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#CURRÍCULO LATTES# Professora Mestre Rejane Heloise dos Santos Doutoranda em Administração na linha de Marketing e Cadeias Produtivas do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Maringá. Mestra em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (2017). Especialista em Engenharia de Produção pelo UniCesumar (2014). Graduada em Bacharelado em Administração pelo UniCesumar (2014), em Tecnologia em Processos Gerenciais pelo UniCesumar (2012) e Licenciada em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (2010). Experiência Profissional na área de Programação, Planejamento e Controle de Produção e Comercial. Pesquisas na área de Administração, principalmente, nos seguintes temas: cadeias produtivas, produção, competitividade, empreendedorismo, estruturas de governança, custos de transação e de mensuração. Professora da Universidade Estadual do Paraná (Campus Paranavaí). Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2650470257086462 Professor William Alexandre dos Santos Mestrando em Administração na linha de Marketing e Cadeias Produtivas do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Maringá. Especialista em Desenvolvimento de Sistemas para WEB pela Faculdade de Tecnologia América do Sul (2011). Graduado em Bacharelado em Administração pelo UniCesumar (2014), em Tecnologia em Processos Gerenciais pelo UniCesumar (2012) e em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual de Maringá (2010). Experiência Profissional na área de Gestão da Produção; Programação, Planejamento e Controle de Produção; Gerência de Tecnologia da Informação; Gestão de Desenvolvimento de Software; Análise de Tecnologia da Informação. Professor da Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná (UNIFATECIE) e Faculdade Cidade Verde (UniFCV). Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/9538663715406638 APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), vamos começar pensando sobre um conceito importante: você sabe o que é Manutenção Industrial? Que ela diz respeito ao cuidado dos recursos produtivos e equipamentos de uma empresa, buscando manter ou reparar cada item de uma planta produtiva? Se você já ouviu falar de manutenção, esse é um ótimo ponto de partida, porém se você não conhece nada sobre o assunto, não se preocupe, pois, a partir desse momento, iremos conhecer os principais aspectos da Manutenção Industrial e os caminhos da manutenção em uma empresa Na Unidade I iniciaremos com os conceitos básicos sobre a manutenção, as finalidades e os objetivos primordiais. Entenderemos toda a evolução histórica da função manutenção nas empresas, de sua origem até a atualidade, e conceitos atuais e futuros que vem sendo evidenciados na área. Na Unidade II, a estrutura e organização da manutenção em uma empresa será o principal foco. Ampliaremos nosso conhecimento sobre as condições básicas necessárias para que a manutenção funcione de maneira eficaz, quais os controles e padrões necessários, como ela pode ser organizada e o que é preciso para executar as suas funções. Depois disso, nós veremos que existe mais de uma forma de se organizar a manutenção, bem como as principais vantagens ou desvantagens de cada uma delas. Na Unidade III iremos compreender as abordagens da manutenção existentes: manutenção corretiva, manutenção preventiva, manutenção preditiva e manutenção preditiva, a perspectiva em que a manutenção é trabalhada e em que momento é mais adequado utilizar cada uma das abordagens. A Unidade IV trará uma abordagem sobre as técnicas principais de manutenção, análises e exames comumente utilizados, bem como ferramentas para análise de falhas e inspeção e recuperação dos componentes. Convidamos você a embarcar conosco nessa jornada de aprendizado sobre a manutenção industrial e ampliar as suas perspectivas a partir de tantos assuntos importantes que serão compartilhados. Que possamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! UNIDADE I A FUNÇÃO DA MANUTENÇÃO Plano de Estudo: • Manutenção: conceitos e definições • Evolução histórica da manutenção • Objetivos da Manutenção • Conceitos atuais da manutenção (TPM /RCM /RBM) Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar a manutenção e suas abordagens e as falhas • Compreender a evolução histórica da manutenção de suas origens aos dias atuais • Estabelecer a importância dos objetivos e benefícios relacionados à manutenção • Compreender as principais ferramentas emergentes no campo da manutenção. INTRODUÇÃO Antes de começarmos a falar sobre manutenção, iremos propor que você faça um exercício de reflexão inicial: imagine uma fábrica industrial, que trabalhe com a produção de produtos para enviar aos seus clientes. Tente imaginar as máquinas necessárias para produzir esses produtos e que algumas delas apresentam problemas, avarias, partes quebradas, peças desgastadas. Logo, elas ficam mais lentas, demorando muito mais tempo do que o esperado para produzir cada uma das partes desse produto. Em razão desses problemas, as vezes alguns itens produzidos em cada máquina apresentam defeitos, porque peças importantes da máquina ficaram muito velhas com o passar do tempo e já deveriam ter sido trocadas. Imagine que o funcionário responsável pela manutenção (quando a empresa tem um) não realiza o planejamento de paradas de máquinas e faz alguns reparos em momentos cruciais em que aquela etapa do processo produtivo não poderia ficar parada, porque havia pedidos grandes para serem faturados com aqueles produtos. Em alguns momentos, a fábrica inteira precisa parar porque uma das máquinas lá do meio do processo produtivo está com defeito e não solta peças para que as outras máquinas tenham material para trabalhar. Todos os funcionários ficam parados, esperando o conserto acontecer, a peça ser trocada e os pedidos de vendas que os clientes receberiam com esses produtos acabam se atrasando e sendo entregues fora do prazo prometido. Esse desconforto gerado na relação com os clientes faz com que eles cancelem os pedidos que fizeram com a empresa. Em alguns momentos eles ficam tão aborrecidos que prometem nunca mais comprar nada da empresa, pois eles perdem negociações com seus próprios clientes que contavam que aquele produto seria entregue no prazo, mas o pedido sofreu atrasos e não chegou. O prejuízo acaba sendo do cliente e da fábrica. Por meio desses exemplos, alguns problemas de manutenção são evidenciados e ficou mais fácil perceber a importância de se realizar manutenções adequadas e planejadas para cuidar dos equipamentos e instalações das empresas, de modo que se mantenham em funcionamento e não prejudiquem o andamento da produção, mas impulsione-o, favorecendo toda a competitividade da empresa. 1 MANUTENÇÃO: CONCEITOS E DEFINIÇÕES Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/technician-factory-machine- maintenance-working-wrench-304936823 1.1 O conceito da Manutenção Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 610) afirmam que manutenção é “quando as empresas tentam evitar as falhas cuidando de suas instalações físicas”. É uma parte importante da maioria das operações realizadas pelas empresas e, dependendo da atividade que a empresa realiza, as atividades de manutenção podem ser responsáveis por boa parte do tempo de trabalho dos gerentes de operações. Atividades como centrais elétricas, hotéis, companhias aéreas são exemplos de empresas em que a manutenção desempenha papéis centrais (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). A manutenção costuma ser formalmente definida como a “Combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma funçãorequerida” (ABNT, 1994, p. 6). Em outras palavras, significa realizar tudo que for preciso para garantir que todos os itens estejam funcionando de forma a atender as funções para as quais foram projetados. Logo, as atividades de manutenção existem para evitar a degradação e avaria dos equipamentos e instalações, causadas pelo desgaste natural e uso nas atividades das organizações. Essa degradação pode ser percebida de várias maneiras, como, por exemplo, a aparência externa das máquinas e instalações que podem apresentar um aspecto ruim, a fabricação de um produto final que acaba ficando com qualidade inferior ao desejado, poluição ambiental, perdas relacionadas ao desempenho que fica comprometido, paradas ocasionadas por falhas nos equipamentos que, em muitos casos, acabam gerando também uma parada em todo o sistema produtivo de uma empresa (XENOS, 1998). Xenos (1998) afirma que todas essas manifestações influenciam negativamente no desempenho da empresa, uma vez que baixa produtividade e baixa qualidade colocam em risco a sobrevivência de uma empresa no mercado. Logo, a manutenção pode desempenhar um papel importante na melhoria da produtividade de uma organização. 1.2 As Falhas O conceito formal de falhas diz respeito ao término da capacidade de um item desempenhar a função esperada (ABNT, 1994). Sempre há possibilidades de que as coisas possam sair erradas por algum motivo, porém deve-se lembrar que aceitar que as falhas podem acontecer não significa ignorá-las. O grau de complexidade e seriedade das falhas varia, algumas são eventuais e podem não ser identificadas, outras podem ser catastróficas. As empresas precisam distinguir os tipos diferentes de falhas e prestar muita atenção naquelas que são críticas. Isso não significa dizer que algumas falhas não são importantes, mas sim que em algumas operações, a falha, definitivamente, não pode acontecer. Exemplos disso são falhas em aviões em voo, falhas no sistema elétrico dos hospitais, em cintos de segurança de carros, pois em algumas operações as falhas podem ser fatais (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Xenos (1998) explica que existem algumas condições possíveis para o estado de um equipamento: 1) ele pode estar em perfeitas condições de funcionamento; 2) pode estar completamente quebrado ou 3) pode estar funcionando em velocidade inferior, produzindo produtos defeituosos. No terceiro caso, as falhas costumam ser identificadas porque o equipamento não está produzindo de acordo com o desempenho esperado. Esse desempenho esperado pode estar associado a parâmetros mensuráveis (que podem ser medidos) ou indicações claras de como aquele produto deve ser, como aquele equipamento deve funcionar. Existem muitas razões para que um equipamento venha a falhar, como, por exemplo: falta de resistência (característica do próprio produto e resultante de deficiências de projeto, erros nas especificações dos materiais, deficiências nos processos de fabricação e montagem); uso inadequado (exigir do equipamento esforços fora de sua capacidade) ou manutenção inadequada (significa que as ações preventivas para evitar a deterioração dos equipamentos são inadequadas) (XENOS, 1998). Xenos (1998) explica que assim que os equipamentos entram em operação, todos estão sujeitos a um grande número de esforços que levam à sua deterioração e, ao longo do tempo, essa deterioração diminui a resistência do equipamento. Uma falha, portanto, ocorrerá sempre que a resistência do equipamento cair abaixo dos esforços a que os equipamentos estiverem submetidos. 1.3 Três Abordagens da Manutenção Em todas as empresas, existem três abordagens da manutenção para cuidar das instalações físicas, são três formas de conceber e tratar da manutenção: manutenção corretiva, manutenção preventiva e manutenção preditiva. Slack, Chambers e Johnston (2009) explicam cada uma delas: ● A primeira abordagem, da manutenção corretiva, como o nome já diz, significa deixar todos os equipamentos trabalhando até a falha ou até quebrar. Nessa abordagem, o trabalho de manutenção é realizado somente depois do problema ter acontecido. Por exemplo, a manutenção corretiva em um automóvel pode ser associada à troca de uma lâmpada queimada. Ou seja, ela só será trocada quando ela apresentar falha, como ilustrado por meio da Figura 1. ● A manutenção preventiva tem o objetivo de eliminar ou reduzir possibilidades de falhas por manutenção das instalações ou dos equipamentos em intervalos planejados previamente. Utilizando o exemplo do automóvel na Figura 1, identifica-se a troca de óleo periódica, de acordo com as especificações do manual do fabricante. ● A abordagem da manutenção preditiva, por sua vez, irá realizar manutenções apenas quando as instalações necessitarem, sem agendar previamente paradas que talvez ainda não fossem necessárias. Logo, é necessário que haja um monitoramento constante na máquina ou instalação com o objetivo de identificar alterações que indiquem a necessidade de manutenção. No exemplo do carro, na Figura 1, quando o motorista monitora os barulhos diferentes que o carro possa apresentar, checa os pneus para analisar a necessidade de ar ou de troca, está realizando esse tipo de manutenção. Figura 1 - Três principais abordagens da manutenção Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 612). Cada uma dessas abordagens é adequada para diferentes circunstâncias e serão detalhadas na Unidade III desta apostila. 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MANUTENÇÃO Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/mechanical-inspector-inspection-oil- pump-centrifugal-483141763 A manutenção industrial evolui a maneira em que evoluem também o desenvolvimento da tecnologia, a complexidade dessa tecnologia, o aumento significativo do número e da quantidade de ativos físicos (como, por exemplo, equipamentos, instalações, prédios industriais) e evolui também de acordo com a necessidade de se reduzir custos com as paradas no processo produtivo das fábricas e buscar o aumento da produtividade de todos os processos produtivos envolvidos na fabricação dos bens e produtos. Acresce-se a isso as exigências regulamentares que tendem a acompanhar esse desenvolvimento e também o atendimento das crescentes questões ambientais e de sustentabilidade (KARDEC; NASCIF, 2009; LINZMAYER, 2013). A manutenção industrial surgiu no contexto do Século XVI, quando ocorreu um crescimento significativo da produção industrial e o funcionamento adequado das máquinas passou a ter cada vez mais importância. Com a Segunda Guerra Mundial, a partir de 1939, começou a ganhar ainda mais destaque e passou a incluir técnicas de planejamento, organização e controle das manutenções (GREGÓRIO; SILVEIRA, 2018). Kardec e Nascif (2009) explicam que, ao analisar a evolução da Manutenção, a partir de 1930 ela pode ser dividida em quatro gerações. Gregório e Silveira (2018) acrescentam uma quinta fase à essa evolução. Cada uma dessas fases será detalhada a seguir. ▪ Primeira geração: abrangeu todo o período anterior a Segunda Guerra Mundial, em que a indústria era pouco mecanizada e os equipamentos eram simples. Na conjuntura econômica daquela época a produtividade não era considerada prioridade, por isso não ocorria uma manutenção organizada e planejada. Eram realizados somente serviços de limpeza, lubrificação, reparo após a quebra, em outras palavras, apenas a manutenção do tipo corretiva era realizada, ocasionando em desgaste dos equipamentos e, consequentemente, gerando falhas e quebras. ▪ Segunda geração: entre os anos 1950 e 1970 (após a Segunda Guerra Mundial) havia as pressões do pós-guerra que de um lado impulsionaram a demanda por produtos de todos os tipos, mas de outro enfrentaram a mão de obra reduzida. Esse contexto desencadeou um grande aumentoda mecanização e complexidade das instalações industriais, tornando a indústria muito dependente de um bom funcionamento das máquinas. A confiabilidade, a disponibilidade são critérios que começam a ser buscados, junto com maior produtividade, fazendo surgir o conceito de manutenção preventiva. Começa a se pensar em evitar falhas de equipamentos e buscar meios de planejar uma manutenção que pudesse ser menos custosa e aumentar a vida útil das máquinas. ▪ Terceira geração: a partir da década de 70 ocorreu uma aceleração do processo de mudança nas indústrias. A paralisação do processo produtivo passou a ser uma grande preocupação, que, além de diminuir a capacidade de produção, eleva os custos e afeta a qualidade dos produtos. Na manufatura, os efeitos dos tempos de paralisação agravaram-se em decorrência da tendência desse período em se implantar os sistemas just-in-time (JIT). Nessa nova perspectiva de se pensar a produção, como passou a se buscar trabalhar com muito pouco estoque, significava que pausas pequenas na produção poderiam impactar na fábrica como um todo, paralisando o processo produtivo e portanto, a necessidade do monitoramento de condições originou a manutenção preditiva com apoio tecnológico. ▪ Quarta Geração: a crescente automação e mecanização elevou a importância dos conceitos de confiabilidade e disponibilidade e também significou falhas mais frequentes, gerando consequências nos padrões de qualidade, na segurança e no meio ambiente em um período que as exigências feitas a empresas nesses quesitos também se elevaram. ▪ Quinta Geração: aproximadamente após o ano 2005, o foco passa a ser a gestão dos ativos e a manutenção preditiva ganha destaque e importância, principalmente com o monitoramento das condições de formas on e off-line. Gregório e Silveira (2018) afirmam que, conforme a necessidade foi sendo percebida, algumas normas foram sendo estabelecidas para os procedimentos da manutenção. O Quadro 1 dispõe sobre as principais normas brasileiras vigentes na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), relativas à manutenção. Quadro 1 - Principais normas brasileiras vigentes na (ABNT), relativas à manutenção NORMA ANO DESCRIÇÃO NBR 5462/1994 1995 Dispõe sobre a Confiabilidade e mantenabilidade NBR 5674/2012 2012 Manutenção de edificações: Requisitos para o sistema de gestão da manutenção ISO 55000:2014 2014 Visão geral de gestão de ativos, seus princípios e terminologia, e os benefícios esperados com a adoção da gestão de ativos. NR10: 1978 1978 Requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. NR12: 1978 1978 Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos Fonte: Gregório e Silveira (2018) De acordo com Kardec e Nascif (2009), além dessas razões para a mudança da manutenção, alterações complexas têm permeado o ambiente organizacional, ou seja, os projetos passam a ser mais complexos, novas técnicas de manutenção têm sido aplicadas, novos enfoques e responsabilidades têm caído sobre os profissionais da manutenção. Logo, a manutenção passa a ser vista também como uma função estratégica dentro da organização. Em se tratando da manutenção industrial no momento atual, os desafios estabelecidos dizem respeito ao avanço da tecnologia, em um período que tem sido chamado de quarta revolução industrial ou indústria 4.0, que alia equipamentos sem fio, sendo operados remotamente, equipamentos robóticos simulando funções humanas, sensores tecnológicos, interconexões entre máquinas, soluções de Cloud (computação e armazenamento em nuvem). Isso gera mudanças também na manutenção que, em muitos casos, permite que seja realizada remotamente por um profissional técnico que pode estar a quilômetros de distância do equipamento, além de questões de autodiagnóstico do estado de “saúde” dos equipamentos (BORLIDO, 2017). Linzmayer (2013) afirma que, desde 1940 até os anos recentes, houve uma completa revolução e grande evolução da manutenção industrial em todo o cenário mundial. Essas alterações acabaram por colocar à prova as competências, conhecimentos e habilidades dos profissionais responsáveis pela manutenção, sejam eles engenheiros ou administradores dos sistemas produtivos manufatureiros e tornando necessário a busca por novos conhecimentos tecnológicos e administrativos para complementar suas habilidades, fomentar atitudes inovadoras e diferenciadas nas equipes de chão de fábrica, fabricantes e fornecedores e com a direção da indústria. 3 OBJETIVOS DA MANUTENÇÃO Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-industrial-workers-refinery-oil- processing-1183609642 Kardec e Nascif (2009, p. 23) afirmam que a missão da manutenção é “garantir a confiabilidade e a disponibilidade da função dos equipamentos e instalações de modo a atender a um processo de produção ou de serviço, com segurança, preservação do meio ambiente e custos adequados”. Os benefícios da manutenção para uma empresa são inúmeros. Na concepção de Slack, Chambers e Johnston (2009), podemos citar: ● melhorias na segurança; ● confiabilidade aumentada; ● maior qualidade dos produtos produzidos (uma vez que os equipamentos não estejam funcionando corretamente, podem gerar problemas no produto produzido); ● custos de operação menores (já que muitos equipamentos tecnológicos funcionam melhor quando recebem manutenção regular); ● tempo de vida mais longo para o processo de tecnologia e valor residual mais alto (já que os equipamentos bem mantidos podem ser vendidos mais facilmente como usados). Xenos (1998) afirma que muito frequentemente as atividades relacionadas à manutenção devem ter um escopo mais abrangente do que apenas manter as condições originais dos equipamentos em funcionamento. Na maioria das empresas, somente manter essas condições é insuficiente e é necessário buscar formas de melhorias que incrementem a produtividade, sendo esta uma responsabilidade adicional dos departamentos de manutenção. Para esse autor, as atividades de manutenção podem, então, ser divididas em atividades de manutenção e atividades de melhoria. As atividades de manutenção possuem o objetivo de manter as condições originais de operação e desempenho dos itens por meio dos reparos em avarias nessas condições originais, mantendo suas características e capacidade ao longo do tempo. Logo, assume-se que qualquer atividade de manutenção somente poderá restabelecer as condições originais dos equipamentos, nunca exceder tais condições (XENOS, 1998). As atividades de melhoria mencionadas pelo autor objetivam melhorar as condições originais de operação, desempenho e confiabilidade, adicionando modificações em seu projeto e configurações original. Esse objetivo diz respeito a necessidade de se atingir patamares de produtividade mais elevados para esses equipamentos. As atividades de melhorias necessitam ações específicas (técnicas e gerenciais) resultando na modificação dos padrões e procedimentos existentes (XENOS, 1998). 