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teorico socio emocional 1

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Conteudista: Prof.ª M.ª Mara Sampaio
Revisão Textual: Prof.ª Esp. Lorena Garcia Aragão de Souza
 
Objetivos da Unidade:
Conhecer as emoções básicas e as diferentes abordagens sobre desenvolvimento
emocional e inteligências múltiplas;
Conhecer estudos contemporâneos sobre domínios da Inteligência Emocional,
competência emocional e agilidade emocional.
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
Origem e Abordagem Teórica sobre as
Emoções
Introdução
Caio é o melhor jogador de futebol da escola onde estuda. Com 16 anos, passou no teste para o
time da cidade e, por isso, receberá uma bolsa de estudos integral para o ano seguinte. Sabendo
da situação econômica difícil dos pais, ele não vê a hora de anunciar a novidade. Porém, ao
chegar em casa é informado por seu pai que a família se mudará de cidade. Seu pai acabou de
conseguir um emprego melhor como técnico da equipe de tênis de um clube do interior, cujo
trabalho ele já almejava, além de uma maior projeção no esporte. 
Havia seis meses que a mãe de Caio trabalhava em uma escola e só vinha para casa aos finais de
semana. Agora, com as condições na nova cidade, todos poderão voltar a morar juntos. Ana, de 7
anos, é a irmã de Caio e está radiante com a mudança. Com as malas no carro, a família começa a
viagem para uma nova vida, numa cidade desconhecida para Caio... 
As emoções nos acompanham o tempo todo. Em todas as situações que nos envolvemos, da
hora em que acordamos até a hora em que vamos dormir, nossos comportamentos estão
temperados pelas emoções. Ficamos tristes se amanhece chovendo e não podemos ir ao parque.
A raiva se manifesta se derramamos a xícara de café na roupa. Na ida para o trabalho, mudamos
de caminho para não encontrar o vizinho o qual temos aversão. Ficamos alegres ao chegarmos
em casa e recebermos um abraço do filho.
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 Material Teórico
Quais emoções estão presentes nessa situação? 
Como Caio reage a essa situação? 
O que os pais podem fazer para que todos sejam felizes nessa jornada?
Figura 1 – Emoções são identificadas nas expressões
faciais
Fonte: Getty Images
Emoções são inerentes ao ser humano. Elas se expressam nas reações do corpo, nos gestos, no
tom de voz. Se manifestam nas expressões do rosto, na postura física, mesmo que não
tenhamos consciência de que isso esteja ocorrendo. Por meio do comportamento é que as
outras pessoas percebem nossas emoções. Choramos se estamos tristes, trememos em
situações de medo, rimos nos momentos de alegria e gritamos para expressar a raiva.
Emoção é uma palavra que tem origem no latim (emovere) e significa movimento, “afastar-se”,
ato de “mover para fora”. Para a psicologia, são reações reflexas ou respostas imediatas do
cérebro diante de acontecimentos do dia a dia. É por meio delas que externalizamos estímulos
provocados por uma determinada situação e o que nos impacta. Dependendo da nossa
percepção, de nossa memória e de nossas experiências, reagiremos física e quimicamente de
formas diferentes àquilo que o ambiente nos provoca. 
Voltando à história de Caio. As suas emoções:
Ele está alegre por receber a bolsa de estudos pelo seu alto desempenho no esporte. Fica
surpreso com a notícia da mudança de cidade. Fica triste por perder a bolsa de estudos e ter de
deixar o time de futebol. Fica com raiva por ter que sair de seu time de futebol e sente medo por
ser transferido para uma escola desconhecida. Sente desprezo pela irmã caçula que está achando
a situação de mudança de cidade positiva, quando para ele é um acontecimento negativo. 
Por entender a situação financeira da família, aceita calado e não fala com seu pai durante toda a
viagem para não expressar suas emoções. Mas se sente injustiçado e desrespeitado nos seus
desejos. Irritado com a irmã, durante o trajeto, vai brigando e implicando com tudo que ela faz e
fala. 
Você identificou essas diferentes emoções na situação que caio está vivendo?
Conhecer as emoções e identificar suas manifestações; saber lidar com as próprias emoções e as
de outras pessoas é o que Caio precisa aprender para passar pelas situações de mudança e de
reviravoltas que a vida dá. As emoções serão positivas ou negativas, dependendo do impacto que
tiverem na qualidade de vida e no bem-estar e da capacidade pessoal de ser bem-sucedido na
escola, no trabalho e na vida social.
Assim que Caio chegar à nova escola, ele estará carregado de emoções conflitantes que poderão
dificultar seu aprendizado e sua capacidade de fazer novos amigos. Cabe a nós, educadores,
estarmos preparados para facilitar a educação emocional dos nossos aprendizes. Precisamos
identificar as emoções, os afetos e os julgamentos promovendo a consciência e as formas
adequadas de manifestação e respostas emocionais.
De Onde Vem as Emoções?
As emoções existem para proteger o ser humano dos riscos a sua sobrevivência. Desde que
nossos ancestrais viviam nas savanas africanas, na origem da nossa espécie, desenvolvemos
mecanismos de reações involuntárias, acionados no corpo pelo cérebro, para reagirmos
rapidamente aos perigos — ora em forma de fuga, ora em forma de ataque. 
As emoções são descargas químicas e elétricas que percorrem nosso corpo e originam respostas
específicas a cada situação diferente em que nos envolvemos. Somos biologicamente
programados com dispositivos cerebrais que são ativados sempre que nos vemos diante de um
perigo potencial ou de um desafio para a preservação da vida. 
Figura 2 – Medo é uma das emoções que nos protege dos
perigos a nossa sobrevivência
Fonte: Getty Images
Ao longo da evolução, o ser humano consolidou um conjunto de reações emocionais que se
mostram eficazes frente aos predadores e aos nossos aliados. Assim, cada emoção passou a
representar um papel e a se expressar de diferentes maneiras para atrair ou afastar outras
pessoas — funcionando também como instrumento para a sobrevivência social. 
