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AULA 2

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AULA 2 
GESTÃO DO SUAS – PLANO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL E PACTO 
DE APRIMORAMENTO DO SUAS 
Profª Adriana Zanqueta Wilbert Ito 
 
 
2 
TEMA 1 – CONTEXTUALIZANDO O PLANEJAMENTO COMO INSTRUMENTO 
DE GESTÃO NO ÂMBITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
Para que o Estado possa atender às demandas da população com devida 
prudência e responsabilidade, o planejamento se torna uma ferramenta 
imprescindível. Corroborando Justin e Frota (2006) – pensando especialmente 
no contexto brasileiro, com diferenças peculiares nas perspectivas geográfica, 
cultural e econômica –, pensar planos, programas e serviços demanda 
considerar uma grande diversidade de fatores. 
Fazendo uma retrospectiva histórica sobre a maneira de desenvolver 
políticas públicas no cenário brasileiro, ficam evidentes as características 
conservadoras e centralizadoras. As referidas autoras enfatizam que o fator 
econômico geralmente está diante de questões sociais. A burocracia e a falta de 
diálogo entre os setores são muito frequentes, dificultando a formulação das 
agendas públicas. 
Geralmente, observamos que os responsáveis pela gestão pública 
procuram responder aos problemas oriundos do cotidiano da vida em sociedade 
atendendo às urgências e emergências e destinando pouco tempo, ou quase 
nada, para uma atitude preventiva. Também é comum observar que, muitas 
vezes, são atendidos problemas de interesse político, de instituições ou de 
pequenos grupos, em detrimento da genuína necessidade do coletivo. Morato e 
Silva (2016, p. 2) utilizam uma reflexão de Azevedo (2004), que afirma: 
em um contexto socioeconômico complexo o papel do planejamento 
para a elaboração das políticas públicas é fundamental, o que exige da 
gestão pública o desenvolvimento de estratégias não simplificadoras da 
realidade, ou melhor, estratégias que atendam às complexidades das 
situações existentes. 
É possível afirmar que a resistência em desenvolver políticas públicas 
pautadas em metodologias de cunho científico advém de um contexto cultural, 
que tem em suas raízes históricas o entendimento de que a política pública seja 
utilizada como uma ferramenta de controle e manipulação para os interesses de 
pequenos e seletos grupos. 
Ao se debruçarem sobre os conceitos, Morato e Silva (2016) apresentam 
planejamento como uma das funções administrativas prioritárias. Assim sendo, 
planejar demanda “conhecer e entender o contexto; é saber o que se quer e 
como atingir os objetivos; é saber como se prevenir; é calcular os riscos e buscar 
 
 
3 
minimizá-los; é preparar-se taticamente; é ousar as metas propostas e superar-
se de maneira contínua e constante” (Chiavenato; Sapiro, 2003, p. 1, citados por 
Morato; Silva, 2016, p. 3). 
Outra reflexão importante apresentada por esses autores é a de que o 
planejamento organizacional utilizado na esfera privada pode ser utilizado no 
âmbito das organizações públicas, porém demanda adaptações que atendam às 
complexidades existentes nesse cenário. 
Contextualizando historicamente, o planejamento na esfera 
governamental iniciou no fim da década de 1930, quando “diversos governos 
utilizaram o planejamento para alcançar o desenvolvimento nacional, mas foi na 
década de 1950 que a experiência com o planejamento governamental no Brasil 
tornou-se mais significativa” (Paludo; Procopiuck, 2014 citados por Morato; Silva, 
2016, p. 3). 
Planejar implica olhar para a realidade concreta, a qual é mutante, por 
isso a atitude de planejar demanda criar estratégias para alcançar os objetivos 
estabelecidos. Nesse sentido, Morato e Silva (2016, p. 4) afirmam que: 
no setor público o processo de planejamento tem o objetivo de conduzir 
a sociedade a um futuro melhor. O planejamento no setor público 
defronta-se com os interesses da sociedade, os quais são múltiplos e, 
na maioria das vezes, apresentam interesses que geram conflitos 
sociais. O desenvolvimento do planejamento no setor público é mais 
complexo que o planejamento voltado para o setor privado, visto que 
envolve um âmbito maior e complexo de análise de situações, 
identificação de tendências e analises de alternativas. 
Ainda seguindo essa linha de pensamento, Paludo e Procopiuck (2014), 
citados por Morato e Silva (2016, p. 4), afirmam que: 
o planejamento governamental, para ser oportuno e eficaz em suas 
ações, deve prever vários cenários de futuro, com diferentes ações 
para cada um. É preciso estar preparado para as surpresas e ter 
capacidade de agir com rapidez. É necessário ter planos de 
contingência para poder atuar com rapidez e eficácia a fim de 
minimizar a vulnerabilidade do plano principal. (Paludo; Procopiuck, 
2014, p. 137). O planejamento governamental é um processo 
constituído por normas e técnicas exclusivas que buscam proporcionar 
o desenvolvimento nacional, regional e local. 
Diante do exposto, de acordo com os autores supracitados, ao 
desenvolver o planejamento no âmbito das organizações públicas, o foco é 
garantir segurança, geração de riqueza e bem-estar para a população, 
procurando não prejudicar o equilíbrio das finanças públicas no presente e no 
futuro. 
 
