciam negativamente no desempenho da empresa, uma vez que baixa produtividade e baixa qualidade colocam em risco a sobrevivência de uma empresa no mercado. Logo, a manutenção pode desempenhar um papel importante na melhoria da produtividade de uma organização. 1.2 As Falhas O conceito formal de falhas diz respeito ao término da capacidade de um item desempenhar a função esperada (ABNT, 1994). Sempre há possibilidades de que as coisas possam sair erradas por algum motivo, porém deve-se lembrar que aceitar que as falhas podem acontecer não significa ignorá-las. O grau de complexidade e seriedade das falhas varia, algumas são eventuais e podem não ser identificadas, outras podem ser catastróficas. As empresas precisam distinguir os tipos diferentes de falhas e prestar muita atenção naquelas que são críticas. Isso não significa dizer que algumas falhas não são importantes, mas sim que em algumas operações, a falha, definitivamente, não pode acontecer. Exemplos disso são falhas em aviões em voo, falhas no sistema elétrico dos hospitais, em cintos de segurança de carros, pois em algumas operações as falhas podem ser fatais (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Xenos (1998) explica que existem algumas condições possíveis para o estado de um equipamento: 1) ele pode estar em perfeitas condições de funcionamento; 2) pode estar completamente quebrado ou 3) pode estar funcionando em velocidade inferior, produzindo produtos defeituosos. No terceiro caso, as falhas costumam ser identificadas porque o equipamento não está produzindo de acordo com o desempenho esperado. Esse desempenho esperado pode estar associado a parâmetros mensuráveis (que podem ser medidos) ou indicações claras de como aquele produto deve ser, como aquele equipamento deve funcionar. Existem muitas razões para que um equipamento venha a falhar, como, por exemplo: falta de resistência (característica do próprio produto e resultante de deficiências de projeto, erros nas especificações dos materiais, deficiências nos processos de fabricação e montagem); uso inadequado (exigir do equipamento esforços fora de sua capacidade) ou manutenção inadequada (significa que as ações preventivas para evitar a deterioração dos equipamentos são inadequadas) (XENOS, 1998). Xenos (1998) explica que assim que os equipamentos entram em operação, todos estão sujeitos a um grande número de esforços que levam à sua deterioração e, ao longo do tempo, essa deterioração diminui a resistência do equipamento. Uma falha, portanto, ocorrerá sempre que a resistência do equipamento cair abaixo dos esforços a que os equipamentos estiverem submetidos. 1.3 Três Abordagens da Manutenção Em todas as empresas, existem três abordagens da manutenção para cuidar das instalações físicas, são três formas de conceber e tratar da manutenção: manutenção corretiva, manutenção preventiva e manutenção preditiva. Slack, Chambers e Johnston (2009) explicam cada uma delas: ● A primeira abordagem, da manutenção corretiva, como o nome já diz, significa deixar todos os equipamentos trabalhando até a falha ou até quebrar. Nessa abordagem, o trabalho de manutenção é realizado somente depois do problema ter acontecido. Por exemplo, a manutenção corretiva em um automóvel pode ser associada à troca de uma lâmpada queimada. Ou seja, ela só será trocada quando ela apresentar falha, como ilustrado por meio da Figura 1. ● A manutenção preventiva tem o objetivo de eliminar ou reduzir possibilidades de falhas por manutenção das instalações ou dos equipamentos em intervalos planejados previamente. Utilizando o exemplo do automóvel na Figura 1, identifica-se a troca de óleo periódica, de acordo com as especificações do manual do fabricante. ● A abordagem da manutenção preditiva, por sua vez, irá realizar manutenções apenas quando as instalações necessitarem, sem agendar previamente paradas que talvez ainda não fossem necessárias. Logo, é necessário que haja um monitoramento constante na máquina ou instalação com o objetivo de identificar alterações que indiquem a necessidade de manutenção. No exemplo do carro, na Figura 1, quando o motorista monitora os barulhos diferentes que o carro possa apresentar, checa os pneus para analisar a necessidade de ar ou de troca, está realizando esse tipo de manutenção. Figura 1 - Três principais abordagens da manutenção Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 612). Cada uma dessas abordagens é adequada para diferentes circunstâncias e serão detalhadas na Unidade III desta apostila. 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MANUTENÇÃO Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/mechanical-inspector-inspection-oil- pump-centrifugal-483141763 A manutenção industrial evolui a maneira em que evoluem também o desenvolvimento da tecnologia, a complexidade dessa tecnologia, o aumento significativo do número e da quantidade de ativos físicos (como, por exemplo, equipamentos, instalações, prédios industriais) e evolui também de acordo com a necessidade de se reduzir custos com as paradas no processo produtivo das fábricas e buscar o aumento da produtividade de todos os processos produtivos envolvidos na fabricação dos bens e produtos. Acresce-se a isso as exigências regulamentares que tendem a acompanhar esse desenvolvimento e também o atendimento das crescentes questões ambientais e de sustentabilidade (KARDEC; NASCIF, 2009; LINZMAYER, 2013). A manutenção industrial surgiu no contexto do Século XVI, quando ocorreu um crescimento significativo da produção industrial e o funcionamento adequado das máquinas passou a ter cada vez mais importância. Com a Segunda Guerra Mundial, a partir de 1939, começou a ganhar ainda mais destaque e passou a incluir técnicas de planejamento, organização e controle das manutenções (GREGÓRIO; SILVEIRA, 2018). Kardec e Nascif (2009) explicam que, ao analisar a evolução da Manutenção, a partir de 1930 ela pode ser dividida em quatro gerações. Gregório e Silveira (2018) acrescentam uma quinta fase à essa evolução. Cada uma dessas fases será detalhada a seguir. ▪ Primeira geração: abrangeu todo o período anterior a Segunda Guerra Mundial, em que a indústria era pouco mecanizada e os equipamentos eram simples. Na conjuntura econômica daquela época a produtividade não era considerada prioridade, por isso não ocorria uma manutenção organizada e planejada. Eram realizados somente serviços de limpeza, lubrificação, reparo após a quebra, em outras palavras, apenas a manutenção do tipo corretiva era realizada, ocasionando em desgaste dos equipamentos e, consequentemente, gerando falhas e quebras. ▪ Segunda geração: entre os anos 1950 e 1970 (após a Segunda Guerra Mundial) havia as pressões do pós-guerra que de um lado impulsionaram a demanda por produtos de todos os tipos, mas de outro enfrentaram a mão de obra reduzida. Esse contexto desencadeou um grande aumentoda mecanização e complexidade das instalações industriais, tornando a indústria muito dependente de um bom funcionamento das máquinas. A confiabilidade, a disponibilidade são critérios que começam a ser buscados, junto com maior produtividade, fazendo surgir o conceito de manutenção preventiva. Começa a se pensar em evitar falhas de equipamentos e buscar meios de planejar uma manutenção que pudesse ser menos custosa e aumentar a vida útil das máquinas. ▪ Terceira geração: a partir da década de 70 ocorreu uma aceleração do processo de mudança nas indústrias. A paralisação do processo produtivo passou a ser uma grande preocupação, que, além de diminuir a capacidade de produção, eleva os custos e afeta a qualidade dos produtos. Na manufatura, os efeitos dos tempos de paralisação agravaram-se em decorrência da tendência desse período em se implantar os sistemas just-in-time (JIT). Nessa nova perspectiva de se pensar a produção, como passou a se buscar trabalhar com muito pouco estoque, significava que pausas pequenas na produção poderiam impactar na fábrica como um todo, paralisando o processo produtivo e portanto, a necessidade do monitoramento de condições originou a manutenção preditiva com apoio tecnológico. ▪ Quarta Geração: a crescente automação e mecanização elevou a importância dos conceitos de confiabilidade e disponibilidade e também significou falhas mais frequentes, gerando consequências nos padrões de qualidade, na segurança e no meio ambiente em um período que as exigências feitas a empresas nesses quesitos também se elevaram. ▪ Quinta Geração: aproximadamente após o ano 2005, o foco passa a ser a gestão dos ativos e a manutenção preditiva ganha