Podemos identificar as emoções sendo expressas genuinamente pelos bebês. As crianças, ainda
nos momentos iniciais da vida, reagem aos estímulos externos ou internos, como o frio, o calor,
a fome, a dor, a escuridão — de forma que facilmente identificamos as emoções que estão
experimentando. Quando um bebê sorri, agarra os dedos de um adulto e logo recebe carinho,
aconchego e conversa. Se não quer mais comer, franze a testa, serra os lábios e chora. 
Mas, conforme vamos crescendo, as influências da socialização e da cultura da qual fazemos
parte, tornam as nossas expressões emocionais condicionadas a um padrão cada vez mais
sofisticado e que muitas vezes mais prejudica que facilita a manifestação e o entendimento do
estado emocional. É comum em muitas sociedades como a nossa, a criação de regras e padrões
culturais que ensinam a esconder (e não manifestar) as emoções. 
Mas o que é uma emoção? Não existe consenso entre os pesquisadores sobre a definição de
emoção — que é objeto de estudo de diversas ciências. A psicologia, a sociologia, a antropologia,
a economia e, mais recentemente, a neurociência tentam encontrar uma definição. 
Essa multiplicidade de pontos de vista, como não poderia deixar de ser, abre espaço para
divergências sobre a sua concepção. Mas também há concordância no que se refere aos aspectos
de funcionamento e efeito sobre organismo humano.
Quantas Emoções Existem? 
Emoções Básicas
Você já se perguntou se em cada situação específica que pessoas diferentes se envolvem, são
desencadeadas reações igualmente específicas? Ou se cada cultura vive de um jeito diferente,
então temos centenas ou milhares de emoções?
Com certeza, você já ouviu falar ou até mesmo já assistiu “Divertida Mente” (2015), um filme de
animação da Pixar-Disney. No filme, as emoções são personagens que controlam o
comportamento de uma menina de 11 anos. Na história, as emoções vivem numa sala de
comando localizada na mente da protagonista. Ali, a Alegria, a Tristeza, o Medo, o Nojinho
(repulsa) e a Raiva estão sempre em disputa para decidir quem influenciará as reações
da
menina nas mudanças em sua vida. 
O roteiro foi baseado no trabalho científico do psicólogo americano Paul Ekman, que estudou as
seis emoções básicas do ser humano. Elas têm esse nome por serem expressas de maneira
semelhante e serem identificadas igualmente em toda humanidade – independentemente do
local de nascimento, da etnia ou da cultura a qual a pessoa pertença.
Os primeiros estudos sobre as emoções foram feitos por Charles Darwin e publicados em 1872,
em seu livro “Expressão das emoções no homem e nos animais”. Na obra, o cientista detalha as
expressões faciais e corporais dos mamíferos, partindo delas para classificar as seis emoções
básicas identificadas por ele.
Paul Ekman avançou nas pesquisas e está entre os pesquisadores adeptos à abordagem
darwiniana. Em 1992, o psicólogo americano propôs o uso do termo emoções básicas, buscando
evidências em seus estudos para a alegria, a tristeza, o medo, o nojo, a raiva e a surpresa. Essas
são, segundo ele, emoções inatas e universais que independem de processos socioculturais.
(EKMAN, 1992). 
Figura 3 – Cada emoção tem uma função para o ser
humano
Fonte: Getty Images
Reflita 
Você consegue identificar cada uma dessas emoções em você? 
Qual a função de cada uma delas para nossa vida?
Alegria: nos aproxima da felicidade e nos faz buscar nossos objetivos. Manifesta-se
frente a conquistas e ao prazer por viver, cumprindo o papel de nos conectar
positivamente com pessoas. Na manifestação de alegria, o cérebro produz aumento
da energia, inibe sentimentos negativos e desencadeia um conjunto de reações que
se espalha pelo corpo, promovendo o estado de satisfação, o sorriso, a tendência à
cooperação e o entusiasmo para realizar tarefas e ter contato com pessoas;
Tristeza: nos ajuda a lidar com perdas (de pessoas queridas, de objetos, de
oportunidades ou até da beleza e jovialidade). Manifesta-se em situações de
insatisfação, propicia o choro, nos faz buscar o recolhimento e o acolhimento por
pessoas próximas. Nos momentos de tristeza, o metabolismo corporal diminui e há
uma perda de energia e de vontade de fazer qualquer atividade;
Medo: nos protege do perigo, nos faz buscar segurança. Manifesta-se frente a
eventos que colocam em risco a nossa sobrevivência. O medo faz disparar
hormônios que tornam os nossos sentidos mais atentos às ameaças. O sangue é
Não existe emoção boa ou ruim. Todas elas são importantes para a sobrevivência e para a
convivência social. Podem, no entanto, ser categorizadas como positivas ou negativas quando
associadas a padrões específicos de avaliação. Nesse contexto, as emoções positivas são as que
geram sentimentos agradáveis e diante de uma situação avaliada como benéfica, como a alegria,
que estimula a atenção, o entusiasmo, a retenção de informações e as interações sociais.  
As emoções consideradas negativas, como o medo e a tristeza, por sua vez, emergem nas
situações identificadas como perigosas ou problemáticas. Todas são normais e fazem parte da
natureza do ser humano. Cada emoção que vivenciamos desencadeia uma reação imediata e
indica uma direção a seguir. Alguns estudos demonstram que a prevalência de emoções
positivas conduz a uma vida mais saudável, produtiva e feliz.
As emoções variam de intensidade e manifestam-se numa escala que vai de muito fraca a muito
forte — e recebem denominações distintas para cada grau de intensidade. Veja esses exemplos
de estados emocionais derivados das seis famílias de emoções básicas:
direcionado para as extremidades do corpo e para os músculos da perna –
propiciando as condições para a fuga ou para a busca de um esconderijo;
Nojo (repugnância): nos afasta de algo que nos causa ojeriza ou asco. Nos faz evitar
o que pode nos prejudicar física e socialmente. Manifesta-se frente àquilo que
identificamos como algo que pode nos fazer mal ou que é inútil. Em situações de
nojo, contorcemos o lábio superior e enrugamos o nariz, como se estivéssemos
fechando as narinas para evitar o odor de algum alimento estragado;
Raiva: nos impulsiona e nos faz lutar pelo que queremos, em busca de justiça.
