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Conteudista: Prof.ª M.ª Mara Sampaio Revisão Textual: Prof.ª Esp. Lorena Garcia Aragão de Souza Objetivos da Unidade: Conhecer as emoções básicas e as diferentes abordagens sobre desenvolvimento emocional e inteligências múltiplas; Conhecer estudos contemporâneos sobre domínios da Inteligência Emocional, competência emocional e agilidade emocional. Material Teórico Material Complementar Referências Origem e Abordagem Teórica sobre as Emoções Introdução Caio é o melhor jogador de futebol da escola onde estuda. Com 16 anos, passou no teste para o time da cidade e, por isso, receberá uma bolsa de estudos integral para o ano seguinte. Sabendo da situação econômica difícil dos pais, ele não vê a hora de anunciar a novidade. Porém, ao chegar em casa é informado por seu pai que a família se mudará de cidade. Seu pai acabou de conseguir um emprego melhor como técnico da equipe de tênis de um clube do interior, cujo trabalho ele já almejava, além de uma maior projeção no esporte. Havia seis meses que a mãe de Caio trabalhava em uma escola e só vinha para casa aos finais de semana. Agora, com as condições na nova cidade, todos poderão voltar a morar juntos. Ana, de 7 anos, é a irmã de Caio e está radiante com a mudança. Com as malas no carro, a família começa a viagem para uma nova vida, numa cidade desconhecida para Caio... As emoções nos acompanham o tempo todo. Em todas as situações que nos envolvemos, da hora em que acordamos até a hora em que vamos dormir, nossos comportamentos estão temperados pelas emoções. Ficamos tristes se amanhece chovendo e não podemos ir ao parque. A raiva se manifesta se derramamos a xícara de café na roupa. Na ida para o trabalho, mudamos de caminho para não encontrar o vizinho o qual temos aversão. Ficamos alegres ao chegarmos em casa e recebermos um abraço do filho. 1 / 3 Material Teórico Quais emoções estão presentes nessa situação? Como Caio reage a essa situação? O que os pais podem fazer para que todos sejam felizes nessa jornada? Figura 1 – Emoções são identificadas nas expressões faciais Fonte: Getty Images Emoções são inerentes ao ser humano. Elas se expressam nas reações do corpo, nos gestos, no tom de voz. Se manifestam nas expressões do rosto, na postura física, mesmo que não tenhamos consciência de que isso esteja ocorrendo. Por meio do comportamento é que as outras pessoas percebem nossas emoções. Choramos se estamos tristes, trememos em situações de medo, rimos nos momentos de alegria e gritamos para expressar a raiva. Emoção é uma palavra que tem origem no latim (emovere) e significa movimento, “afastar-se”, ato de “mover para fora”. Para a psicologia, são reações reflexas ou respostas imediatas do cérebro diante de acontecimentos do dia a dia. É por meio delas que externalizamos estímulos provocados por uma determinada situação e o que nos impacta. Dependendo da nossa percepção, de nossa memória e de nossas experiências, reagiremos física e quimicamente de formas diferentes àquilo que o ambiente nos provoca. Voltando à história de Caio. As suas emoções: Ele está alegre por receber a bolsa de estudos pelo seu alto desempenho no esporte. Fica surpreso com a notícia da mudança de cidade. Fica triste por perder a bolsa de estudos e ter de deixar o time de futebol. Fica com raiva por ter que sair de seu time de futebol e sente medo por ser transferido para uma escola desconhecida. Sente desprezo pela irmã caçula que está achando a situação de mudança de cidade positiva, quando para ele é um acontecimento negativo. Por entender a situação financeira da família, aceita calado e não fala com seu pai durante toda a viagem para não expressar suas emoções. Mas se sente injustiçado e desrespeitado nos seus desejos. Irritado com a irmã, durante o trajeto, vai brigando e implicando com tudo que ela faz e fala. Você identificou essas diferentes emoções na situação que caio está vivendo? Conhecer as emoções e identificar suas manifestações; saber lidar com as próprias emoções e as de outras pessoas é o que Caio precisa aprender para passar pelas situações de mudança e de reviravoltas que a vida dá. As emoções serão positivas ou negativas, dependendo do impacto que tiverem na qualidade de vida e no bem-estar e da capacidade pessoal de ser bem-sucedido na escola, no trabalho e na vida social. Assim que Caio chegar à nova escola, ele estará carregado de emoções conflitantes que poderão dificultar seu aprendizado e sua capacidade de fazer novos amigos. Cabe a nós, educadores, estarmos preparados para facilitar a educação emocional dos nossos aprendizes. Precisamos identificar as emoções, os afetos e os julgamentos promovendo a consciência e as formas adequadas de manifestação e respostas emocionais. De Onde Vem as Emoções? As emoções existem para proteger o ser humano dos riscos a sua sobrevivência. Desde que nossos ancestrais viviam nas savanas africanas, na origem da nossa espécie, desenvolvemos mecanismos de reações involuntárias, acionados no corpo pelo cérebro, para reagirmos rapidamente aos perigos — ora em forma de fuga, ora em forma de ataque. As emoções são descargas químicas e elétricas que percorrem nosso corpo e originam respostas específicas a cada situação diferente em que nos envolvemos. Somos biologicamente programados com dispositivos cerebrais que são ativados sempre que nos vemos diante de um perigo potencial ou de um desafio para a preservação da vida. Figura 2 – Medo é uma das emoções que nos protege dos perigos a nossa sobrevivência Fonte: Getty Images Ao longo da evolução, o ser humano consolidou um conjunto de reações emocionais que se mostram eficazes frente aos predadores e aos nossos aliados. Assim, cada emoção passou a representar um papel e a se expressar de diferentes maneiras