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estudo de caso- redução das desigualdades

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A situação educacional brasileira tem se agravado ao longo das últimas décadas. A pandemia contribuiu enormemente para acelerar este processo e expor questões gravíssimas, dentre estas: a disparidade na qualidade da educação entre escolas públicas e privadas, a defasagem do ensino frente às tecnologias e os empecilhos que a situação de vulnerabilidade econômica de muitos estudantes impõe à escolarização.
As escolas privadas, em sua maioria, já vêm utilizando tecnologias e mídias há bastante tempo, o que possibilita aos estudantes dessas instituições maior acesso à informação e produção de conhecimento, e lhes oportuniza maiores chances de entrar em uma universidade de qualidade e no mundo do trabalho pós educação básica. A pandemia evidenciou essa diferença: as escolas privadas conseguiram, em pouco tempo, organizar aulas online, síncronas e assíncronas, envolvendo a maioria de seus estudantes, pois estes tinham acesso aos equipamentos necessários. Na escola pública houve a dificuldade de acesso a equipamentos por parte dos estudantes, professores e das próprias escola, o desconhecimento técnico de todos para conseguir ministrar/participar de aulas online, de receber tarefas e enviá-las, de conseguir contatar os estudantes. 
O modelo tradicional idealizado em uma época absolutamente diferente da que vivemos ainda está presente na maioria das salas de aula. Os nativos digitais necessitam de um olhar diferenciado do setor educacional. Expostos desde sempre a uma infinidade de estímulos, não conseguem “se conectar” às aulas no modelo tradicional. A padronização das turmas, a necessidade de memorização, o repasse de conteúdos fixos e limitados, entre tantas práticas que ainda perfazem a forma como as escolas se organizam, precisam ser revistas e corrigidas para se adequarem a um modelo de educação na Era Digital. Por outro lado, enfrentamos a necessidade premente de políticas públicas que permitam a todos os estudantes o acesso à tecnologia. E isso se tornou evidente na pandemia, pois o uso de tecnologias foi praticamente o único meio de dar continuidade ao processo de escolarização. 
Findo o isolamento social, a desigualdade se tornou mais evidente entre escolas públicas e privadas, pois ao mesmo tempo que os estudantes se conectam todo o tempo, especialmente via celulares, inseridos nas redes sociais, a escola pública segue presa ao quadro e aos livros, importantes e necessários, mas não com único recurso. E não adianta ter um “laboratório de informática” sem internet de qualidade, sem um profissional para acompanhar e assistir aos estudantes no uso deste espaço, que possa fomentar a capacidade de reflexão e análise seletiva dos conteúdos, o trabalho em equipe e a criatividade. O grande desafio atual é estimular os estudantes para que aprendam a filtrar conteúdos, organizar e validar informações, extrair significado e encontrar soluções.
Em uma era de nativos digitais e tecnologias de ponta ainda enfrentamos situações de vulnerabilidade econômica e social que impedem crianças e adolescentes de frequentarem a escola plenamente. A pandemia deixou muitas famílias sem trabalho, sem salário e, por consequência, sem alimentação adequada e suas necessidades básicas atendidas. Fazer aulas online e atividades era a menor das preocupações. Sem alimentação adequada, sem acesso tecnológico, muitas crianças e adolescentes ficaram à margem da escolarização. O retorno às aulas presenciais evidenciou uma enorme defasagem na aprendizagem, que levará muitos anos para ser preenchida. 
A escola tem buscado alternativas para resgatar estudantes, acolhê-los, minorar a defasagem na aprendizagem, fornecer alimentação e um lugar de escuta. Percebemos o espaço escolar se reinventando. 
A educação é importante na redução das desigualdades, mas não pode andar sozinha. Precisa de outras áreas – especialmente saúde e assistência social- para que haja uma mudança efetiva e um avanço significativo na escolarização.

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