Manifesta-se frente a situações adversas. Os batimentos cardíacos aceleram e o
aumento da adrenalina proporciona energia para uma atuação vigorosa. O sangue
flui para as mãos, facilitando o ataque;
Surpresa: Manifesta-se frente a eventos inusitados e inesperados. Ela nos leva a
erguer as sobrancelhas e arregalar os olhos, o que promove maior entrada de luz na
retina e amplia o campo visual a fim de proporcionar mais informações e
compreensão sobre o que está ocorrendo.
Alegria:
Excitação;
Contentamento; Felicidade;
Êxtase;  
Euforia;
Animação;
Serenidade;
Amor.
Tristeza:
Tédio;
Infelicidade; 
Consternação; 
Desânimo;
Depressão; 
Aborrecimento; 
Descontentamento.
Medo:
Apreensão; 
Terror;
Receio;
Aflição;
Susto;
Desespero; 
Pavor;
Pânico.
Nojo:
Enjoo;
Aversão; 
Rejeição; 
Desprezo; 
Vergonha;
Horror;
Desdém; 
Repugnância.
Raiva:
Nervosismo; 
Irritação;
Fúria;
Rancor;
Ira;
Mágoa;
Definição de emoção:
Ódio.
Surpresa:
Admiração;
Perplexidade;
Choque;
Estupefação; 
Maravilhado;
Desorientação;
Espanto;
Susto.
- SCHERER, 1987, 2001 apud SHERER, 2005, p. 697
“Um episódio de mudanças sincronizadas e inter-relacionadas nos estados de
todos ou na maioria dos cinco subsistemas orgânicos (processamento de
informação, suporte, executivo, ação, monitor) em resposta à avaliação de um
evento de estímulo externo ou interno como relevante para as principais
preocupações do organismo.”
Eu Sinto Logo Existo
Mas e o amor, não é uma emoção básica? Tão desejado e experimentado por toda humanidade,
não é uma emoção básica? 
Em seus estudos, diferentes pesquisadores propõem outras quantidades e categorias de
classificação e identificam de quatro a onze emoções básicas diferentes. O amor, nesse caso, ora
é tido por alguns estudiosos como emoção essencial, ora como um sentimento.
Sendo assim, vamos partir desse ponto para estabelecer a diferença entre emoções e
sentimentos: o que a literatura especializada nos explica sobre os dois termos e como são
separadas as circunstâncias e reações relacionadas a cada um deles?
Como já foi dito, emoções são manifestações impulsivas, reflexas e inconscientes — respostas
de curta duração desencadeadas pela ativação fisiológica do organismo diante de um evento do
ambiente a nossa volta.
Os sentimentos, por sua vez, são resultados de nossa percepção sobre as emoções. São
processos mentais amparados por nossa consciência emocional ou, ainda, construções
cognitivas mais duradouras que se manifestam a partir de situações avaliadas por nós e que
então, adquirem um significado construído pelo pensamento. 
Portanto, emoções e sentimentos, como muitos imaginam, não são sinônimos. Claro que existe
uma relação causal entre eles, porém manifestam-se em dimensões cerebrais diferentes. A
emoção é uma reação corporal automática, enquanto o sentimento, uma construção mental.
Alguns animais possuem as emoções, mas sentimentos só são possuídos por nós humanos.
Por exemplo: uma pessoa caminha a noite pela rua e, de repente, vê surgir diante dela alguém
segurando uma faca. A reação é imediata e instantânea. O corpo passa a tremer, o coração
dispara, a boca fica seca e o corpo fica pálido. Na mesma hora, o agressor foge por ter escutado o
som de uma sirene. Depois disso, essas manifestações desaparecem e a pessoa se acalma. O que
houve, nesse caso, foi uma reação de medo — uma das emoções básicas. Mesmo que a pessoa
não identifique conscientemente. Depois do ocorrido, essa pessoa passa a avaliar o risco de se
caminhar sozinha a noite numa rua com pouco movimento. Avalia o perigo, analisa a situação e
conclui que andar sozinha pela rua a noite, é perigoso. A partir daí, a simples possibilidade de
passar naquela ou em qualquer rua deserta a noite, desencadeia o medo — que passa a ser um
sentimento que diz que essa atitude é perigosa. Você analisa o risco que
passou, avalia que estar
sozinha na rua a noite é perigoso, e só de pensar ou passar em qualquer outra rua deserta a noite
você sente medo, o sentimento construído a partir da experiência anterior, que ficou na
memória. 
A essa altura, você já teve estar lembrando de outras palavras que utilizamos quase como
sinônimos de emoções. Usamos frases como: 
— Nossa como fulana é mal-humorada, parece que tem raiva do mundo... 
Ou então: 
Em Síntese 
A emoção é a reação afetiva automática e adaptada a um tema (eventos
específicos do ambiente). As emoções são inatas aos seres humanos e a
alguns outros animais. Já o sentimento é a percepção e a avaliação
construída cognitivamente diante de um tema. É duradouro e nos
difere dos aninais, uma vez que apenas os humanos têm consciência de
seus sentimentos.  
— Que temperamento difícil. Ela está sempre brava...
Vale a pena fazermos as devidas diferenciações. O que tem a ver emoção com humor?  
O humor, a exemplo do sentimento, tem uma natureza mais cognitiva e duradoura. Na maioria
das vezes, é resultado de julgamentos afetivos. Sua função é facilitar o processamento de
informações que amenizam ou intensificam a formação de uma atitude frente a um contexto.
Enquanto a emoção é episódica, o humor é mais estável e perene. 