para atrair ou afastar outras pessoas — funcionando também como instrumento para a sobrevivência social. Podemos identificar as emoções sendo expressas genuinamente pelos bebês. As crianças, ainda nos momentos iniciais da vida, reagem aos estímulos externos ou internos, como o frio, o calor, a fome, a dor, a escuridão — de forma que facilmente identificamos as emoções que estão experimentando. Quando um bebê sorri, agarra os dedos de um adulto e logo recebe carinho, aconchego e conversa. Se não quer mais comer, franze a testa, serra os lábios e chora. Mas, conforme vamos crescendo, as influências da socialização e da cultura da qual fazemos parte, tornam as nossas expressões emocionais condicionadas a um padrão cada vez mais sofisticado e que muitas vezes mais prejudica que facilita a manifestação e o entendimento do estado emocional. É comum em muitas sociedades como a nossa, a criação de regras e padrões culturais que ensinam a esconder (e não manifestar) as emoções. Mas o que é uma emoção? Não existe consenso entre os pesquisadores sobre a definição de emoção — que é objeto de estudo de diversas ciências. A psicologia, a sociologia, a antropologia, a economia e, mais recentemente, a neurociência tentam encontrar uma definição. Essa multiplicidade de pontos de vista, como não poderia deixar de ser, abre espaço para divergências sobre a sua concepção. Mas também há concordância no que se refere aos aspectos de funcionamento e efeito sobre organismo humano. Quantas Emoções Existem? Emoções Básicas Você já se perguntou se em cada situação específica que pessoas diferentes se envolvem, são desencadeadas reações igualmente específicas? Ou se cada cultura vive de um jeito diferente, então temos centenas ou milhares de emoções? Com certeza, você já ouviu falar ou até mesmo já assistiu “Divertida Mente” (2015), um filme de animação da Pixar-Disney. No filme, as emoções são personagens que controlam o comportamento de uma menina de 11 anos. Na história, as emoções vivem numa sala de comando localizada na mente da protagonista. Ali, a Alegria, a Tristeza, o Medo, o Nojinho (repulsa) e a Raiva estão sempre em disputa para decidir quem influenciará as reações da menina nas mudanças em sua vida. O roteiro foi baseado no trabalho científico do psicólogo americano Paul Ekman, que estudou as seis emoções básicas do ser humano. Elas têm esse nome por serem expressas de maneira semelhante e serem identificadas igualmente em toda humanidade – independentemente do local de nascimento, da etnia ou da cultura a qual a pessoa pertença. Os primeiros estudos sobre as emoções foram feitos por Charles Darwin e publicados em 1872, em seu livro “Expressão das emoções no homem e nos animais”. Na obra, o cientista detalha as expressões faciais e corporais dos mamíferos, partindo delas para classificar as seis emoções básicas identificadas por ele. Paul Ekman avançou nas pesquisas e está entre os pesquisadores adeptos à abordagem darwiniana. Em 1992, o psicólogo americano propôs o uso do termo emoções básicas, buscando evidências em seus estudos para a alegria, a tristeza, o medo, o nojo, a raiva e a surpresa. Essas são, segundo ele, emoções inatas e universais que independem de processos socioculturais. (EKMAN, 1992). Figura 3 – Cada emoção tem uma função para o ser humano Fonte: Getty Images Reflita Você consegue identificar cada uma dessas emoções em você? Qual a função de cada uma delas para nossa vida? Alegria: nos aproxima da felicidade e nos faz buscar nossos objetivos. Manifesta-se frente a conquistas e ao prazer por viver, cumprindo o papel de nos conectar positivamente com pessoas. Na manifestação de alegria, o cérebro produz aumento da energia, inibe sentimentos negativos e desencadeia um conjunto de reações que se espalha pelo corpo, promovendo o estado de satisfação, o sorriso, a tendência à cooperação e o entusiasmo para realizar tarefas e ter contato com pessoas; Tristeza: nos ajuda a lidar com perdas (de pessoas queridas, de objetos, de oportunidades ou até da beleza e jovialidade). Manifesta-se em situações de insatisfação, propicia o choro, nos faz buscar o recolhimento e o acolhimento por pessoas próximas. Nos momentos de tristeza, o metabolismo corporal diminui e há uma perda de energia e de vontade de fazer qualquer atividade; Medo: nos protege do perigo, nos faz buscar segurança. Manifesta-se frente a eventos que colocam em risco a nossa sobrevivência. O medo faz disparar hormônios que tornam os nossos sentidos mais atentos às ameaças. O sangue é Não existe emoção boa ou ruim. Todas elas são importantes para a sobrevivência e para a convivência social. Podem, no entanto, ser categorizadas como positivas ou negativas quando associadas a padrões específicos de avaliação. Nesse contexto, as emoções positivas são as que geram sentimentos agradáveis e diante de uma situação avaliada como benéfica, como a alegria, que estimula a atenção, o entusiasmo, a retenção de informações e as interações sociais. As emoções consideradas negativas, como o medo e a tristeza, por sua vez, emergem nas situações identificadas como perigosas ou problemáticas. Todas são normais e fazem parte da natureza do ser humano. Cada emoção que vivenciamos desencadeia uma reação imediata e indica uma direção a seguir. Alguns estudos demonstram que a prevalência de emoções positivas conduz a uma vida mais saudável, produtiva e feliz. As emoções variam de intensidade e manifestam-se numa escala que vai de muito fraca a muito forte — e recebem denominações distintas para cada grau de intensidade. Veja esses exemplos de estados emocionais derivados das seis famílias de emoções básicas: direcionado para as extremidades do corpo e para os músculos da perna – propiciando as condições para a fuga ou para a busca de um