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Recursos no Processo Penal


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13/03/2023, 17:44 Recursos no Processo Penal
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03191/index.html# 1/51
Recursos no Processo Penal
Prof. Marcos Paulo
Descrição
Análise da Teoria Geral dos Recursos no Processo Penal e das espécies recursais.
Propósito
Os recursos permitem a anulação e/ou a reforma dos pronunciamentos jurisdicionais pelas Instâncias
Superiores, sendo instrumento imprescindível ao devido processo legal substancial, como sinônimo de
processo justo (art. 5º, LIV, da CRFB/88), conferindo efetividade ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º,
LV, da CRFB/88).
Preparação
Antes de iniciar o estudo, tenha em mãos o Código de Processo Penal (CPP) e a Constituição Federal (CF).
Objetivos
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Módulo 1
Teoria geral
Identificar os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade recursal e seus efeitos.
Módulo 2
Apelação, recurso em sentido estrito e agravo em execução
Distinguir apelação, recurso em sentido estrito e agravo em execução.
Módulo 3
Embargos e recursos nos tribunais superiores
Empregar corretamente os embargos e os recursos em tribunais superiores.
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1 - Teoria geral
Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de identi�car os pressupostos objetivos e
subjetivos de admissibilidade recursal e seus efeitos.
Recursos são instrumentos processuais à disposição das partes destinados à impugnação de
provimentos jurisdicionais junto à instância superior, objetivando a sua modificação e/ou anulação.
Assim, definiremos os pressupostos de admissibilidade recursal, tanto objetivos quanto subjetivos, a
fim de averiguar se a decisão desafia recurso, identificar a espécie, bem como atentar para as
formalidades inerentes à precisa interposição. Igualmente, fixaremos os efeitos de cada recurso, a
fim de estabelecer o objeto do pedido e a estratégia processual a ser seguida, conforme o caso.
Consolidado o conhecimento geral sobre os recursos, analisaremos cada um em separado,
enfatizando as suas peculiaridades.
Introdução
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Pressupostos objetivos de admissibilidade recursal
Pressupostos de admissibilidade recursais
No vídeo a seguir, o professor Marcos Paulo discorre sobre os pressupostos objetivos e subjetivos de
admissibilidade recursal. Vamos assistir!
Cabimento e adequação
Embora distintos, é conveniente analisar conjuntamente cabimento e adequação. Vejamos alguns
conceitos:
Cabimento
Cabimento nada mais é do que previsibilidade legal do recurso, ou seja, o recurso ter previsão no
ordenamento processual penal. O agravo de instrumento, por exemplo, é um recurso descabido no processo
penal, porquanto não possui previsão legal, inexistindo juridicamente.
Adequação
Adequação, em contrapartida, significa pertinência recursal, ou seja, ser o recurso pertinente à impugnação
de determinado provimento jurisdicional. O recurso juridicamente existe no processo penal; verifica-se,

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apenas, se é o adequado à impugnação da decisão atacada. A adequação pressupõe o cabimento.
O princípio da unirrecorribilidade das decisões é a síntese do pressuposto adequação ao apregoar que cada
decisão desafia um único recurso.
Atenção!
Apelação e recurso em sentido estrito (RESE), v.g., têm previsão no CPP. Se, contra a sentença penal
condenatória ou absolutória, que desafia apelação (art. 593, I do CPP), for interposto o RESE, tem-se
cabimento, mas não adequação.
A adequação não é um pressuposto objetivo de admissibilidade instransponível no processo penal, pois,
desde que haja boa-fé do recorrente, o juiz pode admitir o recurso inadequadamente interposto, dando-lhe o
processamento relativo ao recurso próprio, a teor do art. 579, caput e parágrafo único do CPP ‒ princípio da
fungibilidade recursal.
Os referenciais para se aquilatar a boa-fé do recorrente são:

Inexistência de erro grosseiro

Tempestividade
Sem embargo, desde que o recurso seja interposto no prazo do recurso correto, os tribunais superiores,
pautados na fungibilidade, têm admitido o seu recebimento, observado o rito atinente ao recurso adequado.
Isso porque o erro grosseiro evidencia ignorância, mas não necessariamente má-fé do recorrente, afinal, o
recurso errado foi interposto no prazo do recurso correto. Malícia haveria se a parte interpusesse recurso
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diverso do adequado, cujo prazo fosse maior, a fim de salvaguardar a tempestividade do seu
inconformismo.
Portanto, ainda que haja erro grosseiro na interposição do recurso, os tribunais superiores acertadamente
entendem pelo seu conhecimento desde que tempestivo.
Tempestividade
O recurso há de ser interposto no prazo previsto em lei, sob pena de não conhecimento por
intempestividade, caracterizando preclusão temporal.
Os prazos de interposição recursal são processuais, computados na forma do art. 798, §1º do CPP,
descartado o dia inaugural, incluído o do vencimento. Se o termo inicial coincidir com final de semana,
feriado ou dia no qual não há expediente forense, o prazo começa a fluir do primeiro dia útil seguinte. Idem
quanto ao termo final, prorrogando o encerramento até o primeiro dia útil seguinte. A contagem é contínua
(art. 798, caput, do CPP), diferentemente do verificado no âmbito processual civil, que só compreende os
dias úteis (art. 219 do CPC/15).
O art. 370 do CPP estabelece que os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e os defensores
dativos serão intimados e notificados pessoalmente (§4º), dispondo os 02 (dois) primeiros de vista pessoal
dos autos do processo, logo, os prazos do Ministério Público e da Defensoria Pública começam a fluir do dia
seguinte ao do protocolo dos autos do processo na secretaria respectiva.
Em se tratando do Ministério Público, art. 41, IV da Lei nº 8625/93 e art. 18, II, h da Lei Complementar nº
75/93. Em relação à Defensoria Pública, arts. 44, I e 128, I, da Lei Complementar nº 80/94, mesmo tratando-
se de decisão prolatada em audiência, na presença dos membros do Ministério Público e da Defensoria
Pública, embora possam, prontamente, manifestar o desejo de recorrer, o prazo só começa a fluir do dia
seguinte ao recebimento dos autos na secretaria respectiva (STF/STJ). Aos membros da Defensoria Pública
ainda é reservada a prerrogativa da contagem em dobro dos prazos processuais (arts. 44, I e 128, I, da Lei
Complementar nº 80/94), não extensível aos defensores dativos (STJ).
Nos termos do art. 798, §5º, a, do CPP, os prazos começam a contar a partir da intimação, ainda que tenha
ocorrido por carta precatória, haja vista a Súmula 710 do STF - se o art. 798, a, do CPP estabeleceu como
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início da contagem do prazo o dia seguinte ao da intimação, não distinguindo se por carta precatória ou não,
não cabe ao intérprete diferençar onde a lei não o fez. Nessa linha, se o acusado, residente em outra
Comarca, é intimado da sentença no dia 10 de novembro, e a carta precatória devidamente cumprida é
juntada aos autos no dia 17, o termo inicial do prazo será o dia 11, e não 18.
A defesa, no processo penal, traduz a síntese entre a defesa técnica e a autodefesa do acusado, logo,
quando presente a dupla intimação, reservada às sentenças (art. 392 do CPP), ambos – réu e defensor –
hão de ser intimados, começando a fluir o prazo recursal do dia seguinte ao da última intimação, pouco
importando se o último a ser intimado foi o acusadoou seu defensor.
Caso o defensor seja intimado primeiro, pode, querendo, recorrer de imediato, porque não depende da
vontade do denunciado, haja vista a Súmula 705 do STF, afinal, o art. 617 do CPP proíbe a reformatio in pejus
ex officio, inexistindo risco de agravamento da sentença – na pior das hipóteses, o recurso será desprovido
pelo Tribunal, mantendo-se a decisão guerreada.
Atenção!
Na dúvida acerca da tempestividade ou não do recurso, deve ser recebido, pouco importando ser da
acusação ou da defesa – a parte não pode ser prejudicada por equívoco da secretaria judicial.
Outros pressupostos objetivos
Regularidade
O terceiro pressuposto objetivo de admissibilidade recursal corresponde à regularidade, que nada mais é do
que a forma mediante a qual o recurso deverá ser interposto, por petição ou termo nos autos (art. 578 do
CPP).
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Voluntariedade
Um pressuposto objetivo de admissibilidade recursal, e mesmo de existência, é a voluntariedade, porquanto
o recurso é um direito da parte, e não um dever, logo, há de ser exercido voluntariamente, ex vi do art. 574,
caput, do CPP. Os incisos do art. 574 do CPP, entretanto, veiculam hipóteses de “recurso de ofício”, que, na
realidade, não passa de reexame necessário, condição de eficácia do provimento jurisdicional.
x vi
Por força de.
Resumindo
Trata-se de uma decisão submetida ao reexame necessário apenas se torna plenamente eficaz depois de
reapreciada pelo Tribunal.