Voltemos ao exemplo de Caio: 
A rapidez das mudanças faz com que o menino avalie que sua situação não está sendo justa — e
isso o leva a desenvolver um sentimento de frustração. De uma hora para outra, e depois de uma
conquista importante, que foi a bolsa de estudo proporcionada por seu talento no futebol, ele é
levado a sair do time e da escola. Em nenhum momento a família levou em conta o seu ponto de
vista e a sua situação. Sua reação é de mau humor: deixa da falar com o pai e passa a implicar com
as atitudes da irmã durante a viagem.
Com relação ao termo temperamento, a psicologia e o senso comum usam para tratar dos traços
de personalidade que são constantes e individuais. Muitas vezes se manifestam por meio das
emoções e dos sentimentos. A origem da palavra é a mesma de tempero, que em latim significa
“misturar corretamente, moderar”. O temperamento, no caso, seria a modelação individual que
cada pessoa imprime na expressão de seus sentimentos e emoções. Ou, ainda, um estilo pessoal
e consistente, constituído pelas especificidades biopsíquicas e sociais de cada pessoa.
Voltamos ao exemplo de Caio: Ele compreensivo e flexível, adapta-se com certa rapidez à nova
situação. Sempre positivo e amável, gosta de se relacionar com as pessoas. Tem boa autoestima
e, em resumo, um bom temperamento. Provavelmente logo seu mau humor passará, quando
conhecer a nova casa, escola e colegas...
Podemos dizer que nossos afetos, emoções, sentimentos, humor e temperamento dão o
tempero na nossa vida, possibilitando que cada um tenha um gosto especial e uma postura
específica diferente de outras pessoas nos mesmos ambientes: familiares, escolares,
profissionais e sociais.
E o amor, afinal? 
Autores contemporâneos como Scherer (2005) classificam o amor como um sentimento. É uma
emoção secundária, que depende de elementos cognitivos e sociais para sua construção. É
resultado de experiências com emoções intensas provocando um estado geral de calma,
disposição e entusiasmo para ações positivas. O amor fraterno e o romântico, cada um a seu
turno, despertam a satisfação de compartilhar a companhia do outro. De dar atenção, cuidar,
oferecer e receber carícias, afetos positivos e, no caso do amor romântico, o prazer sexual.
Figura 4 – Amor romântico
Fonte: Getty Images
Figura 5 – Amor fraterno
Fonte: Getty Images
Saiba Mais 
Os gregos antigos identificavam quatro tipos de amor: Philia é o amor
fraterno, forte ligação de amizade; Agape é o amor divino, universal e
incondicional; Eros é o sentimento da paixão íntima, prazer e desejo
carnal e Stergo é o afeto com a família, o sentimento de proteção filial
entre parentes.
Somos o que Sorrimos – Expressão Facial
Quanto você vê uma pessoa sorrindo, logo identifica que ela está alegre. Se está com os olhos
arregalados e a boca aberta, imaginamos que recebeu alguma notícia que lhe causou surpresa. As
expressões faciais são, geralmente, as primeiras manifestações emocionais que emitimos. E
para cada uma das seis emoções básicas foram identificadas microexpressões específicas no
rosto humano.
A constatação foi feita pelas pesquisas de Paul Ekman em diversos países de culturas diferentes,
além de tribos isoladas na Nova Guiné, sem influência de civilizações mais desenvolvidas. Com
isso, comprovou-se cientificamente a universalidade da expressão das emoções no rosto,
indicada por Darwin cem anos antes. 
São quatro pontos que definem uma emoção: 1 – o que a desencadeia; 2 – os efeitos que causa
ao corpo; 3 – a relação com o ambiente; 4 – quais respostas comportamentais são emitidas. As
expressões faciais estão entre essas respostas.
Figura 6 – Expressões das seis emoções básicas
Fonte: Getty Images
Figura 7
Fonte: Reprodução
 
Detectar essas expressões é fundamental para a comunicação interpessoal, pois são uma
linguagem universal entre os homens. Uma criança japonesa expressa a alegria com a mesma
expressão facial de uma criança boliviana. Um finlandês tem a mesma expressão facial ao
exteriorizar a raiva que um angolano.
Durante o processo de comunicação, o rosto humano está sempre passando informação que é
útil tanto para o emissor quanto para o receptor.
Estudos mais recentes, como o do psicólogo social americano Fridlund (in MEYER, 2018) sobre
as expressões faciais, enfatizam sua importância na comunicação e mostram outras
possibilidades além das manifestações emocionais. Para ele, as expressões podem indicar
nossas intenções sociais futuras – aquilo que desejamos que os outros captem a nosso respeito.
Utilizamos o franzir da testa ou o sorriso para influenciar nossas interações sociais. Sendo
assim, as expressões revelam, além do aspecto emocional, o contexto cultural em que o
indivíduo está inserido.
Essas novas pesquisas são fundamentais para o desenvolvimento da Inteligência Artificial
Emocional no futuro. Atualmente, já existem softwares de IAE baseados na identificação das
microexpressões das seis emoções básicas. Quanto mais elementos relacionados às emoções,
sentimentos e expressões forem estudados, melhor será a atuação da IAE nesse campo,
podendo, assim, a evolução tecnologia contribuir de forma mais precisa e ética quando colocada
a serviço do bem-estar da humanidade, minimizando erros e injustiças étnicas culturais.
A habilidade de reconhecer as emoções em expressões faciais é, além de útil no dia a dia, um
diferencial para o desenvolvimento da nossa inteligência emocional, capacidade de resolução de
problemas e de liderança no trabalho e na vida. 
O que é essa tal de Inteligência Emocional?
Hoje em dia, a expressão inteligência emocional é conhecida nos quatro cantos do mundo. A
palavra inteligência, porém, ainda é mais relacionada às funções cognitivas referentes ao cálculo
matemático e, principalmente, ao QI (quociente de inteligência). 
