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Síndrome da imunodeficiência adquirida - HIV Primeiros casos reconhecidos: · Los Angeles em 1981 : Cinco homessexuais masculinos, jovens, contraem pneumonia por Pneumocystis carinii. Dois deles morrem. · Em 1983, foi isolado o vírus da imunodeficiência humana (HIV – Human Immunodeficiency Virus) Transmissão: • Sangue • Sêmen e fluido pré-seminal • Secreções vaginais • Transmissão perinatal (placenta,durante o parto, no canal do nascimento, aleitamento materno) • Outros fluidos que contenham sangue Agente etiológico - HIV (retrovírus) Possuem genoma constituído por RNA fita simples - replicam o RNA viral por meio de transcrição reversa Moléculas de DNA dupla fita são geradas a partie de RNA pela ação da enzima transcriptase reversa HIV - invade o código genético dos linfócitos T-helper (CD4+) O vírus adere ao receptor CD4+ nos linfócitos T causando sua destruição e uma perda progressiva da função imune Perda da imunidade celular - supressão dos linfócitos TCD4 A depleção progressiva de células CD4+ eventualmente leva à imunodeficiência - AIDS O paciente com HIV quanto mais ele estimular o sistema imune com estresse, doenças, fumo, drogas etc , mais replicação de partículas virais ele vai produzir Categorias clínicas - HIV/AIDS Estágio 1 - infecção aguda Estágio 2 - período de latência Estágio 3 - Infecção sintomática Estágio 4 - AIDS Estágio 1 ou soroconversão: · 2 a 4 semanas após a infecção pelo vírus · 50 a 90% dos pacientes · Quadro clínico de infecção aguda, similar a outras infecções virais Estágio 2 - fase assintomática: · Replicação ativa do vírus e destruição de linfócitos T CD4+ · Sem manifestações clínicas aparentes Estágio 3 - fase sintomática: · Destruição de linfócitos T CD4+ · Declínio da função imunológica · Infecções oportunistas Estágio 4 - Aids: · Queda de contagem de linfócitos T CD4+ < 200 células/mm3 e/ou desenvolvimento de doenças oportunistas OBS: A aids pode levar anos para se desenvolver O risco de infecções aumenta à medida em que a contagem de células CD4 diminui Exemplos: Fungos na boca e herpes; tuberculose; câncer do sistema imunológico; lesões malignas; pneumonia; infecções cerebrais; infecção intestinal; risco de cegueira Tratamento: Terapia Antiretroviral (TARV) - Inibidores de Proteases: impedem a ação da enzima que cliva as cadeias protéicas produzidas pela célula infectada em proteínas virais estruturais e enzimas que formarão o HIV. Drogas: saquinavir, indinavir, ritonavir, nelfinavir, nevirapine - Inibidores de Transcriptase Reversa: Bloqueiam a ação da enzima que converte RNA viral em DNA. Drogas: AZT (Retrovir), 3TC (age sinergicamente com o AZT), d4T (dideoxitimitidina), ddI (dideoxiinosina) Objetivos do tratamento: 1. Suprimir a replicação HIV no plasma 2. Preservar e restaurar a imunidade 3. Melhorar a qualidade de vida 4. Prevenir a transmissão do HIV 5. Reduzir a morbidade e mortalidade associada ao HIV Alterações metabólicas e morfológicas - HIV/AIDS Com a utilização do TARV: - Variação na mudança de peso (ganho/perda) - Alteração na distribuição da gordura - Dislipidemias - Bom prognóstico - Alterações metabólicas - Mudança nas necessidades de macro e micronutrientes Inflamação sistêmica: Processo inflamatório crônico: A infecção por HIV causa ruptura da mucosa e depleção de células TCD4+ no tecido linfóide associado ao intestino (GALT), alterando a composição microbiana (disbiose) e permitindo que o produto microbiano entre no sistema circulatório. Mesmo com a introdução da terapia antirretroviral (TARV), esses dois mecanismos levam à ativação imune crônica e inflamação persistente que também pode ser potencializada por coinfecções oportunistas. Por sua vez, a ativação crônica e a inflamação persistente resultam em exaustão imune e senescência imune prematura e em dano direto aos órgãos, por meio da liberação de citocinas pró-inflamatórias. Classes de drogas e principais efeitos colaterais com importância nutricional Efeitos colaterais específicos dos inibidores de protease - Maior resistência a insulina no tecido adiposos - Aumento de TNF-alfa e IL-6 - Diminuição da função do GLUT-4 - Aumento