O art. 574 do CPP elencou 02 (dois) provimentos jurisdicionais que desafiariam “recurso de ofício”:
Sentença concessiva de habeas corpus (inciso I)
A sentença concessiva de habeas corpus continua a desafiar “recurso de ofício”, bem como a
decisão concessiva da reabilitação, ex vi do art. 746 do CPP, e as sentenças absolutórias e as
decisões de arquivamento do inquérito, nos crimes contra a economia popular ou contra a
saúde pública, ex vi do art. 7º da Lei nº 1521/51.
Absolvição sumária ainda na 1ª fase do procedimento do Júri (inciso II)
A absolvição sumária não mais comporta o “recurso de ofício”, haja vista a Lei nº 11689/08,
que, ao reformulá-la no art. 415 do CPP, não só eliminou tal previsão, como, expressamente,
reservou-lhe o recurso de apelação, ex vi do art. 416 do CPP. O inciso II foi tacitamente
revogado pela Lei nº 11.689/08, considerado o princípio da anterioridade – lex posteriori
derogat anteriori.
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Inexistência de fatos impeditivos e extintivos do direito de recorrer
O primeiro fato impeditivo do direito de recorrer é a renúncia, geradora de preclusão consumativa, pois
fulmina o direito, ainda que esteja dentro do prazo para exercê-lo.
São renunciáveis os seguintes direitos de recorrer:
1. do querelante, haja vista a disponibilidade da ação penal de iniciativa privada exclusiva;
2. do acusado, porquanto o recurso é uma extensão do direito de defesa, logo, é perfeitamente possível
abdicar de recorrer à instância superior, se o provimento jurisdicional lhe foi favorável, mas a renúncia há
de ser conjunta – denunciado e defesa técnica –, pois basta que um deseje recorrer para a impugnação
ser admitida e processada.
Atenção!
Em se tratando de ação penal pública e de ação penal privada subsidiária da pública, não há de se falar em
renúncia pelo Ministério Público. O recurso, para a parte autora, é uma extensão do direito de ação, logo,
sendo a ação penal pública indisponível (art. 42 do CPP), o recurso também o será, tanto que o Ministério
Público não pode desistir do recurso que interpôs (art. 576 do CPP).
Se a renúncia é fato impeditivo do direito de recorrer, a desistência é fato extintivo do recurso. No mais,
aplica-se raciocínio idêntico ao dispensado à renúncia.
A prisão não é pressuposto extrínseco de admissibilidade recursal, sendo descabido condicionar o
conhecimento à custódia. Como o recurso, para o réu, é uma extensão do direito de defesa, tal exigência
cerceia-o, limitando-o ao 1º grau de jurisdição, malgrado disponível o duplo grau de jurisdição. Inegável,
pois, a ofensa ao art. 5º, LV, da CRFB/88, a ponto de o §1º do art. 387 do CPP anunciar que “o juiz decidirá,
fundamentadamente, sobre a manutenção, ou, se for o caso, imposição da prisão preventiva ou de outra
medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta”.
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Pressupostos subjetivos de admissibilidade recursal
Legitimidade
Legitimidade nada mais é do que possibilidade de recorrer, de maneira que, antes, afere-se se o recorrente
pode impugnar o provimento jurisdicional, para, depois, aferir o interesse, isto é, se o recurso será útil.
O acusado, como parte, sempre terá legitimidade para recorrer, dizendo-se o mesmo do Ministério Público,
na ação penal pública ou na ação penal privada subsidiária da pública, e do querelante, na ação penal
privada exclusiva ou subsidiária da pública.
A condição de custos legis do Ministério Público na ação penal de iniciativa privada, igualmente, confere-lhe
plena legitimidade para recorrer pro reo, porquanto, na qualidade de fiscal da lei, deve zelar pela entrega de
uma prestação jurisdicional justa. Ademais, se o Parquet está legitimado a impetrar habeas corpus (art. 654,
caput, do CPP), que é uma via impugnativa autônoma destacadamente pro reo, quanto mais para recorrer
em prol do querelado na ação penal de iniciativa privada.
Contudo, o Ministério Público, na ação penal de iniciativa privada, não possui legitimidade recursal para
buscar a condenação do querelado, caso o querelante não o faça, afinal, se este não recorreu da sentença
absolutória ou extintiva da punibilidade, é porque desistiu da demanda, em sintonia com a da
disponibilidade da ação penal de iniciativa privada, sendo inconcebível o prolongamento do processo contra
a vontade do querelante, legitimado ativo ad causam.
Sem embargo, sobrevindo uma sentença penal condenatória, ainda que o querelante não recorra, o
Ministério Público poderá fazê-lo a fim de elevar a pena, porquanto, na qualidade de fiscal da lei, cumpre
zelar pela aplicação correta da reprimenda, mesmo que importe majorá-la.
d causam
Para a causa.
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A legitimação recursal do ofendido, por outro lado, é subsidiária ou supletiva, afinal, o titular privativo da
ação penal pública é o Ministério Público (art. 129, I, do CPP), logo, o ofendido só pode recorrer caso o
Parquet não o faça, ou da parte da decisão por ele não guerreada.
Por conseguinte, o STF assentou a constitucionalidade da legitimação recursal do assistente de acusação,
com lastro no art. 5º, LIX, da CRFB/88: se, ante a inércia injustificada do Ministério Público, pode a vítima
deflagrar a ação penal, igualmente pode dar-lhe sequência. Quem pode o mais, pode o menos (teoria dos
poderes implícitos).
De outro lado, possuem legitimidade para se habilitar como assistente de acusação a vítima, ou seu
responsável legal, ou, no caso de morte ou declaração judicial de ausência, o cônjuge, os ascendentes, os
descendentes ou os irmãos, ex vi do art. 268 c/c arts. 30 e 31 do CPP – a referência ao cônjuge, na dicção
do STJ, compreende o companheiro, independentemente da orientação sexual, por serem, todas, entidades
familiares, segundo assentou o STF.
Atenção!
Para fins de interposição de recurso supletivo, não é necessário habilitar-se primeiro como assistente de
acusação para, depois, recorrer, haja vista o art. 598, caput, do CPP – aplicável também ao recurso em
sentido estrito nos termos do art. 584, §1º, do CPP –, que admite a interposição do recurso diretamente
pelo ofendido, ou por qualquerdas pessoas enumeradas no art. 31 do CPP.
Como a assistência de acusação é exercida pela vítima, refere-se tão somente à infração penal que a
atingiu, não alcançando as demais conexas ou continentes. Exemplificando: se o acusado é processado
pelos crimes de estelionato (art. 171 do CP) e de associação criminosa (art. 288 do CP), o assistente de
acusação somente intervirá na demanda alusiva ao estelionato.
Reza o art. 270 do CPP, por outro lado, que o corréu no mesmo processo não poderá intervir como
assistente do Ministério Público, o que é natural, pois não há como ocupar os polos ativo e passivo da
relação processual simultaneamente.
O ofendido possui legitimidade para, subsidiariamente, recorrer em sentido estrito das sentenças extintivas
da punibilidade (art. 584, §1º, do CPP) e apelar das sentenças (art. 598 do CPP).
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Por outro lado, não faria o menor sentido que a sua legitimidade ficasse restrita à segunda instância.
Assim, a sua legitimação também abrange os recursos alusivos aos acórdãos que tiverem apreciado o
recurso em sentido estrito contra sentença extintiva da punibilidade e a apelação contra sentenças,
independentemente de o recorrente ter sido ele ou o Ministério Público, mesmo porque a legitimação do
primeiro é subsidiária – inteligência da Súmula 210 do STF.
Exemplo
Desprovido o apelo contra a sentença absolutória, caso o Ministério Público se quede inerte, o ofendido
poderia recorrer especialmente ao STJ e/ou extraordinariamente ao STF.
Na mesma linha da Súmula 210, destaca-se a Súmula 208 do STF, que não reconhece legitimidade ao
assistente de acusação para recorrer extraordinariamente ao STF (ou especialmente ao STJ) de acórdão
concessivo da ordem de habeas corpus, exatamente em razão de o referido recurso não ser desdobramento
do julgamento da apelação contra sentença nem do recurso em sentido estrito contra sentença extintiva da
punibilidade.
Interesse
O interesse recursal é pensado sob o prisma da necessidade, isto é, se o recurso será de fato útil à parte.
Na qualidade de pressuposto subjetivo de admissibilidade recursal, o interesse deve ser
analisado à luz de cada sujeito processual.
Enquanto órgão acusatório, é indiscutível o interesse do Ministério Público de recorrer pro societate, seja
para reformar sentenças absolutórias ou extintivas da punibilidade, seja para agravar condenações
criminais.
Todavia, não se pode perder de vista que ao Parquet foi confiada a defesa da ordem jurídica, ex vi do art.
127, caput, da Constituição da República, o que perpassa pela obtenção de uma prestação jurisdicional
justa. Por conseguinte, o Ministério Público igualmente possui interesse de recorrer pro reo, mesmo porque
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pode opinar pela absolvição do acusado (art. 385 do CPP) e impetrar habeas corpus (art. 654, caput, do
CPP).
ro societate
Em favor da sociedade.
