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SA - M5 PNEUMOLOGIA - M6 TUBERCULOSE Doença infecto-contagiosa causada pelo complexo Mycobacterium tuberculosis (Bacilo de Koch). · É uma bactéria aeróbica delgada, em forma de bastonete e sua parede celular é formada por lipídios, principais, o ácido micólicos que reduz a eficiência da maioria dos antibióticos e lipoarabinomanana que facilita a sobrevivência dentro do macrófago. EPIDEMIOLOGIA BRASIL, 2017 · 72.770 casos notificados · 9,5% coinfectados TB/HIV · Tem incidência alta em pessoas com HIV, pessoas privadas da liberdade, população indígena, pessoas que vivem aglomeradas e situações de pobreza. · A tuberculose é decorrente e perpetuadora da pobreza. · Devido a pandemia do COVID-19 houve um retrocesso no combate da tuberculose e houve um aumento da mortalidade. · A OMS visa o fim da TB em 2035 porém com esse retrocesso da COVID não se é mais esperado que o Brasil alcance essa meta. TRANSMISSÃO · TB ativa pulmonar ou laríngea → elimina aerossóis (gotículas de Pfluger/ perdigoto) quando fala, tosse e espirra; · PRIMOINFECÇÃO: Partículas menores e secas chamadas de núcleos de Wells que contém 1 a 2 bacilos podem ficar horas em suspensão e ser aspirado por pessoas sadias. Nela o bacilo ultrapassa os mecanismos de defesa da via respiratória, passar para os alvéolos e se multiplicam · Bacilos em roupas, lençóis e copos não dispersam em aerossóis e não têm papel na transmissão da doença; · A probabilidade da pessoa ser infectada depende de fatores exógenos: infectividade do caso fonte, duração do contato e o tipo de ambiente partilhado. · Para ser contaminado é preciso estar em um ambiente pequeno e permanecer por uma longa duração. PATOGENIA · Os bacilos que estão nos alvéolos se multiplicando podem formar um nódulo pulmonar conhecido como nódulo de Ghon. · Esses bacilos podem se disseminar por: via linfática ou por via sanguínea (focos extrapulmonares); · A pessoa ainda não está com tuberculose ativa, ainda está na primoinfecção. Devido a resistência individual, eles têm focos residuais com bacilos latentes, que poderão ou não entrar em atividade mais tarde; · 90% das pessoas ficam com a infecção latente → TB infecção latente (ILTB); · 5% não são capazes de bloquear a infecção e adoecem logo após a primo-infecção → TB primária = doença ativa. · 5% irão adoecer ao longo da vida → TB pós primária TUBERCULOSE PRIMÁRIA · É a mais grave; · Mais comum em crianças; · Forma grave de tuberculose com manifestações clínicas como febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e tosse seca ou produtiva persistente. Por vezes, a tosse não está presente e os sintomas são mais insidiosos como irritação, febre baixa e inapetência. · Acomete mais frequentemente, o terço médio e inferior dos pulmões e formas extrapulmonares são comuns. · A vacina BCG serve para prevenir essa forma de TB. TUBERCULOSE PÓS-PRIMÁRIA OU TIPO ADULTO · TB de reativação ou secundária - bacilos que estavam latentes reativam = reativação endógeno de ILTB distante; · Isso ocorre devido momentos de imunossupressão → HIV, DM, > 60 anos, uso de drogas intravenosas, medicações imunossupressoras, gastrectomia, período pós transplante, tabagismo, desnutrição e baixo peso; · Reinfecção ou infecção recente por nova exposição ao bacilo; · Acomete mais os segmentos apicais e posteriores dos lobos superiores e segmentos superiores dos lobos inferiores; · Extensão do comprometimento pulmonar - pequenos infiltrados e cavitações extensas. 1° - Raio X infantil que mostra a disseminação para o gânglio linfático - terço médio COMPLICAÇÕES DA TUBERCULOSE PULMONAR · Dano pulmonar persistente - comprometimento crônico da função pulmonar, bronquiectasia, aspergillus e aspergilose pulmonar crônica (APC); · Aspergiloma - colonização de cavidades residuais grandes por Aspergillus fumigatus → Tratamento é antifúngico e cirúrgico. DIAGNÓSTICO · SUSPEIÇÃO: Sintomas clássicos + padrões radiográficos sugestivos + história epidemiológica; · História clássica: febre vespertina, tosse, sudorese noturna, perda de apetite e inapetência. Cuidado que nem todo paciente tem tudo isso, às