da função dos osteoclastos - Diminuição da adiponectina - Aumento de ácidos graxos livres e triglicerídeos Fatores potencializadores desses efeitos: - Sedentarismo - Dificuldade locomotora - Dieta rica em alimentos processados HIV e tecido adiposo - Lipodistrofia: - Desordens do tecido adiposo, caracterizadas pela alteração seletiva de gordura de várias partes do corpo - Causam alterações metabólicas sendo esse padrão semelhante ao observado na “síndrome metabólica” - Aumento do colesterol total - Aumento LDL e VLDL - Diminuição HDL - Aumento TAG - Aumento da glicose Lipoatrofia: redução da gordura em regiões periféricas, como braços, pernas, face e nádegas, podendo acarretar proeminência muscular e venosa relativa; Lipo-hipertrofia ou lipoacumulação: acúmulo de gordura na região abdominal, presença de gibosidade dorsal, ginecomastia nos homens e aumento de mamas em mulheres e acúmulo de gordura em diversos locais do corpo, como as regiões submentoniana e pubiana etc.; Forma mista: associação de lipoatrofia e lipohipertrofia. Se desenvolver AIDS - Alterações metabólicas e morfológicas - Anorexia, disfagia, náuseas e vômitos, febre, lesões orais e esofágicas, efeitos colaterais dos medicamentos, recursos financeiros escassos e dificuldade física para preparar seu próprio alimento - Perda de apetite e inadequação do consumo de alimentos - Distúrbios gastrointestinais: Comprometimento da ingestão, digestão e absorção - Lesões orais, candidíase oral, alteração na deglutição, doença oral e perianal, dor e cólica abdominal, diarreia Enteropatia da Aids: Diarréia crônica e alterações histológicas na mucosa intestinal; Pode comprometer a ingestão, digestão e absorção de nutrientes. Presença do HIV: Atrofia das vilosidades do trato digestório, redução da área de absorção, diminuição da atividade das enzimas intestinais; Má digestão, diarreia e esteatorreia. Perda de massa muscular: · Comum nos pacientes vivendo com HIV · Associada à rápida progressão da doença e ao aumento da morbidade · Aumento dos níveis plasmáticos de moléculas inflamatórias e hormônios · Níveis de RNA viral são correlacionados positivamente a perda de peso e IMC · Contagem de linfócitos CD4 e perda de peso tem relação inversa · Hipermetabolismo e catabolismo proteico acelerado Síndrome consumptiva: · Redução involuntária maior que 10% do peso corporal · Enfraquecimento crônico · Diarréia · Febre (intermitente ou constante) · Perda de massa celular corpórea Interação droga/nutriente: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_alimentacao_nutricao.pdf Efeitos colaterais dos medicamentos Avaliação clínica: · Histórico pessoal e familiar de doenças · Comorbidades · Doenças oportunistas · Sinais e sintomas específicos · Estilo de vida e fatores de risco · Esquema da Tarv (de preferência atual e pregressa) Antropometria e composição corporal: · IMC= monitoramento do peso corporal · Síndrome da lipodistrofia e perda de massa magra · DEXA (padrão ouro) · Bioimpedância (ângulo de fase - possibilidade de predição da massa celular) A massa celular corporal (MCC) é o principal compartimento da composição corporal alterado em pessoas com HIV/AIDS, mesmo em uso de TARV. A depleção grave da MMC é um fator capaz de predizer mortalidade, independentemente do peso corporal, do CD4. Angulo de fase - Marcador independente de prognóstico nesses pacientes. Valores< 5,3º associam-se com maior risco de mortalidade · Medidas antropométricas básicas · Recomendável a avaliação da imagem corporal Avaliação bioquímica: · Disfunção imunológica = marcadores de inflamação (PCR) · Alterações do metabolismo proteico (hormônios anabólicos, creatinina, nitrogênio urinário, GH e IGF-1) · Alterações na sensibilidade insulínica (glicose e insulina) · Alteração lipídica (colesterol e frações, TAG) · Acidose lática (Ph sanguíneo)· Albumina, contagem total de linfócitos, CD4, CD8, carga viral · Avaliação das funções renais e hepáticas, concentração sérica de eletrólitos, zinco, selênio, vitamina A e vitamina B12 (associados com a progressão da doença) · Outros efeitos colaterais das TARVs e outros medicamentos (hemoglobina, hematócrito, transferrina, vitamina