esconderijo; Nojo (repugnância): nos afasta de algo que nos causa ojeriza ou asco. Nos faz evitar o que pode nos prejudicar física e socialmente. Manifesta-se frente àquilo que identificamos como algo que pode nos fazer mal ou que é inútil. Em situações de nojo, contorcemos o lábio superior e enrugamos o nariz, como se estivéssemos fechando as narinas para evitar o odor de algum alimento estragado; Raiva: nos impulsiona e nos faz lutar pelo que queremos, em busca de justiça. Manifesta-se frente a situações adversas. Os batimentos cardíacos aceleram e o aumento da adrenalina proporciona energia para uma atuação vigorosa. O sangue flui para as mãos, facilitando o ataque; Surpresa: Manifesta-se frente a eventos inusitados e inesperados. Ela nos leva a erguer as sobrancelhas e arregalar os olhos, o que promove maior entrada de luz na retina e amplia o campo visual a fim de proporcionar mais informações e compreensão sobre o que está ocorrendo. Alegria: Excitação; Contentamento; Felicidade; Êxtase; Euforia; Animação; Serenidade; Amor. Tristeza: Tédio; Infelicidade; Consternação; Desânimo; Depressão; Aborrecimento; Descontentamento. Medo: Apreensão; Terror; Receio; Aflição; Susto; Desespero; Pavor; Pânico. Nojo: Enjoo; Aversão; Rejeição; Desprezo; Vergonha; Horror; Desdém; Repugnância. Raiva: Nervosismo; Irritação; Fúria; Rancor; Ira; Mágoa; Definição de emoção: Ódio. Surpresa: Admiração; Perplexidade; Choque; Estupefação; Maravilhado; Desorientação; Espanto; Susto. - SCHERER, 1987, 2001 apud SHERER, 2005, p. 697 “Um episódio de mudanças sincronizadas e inter-relacionadas nos estados de todos ou na maioria dos cinco subsistemas orgânicos (processamento de informação, suporte, executivo, ação, monitor) em resposta à avaliação de um evento de estímulo externo ou interno como relevante para as principais preocupações do organismo.” Eu Sinto Logo Existo Mas e o amor, não é uma emoção básica? Tão desejado e experimentado por toda humanidade, não é uma emoção básica? Em seus estudos, diferentes pesquisadores propõem outras quantidades e categorias de classificação e identificam de quatro a onze emoções básicas diferentes. O amor, nesse caso, ora é tido por alguns estudiosos como emoção essencial, ora como um sentimento. Sendo assim, vamos partir desse ponto para estabelecer a diferença entre emoções e sentimentos: o que a literatura especializada nos explica sobre os dois termos e como são separadas as circunstâncias e reações relacionadas a cada um deles? Como já foi dito, emoções são manifestações impulsivas, reflexas e inconscientes — respostas de curta duração desencadeadas pela ativação fisiológica do organismo diante de um evento do ambiente a nossa volta. Os sentimentos, por sua vez, são resultados de nossa percepção sobre as emoções. São processos mentais amparados por nossa consciência emocional ou, ainda, construções cognitivas mais duradouras que se manifestam a partir de situações avaliadas por nós e que então, adquirem um significado construído pelo pensamento. Portanto, emoções e sentimentos, como muitos imaginam, não são sinônimos. Claro que existe uma relação causal entre eles, porém manifestam-se em dimensões cerebrais diferentes. A emoção é uma reação corporal automática, enquanto o sentimento, uma construção mental. Alguns animais possuem as emoções, mas sentimentos só são possuídos por nós humanos. Por exemplo: uma pessoa caminha a noite pela rua e, de repente, vê surgir diante dela alguém segurando uma faca. A reação é imediata e instantânea. O corpo passa a tremer, o coração dispara, a boca fica seca e o corpo fica pálido. Na mesma hora, o agressor foge por ter escutado o som de uma sirene. Depois disso, essas manifestações desaparecem e a pessoa se acalma. O que houve, nesse caso, foi uma reação de medo — uma das emoções básicas. Mesmo que a pessoa não identifique conscientemente. Depois do ocorrido, essa pessoa passa a avaliar o risco de se caminhar sozinha a noite numa rua com pouco movimento. Avalia o perigo, analisa a situação e conclui que andar sozinha pela rua a noite, é perigoso. A partir daí, a simples possibilidade de passar naquela ou em qualquer rua deserta a noite, desencadeia o medo — que passa a ser um sentimento que diz que essa atitude é perigosa. Você analisa o risco que passou, avalia que estar sozinha na rua a noite é perigoso, e só de pensar ou passar em qualquer outra rua deserta a noite você sente medo, o sentimento construído a partir da experiência anterior, que ficou na memória. A essa altura, você já teve estar lembrando de outras palavras que utilizamos quase como sinônimos de emoções. Usamos frases como: — Nossa como fulana é mal-humorada, parece que tem raiva do mundo... Ou então: Em Síntese A emoção é a reação afetiva automática e adaptada a um tema (eventos específicos do ambiente). As emoções são inatas aos seres humanos e a alguns outros animais. Já o sentimento é a percepção e a avaliação construída cognitivamente diante de um tema. É duradouro e nos difere dos aninais, uma vez que apenas os humanos têm consciência de seus sentimentos. — Que temperamento difícil. Ela está sempre brava... Vale a pena fazermos as devidas diferenciações. O que tem a ver emoção com humor? O humor, a exemplo do sentimento, tem uma natureza mais cognitiva e duradoura. Na maioria das vezes, é resultado de julgamentos afetivos. Sua função é facilitar o processamento de informações que amenizam ou intensificam a formação de uma atitude frente a um contexto. Enquanto a emoção é episódica, o humor é mais estável e perene. Voltemos ao exemplo de Caio: A rapidez das mudanças faz com que o menino avalie que sua situação não está sendo justa — e isso o leva a desenvolver um sentimento de frustração. De uma hora para outra, e depois de uma conquista importante, que foi