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# PSICOLOGIA APLICADA A ODONTOPEDIATRIA – PARTE 2. - Após entender aspectos psicológicos e comportamentais, como isso pode ser aplicar ao atendimento odontológico a pacientes odontopediatricos? - Existem técnicas e condutas que podem ser usadas? MANEJO DO COMPORTAMENTO Fatores que influenciam o comportamento dos pacientes: Nível de desenvolvimento (ex.: bebê não vai se sentar na cadeira e abrir a boca; linguagem adequada com cada idade); Temperamento; Contexto familiar (relação familiar, com quem mora – pode influenciar no comportamento); Atitudes e crenças dos pais/familiares (medo materno – influência direta na criança); Experiencias previas com outros profissionais; Dor; Sono e cansaço; Conduta profissional manifestada pelo dentista – adotar a melhor conduta possível. É o processo pelo qual os profissionais ajudam o paciente a identificar comportamentos apropriados e inadequados, aprender estratégias de resolução de problemas, e desenvolver o controle de impulsos, a empatia e a autoestima. Objetivos: Estabelecer comunicação; Aliviar medo e a ansiedade; Construir uma relação de confiança entre o dentista, paciente e os pais; Desenvolver na criança um comportamento mais apropriado enquanto ela recebe um tratamento odontológico; Realizar procedimentos odontológicos com segurança física e emocional para crianças, adolescentes e pessoas com necessidades especiais; Promover uma atitude positiva dos pacientes em relação aos cuidados com a saúde bucal. Não deve ser uma punição por mau comportamento, afirmação de poder, ou uso de estratégia que machuque, intimide ou deprecie o paciente. SITUAÇÃO CLÍNICA (como ele vai chegar): Procedimentos mais invasivos > maior estresse, desconforto e possível dor para criança > níveis de ansiedade tendem a ser maiores > resposta da criança tende a ser menos cooperadora > MAIOR ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NO GERENCIAMENTO DO COMPORTAMENTO. Conhecer as bases cientificas; ter habilidade de comunicação, empatia, tolerância, sensibilidade cultural e flexibilidade > conduzi-los de forma apropriada e individualizar o atendimento conforme a criança. TÉCNICAS DE CONTROLE DO COMPORTAMENTO: 1. NÃO FARMACOLÓGICAS: Melhora no comportamento quando não usados bases farmacológicas – pouco evidência, mas na vida clínica é o que mais pe visto. 1.1. NÃO AVERSIVAS: não envolve nenhum tipo de estresse ao paciente; Comunicação não verbal: linguagem corporal, expressão facial e postura profissional (o que eu expresso ao paciente); Objetivos: aumentar a eficácia de outras técnicas (como o controle de voz e o reforço positivo) e manter ou conseguir a atenção do paciente > pode ser usada em todos os pacientes. Comunicação verbal (utilizamos do recurso da conversa): a) Exposição a imagem odontológica positiva: consiste em mostrar aos pacientes fotografias positivas ou imagens de odontologia e tratamento odontológico, na sala de espera antes da consulta odontológica. Objetivos: • Fornecer informações sobre o que esperar da consulta; • Proporcionar a criança um ambiente propicio para dúvidas antes da consulta. b) Falar – mostrar – fazer: consiste em 3 etapas – Falar – explicar verbalmente os procedimentos odontológicos que serão realizados ao paciente utilizando frases 25/05/2023 – Amanda Pollo. apropriadas ao seu estágio de desenvolvimento cognitivo; Mostrar – demonstrar instrumentos e materiais que serão usados explorando aspectos visual, auditivo, olfativo e tátil do paciente; Fazer – realizar os procedimentos odontológicos planejados e que foram falados e mostrados ao paciente. Objetivos: • Ensinar aspectos importantes da visita odontológica; • Familiarizar o paciente com os elementos do consultório; • Moldar a resposta do paciente aos procedimentos através da dessensibilização perante expectativas bem definidas; • Evitar surpresas, o medo e a ansiedade perante o desconhecido. • Pode ser usada em todos paciente (a partir dos 3 anos); • Bem aceita pelos responsáveis e crianças, realizada ao mesmo tempo com comunicação não verbal e em conjunto com distração e reforço positivo; • Toda essa orientação deve vir de uma única fonte que é o operador (criança