4 CONCEITOS ATUAIS DA MANUTENÇÃO (TPM /RCM /RBM) Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-industrial-workers-refinery-oil- processing-1182497122 Uma das propostas da manutenção é a promoção da confiabilidade das operações produtivas, de forma que os prazos estipulados por pedidos de venda, planos de produção e outros processos regulados por projeções em datas, sejam cumpridos e viabilizem os fluxos previstos por esses procedimentos. Assim, afirmam Slack, Chambers e Johnston (2009), alguns métodos procuram aprimorar essa confiabilidade nas operações, por meio da eliminação de pontos conhecidos de falha, construção de mecanismosde redundâncias e concepção de mecanismos à prova de falhas. No entanto, é na manutenção dos equipamentos físicos presentes nas operações que se enquadra a maneira mais comumente utilizada para aperfeiçoar essa confiabilidade. Como já discutimos no item 1.3, a manutenção pode ser acometida inicialmente por meio de três abordagens mais comuns: manutenção corretiva (realizada apenas quando o equipamento apresenta defeito), manutenção preventiva (realizada, mesmo sem apresentar defeitos, periodicamente, de acordo com as especificações técnicas do equipamento) e manutenção preditiva (realizada após monitoramento recorrente, buscando prever quando o equipamento apresentará problemas) (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). No entanto, essas abordagens podem não ser suficientes para promover a confiabilidade necessária às operações, assim, outras abordagens poderão servir como ferramentas. É o caso da Manutenção Produtiva Total (MPT ou TPM, do inglês total productive maintenance), Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC ou RCM, do inglês reliability centered maintenance) e Manutenção Baseada em Riscos (MBR ou RBM, do inglês risk based maintenance). Cada uma delas será detalhada a seguir. 4.1 Manutenção Produtiva Total (MPT) Para Slack, Bandron-Jones e Johsnton (2015), a Manutenção Produtiva Total (MPT), com sua origem no Japão, tem como princípio a autonomia delegada aos funcionários ou equipes para a gestão da manutenção produtiva, procurando fazer com que esses grupos observem a importância da conservação no sentido da confiabilidade e eficiência econômica da estrutura fabril. Essa é ideia da melhoria produtiva contínua, que, no caso da manutenção, se preocupa com a prevenção das falhas. Como afirmam os autores, é possível fazer uma analogia, inclusive, com a Gestão da Qualidade Total. A MPT procura alcançar cinco metas, elencadas por Slack, Bandron-Jones e Johsnton (2015), para uma boa prática de manutenção das operações: 1. Ao analisar todas as perdas que podem ocorrer na execução de uma operação em determinado equipamento, a MPT busca atingir a melhoria da eficácia deste. 2. Ao delegar autonomia aos funcionários, possibilitando que assumam responsabilidades pela manutenção e melhoria do desempenho de algumas tarefas, a MPT procura abranger a manutenção autônoma. 3. Ao programar vistorias regulares nos equipamentos e outras atividades orientadas à manutenção, a MPT busca alcançar o planejamento das manutenções. 4. Ao orientar e treinar, desde a operação até a manutenção do equipamento, a MPT possibilita o desenvolvimento dos funcionários, de modo que todos adquiram habilidades de manutenção. 5. Ao considerar as causas das principais falhas que poderão ocorrer no equipamento, bem como sua capacidade de manutenção, em todas as etapas de vida (projeto, fabricação, instalação e uso), a MPT procura antecipar a gestão do equipamento por meio da prevenção da própria manutenção. 4.2 Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) A Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) procura orientar a abordagem para manutenção baseada em um padrão que cada falha apresenta. Dessa maneira, as falhas das operações seriam analisadas, classificadas e uma medida, seja ela preventiva, corretiva, preditiva ou outra abordagem, seria tomada de acordo com essa classificação (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2015). Slack, Bandron-Jones e Johsnton (2015) utilizam o exemplo de um processo de trituração de vegetais para demonstrar que uma etapa desse procedimento pode apresentar modos distintos de falha que, por sua vez, podem gerar problemas iguais e, até mesmo, diferentes. A Figura 2 apresenta o processo de trituração e o problema principal (que indica haver uma falha) é a desigualdade dos pedaços resultantes desse processo de trituração. Os autores apontam que as lâminas trituradoras (trituradores) poderiam ser o objeto principal da análise, mas que vários modos de falha poderiam levar a apresentar problemas nesse processo. Por vezes, a troca das lâminas já resolveria o problema (indicando que a falha no processo foi gerada por desgaste dos componentes). Para tanto, uma manutenção preventiva seria mais eficiente quando o desgaste ocasionado pode ser apurado em intervalos de manutenção evitando maior probabilidade da falha. Em outros casos, a origem dos desgastes ou danos nas lâminas poderia ser ocasionada por situações não naturais ao processo, como, por exemplo, pequenas pedras que entram junto com os vegetais no processamento. Dessa vez, uma melhor alternativa seria uma abordagem que evitasse a entrada dessas pedras, introduzindo, assim, uma tela como mecanismo à prova dessa falha. Há ainda casos em que o resultado desigual pode estar sendo ocasionado por falta de ajustes das lâminas, indicando, por exemplo, que a fixação inadequada dos trituradores no momento da troca pudesse ser a origem do problema. Dessa maneira, um treinamento mais adequado aos funcionários da manutenção pudesse evitar o problema (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2015). Figura 2 - Processo de trituração Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015, p. 610). Como as origens das falhas podem ser variadas (e, como visto no exemplo, foram abordadas apenas algumas das possíveis causas), é melhor alguma ação do que uma inação. Em outras palavras, a abordagem MCC pode ser resumida nos seguintes termos: se as origens para as falhas são variadas, existe uma dificuldade em prever ou evitar as falhas e as consequências geradas pelas falhas são consideráveis, é prudente que se reduza os impactos causados pelas falhas (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2015). 4.3 Manutenção Baseada em Riscos (MBR) Como pontua Souza (2008), a Manutenção Baseada em Riscos (MBR) tem sua estrutura embasada em duas principais fases: a análise do risco e a manutenção planejada com base nessa análise. Nesse sentido, o objetivo principal da MBR é reduzir (por meio da redução do risco total) a probabilidade de que falhas, mesmo que inesperadas, ocorram. Com o objetivo de estabelecer critérios, observa-se, por meio de atividades de inspeção e manutenção, os componentes que podem apresentar altos riscos de falhas, priorizando e quantificando esses riscos, bem como, inspecionando e realizando a manutenção daqueles com maior potencial (SOUZA, 2008). Para Souza (2008), a metodologia da MBR pode ser resumida em seis principais pontos: 1. Análise de perigo: realizada para evidenciar o cenário de falha (desenvolvidos a partir das características operacionais e geometrias do sistema produtivo, condições físicas em que são ocorridas as operações e arranjos possíveis de segurança). 2. Avaliação de probabilidade: calcular a frequência ou a probabilidade da ocorrência da falha em específico período. 3. Avaliação de consequência: quantificar as consequências (perdas de produção e perdas de ativo) em um cenário de possível falha. 4. Estimativa de risco: quantificar o risco por meio de análise da avaliação de probabilidade versus avaliação de consequência. 5. Aceitação de risco: estabelecido um critério de aceitação de risco, o risco encontrado é comparado é tratado como aceitável ou exigido sua redução. 6. Manutenção planejada: ação adotada para reduzir o risco por meio de um plano de manutenção. SAIBA MAIS A abordagem just-in-time (JIT) que também é chamada de “enxuta”, consiste em uma filosofia ou método para planejar e controlar as operações, com impactos na melhora do desempenho da produção. Seus princípios são contrários aos da administração da produção tradicional e buscam eliminar todos os desperdícios, tornando a produção mais rápida, mais confiável e incrementando a qualidade. Sua asserção principal consiste em produzir bens e serviços exatamente (e tão somente) quando são necessários, não antes, para que nãose formem estoques, e não depois, para não deixar o cliente esperando. O JIT objetiva atender a demanda instantaneamente, com qualidade perfeita e eliminando desperdícios, o que requer envolvimento de todos os funcionários da empresa, trabalhando em equipe. Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2009). #SAIBA MAIS# REFLITA “A confiabilidade de um item corresponde à sua probabilidade de desempenhar adequadamente o seu propósito especificado, por um determinado período de tempo e sob condições ambientais predeterminadas”. Fonte: Leemis (1995, apud FOGLIATTO; RIBEIRO, 2011, p. 2). #REFLITA# CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa unidade da apostila procuramos evidenciar os conceitos básicos em torno da Manutenção. O objetivo principal foi mostrar o impacto que essa função exerce sobre a organização, principalmente, sobre a parte fabril da empresa. Destacamos o conceito de falhas, a importância de se identificar as falhas e a necessidade de um planejamento da manutenção produtiva como forma de proporcionar o aumento da vida útil dos equipamentos, melhorar a segurança e confiabilidade do sistema produtivo, reduzir custos e aumentar a qualidade dos produtos e dos processos produtivos, bem como tornar fluxo mais coerente possível com o desempenho planejado. Tratamos, mesmo que de forma rápida (pois serão objetos de estudo de unidades posteriores), as formas inicialmente mais comuns de se realizar a manutenção em uma empresa: preventiva, corretiva e preditiva. Assim, buscamos estabelecer alguns conceitos-chaves para o entendimento da Manutenção. Por meio de uma revisão histórica, no intuito de contextualizar a leitura, retratamos as gerações e principais mudanças ocorridas durante a trajetória evolutiva da Manutenção até chegarmos ao que hoje chamamos de Indústria 4.0. Por fim, trouxemos conceitos atuais da manutenção, envolvendo três principais abordagens: Manutenção Produtiva Total, Manutenção Centrada em Confiabilidade e Manutenção Baseada em Riscos. Abordagens essas que englobam todos as definições trabalhadas nessa unidade e se sustentam como modelos potenciais para aplicação da manutenção nas organizações. LEITURA COMPLEMENTAR Para conhecer um pouco mais sobre as inovações tecnológicas relativas à Indústria 4.0, e os impactos da manutenção industrial nesse novo contexto, o artigo de Silva e Lima (2019) traça um panorama contextual. Link para acessar o artigo: http://aprepro.org.br/conbrepro/2019/anais/arquivos/09302019_100936_5d920250 791a4.pdf http://aprepro.org.br/conbrepro/2019/anais/arquivos/09302019_100936_5d920250791a4.pdf http://aprepro.org.br/conbrepro/2019/anais/arquivos/09302019_100936_5d920250791a4.pdf LIVRO • Título: Manual de Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade • Autor: João Ricardo Barusso Lafraia • Editora: Qualitymark • Sinopse: A obra aborda três temas essenciais da manutenção industrial: Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade, escrito na forma de um manual, abordando estudos de casos e exemplos práticos. Pode ser utilizado por profissionais e por estudantes, os capítulos iniciais do livro abordam os conceitos de Confiabilidade e Confiabilidade humana. Os demais capítulos mostram os conceitos básicos de Mantenabilidade e Disponibilidade. No final do livro, o autor resume a técnica de Inspeção baseada em Risco, destinado ao pessoal de manutenção voltado para a inspeção de equipamentos, e um capítulo sobre aspectos gerenciais. FILME/VÍDEO O vídeo: “Evolução da Manutenção” explica um pouco da evolução dos conceitos e abordagens da manutenção ao longo do tempo. • Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ZTzQHcK-wu8 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. ABNT NBR 5462:1994: Confiabilidade e mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. BORLIDO, D. J. A. Indústria 4.0 – Aplicação a Sistemas de Manutenção. 2017. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, 2017. FOGLIATTO, F.S.; RIBEIRO, J. L. D. Confiabilidade e manutenção industrial. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2011. GREGÓRIO, G. F. P.; SILVEIRA, A. M. Manutenção industrial. Porto Alegre: SAGAH, 2018. KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. LINZMAYER, E. Manutenção industrial no Brasil e no mundo. Revista P&S, São Paulo: Editora Banas, ano 39, jan. 2013. Disponível em: https://banaseiro.files.wordpress.com/2013/02/manutenc3a7c3a3o-industrial-pag- 19_457.pdf. Acesso em: 20 jun. 2020. SILVA, D. S; LIMA, E. V. O planejamento e controle da manutenção na indústria 4.0. In.: IX Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção. 2019, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa, 2019. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SOUZA, J. B. Alinhamento das estratégias do planejamento e controle da manutenção (PCM) com as finalidades e funções do planejamento e controle da produção (PCP): uma abordagem analítica. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2008. XENOS, H. G. Gerenciando a manutenção produtiva. Belo Horizonte: DG, 1998. UNIDADE II ORGANIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO Plano de Estudo: • As condições básicas da manutenção • Manutenção centralizada, descentralizada ou mista • A manutenção na hierarquia da empresa • O Planejamento e o Controle da Manutenção Objetivos de Aprendizagem: • Identificar as condições básicas necessárias para o funcionamento eficaz da manutenção em uma empresa • Conceituar e contextualizar os modos de se organizar a manutenção • Compreender os níveis de organização e hierarquia da manutenção • Estabelecer a importância do Planejamento e o Controle da Manutenção INTRODUÇÃO Na Unidade I nós compreendemos o conceito de manutenção, seus objetivos e funcionalidades, sua evolução histórica e conceitos contemporâneos. Foi possível entender a razão pela qual a manutenção é tão necessária e também tão importante em uma organização. Porém, conhecer os principais conceitos e objetivos da manutenção não basta para que possamos entender como ela funciona na prática, como ela se estrutura em uma empresa, integrada às demais áreas de operação e como são as rotinas e práticas desse dia a dia. Há requisitos básicos para iniciar as atividades de manutenção em uma empresa? Por onde começar? Existe apenas um modo de se estruturar a manutenção? Como a manutenção pode ser organizada e qual(is) o(s) nível(is) hierárquico(s) de sua atuação? Quem são os funcionários da manutenção? O que o Planejamento e Controle (PCM) da manutenção deve fazer? Todas essas perguntas serão respondidas nesta unidade. Nós iremos começar com uma descrição das condições básicas necessárias para que a manutenção funcione de maneira eficaz, quais os controles e padrões necessários, como ela pode ser organizada e o que é preciso para executar as suas funções. Depois disso, nós veremos que existe mais de uma forma de se organizar a manutenção, tornando-a um órgão ou departamento dentro da empresa, dividindo suas tarefas entre os departamentos que já existem na empresa ou até mesmo utilizando uma combinação desses dois modos. Serão analisadas também as principais vantagens ou desvantagens de cada um deles. Após o estudo desta unidade, vai ficar mais fácil compreender como as funções da manutenção se enquadram na hierarquia de uma empresa, considerando os três níveis de horizonte de planejamento: o estratégico, o tático e o operacional. Logo, o Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) também será abordado, favorecendo o entendimento de quais são as suastarefas e como uma empresa pode planejá-las. Nesse sentido, todos os pormenores da organização da manutenção em uma empresa serão abordados, para que você tenha a noção operacional de seu funcionamento e aplicação. 1 CONDIÇÕES BÁSICAS Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-supermarket-cart-car-parts- rear-1011101980 Viana (2002) aponta algumas condições básicas principais imprescindíveis à implementação e funcionamento da manutenção de forma eficaz nas organizações, como, por exemplo: o tagueamento, o levantamento das características técnicas dos equipamentos, materiais para manutenção, histórico de manutenção. Cada uma dessas condições será analisada nas seções seguintes. 1.1 O Tagueamento Viana (2002) explica que a palavra tagueamento na indústria representa a identificação da localização das áreas operacionais que existem dentro de uma empresa e também cada um dos seus equipamentos. Essa identificação torna mais fácil sua rastreabilidade, ou seja, facilita para que qualquer setor ou funcionário da empresa possa encontrar o equipamento referido. A tag auxilia no controle operacional como um todo, seja no levantamento de número de quebras, disponibilidade, custos, obsolescência, porque ela é a base da organização da manutenção, uma vez que o histórico de cada equipamento será organizado por meio dela (ver seção 1.5 desta unidade). Teles (2020) explica que o tagueamento diz respeito à aplicação de uma etiqueta (de preferência colorida) em cada um dos equipamentos, com um código único (que geralmente é composto por números e letras), ou seja, uma identidade para cada equipamento. O tagueamento consiste, portanto, em um processo de identificação individual para cada equipamento, que orienta e auxilia a localização dos setores que contêm tais equipamentos, a indicação de qual processo cada equipamento se refere, quais equipamentos receberão manutenção. Geralmente a tag é um código, composto por vários níveis, sendo um dos níveis relacionado à área, outro para a subárea, qual etapa do processo produtivo pertence, dependendo de como a empresa se organiza. A Figura 1 ilustra um exemplo de como um tagueamento em um equipamento pode ser realizado. Figura 1 - Tagueamento Fonte: Teles (2020). Teles (2020) explica que tais identificações nos equipamentos são necessárias para organizar operações rotineiras, como, por exemplo, para que um funcionário saiba de qual máquina o outro está falando, para que setores diferentes na empresa se refiram às máquinas, sabendo qual delas está sendo tratada, apontando-as nos documentos de forma organizada. Sendo assim, o tagueamento facilita a rastreabilidade, a organização e comunicação sobre o equipamento. 1.2 Arquivo com as Características Técnicas dos Equipamentos As empresas devem manter, vinculado a cada um dos equipamentos e máquinas de sua planta, um arquivo com suas especificações técnicas de fácil acesso para consulta. Esse arquivo precisa conter especificações de componentes, peças, dimensões, facilitando o processo de compra, a substituição de um fornecedor quando isso for necessário, a melhoria no processo, a busca por similaridade, tanto de itens quanto de equipamentos (VIANA, 2002). Para elaborar esse arquivo, segundo Viana (2002), é necessário que se faça um levantamento prévio e cadastro contendo as características de cada equipamento da planta, algo que demanda tempo. O autor sugere um modelo para elaborar esse arquivo, chamado de Folha de Especificação (FE) e afirma que é necessário classificar as máquinas em grupo e depois elaborar uma FE para cada grupo de máquinas. Esse cadastro pode ser feito por meio de softwares que armazenam esses dados sobre os equipamentos e facilitam e organizam as consultas. A Figura 2 exemplifica um modelo de FE para um equipamento específico em uma planta produtiva e como essas informações podem ser organizadas (VIANA, 2002). Nela você pode ver algumas informações que podem estar contidas na FE: o número da FE, o Grupo de Máquinas (GM). Exemplos de Grupos de Máquinas (GM) podem ser: GM 1: motores elétricos; GM 2: redutores; GM 3: balanças, e assim por diante. Informações também sobre a descrição do equipamento, sua aplicação e utilidade, qual o fabricante, modelo (nome, número do modelo que vem de fábrica), dados técnicos do equipamento, os materiais de que ele é construído (informação que auxilia na reposição de peças), o tamanho, os itens componentes (VIANA, 2002). Muitas dessas informações podem ser fornecidas à empresa pelo fabricante do equipamento. A FE também poderá auxiliar o planejamento da manutenção em organizar as suas atividades. Figura 2 - Modelo de Folha de Especificações (FE) de um equipamento Fonte: Viana (2002, p. 45). 