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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 ORIGEM DA ACUNPUTURA ...................................................................... 5 2.1 História da acupuntura na China .......................................................... 6 2.2 Acupuntura no Brasil ............................................................................ 8 2.3 Os princípios da acupuntura ................................................................. 9 2.4 Acupuntura e os meridianos energéticos ........................................... 11 3 DIFERENÇA ENTRE ACUPUNTURA SISTÊMICA E ACUPUNTURA DE MICROSSISTEMAS .................................................................................................. 15 3.1 Acupuntura sistêmica ......................................................................... 16 4 MECANISMOS DE MERIDIANOS NA APLICAÇÃO DE AGULHAS OU PRESSÃO ................................................................................................................. 18 4.1 Acupuntura sistêmica ......................................................................... 19 5 AURICULOTERAPIA ................................................................................ 22 6 TÉCNICAS DE ACUPUNTURA IDEAIS A CADA PACIENTE .................. 24 6.1 Eletroacupuntura e laserterapia ......................................................... 28 7 O DIREITO DE PRATICAR A ACUPUNTURA NO BRASIL ..................... 30 7.1 Aspectos legais da acupuntura no Brasil............................................ 30 7.2 Conflito legal ....................................................................................... 31 7.3 Sobre o direito de praticar a acupuntura no Brasil ............................. 34 7.4 Regulamentação da acupuntura ........................................................ 35 8 MÉTODOS DE APLICAÇÃO .................................................................... 37 8.1 Agulha Filiforme: ................................................................................ 38 8.2 Inserção sem Mandril ......................................................................... 39 8.3 Ângulos de Inserção ........................................................................... 40 8.4 Formas de Procurar o Qi .................................................................... 41 8.5 Formas de Reter o QI ......................................................................... 41 3 8.6 Cuidados ............................................................................................ 43 8.7 Método de Tonificação (Reforço) Sedação (Redução)....................... 43 9 APLICAÇÕES DA ACUPUNTURA para tratamento saúde mental ........... 44 10 ACUPUNTURA NA ESTÉTICA CORPORAL ........................................ 46 11 ACUPUNTURA NAS AFECÇÕES ESTÉTICAS CORPORAIS.............. 52 12 ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DE OBESIDADE E ESTRIAS ...... 55 14 ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA INSÔNIA ................................ 58 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 61 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 ORIGEM DA ACUNPUTURA Fonte: hong.com A história da medicina tradicional chinesa está vinculada ao raciocínio chinês e, consequentemente, à cultura oriental. Suas teorias básicas estão intimamente vinculadas à gênese da acupuntura, assim como seus conceitos e princípios. A difusão da medicina oriental para o ocidente foi de suma importância. A Organização Mundial da Saúde já a reconhece e, no Brasil, a prática de acupuntura integrou-se ao SUS como uma das terapias complementares (BARROCO, 2018). Segundo Barroco (2018) a medicina tradicional chinesa é muito antiga. Seus primórdios estão relacionados com a medicina primitiva do Oriente, iniciada no período pré-histórico a partir do instinto de preservação da espécie, acumulando, transmitindo e aprimorando experiências ao longo dos anos. A acupuntura foi praticada na China vários séculos antes de Cristo e até hoje faz parte da medicina oriental, sendo um dos mais importantes conjuntos de técnicas. Sugere-se que a medicina oriental tenha iniciado há cerca de 5 mil anos, mas, entre diferentes autores, há algumas variações em relação a esta estimativa, pois são poucos os registros históricos e documentais preservados. O desenvolvimento e a prática da acupuntura foram intensos no Oriente. Nos últimos séculos, começou a ganhar espaço no Ocidente, elaborando terapias complementares com efeitos preventivos e curativos na medicina, além de aplicações estéticas. 6 Um dos grandes legados do povo chinês para a humanidade é sua medicina tradicional. A acupuntura, parte importante desse legado, está sendo cada vez mais difundida e permeando o Ocidente. Surgem mais profissionais atuando nessa área, assim como pacientes usufruindo dessa maravilhosa potencialidade no campo da saúde. Há um grande arsenal de técnicas, na medicina oriental, que podem tanto ser combinadas a práticas ocidentais como utilizadas de forma alternativa. A mais conhecida, é a acupuntura sistêmica, que se caracteriza pela inserção de agulhas em diversos locais do corpo. Há também a auriculoterapia, um tipo de acupuntura em microssistemas. Ela explora o pavilhão auricular, não se limitando ao órgão auditivo, mas usufruindo da sua relação com os órgãos internos (Zang Fu) e com os meridianos energéticos. As técnicas de acupuntura sistêmica e de auriculoterapia podem ser empregadas de forma específica ou integradas de forma complementar para fins clínicos e estéticos (BARROCO, 2018). 2.1 História da acupuntura na China A medicina primitiva pré-histórica se desenvolveu em algumas regiões da China a partir de uma multiplicidade de experiências, transmitidas informalmente ao longo dos anos, de geração em geração, acumulando e aprimorando informações. Há um acervo de registros chineses citando imperadores lendários que participaram não apenas da evolução da cultura oriental, mas também da consolidação das bases da sua medicina (BARROCO, 2018). Ao imperador lendário Fuxi, atribui-se a descoberta do fogo e a construção da base do I Ching, ou “Livro das Mutações”. Este é um texto clássico chinês, composto de contribuições sobrepostas ao longo do tempo. Foi utilizado como oráculo, pois interpreta simbolicamente toda a natureza e suas transformações, considerando que todos os fenômenos do universo dependem dos dois polos Yin e Yang e seus estágios intermediários. Nele, temos a referência mais antiga a essa teoria fundamental da cultura e medicina chinesa, justamente a teoria Yin e Yang. Shen Nongfoi outro imperador lendário, a quem se atribuiu a criação da agricultura e a utilização das plantas com fins medicinais. “O Herbário Clássico”, de Shen Nong é o texto mais antigo relacionado a este tópico. Também conhecido como Shen Nong Ben Cao Jing. O primeiro livro a tratar da medicina tradicional chinesa em sua totalidade foi Huangdi 7 Nei Jing ("O Clássico da Medicina Interna do Imperador"). A experiência clínica é apresentada no texto por meio de perguntas e respostas do Imperador (o Imperador da China na época) com seus altos funcionários (médicos), tratando de fisiologia, manejo de doenças, como manter a saúde evitando doenças e técnicas de acupuntura (BARROCO, 2018). Durante as dinastias Zhou, Qin e Han (1122 a.C. a 26 d.C.), as práticas foram testadas e sistematizadas, ampliadas e detalhadas os conceitos de patologia e princípios de tratamento, desenvolvidas para desenvolver um sistema de saúde integral. Surgiram grandes clássicos, como Nan Jing e Shang HanLun (“Tratado das Doenças Febris”). Durante as dinastias Jin e Sui (265 a 617 d.C.), a medicina apresentou-se aos trabalhos mais relevantes relacionados à ciência vascular (a técnica de avaliação do pulso na patogênese da medicina oriental). Maio Jing. Sutras sobre acupuntura e acupuntura também foram escritos nessa época por Huangfu Mi. Durante a Dinastia Tang (618-951 d C), muitos textos médicos apareceram. Wai Tai Mi Yao, também conhecido como "Segredos Médicos de um Oficial", é uma obra escrita por Wang Tao que se destaca por sua especial importância para a prática clínica da acupuntura. A grande difusão do conhecimento médico ocorreu na dinastia Song (952 a 1278 d.C.) com a impressão e propagação de textos da área. A medicina chinesa avançou até o império Mongol, nas dinastias Jin e Yuan (1115 a 1367 d.C.). Nessa época, foram desenvolvidas algumas grandes obras, como Shi Si JingFaHui (“Exposição dos Quatorze Canais”), NanJing Ben Yi (“O Real Significado do Clássico das Dificuldades”) e Zhen Jia Shu Yao (“O Essencial para os Clínicos”). Os grandes textos da dinastia Ming (1368 a 1661 d.C.) são Lei Jing, (“Compilação Sistemática do Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo”), por Zhang Jiebin, e ZhenJiu Ju Ying; (“A Essência da Acupuntura e da Moxabustão”, pelo autor Gao Wu. Já na dinastia seguinte (Qing, de 1662 a 1871 d.C.), algumas escolas de medicina tradicional começaram a entrar em contradição. Ao mesmo tempo, a medicina ocidental começou a ser aceita pelas classes altas do país (BARROCO, 2018). Ao longo dos anos, a medicina tradicional chinesa foi enriquecendo com grandes médicos e obras ilustres. Sua difusão pelo mundo aumentou exponencialmente. Após a revolução de 1911 e a fundação da República da China, por sua vez, também a influência ocidental no Oriente cresceu. Hoje, os dois ramos 8 da medicina trabalham juntos sob uma política formal de unificação da medicina chinesa e da medicina ocidental. 