só presta atenção em uma pessoa por vez). Deve ser sempre acompanhada da sensibilidade do CD em “ver (as respostas não verbais) – ouvir (respostas do paciente) – sentir (percepção do que o paciente realmente necessita)”. c) Modelagem: a finalidade é fazer com que o paciente com medo acompanhe os procedimentos que vão ser realizados nele em outra pessoa, que pode ser outra criança, mais tranquila e colaboradora ou no responsável, irmão mais velho... Uso complementar de bonecos educativos também é valido. É usada em conjunto com a técnica falar-mostrar- fazer. Estudos: conclui que a modelagem na própria mãe foi eficaz na redução da ansiedade. Recomenda-se que na primeira consulta, a técnica de modelagem com associação a do falar mostrar fazer em outra pessoa com o paciente d) Distração: consiste em desviar a atenção do paciente durante a realização de um procedimento > brinquedos, musicas, historias, filmes ou conversa (pode ser usada em TODOS os pacientes). Música – é um dos recursos mais efetivos para reduzir a ansiedade e a percepção dolorosa durante o procedimento. e) Reforço positivo: consiste em gratificar por comportamentos positivos e desejáveis ´praticados durante os procedimentos odontológicos realizados. Objetivo: Estimular a criança a repetir esses comportamentos positivos > mais efetivo quando feito logo após o comportamento (pode ser usado em todos os pacientes); Social: o profissional demostra afeto, apresenta expressão facial alegre ou faz elogios; Não social: o profissional entrega um prêmio ao paciente ao final da consulta. Recomenda-se utilizar as duas técnicas (todas as crianças de 0-3 anos devem receber o prêmio – essa criança não entende a colaboração.). f) Negociação da presença do acompanhamento na sala de atendimento clinico: pode ser usada as vezes para obter cooperação para o tratamento perante casos de não colaboração do paciente por manha ou birra. Considerar os desejos e as preferenciais dos pais e estar preparado para uma mudança de conduto em seu próprio pensamento e atitude. Deve ser empregada racionalmente e com bom critério clínico: Casos de birra e manha em pacientes com mais de 3-4 anos; Considerar o bem-estar emocional e psicológico da criança; Nunca deve ser aplicada em crianças com menos de 3 anos; O responsável pode se colocar por trás da cadeira ou fora do campo de visão do paciente; g) Controle do tom de voz: consiste em alteração controlada do volume, do tom ou do ritmo da voz para influenciar e direcionar o comportamento do paciente que apresenta birra ou manha. Objetivo: • Chamar a atenção do paciente e tentar conduzir para um estado de tranquilidade e conforto; Atenção! Nunca pode caracterizar gritos; Explicar aos responsáveis antes de usá-la; Não deve ser aplicada em crianças com menos de 3 anos; Não deve ser aplicada em crianças com problemas auditivos; A expressão facial do dentista deve refletir a atitude de confiança; A alteração do volume para um tom mais suave, pode acalmar a criança. h) Hipnose: não há evidenciais cientificas suficientes para sugerir que a hipnose tenha efeitos benéficos na abordagem comportamental. 1.2. AVERSIVAS: Orientação e autorização dos pais, com consentimento informado e registrado na documentação do paciente. Para executá-las – diagnostico apropriado do comportamento e a sua execução segura e eficaz. a) Estabilização protetora: é a restrição da liberdade de movimentos do paciente, com ou sem a sua permissão, a fim dediminuir o risco de ferimentos e permitir a conclusão do procedimento Objetivos: • Reduzir ou eliminar movimentos intempestivos; • Proteger o paciente, a equipe, o profissional ou o responsável de qualquer ferimento; • Facilitar a realização de um melhor tratamento; • Não deve ser usada como meio de disciplina ... Indicações: quando um paciente requer um diagnostico e/ou um tratamento imediato e não pode cooperar por falta de maturidade, incapacidade mental ou física e quando a segurança dos envolvidos pode estar em risco. Contraindicações: pacientes cooperativos, pacientes que tiveram experiências odontológicas negativas e não ser que não exista nenhuma outra possibilidade ou pacientes com tratamento não emergencial e que precisarão de consultas mais extensas. Técnica: 1. Criança é colocada na posição mais confortável possível; Ativa: imobilização realizada pelo CD, por sua equipe e/ou pelo responsável; Passiva: uso de dispositivos de imobilização. 