O QI é um indicador criado no início do século XX pelo psicólogo francês Alfred Binet, a pedido
do secretário de educação, para identificar a dificuldade de aprendizagem de crianças das
escolas francesas. Espalhou-se pelo mundo e virou uma referência científica para a classificação
e medida do potencial humano para o sucesso. 
Somente na década de 1990, quando Daniel Goleman escreveu o livro “Inteligência Emocional”
baseado no trabalho dos psicólogos americanos J. Meyer e P. Salovey, e que foi difundido
mundialmente esse conceito, foi que psicólogos, educadores e profissionais que atuam com
desenvolvimento humano compreenderam a importância das emoções na competência
profissional e na evolução das interações sociais.
Com Daniel Goleman, em 1995, a Inteligência Emocional (IE) se estabeleceu como critério de
excelência na vida. Ele a descreve como a capacidade de
reconhecer, controlar, canalizar e
gerenciar os sentimentos que afloram em seus relacionamentos. A QE (Quociente Emocional)
abreviação como ficou conhecida no mundo ou IE (Inteligência Emocional), como prefere
Goleman (2011), possui uma estrutura composta por 5 domínios: 
Autoconsciência: conhecer as próprias emoções, reconhecer um sentimento
quando ele ocorre;
1
Autocontrole: saber lidar com os sentimentos, para serem apropriados ao contexto.
Controlar os impulsos e a agressividade dirigida a si e aos outros;
2
Motivar-se: canalizar energia para um objetivo, retardar a gratificação e adiar a
impulsividade, centrar a atenção e entrar em estado de “fluxo”;
3
Consciência social: reconhecer as emoções dos outros, ser empático, saber escutar
os motivos e sentimentos alheios, o que os outros precisam e querem;
4
Gerenciar relacionamentos: comunicar-se bem com os outros, ter aptidão para
liderança, negociação de conflitos; reconhecer e gerenciar a emoção no outro.
5
Goleman (2011) acredita que o crescimento de índices de violência, depressão, suicídios,
dependência de drogas e outros indicadores de mal-estar social, principalmente entre os
jovens, se deve à baixa autoconsciência emocional e à falta de empatia. 
Com relação à inteligência emocional, as pessoas podem ser tipificadas assim:
A inteligência emocional pode ser desenvolvida. Porém, ela é tradicionalmente aprendida no
ambiente familiar, nas situações cotidianas, nas brincadeiras, nas interações escolares ou na
convivência social. Por isso, num mundo onde esses espaços estão sendo reduzidos pelo estilo
de vida contemporâneo ou pelas dificuldades socioeconômicas, é fundamental a adoção de
programas educativos voltados para o desenvolvimento socioemocional. Para Goleman (2011), o
desenvolvimento da inteligência emocional seria o remédio capaz de promover uma nova forma
de interagir no mundo.
A inteligência emocional não substitui a capacidade intelectual ou técnica, num contexto em que
convivam pessoas inteligentes e competentes tecnicamente. É, no entanto, um diferencial, caso
precise escolher um profissional mais hábil entre pessoas com competência técnica similares. A
acuidade intelectual e emocional não se opõem: são capacidades independentes. A QE pode
tornar uma pessoa inteligente, notável e destacá-la entre os demais. 
Autoconscientes: conscientes de seu estado emocional no momento em que ele
ocorre e de seus limites. Têm clareza e administram seus sentimentos. São positivas
com a vida.
Mergulhadas: não têm muita consciência dos próprios sentimentos. Imersas em
suas emoções, são incapazes de sair ou controlá-las. Possuem um estado negativo
com a vida.
Resignadas: podem ver com clareza seus sentimentos, mas tendem a aceitar seus
estados de espírito sem tentar mudá-los.
O que é ser Emocionalmente Competente?
Nos ambientes de trabalho e empresariais, o desenvolvimento da QE, bem como o domínio
desse potencial aplicado à capacidade profissional foi denominado por Goleman de Competência
Emocional. Trata-se da capacidade adquirida com base na inteligência emocional e que leva a um
desempenho superior. Atualmente, é inquestionável a importância de aprendermos a
administrar os sentimentos, ser empático, gerenciar momentos críticos e ter a capacidade de
engajar pessoas em torno de um propósito no contexto organizacional. 
A competência emocional está presente na capacidade de liderar uma equipe, influenciar
pessoas, atender aos clientes. Ela atua na tomada de decisões estratégicas, na solução positiva de
problemas e de conflitos. Em resumo, ter competência emocional é saber interagir
construtivamente com suas emoções e com outras pessoas, criando situações positivas e
apropriadas ao contexto.
A competência emocional é essencial, também, para estudantes, policiais, profissionais de
saúde, esportistas, artistas e para pessoas de outras posições sociais que são submetidas à
pressão constante, à exposição ou a situações de competitividade que envolvem outras pessoas
com igual habilidade técnica. Por serem habilidades aprendidas, quanto mais cedo a pessoa
adquirir autoconsciência emocional e empatia – e quanto mais souber lidar bem com
sentimentos –, melhor será seu desempenho e a satisfação com os resultados obtidos.
Conseguirá gerenciar sua vida com mais serenidade e saúde emocional.
- Aristóteles (GOLEMAN, 2011, p. 27)
“Qualquer um pode zangar-se — isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na
medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa — não é fácil.”
Quantas Inteligências Temos?
Caio ficou aliviado ao confirmar que na nova casa teria seu próprio quarto. Modesta, mas
espaçosa, a casa fica no mesmo espaço do clube onde seu pai é o treinador da equipe de tênis
juvenil. Na escola, está na mesma sala de dois atletas de seu pai, com os quais acaba ficando
amigo. Voltam juntos da escola: Caio vai para casa estudar, pois está com dificuldades em várias
disciplinas e os garotos, para o clube, treinar.
Está previsto um campeonato de tênis entre os colégios da cidade no final do semestre e um dos
jogadores está lesionado. Kenzo, o pai de Caio, pede para ele entrar na equipe para dar suporte e
treinar como dupla. Caio, que foi da equipe de tênis infantil, aprendeu e treinou com o pai quando
criança. 