2.2 Acupuntura no Brasil Imigrantes orientais começaram a exercer a acupuntura no Brasil no final do século XIX, como prática voltada aos próprios estrangeiros. A introdução oficial da medicina oriental no Brasil foi obra do professor Frederico Spaeth, no início da década de 1950. Logo surgiu o primeiro curso de formação e, em 1961, foi fundado o Instituto Brasileiro de Acupuntura, a primeira clínica de acupuntura organizada do país. Por esta altura, a medicina chinesa tornou-se muito popular no Ocidente. Em 1972, James Reston, correspondente americano do New York Times, esteve na China com o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, e relatou sua experiência pessoal de alívio da dor com técnicas de acupuntura (BARROCO, 2018). Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que a medicina tradicional chinesa foi desenvolvida há mais de 2.000 anos, possuindo visão própria sobre a fisiologia do ser humano e seu processo de adoecimento (patologia). Suas principais características são a abordagem e o cuidado integrais e dinâmicos do indivíduo. Ela desenvolveu seu próprio conjunto de teorias que embasam o raciocínio médico, como Yin e Yang, cinco elementos, sistema de meridianos, Qi e energia vital (BARROCO, 2018). De acordo com Barroco (2018) os diagnósticos energéticos são construídos a partir de ferramentas médicas orientais, identificando possíveis desequilíbrios orgânicos, emocionais, mentais e energéticos. Assim, o diagnóstico energético não tem relação direta com o diagnóstico ocidental, o que faz com que a aplicação da acupuntura se caracterize como terapia complementar. Em todo o mundo, profissionais qualificados com diferentes níveis de formação podem praticar este método: curso de técnicas de acupuntura. Diploma em acupuntura (grau superior) e especialização médica (para graduados de outros cursos). O grau de especialização é o mais comum. A OMS apresentou um documento intitulado “Estratégia da OMS sobre Medicina Tradicional 2002- 2005” (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002), a fim de incentivar a aplicação da medicina tradicional chinesa, respeitando os requisitos de segurança, eficácia, qualidade, uso razoável e acessibilidade dos beneficiários. Em 1999, a prática da acupuntura foi incorporada ao quadro do 9 Sistema de Informação de Ambulâncias (SIA/SUS) pela Portaria nº 1230/GM (BRASIL, 1999 apud BARROCO, 2018). A Secretaria de Saúde tem contribuído para a divulgação da acupuntura ao aprovar, em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. A medicina tradicional chinesa é reconhecida como um sistema médico complexo e que pode ser empregado de forma exclusiva ou combinada com outros recursos terapêuticos. Ela pode participar em ações preventivas ou em processos de recuperação, sempre promovendo saúde. Deve-se notar que além da acupuntura, existem muitos outros métodos de cura fornecidos pela medicina oriental, como dieta, fitoterapia, práticas de corpo e mente, terapias manuais (BARROCO, 2018). 2.3 Os princípios da acupuntura A admirável capacidade de observar fenômenos da natureza e de perceber o ser humano como parte dela é a vertente dos princípios da medicina chinesa. As teorias básicas desenvolvidas são extremamente antigas mas se encaixam perfeitamente na atualidade, possuem grande capacidade de síntese e relacionam fenômenos que, aos olhos ocidentais, não teriam vínculo algum. A prática da medicina oriental é composta por diversas técnicas, que se originaram em diferentes regiões da China e evoluíram paralelamente. A vertente cultural da medicina é o raciocínio chinês, que estabelece as bases teóricas comuns a todas as formas de tratamento desenvolvidas. Esta riqueza de ramificações amplia as opções terapêuticas. (BARROCO, 2018). Raciocínio chinês “O Tao originou-se do Vazio e o Vazio produziu o Universo. O Universo produziu o Qi. O que era leve e limpo levantou-se para tornar-se o Céu, e o que era pesado e turvo solidificou-se para formar a Terra” (HuiaNanZi) (Dinastia Han, 122 a.C.). Os alicerces da medicina oriental foram delineados a partir desta ideia central, que é a base do pensamento chinês. A citação de Huia Nan Zi resume o berço das teorias básicas chinesas, apontando que o Tao, a força criadora, cria o Universo, cria 10 o Qi, a energia presente em toda a natureza. Qi se separa em sólido (Terra) e sutil (Céu), ou Yin e Yang. A partir da teoria do Yin e Yang, a compreensão chinesa foi moldada e novas teorias foram desenvolvidas, algumas com características de uma ampla gama de fenômenos, como os cinco elementos e outras, limitadas ao campo médico, como Zang Fu, conhecido como Teoria do Corpo Interno. A acupuntura considera primordial a relação entre energia e matéria para o delineamento da terapêutica. O grande objetivo do organismo na busca de se manter saudável é estar equilibrado e esse tambémé o objetivo do terapeuta ao avaliar, escolher e aplicar as técnicas (BARROCO, 2018). Para que a vida aconteça e se mantenha, são necessários os três tesouros: Shen, Jing e Qi. É a união entre: a consciência organizadora, mente ou espírito (Shen); a estrutura orgânica de vida, ou essência (Jing) e o dinamismo dos processos biológicos (Qi) para que a vida equilibrada se estabeleça. Podemos estabelecer uma breve analogia com o conceito da OMS: “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não, simplesmente, a ausência de doenças ou enfermidades” (BARROCO, 2018). A medicina oriental, desde os primórdios, percebe que não é apenas a presença ou ausência de patologia que confere vitalidade a um indivíduo e sim, o conjunto dos tesouros, atuando de forma sinérgica e equilibrada. Conceito e gênese O que conhecemos como medicina tradicional chinesa é um conjunto de técnicas O mais comum, na medida em que às vezes é entendido como sinônimo de medicina chinesa, é a acupuntura. Trata-se da prática médica de inserção de agulhas na pele para promover a saúde. Originou-se de forma terapêutica nas planícies do sul da China, utilizando pontos em regiões pré-determinadas do corpo para aplicação de agulhas. No início, era praticado com agulhas de corte de pedra, concha (tartaruga ou casco de tartaruga), bambu (vegetal) e cobre. Atualmente, as agulhas utilizadas na medicina são de aço, com diferentes tamanhos e, devido às normas de biossegurança, são de uso único (descartáveis) (BARROCO, 2018). Outro ramo da medicina chinesa é a fitoterapia, que surgiu no oeste do país a partir do consumo de sopas e decocções para fins medicinais. A farmacopeia chinesa é muito grande. Os produtos são avaliados cuidadosamente, de acordo com suas propriedades de temperatura, sabor, ação de movimento, trofismo e toxicidade. Posteriormente são combinados e sua forma de preparo é criteriosamente estipulada. 11 Existem fórmulas clássicas já descritas, incluindo suas aplicações. Porém, é possível ajustá-las à necessidade específica de um paciente. A moxabustão consiste na queima de ervas (Artemisia vulgaris) em locais específicos do corpo, sob a pele ou próximo a ela. Esse outro braço da medicina oriental se originou nas montanhas do norte da China. Na pré-história, a moxabustão era realizada com pedras aquecidas pelo sol que eram posicionadas em pontos específicos do corpo para promover calor e pressão local. Atualmente, temos várias formas de apresentar a moxa, que é feita a partir da árvore Artemísia. Podemos utilizá- la como carvão, lã e bastão, sendo esta última a forma mais comum. Há diversas práticas de aplicação de moxabustão. Em algumas aplicações, a queima da erva é feita diretamente sob a pele. Outras empregam fitoterápicos entre a pele e a erva. Há casos, ainda, o em que a queima é feita apenas próxima à pele. Trata-se de um estímulo físico-químico. As diversas técnicas de manipulação de pele e músculos, também conhecidas como massagens, foram inicialmente empregadas nas planícies centrais da China. Essas manipulações são estímulos físicos que seguem as bases das teorias chinesas. Hoje são amplamente utilizadas de forma profilática e combinadas com outras técnicas para diversos tratamentos. Este grande acervo de diferentes recursos da medicina tradicional chinesa facilita ao profissional interferir nas desarmonias dos seus pacientes e/ou clientes objetivando estabelecer o equilíbrio do organismo (BARROCO, 2018). 