 
4 
Estudos de Justin e Frota (2006) destacam que os primeiros atos de 
planejamento no âmbito governamental no Brasil tiveram evidência nos anos 
1930. Salientam, ainda, que nos anos 1980 surge o Plano Plurianual, que existe 
até hoje, em especial como referência para a área orçamentária nas três esferas 
do governo. 
Dessa maneira, cabe deixar claro o que são as políticas públicas. Para 
compreendermos melhor sobre o assunto, nos embasaremos nas autoras Justin 
e Frota (2006), que sintetizam desta forma o contexto histórico: 
As políticas públicas surgem nos Estados Unidos como área de 
conhecimento e disciplina acadêmica, sem estabelecer relações com 
as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando direto para a 
ênfase nos estudos sobre a ação dos governos, diferenciando-se da 
tradição europeia de estudos e pesquisas nessa área, que estavam 
concentradas na análise do Estado e suas instituições. Assim, na 
Europa, a área de política pública começa como um desdobramento de 
trabalhos baseados em teorias sobre o papel do Estado e do governo, 
produtor, por excelência, de políticas públicas. (Justin e Frota, 2006, p. 
2-3) 
Conceituar políticas públicas não é tarefa fácil, pois na revisão de 
literatura é possível encontrar conceitos em diversas perspectivas, da vertente 
clássica à contemporânea. Os autores Rezende, Almeida, Almeida e Wander 
(2009) referendam Frey, citado por Tude (2000), o qual destaca que o termo 
política advém da língua inglesa, possuindo três dimensões de significados: uma 
dimensão institucional (polity), uma dimensão processual (politics) e uma 
dimensão material (policy/policies). 
A dimensão institucional (polity): como o próprio termo já diz, essa 
dimensão do conceito de “politica” na língua inglesa se refere ao 
ordenamento institucional do sistema político, as disposições jurídicas 
a que está sujeito e a estrutura institucional do sistema político-
administrativo. 
A dimensão processual (politics): refere-se ao processo político como 
comumente entendemos, as relações conflituosas entres os diversos 
atores políticos, partidos e agentes do governo, diz respeito aos 
objetivos a serem alcançados, aos conteúdos e as decisões de 
distribuição de poderes. 
A dimensão material (policy): faz referência ao que entendemos como 
políticas (no plural), ou mais especificamente Políticas Públicas. São os 
conteúdos concretos da ação política, isto e, o resultado material dos 
chamados programas políticos ou planos de governo, são as 
resoluções do Estado para os problemas técnicos e mais imediatos da 
sociedade em sua concepção mais material. (Tude, 2021, p. 15) 
Nesse sentido, é possível afirmar que políticas públicas se caracterizam 
como diretrizes de ação do poder público. Teixeira (2002) afirma que nesse 
ínterim, para além das linhas mestres que direcionam as açõesdo poder público, 
 