a bolsa de estudo proporcionada por seu talento no futebol, ele é levado a sair do time e da escola. Em nenhum momento a família levou em conta o seu ponto de vista e a sua situação. Sua reação é de mau humor: deixa da falar com o pai e passa a implicar com as atitudes da irmã durante a viagem. Com relação ao termo temperamento, a psicologia e o senso comum usam para tratar dos traços de personalidade que são constantes e individuais. Muitas vezes se manifestam por meio das emoções e dos sentimentos. A origem da palavra é a mesma de tempero, que em latim significa “misturar corretamente, moderar”. O temperamento, no caso, seria a modelação individual que cada pessoa imprime na expressão de seus sentimentos e emoções. Ou, ainda, um estilo pessoal e consistente, constituído pelas especificidades biopsíquicas e sociais de cada pessoa. Voltamos ao exemplo de Caio: Ele compreensivo e flexível, adapta-se com certa rapidez à nova situação. Sempre positivo e amável, gosta de se relacionar com as pessoas. Tem boa autoestima e, em resumo, um bom temperamento. Provavelmente logo seu mau humor passará, quando conhecer a nova casa, escola e colegas... Podemos dizer que nossos afetos, emoções, sentimentos, humor e temperamento dão o tempero na nossa vida, possibilitando que cada um tenha um gosto especial e uma postura específica diferente de outras pessoas nos mesmos ambientes: familiares, escolares, profissionais e sociais. E o amor, afinal? Autores contemporâneos como Scherer (2005) classificam o amor como um sentimento. É uma emoção secundária, que depende de elementos cognitivos e sociais para sua construção. É resultado de experiências com emoções intensas provocando um estado geral de calma, disposição e entusiasmo para ações positivas. O amor fraterno e o romântico, cada um a seu turno, despertam a satisfação de compartilhar a companhia do outro. De dar atenção, cuidar, oferecer e receber carícias, afetos positivos e, no caso do amor romântico, o prazer sexual. Figura 4 – Amor romântico Fonte: Getty Images Figura 5 – Amor fraterno Fonte: Getty Images Saiba Mais Os gregos antigos identificavam quatro tipos de amor: Philia é o amor fraterno, forte ligação de amizade; Agape é o amor divino, universal e incondicional; Eros é o sentimento da paixão íntima, prazer e desejo carnal e Stergo é o afeto com a família, o sentimento de proteção filial entre parentes. Somos o que Sorrimos – Expressão Facial Quanto você vê uma pessoa sorrindo, logo identifica que ela está alegre. Se está com os olhos arregalados e a boca aberta, imaginamos que recebeu alguma notícia que lhe causou surpresa. As expressões faciais são, geralmente, as primeiras manifestações emocionais que emitimos. E para cada uma das seis emoções básicas foram identificadas microexpressões específicas no rosto humano. A constatação foi feita pelas pesquisas de Paul Ekman em diversos países de culturas diferentes, além de tribos isoladas na Nova Guiné, sem influência de civilizações mais desenvolvidas. Com isso, comprovou-se cientificamente a universalidade da expressão das emoções no rosto, indicada por Darwin cem anos antes. São quatro pontos que definem uma emoção: 1 – o que a desencadeia; 2 – os efeitos que causa ao corpo; 3 – a relação com o ambiente; 4 – quais respostas comportamentais são emitidas. As expressões faciais estão entre essas respostas. Figura 6 – Expressões das seis emoções básicas Fonte: Getty Images Figura 7 Fonte: Reprodução Detectar essas expressões é fundamental para a comunicação interpessoal, pois são uma linguagem universal entre os homens. Uma criança japonesa expressa a alegria com a mesma expressão facial de uma criança boliviana. Um finlandês tem a mesma expressão facial ao exteriorizar a raiva que um angolano. Durante o processo de comunicação, o rosto humano está sempre passando informação que é útil tanto para o emissor quanto para o receptor. Estudos mais recentes, como o do psicólogo social americano Fridlund (in MEYER, 2018) sobre as expressões faciais, enfatizam sua importância na comunicação e mostram outras possibilidades além das manifestações emocionais. Para ele, as expressões podem indicar nossas intenções sociais futuras – aquilo que desejamos que os outros captem a nosso respeito. Utilizamos o franzir da testa ou o sorriso para influenciar nossas interações sociais. Sendo assim, as expressões revelam, além do aspecto emocional, o contexto cultural em que o indivíduo está inserido. Essas novas pesquisas são fundamentais para o desenvolvimento da Inteligência Artificial Emocional no futuro. Atualmente, já existem softwares de IAE baseados na identificação das microexpressões das seis emoções básicas. Quanto mais elementos relacionados às emoções, sentimentos e expressões forem estudados, melhor será a atuação da IAE nesse campo, podendo, assim, a evolução tecnologia contribuir de forma mais precisa e ética quando colocada a serviço do bem-estar da humanidade, minimizando erros e injustiças étnicas culturais. A habilidade de reconhecer as emoções em expressões faciais é, além de útil no dia a dia, um diferencial para o desenvolvimento da nossa inteligência emocional, capacidade de resolução de problemas e de liderança no trabalho e na vida. O que é essa tal de Inteligência Emocional? Hoje em dia, a expressão inteligência emocional é conhecida nos quatro cantos do mundo. A palavra inteligência, porém, ainda é mais relacionada às funções cognitivas referentes ao cálculo matemático e, principalmente, ao QI (quociente de inteligência). O QI é um indicador criado no início do século XX pelo psicólogo francês Alfred Binet, a pedido do secretário de educação, para identificar a dificuldade de aprendizagem de crianças das escolas francesas. Espalhou-se pelo mundo e virou uma referência científica