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17/07 - SEDF: TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS - Fernando Sousa “Em artigo publicado em 1981, Dermeval Saviani descreveu com muita propriedade certas confusões que se emaranham na cabeça de professores. Após caracterizar a pedagogia tradicional e a pedagogia nova, indicou, para a época, o aparecimento, da tendência tecnicista e das teorias critico-re- produtivistas, todas incidindo sobre o pro- fessor. Ele escreve: "Os professores têm na cabeça o movimento e os princípios da escola nova. A realidade, porém, não oferece aos pro- fessores condições para instaurar a escola nova, porque a realidade em que atuam é tradicional. (...) Mas o drama do profes- sor não termina, aí. A essa contradição se acrescenta uma outra: além de constatar que as condições concretas não correspon- dem à sua crença, o professor se vê pres- sionado pela pedagogia oficial que prega a racionalidade e produtividade do sistema e do seu trabalho, isto é, ênfase, nos meios (tecnicismo).(...) Ai o quadro contraditório em que se encon- tra o professor: sua cabeça é escolanovista a realidade é tradicional;"(...) rejeita o tec- nicismo porque sente-se violentado pela ideologia oficial; não aceita a linha crítica porque não quer receber a denominação de agente repressor”. Dermeval Saviani, José Carlos Libâneo, Cipriano Luckesi e Mizukami dedicaram estudos para compreender as concepções, pressupostos e a função social da educa- ção-escola em diferentes momentos histó- ricos. A essa sistematização, emerge a ne- cessidade de compreensão das Tendências Pedagógicas na Prática Escolar. Julgue os itens a seguir no que diz respeito a essa temática: 01. A pedagogia Progressista sustenta a idéia de que a escola tem por função pre- parar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais, por isso os indivíduos precisam aprender a se adaptar aos valores e às nor- mas vigentes na sociedade de classes atra- vés do desenvolvimento da cultura indivi- dual. 02. O termo “Liberal”; emprestado de Sny- ders9 , é usado aqui para designar as ten- dências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicita- mente as finalidades sociopolíticas da edu- cação. Evidentemente a pedagogia pro- gressista não tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista; daí ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais. 3- Para desenvolver a abordagem das ten- dências pedagógicas utilizamos como crité- rio a posição que cada tendência adota em relação às finalidades sociais da escola. As- sim vamos organizar o conjunto das peda- gogias em dois grupos, conforme aparece a seguir: 1. Pedagogia Progressista: 1.1 tradicio- nal 1.2 renovada progressivista 1.3 renovada não-diretiva 1. 1.4 tecnicista 2.Pedagogia li- beral 2.1 libertadora 2.2 libertária 2.3 crítico- -social dos conteúdos. 4- Na Pedagogia Tecnicista a atuação da escola consiste na preparação intelectual e moral dos alunos para assumir sua posi- ção na sociedade. O compromisso da es- cola é com a cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade. O caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. Assim, os menos capazes devem lutar para supe- rar suas dificuldades e conquistar seu lugar junto aos mais capazes. 5- Na Pedagogia Tecnicista a finalidade da escola é adequar as necessidades indivi- duais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto possível, a vida. Todo ser dispõe dentro de si mesmo de mecanismos de adaptação progressiva ao meio e de uma consequente integração dessas formas de adaptação no comportamento. 6- Na Pedagogia Renovada Progressivista acentua-se o papel da escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo esforço está em estabelecer um clima favo- rável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às solicita- ções do ambiente. 7- Nos pressupostos da Pedagogia Tradicio- nal, num sistema social harmônico, orgânico e funcional, a escola funciona como mode- ladora do comportamento humano, através de técnicas especificas. A educação escolar compete organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que os indivíduos se integrem na máquina do sis- tema social global. 8- Para a Pedagogia Libertária não é próprio falar em ensino escolar, já que sua marca é a atuação "não-formal". Entretanto, profes- sores e educadores engajados no ensino escolar vêm adotando pressupostos dessa pedagogia. Assim, quando se fala na educa- ção em geral, diz-se que ela é uma ativida- de onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual ex- traem o conteúdo de aprendizagem, atin- gem um nível de consciência dessa mes- ma realidade, a- fim de nela atuarem, num sentido de transformação social. Os temas geradores estabelecem uma relação de sig- nificação com a experiência social e política. 9- A pedagogia Libertadora espera que a escola exerça uma transformação na perso- nalidade dos alunos num sentido libertário e autogestionário. A ideia básica é introdu- zir modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, vão "contaminando" todo o sistema. A escola instituirá, com base na participação grupal, mecanismos institucionais de mudança (assembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.), de tal forma que o aluno, uma vez atuando nas instituições " exter- nas", leve para lá tudo o que aprendeu. 10- Na Pedagogia Crítico-Social dos Conteú- dos, proposta por Paulo Freire, a difusão de conteúdos é a tarefa primordial. Não conte- údos abstratos, mas vivos, concretos e, por- tanto, indissociáveis das realidades sociais. A valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-Ia democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que de- fine uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função da pedagogia "dos conteúdos" é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas a partir das condições exis- tentes.
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