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SA - M5 ENDOCRINOLOGIA GÔNADA FEMININA FISIOLOGIA A hipófise libera GnRH que estimula a adenohipofise a liberar: prolactina, FSH e LH, TSH, ACTH e somatotrofina. O LH e FSH vão fazer os ovários liberarem progesterona e estrogênio. AMENORRÉIA · Ausência de fluxo menstrual temporário ou definitivo sem a presença de causas fisiológicas como gestação, lactação ou menopausa. · Pode ser: · PRIMÁRIA - Ausência de menstruação sem que tenha ocorrido menarca (sem desenvolvimento puberal até os 14 anos ou independente dos caracteres sexuais até os 16 anos); · SECUNDÁRIA - Ausência de menstruação por um período de 3 meses consecutivos em uma mulher que já tenha menstruado previamente. CLASSIFICAÇÃO 1. ALTERAÇÃO DO TRATO REPRODUTIVO · PRIMÁRIA · Fusão ou aglutinação labial · Hímen imperfurado · Agenesia vaginal · Ausência congênita do útero · SECUNDÁRIA · Síndrome de Asherman (sinéquias/ adesão uterinas) 2. INSUFICIÊNCIA OVARIANA PRIMÁRIA · Depleção de oócitos - deficiência estrogênica · FOP - falencia ovariana prematura (esporádica ou autoimune) → menarca ausente, amenorréia secundária (menopausa antes dos 40 anos) e menopausa precoce; · Causas genéticas: Síndrome de Turner [cariótipo 45, X] · Forma clássica: BE, pescoço alado, amenorréia primária, palato em ogiva, hipertelorismo mamário e imaturidade sexual. · Forma incompleta: inicialmente menstruam mas evoluem com amenorréia secundária (ovários digenéticos) · Iatrogênicas · Radioterapia · Quimioterapia · Cirurgia 3. ANOVULAÇÃO CRÔNICA COM ESTROGÊNIO PRESENTE · Síndrome dos ovários policísticos (SOP) · Obesidade · Tumores adrenais e ovarianos · Doença tireoidiana · Síndrome de Cushing · Hiperplasia congênita da suprarrenal não clássica 4. CAUSAS CENTRAIS (hipotalâmicas e hipofisárias) · DISTÚRBIOS ADQUIRIDOS · Amenorréia hipotalâmica funcional (baixo peso ou atividade física excessiva - ginastas, bailarinas, anorexia nervosa); · Hipofisite linfocitária: Síndrome de Sheehan, pós cirurgia e Rxt de tumores da região selar · Hiperprolactinemia; · DISTÚRBIOS GENÉTICOS · Mutações do gene do receptor do GnRH; · Deficiência de GnRH + Anosmia (Síndrome de Kallmann); · Mutações no gene FSH beta; · Mutações no gene LH beta. HISTÓRIA E EXAME FÍSICO DA AMENORRÉIA · Crescimento e desenvolvimento; · Trato reprodutor; · História familiar de anomalias congênitas; · Estresse emocional, disfunção psicológica; · Problemas físico-nutricionais; · Doença do SNC; · Sinais/sintomas de disfunção tireoidiana; · Galactorréia; · Caracteres sexuais secundários. SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS - SOP FISIOPATOLOGIA · GENÉTICA: história familiar · DISFUNÇÃO NEUROENDÓCRINA: aumento da frequência de pulso e amplitude do LH · DEFICIÊNCIA ENZIMÁTICA: alteração da síntese de esteróides ovarianos - aumento dos andrógenos ovarianos · ALTERAÇÃO DA ADRENAL: aumento dos andrógeno adrenais · ALTERAÇÃO ÚNICA NA AÇÃO E SECREÇÃO DE INSULINA: hiperinsulinemia e resistência a insulina · Alteração bioquímica central e de provável origem hereditária · Insulina atua nos receptores de insulina, nos receptores de IGF-1 ou receptores híbridos · Aumento da produção de andrógenos ovarianos e da atividade da 17-hidroxilase → aumento da testosterona CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS · NECESSÁRIA A PRESENÇA DE PELO MENOS 2 DOS SEGUINTES ITENS: · Oligo e/ou anovulação · Hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial · Ovários policísticos à USG · Volume ovariano > 10 mL ou ≥ 12 cistos foliculares entre 2 e 9 mm · Exclusão de outras etiologias: hiperplasia adrenal congênita, tumores secretores de androgênios e síndrome de Cushing FENÓTIPO VARIÁVEL · Fenótipo clássico · Fenótipo ovulatório · Fenótipo não hiperandrogênicas SINAIS CLÍNICOS · Hirsutismo · Acne · Obesidade andróide (cintura > 88 cm) · Acantose nigricans · Obesidade · Resistência insulínica · Maior risco de IGT (30-40%)/ DM2 (10%) · Dislipidemia (aumento de triglicerídeos e LDL e redução de HDL) · Maior risco de HAS · Maior risco de doença cardiovascular EXAMES LABORATORIAIS · LH/FSH > 2 ou normal · Aumento da testosterona normal e livre e redução da SHBG; · Aumento da prolactina em alguns casos; · Intolerância à glicose (glicose 2h após sobrecarga entre 140-200 mg/dL) · Hiperinsulinismo · Lipidograma (aumento do triglicerideos e redução da HDL) DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS · Hirsutismo idiopático · Acromegalia · Hiperprolactinemia · Disfunções tireoidianas TRATAMENTO · INFERTILIDADE · AF e redução de peso (obesidade) · Acetato de clomifeno 