2.4 Acupuntura e os meridianos energéticos A acupuntura faz parte das práticas intervencionistas da medicina tradicional chinesa. A terapia segue os fundamentos teóricos e visionários de que todos os processos do nosso corpo estão em constante mudança e que os ajustes cíclicos são benéficos para o equilíbrio integral do indivíduo. Ao observar os fenômenos do corpo no processo saúde-doença, os chineses descobriram os pontos de acupuntura, locais específicos na superfície da pele que, quando pressionados ou aquecidos, aliviam a dor e ajudam a curar doenças, restabelecer o equilíbrio do corpo. A síntese desses pontos foi estudada e a relação entre eles foi estabelecida. Percebemos que certos pontos estão ligados a certos órgãos e também a outros pontos. Assim, a rede de canais tornou-se a teoria dos meridianos de energia, sistematizando os pontos de 12 acupuntura e sua relação com o fluxo de energia. Os pontos de acupuntura são espaços, reentrâncias ou caminhos pelos quais a agulha experimenta pouca resistência ao entrar. São quase dois mil pontos, dos quais 670 estão no meridiano. Esses são os mais usados (BARROCO, 2018). A estimulação de um acuponto pode produzir efeitos sistêmicos. Os meridianos de energia são canais pelos quais a energia passa, estabelecendo a unidade do corpo. Existem certas classificações, dependendo da conexão feita e do tipo de energia que flui pelo canal. Os meridianos principais estão intimamente relacionados com os órgãos internos (Zang Fu), que possuem passagens superficiais na pele, que podem ser intervencionadas através da acupuntura e canais profundos, promovendo a comunicação com os órgãos internos. Ao localizar a dor, podemos sugerir o meridiano afetado e tratar o canal em questão. Outra forma de intervenção ocorre quando queremos tratar o órgão afetado. Para tratar o estômago (E), podemos aplicar a estimulação da acupuntura na linha externa do meridiano E principal, pois a linha é rasa com a linha profunda, a partir da qual essa linha se conecta aos órgãos internos. Desta forma, o reequilíbrio energético é restabelecido. O Quadro, a seguir, indica a relação entre o meridiano principal, seu trajeto superficial e as características do órgão correspondente quando está em desequilíbrio. Relação entre o meridiano principal, seu trajeto superficial e as características do órgão correspondente quando está em desequilíbrio. Meridiano principal Trajeto superficial Características do órgão afetado Pulmão (P) Emerge próximo à axila e segue em direção à mão pela face radial até o ângulo ungueal do polegar. Mal-estar torácico, dispneia, tosse, tristeza, sudorese noturna, cansaço, choro. Intestino grosso (IG) Inicia no ângulo ungueal do dedo indicador, segue em direção ao ombro pela face póstero lateral do braço, ascende para o pescoço e vai pela mandíbula até a asa do nariz. Gengivite, odontalgia, constipação, diarreia, bocejos frequentes, boca seca, dor abdominal. 13 Estômago (E) Começa abaixo do olho, segue em direção ao canto da boca e orelha, desce pelo abdômen, segue pela coxa e perna, passando pela face lateral do joelho e terminando no ângulo ungueal do segundo dedo do pé. Desnutrição, náusea, vômito, diarreia, azia, distensão epigástrica, má digestão, sensação de fome frequente, eructação. Baço-pâncreas (BP) Surge no hálux seguindo pela região medial da perna e subindo pela região anterior do abdômen até a região torácica. Desnutrição, vômitos após alimentação, diarreia, opressão no peito, distensão abdominal, preocupação, dificuldade de concentração, excesso de pensamentos Coração (C) Emerge na axila, descende ao longo do aspecto antero-medial do braço, segue pela palma da mão até a o ângulo ungueal lateral do dedo mínimo Aperto no peito, palpitação, agitação, calor ou rubor facial, suor noturno, falta de memória, boca seca, sede, choque/trauma, euforia. Intestino delgado (ID) Inicia no ângulo ungueal medial do dedo mínimo, ascende pela porção posterior do braço, percorre a região da escápula e segue pela lateral do pescoço até a orelha Adormecimento ou formigamento da nuca, ombro e braço, zumbido no ouvido Rim (R) Começa na planta do pé, ascende pela região medial da perna, sobe pelo abdômen e termina próximo à clavícula. Cansaço, pouca resistência, impotência,distúrbios nos dentes e ossos, surdez, vertigem, cálculo renal, oligúria ou poliúria, medo Bexiga (B) Surge no canto medial do olho, sobe ao topo da cabeça e desce próximo à coluna, percorrendo o glúteo até a região atrás do joelho; sobe novamente percorrendo a região lateral à coluna e desce até ficar próximo ao maléolo lateral, finalizando no ângulo Acometimento na região posterior, distúrbios nas costas que irradiam para a perna, problemas urinários. 14 ungueal lateral do quinto dedo do pé. Pericárdio (PC) Inicia próximo ao mamilo, percorre a região anterior do braço até a palma da mão e termina na ponta do dedo médio. Irritabilidade, ansiedade, riso incontrolável, desconcentração, opressão no peito. Triplo aquecedor (TA) Emerge próximo ao ângulo ungueal medial do dedo anular, segue ao longo do aspecto posterior do antebraço, percorre ombro e trapézio, região lateral do pescoço, contorna a orelha e termina na extremidade lateral da sobrancelha Superior: tosse, transpiração espontânea. Médio: calor e suor à tarde, distensão abdominal. Inferior: edema, ascite, distúrbio genital. Vesícula biliar (VB) Começa no canto lateral do olho, percorre a região lateral da cabeça, desce pelo tronco, cintura, coxa e perna, terminando no ângulo ungueal lateral do quarto dedo do pé. Enxaqueca, problemas de visão, vertigem, vômito, indecisão, irritabilidade. Fígado (F) Surge no hálux, seguindo pelo dorso do pé e aspecto medial da perna até região a inguinal e abdominal e finaliza no sexto espaço intercostal Perturbação da visão, distúrbios menstruais, patologias de fígado, febre, icterícia, irritabilidade, raiva, insônia, alterações de tendões e fáscias Fonte: BARROCO, 2018. Conhecendo essa relação entre a acupuntura e os meridianos e os trajetos de cada meridiano, o desenho do tratamento pode ser baseado diretamente na porção superficial do meridiano afetado. As reclamações entre canais podem ser identificadas e resolvidas localmente. Um exemplo desse tipo de tratamento da dor usando um meridiano afetado pode ser um paciente que descreve a dor na área do dedão do pé que irradia do médio pé para a região do meio do joelho. Este é o processo do primeiro meridiano baço-pancreático (BP). Um desequilíbrio pode ser identificado pela sinalização da dor e podemos utilizar fontes de acupuntura diretamente neste canal, 15 através de acupontos ali, outra forma de tratamento ocorre neste caso, órgãos internos são afetados, como o coração ou o estômago (BARROCO, 2018). O meridiano correspondente foi determinado pela avaliação da compatibilidade das características citadas pelo paciente. A aplicação da acupuntura se dará de forma superficial, que entrará em contato com o órgão alvo para promover o equilíbrio energético. Como exemplo de avaliação dos sintomas, ligando-os aos órgãos afetados e aos meridianos de energia, temos as seguintes queixas: azia, má digestão e aperto epigástrico. Estes são sinais de um desequilíbrio no estômago (E). Para tratar este órgão interno, a acupuntura conduz a estimulação ao longo da linha de superfície do meridiano principal, comunicando-se com a linha visceral, e transmitirá a estimulação da acupuntura (BARROCO, 2018). 3 DIFERENÇA ENTRE ACUPUNTURA SISTÊMICA E ACUPUNTURA DE MICROSSISTEMAS Fonte: smcarefisioterapia.com A medicina tradicional está repleta de contribuições técnicas e terapêuticas na avaliação, diagnóstico e tratamento das mais diversas doenças. Dentre elas, a acupuntura pode ser dividida em acupuntura de corpo inteiro, também conhecida como macro acupuntura ou micro acupuntura. A diferença entre essas duas modalidades está em seu sistema fisiológico de ação. A acupuntura de corpo inteiro é um sistema clássico e bem conhecido de acupuntura com pontos de acupuntura e 16 meridianos que percorrem toda a superfície do corpo. A acupuntura em microssistemas trabalha com pequenos sistemas localizados em partes específicas do corpo que expressam e recebem reflexos de todo o organismo, inclusive enviando e recebendo mensagens para meridianos e órgãos internos. Um exemplo de microssistema é a acupuntura auricular, que oferece a oportunidade de uma técnica terapêutica chamada acupuntura auricular (SUTTER, 2020). 3.1 Acupuntura sistêmica Dentre as técnicas da medicina tradicional chinesa, segundo Sutter (2020) a acupuntura é a mais conhecida. Geralmente, quando o termo "acupuntura" é usado, refere-se à acupuntura de corpo inteiro, a mobilização de energia por todo o corpo, estimulando os meridianos de energia em seus ramos superficiais. As agulhas são inseridas em pontos por todo o corpo (pontos de acupressão), que podem estar dentro ou fora da linha do meridiano. Os pontos que não pertencem ao meridiano são chamados de "pontos ashi" e "pontos complementares". A seleção de pontos de acupuntura para promover o efeito é indicada no processo de desenvolvimento do protocolo de tratamento, após avaliação e diagnóstico do paciente de acordo com a medicina oriental. A combinação de pontos é projetada com foco no reequilíbrio do paciente. Na superfície da pele existem muitos pontos de acupuntura e suas funções podem ser complementares, antagônicas ou não diretamente relacionadas entre si. Ao escolher os acupontos para o tratamento, os profissionais devem atentar-se ao princípio da coordenação, pois o movimento de energia do paciente deve ser cuidadosamente simulado. A seleção de pontos também se caracteriza pelo seu equilíbrio, buscando assim o reequilíbrio do indivíduo. É necessário observar o fluxo da energia Qi pelos meridianos para que a partir da intervenção das agulhas ela possa fluir adequadamente, revertendo ou aliviando a patologia e seus sintomas (SUTTER, 2020). As regras de equilíbrio que governam as combinações de pontos são: „ponto distante e ponto local; „A parte superior e inferior do corpo; "direita e esquerda;" dianteiro e traseiro; "Yin e yang. Pontos distais e pontos locais. As técnicas de agulhamento podem ser aplicadas próximo a um local