Rapidamente, Caio adapta-se ao parceiro. Conquista os outros garotos da equipe e está treinando
o dobro para pegar ritmo – pois quer fazer parte da equipe principal. Convenceu a melhor
jogadora feminina a treiná-lo nos fundamentos.
Mas as notas estão péssimas e sua mãe, agora que está mais próxima, estipulou limite de treino
para que ele estudasse. Caio procurou o melhor aluno da sala para ser seu tutor e manter seu
ritmo de treino. Ele precisa de alguém inteligente para ajudá-lo e convenceu Pedro da tarefa.
Será que Caio não é inteligente? Só a inteligência lógico-matemática é valorizada pelos pais e
pela escola? Até quando? 
Hoje, sabemos que existem múltiplas inteligências que operam de forma independente umas
das outras. As pessoas podem ser inteligentes em campos diferentes. Você considera A.
Einstein, L. Beethoven, Fernando Pessoa e Michelangelo inteligentes? Eles são iguais, têm o
mesmo tipo de inteligência?
Figura 8 – Teste de Inteligência: medir o raciocínio lógico-
matemático
Fonte: Getty Images
Para ampliar a visão sobre a potencialidade humana e inconformado com o conceito único de
inteligência focado apenas na fluência verbal e no raciocínio lógico-matemático, Howard
Gardner, psicólogo e educador, propôs, em 1983, uma nova forma de pensar a inteligência
humana. Em seus estudos, identificou diversas aptidões, como a espacial, a musical, a social e
algumas outras. Com isso, ampliou o espectro das inteligências e a possibilidade de utilizar
novos critérios além do QI (que é uma noção limitada de inteligência), que privilegiava quase que
exclusivamente pessoas do mundo acadêmico e da elite econômica com acesso ao
conhecimento formal, para indicar se as pessoas de diferentes aptidões e áreas de atuação,
teriam ou não sucesso na vida.
Com base em critérios distintos e fundamentados nas funções cognitivas, Gardner identificou
oito tipos de inteligência humana em suas pesquisas. A teoria das múltiplas inteligências (IM)
considera que todos nós possuímos todas as oito e que cada um de nós é único na manifestação
de seu perfil de inteligência.  As IM funcionam como indicador de áreas de interesse para que
crianças possam, de forma espontânea, desenvolver suas habilidades e suas paixões, ampliando
ao máximo seu potencial de diversas inteligências.
É por isso que temos profissionais brilhantes, com diferentes aptidões e habilidades, em áreas
diferentes. A. Einstein é um exemplo de inteligência lógico-matemática; L. Beethoven, de
inteligência musical; Fernando Pessoa, de inteligência linguística e Michelangelo de inteligência
espacial. 
Eles se sobressaíram por terem maestria em atividades relacionadas a essas aptidões, o que
não
significa que tinham exclusivamente uma das inteligências — uma vez que todos temos o
potencial para as oitos inteligências, podemos desenvolver mais que uma das múltiplas
inteligências humanas. 
Voltando ao Caio: além de ser um excelente jogador de futebol ele se desenvolve rapidamente
como tenista, sua habilidade corporal é extraordinária e seu corpo recupera os aprendizados da
infância com facilidade. É um exemplo de inteligência físico-sinestésica. Além disso, é capaz de
interagir com facilidade e de conquistar as pessoas fazendo amizades e parcerias. Isso se deve a
sua inteligência interpessoal.
Quadro 1 – As oito inteligências segundo Howard Gardner
Inteligência
linguística
Especialmente valorizada na escola.
Sensibilidade para a língua falada e escrita,
habilidade de aprender e usar línguas para
atingir objetivos. Escritores e advogados. Ex:
Lygia Fagundes Telles; Luís Gama.
Inteligência lógico-
matemática
Priorizada na escola. Capacidade de analisar
problemas com lógica. Descobrir relações,
princípios e investigar cientificamente.
Economistas, físicos, filósofos. Ex: Yuval
Harari; Artur Ávila; Suzana Herculano-
Houzel.
Inteligência
musical 
Atuar na composição e execução de música.
Distinguir, trechos, ritmo, harmonia
musical. Tem estrutura paralela à
inteligência linguística. Ex: João Gilberto;
Yamandu Costa; Badi Assad. 
Inteligência físico-
sinestésica 
Uso do corpo para produzir, expressar ou
resolver problemas técnicos e artísticos.
Bailarinos, atletas, cirurgiões. Ex: Pelé;
Rebeca Andrade; Thiago Soares. 
Inteligência
espacial 
Potencial de reconhecer e intervir com
padrões do espaço (amplo e confinado).
Arquitetos, navegadores, pilotos, designers,
escultores. Ex: Lina Bo Bardi; Almir Klink. 
Inteligência
interpessoal 
Capacidade de entender motivações e
desejos de terceiros. Empático com o outro
para guiar suas ações. Vendedores,
professores, políticos. Ex: Leandro Karnal;
B. Obama; Nelson Mandela.
Inteligência
intrapessoal 
Habilidade de se conhecer profundamente e
usar essas informações para ter modelo
individual de conduta e trabalho.
Terapeutas, religiosos.  Ex: Monja Coen; S.
Freud. 
Inteligência
naturalista 
Capacidade para reconhecer, distinguir e
classificar plantas, animais e o meio
ambiente. Ex: Burle Marx; Graziela Maciel
Barroso; Flávia Miranda; Emília Snethlage. 
Fonte: Adaptado de GARDNER, 2001
Será que existem mais tipos de inteligência? Aberto a essa possibilidade, o próprio H. Gardner
tem pesquisado outras possibilidades, como a inteligência espiritual e a inteligência existencial,
a fim de adicioná-las à lista original. Seu trabalho na busca de provas e de confirmação a partir
dos oito critérios de identificação de uma nova aptidão humana, tem atraído outros
pesquisadores para o tema. 