50 a 100 mg/dia por 5 dias e metformina · GnRH em pulsos · DISFUNÇÃO MENSTRUAL E PREVENÇÃO DO CÂNCER DO ENDOMÉTRIO · Contraceptivos hormonal oral (melhora do hirsutismo em 60-100%) · Opção para anticoncepcional com progesterona com baixa atividade androgênica: acetato de ciproterona, drospirenona, clormadinona (+ etinilestradiol < 30 mg); ou somente progestógeno durante 10 dias a cada 30 dias. · HIRSUTISMO · Anticoncepcional - efeito apenas após 6 meses de tratamento · Eletrodepilação a laser · Vaniqa (creme de eflornitina a 13,9%): aplicar 2x/dia - inibição enzimática, evitando crescimento do pelo; · SEM RESPOSTA SATISFATÓRIA: · Antiandrógenos (ciproterona, espironolactona [mais usada - até 200 mg/dia] e flutamida [não mais usada - hepatotoxicidade]) MIOINOSITOL Ele pertence ao complexo da vitamina B e é uma substância mediadora de vários processos celulares, com efeitos positivos no metabolismo das mulheres com SOP. Recentes estudos demonstraram que a qualidade dos óvulos e dos embriões depende do ambiente onde eles se desenvolvem. O inositol faz parte deste ambiente e sua presença em altos níveis no fluido folicular relaciona-se com boa qualidade dos óvulos, e sua suplementação nos tratamentos melhoram a divisão celular e consequente fertilidade. As portadoras de SOP, costumam ter deficiência da enzima produtora do inositol no corpo, e por isso, esse medicamento vem sendo amplamente indicado, pois atuam na homeostase da glicose e na transdução do sinal de insulina, além de melhorar o perfil clínico e metabólico de mulheres com SOP. A redução do hiperinsulinismo e do hiperandrogenismo auxiliam o retorno da evolução e reduzem o risco de DM, dislipidemia e doença cardiovascular; talvez conduto deva ser mantido para o resto da vida. HIRSUTISMO · Crescimento de pelo terminal em regiões androgênio-dependentes do corpo feminino (face, tórax, abdome, face interna das coxas e regiões lombossacra e glútea); · Pode manifestar-se como queixa isolada, ou como parte de um quadro clínico mais amplo, acompanhado de outros sinais hiperandrogenia: virilização, distúrbios menstruais e/ou infertilidade. FISIOPATOLOGIA · Aumento dos hormônios circulantes; · Concentrações locais de andrógenos; · Maior sensibilidade da pele - maior atividade de 5 alfa-redutase. O hirsutismo não é uma doença, mas sim, uma manifestação de hiperandrogenemia ou aumento da sensibilidade aos androgênios circulantes. As causas mais comuns são: SOP e hirsutismo idiopático [hirsutismo presente, na ausência de níveis elevados de andrógenos circulantes, em mulheres com menstruação ovulatórias e US com morfologia ovariana normal] . Incomuns: uso de drogas como: anabolizantes, diazóxido, glicocorticóides; hiperplasia congênita adrenal; síndrome de cushing; tumores adrenais. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA ESCALA DE FERRIMAN-GALLWEY → ZERO - Ausência de pêlos terminais → 4 - equivalente à um homem adulto PONTO DE CORTE: 8 · LEVE: 8 a 15 · MODERADO: 16 a 25 · GRAVE: > 25 HISTÓRIA CLÍNICA · Avaliar disfunções menstruais; · Idade da pubarca e menarca. EXAME FÍSICO · Avaliar presença de acne, alopécia, clitoromegalia, mudança de tom de voz, acantose nigricans, IMC e PA. AVALIAÇÃO LABORATORIAL · Hormônios basais (fase folicular) · Testosterona livre (TT > 200 ng/ml - sugere tumor secretor de andrógeno); · LH e FSH; · SDHEA e DHEA (contribui pouco); · 17-OH progesterona (suspeita de HSRC); · Prolactina (casos de galactorréia e/ou distúrbios mentais) · USG (morfologia dos ovários); · TC de abdome (glândulas adrenais). TRATAMENTO Não curativo/ crônico com anticoncepcionalResultadoapós 6 meses; · Individualizar as características e as expectativas de cada paciente; · Tratar causa de base MEDIDAS COSMÉTICAS · Técnicas depiladoras - cera, raspagem, cremes depilatórios químicos → remoção temporária; · Eletrólise e laser → remoção definitiva · Descoloração FARMACOLÓGICO · Anticoncepcional- mais utilizados/ uso de progestágenos com baixa androgenicidade (desogestrel e gestodeno) ou ação antiandrogênica (acetato ciproterona, clormadinona e drospirenona); · Antiandrogênios · Inibidores da enzima 5 alfa - redutase (Finasterida) · Bloqueadores do receptor androgênico (Acetato de ciproterona e espironolactona) · Metformina - SOP · GnRH - inibe esteroidogênese ovariana (custo alto e pouco usado) · Eflornitina (Vaniqa) - tópico, 2x/dia (retarda crescimento do pelo) Marcelle Simões Cavalcanti - Curso de Medicina - 2022.2 Marcelle Simões Cavalcanti - Endocrinologia - Curso de Medicina - M6 - UFRJ - 2023.1
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