destaque e importância, principalmente com o monitoramento das condições de formas on e off-line. Gregório e Silveira (2018) afirmam que, conforme a necessidade foi sendo percebida, algumas normas foram sendo estabelecidas para os procedimentos da manutenção. O Quadro 1 dispõe sobre as principais normas brasileiras vigentes na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), relativas à manutenção. Quadro 1 - Principais normas brasileiras vigentes na (ABNT), relativas à manutenção NORMA ANO DESCRIÇÃO NBR 5462/1994 1995 Dispõe sobre a Confiabilidade e mantenabilidade NBR 5674/2012 2012 Manutenção de edificações: Requisitos para o sistema de gestão da manutenção ISO 55000:2014 2014 Visão geral de gestão de ativos, seus princípios e terminologia, e os benefícios esperados com a adoção da gestão de ativos. NR10: 1978 1978 Requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. NR12: 1978 1978 Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos Fonte: Gregório e Silveira (2018) De acordo com Kardec e Nascif (2009), além dessas razões para a mudança da manutenção, alterações complexas têm permeado o ambiente organizacional, ou seja, os projetos passam a ser mais complexos, novas técnicas de manutenção têm sido aplicadas, novos enfoques e responsabilidades têm caído sobre os profissionais da manutenção. Logo, a manutenção passa a ser vista também como uma função estratégica dentro da organização. Em se tratando da manutenção industrial no momento atual, os desafios estabelecidos dizem respeito ao avanço da tecnologia, em um período que tem sido chamado de quarta revolução industrial ou indústria 4.0, que alia equipamentos sem fio, sendo operados remotamente, equipamentos robóticos simulando funções humanas, sensores tecnológicos, interconexões entre máquinas, soluções de Cloud (computação e armazenamento em nuvem). Isso gera mudanças também na manutenção que, em muitos casos, permite que seja realizada remotamente por um profissional técnico que pode estar a quilômetros de distância do equipamento, além de questões de autodiagnóstico do estado de “saúde” dos equipamentos (BORLIDO, 2017). Linzmayer (2013) afirma que, desde 1940 até os anos recentes, houve uma completa revolução e grande evolução da manutenção industrial em todo o cenário mundial. Essas alterações acabaram por colocar à prova as competências, conhecimentos e habilidades dos profissionais responsáveis pela manutenção, sejam eles engenheiros ou administradores dos sistemas produtivos manufatureiros e tornando necessário a busca por novos conhecimentos tecnológicos e administrativos para complementar suas habilidades, fomentar atitudes inovadoras e diferenciadas nas equipes de chão de fábrica, fabricantes e fornecedores e com a direção da indústria. 3 OBJETIVOS DA MANUTENÇÃO Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-industrial-workers-refinery-oil- processing-1183609642 Kardec e Nascif (2009, p. 23) afirmam que a missão da manutenção é “garantir a confiabilidade e a disponibilidade da função dos equipamentos e instalações de modo a atender a um processo de produção ou de serviço, com segurança, preservação do meio ambiente e custos adequados”. Os benefícios da manutenção para uma empresa são inúmeros. Na concepção de Slack, Chambers e Johnston (2009), podemos citar: ● melhorias na segurança; ● confiabilidade aumentada; ● maior qualidade dos produtos produzidos (uma vez que os equipamentos não estejam funcionando corretamente, podem gerar problemas no produto produzido); ● custos de operação menores (já que muitos equipamentos tecnológicos funcionam melhor quando recebem manutenção regular); ● tempo de vida mais longo para o processo de tecnologia e valor residual mais alto (já que os equipamentos bem mantidos podem ser vendidos mais facilmente como usados). Xenos (1998) afirma que muito frequentemente as atividades relacionadas à manutenção devem ter um escopo mais abrangente do que apenas manter as condições originais dos equipamentos em funcionamento. Na maioria das empresas, somente manter essas condições é insuficiente e é necessário buscar formas de melhorias que incrementem a produtividade, sendo esta uma responsabilidade adicional dos departamentos de manutenção. Para esse autor, as atividades de manutenção podem, então, ser divididas em atividades de manutenção e atividades de melhoria. As atividades de manutenção possuem o objetivo de manter as condições originais de operação e desempenho dos itens por meio dos reparos em avarias nessas condições originais, mantendo suas características e capacidade ao longo do tempo. Logo, assume-se que qualquer atividade de manutenção somente poderá restabelecer as condições originais dos equipamentos, nunca exceder tais condições (XENOS, 1998). As atividades de melhoria mencionadas pelo autor objetivam melhorar as condições originais de operação, desempenho e confiabilidade, adicionando modificações em seu projeto e configurações original. Esse objetivo diz respeito a necessidade de se atingir patamares de produtividade mais elevados para esses equipamentos. As atividades de melhorias necessitam ações específicas (técnicas e gerenciais) resultando na modificação dos padrões e procedimentos existentes (XENOS, 1998). 4 CONCEITOS ATUAIS DA MANUTENÇÃO (TPM /RCM /RBM) Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-industrial-workers-refinery-oil- processing-1182497122 Uma das propostas da manutenção é a promoção da confiabilidade das operações produtivas, de forma que os prazos estipulados por pedidos de venda, planos de produção e outros processos regulados por projeções em datas, sejam cumpridos e viabilizem os fluxos previstos por esses procedimentos. Assim, afirmam Slack, Chambers e Johnston (2009), alguns métodos procuram aprimorar essa confiabilidade nas operações, por meio da eliminação de pontos conhecidos de falha, construção de mecanismosde redundâncias e concepção de mecanismos à prova de falhas. No entanto, é na manutenção dos equipamentos físicos presentes nas operações que se enquadra a maneira mais comumente utilizada para aperfeiçoar essa confiabilidade. Como já discutimos no item 1.3, a manutenção pode ser acometida inicialmente por meio de três abordagens mais comuns: manutenção corretiva (realizada apenas quando o equipamento apresenta defeito), manutenção preventiva (realizada, mesmo sem apresentar defeitos, periodicamente, de acordo com as especificações técnicas do equipamento) e manutenção preditiva (realizada após monitoramento recorrente, buscando prever quando o equipamento apresentará problemas) (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). No entanto, essas abordagens podem não ser suficientes para promover a confiabilidade necessária às operações, assim, outras abordagens poderão servir como ferramentas. É o caso da Manutenção Produtiva Total (MPT ou TPM, do inglês total productive maintenance), Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC ou RCM, do inglês reliability centered maintenance) e Manutenção Baseada em Riscos (MBR ou RBM, do inglês risk based maintenance). Cada uma delas será detalhada a seguir. 4.1 Manutenção Produtiva Total (MPT) Para Slack, Bandron-Jones e Johsnton (2015), a Manutenção Produtiva Total (MPT), com sua origem no Japão, tem como princípio a autonomia delegada aos funcionários ou equipes para a gestão da manutenção produtiva, procurando fazer com que esses grupos observem a importância da conservação no sentido da confiabilidade e eficiência econômica da estrutura fabril. Essa é ideia da melhoria produtiva contínua, que, no caso da manutenção, se preocupa com a prevenção das falhas. Como afirmam os autores, é possível fazer uma analogia, inclusive, com a Gestão da Qualidade Total. A MPT procura alcançar cinco metas, elencadas por Slack, Bandron-Jones e Johsnton (2015), para uma boa prática de manutenção das operações: 1. Ao analisar todas as perdas que podem ocorrer na execução de uma operação em determinado equipamento, a MPT busca atingir a melhoria da eficácia deste. 2. Ao delegar autonomia aos funcionários, possibilitando que assumam responsabilidades pela manutenção e melhoria do desempenho de algumas tarefas, a MPT procura abranger a manutenção autônoma. 3. Ao programar vistorias regulares nos equipamentos e outras atividades orientadas à manutenção, a MPT busca alcançar o planejamento das manutenções. 4. Ao orientar e treinar, desde a operação até a manutenção do equipamento, a MPT possibilita o desenvolvimento dos funcionários, de modo que todos adquiram habilidades de manutenção. 