para a classificação e medida do potencial humano para o sucesso. Somente na década de 1990, quando Daniel Goleman escreveu o livro “Inteligência Emocional” baseado no trabalho dos psicólogos americanos J. Meyer e P. Salovey, e que foi difundido mundialmente esse conceito, foi que psicólogos, educadores e profissionais que atuam com desenvolvimento humano compreenderam a importância das emoções na competência profissional e na evolução das interações sociais. Com Daniel Goleman, em 1995, a Inteligência Emocional (IE) se estabeleceu como critério de excelência na vida. Ele a descreve como a capacidade de reconhecer, controlar, canalizar e gerenciar os sentimentos que afloram em seus relacionamentos. A QE (Quociente Emocional) abreviação como ficou conhecida no mundo ou IE (Inteligência Emocional), como prefere Goleman (2011), possui uma estrutura composta por 5 domínios: Autoconsciência: conhecer as próprias emoções, reconhecer um sentimento quando ele ocorre; 1 Autocontrole: saber lidar com os sentimentos, para serem apropriados ao contexto. Controlar os impulsos e a agressividade dirigida a si e aos outros; 2 Motivar-se: canalizar energia para um objetivo, retardar a gratificação e adiar a impulsividade, centrar a atenção e entrar em estado de “fluxo”; 3 Consciência social: reconhecer as emoções dos outros, ser empático, saber escutar os motivos e sentimentos alheios, o que os outros precisam e querem; 4 Gerenciar relacionamentos: comunicar-se bem com os outros, ter aptidão para liderança, negociação de conflitos; reconhecer e gerenciar a emoção no outro. 5 Goleman (2011) acredita que o crescimento de índices de violência, depressão, suicídios, dependência de drogas e outros indicadores de mal-estar social, principalmente entre os jovens, se deve à baixa autoconsciência emocional e à falta de empatia. Com relação à inteligência emocional, as pessoas podem ser tipificadas assim: A inteligência emocional pode ser desenvolvida. Porém, ela é tradicionalmente aprendida no ambiente familiar, nas situações cotidianas, nas brincadeiras, nas interações escolares ou na convivência social. Por isso, num mundo onde esses espaços estão sendo reduzidos pelo estilo de vida contemporâneo ou pelas dificuldades socioeconômicas, é fundamental a adoção de programas educativos voltados para o desenvolvimento socioemocional. Para Goleman (2011), o desenvolvimento da inteligência emocional seria o remédio capaz de promover uma nova forma de interagir no mundo. A inteligência emocional não substitui a capacidade intelectual ou técnica, num contexto em que convivam pessoas inteligentes e competentes tecnicamente. É, no entanto, um diferencial, caso precise escolher um profissional mais hábil entre pessoas com competência técnica similares. A acuidade intelectual e emocional não se opõem: são capacidades independentes. A QE pode tornar uma pessoa inteligente, notável e destacá-la entre os demais. Autoconscientes: conscientes de seu estado emocional no momento em que ele ocorre e de seus limites. Têm clareza e administram seus sentimentos. São positivas com a vida. Mergulhadas: não têm muita consciência dos próprios sentimentos. Imersas em suas emoções, são incapazes de sair ou controlá-las. Possuem um estado negativo com a vida. Resignadas: podem ver com clareza seus sentimentos, mas tendem a aceitar seus estados de espírito sem tentar mudá-los. O que é ser Emocionalmente Competente? Nos ambientes de trabalho e empresariais, o desenvolvimento da QE, bem como o domínio desse potencial aplicado à capacidade profissional foi denominado por Goleman de Competência Emocional. Trata-se da capacidade adquirida com base na inteligência emocional e que leva a um desempenho superior. Atualmente, é inquestionável a importância de aprendermos a administrar os sentimentos, ser empático, gerenciar momentos críticos e ter a capacidade de engajar pessoas em torno de um propósito no contexto organizacional. A competência emocional está presente na capacidade de liderar uma equipe, influenciar pessoas, atender aos clientes. Ela atua na tomada de decisões estratégicas, na solução positiva de problemas e de conflitos. Em resumo, ter competência emocional é saber interagir construtivamente com suas emoções e com outras pessoas, criando situações positivas e apropriadas ao contexto. A competência emocional é essencial, também, para estudantes, policiais, profissionais de saúde, esportistas, artistas e para pessoas de outras posições sociais que são submetidas à pressão constante, à exposição ou a situações de competitividade que envolvem outras pessoas com igual habilidade técnica. Por serem habilidades aprendidas, quanto mais cedo a pessoa adquirir autoconsciência emocional e empatia – e quanto mais souber lidar bem com sentimentos –, melhor será seu desempenho e a satisfação com os resultados obtidos. Conseguirá gerenciar sua vida com mais serenidade e saúde emocional. - Aristóteles (GOLEMAN, 2011, p. 27) “Qualquer um pode zangar-se — isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa — não é fácil.” Quantas Inteligências Temos? Caio ficou aliviado ao confirmar que na nova casa teria seu próprio quarto. Modesta, mas espaçosa, a casa fica no mesmo espaço do clube onde seu pai é o treinador da equipe de tênis juvenil. Na escola, está na mesma sala de dois atletas de seu pai, com os quais acaba ficando amigo. Voltam juntos da escola: Caio vai para casa estudar, pois está com dificuldades em várias disciplinas e os garotos, para o clube, treinar. Está previsto um campeonato de tênis entre os colégios da cidade no final do semestre e um dos jogadores está lesionado. Kenzo, o pai de Caio, pede para ele entrar na equipe para dar suporte e treinar como dupla. Caio, que foi da equipe de tênis infantil, aprendeu e treinou