específico afetado e são mencionadas no histórico. São os chamados "pontos locais". Potencialmente atuando em "pontos distantes", fatores que contribuem para 17 encontrar o reequilíbrio, mas localizado longe do local afetado (MACIOCIA, 2014 apud SUTTER, 2020). A acupuntura na parte superior e inferior do corpo envolve uma infinidade de pontos, localizados nas regiões superior ou inferior, nas laterais do corpo, no estômago e nas costas. Ao elaborar um método de tratamento, os pontos selecionados devem considerar essas regiões de maneira uniforme, sem sobrecarregá-las ou esquecê-las (SUTTER, 2020). Direita e esquerda Os principais canais de energia são apresentados bilateralmente, ao longo do lado direito e esquerdo do indivíduo. Ao escolher os pontos para fazer um tratamento, esse grau de lado deve ser respeitado. O uso de suturas bilaterais é comum, principalmente quando o terapeuta deseja induzir efeitos mais contundentes, como punções de P5 direito e P5 esquerdo (P5 bilateral, localizado na dobra), flexão do cotovelo) para evitar tosse e tórax excessivo aperto. Assim equilibra os lados direito e esquerdo, sem sobrecarregar os dois lados. Outra forma de manter essa harmonia, do ponto de vista lateral, é utilizar dois pontos diferentes, um de cada lado, como o LI11 direito (localizado próximo ao cotovelo) e o TA5 esquerdo (localizado próximo ao cotovelo) próximo às costas dobra do pulso) para dissipar o calor. Frente e verso da mesma forma, o uso excessivo de pontos na frente ou atrás do paciente deve ser evitado. Equilíbrio é sempre bem-vindo (SUTTER, 2020). Yin e Yang Considerando que a teoria do Yin e Yang é um dos grandes fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa, por meio da qual as estruturas anatômicase fisiológicas podem ser classificadas em Yin e Yang, na hora de selecionar os pontos para estabelecer o método de tratamento, esta questão é de primordial importância. Algumas estruturas com características Yin podem ser destacadas, como as regiões inferior e medial, pré-frontal e frontal. Os principais meridianos Yin são o coração, pericárdio, baço, pâncreas, pulmões, rins e fígado. Outras estruturas possuem características Yang, como as partes superior e lateral, as regiões posteriores lateral 18 e posterior. Os principais meridianos Yang são o intestino delgado, a tríade quente, o estômago, o intestino grosso, a bexiga e a vesícula biliar. Seguindo os princípios do equilíbrio, é traçada uma seleção harmoniosa de pontos (BARROCO, 2018). 4 MECANISMOS DE MERIDIANOS NA APLICAÇÃO DE AGULHAS OU PRESSÃO Fonte: interfisio.com No corpo humano, há diversos pontos que reagem à aplicação da acupuntura. Ao se traçar linhas ligando esses pontos, obtém-se linhas longitudinais e horizontais que possuem ligação direta com os órgãos (zang) e as vísceras (fu). Em alguns meridianos nascem ramos que percorrem as cavidades do corpo e outros que estão localizados mais superficialmente (SUTTER, 2020). Sendo assim, nosso corpo é como um mapa constituído de canais que se conectam e reagem aos estímulos internos e externos. Supõe-se que a Teoria dos Meridianos foi descoberta pela observação dos estímulos dos pontos de acupuntura e relato de sensação de calor e pequenos choques percorrendo direções o corpo (WEN, 2017 apud SUTTER, 2020). Existem meridianos diferentes descritos, conforme a função que desempenham. Os mais importantes são os 12 meridianos principais, que reproduzem os dois lados do corpo, e os dois meridianos extras, passando verticalmente pelo centro do corpo e tendo como função regular o fluxo energético dos meridianos principais. Cada meridiano possui muitos pontos, que são nomeados se gundo o início 19 de sua localização. Os pontos de acupuntura descobertos até o momento não são considerados únicos. Muitos pontos continuam sendo descobertos, contribuindo para os tratamentos e evidências científicas dessa área. Os meridianos principais são: pulmão (P), intestino grosso (IG), estômago (E), baço-pâncreas (BP), coração (C), intestino delgado (ID), bexiga (B), rins (R), circulação sexo (CS), triplo aquecedor (TA), vesícula biliar (VB) e fígado (F). Os meridianos extras são: vaso da concepção (VC) e vaso governador (VG) (SUTTER, 2020). 4.1 Acupuntura sistêmica A acupuntura sistêmica emprega os fundamentos da MTC para traçar o diagnóstico e o tratamento do paciente, estimulando pontos com agulhas nas regiões do corpo. Cada pessoa é única e as queixas fazem parte de um processo próprio de hábitos, estilo de vida e relação com o ambiente. O tratamento com acupuntura é mais eficaz quando a combinação de pontos é pensada para atender as necessidades específicas de cada indivíduo. Pacientes diferentes podem manifestar um mesmo sintoma, mas o tratamento deve ser analisado de forma exclusiva para cada caso, considerando os aspectos individuais levantados na anamnese. Dessa forma, os pontos a serem aplicados não serão os mesmos. Os mecanismos de ação da acupuntura consistem em (SUTTER, 2020): Alterar a circulação sanguínea, promovendo o relaxamento muscular e diminuindo a inflamação e a dor; Promover a liberação de hormônios como o cortisol e endorfina, promovendo a analgesia; Auxiliar na imunidade, aumentando a resistência do hospedeiro e equilibrando o organismo; Regular e normalizar as funções orgânicas, além de recuperar o metabolismo, importante no processo de cura. Antes de uma sessão de acupuntura, é recomendável que o acupunturista realize um levantamento de dados do paciente, contendo anamnese completa, inspeção, exame físico e diagnóstico de língua e pulso, para poder traçar um plano adequado de tratamento com foco no paciente de forma integral. No exame físico, o 20 acupunturista deverá examinar as áreas doloridas, nódulos subcutâneos e edemas, além de verificar a temperatura da pele, descamações, alergias, etc (SUTTER, 2020). A escolha dos pontos que serão utilizados na sessão de acupuntura deve estar de acordo com a necessidade do paciente e com a avaliação realizada pelas etapas do diagnóstico. É importante que o protocolo elaborado seja reavaliado nas sessões posteriores para maior êxito no tratamento. A ação de um ponto de acupuntura é definida pelo efeito que promove no local, ou seja, mobilizar o qi (energia), expelir agentes patógenos, nutrir o sangue, entre outros (MACIOCIA, 2019 apud SUTTER, 2020). Logo após a inserção da agulha, é comum observarmos uma coloração avermelhada ao redor dela. Essa reação faz parte da resposta do organismo, sendo interpretada como um efeito positivo de ação naquele ponto com a chegada do qi. A acupuntura, por ser um método de prática clínica complexa, requer conhecimento aprofundado das bases da MTC. Pensando em simplificar o método por etapas, alguns pesquisadores contemporâneos instituíram cinco princípios fundamentais para melhorar o efeito curativo dessa prática (SUTTER, 2020): Identificar o problema e analisar a natureza da doença; Classificar o conjunto dos sintomas e síndromes; Identificar os meridianos afetados; Escolher os meridianos a serem tratados e selecionar os pontos; Selecionar os métodos de tratamento. Cada etapa está relacionada aos conhecimentos prévios que o acupunturista precisa possuir sobre as bases teóricas, incluindo as causas e a evolução das doenças segundo a MTC, o estudo dos meridianos e seus respectivos pontos, a fisiologia energética, conhecimento dos zang fu e diagnóstico. As agulhas de acupuntura são estéreis e devem ser descartadas na caixa coletora para material perfuro-cortante. As embalagens podem acondicionar uma, cinco ou 10 unidades. Assim, quando o método de tratamento requer poucas agulhas, uma embalagem com menos unidades torna-se mais econômica. Cada pacote geralmente acompanha um mandril de guia para a aplicação (SUTTER, 2020). Segundo Sutter (2020) o tamanho das agulhas varia bastante, mas as mais utilizadas são as de calibre 0,18 × 0,8 mm para auriculoterapia e/ou locais mais sensíveis à dor, como mãos e dedos, por serem menores e mais finas. As agulhas de calibre 0,25 × 30 mm são de tamanho médio, indicadas para o corpo. Já as agulhas de tamanho 25 × 40 mm são mais longas e recomendadas para regiões que exigem 21 aprofundamento, como a região glútea. Porém, há agulhas diversificadas à disposição do profissional, cabendo a ele identificar na sua prática clínica qual se adequa melhor ao tratamento almejado. Durante a sessão, é importante atentar à indicação da direção da agulha, para então direcionar o ângulo nos pontos específicos. Saber o objetivo que se pretende atingir na terapia é essencial para o tratamento ter sucesso. Os ângulos mais utilizados são (WEN, 2017): Perpendicular — ângulo de 90° com a superfície cutânea; Oblíqua — ângulo de 30° a 60° com a superfície cutânea; Horizontal — ângulo de 10° a 20° com a superfície cutânea. Além do direcionamento da agulha, é importante analisar a profundidade de inserção, pois existem fatores que implicam nessa decisão. Deve-se constatar a constituição física do paciente, pois quando estão obesos as agulhas podem ser mais aprofundadas. Já naqueles de constituição magra, a inserção deve ser mais superficial, assim como em idosos e crianças. Doenças por deficiência energética requerem menor estímulo (SUTTER, 2020). Nesses casos, as técnicas de manipulação também devem ser adaptadas para essas necessidades. Um cuidado que se deve ter na inserção das agulhas é com o risco de pneumotórax. O pneumotórax é um colapso pulmonar, sendo ocasionado nesses casos pela perfuração do pulmão pela agulha deacupuntura. O paciente sente falta de ar e pode vir a óbito se não diagnosticado brevemente e encaminhado ao hospital. Outro risco são as varizes, já que são contraindicadas as inserções de agulhas na região afetada. Como visto, é essencial ter conhecimentos e habilidades técnicas para a prática da acupuntura sistêmica (SUTTER, 2020). 