5. Ao considerar as causas das principais falhas que poderão ocorrer no equipamento, bem como sua capacidade de manutenção, em todas as etapas de vida (projeto, fabricação, instalação e uso), a MPT procura antecipar a gestão do equipamento por meio da prevenção da própria manutenção. 4.2 Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) A Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) procura orientar a abordagem para manutenção baseada em um padrão que cada falha apresenta. Dessa maneira, as falhas das operações seriam analisadas, classificadas e uma medida, seja ela preventiva, corretiva, preditiva ou outra abordagem, seria tomada de acordo com essa classificação (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2015). Slack, Bandron-Jones e Johsnton (2015) utilizam o exemplo de um processo de trituração de vegetais para demonstrar que uma etapa desse procedimento pode apresentar modos distintos de falha que, por sua vez, podem gerar problemas iguais e, até mesmo, diferentes. A Figura 2 apresenta o processo de trituração e o problema principal (que indica haver uma falha) é a desigualdade dos pedaços resultantes desse processo de trituração. Os autores apontam que as lâminas trituradoras (trituradores) poderiam ser o objeto principal da análise, mas que vários modos de falha poderiam levar a apresentar problemas nesse processo. Por vezes, a troca das lâminas já resolveria o problema (indicando que a falha no processo foi gerada por desgaste dos componentes). Para tanto, uma manutenção preventiva seria mais eficiente quando o desgaste ocasionado pode ser apurado em intervalos de manutenção evitando maior probabilidade da falha. Em outros casos, a origem dos desgastes ou danos nas lâminas poderia ser ocasionada por situações não naturais ao processo, como, por exemplo, pequenas pedras que entram junto com os vegetais no processamento. Dessa vez, uma melhor alternativa seria uma abordagem que evitasse a entrada dessas pedras, introduzindo, assim, uma tela como mecanismo à prova dessa falha. Há ainda casos em que o resultado desigual pode estar sendo ocasionado por falta de ajustes das lâminas, indicando, por exemplo, que a fixação inadequada dos trituradores no momento da troca pudesse ser a origem do problema. Dessa maneira, um treinamento mais adequado aos funcionários da manutenção pudesse evitar o problema (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2015). Figura 2 - Processo de trituração Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015, p. 610). Como as origens das falhas podem ser variadas (e, como visto no exemplo, foram abordadas apenas algumas das possíveis causas), é melhor alguma ação do que uma inação. Em outras palavras, a abordagem MCC pode ser resumida nos seguintes termos: se as origens para as falhas são variadas, existe uma dificuldade em prever ou evitar as falhas e as consequências geradas pelas falhas são consideráveis, é prudente que se reduza os impactos causados pelas falhas (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2015). 4.3 Manutenção Baseada em Riscos (MBR) Como pontua Souza (2008), a Manutenção Baseada em Riscos (MBR) tem sua estrutura embasada em duas principais fases: a análise do risco e a manutenção planejada com base nessa análise. Nesse sentido, o objetivo principal da MBR é reduzir (por meio da redução do risco total) a probabilidade de que falhas, mesmo que inesperadas, ocorram. Com o objetivo de estabelecer critérios, observa-se, por meio de atividades de inspeção e manutenção, os componentes que podem apresentar altos riscos de falhas, priorizando e quantificando esses riscos, bem como, inspecionando e realizando a manutenção daqueles com maior potencial (SOUZA, 2008). Para Souza (2008), a metodologia da MBR pode ser resumida em seis principais pontos: 1. Análise de perigo: realizada para evidenciar o cenário de falha (desenvolvidos a partir das características operacionais e geometrias do sistema produtivo, condições físicas em que são ocorridas as operações e arranjos possíveis de segurança). 2. Avaliação de probabilidade: calcular a frequência ou a probabilidade da ocorrência da falha em específico período. 3. Avaliação de consequência: quantificar as consequências (perdas de produção e perdas de ativo) em um cenário de possível falha. 4. Estimativa de risco: quantificar o risco por meio de análise da avaliação de probabilidade versus avaliação de consequência. 5. Aceitação de risco: estabelecido um critério de aceitação de risco, o risco encontrado é comparado é tratado como aceitável ou exigido sua redução. 6. Manutenção planejada: ação adotada para reduzir o risco por meio de um plano de manutenção. SAIBA MAIS A abordagem just-in-time (JIT) que também é chamada de “enxuta”, consiste em uma filosofia ou método para planejar e controlar as operações, com impactos na melhora do desempenho da produção. Seus princípios são contrários aos da administração da produção tradicional e buscam eliminar todos os desperdícios, tornando a produção mais rápida, mais confiável e incrementando a qualidade. Sua asserção principal consiste em produzir bens e serviços exatamente (e tão somente) quando são necessários, não antes, para que nãose formem estoques, e não depois, para não deixar o cliente esperando. O JIT objetiva atender a demanda instantaneamente, com qualidade perfeita e eliminando desperdícios, o que requer envolvimento de todos os funcionários da empresa, trabalhando em equipe. Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009). #SAIBA MAIS# REFLITA “A confiabilidade de um item corresponde à sua probabilidade de desempenhar adequadamente o seu propósito especificado, por um determinado período de tempo e sob condições ambientais predeterminadas”. Fonte: Leemis (1995, apud FOGLIATTO; RIBEIRO, 2011, p. 2). #REFLITA# CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa unidade da apostila procuramos evidenciar os conceitos básicos em torno da Manutenção. O objetivo principal foi mostrar o impacto que essa função exerce sobre a organização, principalmente, sobre a parte fabril da empresa. Destacamos o conceito de falhas, a importância de se identificar as falhas e a necessidade de um planejamento da manutenção produtiva como forma de proporcionar o aumento da vida útil dos equipamentos, melhorar a segurança e confiabilidade do sistema produtivo, reduzir custos e aumentar a qualidade dos produtos e dos processos produtivos, bem como tornar fluxo mais coerente possível com o desempenho planejado. Tratamos, mesmo que de forma rápida (pois serão objetos de estudo de unidades posteriores), as formas inicialmente mais comuns de se realizar a manutenção em uma empresa: preventiva, corretiva e preditiva. Assim, buscamos estabelecer alguns conceitos-chaves para o entendimento da Manutenção. Por meio de uma revisão histórica, no intuito de contextualizar a leitura, retratamos as gerações e principais mudanças ocorridas durante a trajetória evolutiva da Manutenção até chegarmos ao que hoje chamamos de Indústria 4.0. Por fim, trouxemos conceitos atuais da manutenção, envolvendo três principais abordagens: Manutenção Produtiva Total, Manutenção Centrada em Confiabilidade e Manutenção Baseada em Riscos. Abordagens essas que englobam todos as definições trabalhadas nessa unidade e se sustentam como modelos potenciais para aplicação da manutenção nas organizações. LEITURA COMPLEMENTAR Para conhecer um pouco mais sobre as inovações tecnológicas relativas à Indústria 4.0, e os impactos da manutenção industrial nesse novo contexto, o artigo de Silva e Lima (2019) traça um panorama contextual. Link para acessar o artigo: http://aprepro.org.br/conbrepro/2019/anais/arquivos/09302019_100936_5d920250 791a4.pdf http://aprepro.org.br/conbrepro/2019/anais/arquivos/09302019_100936_5d920250791a4.pdf http://aprepro.org.br/conbrepro/2019/anais/arquivos/09302019_100936_5d920250791a4.pdf LIVRO • Título: Manual de Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade • Autor: João Ricardo Barusso Lafraia • Editora: Qualitymark • Sinopse: A obra aborda três temas essenciais da manutenção industrial: Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade, escrito na forma de um manual, abordando estudos de casos e exemplos práticos. Pode ser utilizado por profissionais e por estudantes, os capítulos iniciais do livro abordam os conceitos de Confiabilidade e Confiabilidade humana. Os demais capítulos mostram os conceitos básicos de Mantenabilidade e Disponibilidade. No final do livro, o autor resume a técnica de Inspeção baseada em Risco, destinado ao pessoal de manutenção voltado para a inspeção de equipamentos, e um capítulo sobre aspectos gerenciais. FILME/VÍDEO O vídeo: “Evolução da Manutenção” explica um pouco da evolução dos conceitos e abordagens da manutenção ao longo do tempo. • Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ZTzQHcK-wu8 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. ABNT NBR 5462:1994: Confiabilidade e mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. BORLIDO, D. J. A. Indústria 4.0 – Aplicação a Sistemas de Manutenção. 