com o pai quando criança. Rapidamente, Caio adapta-se ao parceiro. Conquista os outros garotos da equipe e está treinando o dobro para pegar ritmo – pois quer fazer parte da equipe principal. Convenceu a melhor jogadora feminina a treiná-lo nos fundamentos. Mas as notas estão péssimas e sua mãe, agora que está mais próxima, estipulou limite de treino para que ele estudasse. Caio procurou o melhor aluno da sala para ser seu tutor e manter seu ritmo de treino. Ele precisa de alguém inteligente para ajudá-lo e convenceu Pedro da tarefa. Será que Caio não é inteligente? Só a inteligência lógico-matemática é valorizada pelos pais e pela escola? Até quando? Hoje, sabemos que existem múltiplas inteligências que operam de forma independente umas das outras. As pessoas podem ser inteligentes em campos diferentes. Você considera A. Einstein, L. Beethoven, Fernando Pessoa e Michelangelo inteligentes? Eles são iguais, têm o mesmo tipo de inteligência? Figura 8 – Teste de Inteligência: medir o raciocínio lógico- matemático Fonte: Getty Images Para ampliar a visão sobre a potencialidade humana e inconformado com o conceito único de inteligência focado apenas na fluência verbal e no raciocínio lógico-matemático, Howard Gardner, psicólogo e educador, propôs, em 1983, uma nova forma de pensar a inteligência humana. Em seus estudos, identificou diversas aptidões, como a espacial, a musical, a social e algumas outras. Com isso, ampliou o espectro das inteligências e a possibilidade de utilizar novos critérios além do QI (que é uma noção limitada de inteligência), que privilegiava quase que exclusivamente pessoas do mundo acadêmico e da elite econômica com acesso ao conhecimento formal, para indicar se as pessoas de diferentes aptidões e áreas de atuação, teriam ou não sucesso na vida. Com base em critérios distintos e fundamentados nas funções cognitivas, Gardner identificou oito tipos de inteligência humana em suas pesquisas. A teoria das múltiplas inteligências (IM) considera que todos nós possuímos todas as oito e que cada um de nós é único na manifestação de seu perfil de inteligência. As IM funcionam como indicador de áreas de interesse para que crianças possam, de forma espontânea, desenvolver suas habilidades e suas paixões, ampliando ao máximo seu potencial de diversas inteligências. É por isso que temos profissionais brilhantes, com diferentes aptidões e habilidades, em áreas diferentes. A. Einstein é um exemplo de inteligência lógico-matemática; L. Beethoven, de inteligência musical; Fernando Pessoa, de inteligência linguística e Michelangelo de inteligência espacial. Eles se sobressaíram por terem maestria em atividades relacionadas a essas aptidões, o que não significa que tinham exclusivamente uma das inteligências — uma vez que todos temos o potencial para as oitos inteligências, podemos desenvolver mais que uma das múltiplas inteligências humanas. Voltando ao Caio: além de ser um excelente jogador de futebol ele se desenvolve rapidamente como tenista, sua habilidade corporal é extraordinária e seu corpo recupera os aprendizados da infância com facilidade. É um exemplo de inteligência físico-sinestésica. Além disso, é capaz de interagir com facilidade e de conquistar as pessoas fazendo amizades e parcerias. Isso se deve a sua inteligência interpessoal. Quadro 1 – As oito inteligências segundo Howard Gardner Inteligência linguística Especialmente valorizada na escola. Sensibilidade para a língua falada e escrita, habilidade de aprender e usar línguas para atingir objetivos. Escritores e advogados. Ex: Lygia Fagundes Telles; Luís Gama. Inteligência lógico- matemática Priorizada na escola. Capacidade de analisar problemas com lógica. Descobrir relações, princípios e investigar cientificamente. Economistas, físicos, filósofos. Ex: Yuval Harari; Artur Ávila; Suzana Herculano- Houzel. Inteligência musical Atuar na composição e execução de música. Distinguir, trechos, ritmo, harmonia musical. Tem estrutura paralela à inteligência linguística. Ex: João Gilberto; Yamandu Costa; Badi Assad. Inteligência físico- sinestésica Uso do corpo para produzir, expressar ou resolver problemas técnicos e artísticos. Bailarinos, atletas, cirurgiões. Ex: Pelé; Rebeca Andrade; Thiago Soares. Inteligência espacial Potencial de reconhecer e intervir com padrões do espaço (amplo e confinado). Arquitetos, navegadores, pilotos, designers, escultores. Ex: Lina Bo Bardi; Almir Klink. Inteligência interpessoal Capacidade de entender motivações e desejos de terceiros. Empático com o outro para guiar suas ações. Vendedores, professores, políticos. Ex: Leandro Karnal; B. Obama; Nelson Mandela. Inteligência intrapessoal Habilidade de se conhecer profundamente e usar essas informações para ter modelo individual de conduta e trabalho. Terapeutas, religiosos. Ex: Monja Coen; S. Freud. Inteligência naturalista Capacidade para reconhecer, distinguir e classificar plantas, animais e o meio ambiente. Ex: Burle Marx; Graziela Maciel Barroso; Flávia Miranda; Emília Snethlage. Fonte: Adaptado de GARDNER, 2001 Será que existem mais tipos de inteligência? Aberto a essa possibilidade, o próprio H. Gardner tem pesquisado outras possibilidades, como a inteligência espiritual e a inteligência existencial, a fim de adicioná-las à lista original. Seu trabalho na busca de provas e de confirmação a partir dos oito critérios de identificação de uma nova aptidão humana, tem atraído outros pesquisadores para o tema. Seus achados têm o propósito de subsidiar, principalmente, educadores para ampliar a visão sobre a inteligência e considerar as múltiplas formas de criatividade, de maestria no uso das aptidões e no desenvolvimento de talento para o futuro das profissões. Você é Rápido ou Devagar para Rir ou Chorar? A psicóloga Susan David, da