vezes, ele só tem tosse; · Desconfie se ele for morador de comunidade, vive em aglomerados; · Todo paciente com queixa de tosse há mais de três semanas deve realizar baciloscopia de escarro; · Pacientes imunodeprimidos podem realizar a baciloscopia mesmo que esteja em menos tempo; · Solicite baciloscopia e Raio X; BACILOSCOPIA - BAAR · Sensibilidade: 80% = lesão pulmonar cavitária ou extensa e 20% = comprometimento pulmonar mínimo; INDICAÇÕES: · Paciente com tosse há mais de 3 semanas (sintomático respiratório); · Suspeita clínica e radiológica mesmo com menor tempo de tosse; · Controle de cura da doença (paciente realiza baciloscopia todo mês durante tratamento para acompanhamento). · Duas amostra de escarro, preferencialmente pela manhã; · Amostras adicionais: indícios clínicos e radiológico compatível = diagnóstico de TB; · Baciloscopia de outros materiais biológicos quando a suspeita é TB extrapulmonar. Resultado em cruzes, quanto mais cruzes, maior a infecção. CULTURA + TESTE DE SENSIBILIDADE · Elevada especificidade e sensibilidade; · Casos pulmonares + baciloscopia negativa = cultura pode aumentar 30% o diagnóstico bacteriológico da doença; · Identifica a espécie, caracterizando se é um caso de TB ou MNTB; · Resultado demora a sair, o que necessita iniciar o tratamento mesmo sem o resultado e é por isso que não é pedido para todos os pacientes. INDICAÇÕES: · Paciente não responde ao tratamento inicial; · Recidiva após término do tratamento; · Todos casos de TB diagnosticados por TRM-TB; · Casos suspeitos de TB com TRM-TB negativo, com persistência do quadro clínico. TRM-TB · Teste de amplificação de ácidos nucleicos → detecta de DNA dos bacilos do complexo M. tuberculosis e triagem da resistência à rifampicina - técnica de PCR; · Resultado em duas horas; · Necessário solicitar cultura e TRM; · Necessário apenas uma amostra de escarro; · Sensibilidade de 90% em pacientes adultos; · Também detecta a resistência à rifampicina com sensibilidade de 95%. INDICAÇÕES: · Diagnóstico de casos novos de TB pulmonar ou laríngea; · Diagnóstico de TB extrapulmonar em materiais biológicos validados (lavado gástrico, líquor, gânglios linfáticos e outros tecidos) - sensibilidade mais baixa · Triagem da resistência à rifampicina em casos de retratamento ou casos de suspeita de falência de tratamento; · TRM também detecta bacilos mortos ou inviáveis = NÃO DEVE SER UTILIZADO PARA DIAGNÓSTICO EM CASOS DE RETRATAMENTO RADIOGRAFIA DE TÓRAX · Exame de escolha na avaliação inicial e acompanhamento da TB pulmonar; · Identifica o nível de comprometimento pulmonar. INDICAÇÕES: · Todo paciente com suspeita clínica de TB pulmonar associada a exames laboratoriais (baciloscopia, culturas e/ou TRM-TB); · Pacientes com diagnóstico bacteriológico de TB = excluir outra doença pulmonar associada, avaliar a extensão das lesões e a evolução radiológica durante o tratamento. Quando o Raio X não for suficiente e necessitar de maior investigação dos diagnósticos diferenciais, deve-se solicitar TC. TOMOGRAFIA DE TÓRAX · Mais sensível para avaliação das alterações anatômicas; · Indicada na suspeita de TB pulmonar com radiografia de tórax normal e para diferenciação com outras doenças pulmonares → Casos de HIV positivo (pode ter até baciloscopia positiva) 1° Cavitações 2° Nódulos difusos - aspecto de árvore em brotação BIÓPSIA INDICAÇÕES: · Investigação das formas pulmonares (doença difusa) e formas extrapulmonares; · Histopatológico: granuloma com necrose de caseificação; · Baciloscopia (BAAR) no fragmento de tecido; · NEGATIVA - pacientes não imunossuprimidos · POSITIVA - imunossupressão avançada (nestes granuloma é incomum) Confirmação por cultura do fragmento de tecido TUBERCULOSE MILIAR É GRAVE!! = imunossupressão · Disseminação hematogênica dos bacilos da TB, pode ocorrer tanto na forma primária quanto na forma pós primária da doença; · Opacidades nodulares difusas/ Nóduloscentronodulares difusos = granulomas; · Radiografia: padrão reticulonodular miliar, grandes infiltrados intersticiais e derrame pleural; DIAGNÓSTICO · BAAR negativo na maioria dos casos; · Broncoscopia com lavado broncoalveolar e