2017. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, 2017. FOGLIATTO, F.S.; RIBEIRO, J. L. D. Confiabilidade e manutenção industrial. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2011. GREGÓRIO, G. F. P.; SILVEIRA, A. M. Manutenção industrial. Porto Alegre: SAGAH, 2018. KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. LINZMAYER, E. Manutenção industrial no Brasil e no mundo. Revista P&S, São Paulo: Editora Banas, ano 39, jan. 2013. Disponível em: https://banaseiro.files.wordpress.com/2013/02/manutenc3a7c3a3o-industrial-pag- 19_457.pdf. Acesso em: 20 jun. 2020. SILVA, D. S; LIMA, E. V. O planejamento e controle da manutenção na indústria 4.0. In.: IX Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção. 2019, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa, 2019. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SOUZA, J. B. Alinhamento das estratégias do planejamento e controle da manutenção (PCM) com as finalidades e funções do planejamento e controle da produção (PCP): uma abordagem analítica. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2008. XENOS, H. G. Gerenciando a manutenção produtiva. Belo Horizonte: DG, 1998. UNIDADE II ORGANIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO Plano de Estudo: • As condições básicas da manutenção • Manutenção centralizada, descentralizada ou mista • A manutenção na hierarquia da empresa • O Planejamento e o Controle da Manutenção Objetivos de Aprendizagem: • Identificar as condições básicas necessárias para o funcionamento eficaz da manutenção em uma empresa • Conceituar e contextualizar os modos de se organizar a manutenção • Compreender os níveis de organização e hierarquia da manutenção • Estabelecer a importância do Planejamento e o Controle da Manutenção INTRODUÇÃO Na Unidade I nós compreendemos o conceito de manutenção, seus objetivos e funcionalidades, sua evolução histórica e conceitos contemporâneos. Foi possível entender a razão pela qual a manutenção é tão necessária e também tão importante em uma organização. Porém, conhecer os principais conceitos e objetivos da manutenção não basta para que possamos entender como ela funciona na prática, como ela se estrutura em uma empresa, integrada às demais áreas de operação e como são as rotinas e práticas desse dia a dia. Há requisitos básicos para iniciar as atividades de manutenção em uma empresa? Por onde começar? Existe apenas um modo de se estruturar a manutenção? Como a manutenção pode ser organizada e qual(is) o(s) nível(is) hierárquico(s) de sua atuação? Quem são os funcionários da manutenção? O que o Planejamento e Controle (PCM) da manutenção deve fazer? Todas essas perguntas serão respondidas nesta unidade. Nós iremos começar com uma descrição das condições básicas necessárias para que a manutenção funcione de maneira eficaz, quais os controles e padrões necessários, como ela pode ser organizada e o que é preciso para executar as suas funções. Depois disso, nós veremos que existe mais de uma forma de se organizar a manutenção, tornando-a um órgão ou departamento dentro da empresa, dividindo suas tarefas entre os departamentos que já existem na empresa ou até mesmo utilizando uma combinação desses dois modos. Serão analisadas também as principais vantagens ou desvantagens de cada um deles. Após o estudo desta unidade, vai ficar mais fácil compreender como as funções da manutenção se enquadram na hierarquia de uma empresa, considerando os três níveis de horizonte de planejamento: o estratégico, o tático e o operacional. Logo, o Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) também será abordado, favorecendo o entendimento de quais são as suastarefas e como uma empresa pode planejá-las. Nesse sentido, todos os pormenores da organização da manutenção em uma empresa serão abordados, para que você tenha a noção operacional de seu funcionamento e aplicação. 1 CONDIÇÕES BÁSICAS Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-supermarket-cart-car-parts- rear-1011101980 Viana (2002) aponta algumas condições básicas principais imprescindíveis à implementação e funcionamento da manutenção de forma eficaz nas organizações, como, por exemplo: o tagueamento, o levantamento das características técnicas dos equipamentos, materiais para manutenção, histórico de manutenção. Cada uma dessas condições será analisada nas seções seguintes. 1.1 O Tagueamento Viana (2002) explica que a palavra tagueamento na indústria representa a identificação da localização das áreas operacionais que existem dentro de uma empresa e também cada um dos seus equipamentos. Essa identificação torna mais fácil sua rastreabilidade, ou seja, facilita para que qualquer setor ou funcionário da empresa possa encontrar o equipamento referido. A tag auxilia no controle operacional como um todo, seja no levantamento de número de quebras, disponibilidade, custos, obsolescência, porque ela é a base da organização da manutenção, uma vez que o histórico de cada equipamento será organizado por meio dela (ver seção 1.5 desta unidade). Teles (2020) explica que o tagueamento diz respeito à aplicação de uma etiqueta (de preferência colorida) em cada um dos equipamentos, com um código único (que geralmente é composto por números e letras), ou seja, uma identidade para cada equipamento. O tagueamento consiste, portanto, em um processo de identificação individual para cada equipamento, que orienta e auxilia a localização dos setores que contêm tais equipamentos, a indicação de qual processo cada equipamento se refere, quais equipamentos receberão manutenção. Geralmente a tag é um código, composto por vários níveis, sendo um dos níveis relacionado à área, outro para a subárea, qual etapa do processo produtivo pertence, dependendo de como a empresa se organiza. A Figura 1 ilustra um exemplo de como um tagueamento em um equipamento pode ser realizado. Figura 1 - Tagueamento Fonte: Teles (2020). Teles (2020) explica que tais identificações nos equipamentos são necessárias para organizar operações rotineiras, como, por exemplo, para que um funcionário saiba de qual máquina o outro está falando, para que setores diferentes na empresa se refiram às máquinas, sabendo qual delas está sendo tratada, apontando-as nos documentos de forma organizada. Sendo assim, o tagueamento facilita a rastreabilidade, a organização e comunicação sobre o equipamento. 1.2 Arquivo com as Características Técnicas dos Equipamentos As empresas devem manter, vinculado a cada um dos equipamentos e máquinas de sua planta, um arquivo com suas especificações técnicas de fácil acesso para consulta. Esse arquivo precisa conter especificações de componentes, peças, dimensões, facilitando o processo de compra, a substituição de um fornecedor quando isso for necessário, a melhoria no processo, a busca por similaridade, tanto de itens quanto de equipamentos (VIANA, 2002). Para elaborar esse arquivo, segundo Viana (2002), é necessário que se faça um levantamento prévio e cadastro contendo as características de cada equipamento da planta, algo que demanda tempo. O autor sugere um modelo para elaborar esse arquivo, chamado de Folha de Especificação (FE) e afirma que é necessário classificar as máquinas em grupo e depois elaborar uma FE para cada grupo de máquinas. Esse cadastro pode ser feito por meio de softwares que armazenam esses dados sobre os equipamentos e facilitam e organizam as consultas. A Figura 2 exemplifica um modelo de FE para um equipamento específico em uma planta produtiva e como essas informações podem ser organizadas (VIANA, 2002). Nela você pode ver algumas informações que podem estar contidas na FE: o número da FE, o Grupo de Máquinas (GM). Exemplos de Grupos de Máquinas (GM) podem ser: GM 1: motores elétricos; GM 2: redutores; GM 3: balanças, e assim por diante. Informações também sobre a descrição do equipamento, sua aplicação e utilidade, qual o fabricante, modelo (nome, número do modelo que vem de fábrica), dados técnicos do equipamento, os materiais de que ele é construído (informação que auxilia na reposição de peças), o tamanho, os itens componentes (VIANA, 2002). Muitas dessas informações podem ser fornecidas à empresa pelo fabricante do equipamento. A FE também poderá auxiliar o planejamento da manutenção em organizar as suas atividades. Figura 2 - Modelo de Folha de Especificações (FE) de um equipamento Fonte: Viana (2002, p. 45). 