1.3 Materiais para a Manutenção Viana (2002) aponta que, para que a manutenção funcione de modo eficaz, é necessário alta qualidade de mão de obra e ferramental, porém, além disso, um estoque otimizado de peças sobressalentes também é imprescindível. O almoxarifado da manutenção precisará, portanto, atender aos objetivos conflitantes de: possuir materiais em quantidade e diversidade para não colocar em risco a produtividade da empresa em razão de paradas e, por outro lado, limitar esse estoque ao mínimo necessário e econômico possível. Para realizar esse planejamento dos itens que irão compor esse estoque, alguns pontos devem ser analisados pela empresa, tais como: grau de risco do item para o processo; custo do material; tempo de vida útil, fornecedores (internos ou externos), demanda da área por aquele item ou observação minuciosa do consumo do item. Nessa análise, que consiste em uma “apreciação crítica”, feita pela Engenharia de Manutenção, analisam-se as solicitações que são feitas pela equipe de manutenção em campo, ponderando sobre o nível em que determinado equipamento pode consistir em um risco e também sua previsibilidade (VIANA, 2002). As classificações de um item, em função do seu grau de risco, para Viana (2002) podem ser: ● Vital: itens que podem parar equipamentos estratégicos para a produção, gerando perda de disponibilidade, afetando a qualidade do produto acabado ou, então, garantindo condições de segurança à máquina e ao funcionário. ● Semivital: materiais secundários, que proporcionam eficiência ao processo produtivo, mas os seus riscos não são tão agravantes a ponto de serem classificados como “vital”. ● Não-vital: materiais de equipamentos reserva, em função de stand- by. ● De risco extremo: materiais que são vitais para o processo são difíceis de adquirir e não há possíveis substitutos. Outra análise crítica desempenhada pela Engenharia de Manutenção consiste em uma segunda classificação, pela previsibilidade do item (VIANA, 2002): ● Previsível: material em que a utilização possa ser prevista com antecedência mínima de 30 dias. ● Imprevisível: material ao qual não se pode prever com antecedência a época em que será necessário, apresentando variação de até 3 meses da necessidade prevista. Essas classificações servem de base para que a engenharia tome decisões acerca do estoque dos materiais e definições da quantidade mínima que sempre deve haver em estoque de cada um deles. Informações históricas de quantos itens foram utilizados em determinado espaço de tempo também auxiliam no entendimento da média de consumo de cada material (VIANA, 2002). 1.4 A Ordem de Manutenção Segundo Viana (2002, p. 38), a Ordem de Manutenção (OM) é a “instrução escrita, enviada via documento eletrônico ou em papel, que define um trabalho a ser executado pela manutenção”. Em outros termos, a OM diz respeito ao documento (físico ou eletrônico) que autoriza a realização do reparo para determinado equipamento específico. É com esse documento que ocorre a açãodo técnico da manutenção. Dependendo da organização da manutenção em uma empresa, a OM também pode ser chamada de Ordem de Serviço (OS), conforme expõem Gregório e Silveira (2018), que explicam que cada empresa, de acordo com o seu planejamento, organização e controle da manutenção e com as necessidades do setor de engenharia de manutenção também deverá personalizar a OS, especificando as informações que devem ser fornecidas ao técnico e qual o tipo de informação ele deverá registrar no histórico de manutenção, quando finalizar o reparo. Um modelo de OM (contendo duas páginas) é apresentado por Viana, nas Figuras 3 e 4. Note que na primeira página constam informações básicas cadastrais, de cabeçalho, como número da OM, TAG, data, equipamento, centro de custo, equipe responsável, tipo de manutenção. A descrição abordará as tarefas a serem executadas, as especialidades necessárias às pessoas àquela manutenção (como por exemplo, eletricista, mecânico, entre outros), quantas horas estão previstas para a realização e questões de segurança do trabalho como Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) necessários (VIANA, 2002). Figura 3 - Primeira página de uma Ordem de Manutenção (OM) Fonte: Viana (2002, p. 40). A segunda página da OM, por sua vez, irá auxiliar a empresa a criar o seu histórico de manutenção (tratado a seguir, no item 1.5 desta unidade). Os termos de causa, sintoma e intervenção deverão ser preenchidos, além de um espaço para uma descrição (que deve ser a mais detalhada possível) do serviço realizado e outro campo para o detalhamento dos materiais necessários para a realização do reparo (VIANA, 2002). Figura 4 - Segunda página (ou verso) de uma Ordem de Manutenção (OM) Fonte: Viana (2002, p. 40) 1.5 Histórico de Manutenção Os históricos de manutenção em uma empresa são muito importantes para que se obtenha um mapeamento detalhado com as datas, reparos e manutenções realizadas em todos os equipamentos. Viana (2002) afirma que manter essas informações é muito importante ao gerenciamento de um processo produtivo, pois a trajetória de cada item pode, então, ser acompanhada e pesquisas são viabilizadas por: data, tag, equipamento, elemento, causa, sintoma, intervenção. Logo, para o autor, esse histórico consiste em uma arma de pesquisa que permite informações confiáveis para a tomada de decisões. Para a viabilização desse sistema, a equipe de manutenção deverá manter para cada equipamento, de forma organizada, um sistema organizado ou software de gerenciamento das informações em que se registram cada uma das manutenções efetuadas, reparos, trocas de peças. Esse histórico sobre um equipamento pode auxiliar na tomada de decisões, pois demonstram os custos, a média de tempo que cada equipamento funciona sem manutenção, informa o tempo de uso e desgaste, possíveis falhas e demais informações importantes para o gerenciamento da manutenção. Viana (2002) afirma que para operacionalizar a organização dos bancos de dados das Ordens de Manutenção (OMs), são inseridos nelas três campos: causa, sintoma e intervenção, que os técnicos preenchem para reportar o trabalho realizado. O primeiro campo, “causa”, diz respeito ao motivo da intervenção, ou seja, o porquê de aquele reparo estar ocorrendo. A empresa pode optar por manter uma apostila de possíveis causas para a manutenção, descrevendo todos os termos e siglas técnicas, para que todos os técnicos possam preencher de forma padronizada. Alguns exemplos de causa podem ser: Defeito de Fábrica (DEF); Desalinhamento (DES); Engripamento (ENG); Fadiga (FAD); Gasto (GAS); Preventiva (PREV); Preditiva (PRD), entre outros (VIANA, 2002). O segundo campo, “sintoma”, apresenta os efeitos resultantes ou observados no equipamento, ou seja, qual anomalia ou anormalidade foi observada no equipamento, diferente do seu funcionamento adequado. Alguns exemplos de sintomas podem ser: Aberto (ABE); Queimado (QUE); Ruído Anormal (RAN); Sem Velocidade (SVL), entre outros (VIANA, 2002). O terceiro campo a ser preenchido no histórico, “intervenção”, servirá para que o técnico especifique qual a solução aplicada ao equipamento, ou seja, como aquele “problema” foi resolvido ou qual ação preventiva foi aplicada. Alguns exemplos de soluções podem ser: Acoplado (ACO); Ajustado (AJU); Fixado (FIX); Inspecionado (INS); Limpeza (LIM); Lubrificação (LUB), entre outras (VIANA, 2002). 2 MANUTENÇÃO CENTRALIZADA, DESCENTRALIZADA, SISTEMA MISTO OU HÍBRIDO Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/organization-hierarchy-concept- business-man-manage-1186311463 Conforme já foi visto na unidade anterior desta apostila, antigamente, a manutenção era vista como um “mal necessário” às atividades de uma empresa, pois já que, com o passar do tempo as máquinas desgastavam-se e quebravam, a equipe de manutenção era chamada somente para consertar tais equipamentos quebrados. Desse modo, era comum que a manutenção não desfrutasse de muito prestígio nas organizações e apresentasse sempre uma posição inferior, frequentemente abaixo do gerente de produção (SELEME, 2015). Com o passar do tempo e a evolução da importância da manutenção, essa concepção foi sendo alterada e surgiram outros modos de se organizar a manutenção. Seleme (2015) esclarece que na atualidade existem alguns tipos de organização da manutenção: manutenção centralizada; manutenção descentralizada e manutenção híbrida. Cada um desses tipos diz respeito a uma forma de organizar a manutenção para trabalhar com as demais áreas operacionais. Tavares (2005) explica que quando uma organização adota a manutenção centralizada, existe apenas um único órgão (ou departamento) de manutenção responsável por essas atividades, em nível hierárquico paralelo aos níveis operacionais na hierarquia da empresa. A Figura 5 ilustra esse modo de organização da função manutenção em uma organização. Figura 5 - Exemplo de estrutura hierárquica com manutenção centralizada Fonte: Souza (2008, p. 70). Seleme (2015) aponta que essa centralização pode ter algumas vantagens, como, por exemplo: pode ser mais flexível e permitir alta especialização dos funcionários em suas funções; a supervisão pode tornar-se mais eficiente; melhora a formação profissional das pessoas; permite a aquisição de equipamentos modernos. Porém, a manutenção centralizada possui também desvantagens, como, por exemplo: supervisionar as tarefas de conhecimento técnico muito especializado é mais difícil, além disso essas tarefas consomem mais tempo de deslocamento da função organização; os funcionários tornam-se muito especializados em algumas tarefas, mas podem acabar deixando de aprender sobre outras tecnologias. Em se tratando da manutenção descentralizada, de acordo com Tavares (2005), cada área de processo em uma empresa possui uma equipe própria para as atividades de manutenção. Essa equipe acaba sendo responsável pela execução e também pelo planejamento e controle das atividades relacionadas à manutenção. A Figura 6 exemplifica esse modo de organização da função manutenção em uma organização. Figura 6 - Exemplo de estrutura hierárquica com manutenção descentralizada Fonte: Tavares (2005, p. 10). Uma desvantagem desse tipo de organização descentralizada é que cada área de processo pode estabelecer um padrão de organização diferente ou um modo de estruturar as atividades. Logo, pode ser difícil estabelecer um padrão e pode haver diferentes formas de se sistematizar as funções de manutenção dentro da empresa (TAVARES, 2005). Além disso, Seleme (2015) acrescenta que com os serviços atribuídos a áreas ou unidades específicas, ocorre uma redução da flexibilidade do sistema de manutenção. Reduz-se a quantidade de habilidades disponíveis e a utilização de recursos humanos é menos eficientedo que em uma manutenção centralizada, por exemplo. Em alguns casos, portanto, a manutenção mista ou centralizada pode ser uma solução. Em se tratando da manutenção mista ou híbrida, de acordo com Tavares (2005), pode-se afirmar que ela associa as vantagens provenientes dos dois modelos citados (centralizada e descentralizada). Nessa disposição, cada área de processo possui autonomia para realizar as manutenções corriqueiras, com base em uma padronização de métodos e processos de controle definidos por um único órgão (ou departamento) de manutenção dentro da empresa. A Figura 7 exemplifica esse modo de organização da função manutenção em uma organização. Figura 7 - Exemplo de estrutura hierárquica com manutenção mista Fonte: Tavares (2005, p. 11). Seleme (2015) explica que o grau de centralização ou descentralização depende do modo em que a empresa estrutura seus processos, do seu tamanho, do tipo de produtos que produz. Por exemplo, em empresas muito grandes, com muitos espaços de trabalho, tende-se a optar pela manutenção descentralizada. Por outro lado, empresas pequenas optam pelo modelo centralizado, já que poucos funcionários geralmente dão conta de atender toda a demanda da empresa. Empresas que entregam produtos de sistema contínuo, por sua vez, embora tenham serviços diversos podem precisar de apenas um centro de manutenção (SELEME, 2015). 3 MANUTENÇÃO NA HIERARQUIA DA EMPRESA Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/set-6-startup-icons-unity-repair- 663557269 Por mais que a manutenção seja um conjunto de atividades realizadas no dia a dia da organização, objetivando a prevenção ou correção de falhas encontradas, bem como eventuais anomalias em processos e equipamentos, sua gestão está associada ao planejamento, o que envolve tanto a distribuição (em determinado período) dos chamados serviços de manutenção, como a projeção e provisão de mão-de-obra, ferramentas e materiais para a execução desses serviços (XENOS, 1998). Projeção compreendida como previsibilidade na utilização dos equipamentos e provisão concebida como capacidade de providenciar os recursos. Nesse sentido, o Planejamento da Manutenção está diretamente associado ao Planejamento e Controle da Produção (PCP), bem como aos Planos de Produção. Tubino (2017) procura promover o entendimento de cada plano, https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/set-6-startup-icons-unity-repair-663557269 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/set-6-startup-icons-unity-repair-663557269 estabelecendo um horizonte temporal e a hierarquia envolvida no planejamento. Para isso os classifica como: ● Planejamento Estratégico da Produção ou Plano Agregado da Produção; ● Planejamento Tático da Produção ou Planejamento Mestre da Produção; ● Planejamento Operacional da Produção ou Planejamento, Programação, Acompanhamento e Controle da Produção. Cada um desses níveis será detalhado nas próximas seções. 3.1 Planejamento Estratégico da Produção e a Gerência da Manutenção da Empresa Na elaboração do Planejamento Estratégico da Produção, geralmente encontram-se envolvidos membros da alta gerência da organização (topo da pirâmide), como sócios, presidente, diretores e gerentes de nível estratégico. Esses atores definem no horizonte do longo prazo (frequentemente compreendido em períodos anuais) estratégias globais para toda a empresa. Tomando como base a missão e os valores da organização, para Tubino (2017), o Planejamento Estratégico da Produção (ou Plano Agregado da Produção) procura estabelecer os objetivos da organização (critérios estratégicos de desempenho), como sua capacidade produtiva, flexibilidade da produção, custos produtivos, qualidade desejada nos produtos e a confiabilidade e pontualidade nas entregas produtivas. Ou seja, por meio de um plano bem estruturado, a empresa procura minimizar as probabilidades de potenciais riscos relacionados aos processos decisórios, bem como maximizar o sucesso resultante do conjunto das operações fabris. Figura 8 - Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT) - Nível Estratégico (topo da pirâmide) Fonte: adaptado de Viana (2002) Tomando como base a implantação da MPT, nesse nível hierárquico (como demonstra a Figura 8), a visão estratégica da manutenção é representada pelo papel do Gerente de Manutenção Industrial que, de acordo com Viana (2002), pode estar subordinado ao Gerente de Fábrica (Produção). De acordo com o autor, o Gerente de Manutenção fica responsável pela estrutura de supervisores e equipes de manutenção, podendo ainda englobar autoridade sob o departamento de Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) e ainda sob a Engenharia de Manutenção (dependendo do tamanho da empresa, cada departamento poderá designar um gestor). A principal informação relacionada ao Planejamento Estratégico que deriva da Gestão da Manutenção é o tempo de setup produtivo. De acordo com Tubino (2017), esse elemento corresponde aos tempos de paradas programadas, eventuais, paradas inesperadas e manutenções. Por se tratar de uma visão ampla, esse elemento é definido por meio de um percentual que representa perda da produtividade por conta das ações necessárias à manutenção de equipamentos e linhas produtivas. 3.2 Planejamento Tático da Produção e a Supervisão da Manutenção na Empresa No desenvolvimento do Planejamento Tático da Produção, geralmente encontram-se envolvidos membros da gerência média da organização (meio da pirâmide) como gerentes de nível tático, supervisores e coordenadores. Esses atores definem, no horizonte do médio prazo (frequentemente compreendido em períodos mensais e/ou semanais), táticas para a empresa. Nesse plano, como afirma Tubino (2017), os objetivos estratégicos são convertidos em metas táticas a fim de simplificar e dividir os resultados pretendidos, para, então, facilitar seu entendimento e orientar o Planejamento Operacional da Produção. Ou seja, o Planejamento Tático da Produção (ou Planejamento Mestre da Produção) atua como um interlocutor entre os Planejamentos Estratégico e Operacional. De acordo com o autor, na maioria das vezes, o desenvolvimento do Planejamento Tático é baseado em cenários. Dependendo o cenário e a disponibilidade dos recursos para satisfazê-lo, o plano pode precisar ser refeito, quando, na pior das hipóteses, poderá indicar a necessidade de uma revisão no Planejamento Estratégico. Tomando como base a implantação da MPT, nesse nível hierárquico (como demonstra a Figura 9), a visão tática da manutenção é representada pelo papel do Supervisor de Manutenção Industrial que, de acordo com Viana (2002), é o profissional encarregado por coordenar e orientar as equipes de executantes, bem como dos técnicos da manutenção, podendo ainda englobar autoridade sob o departamento de Planejamento e Controle da Manutenção (PCM). Por ocupar uma posição intermediária na pirâmide, o Supervisor é responsável por garantir a integração entre os objetivos fixados pelo nível estratégico e as ações do nível operacional. Nesse sentido, de acordo com o autor, esse profissional se torna chave, inclusive, para o sucesso de programas como TQC (Total Quality Control ou Controle da Qualidade Total). Figura 9 - Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT) - Nível Tático (meio da pirâmide Fonte: adaptado de Viana (2002) Por se tratar de um processo interativo entre as áreas, como afirma Tubino (2017), o Planejamento Tático encerra por representar os desejos dessa diversidade dentro da empresa. O autor sugere que a programação das atividades mensais e/ou semanais possam ser planejadas, de maneira a nortear as necessidades de manutenções dos equipamentos e instalações, promovendo tempo hábil para provisão de recursos para realização dessasatividades e confiabilidade na entrega da produção. 