Quanto à vítima, seja assistente de acusação ou querelante, discute-se o interesse de recorrer da sentença
penal condenatória, eis que já teria em seu prol título executivo judicial, nada mais havendo de útil a se
extrair. STF e STJ, entretanto, têm reconhecido ao ofendido interesse recursal, porque, enquanto lesado, sua
motivação é não só patrimonial, mas moral: ver aplicada uma reprimenda proporcional ao mal causado. Se
o desiderato recursal traduz ou não vingança, o Tribunal dirá, provendo, ou não, o recurso. O que não se
concebe é retirar-lhe, de plano, o direito de recorrer.
O acusado possui interesse de recorrer não só das sentenças penais condenatórias, mas
também das absolutórias impróprias, a �m de torná-las próprias, cassando a medida de
segurança imposta.
Em se tratando da absolvição sumária imprópria da 1ª fase do procedimento do Júri, o interesse recursal do
réu não se resume a torná-la própria, mas também desconstitui-la em prol da pronúncia, caso a Defesa
Técnica disponha de outras teses capazes de conduzir à absolvição própria no Plenário do Júri – art. 415, p.
ú. do CPP.
O risco de o imputado vir a ser condenado pelo Conselho de Sentença existe, mas está controlado,
porquanto, se a absolvição sumária imprópria chegou a ser aventada, a inimputabilidade mental do acusado
é evidente, logo, os jurados não podem ignorá-la, sob pena de proferir um veredicto manifestamente
contrário à prova dos autos, a desafiar apelação com lastro no art. 593, III, d, do CPP, ou revisão criminal na
forma do art. 621, I, 2ª parte, do CPP.
No tocante às sentenças absolutórias próprias, o acusado possui interesse de recorrer a fim de modificar o
fundamento, de um juízo pautado na dúvida para outro assertivo, seja para impedir a rediscussão da
demanda na esfera cível (arts. 65 e 66 do CPP), seja porque mais dignificante a absolvição categórica à
escudada na dúvida.
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Efeitos dos recursos
Efeito devolutivo
O efeito devolutivo é norteado pela regra tantum devolutum quantum appelatum, devolvendo-se ao Tribunal o
reexame dos dispositivos da decisão guerreados no recurso. Remete-se ao Tribunal a matéria objeto de
impugnação recursal (art. 599 do CPP).
O art. 617 do CPP, 2ª parte, não admite o agravamento da pena quando somente o acusado houver apelado
da sentença, nem tampouco pode o Tribunal ir além do impugnado no recurso da acusação, pois, do
contrário, agirá, de ofício, em prejuízo do réu.
O art. 617 não proíbe a reformatio in pejus, ou seja, se a acusação recorre, o
Tribunal pode perfeitamente agravar a decisão guerreada dentro dos limites
devolutivos do recurso. Inadmitida é a reformatio in pejus de ofício, regra aplicável a
todo e qualquer recurso.
A vedação à reformatio in pejus de ofício, evidencia, a contrario sensu, a possibilidade de o Tribunal em grau
recursal promover, de ofício, a reformatio in mellius, reduzindo, v.g., a pena imposta ao réu, ante o bis in idem.
Descabe distinguir onde o legislador não o fez, ainda mais in malam partem, logo, a vedação à reformatio in
pejus de ofício engloba erros materiais, caso importe agravamento da pena.
Tampouco pode o Tribunal declarar de ofício nulidades em prejuízo do acusado, ainda que absolutas – S.
160 do STF, extensível aos casos de incompetência absoluta do juízo, mesmo porque o ato nulo existe e
produz efeitos até que surja a declaração de nulidade, logo, sujeita-se a marcos preclusivos, in casu a não
arguição do vício pela acusação em grau recursal, não mais se tornando cognoscível de ofício pelo Tribunal,
caso o seu reconhecimento seja prejudicial ao acusado.
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A vedação à reformatio in pejus ex officio é quantitativa e qualitativa: descabe ao Tribunal, de ofício,
aumentar a quantidade de pena ou agravar a forma por meio da qual será a reprimenda executada, embora
inalterado o quantum (v.g. desclassificar, de ofício, a imputação, de um crime não hediondo para outro
hediondo, apesar de conservada a pena, sujeitando o sentenciado a lapsos temporais maiores para
progredir de regime e obter o livramento condicional).
A primeira parte do art. 617 do CPP anuncia que o Tribunal, Câmara ou Turma atenderá, nas suas decisões,
ao disposto nos arts. 383, 386 e 387 do CPP, ou seja, pode desclassificar a imputação, desde que inalterada
a causa de pedir, absolver ou condenar, mas jamais considerar fatos não contidos na denúncia ou queixa,
sob pena de supressão de instância (S. 453 do STF). O silêncio em relação ao art. 384 do CPP (mutatio
libelli) foi eloquente (proposital).
Exemplo
Se a acusação apelar buscando a desclassificação da imputação de furto para roubo, apesar de a denúncia
não narrar violência ou ameaça alguma contraa vítima, o recurso não deve ser conhecido.
Efeito suspensivo
Recursos revestidos de efeito suspensivo têm o condão de sustar a eficácia do provimento jurisdicional
guerreado, de sorte que apenas produzem efeitos depois de apreciados pelo tribunal.
No processo penal, a regra é a ausência de efeito suspensivo dos recursos, à exceção das apelações contra
sentenças condenatórias e de determinadas hipóteses de recurso em sentido estrito.
Descabe à acusação impetrar mandado de segurança concomitante ao recurso para conferir-lhe efeito
suspensivo, pois inexiste direito líquido e certo, articulando pretensão contra legem (S. 604 do STJ).
Contudo, o mesmo STJ admite ao Ministério Público buscar junto ao Tribunal, incidentalmente ao recurso ou
em ação cautelar inominada paralela, a concessão de efeito suspensivo ao recurso, quando presente, em
concreto, risco de irreversibilidade dos efeitos da decisão recorrida, com lastro no poder geral de cautela.
Atenção!
A ausência de efeito suspensivo dos recursos posteriores à apelação viabilizaria, em tese, a execução
provisória da pena, nada obstante o réu estar recorrendo em liberdade. Contudo, segundo o STF e o STJ, tal
solução é inaceitável à luz do art. 5º, LVII, da CRFB/88, ainda que interpretado restritivamente como
presunção de não culpabilidade. Pena e culpa são indissociáveis (nulla poena sine culpa), logo, antecipar a
primeira significa antecipar a segunda.
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Outros efeitos dos recursos
Efeito extensivo
A razão de ser do efeito extensivo dos recursos repousa na isonomia (art. 5º, caput, da CRFB/88): garantir
que réus em idêntica situação jurídica recebam o mesmo tratamento.
Se vários réus são condenados criminalmente, e apenas um ou alguns recorrem,
caso o Tribunal dê provimento ao recurso, estenderá os efeitos da decisão a todos
os demais, desde que o fundamento do acórdão (ratio decidendi) seja comum a
todos (art. 580 do CPP).
Assentada, por exemplo, a insignificância da conduta, os efeitos do acórdão absolutório serão estendidos
aos demais que não recorreram. Mas se o recorrente for, v.g., absolvido com lastro na insuficiência
probatória, não necessariamente tal motivação alcançaria os demais, que podem ter contra si provas mais
robustas.
A extensão dos efeitos da decisão não é uma faculdade do Tribunal, e sim um dever. Caso o Tribunal não
aplique o art. 580 do CPP, o corréu a quem o acórdão aproveitaria peticiona ao relator para que providencie a
referida extensão.
Malgrado ser o art. 580 do CPP uma norma geral sobre recursos, é aplicável, por analogia, a todo e qualquer
provimento jurisdicional, sempre com o escopo de impedir que acusados que estejam em idêntica situação
jurídica recebam tratamento penal diferenciado. Assim, o art. 580 do CPP alcança, por analogia, os
provimentos jurisdicionais decorrentes de ações constitucionais impugnativas (HC, revisão criminal), as
sentenças monocráticas de 1º grau e até os veredictos do Conselho de Sentença.
Exemplo
“A” e “B” são pronunciados por homicídio, presente o dolo eventual decorrente da participação em
competição automotiva não autorizada. Desclassificada a imputação, no Plenário do Júri, para homicídio
culposo, durante o julgamento de “A”, encontrando-se “B”, ainda não julgado, em idêntica situação jurídica, o
juiz-presidente estende os efeitos do veredicto para desclassificar a imputação também em relação a “B”,
não o submetendo ao Plenário (STJ), reforçando a soberania dos veredictos (art. 5º, XXXVIII, c, da CRFB/88).
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Efeito diferido, iterativo ou regressivo
Efeito diferido, iterativo ou regressivo é aquele que permite ao Juízo a quo retratar-se da decisão guerreada,
ou seja, ele próprio pode rever o seu provimento. Verifica-se no recurso em sentido estrito, considerado o
art. 589 do CPP, no agravo em execução, porque segue o mesmo regramento dispensado ao recurso em
sentido estrito, e nos embargos de declaração.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Adamastor, por meio do defensor, apela da sentença penal condenatória, objetivando a absolvição,
considerada a condenação por roubo simples, à pena de 5 anos de reclusão, regime inicial semiaberto.