Seus achados têm o propósito de subsidiar, principalmente, educadores para ampliar a visão
sobre a inteligência e considerar as múltiplas formas de criatividade, de maestria no uso das
aptidões e no desenvolvimento de talento para o futuro das profissões. 
Você é Rápido ou Devagar para Rir ou Chorar?
A psicóloga Susan David, da Faculdade de medicina de Havard – EUA, recomenda
desenvolvermos o que chama de agilidade emocional.  Na sua avaliação, o conceito de
inteligência emocional atende a apenas uma etapa de reconhecimento da emoção e age no
sentido de produzir uma resposta a partir dessa identificação emocional. A autora propõe que o
foco da tomada de decisão para agir vá além, ou seja, a partir da identificação dos valores
pessoais. 
Em seus estudos publicados em 2016, Susan David criou um modelo para desenvolver a agilidade
emocional – um processo que permite manter ou mudar os padrões emocionais e de
comportamento para realizar mudanças bem-sucedidas que harmonizem nossas intenções
com os valores pessoais. 
Levando em conta a dinâmica do mundo atual, caracterizada pela fragilização das relações
sociais, e pela aceleração das mudanças, as pessoas tendem a ignorar as emoções negativas e a
negar seu efeito em suas vidas. Contribuem para isso o estado permanente de ansiedade por um
estilo de vida voltado para a positividade – que leva as pessoas a buscarem e a desejarem a
felicidade a qualquer custo. 
O efeito tende a ser o oposto do é desejado. Ao viverem essa “falsa positividade”, as pessoas
tornam-se ainda mais ansiosas e deprimidas. As perdas, os erros, os arrependimentos e os
fracassos geram emoções que acabam sendo reprimidas. Para não entrar num processo de
manutenção dessas emoções e adoecer ou prejudicar as pessoas ao redor, Susan propõe que a
agilidade emocional reverterá esse ciclo de excesso e esgotamento emocional. 
Para ativar esse recurso, é importante sempre questionar o porquê de estar se sentindo triste ou
estressado e, a partir da identificação da causa, identificar os valores que são mais importantes e
que estão sendo prejudicados por esses sentimentos.
A agilidade emocional consiste em descobrir como cada um consegue escapar de uma situação
difícil e reagir de modo apropriado às emoções que paralisam ou reprimem o indivíduo. E, ainda,
fazer isso de maneira conectada e harmoniosa com os próprios valores e a maneira que deseja
viver. O modelo da agilidade emocional tem quatro movimentos essenciais:
Olhar para frente: enfrentar os pensamentos e sentimentos de maneira corajosa,
classificando-os corretamente quanto aos que são apropriados e os que são
imobilizantes e aprender a trabalhar com eles. Qual é a função dessa emoção? Por
que está se sentindo desta forma? O que essa emoção está lhe dizendo? 
1
Afastar-se: dissociar os sentimentos da maneira como reage a eles. Observar suas
emoções com distanciamento para evitar o controle e o padrão de respostas usuais.
Separar as emoções dos fatos;
2
Ser coerente: concentrar-se nos valores essenciais e metas pessoais para que sejam
a bússola de sua tomada de decisões de maneira produtiva. Fazer escolhas alinhadas
aos motivos de vida;
3
Seguir em frente: proporcionar mudanças por meio de pequenos ajustes baseados
nos seus valores, mantendo sentimento de desafio e crescimento saudável.
4
O ambiente familiar, educacional ou profissional deve proporcionar “segurança psicológica”
para que os filhos, os alunos e os colaboradores sejam autênticos e possam expressar seus
sentimentos, erros, fracassos e dores sem medo de serem julgados ou excluídos. 
A agilidade emocional é a autenticidade ou a ausência de fingimento. É a manifestação genuína
dos sentimentos, alinhada ao momento presente e mundo real em que se vive. Cada um se torna
protagonista e assume a autoria de seu desenvolvimento e enfrenta com coragem as
adversidades e incertezas da vida. 
Vídeo 
 O Dom e o Poder da Coragem Emocional.
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https://www.ted.com/talks/susan_david_the_gift_and_power_of_emotional_courage?language=pt-br
E a Felicidade, Mora ao Lado ou Vive aqui Dentro?
Felicidade é o objetivo ou o propósito de nosso desenvolvimento emocional?
Ao pesquisar a palavra felicidade no Google Acadêmico surgem mais de 300 mil resultados, entre
livros e artigos. A Felicidade não é tema apenas para poetas, filósofos e gurus da autoajuda. A
psicologia e a neurociência pesquisam suas origens, características e importância para o ser
humano. 
A psicóloga da Universidade da Califórnia (EUA), Sonja Lyubomirsky, (apud Moutinho, 2019,
p.101) define felicidade como “estado mental ou emocional de elevada satisfação, que varia de
acordo com a experiência de afetos e emoções positivas, bem como a ausência da experiência de
afetos e emoções negativas”. 
Em seus estudos, Lyubomirsky (2008) afirma que 50% da nossa possibilidade de ter uma vida
feliz são determinados geneticamente considerando o número crescente de pesquisa com
gêmeos. A felicidade pode ser vista como uma propensão para experimentar as situações de
forma positiva ou
uma sensação duradoura de bem-estar com experiências afetivas e de
autorrealização. Segundo a autora as emoções positivas fazem das pessoas felizes o que elas são.
Como conquistamos a felicidade?
As pessoas felizes experimentam constantemente o estado de flow – que significa fluir em sua
rotina de vida. O conceito foi criado pelo psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihaly, em 1990.
Ele estudou histórias de máximo desempenho para identificar o momento em que as pessoas
superaram um grande desafio. O fluxo é o estado de alta concentração com sensação de alegria e
êxtase pela experiência em si. 
Nessas experiências a pessoa flui, se lança à atividade que está fazendo de forma profunda e tão
concentrada que perde a noção de tempo e espaço. Isso gera uma sensação agradável e motivada
pelo prazer de desempenho em si. Atinge um estado de perfeita harmonia entre o corpo e a
mente.