3.3 Planejamento Operacional da Produção e o Planejamento da Manutenção na Empresa No desenvolvimento do Planejamento Operacional da Produção, geralmente encontram-se envolvidos membros da baixa gerência da organização (base da pirâmide), como encarregados, líderes e cargos de relevância tática-operacional. Esses atores definem, no horizonte de curto prazo (frequentemente compreendido em períodos diários e/ou horários), ações para a empresa. Dessa forma, como afirma Tubino (2017), o Planejamento Operacional da Produção (ou o Planejamento, Programação, Acompanhamento e Controle da Produção) se encarrega de definir ações para cumprimento do Plano Tático e, consequentemente, do Plano Estratégico. Tais ações culminam num planejamento das atividades diárias, programação da execução dessas atividades, bem como o acompanhamento e o controle da realização delas e os níveis de satisfação alcançados (aceitação ou rejeição de acordo com padrões estabelecidos em planejamentos). Figura 10 - Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT) - Nível Operacional (base da pirâmide) Fonte: adaptado de Viana (2002) Tomando como base a implantação da MPT, nesse nível hierárquico (como demonstra a Figura 10), a visão operacional da manutenção é representada pelo papel do Técnico ou Executante, compreendido como Operador ou Técnico de Manutenção Industrial que, de acordo com Viana (2002), são profissionais que realmente atuam no processo de manutenção dos equipamentos e instalações e realizam as Ordens de Manutenção (OMs). O Operador tem um papel mais orientado para a produção na fábrica, mas resolve situações mais básicas de manutenção (como a lubrificação de um maquinário e a resolução de um problema mais simples), o que direciona para uma manutenção mais autônoma. Na MPT, o Operador é quem geralmente encaminha solicitação de troca de uma peça, por exemplo, ou solicita a presença de um Técnico de Manutenção. Esse, por sua vez, detém conhecimentos e habilidades para aplicar as ciências não só da sua especialidade, mas das diversas áreas da indústria. Ou seja, o Técnico de Manutenção tem uma educação formal, mas carrega consigo a experiência de resolução e de técnicas para resolução de problemas mais complexos de manutenção. Transitando entre o nível tático e operacional, apresenta-se o papel do Planejamento e Controle da Manutenção (PCM). Viana (2002) recomenda que esse departamento seja montado por profissionais que já passaram pelo nível de Executante de Manutenção. Essa orientação se dá pelo fato de já possuir um know- how dos equipamentos e processos produtivos, bem como da sua manutenção. Sob a função de um Planejador, ficará a execução de tarefas como planejamento e programação da manutenção, se utilizando para isso das Ordens de Manutenção (OMs) e ficando sob sua responsabilidade a liberação destas e registro dos acompanhamentos e controles realizados. O PCM pode ser associado ao Planejamento e Controle da Produção (PCP), principalmente no que diz respeito às atividades padrões. Como afirma Tubino (2017), o PCP se encarregada de providenciar os recursos produtivos (administrando para isso os estoques), o que, no caso do PCM, poderia ser associado com o planejamento das manutenções e a garantia de recursos para isso; o PCP sequencia e libera as ordens de produção, o que, no caso do PCM, poderia ser associado de maneira semelhante com o processo de sequenciamento e liberação de ordens de manutenção; e o PCP controla os índices produtivos e as anomalias desse processo, o que, no caso do PCM, observa-se a mesma realidade de controles, só que baseados na manutenção produtiva. Para um efeito mais didático, a Figura 11 apresentará, de acordo com Viana (2012), a concepção completa do Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT). Figura 11 - Organograma para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT) Fonte: Viana (2002, p. 72) 4 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM) Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/businessman-holding-pens-graph- paper-meeting-751298770 Xenos (1998) afirma que quando se compara a operação dos equipamentos no dia a dia da produção de uma empresa com o trabalho da manutenção, este tende a ser não repetitivo e muito mais diversificado. A manutenção inclui inspeções simplificadas, mensurações, testes, ajustes. Também inclui reformas mais complicadas, trocas de peças, alterações e melhorias em equipamentos. Toda essa diversificação aumenta à medida que a empresa possui um maior número de modelos e tipos de equipamentos diferentes, com os quais as equipes de manutenção precisam lidar. Além disso, quanto maior a variedade, mais o trabalho da manutenção se torna complexo. Problemas de logística, contratação de pessoas, compras, transporte e armazenamento, instalações e ferramentas adequadas são questões que exigem meses de preparação para que tudo ocorra de maneira eficaz. O planejamento e a padronização são as bases para a melhoria do gerenciamento da manutenção, garantindo a confiabilidade dos processos e a previsibilidade dos recursos necessários (XENOS, 1998). Viana (2002) elenca algumas atividades principais a serem realizadas pelo PCM: ● A carteira de serviços: a manutenção trabalha com uma carteira de serviços que precisa ser gerenciada e organizada pelo Planejamento e Controle da Manutenção (PCM). As fontes podem ser: OMs preventivas e planejadas de acordo com cada equipamento; OMs geradas por demandas da operação; OMs manuais, abertas emergencialmente ou não para atender manutenções corretivas; OMs provenientes de inspeções ou laudos de manutenção preditiva. ● A demanda de especialidades: cada OM deve ter especificada a quantidade de horas necessárias para a realização de cada atividade, horas de eletricista, horas de mecânico etc. Essas definições são necessárias para a programação semanal do trabalho das equipes de manutenção. ● Materiais necessários: conforme foi discutido no item 1.3 desta apostila, além da alta qualidade da mão de obra e ferramental, os materiais são imprescindíveis para a correta execução dos serviços de manutenção. Logo, além do planejamento da demanda de especialidades, o PCM preocupa-se também com o planejamento dos materiais. O sucesso desse acompanhamento depende de uma conexão do departamento de PCM com o de Compras. Quando a empresa utiliza sistemas integradores como os Enterprise Resource Planning (ERP) ou sistemas de compras informatizados de última geração, o PCM pode acompanhar o processo de compra desses materiais e a situação dos pedidos em tempo real. ● Priorização das ordens de serviço: todas as OMs deverão receber no momento de seu cadastro, critérios de prioridade. Tais critérios devem seguir as normas previamente definidas pela empresa. Uma possibilidade é que a empresa estabeleça critérios e definição de urgência de cada serviço, com base na análise crítica do equipamento para a planta; no grau de urgência dado pelo PCM ao serviço, tendo em vista o impacto da parada de tal equipamento na segurança do trabalho, meio ambiente, qualidade do produto final e operacionalidade da planta. ● Ferramentas gerenciais de planejamento e controle: há poucas probabilidades de que um PCM seja infalível e livre de atritos, porém o seu objetivo principal é atingir a redução de falhas aos menores níveis possíveis de eventos imprevistos. Na busca do desvio mínimo do planejado e organizado, existem várias ferramentas gerenciais que foram desenvolvidas ao longo do tempo e podem auxiliar as equipes de manutenção. Como exemplos, podem ser citados o Gráfico de Gantt e o PERT-CPM. Xenos (1998) explica que elaborar os planejamentos para a manutenção consiste, basicamente,em apontar as ações de manutenções preventivas que devem ser realizadas, ou seja, um calendário de ações preventivas. Uma das principais bases para a elaboração do planejamento ou plano de manutenção é a necessidade de manutenção preventiva dos equipamentos para evitar as falhas e garantir seu bom funcionamento. Além dessas bases, são necessárias informações dos padrões de manutenção, ou seja, instruções sobre o que deve ser inspecionado em cada equipamento, reformado ou trocado, com que frequência, como e por que tais tarefas devem ser executadas. A partir de então, com informações contidas nesses padrões, é possível elaborar planos de manutenção que definem datas para a execução de cada tarefa. Quando os equipamentos são novos, os manuais, informações e especificações técnicas oferecidos pelos fabricantes são utilizados para o planejamento, uma vez que a empresa não possui informações de usos sobre eles ainda (XENOS, 1998). SAIBA MAIS Gráfico de Gantt: no início do século XX, Henry Gantt, aluno de Frederick Taylor, idealizou um sistema de planejamento e controle, que utilizava diagramas de barras. No decorrer da Primeira Guerra Mundial foi aplicado o sistema em vários empreendimentos do Exército e da Marinha e, por meio do sucesso da aplicação, tornou-se o Gráfico de Gantt um método muito utilizado no planejamento, programação e controle de tarefas. Fonte: Viana (2002). PERT CPM: consiste em um diagrama que representa atividades e dependências entre tais atividades. Tais atividades são interligadas por um conjunto de setas e nós, promovendo a visualização da duração das atividades (início e fim) e os recursos que cada atividade consome. Sua utilização relaciona-se a mapear e encontrar gargalos produtivos (identificados como caminho crítico ou de folga nula). Fonte: Tubino (2017). #SAIBA MAIS# REFLITA Disponibilidade é a “Capacidade de um item estar em condições de executar uma certa função em um dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado, levando-se em conta os aspectos combinados de sua confiabilidade, mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo que os recursos externos requeridos estejam assegurados”. Fonte: ABNT (1994, p. 2). A chave para a produtividade: “Os KPIs, ou indicadores-chave do processo, do inglês Key Process Indicators, são medidas de desempenho que as organizações utilizam para aferir, analisar e melhorar seus processos. A estes indicadores são atribuídas metas específicas, que visam direcionar a atenção dos tomadores de decisão para os aspectos importantes do sistema produtivo, a fim de atingir os objetivos estratégicos do negócio. Associados aos KPIs, a gestão visual torna públicas as informações críticas sobre os indicadores e suas metas, criando maior engajamento em todas as pessoas nos diversos níveis da empresa para alcançar os objetivos estratégicos, através da melhoria contínua de seus processos internos”. Fonte: Tubino (2017, p. 248). #REFLITA# CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade aprofundamos o conhecimento com as características e as influências da Manutenção na estrutura organizacional, bem como seu papel colaborativo para o sucesso e organização dos processos produtivos. Abordamos temas centrais, tais como: ● as condições básicas que permeiam as manutenções: o tagueamento (identificação lógica dos equipamentos, permitindo a extração rápida de informações relevantes para organizar operações rotineiras), as especificações técnicas dos equipamentos (documento estruturado, que permite acesso a informações técnicas de cada equipamento, assim como sua aplicação), materiais para manutenção (classificados como vitais, semivitais, não vitais e de risco extremo; ou ainda em previsíveis e imprevisíveis) e o histórico de manutenção de cada equipamento (compreendido como os registros das ordens de manutenções (OMs) – item essencial para o início das manutenções – e o detalhamento da execução de cada registro, contendo a causa- origem da manutenção, a descrição da tarefa e os materiais/equipamentos utilizados); ● as abordagens (a) centralizada, (b) descentralizada e (c) mistas ou híbridas da manutenção. (a) corresponde a adoção de um departamento específico para a manutenção; (b) orienta a manutenção como responsabilidade de cada área de processo, ou seja, cada área possui uma equipe própria de manutenção; (c) que se assemelha ao modelo de Manutenção Produtiva Total (MPT), em que os operadores ficam responsáveis por manutenções mais básicas e o departamento de manutenção realiza aquelas de maior complexidade; ● a presença da manutenção na hierarquia da empresa, representada por atores como Gerente da Manutenção Industrial (geralmente responsável pelos departamentos de Engenharia de Manutenção e PCM, auxiliando na elaboração do Planejamento Estratégico – de longo prazo), Supervisor de Manutenção (encarregado de coordenar e orientar as equipes executantes, auxiliando na elaboração do Planejamento Tático – de médio prazo) e os Executantes de Manutenção (compreendidos como os Operadores e os Técnicos, que de fato atuam no processo de manutenção dos equipamentos e instalações e realizam as OMs, sendo responsáveis pelo cumprimento das programações - de curto prazo - realizadas pelo Planejamento e Controle da Manutenção (PCM); ● PCM: departamento fundamental que transita entre o nível tático e operacional da organização e que define o planejamento, programação, acompanhamento e controle das manutenção no médio e no curto prazo, sendo responsável pela liberação das OMs e sua documentação, as horas necessárias para cada atividade de manutenção, os materiais necessários para execução de cada OM, a priorização de cada serviço de manutenção e o desenvolvimento de ferramentas gerenciais de planejamento, acompanhamento e controle das manutenções. Entendemos que as abordagens desses temas centrais possibilitam o desenvolvimento de técnicas e habilidades para uma melhor gestão das manutenções no ambiente produtivo/fabril. LIVRO • Título: Confiabilidade e Manutenção Industrial • Autores: Flávio Sanson Fogliatto e José Luis Duarte Ribeiro • Editora: GEN LTC • O presente livro trata da Engenharia de Confiabilidade que tem como objetivo adequar a produção da indústria aos padrões dos mercados e a normas de qualidade, fornecendo o referencial teórico para esse processo de melhoria. O diferencial de Confiabilidade. Fonte: Grupo Gen: https://www.grupogen.com.br/confiabilidade-e-manutencao-industrial FILME/VÍDEO Esse vídeo te ajuda a entender como o processo de tagueamento é elaborado e operacionalizado, bem como o código de cada equipamento pode ser gerado. • Título: Norma para Tagueamento de Equipamentos - NBR 8190 • Link do vídeo: https://youtu.be/z0id89CJTlk REFERÊNCIAS FOGLIATTO, F. S.; RIBEIRO, J. L. D. Confiabilidade e manutenção industrial. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2011. GREGÓRIO, G. F. P.; SILVEIRA, A. M. Manutenção industrial. Porto Alegre: SAGAH, 2018. KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. SELEME, R. Manutenção industrial: mantendo a fábrica em funcionamento. Curitiba: Intersaberes, 2015. SOUZA, J. B. Alinhamento das estratégias do planejamento e controle da manutenção (PCM) com as finalidades e funções do planejamento e controle da produção (PCP): uma abordagem analítica. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2008. TAVARES, L. A. Manutenção centrada no negócio. Rio de Janeiro: NAT, 2005. TELES, J. Como Implantar o PCM – Planejamento e Controle de Manutenção. 2020. Disponível em: https://engeteles.com.br/como-implantar-o-pcm/. Acesso em: 01 jul. 2020. TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção- Teoria e Prática. 3. ed. s.l.: Grupo GEN, 2017. VIANA, H. R. PCM, planejamento e controle da manutenção. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. XENOS, H. G. Gerenciando a manutenção produtiva. Belo Horizonte: DG, 1998. UNIDADE III MÉTODOS DE MANUTENÇÃO Plano de Estudo: • Conceitos da manutenção corretiva • Definições da manutenção preventiva. • Características da manutenção preditiva. • Principais propriedades da manutenção produtiva. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar as diferentes abordagens relativas à manutenção em uma organização: corretiva, preventiva, preditiva e produtiva. • Compreender aspectos relacionados à programação e periodicidade de cada uma dessas abordagens. INTRODUÇÃO Na Unidade II foi possível compreender todas as condições básicas essenciais para iniciar as atividades de manutenção em uma empresa. O que é necessário, quais os modos possíveis para se estruturar a hierarquia da manutenção, quais as funções dos funcionários da manutenção e a função do Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) nesse contexto. Ou seja, como é o funcionamento e a operacionalização da manutenção na prática. Nessa unidade, entenderemos de modo mais aprofundado as abordagens da manutenção possíveis. Em outros termos, quais são os modos possíveis em que as empresas organizem as funções ou a perspectiva em que a manutenção é trabalhada e em que momento é mais adequado utilizar cada uma das abordagens. A primeira abordagem é a Manutenção Corretiva, que é um tipo de manutenção não programada, porque trata apenas da falha quando apresentada pelo equipamento. No entanto, para amenizar as consequências das paradas no processo produtivo ela pode ser planejada. A segunda abordagem consiste na Manutenção Preventiva e, ao contrário da Manutenção Corretiva, é um tipo de manutenção programada e realiza intervenções em equipamentos que estão com bom funcionamento, com objetivo de evitar que a falha aconteça. A Manutenção Preditiva, por sua vez, é um outro tipo de manutenção programada, que se fundamenta em uma abordagem comportamental que monitora e controla os equipamentos, buscando prever a proximidade do momento crítico. Ou seja, ela não espera até o momento em que o equipamento apresenta falhas, mas também não troca peças que ainda apresentam boas condições. Visa buscar um equilíbrio entre desgaste e custo de manutenção. A Manutenção Produtiva, baseada na autonomia dos operadores, consiste em um conjunto de métodos de manutenção que procura garantir e otimizar a produtividade do equipamento em relação aos fatores econômicos produtivos e aos custos de manutenção. Nesse sentido, cada uma dessas abordagens será analisada, para entendermos melhor tais conceitos e também em que momentos uma ou outra abordagem pode ser adotada ou mais adequada, uma decisão gerencial a ser tomada pela empresa. 1 MANUTENÇÃO CORRETIVA Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/heating-central-gas-furnace-issue- technician-1445642555 A Manutenção Corretiva é formalmente definida como aquela que é “efetuada após a ocorrência de uma pane destinada a recolocar um item em condições de executar uma função requerida” (ABNT,1994, p. 7), ou seja, sua característica é de uma manutenção não-programada e aperiódica. Isso significa que ela não segue uma especificação técnica e não tem calendário previamente estabelecido para sua ocorrência. Viana (2002) explica que a Manutenção Corretiva é conhecida nas fábricas como “apagar incêndios”, já que consiste em uma intervenção aleatória e necessária imediatamente, no momento em que o problema acontece, para recolocar o equipamento em funcionamento, seja porque é necessário evitar consequências graves nos instrumentos de produção ou à segurança do funcionário e ao meio ambiente. Kardec e Nascif (2009) afirmam que a Manutenção Corretiva também costuma ser chamada de “Manutenção Corretiva Não Programada” ou “Manutenção Emergencial”, uma vez que a principal característica desse tipo de manutenção é que ela acontece depois do fato já ter ocorrido, ou seja, depois que o equipamento https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/heating-central-gas-furnace-issue-technician-1445642555 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/heating-central-gas-furnace-issue-technician-1445642555 já apresentou problemas (pode ser uma falha ou pode ser um desempenho menor do que o normal). Nesse tipo de manutenção, portanto, não existe tempo para que a equipe de manutenção possa realizar o planejamento e os seus custos normalmente são altos, porque, na ocorrência de uma quebra inesperada, por exemplo, a produção pode ter que parar (completamente ou partes do processo produtivo) durante um período de tempo em que deveria estar produzindo. Ademais, em decorrência da parada, o produto final que será entregue ao cliente pode ter a sua qualidade prejudicada. Kardec e Nascif (2009) dividem a Manutenção Corretiva em duas categorias: ● Manutenção Corretiva Não Planejada: esse tipo de manutenção consiste na correção da falha de maneira aleatória, emergencial. Pode acontecer porque um equipamento quebrou ou porque está apresentando desempenho menor do que o esperado. ● Manutenção Corretiva Planejada: consiste na correção do desempenho menor do que o esperado ou correção da falha por decisão deliberada. Quando há essa decisão gerencial, geralmente é porque alterações no planejamento da Manutenção Preditiva foram efetuadas. O primeiro tipo, Manutenção Corretiva Não Planejada, pode ter consequências graves aos equipamentos de uma empresa. Kardec e Nascif (2009) fornecem exemplos de plantas industriais de processo contínuo (como, por exemplo, produção de petróleo, cimento etc.) em que elevadas pressões, temperaturas, vazões estão envolvidas no processo e há uma grande quantidade de energia desenvolvida. Quando ocorre a interrupção de um equipamento desse processo, a qualidade dos demais que estavam trabalhando normalmente pode ser prejudicada. Pode acontecer, por exemplo, de uma grande máquina começar a apresentar vibrações depois dessa interrupção abrupta. Quando a maioria das atividades de manutenção de uma empresa encontra- se nesse tipo de Manutenção Corretiva Não Planejada, quem coordena a equipe de manutenção são os equipamentos e a empresa acaba tornando-se menos competitiva (KARDEC; NASCIF, 2009). Kardec e Nascif (2009) utilizam a Figura 1 para demonstrar o funcionamento prático da Manutenção Corretiva Não Planejada de um equipamento ou sistema. Identifica-se que o tempo até a ocorrência da falha é aleatório e t0 até t1 é diferente de t2 até t3. Esse gráfico diz respeito a um equipamento que apresenta uma queda de desempenho ao longo do tempo, porém o tempo em que o equipamento passa em condições de estabilidade (funcionamento dentro do esperado) pode ser bastante grande até acontecer uma queda gradual ou abrupta no desempenho. Figura 1 - Manutenção Corretiva não planejada Fonte: Kardec e Nascif (2009, p. 41). O segundo tipo, Manutenção Corretiva Planejada, por ser um trabalho previamente organizado é sempre mais barato, mais seguro e com maior qualidade. Nesse contexto, a qualidade da informação fornecida pela atividade de acompanhamento do equipamento é de grande importância. Mesmo que a equipe de manutenção opte por deixar o equipamento funcionando até a quebra, essa decisão é deliberada e conhecida e existe um planejamento para ações de quando a quebra ocorrer. Dessa forma, mesmo que não seja possível programar em um calendário a data exata para essa manutenção ser realizada, pode-se elaborar um planejamento para proceder de forma mais rápida quando a intervenção for necessária. Por exemplo, a empresa pode ter um equipamento exatamente igual para substituir rapidamente,pode manter um kit de preparo rápido para efetuar a intervenção com maior agilidade, pode deixar o posto de trabalho com algum dispositivo que sinalize o problema (KARDEC; NASCIF, 2009), pode também ter parceria ou contrato com algum fornecedor próximo que possua as peças necessárias em estoque para que ele entregue com muita velocidade, entre outras ações que podem ser planejadas com antecedência. Xenos (1998) explica que para que a empresa adote a Manutenção Corretiva, deve levar em conta fatores econômicos e analisar: é mais barato consertar a falha no equipamento do que tomar ações preventivas? Se for esse o caso, a Manutenção Corretiva poderá ser uma opção adequada. No entanto, a empresa não pode deixar de considerar nesse cálculo o custo de perdas com as paradas na produção, que podem ser maiores do que o esperado. O autor afirma que um aspecto de grande importância na Manutenção Corretiva é esforçar-se para identificar as possíveis causas da falha e bloqueá-las, evitando que voltem a acontecer. 