biópsia transbrônquica = confirmação bacteriológica; · Biópsia medula óssea e fígado costumam identificar o granuloma. DIAGNÓSTICO/ COLETA DE AMOSTRA ESCARRO INDUZIDO · Quando a pessoa não produz escarro suficiente para amostra; · TÉCNICA: nebulização em aparelho ultrassônico com solução salina hipertônica (5 mL de NaCl 3% a 5%) INDICAÇÕES: · Pacientes com forte suspeição clínica para TB pulmonar, mas não conseguem colher amostra adequada de material proveniente da árvore brônquica (sai mais saliva que escarro); Escarro = baciloscopia, culturas e TRM-TB BRONCOSCOPIA COM ESCOVADO BRÔNQUICO, LAVADO BRONCOALVEOLAR OU BIÓPSIA BRÔNQUICA OU TRANSBRÔNQUICA · As amostras coletadas devem ser enviadas para BAAR, culturas e TRM-TB e histopatológico. INDICAÇÕES: · Pacientes cujas anormalidades radiológicas possam sugerir outros diagnósticos adicionais. PROCEDIMENTOS INVASIVOS · Suspeita de TB extrapulmonar; · Além de amostras de locais acometidos (líquor = meningite tuberculosa, líquido pleural - TB pleural), biópsia e cultura de medula óssea e tecido hepático tem bom resultado em TB miliar, especialmente entre pacientes portadores de HIV. DIAGNÓSTICO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS PACIENTE VIVENDO COM HIV OMS: Adultos e adolescentes infectados pelo HIV devem ser questionados em todas as visitas aos serviços de saúde sobre a presença dos sintomas de tosse independente do tempo de duração, febre, perda de peso e sudorese noturna. Recomenda-se a investigação diagnóstica de TB em presença de qualquer um dos sintomas acima. A TB é uma causa importante de morte nesta população. · TRM-TB é a opção diagnóstica inicial · BAAR é frequentemente negativo · 40% casos são pulmonares e diagnosticados por cultura → padrão ouro O resultado da cultura demora, então se faz o TRM-TB e já começa o tratamento. A cultura confirma posteriormente. TB PLEURAL Pode ocorrer apenas um derrame pleural isolado em casos de infecção primária recente por acúmulo de líquido em resposta de hipersensibilidade aos antígenos micobacterianos = Derrame pleural associado à doença parenquimatosa contígua → doença pós primária · Na toracocentese sai um exsudato com neutrófilos em estágio inicial ou linfócitos em estágios avançados; · Baixo rendimento da baciloscopia (< 5%) e cultura (< 15%) = líquido; · Adenosina deaminase (ADA) - valores muitos baixos exclui TB · Biópsia pleural - granulomas e/ou cultura de fragmento positiva em 80% dos casos; · TRM-TB fragmento 75% dos casos e cultura escarro induzido em 50%, mesmo sem lesão pulmonar; · EMPIEMA PLEURAL → Ruptura de cavidade com extravasamento para espaço pleural através de uma fístula broncopleural = PIOPNEUMOTÓRAX → drenagem e medicamentos · Líquido pleural espesso e purulento, grande número de linfócitos - BAAR e cultural pleural. TB GANGLIONAR · Aumento subagudo-indolor e assimétrico dos linfonodos supraclaviculares e cervicais anterior e posterior; · Doença pulmonar associada em 50% dos casos; DIAGNÓSTICO · Biópsia por aspiração por agulha fina (80%) ou biópsia excisional - lesões granulomatosas com ou sem BAAR; · Cultura positiva em 70-80% casos; · Em pacientes HIV = maior rendimento BAAR e cultura (fragmento ou aspiração); TRATAMENTO OBJETIVOS: · Atividade bactericida precoce → capacidade de matar a maior quantidade de bacilos o mais rapidamente possível para diminuir a transmissão da doença. Após duas a três semanas de tratamento há significativa capacidade de transmissão de bacilos pelos indivíduos doentes. · Prevenir a emergência de bacilos resistentes · Atividade esterilizante → Capacidade de eliminar todos os bacilos presentes no paciente para evitar recidiva da TB. ESQUEMA BÁSICO PARA ADULTOS E ADOLESCENTES ACIMA DOS 10 ANOS FASE INTENSIVA: Reduzir rapidamente a população bacilar e eliminar os bacilos com resistência natural a algum medicamento = BACTERICIDA Consequente a redução rápida da população bacilar é a diminuição de contágio FASE DE MANUTENÇÃO: Eliminar bacilos latentes ou persistentes e reduzir possibilidade recidiva da doença = ESTERILIZANTE DURAÇÃO DE 6 MESES: 2 meses de intensiva e 4 meses de manutenção. Com a ingestão dos