A experiência de “fluir” é gloriosa. Os japoneses têm uma palavra que corresponde ao estado de
fluxo, Jujitsu-kan, que significa um sentimento de elevada realização e satisfação com a vida.
O fluxo surge ao praticar uma atividade que depende de habilidade e que, ao mesmo tempo, exige
um grau elevado de desafio para ser bem realizada. A sensação de superação dos próprios limites
é agradável: mobiliza sentimentos positivos e desperta um certo nível de competição consigo
mesmo, exigindo a constante elevação do próprio desempenho. 
No gráfico abaixo, podemos visualizar que quanto mais se desenvolve a habilidade, maior deve
ser o desafio a ser superado para se manter na zona de flow. 
Figura 9 – Modelo de Flow: Relação entre desafios e
habilidades
Fonte: Adaptado de CSIKSZENTMIHALYI (1999) 
Daniel Goleman (2011) correlaciona o flow com o ponto mais alto da inteligência emocional. Para
ele, o fluxo é a melhor forma de entender a função das emoções para o desempenho e o
aprendizado de uma dada aptidão pelo ser humano. Em algumas atividades, como a prática de
esporte, de artes ou hobbies, ele se manifesta com mais intensidade. São atividades escolhidas e
motivadas pelo gosto pessoal e pelo prazer que proporcionam. Mihaly Csikszentmihaly e Martin
Seligman criaram a Psicologia Positiva, no final da década de 1990, cujo objeto científico
consiste nos estudos sobre felicidade.
As organizações, em especial as escolas, podem avançar muito no processo educacional
promovendo o estado de flow e de felicidade. Podem organizar suas atividades pedagógicas num
ambiente que estimule as emoções positivas e que considere a diversidade de aptidão entre os
alunos, os quais serão confrontados com seu próprio potencial de desempenho e evolução. 
Isso estimularia desenvolvimento das múltiplas inteligências e levaria à utilização de métodos
capazes de proporcionar desafio ideal para os diferentes níveis de habilidade e evolução dos
alunos. Tornaria o aprendizado mais agradável e efetivo e colocaria a felicidade dentro de casa.
E Caio finalmente está feliz. Atingiu o nível da habilidade de seu parceiro de dupla no tênis e
sonha em ficar em primeiro lugar no campeonato. Por isso, passou a treinar sozinho, depois do
horário, já que mora perto do clube. Aproveitou seu estado de espírito e paixão e se declarou para
Maiara, a melhor jogadora do time juvenil. Ele se dispôs a esperar o final do campeonato para
namorá-la, pois entende que ela não consegue dividir a atenção antes dos jogos. 
Sua relação com a mãe ainda está difícil, pois assumiu que não é bom aluno e vai estudar para
tirar notas medianas para passar de ano. Pedro, além de tutor, tornou-se seu confidente e
acompanhante nos treinos extras, pois Caio perde a noção de tempo e esquece da vida quando
está praticando tênis. No final de semana será aniversário de Ana, sua irmã caçula, e ele vai levá-
la ao parque aquático para se divertir.
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Site  
Atlas das Emoções 
Projeto desenvolvido pelo psicólogo Paul Ekman junto a Dalai Lama sobre o que os
pesquisadores aprenderam a respeito do estudo psicológico das emoções.
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
  Livro  
Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos 
Taleb, N. N. Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos. Trad. Renato Marques. 1. ed. São
Paulo: Objetiva, 2020. 
2 / 3
 Material Complementar
https://bit.ly/3jatbQx
  Vídeos  
Fluidez, o Segredo da Felicidade 
Palestra do TED com o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi sobre a satisfação duradoura em
atividades que provocam um estado de "fluidez".
  Filme  
Divertida Mente (2015) 
Em novo filme da Disney•Pixar, Divertida Mente, o diretor vencedor do Oscar® Pete Docter (Up-
Altas Aventuras, Monstros S.A.) nos leva a conhecer um lugar divertido e extraordinário, a
mente humana.
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that Flash 11.1 or higher is installed. Load this talk on ted.com
https://www.ted.com/talks/mihaly_csikszentmihalyi_flow_the_secret_to_happiness?language=pt-br
  Leitura  
Qual a Temperatura Emocional do Mundo?  
Pesquisa anual em mais de 150 países publica relatório sobre como estão as emoções na
população.
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Divertida Mente - Trailer 2 - 18 de Junho nos Cinemas
https://bit.ly/3DO5ght
https://www.youtube.com/watch?v=LSpeM7G4zfY
DAVID, S. Agilidade emocional. Trad. Claudia Gerpe Duarte. 1. ed. São Paulo: Cultrix, 2018.
GARDNER, H. Inteligência: um conceito reformulado. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Trad. Marcos Santarrita. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva,
2011. (e-book)
LYUBOMIRSKY, S. Ciência da Felicidade: como atingir a felicidade real e duradoura. Rio de
Janeiro: Elsiever, 2008. 
MEYERS, T. R. Por que nossas expressões faciais não refletem nossos sentimentos. 17 junho
2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-44285496>.
MOUTINHO, H.; MONTEIRO, A.; COSTA, A.; FARIA, L. Papel da Inteligência Emocional, Felicidade
e Flow no Desempenho Académico e Bem-Estar Subjetivo em Contexto Universitário. Revista
Iberoamericana de Diagnóstico y Evaluación - e Avaliação Psicológica , vol. 3 , núm. 52 , 2019.
Disponível em: <https://www.redalyc.org/journal/4596/459661296009/html/>.
SCHERER, K.R. What are emotions? And how can they be measured? Social Science Information, vol.
44, n. 4, p.695-729, 2005. Disponível em :
<https://www.unige.ch/cisa/files/6914/6720/3988/2005_Scherer_SSI.pdf>.
SIMIONATO, M. Competências emocionais: o diferencial competitivo no trabalho. 1. ed. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2006.
3 / 3
 Referências
STEINER, C.; PERRY, P. Educação emocional. Trad. Terezinha Santos. 1. ed. Rio de Janeiro:
Objetiva, 1998.

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