2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/preforming-pretrip-inspection-on- truckconcept-preventive-1401675830 A definição formal de Manutenção Preventiva é da “manutenção efetuada em intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item (ABNT, 1994, p. 7). A Manutenção Preventiva também pode ser chamada de Manutenção Periódica, por conta dessa característica de ser realizada periodicamente. Viana (2002) esclarece que são classificadas como Manutenção Preventiva todas as intervenções realizadas em equipamentos que estão em funcionamento normal, não apresentando nenhum problema, ou seja, na condição de zero defeito. Trata-se de serviços realizados em intervalos predeterminados, de acordo com os critérios previamente definidos nas especificações técnicas e no planejamento da empresa. O objetivo desse tipo de manutenção é o de reduzir a probabilidade de falha, viabilizando certa “tranquilidade” operacional para que o processo produtivo da organização caminhe de modo eficaz. Logo, esse tipo de manutenção pode ser considerado como uma Manutenção Programada. Kardec e Nascif (2009) explicitam que a Manutenção Preventiva é realizada, então, para reduzir ou evitar que a falha aconteça, que a queda no desempenho ocorra. Para isso, ela irá obedecer a um plano elaborado antecipadamente, com base em intervalos definidos de tempo. Os autores elucidam que, ao contrário da https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/preforming-pretrip-inspection-on-truckconcept-preventive-1401675830 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/preforming-pretrip-inspection-on-truckconcept-preventive-1401675830 Manutenção Corretiva, a Manutenção Preventiva trabalha para que a falha não chegue a acontecer, ou seja, como o próprio nome já esclarece, procura prevenir. Como exemplo, podemos citar o setor da aviação, em que a Manutenção Preventiva é imperativa para determinados sistemas, uma vez que a questão da segurança, nesse caso, se sobrepõe às demais. Xenos (1998) afirma que a Manutenção Preventiva é o coração das atividades da manutenção. Ele afirma isso porque ela envolve algumas tarefas que precisam ser realizadas de maneira sistemática, como, por exemplo: inspeções, reformas e, principalmente, troca de peças. Esse tipo de manutenção costuma ser mais caro do que a Manutenção Corretiva, porque algumas peças podem precisar ser trocadas antes de atingirem seus limites de uso. No entanto, para compensar, a frequência em que as falhas acontecem é menor, a disponibilidade dos equipamentos aumenta e também são reduzidas as paradas inesperadas da produção. Logo, se pararmos para analisar todos os custos (por exemplo, de redução da qualidade do produto final, paradas emergenciais não planejadas em que a produção e os funcionários precisam parar até que o problema em um equipamento seja solucionado), em vários momentos a Manutenção Preventiva irá custar menos do que a Manutenção Corretiva, porque será mais fácil prever quando as paradas nos equipamentos ocorrerão, não sendo mais as falhas que determinarão quando a parada irá acontecer. Kardec e Nascif (2009) explicam como as definições de paradas são planejadas na Manutenção Preventiva, esclarecendo que nem sempre os fabricantes fornecem dados precisos e exatos sobre cada equipamento, para que a empresa possa elaborar o plano de Manutenção Preventiva. Além disso, condições ambientais, de operações e manuseio dos equipamentos irão influenciar nessa degradação. Desse modo, a definição da periodicidade e substituição devem ser estipuladas para cada instalação fabril de maneira única, no máximo considerando outras plantas produtivas que operem em condições muito parecidas. Disso, podem ocorrer duas situações quando a equipe de manutenção está implantando a Manutenção Preventiva em uma organização: ● 1) Ocorrem falhas antes de se completar o período estimado pelo fornecedor para a intervenção; ● 2) Abertura do equipamento e troca e reposição de peças que ainda estavam em boas condições de uso, sem apresentar problemas. Kardec e Nascif (2009) apontam também que, ao longo da vida útil do equipamento, podem acontecer falhas ao longo de duas intervenções preventivas, gerando a necessidade de uma ação corretiva. O Gráfico 2 ilustra a dinâmica da Manutenção Preventiva. Figura 2 - Manutenção Preventiva Fonte: adaptado de Kardec e Nascif (2009, p. 43). Note que o equipamento ilustrado na Figura 2, irá trabalhar por períodos (t0 a t1, t2 a t3, t4 a t5, t6 a t7) e irá parar por períodos regulares para a realização das manutenções preventivas (t1 a t2, t3 a t4). Observe também que esse tipo de intervenção procura restabelecer o nível de performance esperada mesmo ainda não alcançando o limite máximo estipulado ou nível admissível procurado. Outro ponto de destaque é uma Manutenção Corretiva necessária no período t5 a t6, ressaltando que, mesmo realizando manutenções preventivas e periódicas, uma anomalia poderá ocorrer e levar à uma intervenção não programada (KARDEC, NASCIF, 2009). Viana (2002) afirma que a Manutenção Preventiva oferece muitos benefícios para as organizações, se comparada ao referido modelo de Manutenção Corretiva. Alguns benefícios são: ● Possibilidade de planejamento dos materiais necessários: na Unidade II desta apostila, no item 1.3, foi abordada a importância de um almoxarifado que contenha apenas os itens necessários (para não desperdiçar recursos comprando materiais que irão demorar para ser usados), ao mesmo tempo que contenha os itens mais importantes em quantidade e diversidade para não colocar em risco a produtividade da empresa em razão de paradas. Nesse contexto, o Plano de Manutenção Preventiva consegue fornecer suporte para a empresa nesse quesito, ao provisionar uma ideia consistente dos materiais necessários para se manter os instrumentos de produção em perfeito estado e o momento em que serão utilizados. ● Auxílio às atividades de Planejamento e Controle da Produção (PCP): na Unidade II, no item 3, também foi discutida a importância de uma boa relação entre o PCP e as atividades de manutenção em uma empresa. Como o PCP consiste em uma ferramenta importante na logística de um negócio (por exemplo: o que fabricar, quando fabricar, quanto fabricar), uma das variáveis a ser considerada é o estado operacional dos equipamentos e a agenda de paradas. Sem a Manutenção Preventiva, essas informações não poderiam ser repassadas ao PCP. ● Melhora no índice de qualidade: a pauta da Manutenção Preventiva é efetivada de acordo com os critérios elaborados pelos técnicos de manutenção e reduzem, de maneira significativa, a improvisação. Assim, se comparada a uma empresaque só utiliza a Manutenção Corretiva, o índice de qualidade dos produtos finais de uma empresa alcançam níveis mais altos em empresas que realizam a Manutenção Preventiva. ● Redução das panes inesperadas: as ações preventivas reduzem muito esses acontecimentos (que elevam os custos de manutenção e produção e ocasionam em problemas para a equipe de manutenção), melhorando o controle sobre os equipamentos. ● Melhora dos métodos de trabalho: a partir do momento em que a Manutenção Preventiva é instaurada, os funcionários precisam estudar os equipamentos e checar todos os processos. Quando a atuação em um equipamento se repete, a equipe passa a ter um histórico (o histórico de manutenção foi tratado na Unidade II desta apostila, item 1.5) daquele recurso produtivo. Assim, a visualização dos seus pontos torna-se mais fácil pela equipe de manutenção, a cada Manutenção Preventiva realizada. 3 MANUTENÇÃO PREDITIVA Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/predictive-maintenance-on- mechanism-metal-cogwheels-386739451 A compreensão dos conceitos básicos de Manutenção Corretiva e Manutenção Preventiva são importantes para os próximos estudos, por isso foram dispostos detalhadamente e inicialmente nesta Unidade III e apresentados, de maneira introdutória, na Unidade I. Enquanto o primeiro tipo de manutenção (corretiva) é realizado a partir da falha do equipamento (sendo essa falha esperada ou não) e só é realizada nesse momento; o segundo tipo (preventiva) segue especificações técnicas do equipamento e procura minimizar os riscos de ocorrências de falhas mais comuns, por meio de trocas periódicas ou sinalizadas de peças e fluidos, por exemplo, para proporcionar um fluxo mais perceptivo das manutenções. Tanto um tipo quanto o outro se fazem importantes e serão realizados de acordo com a estratégia da empresa ou ainda com os tipos de falhas que os equipamentos possam apresentar. Após o estudo desses dois tipos de manutenção, é possível perceber que a manutenção em uma empresa pode ocorrer de forma Programada e também de forma Não Programada. No que diz respeito à Manutenção Não Programada, ela tem esse nome porque é o equipamento o decisor de quando a manutenção irá ocorrer, ou seja, na ocorrência da falha, como ocorre na Manutenção Corretiva. Já https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/predictive-maintenance-on-mechanism-metal-cogwheels-386739451 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/predictive-maintenance-on-mechanism-metal-cogwheels-386739451 a Manutenção Programada ocorrerá quando as intervenções são planejadas e também programadas para cada equipamento da empresa de acordo com um calendário ou com as especificações técnicas de cada equipamento. As informações necessárias para que a equipe de manutenção consiga organizar essa programação, na concepção de Tavares (1999) são: relação do código, tagueamento e descrição de todos os equipamentos da planta produtiva, com a periodicidade, épocas de execução de atividades programadas, instruções de manutenção, formulários de registro de dados de medição, histórico do equipamento, centros de custos, códigos de material e demais dados necessários a essa análise do equipamento. Essa programação da manutenção formal em uma fábrica, geralmente é chamada de Programa Mestre de Manutenção. Além das duas referidas abordagens, é possível recorrer ainda a um terceiro tipo de manutenção: a Manutenção Preditiva. Para Xenos (1998), essa manutenção pode ser mais custosa para empresa, já que as trocas ou reparos são realizados antes do equipamento ou peças atingirem seus limites totais, no entanto, no que diz respeito à previsibilidade em relação ao intervalo de ação e proximidade do limite de vida útil das peças e equipamento, a técnica se faz eficiente. O autor ainda acrescenta que a Manutenção Preditiva deveria ser classificada como um elemento da Manutenção Preventiva e deveria ser planejada juntamente com essa última. Viana (2002), por sua vez, também acredita que a Manutenção Preditiva ocorre de forma preventiva, no entanto, por meio do acompanhamento comportamental dos equipamentos ou suas peças, ou seja, utilizando-se de monitoramento, medição e até mesmo de controle estatístico para prever a proximidade do momento crítico. Dessa forma, esse tipo de manutenção não espera o equipamento ou peça apresentar falha; nem realiza a troca previamente especificada tecnicamente; e sim busca um equilíbrio entre desgaste e custo de manutenção, encontrando um momento mais adequado para a realização da intervenção, evitando paradas e desmontagens desnecessárias, procurando aproveitar ao máximo a vida útil do equipamento ou peça (XENOS, 1998; VIANA, 2002; KARDEC; NASCIF, 2009). Kardec e Nascif (2009) concordam com Viana (2002) e acrescentam que a Manutenção Preditiva pode ser conhecida também como “Manutenção sob Condição” ou ainda como “Manutenção com Base no Estado do Equipamento”. Assim, os autores definem esse tipo de manutenção como uma atuação baseada em alterações de determinados parâmetros-chave (apurados com o equipamento em funcionamento), que especificam condições ou desempenhos esperados, sistematicamente acompanhados, proporcionando, assim, uma operação mais contínua dos equipamentos por um tempo maior possível. A Figura 3 apresenta a dinâmica da Manutenção Preditiva. Figura 3 - Manutenção Preditiva Fonte: adaptado de Kardec e Nascif (2009, p. 47). Como observado, a base para a tomada de decisão da Manutenção Preditiva é o acompanhamento preditivo, sinalizado na Figura 3 pelo símbolo ▼. Em vários momentos, entre t0 e t1 e entre t2 e t3, a curva de desempenho apresenta acompanhamentos preditivos. Quanto mais se aproxima ao nível de alerta, a frequência do acompanhamento é maior. Esse é um dos motivos que leva Xenos (1998) a argumentar que esse tipo de manutenção pode ser mais custoso: devida a necessidade de maior acompanhamento e, consequentemente, maior empenho de hora-homem. Ao chegar em nível de alerta (o que pode ser por meio de uma sinalização ou apresentação de um determinado desgaste, por exemplo), o responsável pela manutenção, seja uma pessoa ou um departamento, realiza um planejamento e programação da intervenção para próximo ao nível admissível procurado (que corresponde ao mínimo tolerável de desempenho). Por sua vez, a intervenção (sinalizada por ↑) é realizada entre t1 e t2 e buscará reestabelecer o nível de performance esperada. Quando uma sinalização é visualizada ou um determinado grau de desgaste é apresentado durante o acompanhamento, então é tomada a decisão de intervenção junto ao equipamento para manutenção. De acordo com Xenos (1998) e Viana (2002), essa visualização ou apresentação podem e são geralmente acompanhadas por meio de técnicas avançadas, como: ● Ensaios por ultrassom: consiste em uma técnica não destrutiva, que detecta defeitos ou descontinuidades em materiais ferrosos e não- ferrosos de variadas formas e tipos; ● Análise de vibrações mecânicas: consiste na análise da oscilação em parâmetros de referência, que, com o tempo, pode reduzir o grau de resistência do equipamento, ou seja, vir a se tornar um processo destrutivo e quase imperceptível; ● Análise de óleos lubrificantes: consiste em uma técnica que visa dimensionar o momento de troca do fluido lubrificante e identificar possíveis sintomas de desgaste em peças e equipamentos; ● Termografia: consiste em uma técnica não destrutiva, que permite a medição sem contato físico com a superfície ou ponto aquecido, por meio de uma radiação infravermelha. Essas técnicas serão apresentadas de maneira mais detalhada na Unidade IV. 4 MANUTENÇÃO PRODUTIVA E A MANUTENÇÃO AUTÔNOMA Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/broken-robot-considers-details- mechanism-your-593418071Para Xenos (1998), a Manutenção de caráter Produtiva tem por objetivo a aplicação do melhor ou do mais adequado método possível para realização de ações de intervenção junto às máquinas e equipamentos. De acordo com o autor, a Manutenção Produtiva procura garantir e otimizar a produtividade do equipamento em relação aos fatores econômicos produtivos e aos custos de manutenção. Portanto, é tratada como um conjunto de métodos de manutenção que vai desde a Manutenção Corretiva, passando pela Manutenção Preventiva, até a Manutenção Preditiva. Além desses três métodos mais conhecidos e explorados, no intuito de promover uma Manutenção Produtiva Total (MPT ou TPM, do inglês total productive maintenance - previamente abordada no tópico 4.1 da Unidade I), essa abordagem apresenta a Manutenção Autônoma, como um método complementar. Tratando-se de um método que envolve os Operadores nas atividades de manutenção, a Manutenção Autônoma, procura romper com a obrigatoriedade de apenas o departamento de Manutenção realizar as atividades de intervenção. De acordo com Slack, Bandron-Jones e Johsnton (2015) e Xenos (1998), a https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/broken-robot-considers-details-mechanism-your-593418071 https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/broken-robot-considers-details-mechanism-your-593418071 possibilidade da delegação de autonomia aos Operadores, além de ir ao encontro da filosofia MPT, promove responsabilidades pela manutenção e melhoria no desempenho de seu trabalho, bem como o interesse na detecção e tratamento de anomalias iniciais, antes que essas se tornem falhas. Dessa forma, conforme apontam Viana (2002) e Fogliatto e Ribeiro (2011), o Operador (que possui um papel mais orientado para a produção na fábrica) passa a resolver situações mais rotineiras ou corriqueiras de manutenção, liberando tempo para que os Técnicos de Manutenções possam atuar sobre problemas maiores. De acordo com Fogliatto e Ribeiro (2011), a implantação de filosofias ,como 5Ss (senso de utilização, de organização, de limpeza, de padronização e saúde e de disciplina ou autodisciplina) podem auxiliar na estruturação da Manutenção Autônoma e promover o engajamento dos Operadores à essa abordagem. Dessa maneira, o ambiente e equipamentos se manteriam limpos e organizados, o que promoveria maior fluidez no processo produtivo, bem como auxiliaria, por exemplo, na detecção de anomalias, de ajustes pontuais e promoção da qualidade nos processos e nos produtos/serviços. Essa qualidade viria como consequência da experiência obtida com as manutenções autônomas e promoveria um ganho de mais autonomia, conforme listado no Quadro 1. Quadro 1 - Ganhos aos Operadores promovidos pela Manutenção Autônoma I Efetuar melhorias nos equipamentos, evitando que gerem resíduos (sujeiras, pó, limalhas, cavacos) que contaminem o ambiente II Elaboração de padrões de operação que possam reduzir o tempo de limpeza e lubrificação III Elaboração de manuais de inspeção, que agilizem e qualifiquem essa atividade, podendo servir também para treinamento IV Padronização de procedimentos de manuseio e fluxo de materiais V Padronização de procedimentos de registro de dados Fonte: Fogliatto e Ribeiro (2011). Mas nem tudo é favorável para o desenvolvimento da Manutenção Autônoma. Como destaca Xenos (1998), uma situação que pode vir a inviabilizar a delegação aos Operadores para tipos mais simples de manutenção é a questão de sobrecarga produtiva, o que faz com que Manutenção e Produção se tornem concorrentes de recursos humanos e encerra por obrigar a organização em uma orientação mais independente entre as funções. Dessa maneira, a Manutenção acaba por se tornar um departamento especializado em manutenções e a Produção como uma função estritamente produtiva. SAIBA MAIS A seguir serão exibidos links para alguns textos que permitirão entender um pouco mais sobre as técnicas de acompanhamento da Manutenção Preditiva. A primeira delas, o Ensaio por ultrassom, é abordada em um estudo de caso sobre ensaio não destrutivo por ultrassom, apresentado no XV Encontro Latino Americano de Iniciação Científica; a segunda, a Análise de vibrações mecânicas, apresentada em um trabalho de conclusão de curso de Engenharia Mecânica da UNESP, em um estudo de caso, como tema a Manutenção Preditiva por análise de vibração mecânica em máquinas rotativas; a terceira, a Análise de óleos lubrificantes, apresentada pela opinião de uma especialista da PETRONAS (uma das maiores petroleiras do mundo presente em cinco continentes) indicando as etapas de análise de óleo lubrificante; e, por último, mas não menos importante, a Termografia, como técnica que pode ajudar a evitar acidentes e é destacada pelo site A voz da Indústria. A seguir estão os links e QRCodes que darão acesso às páginas/arquivos. Ensaio por ultrassom: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_201 1/anais/arquivos/RE_0242_0512_01.pdf Análise de vibrações mecânicas: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/ 157012 Análise de óleos lubrificantes: https://inovacaoindustrial.com.br/etapas- de-analise-de-oleo-lubrificante/ Termografia: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2011/anais/arquivos/RE_0242_0512_01.pdf http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2011/anais/arquivos/RE_0242_0512_01.pdf https://repositorio.unesp.br/handle/11449/157012 https://repositorio.unesp.br/handle/11449/157012 https://inovacaoindustrial.com.br/etapas-de-analise-de-oleo-lubrificante/ https://inovacaoindustrial.com.br/etapas-de-analise-de-oleo-lubrificante/ https://avozdaindustria.com.br/gesto/term ografia-industrial-o-que-e-como-pode- ajudar-evitar-acidentes #SAIBA MAIS# REFLITA “O homem da manutenção não deve ser apenas aquele que conserta, mas sim o que elimina a necessidade de consertar” (H. Salles). #REFLITA# https://avozdaindustria.com.br/gesto/termografia-industrial-o-que-e-como-pode-ajudar-evitar-acidentes https://avozdaindustria.com.br/gesto/termografia-industrial-o-que-e-como-pode-ajudar-evitar-acidentes https://avozdaindustria.com.br/gesto/termografia-industrial-o-que-e-como-pode-ajudar-evitar-acidentes CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta Unidade procuramos apresentar de maneira mais detalhada as principais abordagens de Manutenção da Produção Industrial. Para isso revisitamos os conceitos da Manutenção Corretiva (focada na resolução da falha após a sua ocorrência, ou seja, mesmo que seja planejada, se comporta de maneira não programada e sem uma frequência pré-estabelecida – aperiódica), da Manutenção Preventiva (orientada por uma especificação técnica ou periodicidade, por exemplo, para minimizar os riscos das falhas e atenuar os impactos das paradas bruscas para a produção) e da Manutenção Preditiva (pelos autores classificadas como uma variação da Manutenção Preventiva, mas que procura, por meio de acompanhamento mais intensivo no processo e no equipamento, avaliar o melhor momento para realização de uma intervenção – custo x benefício x processo produtivo). A Manutenção Corretiva tem sua importância, já que, em determinados momentos, é mais interessante aguardar o problema acontecer (como, por exemplo, a troca de uma lâmpada) para, de fato, realizar a intervenção. No entanto, o que deve ser analisado é a necessidade de manter em estoque de peças sobressalentes, para que, ao acontecer a falha, o impacto seja menor do que se tiver que aguardar a compra e reposição da peça. No caso da Manutenção Preventiva, ainda foram realçados alguns benefícios que essa abordagem pode trazer para a organização, como: possibilidade de planejamento dos materiais necessários; auxílio às atividades de Planejamento e Controle da Produção (PCP); melhora no índice de qualidade; redução das panes inesperadas; e melhoria os métodos de trabalho. Paraa Manutenção Preditiva, um ponto chave abordado foi o acompanhamento comportamental dos equipamentos ou suas peças, que corresponde ao monitoramento, medição e até mesmo a análise de controle estatístico para prever a proximidade de uma intervenção (antes da ocorrência da falha). Algumas técnicas de acompanhamento, que serão objetos de estudo da Unidade IV, foram apresentadas, tais como: ensaio por ultrassom, análise de vibrações mecânicas, análise de óleos lubrificantes, e a termografia. Por fim, uma nova abordagem foi detalha, além das três mais comuns: a Manutenção Autônoma, que é iluminada quando falamos a respeito de Manutenção Produtiva e Manutenção Produtiva Total (MPT). A Manutenção Autônoma procura incentivar o Operador a desenvolver habilidades e responsabilidades sob a manutenção mais básica do equipamento (limpeza e lubrificação, por exemplo). Essa abordagem procura romper com a obrigatoriedade de apenas o departamento de Manutenção realizar as atividades de intervenção, trazendo ao Operador benefícios como: efetuar melhorias em seu próprio equipamento; desenvolvimento de padrões de operação (reduzindo) o tempo de limpeza e lubrificação; e elaboração de manuais de inspeção (que poderão servir para padronização de procedimentos e treinamentos). LIVRO • Título: Manutenção Preditiva. Fator de Sucesso na Gestão Empresarial • Autores: Alan Kardec, Júlio de Aquino Nascif e Xavier Nascif • Editora: Qualitymark • Sinopse: O objetivo do livro é destacar a importância da manutenção preditiva, inserindo o setor de manutenção no processo de gestão de excelência. O livro é escrito de forma didática e ricamente ilustrado. FILME/VÍDEO Esse vídeo te ajuda a entender o conceito de Manutenção Preventiva, sua aplicação prática e um pouco sobre os seus custos. • Título: Manutenção Preventiva: O que é, quanto custa e como aplicar. • Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=BziC-- VCEG0&feature=emb_logo https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=BziC--VCEG0&feature=emb_logo https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=BziC--VCEG0&feature=emb_logo REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. ABNT NBR 5462:1994: Confiabilidade e mantenabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. FOGLIATTO, F. S.; RIBEIRO, J. L. D. Confiabilidade e manutenção industrial. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2011. KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. TAVARES, L. A. Administração Moderna da Manutenção. Rio de Janeiro: Novo Polo Publicações e Assessoria Ltda., 1999. VIANA, H. R. PCM, planejamento e controle da manutenção. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. XENOS, H. G. Gerenciando a manutenção produtiva. Belo Horizonte: DG, 1998. UNIDADE IV TÉCNICAS EM MANUTENÇÃO Plano de Estudo: • Conceitos Básicos de Análise da Vibração • Análise de Óleo: Noções Gerais • Análise de Temperatura • Ensaios Não Destrutivos (End) • Análise de Motores Elétricos • Análise de Tensões • Análise de Falha - Melhoria de Processos, Projetos, Equipamentos e Instalações • Inspeção e Recuperação de Componentes • Introdução de Novas Tecnologias Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar a Análise da Vibração. • Conceituar e contextualizar a Análise de Óleo. • Conceituar e contextualizar a Análise de Temperatura. • Compreender os tipos de Ensaios Não Destrutivos (END). • Conceituar e contextualizar a Análise de Motores Elétricos. • Conceituar e contextualizar a Análise de Tensões. • Estabelecer a importância da Análise de Falhas e conhecer suas ferramentas principais. • Ampliar o conhecimento sobre inspeção e recuperação. • Ampliar o conhecimento sobre novas tecnologias. INTRODUÇÃO Na Unidade III, estudada anteriormente, foi possível entender detalhadamente as principais abordagens concernentes à manutenção: a manutenção corretiva; manutenção preventiva; manutenção preditiva e também a produtiva. Foi possível compreender as funções e condições em que cada uma delas fazem-se necessárias. Nessa unidade, as principais técnicas em manutenção inseridas em todas essas abordagens serão evidenciadas, para que você possa entender a necessidade e o funcionamento de cada uma delas. Dentro da manutenção preditiva, será estudada a Análise da Vibração, um dos métodos mais importantes desse tipo de manutenção; Análise de Óleo, um dos principais itens adotados pelas equipes de manutenção de equipamentos industriais e veiculares e Análise de Temperatura. Também serão abordados os Ensaios Não Destrutivos (END), que consistem nas principais ferramentas do controle da qualidade e monitoramento efetivo dos equipamentos, abrangendo o Ensaio ou Exame Visual; Ensaio com Líquidos Penetrantes; Ensaio com Partículas Magnéticas e Ensaios radiográficos. A análise dos Motores Elétricos também será mencionada, com enfoque na lubrificação dos rolamentos além da Análise de Tensões que podem agir sobre os equipamentos e componentes. A Análise de Falhas será especialmente abordada na apreciação de diferentes ferramentas que possibilitam identificar e agir sobre as origens das falhas, tais como: 5 Porquês; Diagrama de Ishikawa; Fluxograma de Processos; Ciclo PDCA; FMEA; 5W1H. Cada uma delas pode auxiliar de alguma forma a melhoria dos processos internos em uma empresa. A inspeção e recuperação de componentes também será abordada, sempre com objetivo de não impactar negativamente na produção. E finalmente, uma introdução sobre novas tecnologias aplicadas à indústria será evidenciada, destacando os principais pontos de evolução tecnológica com impacto nos parques industriais. Essa unidade, portanto, possibilitará um conhecimento técnico abrangente, sobre aspectos práticos, tipos de análise, inspeção, exames e monitoramento, além de apresentar as tendências em produção e manutenção industrial. 1 CONCEITOS BÁSICOS DE ANÁLISE DA VIBRAÇÃO Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/mechanical-inspector-inspection- alignment-oil-pump-749946151 Sotelo Júnior e França (2006) explicam que as vibrações são fenômenos importantes do mundo físico, ocorrendo com frequência no universo, seja na natureza ou nos fenômenos físicos da vida moderna, por exemplo, em aparelhos de uso doméstico, como aparelho elétrico de barbear, máquina de lavar roupa, aspirador de pó, secador de cabelo, em que se percebem: movimento mecânico de alta frequência, pequena amplitude de deslocamento, ruído sonoro. Na indústria, máquinas, em geral, compostas por vários eixos e cilindros girando com rotação elevada, realizam movimentos vibratórios no piso das fábricas que podem ser transmitidos e sentidos no corpo dos trabalhadores, nas máquinas vizinhas e, se a exposição for longa, além do ruído, a exposição se torna incômoda. Muitos recursos são utilizados para aperfeiçoar aparelhos para reduzir esses efeitos desagradáveis. Kardec e Nascif (2009) afirmam que o acompanhamento e análise da vibração consistem em um dos métodos mais importantes de manutenção preditiva em muitas indústrias. Esse tipo de análise tem seu enfoque maior em equipamentos rotativos, para os quais atualmente existem métodos, ferramentas e softwares muito avançados para isso. Os autores afirmam que a vibração ocorre em qualquer sistema que responde a uma excitação, pode ser, por exemplo, um eixo de compressor centrífugo, a asa de um avião em voo, as molas. Inman (2018) esclarece que vibração é o estudo do movimento repetitivo de corpos em relação a um sistema de referência estacionário e está em todos os lugares, na maioria das vezes influenciando os projetos de engenharia. Emmuitos casos, as propriedades vibratórias de dispositivos de engenharia são fatores limitantes do seu desempenho. De acordo com Kardec e Nascif (2009), os parâmetros de vibração relacionados com as máquinas rotativas são dimensionados em termos de: deslocamento, velocidade e aceleração. Spamer (2009) afirma que existem equipamentos apropriados para medir a vibração, ou seja, os sensores de vibração transformam o sinal de vibração mecânica em sinal elétrico, para interpretá-lo por meio de um equipamento de medição ou um software. Segundo Spamer (2009), o deslocamento é utilizado para evidenciar desbalanceamento em partes de máquinas rotativas com amplitudes elevadas na frequência de rotação de um eixo. Os problemas apresentados pelos equipamentos, relativos ao parâmetro velocidade, podem ser: falta de rigidez mecânica, desbalanceamento, desalinhamento paralelo e angular, empenamento, folgas, desgastes em acoplamentos, passagem de pás, problemas elétricos. No que diz respeito à aceleração de vibração, os problemas apresentados podem ser: engrenamento, falhas de rolamento, cavitação, problemas elétricos, como, por exemplo, frequências de ranhuras. Teles (2020a) explica que a análise de vibração consiste no procedimento que descobre as falhas em componentes móveis dos equipamentos, analisando-se a taxa de variação das forças dinâmicas geradas. Essas forças acabam impactando no nível de vibração, que é avaliado em pontos sensíveis dos recursos produtivos sem precisar parar o equipamento. De acordo com Teles (2020a) a análise de vibrações é considerada uma das técnicas de manutenção preditiva mais completas para a identificação de defeitos e falhas mecânicos. Todos os programas de manutenção em equipamentos rotativos precisam contemplá-la, pois, além de detectar defeitos existentes nas máquinas, essa técnica também tem seu foco na causa do problema de outros defeitos que possam ocorrer e ocasionar a parada do processo produtivo. 2 ANÁLISE DE ÓLEO: NOÇÕES GERAIS Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/heating-central-gas-furnace-issue- technician-1445642555 Para Teles (2020b) a análise do óleo consiste em uma técnica de rotina dentro da manutenção preditiva, com o objetivo de providenciar informação útil e objetiva sobre o estado do lubrificante e sobre as condições de cada um dos recursos produtivos. Nepomuceno (2018) afirma que a análise de óleo se tornou um dos principais itens adotados pelas equipes de manutenção de equipamentos industriais e veiculares, uma vez que o custo elevado das peças mecânicas e da mão de obra, adicionados ao custo de parada de equipamentos por danificações relacionadas a lubrificação ou origem mecânica, são fortes motivadores para se implantar um programa periódico de análise dos óleos utilizados. Para este autor, esse plano de análises também contribui para a manutenção preventiva. A análise de óleo, segundo Nepomuceno (2018), era um privilégio apenas de grandes empresas. Porém com o passar do tempo, a notada percepção de importância e necessidade que a técnica foi ganhando fez com que os procedimentos fossem ampliados e hoje existem disponíveis serviços de análise rápida de óleo para motores de frotas de ônibus, caminhões, sistemas hidráulicos, https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/heating-central-gas-furnace-issue-technician-1445642555 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/heating-central-gas-furnace-issue-technician-1445642555 industriais, lubrificação de máquinas de papel, entre outros. A análise de óleo terá os dados gerados utilizados, geralmente, pelos supervisores de manutenção para programar inspeções preventivas da maquinaria e confirmar a situação da lubrificação, dentro do período estabelecido para drenagem do óleo. Em um programa de análise do óleo, o passo inicial consiste na coleta de amostras representativas do lubrificante inserido no sistema, em recipiente adequado, livre de contaminações, para que o resultado do teste seja condizente com a realidade. Existem bombas manuais para aspirar essa amostra de lubrificante, enviando-a diretamente ao recipiente apropriado para amostragem. Uma opção recorrente é coletar a amostra logo após o funcionamento do equipamento, enquanto ele ainda está em temperatura de trabalho. A amostra deve ser rotulada imediatamente com informações de descrição do equipamento, tipo de serviço, identificação do lubrificante, data da amostragem, tempo desde a última troca de óleo, necessidade de complementação do nível de reposição. Na sequência, a amostra deve ser enviada ao laboratório o mais rápido possível (NEPOMUCENO, 2018). Nepomuceno (2018) esclarece que, no laboratório, o analista selecionará os testes a serem aplicados na amostra de acordo com as características de cada lubrificante. Aparência e odor são aspectos importantes analisados, podendo indicar diferentes irregularidades no sistema, como evidência de contaminação, deterioração e oxidação. Podem fornecer ao analista uma ideia inicial de algum problema para que ele proceda com testes mais focados. O exame do interior da amostra também é importante para identificar possíveis lascas de tinta, metal e outros tipos de sujeiras e são realizados geralmente por meio de exame microscópico e difração de raio X. Teor de água e viscosidade também consistem em importantes questões investigadas pelos analistas. O teor de água pode indicar contaminação por meio de juntas, vedadores com vazamentos, passagem de gases, armazenamento ou aplicação incorreta do óleo, entre outros problemas. Alterações na viscosidade, segundo Nepomuceno (2018) pode ser indicativo de problemas no sistema de combustível, necessidade de drenar o óleo, vazamentos de compartimentos, entre outros. Nepomuceno (2018) afirma ainda que são analisados também insolúveis e sedimentos. Entre os contaminantes insolúveis mais comuns, encontra-se a fuligem do combustível e a presença pode indicar que há penetração de poeira ou outras sujidades no sistema ou que há componentes sofrendo desgaste. O autor esclarece que o encarregado ou supervisor de manutenção deve ser alertado o mais breve possível, caso a análise revele uma condição possível de acarretar avaria do equipamento ou se uma manutenção corretiva imediata for necessária. Embora a análise rápida do óleo usado não revele todos os problemas, a experiência do analista e inteligência na interpretação dos resultados podem contribuir significativamente para a eficácia do programa de manutenção preventiva (NEPOMUCENO, 2018). 3 ANÁLISE DE TEMPERATURA Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/technician-use-infrared-thermal- imaging-camera-1475814230 Para Nepomuceno (2018), a manutenção preditiva de equipamentos e sistemas torna necessária a mensuração constante de condições de temperatura e pressão, pois podem impactar significativamente na qualidade final do produto. As máquinas e equipamentos industriais precisam ser monitorados continuamente, a partir de um sistema de alarme visual ou sonoro que forneça algum tipo de aviso para que a equipe de manutenção perceba rapidamente o problema, ou possibilitando que a própria máquina desligue e pare o processo antes que o problema se agrave. Em empresas maiores, que utilizam equipamentos muito grandes e de custo elevado, é comum a instalação de painéis de controle e comando, indicando as condições dos equipamentos e os sensores térmicos são indicadores frequentes nesses painéis, funcionando a partir do envio de informações aos instrumentos do painel por meio de tubos capilares ou condutores elétricos. Em instalações automatizadas, dependendo do quanto são modernas e da tecnologia empregada, dispositivos podem promover a correção desses desvios, por meio de transmissores de temperatura ou pressão, que verificam as variações e enviamsinais às válvulas controladoras que corrigem o fluxo (NEPOMUCENO, 2018). Kardec e Nascif (2009) listam os principais métodos de medição de temperatura, que serão detalhados a seguir: ● Termômetros de contato: geralmente são leves, pequenos e funcionam por meio de baterias. Com mostradores digitais, ajuste de escala e sensores para medição em tubulação, para superfícies planas, medições de gases e líquidos. ● Fitas indicadoras de temperatura: são fitas autoadesivas com marcações de anéis brancos com os valores de temperatura demarcados. Quando a temperatura atinge um valor indicado na fita, o anel branco muda para preto e permanece ainda que a temperatura caia. São adaptáveis a superfícies curvas. São resistentes a água e óleo. ● Lápis indicadores de temperatura: essa é uma opção de indicação de temperatura mais grosseira, muito utilizada para serviços de soldagem. O funcionário faz uma marcação com o lápis (por exemplo, o lápis de 150°) e, quando atingir a temperatura, a marcação derrete. No entanto, esse método tem sido substituído pela utilização de termômetros infravermelhos. ● Tinta termossensível: esse tipo de tinta muda de cor quando a superfície muda de temperatura, ultrapassando os níveis estabelecidos. Geralmente é utilizada em superfícies de equipamentos estáticos. ● Mediação de temperatura por radiação: consiste em uma técnica de mensuração remota, uma vez que é realizada por sensores que não estão em contato direto com os objetos que estão sendo medidos. A medição ocorre pela radiação térmica (ou eletromagnética) emitida pelo equipamento. É ideal para temperaturas muito elevadas (acima de 550°, por exemplo). Essa medição, geralmente é realizada pelos pirômetros. ● Pirômetro de radiação e Pirômetro infravermelho: são dois tipos de termômetros, constituídos de um elemento sensível à radiação, que permitem medir temperaturas de superfícies sem o contato direto. ● Pirômetro ótico: Mensura a temperatura da superfície pela cor da radiação emitida e também permite medir temperaturas de superfícies sem o contato direto. Gregório e Silveira (2018) afirmam que a análise de temperatura é utilizada na grande maioria dos equipamentos, pois consiste em um parâmetro de fácil compreensão e permite identificar vários tipos de alterações nos equipamentos, como: desgaste, falta de lubrificação, danos no isolamento térmico, problemas de mau contato nos equipamentos, entre outras. 4 ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS (END) Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/male-worker-inspection-visual- pipeline-valve-1778036042 De acordo com Silva et al. (2016), os ensaios destrutivos (END) são testes de natureza qualitativa, utilizados na inspeção de recursos produtivos, para avaliar a existência de algum defeito oculto ou alterações das características-padrão que possam contribuir para a diminuição de sua confiabilidade. Tais ensaios buscam avaliar sem prejudicar características mecânicas ou utilidade futura dos bens avaliados. Alguns dos principais defeitos que se objetivam encontrar por meio dos END são rachaduras de fadiga, de escoamento, danos causados por corrosão. Como alterações podem surgir de diferentes dimensões e modos, dependendo do item a ser testado, é ideal que um tipo de ensaio ou outro seja aplicado. Nepomuceno (2019) cita os principais END: Ensaio ou Exame visual; Ensaios com Líquidos Penetrantes; Ensaios por Partículas Magnéticas; Ensaios Radiográficos. Cada um deles será abordado a seguir. https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/male-worker-inspection-visual-pipeline-valve-1778036042 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/male-worker-inspection-visual-pipeline-valve-1778036042 4.1 Ensaio ou Exame Visual Nepomuceno (2019) afirma que o ensaio visual ou exame visual é um método tradicional e antigo, porém ainda muito utilizado nas atividades industriais de inspeção e manutenção, que também é eficaz em evitar acidentes e consequências custosas às empresas. É de fácil aplicação, rápido e gera informações preliminares importantes e complementares sobre a conformidade dos itens avaliados. Este tipo de exame é o primeiro a ser realizado, ainda que as especificações determinem que outros ensaios sejam necessários posteriormente. Essa análise buscará detectar descontinuidades, como dobras, costuras, distorções físicas e geométricas, trincas e outras irregularidades superficiais ao equipamento que sejam resultados de problemas potenciais. Na manutenção trata-se de um procedimento natural que possibilita verificar seu estado mecânico (NEPOMUCENO, 2019). Esse exame pode ser realizado com o auxílio de elementos ou dispositivos auxiliares que melhorem o alcance e a capacidade de percepção e visão do técnico. Na ocorrência da detecção de algum defeito, o exame visual poderá ser aplicado para confirmar ou negar o diagnóstico ou acompanhar a evolução do caso, permitindo, muitas vezes, a identificação da origem de um defeito dado e a indicação das providências para sua correção (NEPOMUCENO, 2019). No entanto, Nepomuceno (2019) ressalta que o ensaio visual é limitado a componentes e materiais estáticos, sendo inviáveis no exame de componentes em movimento em que a parada do equipamento é exigida, o que consiste em problemas em equipamentos que trabalham 24 horas, por exemplo, tornando necessário um ajuste de parada programada com a produção. Porém em caso de equipamentos com elevados níveis de segurança, a parada pode ser justificada em função da execução do exame que deve ter os pontos críticos planejados antecipadamente para que a produção possa ser parada apenas durante um tempo pré-determinado. 