Nesse caso
A
poderá o Tribunal, de ofício, reconhecer a causa de aumento de pena pertinente ao
concurso de pessoas, embora não descrita na denúncia, mas patente, ante a prova oral
produzida.
B poderá acrescer a pena de multa à condenação, olvidada pelo juiz sentenciante.
C
poderá negar provimento ao apelo, mas, de ofício, reduzir a pena para o mínimo de 4
anos, porque mal valoradas as circunstâncias judiciais, redimensionando o regime para
o aberto.
D não poderá conhecer do apelo, se intempestivas as razões de apelação.
E o juízo prolator da sentença pode, querendo, retratar-se.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
O art. 617 do CPP proíbe a reformatio in pejus ex officio, admitindo, a contrario sensu, a reformatio in
mellius.
Questão 2
Considerados os efeitos dos recursos, é correto dizer que
Parabéns! A alternativa C está correta.
S. 160 do STF – o art. 617 do CPP veda a reformatio in pejus ex officio sem ressalvas.
A
o efeito extensivo restringe-se aos pronunciamentos jurisdicionais oriundos de
recursos.
B pode-se buscar revestir recurso de efeito suspensivo via mandado de segurança.
C a vedação à reformatio in pejus ex officio compreende as nulidades absolutas.
D o efeito regressivo verifica-se em todo e qualquer recurso.
E
a execução provisória da pena, considerados processos de réu solto, é a regra no
processo penal brasileiro.
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2 - Apelação, recurso em sentido estrito e agravo em
execução
Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de distinguir apelação, recurso em sentido
estrito e agravo em execução.
Apelação
O recurso de apelação
O professor Marcos Paulo discorre a seguir sobre o recurso de apelação, seu cabimento, prazo e efeitos.
Confira!

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Hipóteses de cabimento e prazos
No que diz respeito à apelação, vejamos:
Saiba mais
Decisões definitivas encerram determinado procedimento incidental, ou, ao menos, uma fase procedimental.
Exemplificando: a par da decisão relativa ao incidente de falsidade documental, que desafia recurso em
sentido estrito (art. 581, XVIII, do CPP), todas as decisões que encerram os demais procedimentos
incidentais – incidente de insanidade mental, restituição de coisas apreendidas etc. – comportam apelação
subsidiária ou residual (art. 593, II, do CPP).
Dispõe o art. 593, caput, do CPP que caberá apelação contra as sentenças condenatórias ou
absolutórias prolatadas por Juízos de 1ª instância (inciso I).
A absolvição sumária ao cabo da 1ª fase do Júri e a impronúncia também comportam
apelação (art. 416 do CPP).
Igualmente desafiam apelação as decisões definitivas ou com força de definitiva proferidas
pelos Juízos de 1ª instância, quando inatacáveis via recurso em sentido estrito (RESE), ex vi
do inciso II do art. 593 do CPP. A apelação é subsidiária ao RESE.
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Provimentos com força de definitivos não findam o processo nem incidentes, mas equacionam uma
questão de mérito. A decisão que desclassifica a imputação para outra de menor gravidade,determinando a
abertura de vista ao Ministério Público para se pronunciar sobre a suspensão condicional do processo (art.
383, §1º do CPP), v.g., desafia o apelo residual do art. 593, II do CPP, por haver composto 1 questão de
mérito – v.g. afastada a qualificadora do arrombamento descrito na denúncia, desclassificando o furto para
a modalidade simples.
As decisões tomadas pelo Conselho de Sentença, e chanceladas por sentença do juiz-presidente do Tribunal
do Júri, comportam apelação quando:
a. ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b. for a sentença contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c. houver erro ou injustiça na aplicação da pena ou da medida de segurança; ou
d. for o veredicto dos jurados manifestamente contrário à prova dos autos (art. 593, inciso III, alíneas “a” a
“d” do CPP, respectivamente).
Nada impede que a apelação seja interposta com lastro em mais de um
fundamento.
Provido o apelo, na forma do art. 593, III, b e/ou c, do CPP, o Tribunal reforma a sentença, ajustando-a ao
decidido pelos jurados e/ou retificando a reprimenda aplicada (art. 593, §§1º e 2º do CPP).
No caso do art. 593, III, d do CPP, considerada a soberania dos veredictos (art. 5º, XXXVIII, c, da CRFB/88), o
Tribunal, em vez de reformar, anula a sentença, remetendo o réu a novo Plenário, com jurados que não
intervieram no julgamento anterior (art. 593, §3º do CPP). Esse apelo não pode ser interposto mais de uma
vez, afinal, se os novos jurados insistirem no veredicto, a soberania há de ser respeitada. E caso o
modifiquem para, por exemplo, condenar ao invés de absolver, se o Tribunal já disse ser a então absolvição
contrária à evidência dos autos, descabe esperar que o tribunal o assente em relação à condenação
(preclusão lógica).
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O §4º do art. 593 do CPP preconiza que, se o provimento jurisdicional desafiar apelação, será ela o recurso
adequado, ainda que o dispositivo impugnado, isoladamente considerado, desafie RESE. Atacando-se o
sursis da pena concedido na sentença, v.g., interpõe-se apelação, em vez do RESE (art. 581, XI, do CPP), por
integrar a sentença.
O prazo de interposição é de cinco dias (art. 593, caput, do CPP), enquanto as razões devem ser ofertadas
em oito dias, ou em três, caso se trate de contravenção penal (art. 600, caput, do CPP).
O prazo para a interposição do apelo é preclusivo; já o pertinente ao oferecimento das razões é impróprio,
não acarretando preclusão se inobservado.
Isso porque o art. 601, caput, do CPP preceitua que, findos os prazos para razões, os autos serão remetidos
à instância superior, com as razões ou sem elas, evidenciando que a apelação será conhecida e apreciada,
independentemente dos arrazoados, logo, a intempestividade é irrelevante.
Apelação e seus efeitos
Efeitos do recurso de apelação. Oferta de contrarrazões
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A interposição delimita o efeito devolutivo do apelo. Se o Ministério Público ataca, v.g., o regime prisional
inicial, buscando majorá-lo do semiaberto para o fechado, não pode, nas razões, ampliar a sua impugnação
para ver agravada também a reprimenda. Entretanto, se a interposição for genérica, as razões delimitam o
efeito devolutivo do apelo – se, v.g., o Ministério Público simplesmente apela da sentença, não
especificando, na interposição, os pontos da decisão que pretende ver reformados, a delimitação virá nas
razões (STJ).
Em se tratando de apelação contra decisão do Conselho de Sentença: em homenagem à soberania dos
veredictos, o apelo é vinculado às alíneas do art. 593, inciso III, do CPP, a serem explicitadas na interposição.
Caso não o sejam, interpondo-se o apelo genericamente, as razões delimitam o efeito devolutivo. Contudo,
como estão complementando a interposição, sujeita a um prazo próprio, as razões precisam, neste caso, ser
tempestivas, sob pena de preclusão do recurso (S. 713 do STF).
Apesar do art. 601, caput, do CPP, não se julga a apelação sem as razões e/ou contrarrazões. Vejamos:
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O prazo para o ofendido apelar supletivamente é de 15 dias (art. 598, p. ú., do CPP). Contudo, a parte
secundária não pode dispor do triplo do prazo de interposição reservado às partes principais.
Assim, se o lesado já estava habilitado no processo como assistente quando os autos vieram conclusos ao
juiz para sentenciar, conhece a demanda tão bem quanto as partes principais, logo, seu prazo há de ser o
geral – 5 dias. Do contrário, justificam-se os 15 dias, afinal, desconhece os autos (STJ).
Como o recurso da vítima é subsidiário, o termo inicial começa a fluir depois de expirado o prazo do MP. Se
intimada da sentença na vigência do prazo ministerial, imediatamente após o encerramento deste, inicia a
contagem do seu. Porém, se ainda não intimado, mesmo depois de expirados os 5 dias ministeriais para
recorrer, o prazo só fluirá do 1º dia útil seguinte ao da intimação, daí a imprecisão da S. 448 do STF, pelo
Em se tratando de apelação interposta pelo Ministério Público, na ação penal pública, o não
oferecimento das razões configura desistência tácita do recurso, ao arrepio do art. 576 do
CPP. Se tal ocorrer, o relator do apelo determinará a sua apresentação – adota-se o mesmo
procedimento para as contrarrazões.
Também impensável é o não oferecimento das razões (ou contrarrazões) pela defesa técnica,
o que daria azo a um réu materialmente indefeso, configurando nulidade absoluta, insanável,
nos termos do art. 5º, LV, da CRFB/88 e da Súmula 523 do STF. Apenas não haverá nulidade
se o acusado, não obstante o gravíssimo vício processual, vier a ser absolvido, eis que não há
nulidade sem prejuízo (art. 563 do CPP). Invoca-se, em reforço, o art. 261, p. ú., do CPP,
segundo o qual a defesa técnica será sempre exercida através de manifestação
fundamentada (se assim o é para os defensores públicos e dativos, ainda mais para os
constituídos pelo réu) – STF/STJ.