1.3 Materiais para a Manutenção Viana (2002) aponta que, para que a manutenção funcione de modo eficaz, é necessário alta qualidade de mão de obra e ferramental, porém, além disso, um estoque otimizado de peças sobressalentes também é imprescindível. O almoxarifado da manutenção precisará, portanto, atender aos objetivos conflitantes de: possuir materiais em quantidade e diversidade para não colocar em risco a produtividade da empresa em razão de paradas e, por outro lado, limitar esse estoque ao mínimo necessário e econômico possível. Para realizar esse planejamento dos itens que irão compor esse estoque, alguns pontos devem ser analisados pela empresa, tais como: grau de risco do item para o processo; custo do material; tempo de vida útil, fornecedores (internos ou externos), demanda da área por aquele item ou observação minuciosa do consumo do item. Nessa análise, que consiste em uma “apreciação crítica”, feita pela Engenharia de Manutenção, analisam-se as solicitações que são feitas pela equipe de manutenção em campo, ponderando sobre o nível em que determinado equipamento pode consistir em um risco e também sua previsibilidade (VIANA, 2002). As classificações de um item, em função do seu grau de risco, para Viana (2002) podem ser: ● Vital: itens que podem parar equipamentos estratégicos para a produção, gerando perda de disponibilidade, afetando a qualidade do produto acabado ou, então, garantindo condições de segurança à máquina e ao funcionário. ● Semivital: materiais secundários, que proporcionam eficiência ao processo produtivo, mas os seus riscos não são tão agravantes a ponto de serem classificados como “vital”. ● Não-vital: materiais de equipamentos reserva, em função de stand- by. ● De risco extremo: materiais que são vitais para o processo são difíceis de adquirir e não há possíveis substitutos. Outra análise crítica desempenhada pela Engenharia de Manutenção consiste em uma segunda classificação, pela previsibilidade do item (VIANA, 2002): ● Previsível: material em que a utilização possa ser prevista com antecedência mínima de 30 dias. ● Imprevisível: material ao qual não se pode prever com antecedência a época em que será necessário, apresentando variação de até 3 meses da necessidade prevista. Essas classificações servem de base para que a engenharia tome decisões acerca do estoque dos materiais e definições da quantidade mínima que sempre deve haver em estoque de cada um deles. Informações históricas de quantos itens foram utilizados em determinado espaço de tempo também auxiliam no entendimento da média de consumo de cada material (VIANA, 2002). 1.4 A Ordem de Manutenção Segundo Viana (2002, p. 38), a Ordem de Manutenção (OM) é a “instrução escrita, enviada via documento eletrônico ou em papel, que define um trabalho a ser executado pela manutenção”. Em outros termos, a OM diz respeito ao documento (físico ou eletrônico) que autoriza a realização do reparo para determinado equipamento específico. É com esse documento que ocorre a açãodo técnico da manutenção. Dependendo da organização da manutenção em uma empresa, a OM também pode ser chamada de Ordem de Serviço (OS), conforme expõem Gregório e Silveira (2018), que explicam que cada empresa, de acordo com o seu planejamento, organização e controle da manutenção e com as necessidades do setor de engenharia de manutenção também deverá personalizar a OS, especificando as informações que devem ser fornecidas ao técnico e qual o tipo de informação ele deverá registrar no histórico de manutenção, quando finalizar o reparo. Um modelo de OM (contendo duas páginas) é apresentado por Viana, nas Figuras 3 e 4. Note que na primeira página constam informações básicas cadastrais, de cabeçalho, como número da OM, TAG, data, equipamento, centro de custo, equipe responsável, tipo de manutenção. A descrição abordará as tarefas a serem executadas, as especialidades necessárias às pessoas àquela manutenção (como por exemplo, eletricista, mecânico, entre outros), quantas horas estão previstas para a realização e questões de segurança do trabalho como Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) necessários (VIANA, 2002). Figura 3 - Primeira página de uma Ordem de Manutenção (OM) Fonte: Viana (2002, p. 40). A segunda página da OM, por sua vez, irá auxiliar a empresa a criar o seu histórico de manutenção (tratado a seguir, no item 1.5 desta unidade). Os termos de causa, sintoma e intervenção deverão ser preenchidos, além de um espaço para uma descrição (que deve ser a mais detalhada possível) do serviço realizado e outro campo para o detalhamento dos materiais necessários para a realização do reparo (VIANA, 2002). Figura 4 - Segunda página (ou verso) de uma Ordem de Manutenção (OM) Fonte: Viana (2002, p. 40) 1.5 Histórico de Manutenção Os históricos de manutenção em uma empresa são muito importantes para que se obtenha um mapeamento detalhado com as datas, reparos e manutenções realizadas em todos os equipamentos. Viana (2002) afirma que manter essas informações é muito importante ao gerenciamento de um processo produtivo, pois a trajetória de cada item pode, então, ser acompanhada e pesquisas são viabilizadas por: data, tag, equipamento, elemento, causa, sintoma, intervenção. Logo, para o autor, esse histórico consiste em uma arma de pesquisa que permite informações confiáveis para a tomada de decisões. Para a viabilização desse sistema, a equipe de manutenção deverá manter para cada equipamento, de forma organizada, um sistema organizado ou software de gerenciamento das informações em que se registram cada uma das manutenções efetuadas, reparos, trocas de peças. Esse histórico sobre um equipamento pode auxiliar na tomada de decisões, pois demonstram os custos, a média de tempo que cada equipamento funciona sem manutenção, informa o tempo de uso e desgaste, possíveis falhas e demais informações importantes para o gerenciamento da manutenção. Viana (2002) afirma que para operacionalizar a organização dos bancos de dados das Ordens de Manutenção (OMs), são inseridos nelas três campos: causa, sintoma e intervenção, que os técnicos preenchem para reportar o trabalho realizado. O primeiro campo, “causa”, diz respeito ao motivo da intervenção, ou seja, o porquê de aquele reparo estar ocorrendo. A empresa pode optar por manter uma apostila de possíveis causas para a manutenção, descrevendo todos os termos e siglas técnicas, para que todos os técnicos possam preencher de forma padronizada. Alguns exemplos de causa podem ser: Defeito de Fábrica (DEF); Desalinhamento (DES); Engripamento (ENG); Fadiga (FAD); Gasto (GAS); Preventiva (PREV); Preditiva (PRD), entre outros (VIANA, 2002). O segundo campo, “sintoma”, apresenta os efeitos resultantes ou observados no equipamento, ou seja, qual anomalia ou anormalidade foi observada no equipamento, diferente do seu funcionamento adequado. Alguns exemplos de sintomas podem ser: Aberto (ABE); Queimado (QUE); Ruído Anormal (RAN); Sem Velocidade (SVL), entre outros (VIANA, 2002). O terceiro campo a ser preenchido no histórico, “intervenção”, servirá para que o técnico especifique qual a solução aplicada ao equipamento, ou seja, como aquele “problema” foi resolvido ou qual ação preventiva foi aplicada. Alguns exemplos de soluções podem ser: Acoplado (ACO); Ajustado (AJU); Fixado (FIX); Inspecionado (INS); Limpeza (LIM); Lubrificação (LUB), entre outras (VIANA, 2002). 