4.2 Ensaios com Líquidos Penetrantes O exame em ensaio com líquidos penetrantes relaciona-se à capacidade de alguns líquidos em molhar a superfície dos materiais e penetrar em cavidades muito pequenas, possibilitando a detecção de vazamentos, fissuras, trincas abertas à superfície, praticamente em todos os tipos de materiais, por meio da observação dos “borrões” que o líquido penetrante deixa. Esse método fundamenta-se no fenômeno da capilaridade, que diz respeito ao poder de penetração de líquidos em áreas muito pequenas, devido sua baixa tensão superficial. A remoção do líquido é feita com a lavagem com água ou solventes (NEPOMUCENO, 2019). Nepomuceno (2019) explica que, até certo tempo atrás, uma das grandes limitações dos ensaios assentava-se na dificuldade em se registrar os resultados, o que acabava sendo feito por meio de fotografias, gerando alto custo e demora. Contudo, surgiu recentemente no mercado um tipo de resina elastoplástica que, aplicada sobre a camada de revelador forma uma película plástica que aponta precisamente as indicações. 4.3 Ensaios por Partículas Magnéticas Nepomuceno (2019) afirma que, de modo similar aos líquidos penetrantes, os ensaios por partículas magnéticas destinam-se a detectar irregularidades superficiais ou abertas à superfície dos equipamentos e são importantes na manutenção porque a maioria das descontinuidades (por exemplo: trincas de fadiga, corrosão, entre outras) produzidas em razão do uso dos equipamentos são superficiais. São os métodos de END mais sensíveis à detecção de irregularidades muito pequenas. Esse tipo de exame só pode ser utilizado em materiais ferromagnéticos (como, por exemplo, ferro, níquel, cobalto) e suas respectivas ligas, por serem levemente atraídos por um imã. Essa prática exige submeter o equipamento a um campo magnético, para que as descontinuidades sejam localizadas. Nas regiões em que há descontinuidades ocorrerá um campo de fuga do fluxo magnético. Ao aplicar partículas ferromagnéticas ocorre a aglomeração destas nos campos de fuga que indicarão o contorno do campo de fuga, fornecendo a visualização de forma e tamanho da descontinuidade (NEPOMUCENO,2019). 4.4 Ensaios Radiográficos De acordo com Nepomuceno (2019), a radiografia é um método de END que faz uso das radiações penetrantes X ou Gama, sendo o método mais empregado, apresentando algumas vantagens, como, por exemplo: pode ser aplicado à maioria dos materiais metálicos ou não-metálicos, revelando os aspectos internos das peças e componentes, além de proporcionar um registro documentado permanente do ensaio. Sua desvantagem, no entanto, diz respeito ao fator segurança, uma vez que danos à integridade física dos operadores podem ser causados se os cuidados necessários não forem tomados. As aplicações são muito variadas e, devido à complexidade e condições de acesso aos componentes dentro de uma instalação industrial, cada aplicação apresenta particularidades e requerem um estudo preliminar de como será realizada, qual técnica adotar, o que se espera detectar, resultando, então, em uma especificação para o ensaio radiográfico específico ao problema do componente analisado (NEPOMUCENO, 2019). Para Nepomuceno (2019), o ensaio radiográfico pode ser aplicado a diversos setores da manutenção industrial: para o exame de regiões ocultas ou de difícil acesso a outros métodos de END, evitando que o equipamento precise ser desmontado, para comprovação de defeitos das etapas finais da fabricação, identificando problemas de montagem, objetos e incrustações estranhos no interior dos componentes, identificação de itens danificados, resíduos e trincas, além de outras descontinuidades como trincas de corrosão. 5 ANÁLISE DE MOTORES ELÉTRICOS Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/electric-motor-disassembled- state-3d-illustration-451357612 De acordo com Silva (2012), um motor elétrico é a máquina que transforma energia elétrica em energia mecânica, sendo de grande importância na indústria em razão de sua utilidade e seu custo. Em uma planta produtiva, esses motores possuem características intercambiáveis, sendo produzidos de acordo com normas nacionais e internacionais. Sua característica é determinada pelo seu modelo de carcaça, definindo tamanho, altura e potência. Teles (2020b) explica que o motor elétrico é o tipo mais utilizado nas indústrias porque possui baixo custo, sua construção é simples, há facilidade no transporte, a manutenção também é simples e ele possui uma grande variedade de aplicações. A maioria desses motores são rotativos, embora existam também os tipos lineares. Um motor rotativo é composto por um eixo, rotor, estator, carcaça, tampas e rolamentos. Durante o ciclo de vida, esse equipamento acaba sendo exposto a condições como: sobrecargas mecânicas provenientes do sistema acionado, harmônicos, aquecimentos, vibrações, tensões de energia. Nesse sentido, a depreciação da vida útil dos motores elétricos relaciona-se às condições de aplicação, estratégias de uso e condições de aplicação (SILVA, 2012). Silva (2012) afirma que é necessário estabelecer uma estratégia de manutenção para esses equipamentos, de modo a predizer as condições de esforços mecânicos, temperatura, entre outros aspectos. Essas condições (operacionais, elétricas, mecânicas e ambientais) podem ocasionar na redução da vida útil da máquina. Duarte (2019) aponta que, como qualquer outra máquina elétrica, esses motores sofrem avarias prejudiciais à empresa (pelos custos de reparação ou reposição do motor) e para o seu próprio funcionamento. Em decorrência desses motivos, um bom programa de manutenção preventiva é requerido, para prevenir o aparecimento de avarias ou detectá-las precocemente. Alguns problemas que podem comprometer os motores elétricos, segundo Duarte (2019), podem ser: avarias do tipo elétrico, falha do isolamento dos enrolamentos do estator (ocasionadas por sobrecarga, pico de tensão, motor em alimentação monofásica, desequilíbrio de tensões, obstrução da ventilação, aumento da temperatura ocasionado por outras avarias). Teles (2020b) afirma que os rolamentos compõem cerca de 90% dos motores elétricos e são os componentes mecânicos que detêm maior fragilidade. Logo, 53% dos rolamentos falham por problemas relativos à lubrificação. Para elaborar um plano de lubrificação para os motores elétricos, deve-se pensar em lubrificante limpo, correto, no momento certo, quantidade exata e momento exato. Por isso, a equipe de manutenção desses motores deve pensar sempre nos cinco pilares: 1) Quantidade de lubrificante (graxa): lubrificante demais ou de menos prejudica o rolamento, portanto a quantidade de graxa depende do tamanho, quanto maior, maior a quantidade de graxa a ser utilizada. 2) Tipo de lubrificante: lubrificantes em geral são compostos por três itens: óleo lubrificante (90%), espessante (7%) e aditivos (3%). Cada rolamento irá exigir um tipo específico de graxa. 3) Frequência da relubrificação: os itens para definir a frequência são: velocidade de trabalho, temperatura de trabalho, potência do motor, regime de trabalho (contínuo ou reserva) e o tipo de acoplamento. 4) Controle da contaminação: o lubrificante inserido no rolamento nunca pode estar contaminado e seu armazenamento e manipulação deve seguir boas práticas que precisam ser seguidas. Podem ser citados como exemplos de boas práticas: utilizar uma bomba para cada tipo de lubrificante, proteger os bicos, etiquetar cada ponto do material elétrico descrevendo a quantidade de lubrificante e a frequência, utilizar instrumentos de medição da quantidade de graxa, não utilizar o lubrificante por mais de 12 meses, entre outras. 5) Monitoramento de condições básicas: esse monitoramento envolve a análise da vibração, a análise de temperatura e ultrassom do motor. 6 ANÁLISE DE TENSÕES Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-rendering-dent-pipeline- showing-finite-1012611823 Como o objeto de estudo de uma análise de tensão é a própria tensão ou tensões que agem sob um elemento, torna-se primordial entender o significado desse termo para iniciar o devido estudo. De acordo com Michaelis (2020, on-line), existem algumas definições para “tensão”. Aquela que mais interessa às manutenções industriais é o significado derivado da física que trata a tensão como “força que age sobre um corpo sólido, capaz de causar compressão, deformação ou tração”. De acordo com Filho (2013), uma estrutura tubular, por exemplo, pode se sujeitar a deformações, tensões, esforços e pressões, seja do ambiente em que se encontra instalada ou dos fluídos por essa estrutura conduzidos. De maneira análoga, outros sólidos (cada um com suas tensões particulares), bem como as partes dos equipamentos, podem sofrer tensões. Para tanto, resta saber como essas tensões podem ser representadas. Como exemplo, a Figura 1 apresenta a seção infinitesimal de uma estrutura tubular e as tensões que podem agir sob essa seção. https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-rendering-dent-pipeline-showing-finite-1012611823 https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-rendering-dent-pipeline-showing-finite-1012611823 Figura 1 - Tensões geradas na seção dos tubos Fonte: Filho (2013, p. 15). Para Filho (2013), se analisadas, as estruturas tubulares basicamente sofrem quatro tipos de tensões. Cada uma delas será detalhada a seguir. ● Tensão normal circunferencial (σC): composta por parcelas de tensões provenientes da pressão e do ponto de deformação na parede do tubo; atua na direção perpendicular ao eixo e tangencia o tubo; pode provocar rompimento ao longo da geratriz de um tubo (seu comprimento longitudinal, por assim dizer); observada, por exemplo, em pontos de apoio de estruturas tubulares de diâmetros consideráveis e com espessura de parede pequena; ● Tensão normal longitudinal (σL): atua na direção paralela ao tubo e seu eixo; pode provocar rompimento ao longoda circunferência, como em uma espécie de guilhotina, não necessariamente uniforme; composta por várias parcelas de tensões, dentre as quais, quatro se fazem mais frequentes: ○ tensão proveniente da pressão; ○ tensão de flexão proveniente do próprio peso da estrutura tubular, do líquido circulante, itens isolantes e/ou ação externa; ○ tensão de flexão proveniente da dilatação térmica da estrutura tubular, de equipamentos próximos e/ou limitação à movimentação; ○ tensão por tração ou compressão (esforço axial); ● Tensão normal radial (σr): geralmente considerada insignificante quando analisadas ou dimensionadas estruturas tubulares (para isso dependerá da espessura e do material componente dessa estrutura); corresponde à pressão interna; ● Tensão cisalhante (𝜏T): geralmente considerada insignificante quando analisadas ou dimensionadas estruturas tubulares (para isso dependerá da espessura e do material componente dessa estrutura); composta mais frequentemente por duas parcelas de tensões: ○ tensão de cisalhamento na flexão; ○ tensão proveniente do momento torsor imposto, por exemplo, dos bocais dos equipamentos e imposição de seus movimentos, ou ainda decorrente da dilatação da estrutura tubular. As áreas de estudo das disciplinas Resistência dos Materiais (para os sólidos) e Fenômeno de Transportes ou Mecânica dos Fluídos (para os líquidos) prezam por desenvolverem os cálculos para definição das tensões citadas. Existem ainda quadros e normas que servirão de referência aos cálculos de tensões baseadas no tipo de material. Para a definição dessas tabelas e normas, a ASME (The American Society of Mechanical Engineers ou Sociedade Norte-americana de Engenheiros Mecânicos), ASTM (American Society for Testing and Materials ou Sociedade Norte-americana de Testagem e Materiais), ANSI (American National Standards Institute ou Instituto Nacional Americano de Padrões), AISI (American Iron and Steel Institute ou Instituto Norte-americano de Ferro e Aço) e ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) são exemplos de entidades que preconizam tais padrões de valores. 7 ANÁLISE DE FALHA - MELHORIA DE PROCESSOS, PROJETOS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-gear-318230708 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/progress-update-icon-vector-1067099066 De acordo com Xenos (1998), um círculo vicioso de falhas significa a pior das dores de cabeça para os grupos ou departamentos envolvidos na manutenção industrial. Para o autor, a falha deve ser tratada com devida importância (já que é um evento indesejado), para que não volte a ocorrer e, na pior das hipóteses, venha a comprometer a produção que não poderia parar. Mas, o que pode alimentar ainda mais esse dilema é o fato de que os agentes da manutenção podem estar agindo em razão dos sintomas e não no sentido das causas da falha (como ilustra a Figura 2). Agindo apenas corretivamente sobre os sintomas (como ilustra a Figura 2) e não investigando as causas fundamentais (ou seja, aquelas que possivelmente deram origem à falha), encerra-se por não criar bloqueios para impedir a reincidência da falha e, dessa forma, as mesmas causas voltam a agir e a falha torna a ocorrer. Xenos (1998) ainda elenca algumas falhas mais comuns categorizadas como causas fundamentais, como, por exemplo, lubrificação inadequada, operação incorreta, condições desfavoráveis do ambiente, sujeira e objetos estranhos e folgas em partes dos equipamentos. https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-gear-318230708 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/progress-update-icon-vector-1067099066 Figura 2 - Ciclo Vicioso de Falhas Fonte: adaptado de Xenos (1998). Para romper com esse ciclo, é necessário identificar e agir sobre as origens das falhas e, dessa maneira, promover um desenvolvimento e melhoria de processos, projetos, equipamentos e instalações. Algumas ferramentas se mostram eficazes nesse sentido. São elas: ● “5 Porquês”; ● Diagrama de Ishikawa (Espinha de Peixe, Causa/Efeito ou “6M”); ● Análise do Fluxograma do Processo; ● Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act ou Planejar, Executar, Verificar e Agir); ● FMEA (Failure Mode and Effects Analysis ou Análise dos Modos e Efeitos da Falha); ● 5W1H (Why, When, Where, What, Who, How ou Porque, Quando, Onde, O quê, Quem e Como). Parte dessas ferramentas fazem parte do Mapeamento, Análise de Melhoria de Processos (MAMP); outras, pertencem à Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP). Escrever a lógica de funcionamento de todas demandaria uma nova apostila, portanto, o objetivo principal será pelo menos descrevê-las de maneira sucinta e apresentar algumas características, procurando salientar detalhes que contribuam para além da análise das falhas, ao encontro da melhoria contínua e da Manutenção Produtiva Total (abordado anteriormente nas Unidades I, II e III). 7.1 “5 Porquês” De acordo com Kardec e Nascif (2009), os “5 Porquês” são base para a identificação da causa-raiz da falha. A numeração “5” é simbólica e a ideia principal é que se faça tantos questionamentos “Por quê?”, o quanto forem necessários. O objetivo é fazer várias indagações (de porquês), até que não haja mais o que questionar, apontando para uma possível causa-raiz do problema. No exemplo a seguir (Quadro 1) é apresentada uma falha na bomba em que, utilizando a técnica dos “5 Porquês”, a provável causa-raiz foi a falta de treinamento do operador. Quadro 1 - Exemplo de aplicação dos “5 Porquês” Pergunta Resposta Por que a bomba falhou? O selo falhou. Por que o selo falhou? Desgaste excessivo das faces de vedação. Por que ocorreu o desgaste? Houve superaquecimento. Por que houve superaquecimento? O flushing não estava alinhado. Por que o flushing não estava alinhado? O operador se esqueceu de abrir a válvula. Por que ele se esqueceu? Ele é novo na área e não tinha operado, ainda, uma bomba desse tipo. Por que ele não tinha operado esse tipo particular de bomba? O seu treinamento não contemplou esse tipo de bomba. Fonte: Kardec e Nascif (2009, p. 133). 7.2 Diagrama de Ishikawa Também conhecido como Diagrama de Causa/Efeito, Diagrama de Espinha de Peixe e Diagrama “6M”, o Diagrama de Ishikawa, de acordo com Britto (2015), recebeu esse nome como homenagem àquele considerado um dos gurus da qualidade, Kaoru Ishikawa. O objetivo geral da ferramenta é, por meio da análise dos seis elementos que mais originam problemas na empresa como um todo (material, maquinários, medida, meio-ambiente, mão-de-obra e método), identificar as causas fundamentais de um problema ou falha. O objetivo específico é produzir evidência significativa para intervenção nos processos que estão inconformes (ou apresentando falhas), transformando essas situações, no intuito de proporcionar maior fluidez ao processo produtivo. O “6M” ainda pode se utilizar de outras técnicas, como o “5 Porquês” e o Brainstorming (chuva de ideias), para promover insights em relação às possíveis causas de um problema ou falha. A seguir a estrutura básica do Diagrama de Ishikawa. Figura 3 - Estrutura do Diagrama de Ishikawa Fonte: Britto (2015, p. 43). 7.3 Análise do Fluxograma do Processo Para Britto (2015), o fluxograma consiste em uma representação gráfica simbólica, em que cada símbolo representa uma ação no processo. O fluxograma do processo é ordenado de tal maneira lógica que seu entendimento ou análise por qualquer pessoa em qualquer lugar deve ser realizada com facilidade. No caso de análise de falhas, o fluxograma, além de servir de base para entendimento do processo, poderá, por exemplo, ser alterado para adequar o processo de maneira a bloquear as causas ou origens das falhas. A cada alteração no processo, o fluxogramadeverá ser atualizado e, se necessário, exposto publicamente para se tornar conhecido pelos interessados. A seguir, algumas simbologias mais comumente utilizadas em fluxogramas e suas definições: ● Retângulo de terminação (dois lados arredondados): indica começo ou fim do processo; ● Retângulo: corresponde a um processo ou ação ● Losango: indica um momento de decisão; ● Seta: corresponde ao fluxo de uma ação a outra; ● Círculo conector: indica uma outra parte do fluxograma ou outro processo; ● Trapézio retângulo: corresponde a uma entrada manual; ● Retângulo com um dos lados curvo: indica a geração de um documento. Figura 4 - Exemplo de Fluxograma: OM Gerada por Plano de Manutenção Fonte: Viana (2002, p. 35). 7.4 Ciclo PDCA Britto (2015) afirma que Walter A. Shewhart foi quem desenvolveu a teoria do Ciclo PDCA (por mais que algumas literaturas atribuam a Willian Edwards Deming o desenvolvimento, o próprio Deming se referia à metodologia como Ciclo de Shewhart). Nessa metodologia, o objetivo é tratar preventivamente as não conformidades ou falhas apresentadas nos processos. Como a própria tradução da sigla propõe, é necessário Planejar ou averiguar o problema/falha, bem como suas possíveis soluções ou métodos de bloqueio (e, nesse momento, outras ferramentas como “5 Porquês”, Brainstorming e Diagrama de Ishikawa poderão ser utilizadas); Executar ou colocar em prática o plano de ação para resolver o problema/falha ou implementar a medida de bloqueio (e, nesse caso, o 5W1H poderá auxiliar na orientação do plano de ação); Verificar ou controlar e checar a eficácia da solução ou medida de bloqueio implementada; e Agir, no caso de uma nova inconformidade na resolução do problema/falha vier a aparecer (ou ainda padronizar, no caso da medida de bloqueio se mostrar eficaz e servir de base para outros equipamentos, por exemplo). Tubino (2017) ressalta a importância do Ciclo PDCA nos controles de processo e como método para gestão da qualidade e de melhoria contínua, proposto pelo TQC (Total Quality Control ou Controle da Qualidade Total), o que vai ao encontro das ideias da Manutenção Produtiva Total (MPT). A seguir uma estrutura básica do Ciclo PDCA. Figura 5 - Estrutura do Ciclo PDCA Fonte: adaptado de Britto (2015). 