22 5 AURICULOTERAPIA Fonte: champi.com A acupuntura pode ser aplicada nos microssistemas do corpo, sendo um deles o pavilhão auricular. Nesse caso, o método terapêutico realizado pela estimulação de pontos específicos da orelha é denominado acupuntura auricular ou auriculoterapia. Historicamente, ela aparece juntamente com a acupuntura sistêmica nos escritos do Nei Jing, não sendo possível ter uma noção exata de tempo em sua história. Sendo uma prática milenar, foi utilizada por diversos povos da Antiguidade, como egípcios, indianos e chineses. Inclusive Hipócrates, considerado o pai da medicina, realizava a técnica de cauterização e sangria em pontos auriculares (SUTTER, 2020). De acordo com Sutter (2020), no século XVII, as cauterizações auriculares eram utilizadas para tratar dor ciática. No ano de 1935, a prática ganhou evidência na China, com a cauterização sobre o ápice da orelha para o tratamento da conjuntivite. Aproximadamente em 1957, o médico francês Paul Nogier, em seus estudos sobre a acupuntura auricular, investigou a relação das regiões da orelha com as partes do corpo. Ele apresentou a teoria de que a anatomia da orelha poderia ser comparada à figura de um feto em posição pré-natal. Essa analogia entre as áreas da orelha e as regiões do corpo é utilizada até os dias atuais. A Figura demonstra a relação da orelha com a imagem de um feto de ponta-cabeça. 23 Fonte: SUTTER, 2020. A orelha é uma região muito inervada e conectada ao sistema nervoso central. Dessa forma, os pontos mapeados pela auriculoterapia correspondem a todos os órgãos e funções do corpo. Quando esses pontos são estimulados, o cérebro recebe impulsos que geram fenômenos físicos e químicos que promovem o reequilíbrio de áreas e funções do corpo como um todo. Essa prática é reconhecida em vários países e auxilia no tratamento de diversas patologias, como dores de forma geral, úlceras, gastrites, transtornos aerofágicos, diarreias, herpes, eczemas, transtornos vasculares periféricos, problemas relacionados ao ciclo menstrual, entre outros (SUTTER, 2020). O microssistema da orelha é uma opção para a aplicação da acupuntura sem o uso de agulhas, podendo ser utilizada como uma terapia isolada ou associada com outras. O diagnóstico na auriculoterapia é realizado com base na observação da orelha (alterações dermatológicas e anatômicas), queixa do paciente e os conhecimentos da teoria dos cinco elementos. Dessa forma, o terapeuta desenvolve um protocolo individualizado de pontos auriculares, visando a melhoria da saúde como um todo. Os pontos são estimulados utilizando sementes, esferas de ouro, esferas metálicas, cristais, agulhas semipermanentes ou até mesmo agulhas de acupuntura para auriculoterapia. No caso das agulhas, a punturação ocorre por certo período na sessão de tratamento, enquanto as esferas e sementes são fixadas com fitas adesivas e permanecem no local por até uma semana (SENNA; SILVA; BERTAN, 2012 apud SUTTER, 2020). As fitas mais utilizadas para a fixação das esferas ou sementes na orelha são a microporosa ou esparadrapo da cor da pele — por serem discretas, muitas vezes nem se percebe que a pessoa está com o estímulo terapêutico. Os cristais são ótimas opções para aplicação — por serem menores, são indicados para orelhas pequenas, como das crianças. A auriculoterapia pode ser associada à acupuntura sistêmica, 24 sendo aplicada ao final da sessão como potencializador do tratamento, já que assim os estímulos permanecerão durante a semana auxiliando o paciente (SUTTER, 2020). 6 TÉCNICAS DE ACUPUNTURA IDEAIS A CADA PACIENTE Fonte: zhiterapias.com A acupuntura é uma prática multidisciplinar, podendo ser exercida por profissionais de nível superior com diploma na área da saúde, sendo reconhecidos, nesse caso, como especialistas na área (pós-graduação). Outras categorias profissionais também podem realizar a formação, já que se considera a acupuntura uma prática milenar. Em 2010, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) anunciou a inclusão da acupuntura como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade, buscando manter a salvo os conhecimentos da MTC, ameaçados pelo processo de globalização e imposição de mudanças pela medicina ocidental (SUTTER, 2020). “Diante deste compromisso internacional, o Estado Brasileiro não poderá promulgar legislação que afete as formas tradicionais da prática da Acupuntura, particularmente os dispositivos do chamado ‘Ato Médico’ e da legislação regulamentando a Acupuntura” (CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E DE TERAPIA OCUPACIONAL DA 8ª REGIÃO - CREFITO- 8, 2017 apud SUTTER, 2020). Assim, ao concluir o curso, o acupunturista proverá o estudo teórico e prático para que possa diagnosticar com base nos ensinamentos da MTC e construir um 25 protocolo de pontos para cada caso. Dessa forma, vamos abordar a seguir tratamentos de acupuntura utilizando a técnica do-in, indicada para autoaplicação, pelo estímulo da pressão dos dedos nos pontos de acupuntura. Também estudaremos sugestões de pontos para tratamentos utilizando a técnica da auriculoterapia e a eletroacupuntura e laserterapia como ferramentas auxiliares para o tratamento em acupuntura. Técnica do-in A técnica do do-in, ou digitopressura, é efetuada pela pressão dos dedos sobre os pontos patógenos dos meridianos. A aplicação pode ser realizada com o dedo indicador, pressionando três vezes cada ponto por um tempo de mais ou menos 5 a 10 segundo cada vez. Em casos especiais, como bebês, podemos fazer pequenas e suaves batidas com o dedo no ponto, já sendo o suficiente (SUTTER, 2020). Na Antiguidade, “quando o primeiro homem massageou o próprio pé ferido na tentativa de aliviar a dor, a ideia do Do-In já estava formada” (CANÇADO,1993 p. 13 apud SUTTER, 2020). O registro dessa técnica também estava no clássico do Imperador Amarelo, o Nei Jing. A técnica do Do-In é antiga como as demais práticas de acupuntura, sendo que foi descrita na primeira obra que retratava tais terapias voltadas para a cura das doenças. Esse método é utilizado dessa forma até os dias atuais. Esse tipo de massagem atua basicamente na condição energética do organismo. Para que haja uma resposta satisfatória da terapia, é importante que o paciente esteja relaxado e receptivo aos estímulos dos pontos (SUTTER, 2020). Essa terapia não deve ser aplicada em pacientes com lesões. Quando um ponto está doloroso, isso indica que há um bloqueio de circulação de energia, que poderá estar em excesso ou em deficiência no organismo. Nesse caso, o Do-In visa normalizar o fluxo de qi nos meridianos. Geralmente, o do-in não apresenta contraindicações, mas deve-se evitar a prática dessa massagem no abdome da gestante, no IG4 (ponto específico do intestino grosso) e no BP6 (ponto específico do baço). Na acupuntura, esses pontos também não devem ser aplicados em gestantes. Pontos para aplicação de do-in e auriculoterapia A seguir são apresentadas ilustrações com a indicação dos pontos para do-in e auriculoterapia para tratamentos de queixas comuns. Ponto C7 Indicado para situações de ansiedade e angústia. Para o estímulo, realize a pressão contínua com a unha do polegar. Esse ponto se localiza “sobre a prega de flexão do punho, na margem radial do tendão do músculo flexor ulnar do carpo” (LIMA, 2018, p. 111 apud SUTTER, 2020). 26 Ponto IG20 Indicado para congestão nasal. Deve-se fazer pressão contínua com a ponta do dedo médio. Ponto IG4 Indicado para cefaleia. O estímuloocorre pela pressão contínua com a polpa do polegar. Os mapas de auriculoterapia ajudam a localizar pontos específicos no pavilhão auricular, e cada ponto tem a sua função principal. Porém, é importante ressaltar que, apesar disso, não é recomendada a aplicação sem os conhecimentos necessários. Alguns sintomas podem encobrir um problema grave de saúde, sendo necessário estudo, prática e dedicação à auriculoterapia para ser realizada de forma adequada e segura (SUTTER, 2020). Na Figura, você pode observar um mapa auricular que corresponde ao padrão da escola chinesa. Não existe um mapa único para a auriculoterapia, e você pode encontrar outros modelos disponíveis para venda que especificam ou não no verso do mapa a função de cada ponto ou pontos extras localizados atrás da orelha. Fonte: SUTTER, 2020. Alguns pontos atuam na zona correspondente equilibrando as energias daquela área. O ponto “boca”, por exemplo, atua equilibrando a circulação de energia nessa área, e também acalma a tosse e equilibra o apetite. Sendo assim, é indicado para casos de obesidade, aftas, anorexia, entre outros. Porém, existem pontos que 27 tratam além da área referida. Vale lembrar que a auriculoterapia segue as bases da MTC e a escolha de um protocolo requer conhecimentos além da localização dos pontos no mapa. O Quadro descreve o nome de pontos auriculares, algumas funções referentes a eles e sua localização na orelha. Não se