Faculdade de medicina de Havard – EUA, recomenda desenvolvermos o que chama de agilidade emocional. Na sua avaliação, o conceito de inteligência emocional atende a apenas uma etapa de reconhecimento da emoção e age no sentido de produzir uma resposta a partir dessa identificação emocional. A autora propõe que o foco da tomada de decisão para agir vá além, ou seja, a partir da identificação dos valores pessoais. Em seus estudos publicados em 2016, Susan David criou um modelo para desenvolver a agilidade emocional – um processo que permite manter ou mudar os padrões emocionais e de comportamento para realizar mudanças bem-sucedidas que harmonizem nossas intenções com os valores pessoais. Levando em conta a dinâmica do mundo atual, caracterizada pela fragilização das relações sociais, e pela aceleração das mudanças, as pessoas tendem a ignorar as emoções negativas e a negar seu efeito em suas vidas. Contribuem para isso o estado permanente de ansiedade por um estilo de vida voltado para a positividade – que leva as pessoas a buscarem e a desejarem a felicidade a qualquer custo. O efeito tende a ser o oposto do é desejado. Ao viverem essa “falsa positividade”, as pessoas tornam-se ainda mais ansiosas e deprimidas. As perdas, os erros, os arrependimentos e os fracassos geram emoções que acabam sendo reprimidas. Para não entrar num processo de manutenção dessas emoções e adoecer ou prejudicar as pessoas ao redor, Susan propõe que a agilidade emocional reverterá esse ciclo de excesso e esgotamento emocional. Para ativar esse recurso, é importante sempre questionar o porquê de estar se sentindo triste ou estressado e, a partir da identificação da causa, identificar os valores que são mais importantes e que estão sendo prejudicados por esses sentimentos. A agilidade emocional consiste em descobrir como cada um consegue escapar de uma situação difícil e reagir de modo apropriado às emoções que paralisam ou reprimem o indivíduo. E, ainda, fazer isso de maneira conectada e harmoniosa com os próprios valores e a maneira que deseja viver. O modelo da agilidade emocional tem quatro movimentos essenciais: Olhar para frente: enfrentar os pensamentos e sentimentos de maneira corajosa, classificando-os corretamente quanto aos que são apropriados e os que são imobilizantes e aprender a trabalhar com eles. Qual é a função dessa emoção? Por que está se sentindo desta forma? O que essa emoção está lhe dizendo? 1 Afastar-se: dissociar os sentimentos da maneira como reage a eles. Observar suas emoções com distanciamento para evitar o controle e o padrão de respostas usuais. Separar as emoções dos fatos; 2 Ser coerente: concentrar-se nos valores essenciais e metas pessoais para que sejam a bússola de sua tomada de decisões de maneira produtiva. Fazer escolhas alinhadas aos motivos de vida; 3 Seguir em frente: proporcionar mudanças por meio de pequenos ajustes baseados nos seus valores, mantendo sentimento de desafio e crescimento saudável. 4 O ambiente familiar, educacional ou profissional deve proporcionar “segurança psicológica” para que os filhos, os alunos e os colaboradores sejam autênticos e possam expressar seus sentimentos, erros, fracassos e dores sem medo de serem julgados ou excluídos. A agilidade emocional é a autenticidade ou a ausência de fingimento. É a manifestação genuína dos sentimentos, alinhada ao momento presente e mundo real em que se vive. Cada um se torna protagonista e assume a autoria de seu desenvolvimento e enfrenta com coragem as adversidades e incertezas da vida. Vídeo O Dom e o Poder da Coragem Emocional. Sorry: we can't play video on this browser. Please make sure it's up to date and that Flash 11.1 or higher is installed. Load this talk on ted.com https://www.ted.com/talks/susan_david_the_gift_and_power_of_emotional_courage?language=pt-br E a Felicidade, Mora ao Lado ou Vive aqui Dentro? Felicidade é o objetivo ou o propósito de nosso desenvolvimento emocional? Ao pesquisar a palavra felicidade no Google Acadêmico surgem mais de 300 mil resultados, entre livros e artigos. A Felicidade não é tema apenas para poetas, filósofos e gurus da autoajuda. A psicologia e a neurociência pesquisam suas origens, características e importância para o ser humano. A psicóloga da Universidade da Califórnia (EUA), Sonja Lyubomirsky, (apud Moutinho, 2019, p.101) define felicidade como “estado mental ou emocional de elevada satisfação, que varia de acordo com a experiência de afetos e emoções positivas, bem como a ausência da experiência de afetos e emoções negativas”. Em seus estudos, Lyubomirsky (2008) afirma que 50% da nossa possibilidade de ter uma vida feliz são determinados geneticamente considerando o número crescente de pesquisa com gêmeos. A felicidade pode ser vista como uma propensão para experimentar as situações de forma positiva ou uma sensação duradoura de bem-estar com experiências afetivas e de autorrealização. Segundo a autora as emoções positivas fazem das pessoas felizes o que elas são. Como conquistamos a felicidade? As pessoas felizes experimentam constantemente o estado de flow – que significa fluir em sua rotina de vida. O conceito foi criado pelo psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihaly, em 1990. Ele estudou histórias de máximo desempenho para identificar o momento em que as pessoas superaram um grande desafio. O fluxo é o estado de alta concentração com sensação de alegria e êxtase pela experiência em si. Nessas experiências a pessoa flui, se lança à atividade que está fazendo de forma profunda e tão concentrada que perde a noção de tempo e espaço. Isso gera uma sensação agradável e motivada pelo prazer de desempenho em si. Atinge um estado de perfeita harmonia entre o corpo e a mente. A experiência de “fluir” é gloriosa. Os japoneses têm uma