comprimidos juntos em jejum, essa orientação pode ser ajustada devido aos efeitos colaterais. EM CASOS DE DIAGNÓSTICO DE HIV E TB JUNTOS Trata-se primeiro a TB e depois de 2 meses inicia o tratamento antirretroviral (depois da fase de ataque); Em alguns casos, como abaixo o tratamento é iniciado mais precocemente. Em pacientes com TB no SNC (TB meningoencefálica), o TARV deve ser iniciado dois meses após o início do tratamento da TB em decorrência do maior percentual de reações adversas e hipertensão intracraniana levando à maior mortalidade. Nesses casos, o TARV precoce não apresenta benefício. Usar os dois tratamento juntos aumenta as reações adversas, pacientes já em uso de TARV já estão acostumados com o tratamento, mas no inicio não. REAÇÕES ADVERSAS REAÇÕES MENORES QUE BASTA MEDICAR E/OU ORIENTAR · Suor e urina de cor avermelhada é NORMAL, é esperado, perguntar se ocorre para o paciente para verificar se ele realmente está tomando os remédios; REAÇÕES MAIORES QUE INDICAM SUSPENSÃO DO TRATAMENTO: 2 H Z E Lfx = 2 meses de isoniazida, pirazinamida, etambutol e levofloxacina Muda o tempo de tratamento TB RESISTENTE AOS FÁRMACOS RESISTÊNCIA PRIMÁRIA: paciente infectado desde o início por uma cepa resistente a fármacos; RESISTÊNCIA ADQUIRIDA: se desenvolve por um tto inapropriado; · Falta de adesão ao tratamento; · Falha de tratamento; · Realizar teste de sensibilidade para fármacos de primeira e segunda linha; · Triagem TRM-TB → para resistência à rifampicina MONORRESISTÊNCIA: resistência a somente um fármaco anti-TB, rifampicina e isoniazida são mais preocupantes; POLIRRESISTÊNCIA: resistente a dois ou mais fármacos anti-TB; exceto à associação de rifampicina e isoniazida pois já é multirresistente. MULTIRRESISTENTE (TB MDR): Resistência à, no mínimo, rifampicina e isoniazida (os dois fármacos mais importantes no tratamento da TB). RESISTÊNCIA EXTENSIVA (TB XDR): resistência à rifampicina e isoniazida + fluoroquinolona e aos injetáveis de segunda linha. PREVENÇÃO · Adequada ventilação dos locais de moradia e de trabalho - luz natural · Paciente sintomático usar lenço ou braço à boca ou nariz ao tossir ou espirrar - uso de máscara em ambientes fechados; · Diagnosticar e tratar imediatamente, fazer esquema terapêutico adequado e avaliação dos contactantes. INFECÇÃO LATENTE Pessoas infectadas podem permanecer assintomáticos por muito anos; Não apresentam sintomas, nem transmitem a doença; Excluir possibilidade de TB ativa = anamnese, exame clínico e radiografia de tórax DIAGNÓSTICO PROVA TUBERCULÍNICA (PT) · Inoculação intradérmica de um derivado protéico purificado do M. tuberculosis para medir a resposta imune celular a esses antígenos; · Após 48 a 72 h (até 96 h) é realizada a leitura, que consiste em medir o maior diâmetro transverso da área do endurado palpável, com régua milimetrada transparente; · = 5 mm - é TB latente · Diagnóstico de ILTB e auxilia o diagnóstico de TB ativa em crianças, em adultos não há evidências; · Casos de falso positivo - outra micobactéria e BCG recente; · Casos de falso negativo - imunossupressão, gravidez, vacina com vírus vivo há menos de 15 dias, vacina da covid se dá 30 dias, doença viral, bacteriana ou fúngica aguda, crianças menores de 3 meses e idosos acima de 65 anos; IGRA - ensaios de liberação do interferon-gama → células anteriormente sensibilizadas com antígenos da tuberculose produzem altos níveis de interferon-gama. Alternativa diagnóstica - indicações semelhantes à PT Conversão - PT com pelo menos 6 meses de diferença. TRATAMENTO PARA ILTB ESQUEMA PREFERENCIAL: RIFAPENTINA (6 cp de 150 mg = 900 mg) + ISONIAZIDA (3 cp de 300 mg= 900 mg) = 1 vez por semana durante 12 semanas ALTERNATIVA (ESQUEMA DIÁRIO): ISONIAZIDA → 5 a 10 mg/ kg/ dia até máximo 300 mg/dia por 6 a 9 meses. RIFAMPICINA → Em casos de pacientes acima de 50 anos, hepatopatas, contatos monoresistentes a isoniazida e intolerância. Dose de 10 mg/kg/dia até no máximo de 600 mg /dia por 4 a 6 meses. Marcelle Simões Cavalcanti - Curso de Medicina - 2022.2 Marcelle Simões Cavalcanti - Curso de Medicina - UFRJ - 2023.1
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