objetiva aqui explicar a totalidade de função e indicações que abrangem esses pontos. Utilize o mapa auricular para encontrá-los mais facilmente (SUTTER, 2020). Pontos auriculares: função, indicação e localização Nome do ponto Função Indicação Localização Shen men Deve ser o primeiro ponto estimulado para qualquer protocolo de auriculoterapia. Acalma a mente, sendo um tranquilizante. Também é analgésico para dores de qualquer natureza. Ansiedade, desordens mentais, inflamação, tosse seca, asma brônquica, epilepsia, hipertensão arterial, prurido, sedativo, anti- inflamatório. No mapa, observe que ele aparece acima do ponto quadril, na região da fossa triangular da orelha. Ponto estômago Regula a energia pré- - natal, favorece a formação de gu qi (qi dos alimentos) e equilibra as vísceras. Problemas digestivos de forma geral, insônia com sono leve, depressão, afta, retenção de alimentos. Região onde desaparece a raiz do hélix da orelha. Ponto fígado Equilibra a livre circulação de energia e sangue. É benéfico para a atividade do fígado e da vesícula biliar, além de influenciar o sistema digestório. Gastrite crônica, diarreia ou constipação, depressão ou ansiedade por abstinência, cefaleias, irritabilidade, estresse, globus hystericus (sensação de bola na garganta). No bordo posteroinferior da concha cimba, acima do ponto baço. Ponto pulmão Esse ponto influencia na dispersão e descendência dos Pneumonia, melancolia, resfriado, rinite, tosse, asma, Acima e abaixo do ponto coração. 28 fluidos no corpo, drenando a umidade e acalmando a tosse. Regula o fechamento e abertura dos poros bronquite, dermatite, urticária, distúrbios de pele como acne e vitiligo Ponto coração Acalma o shen (mente), controla os vasos sanguíneos e a produção de sangue, fortalece a atividade do coração, tem influência na língua, na fala e garganta. Palpitações, dor torácica, trombose, varizes, ansiedade e depressão, insônia, distúrbios relacionados à fala, distúrbios mentais, hipertensão Centro da concha cava. Fonte: Adaptado de FONSECA (2004) e SENNA, SILVA E BERTAN (2012). Tanto a auriculoterapia quanto a acupuntura são utilizadas também no tratamento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, de forma coadjuvante ao tratamento medicamentoso. 6.1 Eletroacupuntura e laserterapia Durante a sessão, o acupunturista poderá fazer uso do recurso da eletroacupuntura. Trata-se da utilização de um aparelho que emite uma potência variada de corrente elétrica, sendo adaptada por cabos que se ligam às agulhas de acupuntura. Durante a aplicação da eletroacupuntura, pode-se observar a mobilização das agulhas, devido à contração muscular do corpo. Esse método substitui a movimentação manual das agulhas pelo acupunturista. Atualmente, há outra ferramenta utilizada nas sessões de acupuntura, o laser. A laserterapia tem sido amplamente divulgada como um método seguro e não invasivo que pode ser substituir o uso das agulhas. Nesse caso, a aplicação do feixe de laser se dá precisamente nos pontos da acupuntura, conhecida também como laserpuntura (SUTTER, 2020). O laser de baixa potência ou terapêutico é utilizado para fins de tratamentos há alguns anos em consultórios na Espanha, Rússia e Japão. Como todo procedimento clínico, deve-se identificar o problema e avaliar a dose necessária para o caso. Assim, 29 como o laser também pode ser aplicado em lesões, é avaliada sua profundidade ou área que está manifestada. A potência é definida pelo profissional, além de analisar os critérios para o tratamento após anamnese do paciente. A laserterapia dispõe de muitas vantagens, incluindo a curta duração do procedimento, pois o tempo de estímulo do ponto pode variar de 30 segundos a 2 minutos. É indolor e pode ser combinada com outras técnicas de tratamento. Trata-se de uma alternativa para os pacientes com fobia a agulhas e pessoas sensíveis à dor, como as crianças, idosos, pacientes psiquiátricos, entre outros (VALCHINOV; PALLIKARAKIS, 2015 apud SUTTER, 2020). Segundo Sutter (2020) além de complexa, a prática da acupuntura é ampla tanto no uso das técnicas associadas, permitindo outros recursos concomitantes, quanto na sua aplicação para diversos problemas de saúde. É uma prática que sobreviveu aos anos e que hoje resiste para se manter ativa em meio aos conhecimentos e valorização do modelo de saúde contemporâneo. Podemos identificar pela prática clínica o êxito na escolha desse tratamento, mesmo sendo ele indicado como complementar no Brasil. Os ganhos de qualidade de vida citados por seus adeptos incluem melhora no padrão do sono, identificação do contexto emocional envolvendo menos ansiedade e agitação, alívio das dores no corpo de forma geral, além do relaxamento obtido nas sessões O acupunturista necessita se aperfeiçoar constantemente, estudar de forma contínua, tanto a teoria quanto sua prática clínica. Estudos de casos são bem-vindos no processo de estudo exploratório, pois a vivência permite aplicar os conhecimentos em cenários que conhecemos e que nos instigam a buscar respostas. A acupuntura é uma arte, envolvendo inclusive a intuição do acupunturista na percepção do que não é relatado pelo paciente e captado pelo sistema energético do seu corpo. Atuar com a acupuntura permite ter apropriação de conhecimentos para curar e se autocurar (SUTTER, 2020). 30 7 O DIREITO DE PRATICAR A ACUPUNTURA NO BRASIL Fonte: acupunturatradicionalzaragoza.com 7.1 Aspectos legais da acupuntura no Brasil A preocupação com os aspectos legais da Acupuntura no país teve início em 1984 com a criação do Projeto de Lei 3838 da Câmara dos Deputados Federais. Desde então, os Conselhos Federais, preocupados com tal prática pelos seus pares, iniciaram regulamentações próprias: o COFFITO (fisioterapia e terapia ocupacional) em 1985, o CFBM (biomedicina) em 1986, o COFEN (enfermagem) e o CFM (medicina) em 1995, o CFF (farmácia) em 2000, o CFFa (fonoaudiologia) em 2001 e o CFP (psicologia) em 2002 (CRF, 2019). Segundo o CRF (2019), segue um breve relato a fim de compreender a evolução do processo de legalização da prática da acupuntura em nosso país: 1986: 8ª Conferência Nacional de Saúde - Práticas Integrativas e Complementares no sistema de saúde que fixaram normas e diretrizespara o atendimento em homeopatia, acupuntura e fitoterapia. 1995: Instituição do Grupo Assessor Técnico-Científico em Medicinas Não Convencionais, por meio da Portaria nº 2543/GM, de 14 de dezembro de 1995, 31 editada pela então Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. 1996: 10ª Conferência Nacional de Saúde - aprova a “incorporação ao SUS, em todo o País, de práticas de saúde como a fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando as terapias alternativas e práticas populares”. 2000: 11ª Conferência Nacional de Saúde - recomenda “incorporar na atenção básica: Rede PSF e PACS práticas não convencionais de terapêutica como acupuntura e homeopatia”. 2003:12ª Conferência Nacional de Saúde - delibera pela efetiva inclusão da MNPC no SUS (Atual Práticas Integrativas e Complementares). 2004: 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações em Saúde à MNPC (Atual Práticas Integrativas e Complementares) - incluída como nicho estratégico de pesquisa dentro da Agenda Nacional de Prioridades em Pesquisas. 2006: Edição nº 84 de 04/05/2006: Ministério da Saúde - Gabinete do Ministro: PORTARIA Nº 971, de 3 de maio de 2006: Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS (CRF, 2019). 7.2 Conflito legal O desenvolvimento e o reconhecimento da acupuntura como prática efetiva, bem como sua inclusão no SUS, por meio da Portaria 971, conforme mencionado, têm suscitado uma série de discussões. O antagonismo entre as classes em relação à prática da acupuntura - médica e outras - caracteriza-se por um aumento da tensão que leva a amargos conflitos jurídicos (ROCHA et al., 2015). Segundo Rocha et al, (2015) houve alguma ação judicial e, em 2012, a discussão sobre a regulamentação da acupuntura continuou, quando a 1ª Vara 32 Federal decidiu, em 27 de março de 2012, que a acupuntura só pode ser praticada por médicos. “Nesta ação, o Conselho Federal de Medicina questiona a legitimidade das resoluções periciais em acupuntura das Comissões de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Dispensário, Psicológica e Terapêutica. Linguagem e Medicina. Esta decisão provocou discussões entre os outros conselhos de classe desfavorecidos. Um processo que ficou parado desde 2004, onde essas entidades proibiam os outros Conselhos de baixar resoluções aceitando a acupuntura, de repente, sem mais nem menos, no dia 27 de março de 2012, algum juiz suplente liberou uma sentença a favor do Conselho Federal de Medicina, portanto caíram todas as liminares. (Dr. Wu). Recentemente, temos uma discussão contrária, na segunda instância do Tribunal Federal Regional – TRF1, dizendo que os conselhos não podem regulamentar a acupuntura, pois estariam ampliando seu campo de atuação. (Dr. Delvo) (ROCHA et al., 2015). Esse conflito vem sendo discutido desde 2001, quando o CFM solicitou ao Tribunal a revogação de resoluções que permitiam que enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, farmacêuticos e fisioterapeutas exercessem a Acupuntura. Conforme mencionado, o CFM defende que a acupuntura utilizada no tratamento da dor deve ser diagnosticada, o que é prática exclusiva dos médicos. No