palavra que corresponde ao estado de fluxo, Jujitsu-kan, que significa um sentimento de elevada realização e satisfação com a vida. O fluxo surge ao praticar uma atividade que depende de habilidade e que, ao mesmo tempo, exige um grau elevado de desafio para ser bem realizada. A sensação de superação dos próprios limites é agradável: mobiliza sentimentos positivos e desperta um certo nível de competição consigo mesmo, exigindo a constante elevação do próprio desempenho. No gráfico abaixo, podemos visualizar que quanto mais se desenvolve a habilidade, maior deve ser o desafio a ser superado para se manter na zona de flow. Figura 9 – Modelo de Flow: Relação entre desafios e habilidades Fonte: Adaptado de CSIKSZENTMIHALYI (1999) Daniel Goleman (2011) correlaciona o flow com o ponto mais alto da inteligência emocional. Para ele, o fluxo é a melhor forma de entender a função das emoções para o desempenho e o aprendizado de uma dada aptidão pelo ser humano. Em algumas atividades, como a prática de esporte, de artes ou hobbies, ele se manifesta com mais intensidade. São atividades escolhidas e motivadas pelo gosto pessoal e pelo prazer que proporcionam. Mihaly Csikszentmihaly e Martin Seligman criaram a Psicologia Positiva, no final da década de 1990, cujo objeto científico consiste nos estudos sobre felicidade. As organizações, em especial as escolas, podem avançar muito no processo educacional promovendo o estado de flow e de felicidade. Podem organizar suas atividades pedagógicas num ambiente que estimule as emoções positivas e que considere a diversidade de aptidão entre os alunos, os quais serão confrontados com seu próprio potencial de desempenho e evolução. Isso estimularia desenvolvimento das múltiplas inteligências e levaria à utilização de métodos capazes de proporcionar desafio ideal para os diferentes níveis de habilidade e evolução dos alunos. Tornaria o aprendizado mais agradável e efetivo e colocaria a felicidade dentro de casa. E Caio finalmente está feliz. Atingiu o nível da habilidade de seu parceiro de dupla no tênis e sonha em ficar em primeiro lugar no campeonato. Por isso, passou a treinar sozinho, depois do horário, já que mora perto do clube. Aproveitou seu estado de espírito e paixão e se declarou para Maiara, a melhor jogadora do time juvenil. Ele se dispôs a esperar o final do campeonato para namorá-la, pois entende que ela não consegue dividir a atenção antes dos jogos. Sua relação com a mãe ainda está difícil, pois assumiu que não é bom aluno e vai estudar para tirar notas medianas para passar de ano. Pedro, além de tutor, tornou-se seu confidente e acompanhante nos treinos extras, pois Caio perde a noção de tempo e esquece da vida quando está praticando tênis. No final de semana será aniversário de Ana, sua irmã caçula, e ele vai levá- la ao parque aquático para se divertir. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Site Atlas das Emoções Projeto desenvolvido pelo psicólogo Paul Ekman junto a Dalai Lama sobre o que os pesquisadores aprenderam a respeito do estudo psicológico das emoções. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Livro Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos Taleb, N. N. Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos. Trad. Renato Marques. 1. ed. São Paulo: Objetiva, 2020. 2 / 3 Material Complementar https://bit.ly/3jatbQx Vídeos Fluidez, o Segredo da Felicidade Palestra do TED com o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi sobre a satisfação duradoura em atividades que provocam um estado de "fluidez". Filme Divertida Mente (2015) Em novo filme da Disney•Pixar, Divertida Mente, o diretor vencedor do Oscar® Pete Docter (Up- Altas Aventuras, Monstros S.A.) nos leva a conhecer um lugar divertido e extraordinário, a mente humana. Sorry: we can't play video on this browser. Please make sure it's up to date and that Flash 11.1 or higher is installed. Load this talk on ted.com https://www.ted.com/talks/mihaly_csikszentmihalyi_flow_the_secret_to_happiness?language=pt-br Leitura Qual a Temperatura Emocional do Mundo? Pesquisa anual em mais de 150 países publica relatório sobre como estão as emoções na população. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Divertida Mente - Trailer 2 - 18 de Junho nos Cinemas https://bit.ly/3DO5ght https://www.youtube.com/watch?v=LSpeM7G4zfY DAVID, S. Agilidade emocional. Trad. Claudia Gerpe Duarte. 1. ed. São Paulo: Cultrix, 2018. GARDNER, H. Inteligência: um conceito reformulado. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Trad. Marcos Santarrita. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. (e-book) LYUBOMIRSKY, S. Ciência da Felicidade: como atingir a felicidade real e duradoura. Rio de Janeiro: Elsiever, 2008. MEYERS, T. R. Por que nossas expressões faciais não refletem nossos sentimentos. 17 junho 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-44285496>. MOUTINHO, H.; MONTEIRO, A.; COSTA, A.; FARIA, L. Papel da Inteligência Emocional, Felicidade e Flow no Desempenho Académico e Bem-Estar Subjetivo em Contexto Universitário. Revista Iberoamericana de Diagnóstico y Evaluación - e Avaliação Psicológica , vol. 3 , núm. 52 , 2019. Disponível em: <https://www.redalyc.org/journal/4596/459661296009/html/>. SCHERER, K.R. What are emotions? And how can they be measured? Social Science Information, vol. 44, n. 4, p.695-729, 2005. Disponível em : <https://www.unige.ch/cisa/files/6914/6720/3988/2005_Scherer_SSI.pdf>. SIMIONATO, M. Competências emocionais: o diferencial competitivo no trabalho. 1. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. 3 / 3 Referências STEINER, C.; PERRY, P. Educação emocional. Trad. Terezinha Santos. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.
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