2 MANUTENÇÃO CENTRALIZADA, DESCENTRALIZADA, SISTEMA MISTO OU HÍBRIDO Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/organization-hierarchy-concept- business-man-manage-1186311463 Conforme já foi visto na unidade anterior desta apostila, antigamente, a manutenção era vista como um “mal necessário” às atividades de uma empresa, pois já que, com o passar do tempo as máquinas desgastavam-se e quebravam, a equipe de manutenção era chamada somente para consertar tais equipamentos quebrados. Desse modo, era comum que a manutenção não desfrutasse de muito prestígio nas organizações e apresentasse sempre uma posição inferior, frequentemente abaixo do gerente de produção (SELEME, 2015). Com o passar do tempo e a evolução da importância da manutenção, essa concepção foi sendo alterada e surgiram outros modos de se organizar a manutenção. Seleme (2015) esclarece que na atualidade existem alguns tipos de organização da manutenção: manutenção centralizada; manutenção descentralizada e manutenção híbrida. Cada um desses tipos diz respeito a uma forma de organizar a manutenção para trabalhar com as demais áreas operacionais. Tavares (2005) explica que quando uma organização adota a manutenção centralizada, existe apenas um único órgão (ou departamento) de manutenção responsável por essas atividades, em nível hierárquico paralelo aos níveis operacionais na hierarquia da empresa. A Figura 5 ilustra esse modo de organização da função manutenção em uma organização. Figura 5 - Exemplo de estrutura hierárquica com manutenção centralizada Fonte: Souza (2008, p. 70). Seleme (2015) aponta que essa centralização pode ter algumas vantagens, como, por exemplo: pode ser mais flexível e permitir alta especialização dos funcionários em suas funções; a supervisão pode tornar-se mais eficiente; melhora a formação profissional das pessoas; permite a aquisição de equipamentos modernos. Porém, a manutenção centralizada possui também desvantagens, como, por exemplo: supervisionar as tarefas de conhecimento técnico muito especializado é mais difícil, além disso essas tarefas consomem mais tempo de deslocamento da função organização; os funcionários tornam-se muito especializados em algumas tarefas, mas podem acabar deixando de aprender sobre outras tecnologias. Em se tratando da manutenção descentralizada, de acordo com Tavares (2005), cada área de processo em uma empresa possui uma equipe própria para as atividades de manutenção. Essa equipe acaba sendo responsável pela execução e também pelo planejamento e controle das atividades relacionadas à manutenção. A Figura 6 exemplifica esse modo de organização da função manutenção em uma organização. Figura 6 - Exemplo de estrutura hierárquica com manutenção descentralizada Fonte: Tavares (2005, p. 10). Uma desvantagem desse tipo de organização descentralizada é que cada área de processo pode estabelecer um padrão de organização diferente ou um modo de estruturar as atividades. Logo, pode ser difícil estabelecer um padrão e pode haver diferentes formas de se sistematizar as funções de manutenção dentro da empresa (TAVARES, 2005). Além disso, Seleme (2015) acrescenta que com os serviços atribuídos a áreas ou unidades específicas, ocorre uma redução da flexibilidade do sistema de manutenção. Reduz-se a quantidade de habilidades disponíveis e a utilização de recursos humanos é menos eficientedo que em uma manutenção centralizada, por exemplo. Em alguns casos, portanto, a manutenção mista ou centralizada pode ser uma solução. Em se tratando da manutenção mista ou híbrida, de acordo com Tavares (2005), pode-se afirmar que ela associa as vantagens provenientes dos dois modelos citados (centralizada e descentralizada). Nessa disposição, cada área de processo possui autonomia para realizar as manutenções corriqueiras, com base em uma padronização de métodos e processos de controle definidos por um único órgão (ou departamento) de manutenção dentro da empresa. A Figura 7 exemplifica esse modo de organização da função manutenção em uma organização. Figura 7 - Exemplo de estrutura hierárquica com manutenção mista Fonte: Tavares (2005, p. 11). Seleme (2015) explica que o grau de centralização ou descentralização depende do modo em que a empresa estrutura seus processos, do seu tamanho, do tipo de produtos que produz. Por exemplo, em empresas muito grandes, com muitos espaços de trabalho, tende-se a optar pela manutenção descentralizada. Por outro lado, empresas pequenas optam pelo modelo centralizado, já que poucos funcionários geralmente dão conta de atender toda a demanda da empresa. Empresas que entregam produtos de sistema contínuo, por sua vez, embora tenham serviços diversos podem precisar de apenas um centro de manutenção (SELEME, 2015). 3 MANUTENÇÃO NA HIERARQUIA DA EMPRESA Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/set-6-startup-icons-unity-repair- 663557269 Por mais que a manutenção seja um conjunto de atividades realizadas no dia a dia da organização, objetivando a prevenção ou correção de falhas encontradas, bem como eventuais anomalias em processos e equipamentos, sua gestão está associada ao planejamento, o que envolve tanto a distribuição (em determinado período) dos chamados serviços de manutenção, como a projeção e provisão de mão-de-obra, ferramentas e materiais para a execução desses serviços (XENOS, 1998). Projeção compreendida como previsibilidade na utilização dos equipamentos e provisão concebida como capacidade de providenciar os recursos. Nesse sentido, o Planejamento da Manutenção está diretamente associado ao Planejamento e Controle da Produção (PCP), bem como aos Planos de Produção. Tubino (2017) procura promover o entendimento de cada plano, https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/set-6-startup-icons-unity-repair-663557269 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/set-6-startup-icons-unity-repair-663557269 estabelecendo um horizonte temporal e a hierarquia envolvida no planejamento. Para isso os classifica como: ● Planejamento Estratégico da Produção ou Plano Agregado da Produção; ● Planejamento Tático da Produção ou Planejamento Mestre da Produção; ● Planejamento Operacional da Produção ou Planejamento, Programação, Acompanhamento e Controle da Produção. Cada um desses níveis será detalhado nas próximas seções. 3.1 Planejamento Estratégico da Produção e a Gerência da Manutenção da Empresa Na elaboração do Planejamento Estratégico da Produção, geralmente encontram-se envolvidos membros da alta gerência da organização (topo da pirâmide), como sócios, presidente, diretores e gerentes de nível estratégico. Esses atores definem no horizonte do longo prazo (frequentemente compreendido em períodos anuais) estratégias globais para toda a empresa. Tomando como base a missão e os valores da organização, para Tubino (2017), o Planejamento Estratégico da Produção (ou Plano Agregado da Produção) procura estabelecer os objetivos da organização (critérios estratégicos de desempenho), como sua capacidade produtiva, flexibilidade da produção, custos produtivos, qualidade desejada nos produtos e a confiabilidade e pontualidade nas entregas produtivas. Ou seja, por meio de um plano bem estruturado, a empresa procura minimizar as probabilidades de potenciais riscos relacionados aos processos decisórios, bem como maximizar o sucesso resultante do conjunto das operações fabris. Figura 8 - Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT) - Nível Estratégico (topo da pirâmide) Fonte: adaptado de Viana (2002) Tomando como base a implantação da MPT, nesse nível hierárquico (como demonstra a Figura 8), a visão estratégica da manutenção é representada pelo papel do Gerente de Manutenção Industrial que, de acordo com Viana (2002), pode estar subordinado ao Gerente de Fábrica (Produção). De acordo com o autor, o Gerente de Manutenção fica responsável pela estrutura de supervisores e equipes de manutenção, podendo ainda englobar autoridade sob o departamento de Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) e ainda sob a Engenharia de Manutenção (dependendo do tamanho da empresa, cada departamento poderá designar um gestor). A principal informação relacionada ao Planejamento Estratégico que deriva da Gestão da Manutenção é o tempo de setup produtivo. De acordo com Tubino (2017), esse elemento corresponde aos tempos de paradas programadas, eventuais, paradas inesperadas e manutenções. Por se tratar de uma visão ampla, esse elemento é definido por meio de um percentual que representa perda da produtividade por conta das ações necessárias à manutenção de equipamentos e linhas produtivas. 