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próprio já reconhecida, ao consignar o início da fluência do prazo recursal do ofendido imediatamente após
o término do prazo do MP.
Independentemente de habilitada ou não nos autos como assistente, a vítima será
intimada da sentença, bem como dos acórdãos que a confirmarem ou modificarem
(art. 201, §2º do CPP).
Vejamos um exemplo:
Neste caso, quando da intimação do assistente, o prazo ministerial ainda não havia expirado – o
termo inicial corresponde ao dia 03, o final, dia 07 –, logo, o seu termo inicial será não o dia seguinte
ao da intimação, 06, e sim o dia 08, fluindo imediatamente após o encerramento do prazo ministerial.
Mas, se o ofendido é intimado apenas no dia 11 de junho, malgrado o encerramento do prazo
ministerial no dia 07, o termo inicial para o lesado recorrer não será o dia 08, e sim o dia seguinte ao
da intimação, 12, revelando o desacerto da Súmula 448 do STF.
Nos termos do art. 597 do CPP, a apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, logo, descabe a
execução provisória da pena. O art. 492, I, e do CPP, com a redação dada pela Lei nº 13.964/19, autoriza,
contudo, a execução provisória das condenações provenientes do Conselho de Sentença, se a reprimenda
ficou igual ou superior a 15 anos de reclusão, sem prejuízo de o juiz-presidente do Tribunal do Júri ou o
relator do apelo determinar o seu recebimento, excepcionalmente, no efeito suspensivo (art. 492, §3º, 5º e
6º do CPP).
Todavia, considerada a presunção de não culpabilidade (art. 5º, LVII, da CRFB/88), o STJ, pautado na
jurisprudência do STF refratária à execução provisória da pena de réu solto, tem reputado inconstitucional
tal regra.
Atenção!
Orestante do art. 597 do CPP merece desconsideração, considerada a ulterior ab-rogação do art. 393 do
CPP pela Lei nº 12.403/11, a revogação da aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de
segurança (arts. 374 e 378) quando da reforma da parte geral do Código Penal, e o condicionamento da
execução da suspensão condicional de pena ao trânsito em julgado da condenação (art. 160 da LEP). As
tutelas cautelares impostas ou mantidas por força da sentença penal condenatória recorrível conservam a
eficácia, não sendo alcançadas pelo efeito suspensivo do apelo.
Sentença prolatada no dia 1º de junho, MP intimado no dia 02 e vítima cientificada no dia 05 
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No tocante à apelação contra sentenças absolutórias, não impedirá que o acusado seja imediatamente
posto em liberdade, caso esteja preso cautelarmente (art. 596, caput, do CPP), mesmo porque ausente o
fumus comissi delicti. A execução da medida de segurança condiciona-se ao trânsito em julgado (art. 171
da LEP), logo, tacitamente revogado foi o p.ú. do art. 596 do CPP, em apreço ao princípio da anterioridade.
O apelo subsidiário do ofendido não possui efeito suspensivo (art. 598, caput, in fine, do CPP).
Outros aspectos
No Juizado Especial Criminal, a apelação reserva-se não só à sentença, mas à decisão de não recebimento
da denúncia ou queixa (art. 82, caput, da Lei nº 9099/95), distanciando-se da regra geral do art. 581, I, do
CPP, que fixou o RESE como recurso adequado. E, no prazo de 10 dias, deve ser interposta a apelação com
as razões (art. 82, §1º), encaminhando-a à Turma Recursal, depois de apresentadas as contrarrazões em 10
dias (art. 82, §2º).
A notificação imprescindível é a das partes para a sessão de julgamento do recurso, sob pena de nulidade
absoluta do julgamento, a não ser que a parte não notificada tenha tido a sua pretensão acolhida pelo
Tribunal, pois inexistirá prejuízo (art. 563 do CPP). Do contrário, manifesto será o prejuízo, eis que lhe foi
subtraída a faculdade de se valer da sustentação oral (Súmula 431 do STF).
Recurso em sentido estrito (RESE)
Cabimento
As hipóteses de RESE vêm elencadas no art. 581 do CPP. O rol é exaustivo (numerus clausus), sem que o
intérprete crie hipóteses além das previstas em lei. Contudo, como a lista remonta a 1941, os incisos têm
desafiado interpretação ontológica e evolutiva, de maneira a compreender provimentos jurisdicionais que,
na essência, aproximam-se daqueles originariamente contemplados, mas que só vieram a existir após 1941
(STJ).
Exemplo
Da decisão que indefere, revoga ou relaxa a prisão preventiva, cabe RESE (art. 581, V, do CPP).
Compreendidas nessa hipótese também estão as decisões de indeferimento, revogação ou relaxamento da
prisão temporária e das tutelas dos arts. 319 e 320 do CPP, porque tão cautelares constritivas da liberdade
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quanto à preventiva (interpretação ontológica) e só advieram posteriormente, por intermédio das Lei nº
7960, de 1989, e 12.403, de 2011 (interpretação evolutiva).
O RESE alcançava decisões incidentais à execução penal, que, com o advento o art. 197 da LEP, passaram a
desafiar agravo. Outras contemplavam hipóteses que deixaram de existir. Assim, não mais subsiste o RESE:
a. contra a perda da fiança (art. 581, VII), por ser a sanção cominada ao sentenciado que,
injustificadamente, não inicia o cumprimento da pena definitivamente aplicada (art. 344 do CPP),
incidente inerente à execução da pena, a desafiar agravo, persistindo contra a decisão de quebramento
da fiança (art. 343 do CPP);
b. contra a decisão que reconhece, ou não, causa extintiva da punibilidade, se incidental à execução da pena
(art. 581, VIII e IX), persistindo quando inerente ao processo de conhecimento;
c. contra a decisão que concede, nega ou revoga a suspensão condicional da pena (art. 581, XI), porque
enquanto a revogação do sursis da pena é uma decisão incidental ao processo de execução, a concessão
ou não é tópico adstrito à aplicação da pena, inserido na própria sentença penal condenatória, contra a
qual cabe apelação (art. 593, I, do CPP), ainda que se objetive impugnar apenas o dispositivo alusivo ao
sursis, ex vi do §4º do art. 593 do CPP;
d. contra a decisão concessiva, negatória ou revocatória do livramento condicional e a de unificação das
penas (art. 581, XII e XVII), porque incidentais à execução;
e. presentes os incisos XIX a XXIV, porque ínsitas à execução da pena. Ademais, o inciso XXIV, bem como o
XX e XXI aludem a hipóteses sem mais previsão legal.
Além das hipóteses de RESE apreciadas, tem-se, nos termos do art. 581:
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Inciso I
Da decisão de não recebimento da denúncia ou queixa, compreensiva do aditamento (art.
384, §5º do CPP), por ser expressão do direito de ação (STJ). Embora o denunciado não
integre, ainda, a relação processual penal, os efeitos decorrentes do eventual provimento ao
recurso acusatório serão por ele sentidos. Assim, é imprescindível a sua notificação para,
querendo, indicar advogado e apresentar as contrarrazões, não bastando notificar
diretamente a Defensoria Pública para fazê-lo – a autodefesa também perpassa pela escolha
da defesa técnica. Sem isso, absolutamente nulo será o acórdão que apreciou e deu
provimento ao RESE (S. 707 do STF). E, como tal acórdão, determinando o recebimento da
denúncia ou queixa, há de ser cumprido pelo Juízo, já vale como marco interruptivo da
prescrição (art. 117, I do CP) – S. 709 do STF.
Inciso II
Da decisão conclusiva da incompetência do Juízo, compreensiva as dos arts. 383, §2º e 419
do CPP, porque também declinatórias da competência.
Inciso III
Decisão que julga procedentes as exceções, salvo a de suspeição.
Inciso IV
Decisão que pronuncia o acusado, integral ou parcialmente, conforme observou o STJ (v.g.
denúncia por homicídio qualificado, pronúncia por homicídio simples, elidida a qualificadora).
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Inciso X
Decisão concessiva ou denegatória da ordem de habeas corpus, ou seja, decisões
monocráticas de primeira instância, mesmo porque, em se tratando de acórdãos
provenientes dos tribunais, caberia recurso ordinário constitucional ao STJ ou ao STF,
conforme se tratasse de Tribunal inferior (art. 105, II, a, da CRFB/88) ou superior (art. 102, II, a,
da CRFB/88), respectivamente, se denegatórios da ordem; ou, se concessivos, a contrario
sensu, recurso especial ao STJ (art. 105, III, da CRFB/88) ou recurso extraordinário ao STF
(art. 102, III, da CRFB/88), conforme o acórdão partisse de Tribunal inferior ou superior.