entanto, o Conselho Federal de Farmácia e Fisioterapia recorreu da decisão do tribunal de garantir aos médicos o direito exclusivo de praticar acupuntura (BRASIL, 2012 apud ROCHA et al., 2015). Os conselhos estão recorrendo ao Tribunal Superior e ao Supremo Tribunal Federal. Se este ou aquele profissional não pode fazer, essa determinação fere o direito líquido e certo de manifestação de exercício, porque não existe regulamentação da prática da acupuntura no país (Dr. Delvo) (ROCHA et al., 2015). O maior medo entre outras categorias diz respeito ao fim da multidisciplinaridade nos hospitais/serviços de saúde, pois impedirá que as decisões sobre os pacientes sejam tomadas em conjunto, pois a última palavra será do médico, isso culminará e caracterizará a dependência. Outro para categoria médica (ROCHA et al., 2015). A lei da saúde, de acordo com Rocha (2015) pela maioria dos colaboradores, foi considerada inconstitucional e um retrocesso em relação às diretrizes e princípios estabelecidos na Constituição de 1988 para um sistema único de saúde. De uma perspectiva geral, a lei da saúde, como foi formulada, apresenta compromissos. O 33 modelo de atenção à saúde preconizado pelo SUS, baseado no cuidado inclusivo, equânime e inclusivo, por equipes multidisciplinares. Temas relacionados às necessidades de saúde há muito circulam no campo da saúde pública "nos estudos de acesso aos serviços e cuidados, qualidade do atendimento e prática dos profissionais, bem como sobre o direito à saúde e a obrigação do Estado em suas políticas. ” Dados os complexos obstáculos culturais, políticos e ideológicos, notou-se que os objetivos são difíceis de alcançar (ROCHA et al., 2015). Pode-se dizer que segundo Rocha (2015) o direito sanitário tem se mostrado incompatível com a multiplicidade de programas que vêm sendo desenvolvidos dentro do sistema único de saúde, impedindo sua continuidade, que opera a partir de um trabalho multidisciplinar. Essa foi a principal justificativa da então presidenta Dilma Rousseff para os poderes de veto, que foram recebidos calorosamente por especialistas médicos, que chamaram de grande vitória. No entanto, o Conselho Federal de Medicina os chamou de “ato de agressão contra médicos”. Ao caracterizar de maneira ampla e imprecisa o que seriam procedimentos invasivos, os dois dispositivos atribuem privativamente aos profissionais médicos um rol extenso de procedimentos, incluindo alguns que já estão consagrados no Sistema Único de Saúde a partir de uma perspectiva multiprofissional. Em particular, o projeto de lei restringe a execução de punções e drenagens e transforma a prática da acupuntura em privativa dos médicos, restringindo as possibilidades de atenção à saúde e contrariando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde. O Poder Executivo apresentará nova proposta para caracterizar com precisão tais procedimentos (BRASIL, 2013 apud ROCHA et al., 2015). Nessa visão, deve-se destacar que "a oferta de práticas integradas e complementares dentro do sistema único de saúde é incentivada para ampliar a integralidade da atenção e sua acessibilidade, mas é muito difícil integrá-las aos serviços, principalmente quando o número de profissionais capacitados recursos humanos é insuficiente, assim como os recursos financeiros da maioria das operações (SOUZA, 2005 apud ROCHA et al., 2015). Com base na perspectiva integrativa, [...] a curto prazo, o modelo de atenção à saúde poderá ter custo mais elevado, em razão das mudanças na organização do sistema de saúde e nas percepções dos profissionais sobre o processo saúde-doença. Porém, a médio e longo prazos, a criação de serviços integrados levará à diminuição de gastos, devido ao cuidado integral, prevenção de doenças e promoção da saúde com que opera. (TESSER; LUZ, 2008 apud ROCHA et al., 2015). 34 7.3 Sobre o direito de praticar a acupuntura no Brasil Recentemente através da Resolução nº 681, de 19 de Janeiro de 2021 foi regulamentada a prática de acupuntura pelo nutricionista. E da resolução nº 710, de 30 de julho de 2021 que dispõe sobre as atribuições do farmacêutico nas práticas integrativas e complementares no âmbito da medicina tradicional chinesa. Segundo FEBRASA, 2018), a acupuntura no Brasil é uma profissão descrita na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). No CBO, existem códigos ocupacionais de acupuntura para fisioterapeutas, psicólogos, médicos e técnicos. Como tal, não é especialidade de uma profissão da área médica, mas não regulamentada por lei federal. Como não há lei federal regulamentando a acupuntura no Brasil, a Constituiçãodesta República é soberana: Art. 5º -Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Sem um projeto de lei que regulamentasse a acupuntura, nenhum Conselho Federal e nenhuma decisão judicial impediria qualquer pessoa de usar a acupuntura em todo o país. Existem atualmente dois projetos de lei em andamento em Brasília e ambas as leis que regem a acupuntura multiprofissional no Brasil devem ser criadas. Trata-se também da necessidade de criar faculdades de acupuntura e de criar uma nova profissão no Espaço Médico. Os fisioterapeutas usam a acupuntura sem nenhum engano social comprovado. O mesmo vale para outras profissões médicas que também regulamentam a prática de seus especialistas (FEBRASA, 2018). Esse é o ponto chave que o Juiz TRF1 não entende. Quando o Conselho Federal de Fisioterapia (COFFITO), por meio de sua primeira presidente, Dra. Sonia Gusman, em 1985, publicou a resolução 60 e depois as resoluções 97, 201 e 209, de autoria do Dr. Rui Gallart de Menezes e da Dra. Célia Rodrigues. Cunha, não são ações que visam ampliar o campo de atuação de seus especialistas, mas sim ações que estabelecem regras e limites para sua prática no campo da acupuntura. O mesmo pode ser dito para as resoluções de outros conselhos médicos. As resoluções do COFFITO estabeleceram critérios rígidos para o uso da acupuntura por fisioterapeutas. Além da função de fisioterapeuta, ele deve cumprir 35 uma carga horária de 1.200 horas por um período mínimo de dois anos e também fazer exames de especialidade. Só assim poderá usar o título de fisioterapeuta especializado em acupuntura. De certa forma, os critérios estabelecidos pelo COFFITO são aqueles que as boas escolas de acupuntura do Brasil utilizam para emitir certificados para seus alunos. Os técnicos fisioterapeutas profissionais também possuem o selo de qualidade SOBRAFISA, disponível em diversas escolas, garantindo a qualidade teórica, prática, clínica e científica do treinamento em acupuntura. Enquanto os projetos de lei não forem aprovados no Brasil, a Constituição Federal garante a livre prática profissional da acupuntura; Conselhos profissionais e associações de classe protegem os usuários, que buscam a acupuntura como forma de tratamento, por meio de suas resoluções e regulamentações. Dessa forma, o beneficiário é o usuário, que tem a liberdade de escolher o melhor especialista para realizar seu tratamento (FEBRASA, 2018). 7.4 Regulamentação da acupuntura O Projeto de Lei de Regulamentação da Acupuntura no Brasil foi aprovado pela Constituição, pelo Judiciário e pela Comissão de Cidadãos da Câmara dos Deputados. Escrito pelo deputado Celso Russomano, levou 16 anos para passar por três comissões da Câmara Federal e permitir que profissionais não médicos exercessem a atividade (NEVES, 2019). Segundo Neves (2019) a proposta agora será analisada pelo Senado, na ausência de convocação dos parlamentares para que o plenário da Câmara discuta o assunto. O deputado Hiran Gonçalves (PPRR), que criticou a proposta, ressaltou que a acupuntura é uma especialidade médica e requer conhecimento adequado para a prática. "Ao querer prescrever a profissão de acupuntura para quem não estudou medicina, empoderamos alguém que não tem conhecimento de anatomia, fisiologia, neurologia, neurologia, enfim, um pré-requisito, necessário para a prática envolve até procedimentos invasivos ”, argumentou o vice-ministro. Em resposta, o deputado Gilson Marques (Novo SC) argumentou que são os consumidores que julgam as empresas. “Existem duas perspectivas de como analisar este projeto. A perspectiva do médico e a perspectiva do paciente e do consumidor. 36 Acredito que a gente passa essa medida que vai ser melhor para o paciente. O que precisamos é abrir o mercado. Quem define o que é um bom trabalho, o que é um bom especialista, o que é um bom preço, quem tem mais serviços, é consumidor, é cliente”, disse Gilson Marques (NEVES, 2019). Segundo o presidente da Federação dos Acupunturistas do Brasil (FENAB), Afonso Henrique Soares, a decisão é um avanço para a região (NEVES, 2019). Segundo a FENAB, cerca de 160 mil profissionais poderão se beneficiar desse convênio. Se as disposições forem aprovadas no país, os seguintes trabalhadores qualificados podem ser acupuntura: Indivíduos com diploma universitário em acupuntura emitido por uma instituição reconhecida; Pessoas com estudos de graduação emitidos por instituições estrangeiras com validade e registro; Especialistas qualificados no setor da saúde com título de especialista em acupuntura reconhecido pelo governo federal; Pessoas treinadas em cursos técnicos de acupuntura com diploma emitido por instituição reconhecida; Pessoas sem habilitações que demonstrem pelo menos cinco anos de exercício profissional ininterrupto. Segundo o texto aprovado pelos deputados, compete ao profissional de acupuntura segundo Neves (2019): Observar, reconhecer e avaliar sinais, sintomas e síndromes de energia; Consultar, avaliar e tratar os pacientes através da acupuntura; Organização e gestão de serviços de acupuntura em empresas ou instituições; Prestação de serviços de teste, aconselhamento e formação de opinião sobre acupuntura; Participar do planejamento, implementação e avaliação de programas de saúde; Participar da elaboração, implementação e avaliação de planos de saúde; Apoio à educação destinada a melhorar a saúde da população. 