3.2 Planejamento Tático da Produção e a Supervisão da Manutenção na Empresa No desenvolvimento do Planejamento Tático da Produção, geralmente encontram-se envolvidos membros da gerência média da organização (meio da pirâmide) como gerentes de nível tático, supervisores e coordenadores. Esses atores definem, no horizonte do médio prazo (frequentemente compreendido em períodos mensais e/ou semanais), táticas para a empresa. Nesse plano, como afirma Tubino (2017), os objetivos estratégicos são convertidos em metas táticas a fim de simplificar e dividir os resultados pretendidos, para, então, facilitar seu entendimento e orientar o Planejamento Operacional da Produção. Ou seja, o Planejamento Tático da Produção (ou Planejamento Mestre da Produção) atua como um interlocutor entre os Planejamentos Estratégico e Operacional. De acordo com o autor, na maioria das vezes, o desenvolvimento do Planejamento Tático é baseado em cenários. Dependendo o cenário e a disponibilidade dos recursos para satisfazê-lo, o plano pode precisar ser refeito, quando, na pior das hipóteses, poderá indicar a necessidade de uma revisão no Planejamento Estratégico. Tomando como base a implantação da MPT, nesse nível hierárquico (como demonstra a Figura 9), a visão tática da manutenção é representada pelo papel do Supervisor de Manutenção Industrial que, de acordo com Viana (2002), é o profissional encarregado por coordenar e orientar as equipes de executantes, bem como dos técnicos da manutenção, podendo ainda englobar autoridade sob o departamento de Planejamento e Controle da Manutenção (PCM). Por ocupar uma posição intermediária na pirâmide, o Supervisor é responsável por garantir a integração entre os objetivos fixados pelo nível estratégico e as ações do nível operacional. Nesse sentido, de acordo com o autor, esse profissional se torna chave, inclusive, para o sucesso de programas como TQC (Total Quality Control ou Controle da Qualidade Total). Figura 9 - Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT) - Nível Tático (meio da pirâmide Fonte: adaptado de Viana (2002) Por se tratar de um processo interativo entre as áreas, como afirma Tubino (2017), o Planejamento Tático encerra por representar os desejos dessa diversidade dentro da empresa. O autor sugere que a programação das atividades mensais e/ou semanais possam ser planejadas, de maneira a nortear as necessidades de manutenções dos equipamentos e instalações, promovendo tempo hábil para provisão de recursos para realização dessasatividades e confiabilidade na entrega da produção. 3.3 Planejamento Operacional da Produção e o Planejamento da Manutenção na Empresa No desenvolvimento do Planejamento Operacional da Produção, geralmente encontram-se envolvidos membros da baixa gerência da organização (base da pirâmide), como encarregados, líderes e cargos de relevância tática-operacional. Esses atores definem, no horizonte de curto prazo (frequentemente compreendido em períodos diários e/ou horários), ações para a empresa. Dessa forma, como afirma Tubino (2017), o Planejamento Operacional da Produção (ou o Planejamento, Programação, Acompanhamento e Controle da Produção) se encarrega de definir ações para cumprimento do Plano Tático e, consequentemente, do Plano Estratégico. Tais ações culminam num planejamento das atividades diárias, programação da execução dessas atividades, bem como o acompanhamento e o controle da realização delas e os níveis de satisfação alcançados (aceitação ou rejeição de acordo com padrões estabelecidos em planejamentos). Figura 10 - Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT) - Nível Operacional (base da pirâmide) Fonte: adaptado de Viana (2002) Tomando como base a implantação da MPT, nesse nível hierárquico (como demonstra a Figura 10), a visão operacional da manutenção é representada pelo papel do Técnico ou Executante, compreendido como Operador ou Técnico de Manutenção Industrial que, de acordo com Viana (2002), são profissionais que realmente atuam no processo de manutenção dos equipamentos e instalações e realizam as Ordens de Manutenção (OMs). O Operador tem um papel mais orientado para a produção na fábrica, mas resolve situações mais básicas de manutenção (como a lubrificação de um maquinário e a resolução de um problema mais simples), o que direciona para uma manutenção mais autônoma. Na MPT, o Operador é quem geralmente encaminha solicitação de troca de uma peça, por exemplo, ou solicita a presença de um Técnico de Manutenção. Esse, por sua vez, detém conhecimentos e habilidades para aplicar as ciências não só da sua especialidade, mas das diversas áreas da indústria. Ou seja, o Técnico de Manutenção tem uma educação formal, mas carrega consigo a experiência de resolução e de técnicas para resolução de problemas mais complexos de manutenção. Transitando entre o nível tático e operacional, apresenta-se o papel do Planejamento e Controle da Manutenção (PCM). Viana (2002) recomenda que esse departamento seja montado por profissionais que já passaram pelo nível de Executante de Manutenção. Essa orientação se dá pelo fato de já possuir um know- how dos equipamentos e processos produtivos, bem como da sua manutenção. Sob a função de um Planejador, ficará a execução de tarefas como planejamento e programação da manutenção, se utilizando para isso das Ordens de Manutenção (OMs) e ficando sob sua responsabilidade a liberação destas e registro dos acompanhamentos e controles realizados. O PCM pode ser associado ao Planejamento e Controle da Produção (PCP), principalmente no que diz respeito às atividades padrões. Como afirma Tubino (2017), o PCP se encarregada de providenciar os recursos produtivos (administrando para isso os estoques), o que, no caso do PCM, poderia ser associado com o planejamento das manutenções e a garantia de recursos para isso; o PCP sequencia e libera as ordens de produção, o que, no caso do PCM, poderia ser associado de maneira semelhante com o processo de sequenciamento e liberação de ordens de manutenção; e o PCP controla os índices produtivos e as anomalias desse processo, o que, no caso do PCM, observa-se a mesma realidade de controles, só que baseados na manutenção produtiva. Para um efeito mais didático, a Figura 11 apresentará, de acordo com Viana (2012), a concepção completa do Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT). Figura 11 - Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT) Fonte: Viana (2002, p. 72) 4 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businessman-holding-pens-graph- paper-meeting-751298770 Xenos (1998) afirma que quando se compara a operação dos equipamentos no dia a dia da produção de uma empresa com o trabalho da manutenção, este tende a ser não repetitivo e muito mais diversificado. A manutenção inclui inspeções simplificadas, mensurações, testes, ajustes. Também inclui reformas mais complicadas, trocas de peças, alterações e melhorias em equipamentos. Toda essa diversificação aumenta à medida que a empresa possui um maior número de modelos e tipos de equipamentos diferentes, com os quais as equipes de manutenção precisam lidar. Além disso, quanto maior a variedade, mais o trabalho da manutenção se torna complexo. Problemas de logística, contratação de pessoas, compras, transporte e armazenamento, instalações e ferramentas adequadas são questões que exigem meses de preparação para que tudo ocorra de maneira eficaz. O planejamento e a padronização são as bases para a melhoria do gerenciamento da manutenção, garantindo a confiabilidade dos processos e a previsibilidade dos recursos necessários (XENOS, 1998). Viana (2002) elenca algumas atividades principais a serem realizadas pelo PCM: ● A carteira de serviços: a manutenção trabalha com uma carteira de serviços que precisa ser gerenciada e organizada pelo Planejamento e Controle da Manutenção (PCM). As fontes podem ser: OMs preventivas e planejadas de acordo com cada equipamento; OMs geradas por demandas da operação; OMs manuais, abertas emergencialmente ou não para atender manutenções corretivas; OMs provenientes de inspeções ou laudos de manutenção preditiva. ● A demanda de especialidades: cada OM deve ter especificada a quantidade de horas necessárias para a realização de cada atividade, horas de eletricista, horas de mecânico etc. Essas definições são necessárias para a programação semanal do trabalho das equipes de manutenção. ● Materiais necessários: conforme foi discutido no item 1.3 desta apostila, além da alta qualidade da mão de obra e ferramental, os materiais são imprescindíveis para a correta execução dos serviços de manutenção. Logo, além do planejamento da demanda de especialidades, o PCM preocupa-se também com o planejamento dos materiais. O sucesso desse acompanhamento depende de uma conexão do departamento de PCM com o de Compras. Quando a empresa utiliza sistemas integradores como os Enterprise Resource Planning (ERP) ou sistemas de compras informatizados de última geração, o PCM pode acompanhar o processo de compra desses materiais e a situação dos pedidos em tempo real. ● Priorização das ordens de serviço: todas as OMs deverão receber no momento de seu cadastro, critérios de prioridade. Tais critérios devem seguir as normas previamente definidas pela empresa. Uma possibilidade é que a empresa estabeleça critérios e definição de urgência de cada