Inciso XIII
Decisão anulatória da instrução criminal, no todo ou em parte, compreensiva da decisão de
desentranhamento dos autos da prova ilícita (art. 157, caput, do CPP), a encerrar nulidade ao
menos parcial da instrução.
Inciso XIV
Decisão que inclui jurado na lista geral ou desta o exclui (art. 426, §1º do CPP).
Inciso XV
Decisão que não conhece da apelação, ou a julga deserta, sublinhando que, da decisão que
não conhece do RESE, cabe carta testemunhável (art. 639 do CPP).
Inciso XVI
Decisão que ordenar a suspensão do processo em virtude de questão prejudicial, a
compreender também a de suspensão do processo e da prescrição quando o réu, citado por
dit l ã tit i d d ( t 366 d CPP) i ã d STJ
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O art. 294 da Lei nº 9503/97 (Código de Trânsito Brasileiro – CTB) preceitua, no parágrafo único, que, da
decisão que, cautelarmente, suspende a permissão ou a habilitação para conduzir veículo automotor,ou que
proíbe a sua obtenção, bem como da decisão que indefere tal pleito, cabe recurso em sentido estrito, sem
efeito suspensivo.
A Lei nº 9099/95, quando disciplinou o sistema recursal dos Juizados Especiais Criminais, referiu-se
somente à apelação e aos embargos de declaração, ex vi dos arts. 82 e 83, respectivamente. E ainda
reservou a apelação contra a decisão de não recebimento da denúncia ou queixa (art. 82, caput), provimento
que, em regra, desafia RESE, ex vi do art. 581, I, do CPP. Assim, conclui-se pela sua inadmissibilidade no
JECRIM – silêncio eloquente.
Aspectos do recurso em sentido estrito
Prazos e efeitos
edital, não comparece nem constitui advogado (art. 366 do CPP), por ser, na visão do STJ,
causa também obrigatória da suspensão do processo, advinda somente em 1996, via Lei
9.271.
Inciso XXV
Decisão que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal (art. 28-A
do CPP), cabendo apelo residual da decisão que a chancelar (STJ), porque com força de
definitiva inatacável por RESE.
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O RESE possui prazo de interposição de 5 dias (art. 586, caput do CPP), sob pena de preclusão (prazo
próprio), e arrazoados em 2 (art. 588, caput), prazo impróprio – intempestividade é mera irregularidade.
Admite juízo de retratação pelo órgão prolator da decisão atacada, a ser exercido depois de apresentadas
as razões e as contrarrazões (art. 589, caput, do CPP).
Mantida a decisão, encaminha-se o recurso ao Tribunal; se reformada, e se da nova decisão couber recurso,
a parte então vencedora, ora vencida, pode impugná-la, também em 5 dias, pugnando que as suas então
contrarrazões sejam recebidas como razões e endereçadas ao Tribunal (art. 589, p.ú.).
Exemplo
Reconhecida a prescrição, e retratando-se o juiz para rejeitá-la, o imputado, por meio do seu defensor, pode
recorrer da retratação, afinal, desafia RESE tanto a decisão que reconhece causa extintiva da punibilidade
como a que a recusa (art. 581, VIII e IX, do CPP).
No caso do inciso XIV do art. 581, o prazo de interposição é de 20 dias (art. 586, p.ú.), presente a
legitimidade recursal erga omnes: se qualquer do povo pode impugnar a lista geral de jurados (art. 426, §1º),
igualmente pode recorrer da decisão.
O RESE só tem efeito suspensivo nas hipóteses elencadas no art. 584, caput, do CPP, porém devem ser
descartadas as menções à perda da fiança, concessão de livramento condicional e à unificação das penas,
porque incidentais ao processo de execução, desafiando agravo, sem efeito suspensivo (art. 197 da LEP), e
à conversão da multa em detenção ou prisão simples, porquanto não mais existente juridicamente (art. 51
do CP).
Sobra, então, revestido de efeito suspensivo, o RESE contra a decisão de não conhecimento da apelação ou
que a julga deserta (art. 581, XV, do CPP). O RESE contra a decisão de quebramento da fiança suspende a
perda de metade do seu valor (art. 584, §3º).
Procedimento
Dispõe o §2º do art. 584 do CPP que o RESE contra a decisão de pronúncia suspende apenas a realização
do Plenário. Mas assim não é, porque o RESE contra a pronúncia é processado nos autos principais,
encaminhados ao Tribunal (art. 583, II), logo, o juiz não tem como dar início à 2ª fase, condicionada, aliás, à
preclusão da pronúncia (art. 421, caput).
Portanto, RESE contra a decisão de pronúncia suspende o feito, não permitindo inaugurar a 2ª fase, salvo se
alguns dos réus pronunciados optarem por não recorrer – preclusa a pronúncia, inaugura-se a 2ª fase em
relação a estes, encaminhando o RESE dos demais ao Tribunal via traslado (art. 583, p.ú).
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O ofendido pode, subsidiariamente, interpor RESE contra a sentença extintiva da punibilidade (art. 584, §1º
do CPP). Da impronúncia também caberá recurso subsidiário seu, mas, em vez do RESE, apelação, por conta
do art. 416 do CPP.
O RESE subsidiário não possui efeito suspensivo – art. 584, §1º, ao remeter ao art. 598,
caput, parte �nal.
O RESE será processado nos autos originários, que serão encaminhados ao Tribunal pelo Juízo processante,
nas hipóteses do caput do art. 583 do CPP. Nas demais hipóteses, inclusive a do p.ú. do art. 583, subirá por
instrumento, devendo o recorrente, na petição de interposição, indicar as peças dos autos para fins de
traslado (art. 587, caput).
A prisão decorrente da pronúncia não condiciona o conhecimento do RESE interposto (art. 581, IV do CPP),
havendo a não recepção do art. 585 do CPP pelo art. 5º, LV, da CRFB/88 – ampla defesa –, que tem no duplo
grau de jurisdição, quando disponível, o seu desdobramento lógico (STF e STJ).
Agravo em execução
O agravo em execução adveio com a Lei nº 7210/84 – Lei de Execução Penal (LEP) –, sendo o recurso
reservado para as decisões incidentais ao processo de execução da pena, sem efeito suspensivo (art. 197
da LEP).
Atenção!
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O art. 197 da LEP não fixou o prazo nem o processamento do agravo. Contudo, como é um sucedâneo do
RESE no âmbito da execução da pena, porque, até então, várias decisões incidentais à execução eram
atacáveis por RESE, estende-se ao agravo o mesmo procedimento reservado ao RESE, inclusive o prazo de
interposição de 5 dias (S. 700 do STF) e o oferecimento das razões em 2, admitida a retratação.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O prazo de interposição do agravo em execução é de
Parabéns! A alternativa D está correta.
S. 700 do STF – como o art. 197 da LEP é omisso a respeito do prazo, e o agravo em execução sucedeu
ao RESE como recurso adequado no âmbito da execução penal, estende-se ao agravo o prazo e o
processamento deste, daí os 5 dias.
Questão 2
A 15 dias.
B 10 dias.
C 2 dias.
D 5 dias.
E 20 dias.
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Considerada a desclassificação do roubo para furto, com vista ao Ministério Público para se manifestar
sobre a suspensão condicional do processo, caso este discorde
Parabéns! A alternativa A está correta.
A decisão, versada no art. 383, §1º do CPP, possui força de definitiva, mas não consta no rol do art. 581
do CPP, restando o apelo (art. 593, II).
A apelará residualmente.
B apelará contra sentença.
C recorrerá em sentido estrito.
D agravará.
E impetrará mandado de segurança.
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3 - Embargos e recursos nos tribunais superiores
Ao �nal deste módulo, você deverá ser capaz de empregar corretamente os embargos e os
recursos em tribunais superiores.
Embargos de declaração
Os embargos de declaração traduzem recurso cujo objetivo é sanar obscuridade, ambiguidade, contradição
ou omissão da decisão (art. 382 do CPP) ou acórdão (art. 619). Vejamos esses conceitos:
Obscuridade
Significa ininteligibilidade, ou seja, o pronunciamento mostra-se incompreensível.
Ambiguidade
Fundamento não mais existente no processo civil, importa dúvida: a decisão é inteligível, mas dá margem a
mais de uma interpretação.
Contradição
É o descompasso entre a motivação e o decidido.
Omissão
É o não enfrentamento pelo juiz de questão preliminar ou meritória trazida pela parte.
Atenção!
Nas hipóteses de contradição e omissão, os embargos de declaração podem produzir efeitos modificativos
ou infringentes, se providos.
Embora o art. 382 aluda à sentença, qualquer pronunciamento de 1ª instância desafia embargos (STJ). O
prazo para oposição é o mesmo: 2 dias.
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Os embargos de declaração têm efeito regressivo, iterativo ou diferido, permitindo ao
próprio Juízo rever a decisão proferida.
Embora o art. 382 aluda à sentença, qualquer pronunciamento de 1ª instância desafia embargos (STJ). O
prazo para oposição é o mesmo: 2 dias.