7.5 FMEA Para Kardec e Nascif (2009), a Análise dos Modos e Efeitos da Falha ou FMEA (Failure Mode and Effects Analysis) consiste em uma técnica que permite a identificação e priorização de potenciais falhas em maquinários ou equipamentos, processos e sistemas. Caracterizado por ser um método dedicado à análise e solução de falhas, FMEA procura hierarquizar logicamente as falhas potenciais e propõe recomendações e orientações preventivas. Resumidamente, o FMEA atua sobre três níveis: no projeto do equipamento (identifica e elimina falhas durante o desenvolvimento do maquinário); no processo ou operacionalização (identifica e elimina falhas no método da operação, seja ela realizada com ajuda de equipamentos ou não); e no sistema ou linha de produção (identifica e elimina falhas de uma maneira holística no sistema produtivo, ou seja, nos processos como um todo e suas dependências). Para Fogliatto e Ribeiro (2011), o FMEA deve ser abordado por equipes multifuncionais e o ideal é que seja realizado antes mesmo do evento de falha, proporcionando maior confiabilidade. Os objetivos do FMEA, para os autores, são: 1) o reconhecimento e avaliação de falhas que podem acontecer em processos de produtos (desde sua concepção, produção ou operacionalização); 2) a possibilidade de extinção ou de, pelo menos, redução do risco de ocorrência das falhas identificadas; 3) o registro documental dos estudos realizados, com finalidade de orientar revisões e/ou desenvolvimento de projetos, processos e produtos. Viana (2002) apresenta um conceito básico para o FMEA: o Índice de Risco (IR), que consiste na transformação de características qualitativas do risco da falha em valores quantitativos que possibilitem mensurar sua dimensão e priorizar aquele de maior potencial. Para a apuração do IR, é necessário quantificar outros índices, como Índice de Ocorrência (IO), Índice de Gravidade (IG) e Índice de Detecção (ID), para realizar uma multiplicação simples entre esses índices (IR = IO x IG x ID). Para Kardec e Nascif (2009), o IR também pode ser denominado Número de Prioridade de Risco (NPR). Tanto Viana (2002), quanto Kardec e Nascif (2009), bem como Fogliatto e Ribeiro (2011), indicam que após calculado o IR, um plano de ação deve ser realizado na sequência. Para isso, ferramenta como o 5W1H pode ser de grande valia. É importante salientar que, para elencar os riscos de falhas, ferramentas como Análise do Fluxograma do Processo e Diagrama de Ishikawa, por exemplo, podem auxiliar no processo. Os Quadros 1 e 2 apresentam abordagens semelhantes para aferição do IR ou NPR (cabe reforçar que são sinônimos) e que produzem a priorização dos riscos de falhas, logicamente, cada quadro com seus critérios. Quadro 2 - Base de Cálculo do IC Índices Valores Normalizados Índice de Ocorrência Probabilidade de Ocorrência Muito Remota (excepcional) = 1 Muito Pequena = 2 Pequena = 3 Moderado = 4 - 5 - 6 Alta (frequente) = 7 - 8 Muito Alta (inevitável) = 9 -10 Índice de Gravidade Sem Consequência = 1 Leve Consequência = 2 Média Consequência = 3 Parada de subsistema por menos de quatro horas = 4 Parada de subsistema por mais de quatro horas = 5 Índice de Detecção Facilmente detectada = 1 Razoavelmente detectada = 2 Dificilmente detectada = 3 Muito dificilmente detectada = 4 Impossível de ser detectada = 5 Índice de Risco IR = IG x IO x ID Fonte: Viana (2002, p. 113). Quadro 3 - Base de Cálculo do NPR Componente do NPR Classificação Peso Frequência da Ocorrência (F) Improvável 1 Muito Pequena 2 a 3 Pequena 4 a 6 Média 7 a 8 Alta 9 a 10 Gravidade da Falha (G) Apenas perceptível 1 Pouca importância 2 a 3 Moderadamente grave 4 a 6 Grave 7 a 8 Extremamente grave 9 a 10 Detectabilidade (D) Alta 1 Moderada 2 a 5 Pequena 6 a 8 Muito Pequena 9 Improvável 10 Índice de risco (NPR) Baixo 1 a 50 Médio 50 a 100 Alto 100 a 200 Muito Alto 200 a 1000 Fonte: Kardec e Nascif (2009, p. 129). 7.6 5W1H Elaboradas as devidas análises, apontadas as prováveis melhorias e determinadas as possíveis soluções, é chegado o momento de elaborar um plano de ação. Nesse instante, uma ferramenta simples, mas que possui um alto poder de controle e organização, é o 5W1H (Why, When, Where, What, Who, How ou Porque, Quando, Onde, O quê, Quem e Como). Com seus questionamentos, essa ferramenta também pode ser utilizada para análise de falhas e levantamento de causas fundamentais, mas seu uso é mais indicado para o desenvolvimento do plano de ação que irá proporcionar as melhorias ou desenvolvimentos desejados. Para Werkema (2014), o plano de ação (associado à manutenção industrial) consiste em um conjunto de procedimentos ou intervenções que têm por objetivo o bloqueio das causas, chamadas fundamentais (das falhas). Para cada atividade (o quê) do plano deverá ser definido um responsável (quem), que em determinado lugar (onde) e momento (quando) desenvolverá metodologicamente (como) para que a causa fundamental seja evitada ou bloqueada (por quê). A seguir um exemplo de plano de ação desenvolvido com a ferramenta 5W1H. Atenção, diagramador: Se possível, posicionar essa figura em página inteira, possibilitando melhor visualização (pode rotacionar se necessário). Figura 6 - Exemplo de um plano de ação com 5W1H Fonte: Xenos (1998, p. 107). 8 INSPEÇÃO E RECUPERAÇÃO DE COMPONENTES Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/professional-mechanic-man-holding- valve-plate-1690106305Para Xenos (1998), o principal trabalho dos envolvidos (sejam grupos ou departamentos) na manutenção industrial vai além da recuperação ou reparos dos equipamentos ao ponto de torná-los aptos às condições normais de operação. O ideal, para o autor, não significaria realizar trocas ou reparos conforme as falhas vão surgindo, ou seja, basear-se na manutenção corretiva, mas, pelo contrário, atuar preventivamente, evitando falhas do tipo inesperadas e promover medidas de bloqueio das causas mais fundamentais dos eventos de falha. No entanto, nem sempre isso é possível, então, fica a pergunta: como proceder uma inspeção e recuperação de componentes para minimizar os impactos nas linhas de produção? De acordo com Xenos (1998), a resposta para essa questão poderia ser apresentada pelos Padrões Técnicos de Manutenção. Esses padrões compreendem basicamente documentos que registram a rotina operacional das tarefas de manutenção. Como afirma Xenos (1998), esses documentos possuem determinada importância pelo impacto que as tarefas de intervenção promovem sobre as linhas produtivas, a confiabilidade da manutenção como um todo e o https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/professional-mechanic-man-holding-valve-plate-1690106305 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/professional-mechanic-man-holding-valve-plate-1690106305 desenvolvimento da qualidade que tais serviços promovem. Os Padrões Técnicos de Manutenção podem ser agrupados basicamente em quatro grupos: 1. Padrões de Inspeção; 2. Padrões de Troca; 3. Padrões de Reforma; 4. Padrões de Manutenção Autônoma. O Padrão de Inspeção determina: os instrumentos necessários para inspeção; o que deverá ser inspecionado e a frequência; como realizar a inspeção; quais critérios para avaliação dos resultados encontrados (determinando a troca ou a recuperação do item inspecionado); medidas de bloqueio em caso de não conformidade; bem como, precauções (medidas de segurança) necessárias para realização da inspeção. Recomendações: registro e análise dos resultados; fotos e desenhos para auxiliar a inspeção; aquelas inspeções que puderem ser executadas pelo próprio operador, transferir para Padrões de Manutenção Autônoma. O Padrão de Troca consiste na identificação dos itens que necessitam substituição periódica, bem como a periodicidade dessa substituição; procedimentos para remoção, instalação e teste funcional para as peças trocadas; os instrumentos necessários para inspeção; bem como precauções (medidas de segurança) necessárias para realização da troca. Recomendações: fotos e desenhos para auxiliar a substituição; identificar e disponibilizar de maneira padrão as peças trocadas (evitando reutilização); identificar os cuidados necessários para o manuseio das peças novas, evitando danos. O Padrão de Reforma determina: identificação dos itens que necessitam reforma, bem como a periodicidade dessa recuperação (preocupando-se com os impactos que poderão causar à linha de produção); procedimentos para remoção, reparação, inspeção, instalação e teste funcional para as peças reparadas; quais critérios para avaliação das partes do item reformado; bem como precauções (medidas de segurança) necessárias para realização da reforma. Recomendações: fotos e desenhos para auxiliar a reparação; identificar e disponibilizar de maneira padrão as peças reparadas, as medições e os testes funcionais. O Padrão de Manutenção Autônoma consiste na identificação e roteirização de ações de intervenção que possam ser realizadas pelo operador, como limpezas, lubrificações, inspeções, reabastecimentos, testes e ajustes mais simples, bem como a periodicidade da realização dessas tarefas; quais critérios (quantitativos e qualitativos) para avaliação dos resultados encontrados; medidas de bloqueio em caso de não conformidade; bem como precauções (medidas de segurança) necessárias para realização das tarefas. 9 INTRODUÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/industrial-40-augmented-reality- concept-hand-502896985 Com o advento de novas tecnologias, é notório que o ambiente industrial se veja forçado a englobar os avanços tecnológicos em seu meio produtivo, no intuito de garantir a competitividade, qualidade e confiabilidade de seus produtos e serviços, bem como a melhoria da produtividade e melhor ocupação do tempo de produção. De acordo com Almeira (2019), a essa incorporação de tecnologias no ambiente industrial (registrada inicialmente a partir da segunda metade de 2012, na Alemanha) dá-se o nome de Indústria 4.0. Nessas condições, a presença de maquinários avançados e com muita conectividade, o que justifica a transição da Terceira Revolução Industrial (que focava na automatização e robotização dos processos, por exemplo) para a Indústria 4.0 (monitoramento remoto do processo automatizado e robotizado, por exemplo, por meio da Internet), passam a corresponder ao mais recente padrão de fabricação. Processos que outrora eram realizadas por pessoas, passam a ser realizados por robôs e (no mínimo) monitorado por pessoas. Esse novo contexto, de acordo com Almeira (2019), exige uma profissionalização da mão-de-obra para https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/industrial-40-augmented-reality-concept-hand-502896985 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/industrial-40-augmented-reality-concept-hand-502896985 entender as demandas das novas máquinas e as programações necessárias para seu devido funcionamento, ou seja, uma nova visão também para a Manutenção da Produção Industrial. Aquele profissional que realizava manutenções em peças e equipamentos, agora passa a monitorar robôs e equipamentos, acompanhando em tempo real (por meio de computadores, dispositivos móveis ou sinalizadores nos equipamentos) e atuando quando as intervenções são necessárias, geralmente, por meio de programações (justificando assim o que Almeira (2019) chamou de um perfil profissional polivalente e multidisciplinar). Além do acompanhamento em tempo real, outras tecnologias passam a ser incorporadas nas indústrias. A seguir, uma breve listagem e descrição de algumas delas: ● Análise de dados e Big Data: por meio da enorme quantidade de dados (Big Data) gerada pelos equipamentos e sua compilação (reunião) em um ambiente único (geralmente a Computação na Nuvens ou Cloud Computing - reduzindo custo/tempo e aumentando a confiabilidade e eficiência), é possível a análise estatística dos dados e inferir decisões com maior precisão e em menor tempo; ● Simulação: com o auxílio de softwares ou programas de CAM (Computer Aided Manufacturing ou Manufatura Auxiliada por Computador), CAD (Computer Aided Draw ou Desenho Auxiliado por Computador) e CAE (Computer Aided Engeneering ou Engenharia Auxiliada por Computador), por exemplo, além de hardwares ou equipamentos, como Impressoras 3D, protótipos e análises podem ser realizadas em computadores ou fisicamente, o que promove um ganho em qualidade, precisão, tempo e recursos do processo produtivo; ● Internet das Coisas (IoT ou Internet of Things): corresponde à conexão entre ambientes, objetos e equipamentos por meio do Protocolo da Internet ou IP (Internet Protocol). Essa conexão promove coletas e trocas de informações e permite a interação entre os elementos conectados (por exemplo, por meio do celular é possível ligar ou desligar uma máquina na fábrica ou ainda verificar as estatísticas por ela gerada; por meio de comandos de voz é possível acender ou apagar as luzes de uma ambiente, proporcionando a percepção desses padrões por outros equipamentos etc.). Outras tecnologias estão, aos poucos, sendo incorporadas na dinâmica industrial, mas as citadas são mais frequentemente visualizadas nesse ambiente e, por isso, foram aqui apresentadas. REFLITA Manutenção é... Quandotudo vai bem, ninguém se lembra que ela existe; Quando algo vai mal, dizem que ela não existe; Quando é para gastar, Acha-se que não é preciso que exista; Porém, quando realmente não existe, Todos concordam que deveria existir! (Esse é um texto muito utilizado nos materiais técnicos de manutenção, com autoria desconhecida). #REFLITA# CONSIDERAÇÕES FINAIS Nossa Unidade IV chega ao fim, sendo a mais técnica entre as quatro unidades. Mesmo assim, abordar com profundidade todos os elementos não é tarefa fácil, portanto, buscamos desenvolver em você, aluno(a), uma boa base para pesquisas futuras e deixamos também a cargo de outras disciplinas a complementação desse saber mais profundo. Nas unidades iniciais, visitamos as principais técnicas de análise e inspeção de elementos chaves dos processos produtivos que envolvem equipamentos e instrumentos de medição para aferir propriedades técnicas que, geralmente, não são possíveis de serem realizadas a “olho nu”. Dentre as técnicas preditivas, apresentamos conceitos de análise de vibrações, que consistem em medições de ruídos e movimentos mecânicos (principalmente de elementos rotativos) que podem influenciar diretamente no funcionamento dos equipamentos em si e indiretamente no funcionamento de equipamentos periféricos (ao seu redor). Vimos também que os parâmetros de vibração relacionados com as máquinas rotativas são dimensionados em termos de deslocamento, velocidade e aceleração e que esses parâmetros evidenciam os principais problemas que um equipamento desse tipo pode vir apresentar. Outra técnica apresentada foi a análise de óleo. Nesse procedimento, também de caráter preditivo, entendemos a importância da lubrificação de equipamentos e seus componentes, principalmente pelo elevado custo das peças, quando necessária troca, e o impacto que as paradas produtivas podem ocasionar por conta de falta de lubrificação. Verificamos também que essa técnica traz resultados mais significativos quando realizada em laboratórios, onde é possível identificar, por meio da amostra retirada, contaminação, viscosidade e teor de água presentes no óleo (itens que podem influenciar diretamente no funcionamento do equipamento). A análise de temperatura também foi apresentada como outra técnica preditiva da manutenção da produção industrial. Por meio dessa técnica, os equipamentos são monitorados para evitar o mau-funcionamento por conta de superaquecimento, geralmente. Destacamos alguns instrumentos de medição como termômetros de contato, fitas e lápis indicadores de temperatura, tinta termossensível, medição por radiação e pirômetro (de radiação, infravermelho e ótico). Vimos também que, em maquinários de custo elevado e de grande porte, é normal um painel com indicadores de temperatura para uma notificação mais simples ao operador durante o funcionamento do equipamento. Uma técnica mais avançada de análise também foi apresentada: os ensaios não destrutivos. Como uma forma de avaliar a existência de algum defeito oculto ou alterações das características-padrão dos elementos, essa técnica possui a característica de não prejudicar mecanicamente o item avaliado. Quatro tipos de ensaios foram apresentados como os principais: visual (realizado em elementos estáticos, com instrumentos que amplificam a visão do técnico, procurando por descontinuidades na estrutura física dos elementos); com líquido penetrantes (possibilitando a detecção de vazamentos, fissuras e trincas destacadas quando expostas a líquidos); por partículas magnéticas (que atuam da mesma maneira que os líquidos penetrantes, mas em nível mais preciso, ou seja, detectando irregularidades muito pequenas); e radiográficos (que revela aspectos externos e internos dos elementos observados, habilidade que os outros métodos não possuem). Se tratando de peças intercambiáveis, os motores elétricos também são peças a serem analisadas. A análise de motores elétricos consiste na avaliação da vida útil do motor, analisando elementos como rolamentos, lubrificação e outras condições básicas para seu funcionamento. Outra análise realizada em equipamentos e instalações industriais é a análise de tensões. Essa técnica consiste em avaliar as principais tensões que atuam sob uma estrutura, bem como sua influência nas propriedades técnicas, evitando esforços além de sua capacidade (o que pode gerar deformações, rupturas e/ou cisalhamento). Para romper com o ciclo vicioso de falhas, também foram apresentadas técnicas de análise de falha, que, de certa maneira, contribuem para melhoria de processos, projetos, equipamentos e instalações como um todo. As técnicas apresentadas (“5 Porquês”; Diagrama de Ishikawa; Análise do Fluxograma do Processo; Ciclo PDCA; FMEA; 5W1H) procuraram evidenciar a importância do planejamento, análise e plano de ação para tratativa de causas fundamentais de falhas e de riscos de falhas. Cada técnica apresentada não carece de resumo e sim de aprofundamento pontual. Quando for se utilizar de alguma delas, reforce a leitura e procure exemplos de aplicação além dos apresentados. Como técnica de impacto na produtividade, visualizamos a inspeção e recuperação de componentes. Procuramos salientar a importância das manutenções preventivas e preditivas, mas, quando essas forem insuficientes ou até mesmo de propósito, alguma ação corretiva será necessária, por isso destacamos os padrões técnicos de manutenção (padrões de inspeção; padrões de troca; padrões de reforma; padrões de manutenção autônoma) como formas de auxiliar e prejudicar o mínimo possível as linhas de produção. Por fim, e com destaque pela contemporaneidade do assunto, apresentamos a introdução de novas tecnologias no ambiente fabril por meio da Indústria 4.0. Destacamos algumas características dessa revolução industrial e seus impactos na forma de gestão da indústria como um todo, inclusive abrangendo a Manutenção da Produção Industrial. Apresentamos conceitos como os de monitoramento remoto, acompanhamento em tempo real, Big Data, computação nas nuvens e a Internet das Coisas. LIVRO • Título: Técnicas de Manutenção Preditiva - Vol. 1 • Autor: Lauro Xavier Nepomuceno • Editora: Blucher • Sinopse: De maneira técnica, porém didática e aprofundada, os conceitos de manutenção preditiva, relativos à manutenção industrial são trabalhados neste livro, apresentando desde conceitos básicos para iniciantes, até assuntos mais complexos e descrições amplas e práticas sobre os principais aspectos da manutenção preditiva. FILME/VÍDEO • Título: Telecurso 2000 Ensaios de Materiais 20 Partículas magnéticas • Sinopse: Nesse vídeo o Ensaio Não Destrutivo por Partículas Magnéticas é explicado e detalhado de forma prática, permitindo a visualização desse tipo de exame. • Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=14ZyMT_xH1o https://www.youtube.com/watch?v=14ZyMT_xH1o REFERÊNCIAS ALMEIRA, P. S. Indústria 4.0 - Princípios básicos, aplicabilidade e implantação na área industrial. Campo Grande: Saraiva, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536530451/. Acesso em: 20 jul. 2020. BRITTO, E. Qualidade Total. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2015. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522123551/. Acesso em: 15 jul. 2020. DUARTE, B. F. Análise da Condição e Diagnóstico de Avarias em Motores Elétricos para Efeitos de Manutenção Preventiva. 2019. Dissertação (Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores) – Universidade NOVA de Lisboa, Lisboa, 2019. FILHO, J. L. F. Manual para Análise de Tensões de Tubulações Industriais - Flexibilidade. São Paulo: Grupo GEN, 2013. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-216-2385-4/. Acesso em: 10 jul. 2020. FOGLIATTO, F.S.; RIBEIRO, J.L. D. Confiabilidade e manutenção industrial. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2011. GREGÓRIO, G. F. P.; SILVEIRA, A. M. Manutenção industrial. Porto Alegre: SAGAH, 2018. INMAN, D. J. Vibrações mecânicas. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção: função estratégica. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. MICHAELIS. Tensão. 2020. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno- portugues/busca/portugues-brasileiro/tensão. Acesso em: 10 jul. 2020. NEPOMUCENO, L. X. Técnicas de manutenção preditiva: Volume 1. São Paulo: Blucher, 2018. NEPOMUCENO, L. X. 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Dessa forma, buscamos estabelecer os principais conceitos acerca do tema, bem como aqueles que emergem em relação às técnicas associadas à Manutenção e os desafios para o responsável por essa função, por nós, considerada fundamental para o bom andamento de uma estrutura fabril. Durante toda a apostila destacamos a importância de reconhecer as falhas e, mais importante do que isso, procurar atuar sobre ela, seja de forma corretiva, preventiva, preditiva ou por meio de abordagens mais contemporâneas. Essa atuação prolonga a vida útil dos equipamentos e promove a confiabilidade do sistema produtivo, além de outros benefícios. Nesse sentido, procuramos deixar transparecer que o planejamento das manutenções funciona como pensamento chave para o desenvolvimento da função Manutenção da Produção Industrial. Apresentamos também as condições básicas para o desenvolvimento das manutenções, bem como os departamentos e pessoas envolvidos em todos os níveis hierárquicos da organização, dando ênfase no conceito de Manutenção Produtiva Total (MPT), que procura desenvolver a responsabilidade pela manutenção nos vários níveis, por mais que algumas empresas ainda adotem o modelo de um departamento responsável apenas por essa função. Por fim, apresentamos técnicas de análise e inspeção de elementos chaves dos processos produtivos, como a análise das vibrações, de óleo, de temperatura, de motores elétricos, de tensões, os ensaios não destrutivos e as técnicas para análise de falha, melhoria dos processos e recuperação de componentes. Além dessas técnicas, apresentamos uma perspectiva do ambiente fabril com os avanços tecnológicos, bem como ele vem a influenciar na função Manutenção da Produção Industrial. Esperamos que o objetivo tenha sido cumprido! Agradecemos a oportunidade de compartilharmos conhecimento e aguardamos uma próxima oportunidade. Até mais!