B12, ect) ooo On Avaliação da dieta - atenção especial em vitaminas co complexo B, vitaminas A, D, E, selênio e zinco. Objetivos dietoterápicos em HIV: · Prevenção, redução ou eliminação da subnutrição · Prevenção ou manejo das doenças crônicas associadas, possivelmente por meio da redução da inflamação sistêmica Cálculo energético HIV: · 20-25 kcal/kg de peso atual (redução do peso) · 30-35 kcal/kg de peso atual (manutenção de peso) · 35-40 kcal/kg de peso atual (aumento de peso) Harris & Benedict: Homens: 66,5 + (13,75 x P) + (5 x E) – (6,77 x I) Mulheres: 655,1 + (9,65 x P) + (1,85 x E) – (4,68 x I) Fator injúria AIDS = 1,4 ou + 40% Cálculo proteico HIV: · 0,6 - 1,0 g/kg peso atual - insuficiência renal · 0,8 - 1,5 g/kg de peso atual - assintomáticos/manutenção de peso Lipídeos: · Deve seguir o recomendado para população em geral, ou seja, 20 a 35% do VET · A oferta de gorduras saturadas, gorduras trans e colesterol segue o recomendado para população em geral · Mudanças na dieta são recomendadas para controlar o perfil lipídico mais aterogênico associado com a DCV nesses pacientes Para pacientes com má absorção ou diarréia - usar TCM Recomendações para dislipidemia em casos de lipodistrofia Carboidratos e fibras: · Também seguir o recomendado para população saudável - em torno de 45 a 65% do VET · Sugere-se que haja inclusão de cho complexos e de baixa carga glicêmica, para evitar a resistência insulínica · A restrição de cho simples depende das condições clínicas individuais e da presença de resistência insulínica ou diabetes · Fibras - 25 a 30g/dia, ajustando-se essa quantidade e o tipo de fibras às necessidades de cada paciente, de acordo com a presença de diarreia ou constipação Micronutrientes: · Necessidade aumentada de micronutrientes em especial potencialmente anti-inframatórios · Suplementação com vitamina A, zinco e ferro deve ser realizada com cuidado, pois alguns estudos demonstram efeitos adversos da suplementação desses micronutrientes em pacientes com aids · Dieta variada e colorida · Vit A, B12, vit E, Zinco, Vit C, Selênio Características da dieta: · Imunomoduladores: · Glutamina: fonte energética para células do sistema imune e controle da diarreia (Suplementação de glutamina - 30g/dia) · Arginina: Aumenta a ativação de linfócitos T e melhora a imunidade celular · Ômega 3: Ganho de peso corporal e aumento da contagem de células CD4 de pacientes infectados pelo HIV (Suplementação de W3 por 3 meses) · Probióticos: Indicada para paciente pediátrico com HIV · Ômega 3 para tratamento de lipodistrofia: 2 a 3 gramas Outras recomendações: · Necessidade de líquidos: 30 - 35 ml/kg de peso · Diarréia: reduzir fibras insolúveis, lactose, gorduras, alimentos fontes de cafeína · Estimular atividades físicas com foco em ganho de massa muscular Manejo dietético na prática: · Fracionamento das refeições · Distribuição dos nutrientes (macro e micronutrientes) · Aumento calórico quando necessário: uso de óleos vegetais, leite em pó, etc · Preparações estratégicas como sucos, bolos, vitaminas, caldos · Atenção ao uso excessivo do açúcar Diarréia: · Dieta com consistência branda, preferir raízes, tubérculos e carnes magras · Ingestão de líquidos · Fracionamento da dieta · Manejo de fibras: aumentar solúveis e diminuir insolúveis (evitar cascas e folhas cruas) · Evitar cafeína · Evitar leite fluído · Suplementação de TCM, Glutamina, Zinco e filhas solúveis Inapetência: · Aumento no número de refeições por dia · Grande densidade energética proteica por refeição · Sucos podem ser suplementados com maltodextrina ou waxy maize sem sabor · Refeições em temperatura ambiente a fria Deglutição alterada: · Alimentos líquidos, pastosos ou de consistência macia (frios ou temperatura ambiente) · Estimular o apetite com alimentos preferidos, podem ser amassados ou batidos · Evitar fibras cruas como saladas e frutas duras · Evitar alimentos ácidos, salgados, condimentados e picantes TN: · Paciente apresenta significante perda de peso (> 5% em 3 meses) · Depleção da MCC ( > 5% em 3 meses) · A TN deve ser também considerada em pacientes com IMC <18 kg/m²
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