Quando os embargos de declaração tiverem efeitos infringentes, notifica-se a parte contrária para se
manifestar em apreço ao contraditório (art. 5º, LV, da CRFB/88), sob pena de nulidade absoluta do novo
julgamento, a não ser que o provimento embargado seja mantido, eis que inexiste prejuízo (art. 563 do CPP).
Nesse sentido, art. 1023, §2º do CPC, aplicável subsidiariamente (STJ).
Os embargos declaratórios interrompem o prazo para a interposição do recurso adequado, que só fluirá
depois da intimação do julgamento dos embargos (art. 1026, caput, do CPC, aplicável subsidiariamente). Se,
antes disso, foi interposto o recurso adequado, a parte não precisa ratificá-lo se inalterada a decisão,
independentemente de acolhidos, ou não, os embargos (art. 1024, §5º). Se modificado o pronunciamento,
devolve-se à parte o prazo para complementar ou alterar a manifestação recursal já lançada (art. 1024, §4º).
No Juizado Especial Criminal, o prazo de interposição dos embargos é de 5 dias, admitida a forma oral, além
da escrita, mantido o efeito interruptivo em relação ao prazo do recurso adequado, independentemente de
se tratar de pronunciamento de 1º grau ou acórdão (art. 83 da Lei 9099/95).
E a obscuridade, como fundamento dos embargos, engloba a dúvida (ambiguidade). Dispõe o art. 83, §3º
que os erros materiais podem ser corrigidos de ofício pelo juiz, salvo se importar reformatio in pejus,
considerado o art. 617 do CPP, aplicável subsidiariamente aos Juizados, nos termos do art. 92 da Lei 9099.
Embargos infringentes ou de nulidade
Os embargos infringentes ou de nulidade são um recurso incidental ao processo e julgamento das
apelações e do RESE, quando decididos, por maioria, pelo Tribunal, em desfavor do acusado, ex vi do art.
609, p. ú., do CPP, a saber:
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Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu,
admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos no
prazo de 10 (dez) dias, a contar da publicação do acórdão, na forma do art.
613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto
de divergência.
(CPP – art. 609, parágrafo único)
Quanto à admissibilidade, convém sublinhar que é um recurso incidental ao processo e julgamento das
apelações e do RESE, haja vista a topografia do art. 609, parágrafo único, do CPP. Se, v.g., no bojo de uma
ação de revisão criminal ou de habeas corpus o pedido defensivo não for acolhido por maioria, não caberão
embargos infringentes ou de nulidade.
Os embargos infringentes ou de nulidade são um recurso exclusivo da defesa, logo,
se o acórdão vier a ser tomado por maioria em detrimento da acusação, restam
apenas o recurso especial ao STJ e/ou o extraordinário ao STF.
Caso o acórdão seja decidido majoritariamente em desfavor do acusado, não poderá o defensor interpor
diretamente recurso especial ao STJ e/ou extraordinário ao STF, pois ainda não esgotadas as instâncias
recursais ordinárias, conforme exigem, respectivamente, os arts. 105, III e 102, III, ambos da CRFB/88.
Nesse sentido, Súmula 207 do STJ, endossada pelo STF.
Caso a decisão majoritária verse sobre questão de mérito (aplicação da pena, inclusive), cabem embargos
infringentes; caso gravite em torno de questão preliminar (processual), admissíveis são os de nulidade.
Se o Tribunal, por maioria, rechaça a tese de negativa de autoria, ou uma excludente da ilicitude suscitada
pela Defesa (v.g., legítima defesa), cabem embargos infringentes; em contrapartida, se, por maioria, recusa a
preliminar de nulidade da sentença por incompetência absoluta do Juízo processante, interpõe-se embargos
de nulidade. Se presentes decisões majoritárias, desfavoráveis ao réu, sobre questões processuais e
meritórias, os embargos de nulidade e infringentes podem ser veiculados na mesma peça.
Atenção!
Basta a existência de um voto vencido, favorável ao réu, quando do julgamento pelo Tribunal para comportar
a interposição dos embargos infringentes ou de nulidade, independentemente de o julgado de 1º grau ter
sido confirmado ou reformado em grau de recurso.
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A parte final do parágrafo único do art. 609 do CPP prega que, se o desacordo for parcial, os embargos
serão restritos à matéria objeto da divergência.
Não raro o acórdão reúne vários dispositivos, decorrentes do enfrentamento de inúmeras questões
preliminares e de mérito, logo, é natural que algumas sejam decididas à unanimidade, enquanto outras, por
maioria. Somente as últimas desafiarão embargos infringentes ou de nulidade, de maneira que as demais
comportarão recurso especial e/ou extraordinário, cujo prazo de interposição fica sobrestado até o
julgamento dos embargos.
Para ilustrar, imagine que o Tribunal, examinando o apelo defensivo, profira o seguinte acórdão:
Por unanimidade, rejeita a preliminar de cerceamento do direito de defesa em virtude de o juiz a quo
indeferir a oitiva de uma testemunha do acusado por reputá-la irrelevante; por maioria, recusa a preliminar
de nulidade do processo por incompetência absoluta do Juízo; à unanimidade, rechaça a tese de estado
de necessidade, e confirma a pena arbitrada pelo sentenciante de 1º grau; e, majoritariamente, confirma o
regime inicialmente fechado em vez do semiaberto.
O referido acórdão comportará embargos de nulidade exclusivamente no tocante à rejeição da preliminar
de incompetência absoluta do Juízo; e embargos infringentes no que tange ao regime inicial fechado em
prejuízo do semiaberto, pois estas foram as questões deliberadas por maioria contra o acusado.
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Quanto às demais, equacionadas à unanimidade, a Defesa deverá interpor recurso especial e/ou
extraordinário, mas depois de apreciados os embargos.
O efeito devolutivo dos embargos infringentes ou de nulidade restringe-se ao voto vencido.
Exemplificando: malgrado o apelo defensivo tenha questionado a aplicação da pena como um todo, a única
divergência residiu na possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
deliberando-se negativamente, por maioria.
Neste caso, os embargos infringentes discutirão tão somente a substituição.
Qualquer outro pedido que venha a ser deduzido nos embargos não será conhecido.
Os embargos infringentes ou de nulidade são um recurso incidental ao processo e
julgamento das apelações e dos recursos em sentido estrito interpostos
voluntariamente pelas partes, logo, a contrario sensu, em sede de reexame
necessário, condição de eficácia do pronunciamento jurisdicional, descabem
embargos (S. 390 do STJ), exceto se, paralelamente, foi interposta a apelação ou o
RESE.
Os embargos infringentes ou de nulidade são examinados pelo mesmo tribunal prolator do acórdão
guerreado, mas por órgão diverso, definido pela lei local de organização judiciária.
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Descabem embargos infringentes ou de nulidade no Juizado Especial Criminal, porque incidentais ao
julgamento realizado pelos tribunais, e não por Turmas Recursais, compostas por juízes de 1ª instância.
Recursos especial e extraordinário em matéria criminal
Recursos aos tribunais superiores
O professor Marcos Paulo discorre a seguir sobre os recursos especial e extraordinário, apresentando suas
principaiscaracterísticas. Vamos lá!
Recurso especial
O recurso especial, sujeito à apreciação pelo Superior Tribunal de Justiça, possui matiz constitucional, e é
interposto contra acórdão proferido em única ou em última instância pelos tribunais inferiores do País
quando:

Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência.


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Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal.

Der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro Tribunal – art. 105, III, da
Constituição da República.
Como o art. 105, III, da CRFB/88 refere-se às decisões tomadas em única ou última instância pelos tribunais,
não cabe recurso especial contra acórdãos emanados das Turmas Recursais dos Juizados Especiais
Criminais, eis que são colegiados compostos por juízes de primeira instância, e não de segunda
(desembargadores), logo não são tribunais (S. 203 STJ).
O recurso especial dirige-se contra os acórdãos tomados em última instância, logo,
é imprescindível que tenham se exaurido todas as vias recursais ordinárias,
mostrando-se inadequado quando viáveis embargos infringentes ou de nulidade
(Súmula 207 do STJ).
Comentário
Caso ainda pendente de julgamento embargos de declaração, tampouco se pode falar em exaurimento das
vias recursais ordinárias para fins de interposição de recurso especial. Mas, se interposto o recurso, e
inalterada a decisão atacada após o julgamento dos embargos, desnecessário ratificá-lo – art. 1024, §5º do
CPC/15, aplicável subsidiariamente, e S. 579 do STJ.
A admissibilidade do recurso especial está condicionada à hipotética afronta à legislação federal, de
maneira que a cognição a ser desenvolvida deve ser exclusivamente jurídica, não mais revolvendo fatos ou
provas (S. 7 STJ); o mérito do recurso especial, por sua vez, corresponde à efetiva constatação de ofensa ou
não à legislação federal, de maneira a determinar o provimento, ou não, do recurso.
É imperioso, a fim de evitar supressão de instância, que o debate a respeito de tais questões já tenha sido
travado no Tribunal de Justiça ou no Tribunal Regional Federal respectivo, daí a Súmula 211 do STJ
preceituar ser inadmissível o recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos
declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo.