2. Usar comunicação verbal e não verbal; 3. Mãe em cima da criança OU mãe deitar na cadeira e a criança em cima dela OU joelho – joelho (cabeça no colo da dentista e pés sobre o colo da mãe – somente em bebes e quando não é feito nenhum procedimento); Não há evidências cientificas que comprovem a efetividade e nem que o emprego desta técnica possa apresentar riscos psicológicos para crianças de 0 a 3 anos. b) Mão sobre a boca/nariz: o dentista posiciona a mão sobre a boca da criança, quando ela está gritando e chorando, para abafar o ruido e simultaneamente se aproxima do ouvido dela, fala baixo, calmamente e sem raiva, tentando mostrar que quer apenas conversar. AAPD e ABO não recomendam esses procedimentos em nenhuma hipótese na atualidade. RESUMINDO – todas as técnicas não farmacológicas são: Seguras e eficazes na redução da ansiedade e na percepção dolorosa; Devem ser aplicadas a critério do profissional; Levar em consideração a individualidade de cada criança; Levar em consideração a necessidade de realizar o procedimento odontológico; Levar em consideração a preferência dos responsáveis. # Estresse tóxico (devemos trabalhar prevenindo): um ou mais episódios de estresse de forte intensidade, frequente ou de longa duração. Liberação constante de cortisol diante de adversidade ou experiencias extrínsecas negativas, que excedem a capacidade da criança em suportar o desafio > danos irreversíveis no crescimento, desenvolvimento e saúde das crianças a curto e longo prazo. 2. FARMACOLÓGICAS: 9% das crianças tem ansiedade/ medo odontológicos e/ou problemas de comportamento no dentista. Para essas crianças, há duas situações: a) O tratamento planejado é eletivo, portanto, pode ser adiado até que a criança consiga colaborar, após um processo de educação para o contexto odontológico. b) O tratamento deve ser realizado imediatamente, pois a criança está com dor e/ou outra queixa que limita sua qualidade de vida. Técnicas: 1. Sedação inalatória com a mistura de oxido nitroso e oxigênio: Pretende-se alguma alteração da consciência do paciente, induzida por gases ou medicamentes, com intenção de melhorar a tolerância para receber procedimentos odontológicos desconfortáveis e/ou dolorosos. Crianças ansiosas, medrosas e de difícil controle; Crianças com reflexo de vomito exacerbado; Crianças em que anestesia local efetiva não pode ser obtida; Crianças colaboradoras, mas submetidas a procedimentos mais longos. Crianças devem aceitar a máscara para ser efetivas. 2. Sedação com medicamentos por diferentes vias de administração: Pretende-se alguma alteração da consciência do paciente, induzida por gases ou medicamentes, com intenção de melhorar a tolerância para receber procedimentos odontológicos desconfortáveis e/ou dolorosos. Crianças ansiosas ou medrosa em que técnicas psicológicas não foram efetivas; Crianças não colaboradoras que necessitam ter protegido seu desenvolvimento psicológico; Crianças não colaboradoras que necessitam ter reduzido o risco sistêmico da estabilização protetora ou anestesia geral. Requisito: pacientes com classificação ASA I ou II. Paciente sistemicamente saudável ou com doenças sistêmicas controladas. 3. Anestesia geral: Os anestésicos promovem ausência de resposta proposital a qualquer estímulo, perda dos reflexos protetores de vias aéreas, depressão da respiração espontânea e a alteração de reflexos circulatórios. Crianças não colaboradoras por imaturidade psicológica ou emocional, problemas físicos ou mentais; Crianças em que a anestesia local não é efetiva; Crianças extremamente não cooperativas; Crianças que necessitam procedimentos cirúrgicos complexos; Crianças que demandam tratamento odontológico imediato ou reabilitações extensas. Em ambiente hospitalar. Orientações gerais: a) Orientação aos responsáveis: Se possível, devem ser dadas antes da primeira consulta; Importância de ressaltar a necessidade de visitar o dentista; Não demonstrar ansiedade; Orientações as crianças de acordo com a realidade, de