37 8 MÉTODOS DE APLICAÇÃO Fonte: incisaimam.com Os pontos de acupressão podem ser estimulados por acupressão, acupuntura, acupuntura a laser, acupuntura e eletroacupuntura, entre outras técnicas. A acupressão é a aplicação de pressão na superfície do corpo em geral (massagem) ou em pontos específicos. Geralmente não é usado por veterinários, mas os proprietários podem ser treinados para usar essa técnica além da terapia com agulha (ALTMAN, 2006). O aquecimento do ponto de acupuntura é o aquecimento do ponto de acupuntura com uma haste em chamas de uma planta cientificamente conhecida como Artemisia vulgaris. Essa técnica pode ser realizada diretamente, queimando a haste diretamente na pele, ou indiretamente. Outro método não invasivo é utilizar um laser (Light Amplification by Stimulated Radiation), com potência de 1 a 10 mW cm2 (softlaser), em pontos de acupuntura para alívio da dor (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997). A aplicação de softlaser aumenta a síntese intracelular de trifosfato de adenosina (ATP), induz hiperpolarização e suprime estímulos menores, reduzindo a transmissão de impulsos dolorosos (TAFFAREL, 2009). A injeção de medicamento no ponto de acupuntura é chamada de hidroacupuntura. É especialmente indicado na terapia pós-dermoabrasão. Também pode ser usado para tratar a dor lombar, melhorando a excreção de toxinas 38 metabólicas e agentes de dor através do sistema linfático (DRAEHMPAHEL & ZOHMANN, 1997). Por outro lado, a acupuntura envolve o uso de estimulação elétrica de uma agulha, emitida por um dispositivo de estimulação elétrica. LIU et al. (2007) relataram que a estimulação elétrica dos pontos de acupressão foi eficaz na redução da dor central e periférica. O efeito analgésico desta abordagem tem sido descrito em cirurgia abdominal (LIN et al., 2002), correção de hérnia inguinal e toracotomia, como analgesia adicional em pacientes com câncer, carta e lesão da articulação tibiotársica.(TAFFAREL, 2009). A auriculoterapia é indicada em doenças agudas e reversíveis, como analgésico e adjuvante em doenças crônicas. Alimi et al. (2003) demonstraram a eficácia da auriculoterapia como tratamento adjuvante para dor neuropática crônica em pacientes com câncer. Apesar dos resultados promissores, as evidências para o uso da acupuntura no tratamento da dor permanecem inconclusivas. Em geral, a perfuração da orelha não é praticada em animais, mas a cauterização (TAFFAREL, 2009). Tipos de agulhas Fonte: portalunisaude.com.br 8.1 Agulha Filiforme: 39 Inserção com Mandril: Inserção sem Mandril: 8.2 Inserção sem Mandril Inserção de Agulhas Curtas Inserção de Agulhas Longas 40 Inserção superficial e horizontal Inserção com Pele Enrugada 8.3 Ângulos de Inserção Perpendicular Obliqua Horizontal 41 8.4 Formas de Procurar o Qi Pancadas no Cabo Massagear o Trajeto do Canal Empurrar e Puxar (Bicada do Pássaro) Sacudir e/ou Vibrar; Apoiar ou Pressionar e/ ou Mudar o Local da Picada. 8.5 Formas de Reter o QI Empurrar a agulha até a profundidade Níveis de profundidade Céu, homem e terra 42 Rotação Arranhar Curva Girar a agulha Voar Agitar 43 8.6 Cuidados Existem algumas contraindicações absolutas ao tratamento com acupuntura, pois geralmente é um procedimento seguro e bem tolerado. Apesar disso, é importante ressaltar que a acupuntura deve ser evitada em pacientes com leucopenia grave, como observado em pacientes submetidos à quimioterapia mielossupressora. Além disso, devemos ter em mente que a introdução de agulhas de acupuntura em locais de infecção ou tumores ativos é contraindicada, pois há risco de metástase de células tumorais em caso de malignidade. Deve-se mencionar também que, embora a acupuntura tradicional seja segura em pacientes em uso de desfibrilador implantável (CDI) ou marcapasso, a acupuntura elétrica deve ser evitada nesses pacientes devido ao risco de interferência na alimentação do dispositivo (DE SOUZA, 2020). 8.7 Método de Tonificação (Reforço) Sedação (Redução) Tonificação e Sedação pela Manipulação de Agulhas Penetrar e Puxar Respiração 44 9 APLICAÇÕES DA ACUPUNTURA PARA TRATAMENTO SAÚDE MENTAL Fonte: canalacupuntura.com A Medicina Tradicional Chinesa se originou há milhares de anos na China e se caracteriza por um sistema médico integrado com uma linguagem que representa simbolicamente as leis da natureza e considera a inter-relação harmônica entre as partes, propondo uma visão integrada do ser que tem como base a divisão do mundo em duas forças ou princípios fundamentais, a teoria Yin-Yang (MIRANDA e VIEIRA, 2021). Com isso, todos os fenômenos são entendidos como opostos complementares e sua terapêutica objetiva modos de equilibrar essa dualidade e, para tal, utiliza como elementos a anamnese, a palpação do pulso, a observação da face e língua e a promoção e recuperação da saúde. Em suas modalidades de tratamento estão a acupuntura, as plantas medicinais (fitoterapia tradicional chinesa), a dietoterapia (orientação alimentar), as práticas corporais (lian gong, chi gong, tuina, tai-chi-chuan) e mentais (meditação) (BRASIL, 2015). Especificamente em relação à acupuntura, nota-se que se trata de uma tecnologia de intervenção da Medicina Tradicional Chinesa baseada em estímulos precisos de locais anatômicos definidos por meio da introdução de agulhas metálicas (BRASIL, 2015). O efeito terapêutico da estimulação das zonas, por meio das agulhas é admitido como liberador de neurotransmissores e outras substâncias responsáveis 45 pelas respostas de renovação de funções orgânicas e modulação imunitária, atuando na prevenção e manutenção do processo saúde-doença (MIRANDA e VIEIRA, 2021). No que tange ao uso da acupuntura para o cuidado em saúde mental, Girão et al. (2014) realizaram pesquisa sobre o efeito da acupuntura na ansiedade em 30 mulheres no climatério, que foram divididas em grupo controle (placebo) e experimental (acupuntura). Os resultados mostraram que o tratamento com acupuntura reduziu a ansiedade e melhorou os sintomas da síndrome climatérica e, com isso, os autores concluíram que se trata de uma terapêutica eficaz que, junto a demais PICS, pode contribuir para a promoção da saúde mental no climatério. Também em relação à ansiedade, Silva (2010) relatou tratamento com acupuntura (10 sessões) em uma paciente com transtorno de ansiedade, a qual indicou, a partir da sexta sessão, melhora significativa com alívio de sintomas. Porém, a autora alerta que se trata de um tratamento processual, sem cura milagrosa, que busca o reequilíbrio da saúde de modo contínuo e gradual. Cintra e Figueiredo (2008) realizaram pesquisa por meio de entrevistas com profissionais e usuários/as (n =9) de serviços públicos da Região Centro-Oeste do município de São Paulo que ofertavam, regularmente, tratamento com acupuntura e observaram que muitas pessoas procuravam por este tratamento em razão de ansiedade e depressão, indicando uma alta demanda local por cuidado em saúde mental. Como resultados, os/as participantes relataram melhora no sono, na depressão, no emagrecimento, no bem-estar e no estado de humor. “Porque eu tenho problema de depressão, insônia, assim, eu tomo remédio, mas quando eu faço acupuntura, eu me sinto assim, mais tranqüila (Usuário 7)” (CINTRA & FIGUEIREDO, 2008, p. 22 apud MIRANDA e VIEIRA, 2021). As autoras concluem que a técnica tem a potencialidade de reduzir riscos e vulnerabilidades à saúde e promover a qualidade de vida, ao incentivar a reeducação de hábitos diários, além de contribuir para diminuir o consumo de remédios alopáticos e reduzir gastos no serviço público. Diante dos achados dos estudos supracitados é possível verificar que a acupuntura é um tratamento eficaz para redução de sintomas ansiosos, e pode, assim, ser utilizada para a promoção de saúde mental e melhoria de qualidade de vida e bem-estar (MIRANDA e VIEIRA, 2021). 46 10 ACUPUNTURA NA ESTÉTICA CORPORAL Fonte: pontodeequilibrioterapias.com A medicina tradicional chinesa (MTC) trata as disfunções com recursos que buscam deixar o organismo em equilíbrio. A partir de avaliação e diagnóstico das alterações estéticas, vários recursos da MTC podem ser utilizados para complementar o tratamento, como: acupuntura, fitoterapia, moxa, ventosa, tui ná, gua sha, entre outros. Os tratamentos estéticos aliados às terapias alternativas baseadas na MTC podem ter seus resultados potencializados. As terapias estéticas produzem benefícios ao organismo, melhoram a circulação, contribuindo para maior oxigenação, hidratação e nutrição tecidual, auxiliam na remoção de líquidos acumulados, melhoram o tônus tissular, promovendo mais firmeza para a pele, entre outros. A acupuntura é uma técnica milenar que surgiu na China por volta de 4.500 anos atrás. Ao longo da história, teve diversas contribuições