Diante disso, tanto o recorrente quanto o recorrido nos seus respectivos arrazoados devem pugnar pelo
prequestionamento das questões preliminares e meritórias ventiladas à luz dos dispositivos federais que
reputarem violados, e/ou da jurisprudência em princípio negligenciada ou olvidada. E, caso o Tribunal não
promova tal discussão, cabem embargos de declaração na forma do art. 619 do CPP para tal finalidade, ao
teor da mencionada Súmula 211 do STJ.
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Independentemente do resultado dos embargos – se conhecidos, ou não; se providos, ou não –,
pavimentado está o caminho para o recurso especial (art. 1025 do CPC/15, aplicável subsidiariamente).
Dispõe a Súmula 83 do STJ que não se conhece do recurso especial pela divergência quando a orientação
do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida. Com efeito, se, à época da interposição do
recurso especial, não há mais divergência jurisprudencial, pacificando-se o tema no sentido do provimento
guerreado, não há como admitir o recurso especial para processo e julgamento nos termos do art. 105, III, c,
da CRFB/88.
Reza a Súmula 126 do STJ, por outro lado, que é inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido
assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si, para mantê-
lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.
Recurso extraordinário
O recurso extraordinário, a seu turno, reserva-se contra acórdãos prolatados em única ou última instância
contrários à Constituição da República, declaratórios da inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, ou
que validem lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição, ex vi do art. 102, III, alíneas “a”
a “c”, da CRFB/88, respectivamente.
Após a Emenda Constitucional nº 45 de 08 de dezembro de 2004, o recurso extraordinário igualmente se
tornou admissível contra decisão que julgue válida lei local contestada em face de lei federal, considerado o
acréscimo da alínea “d”, eis que, por detrás da controvérsia, em xeque está o pacto federativo. Apesar disso,
permanece hígida a Súmula 399 do STF – “não cabe recurso extraordinário por violação de lei federal,
quando a ofensa alegada for a regimento de tribunal”.
Conforme se depreende da leitura do art. 102, III, da CRFB/88 o escopo do recurso
extraordinário é resguardar a Constituição, daí ser da competência do STF processá-lo e
julgá-lo.
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Caberá recurso extraordinário contra o acórdão prolatado em única ou última instância, independentemente
de se tratar ou não de tribunal, logo, é plenamente admissível recurso extraordinário contra os acórdãos
provenientes das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais, haja vista a Súmula 640 do STF,
diferentemente do que ocorre com o recurso especial. Por sinal, como o órgão jurisdicional de 2º grau no
âmbito dos Juizados Especiais Criminais corresponde às Turmas Recursais, compete a ela exercer o juízo
de admissibilidade do recurso extraordinário, e não ao TJ ou TRF respectivo (STF).
Atenção!
À semelhança do recurso especial, não se admite o recurso extraordinário para simples reexame de prova,
porquanto é uma via impugnativa voltada para discussões constitucionais (S. 279 STF).
Tampouco se admite o recurso extraordinário quando ininteligível a irresignação da parte (S. 284 STF,
extensível ao recurso especial).
Inúmeros são os pontos de contato entre a admissibilidade do recurso especial e a do recurso
extraordinário. Observe!
A questão constitucional suscitada no recurso extraordinário deve ter sido discutida no
Tribunal a quo, evitando suprimir instância. Outra não é a orientação do STF, haja vista a
Súmula 282 – “é inadmissível o recurso extraordinário quando não ventilada, na decisão
recorrida, a questão federal suscitada” (em verdade, constitucional). Por conseguinte, é
imprescindível o prequestionamento dos temas constitucionais. Caso o tribunal a quo
permaneça em silêncio a respeito quando da prolação do acórdão, hão de ser opostos
embargos de declaração, nos moldes do art. 619 do CPP, para fins de prequestionamento.
Independentemente do resultado do julgamento dos embargos, o recurso extraordinário já
estará viabilizado (art. 1025 do CPC, aplicável subsidiariamente).
Não se admite recurso extraordinário interposto contra uma das razões do acórdão
guerreado, se existem outras perfeitamente aptas a sustentá-lo. A ratio decidendi há de ser
t d i t l t (S 283 d STF)
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O recurso extraordinário, igualmente, exige a indicação da repercussão geral para ser admitido (art. 102, §3º,
da CRFB/88), sinalizando a relevância da matéria em comento, transcendendo os interesses das partes
envolvidas, bem como a quantidade de casos idênticos ao veiculado. No âmbito processual penal, a
indisponibilidade dos interesses em confronto – direito de punir x liberdade e estado de inocência – facilita
a demonstração da repercussão geral.
Características dos recursos especial e extraordinário
O prazo de interposição dos recursos especial e extraordinário é de 15 dias, ex vi do art. 1003, §5º do CPC,
em princípio sem efeito suspensivo (art. 1029, §5º do CPC), perante a presidência, ou vice-presidência, do
Tribunal recorrido (art. 1029, caput, do CPC).Embora o art. 638 do CPP preceitue que o processo e julgamento dos recursos especial e extraordinário dar-
se-ão conforme o estabelecido nas leis especiais, processual civil e respectivos regimentos internos, em
matéria penal, a contagem dos prazos segue o fixado no art. 798 do CPP, em apreço à especialidade, logo,
descarta-se o dia inaugural, computa-se o final e a fluência é contínua, sem incluir apenas os dias úteis
(STF/STJ).
Atenção!
atacada integralmente (S. 283 do STF).
O recurso extraordinário será admissível contra acórdão proferido em única ou em última
instância, logo se estiver pendente de julgamento embargos de declaração opostos contra o
acórdão, não flui o prazo recursal. Porém, se precipitadamente interposto o recurso e
inalterada a decisão embargada, após o julgamento, a parte sequer precisa ratificá-lo (art.
1024, §5º do CPC, aplicável subsidiariamente).
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Cada recurso terá a sua própria petição, mesmo porque diversos são os órgãos julgadores – STJ para o
recurso especial; STF para o recurso extraordinário (art. 1029, caput, do CPC).
Não admitido o recurso especial ou extraordinário pelo presidente ou vice-presidente do Tribunal de origem,
caberá agravo no prazo de 15 dias, dirigido à respectiva presidência ou vice-presidência, encaminhando-o,
após a resposta do agravado, ou sem ela, ao STJ ou STF (art. 1042 do CPC).
Porém, se o agravo não vier a ser conhecido monocraticamente pelo relator, seja no STJ ou STF, caberá
agravo regimental ao Colegiado respectivo no prazo de 5 dias, a teor do art. 39 da Lei nº 8038/90, que, em
apreço ao princípio da especialidade, prevalece sobre o CPC em matéria penal (STJ e STF).
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Réu, condenado à pena de 2 anos por furto qualificado, apela, pugnando a nulidade da sentença por não
ter sido oportunizado o acordo de não persecução penal. O Tribunal, por 2 a 1, nega provimento ao
recurso. Nesse caso, caberá
Parabéns! A alternativa E está correta.
A recurso especial ao STJ.
B recurso extraordinário ao STF.
C embargos de declaração.
D embargos infringentes.
E embargos de nulidade.
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Trata-se de questão processual, decidida por maioria contra o réu, daí os embargos de nulidade.
Questão 2
Opostos embargos declaratórios contra a decisão que suspendeu o processo e a prescrição, na forma
do art. 366 do CPP, porque inobservada a prescrição, já operada, cumpre ao juiz
Parabéns! A alternativa B está correta.
Cabem embargos declaratórios contra qualquer decisão, no prazo de 2 dias (art. 382 do CPP),
oportunizando o contraditório quando tiverem efeitos infringentes (art. 1023, §2º do CPC, aplicável
subsidiariamente), como se dá nos casos de omissão e contradição.
Considerações �nais
A apreciar de plano os embargos declaratórios.
B conhecê-los, mas, antes de decidir, oportunizar a oitiva da parte contrária.
C não o conhecer, porque reservados somente contra sentença.
D examiná-los se observado pelo embargante o prazo recursal de 5 dias.
E não o conhecer, pois omissão não é fundamento para o conhecimento.
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Os recursos são a forma por meio da qual se dá concretude ao contraditório e à ampla defesa no processo
penal, daí a importância do seu manuseio correto pelas partes, afinal, em confronto estão direitos de
magnitude maior: jus puniendi estatal de um lado, em resguardo da paz social, e a liberdade e o estado de
inocência do outro. O correto manejo dos recursos incrementa o devido processo legal como sinônimo de
processo justo.
Podcast
Para encerrar, o professor Marcos Paulo relembra tópicos importantes abordados em nosso estudo. Ouça!

Referências
DECRETO-LEI nº 3.689, de 03 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília, 1941.
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BADARÓ, G. H. R. I et al. Código de Processo Penal Comentado. 4. ed. Revistas dos Tribunais, 2021.
LOPES JR., A. Direito Processo Penal. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.

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