serviço, com base na análise crítica do equipamento para a planta; no grau de urgência dado pelo PCM ao serviço, tendo em vista o impacto da parada de tal equipamento na segurança do trabalho, meio ambiente, qualidade do produto final e operacionalidade da planta. ● Ferramentas gerenciais de planejamento e controle: há poucas probabilidades de que um PCM seja infalível e livre de atritos, porém o seu objetivo principal é atingir a redução de falhas aos menores níveis possíveis de eventos imprevistos. Na busca do desvio mínimo do planejado e organizado, existem várias ferramentas gerenciais que foram desenvolvidas ao longo do tempo e podem auxiliar as equipes de manutenção. Como exemplos, podem ser citados o Gráfico de Gantt e o PERT-CPM. Xenos (1998) explica que elaborar os planejamentos para a manutenção consiste, basicamente,em apontar as ações de manutenções preventivas que devem ser realizadas, ou seja, um calendário de ações preventivas. Uma das principais bases para a elaboração do planejamento ou plano de manutenção é a necessidade de manutenção preventiva dos equipamentos para evitar as falhas e garantir seu bom funcionamento. Além dessas bases, são necessárias informações dos padrões de manutenção, ou seja, instruções sobre o que deve ser inspecionado em cada equipamento, reformado ou trocado, com que frequência, como e por que tais tarefas devem ser executadas. A partir de então, com informações contidas nesses padrões, é possível elaborar planos de manutenção que definem datas para a execução de cada tarefa. Quando os equipamentos são novos, os manuais, informações e especificações técnicas oferecidos pelos fabricantes são utilizados para o planejamento, uma vez que a empresa não possui informações de usos sobre eles ainda (XENOS, 1998). SAIBA MAIS Gráfico de Gantt: no início do século XX, Henry Gantt, aluno de Frederick Taylor, idealizou um sistema de planejamento e controle, que utilizava diagramas de barras. No decorrer da Primeira Guerra Mundial foi aplicado o sistema em vários empreendimentos do Exército e da Marinha e, por meio do sucesso da aplicação, tornou-se o Gráfico de Gantt um método muito utilizado no planejamento, programação e controle de tarefas. Fonte: Viana (2002). PERT CPM: consiste em um diagrama que representa atividades e dependências entre tais atividades. Tais atividades são interligadas por um conjunto de setas e nós, promovendo a visualização da duração das atividades (início e fim) e os recursos que cada atividade consome. Sua utilização relaciona-se a mapear e encontrar gargalos produtivos (identificados como caminho crítico ou de folga nula). Fonte: Tubino (2017). #SAIBA MAIS# REFLITA Disponibilidade é a “Capacidade de um item estar em condições de executar uma certa função em um dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado, levando-se em conta os aspectos combinados de sua confiabilidade, mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo que os recursos externos requeridos estejam assegurados”. Fonte: ABNT (1994, p. 2). A chave para a produtividade: “Os KPIs, ou indicadores-chave do processo, do inglês Key Process Indicators, são medidas de desempenho que as organizações utilizam para aferir, analisar e melhorar seus processos. A estes indicadores são atribuídas metas específicas, que visam direcionar a atenção dos tomadores de decisão para os aspectos importantes do sistema produtivo, a fim de atingir os objetivos estratégicos do negócio. Associados aos KPIs, a gestão visual torna públicas as informações críticas sobre os indicadores e suas metas, criando maior engajamento em todas as pessoas nos diversos níveis da empresa para alcançar os objetivos estratégicos, através da melhoria contínua de seus processos internos”. Fonte: Tubino (2017, p. 248). #REFLITA# CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade aprofundamos o conhecimento com as características e as influências da Manutenção na estrutura organizacional, bem como seu papel colaborativo para o sucesso e organização dos processos produtivos. Abordamos temas centrais, tais como: ● as condições básicas que permeiam as manutenções: o tagueamento (identificação lógica dos equipamentos, permitindo a extração rápida de informações relevantes para organizar operações rotineiras), as especificações técnicas dos equipamentos (documento estruturado, que permite acesso a informações técnicas de cada equipamento, assim como sua aplicação), materiais para manutenção (classificados como vitais, semivitais, não vitais e de risco extremo; ou ainda em previsíveis e imprevisíveis) e o histórico de manutenção de cada equipamento (compreendido como os registros das ordens de manutenções (OMs) – item essencial para o início das manutenções – e o detalhamento da execução de cada registro, contendo a causa- origem da manutenção, a descrição da tarefa e os materiais/equipamentos utilizados); ● as abordagens (a) centralizada, (b) descentralizada e (c) mistas ou híbridas da manutenção. (a) corresponde a adoção de um departamento específico para a manutenção; (b) orienta a manutenção como responsabilidade de cada área de processo, ou seja, cada área possui uma equipe própria de manutenção; (c) que se assemelha ao modelo de Manutenção Produtiva Total (MPT), em que os operadores ficam responsáveis por manutenções mais básicas e o departamento de manutenção realiza aquelas de maior complexidade; ● a presença da manutenção na hierarquia da empresa, representada por atores como Gerente da Manutenção Industrial (geralmente responsável pelos departamentos de Engenharia de Manutenção e PCM, auxiliando na elaboração do Planejamento Estratégico – de longo prazo), Supervisor de Manutenção (encarregado de coordenar e orientar as equipes executantes, auxiliando na elaboração do Planejamento Tático – de médio prazo) e os Executantes de Manutenção (compreendidos como os Operadores e os Técnicos, que de fato atuam no processo de manutenção dos equipamentos e instalações e realizam as OMs, sendo responsáveis pelo cumprimento das programações - de curto prazo - realizadas pelo Planejamento e Controle da Manutenção (PCM); ● PCM: departamento fundamental que transita entre o nível tático e operacional da organização e que define o planejamento, programação, acompanhamento e controle das manutenção no médio e no curto prazo, sendo responsável pela liberação das OMs e sua documentação, as horas necessárias para cada atividade de manutenção, os materiais necessários para execução de cada OM, a priorização de cada serviço de manutenção e o desenvolvimento de ferramentas gerenciais de planejamento, acompanhamento e controle das manutenções. Entendemos que as abordagens desses temas centrais possibilitam o desenvolvimento de técnicas e habilidades para uma melhor gestão das manutenções no ambiente produtivo/fabril. LIVRO • Título: Confiabilidade e Manutenção Industrial • Autores: Flávio Sanson Fogliatto e José Luis Duarte Ribeiro • Editora: GEN LTC • O presente livro trata da Engenharia de Confiabilidade que tem como objetivo adequar a produção da indústria aos padrões dos mercados e a normas de qualidade, fornecendo o referencial teórico para esse processo de melhoria. O diferencial de Confiabilidade. Fonte: Grupo Gen: https://www.grupogen.com.br/confiabilidade-e-manutencao-industrial FILME/VÍDEO Esse vídeo te ajuda a entender como o processo de tagueamento é elaborado e operacionalizado, bem como o código de cada equipamento pode ser gerado. • Título: Norma para Tagueamento de Equipamentos - NBR 8190 • Link do vídeo: https://youtu.be/z0id89CJTlk REFERÊNCIAS FOGLIATTO, F. S.; RIBEIRO, J. L. D. Confiabilidade e manutenção industrial. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2011. GREGÓRIO, G. F. P.; SILVEIRA, A. M. Manutenção industrial. Porto Alegre: SAGAH, 2018. KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. SELEME, R. Manutenção industrial: mantendo a fábrica em funcionamento. Curitiba: Intersaberes, 2015. SOUZA, J. B. Alinhamento das estratégias do planejamento e controle da manutenção (PCM) com as finalidades e funções do planejamento e controle da produção (PCP): uma abordagem analítica. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2008. TAVARES, L. A. Manutenção centrada no negócio. Rio de Janeiro: NAT, 2005. TELES, J. Como Implantar o PCM – Planejamento e Controle de Manutenção. 2020. Disponível em: https://engeteles.com.br/como-implantar-o-pcm/. Acesso em: 01 jul. 2020. TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção
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