forma tranquila; Deixar o dentista fornecer mais detalhes; Ter e demostrar confiança total no profissional; Procurar não intervir na conversação entre a criança e o profissional; Explicar possíveis reações da criança; Alertar sobre as técnicas de manjo; Sugere-se que seja sempre o mesmo acompanhante – ideal seria ser sempre o mesmo. b) Abordagem da criança: Primeiro contato – sala de espera: tranquila e não muito efusiva; cumprimentar primeiro a criança; sentar e procurar estabelecer um dialogo com a criança; iniciar preenchimento da ficha e anamnese na sala de espera (incluir a criança na conversa). Sala de consulta – pedir para a criança sentar-se na cadeira; se ela recusas, colocá-la sentada, se forma delicada e firme; continuar o diálogo; não se perder com o choro e birra; não demonstrar insegurança ou desagrado. Quanto mais natural e tranquila a atitude do profissional, mais fácil será iniciar e abordar o tratamento. c) Condicionamento gradual ao instrumental: Contato com o instrumental deve ser feito antes do início do tratamento e de forma simples e direta Sempre explicar antes de colocar na boca da criança. Técnica do falar, mostrar e fazer e da modelagem. Mostrar todos os instrumentos e pra que servem – mas não mostrar instrumentos que possam provocar tremores (agulhas, bisturi). Deixar o instrumental atras da criança; Cobrir o instrumental antes e ao final do procedimento; Limpar o rosto da criança. Explicar a sensação da anestesia; Combinar com a criança de levantar a mão; d) Diálogo com a criança: Seguido de acordo com sua idade, inteligência e descontração > manter conversa durante todo o atendimento / assuntos que agradam a criança (em casos de choro, seguir a conversa). e) Contato físico: Seguras as mãos da criança entre as suas e colocar a mão sobre a cabeça dela, afagando-a ou fazendo carinho em seu rosto; Conduzir a criança ao consultório com as mãos sobre o ombro; Acompanhado de palavras tranquilizadoras e carinho. f) Criança sozinha na cadeira: Nunca deixar criança sozinha na cadeira porque aumenta ansiedade da criança; Se o profissional se afastar o auxiliar deve ficar e distrair a criança. g) Ordem e cuidado com o instrumental: Mesa clinica limpa e organizada antes e depois do atendimento; Percepção de organização aos pais; Proporciona trabalhar de forma mais rápida e eficiente, diminuindo o tempo de consulta. h) Visão do sangue: Não jogar água na boca para a criança cuspir em casos de sangramento; Limpar com gaze e retirá-la da mesa; Sangue em algum local do rosto, sempre limpamos para a criança não ver; Caso ela veja o sangue na boca, explicarque é normal e que logo irá passar. i) Hora da consulta; Evitar marcar a consulta no horário que a criança costuma dormir (sono - irritação); Crianças que frequentam escolinha devemos evitar marcar consultas imediatamente após a aula (cansaço); Não marcar a consulta em dias que a criança tem outra atividade que exija muita concentração. j) Tempo de consulta: As primeiras devem ser rápidas; As consultas deverão ter em torno de 60 min (o ideal é entre 30-40 min); Sugerir para as mães levar a criança ao banheiro antes de iniciar o tratamento - demora caso precisar sair no meio do procedimento; Orientar para que a criança não coma e nem beba nada imediatamente antes da consulta (1-2 horas antes) - evita o refluxo. Quando iniciaremos o procedimento? O início do tratamento/ procedimentos se dará após todos passos básicos e iniciais terem ocorrido e a criança estar devidamente ou dentro de suas possibilidades, condicionada. A regra do falar mostrar fazer é imperativa, sempre usar; Não há problema em iniciar o procedimento e se houver necessidade retroceder e retomar as manobras de manejo. O ambiente do consultório deve ser o mais agradável possível, sem muitos exageros, proporcionando à criança e aos acompanhantes conforto. Limpo e arrumado; Ter a mostra menor número possível de instrumentos/equipamentos e o que estiver a mostra estar sempre limpo e organizado. O auxiliar deverá estar atento e pronto para receber e socorrer imediatamente o profissional durante o trabalho Deve ter habilidade manual, destreza e rapidez.
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