 
5 
também estão presentes as regras e os procedimentos que são estabelecidos 
entre os atores da sociedade civil e o Estado. Assim sendo, o planejamento 
contribui para conhecer a realidade social vigente, pensar estratégias que 
possam responder às genuínas necessidades da população. 
TEMA 2 – CICLO DE GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: PLANEJANDO AS 
AÇÕES DO GOVERNO 
Raeder (2014) afirma que o ciclo da gestão de políticas públicas é uma 
ferramenta que possibilita analisar de forma didática as fases que compõem a 
implantação e/ou implementação das ações na esfera pública. No entanto, 
ressalta a importância de que não devemos considerar essas etapas de forma 
rígida. É fundamental saber que as políticas públicas são constituídas em 
estágios que possuem características próprias. 
Homlett, Ramesh e Perl (2013, p. 13), citados por Raeder (2014), afirmam 
que o pioneiro dessa abordagem foi Harold Lasswell (1971), o qual dividiu o 
processo das políticas públicas em sete etapas: informação, promoção, 
prescrição, invocação, aplicação, término e avaliação. Raeder (2014), por sua 
vez, desenvolveu o processo em um ciclo de cinco fases: percepção e definição 
de problemas; formação da agenda decisória; formulação de programas e 
projetos; implementação das políticas delineadas; e monitoramento e avaliação 
de ações planejadas. 
No que diz respeito à primeira fase (percepção e definição de 
problemas), cabe aos trabalhadores do SUAS, responsáveis pelo planejamento: 
• mapear as necessidades da população presente nos territórios de 
abrangência da política pública de assistência social; 
• identificar os indicadores que sinalizam as urgências e emergências de 
intervenção profissional; 
• definir características da população que vive nesse cenário; 
• conhecer a rede socioassistencial presente no local; 
• conhecer as diretrizes nacionais e estaduais do plano municipal de 
assistência social, observando os indicadores apontados por ele; 
• observar as deliberações apontadas nas conferências de assistência 
social; 
 
 
6 
• analisar os apontamentos dos técnicos que trabalham no cotidiano com 
as famílias e os usuários da assistência social; 
• delinear os indicadores secundários, aqueles destacados por instituições 
de pesquisa, e o banco de dados contidos no CADÚnico. 
Raeder (2014) aponta também para o próprio feedback das políticas em 
curso, que podem contribuir para a definição de problemas. 
A segunda fase (formação da agenda decisória) é constituída por um 
conjunto de demandas e/ou problemas entendidos como fundamentais para os 
principais atores da política pública, que, no caso, é a assistência social. Raeder 
(2014) apresenta o conceito de agenda de Secchi (2013), que, segundo o texto: 
pode ser concretizada em um programa de governo, um planejamento 
orçamentário ou mesmo um estatuto partidário. O autor apresenta três 
tipos de agendas: (a) agenda política (ou sistêmica); (b) agenda formal 
(ou institucional); (c) agenda da mídia. No primeiro caso, a agenda 
política é caracterizada por um conjunto de problemas que a 
comunidade política entende como merecedor de uma intervenção 
pública. A agenda formal é aquela formada por problemas que o 
governo já decidiu enfrentar. Em relação à agenda da mídia, esta se 
refere aos problemas que recebem atenção dos meios de 
comunicação, que, em muitos casos, têm o poder de influenciar 
fortemente as demais agendas. (Secchi, 2013, p. 46 citado por Raeder, 
2014) 
Após a definição dos problemas que demandam soluções por meio das 
ações públicas, Raeder (2014) apresenta a terceira fase (formulação de 
programas e projetos), os quais orientarão a execução das atividades. Nesse 
caso, o autor baseia-se novamente em Secchi (2013, p. 48-55), citada por 
Raeder (2014), que separa essa fase em dois estágios: “(a) o da formulação de 
alternativas e (b) o da tomada de decisão”. Já Menicucci (2007, p. 303, citado 
por Reader, 2014) acredita em retroalimentação na formulação de políticas. Para 
a autora, o processo que forma uma política demanda da “interação entre 
formulação, implementação e avaliação. Trata-se de uma perspectiva, também 
defendida aqui, que reforça o cuidado que o analista deve ter ao tomar o ciclo de 
políticas como um rígido sistema linear e sequencial.” 
Na sequência, temos a quarta fase (implementação das políticas 
delineadas), que se caracteriza pela elaboração de soluções pensadas para 
resolver os problemas que foram definidos na agenda decisória. Secchi (2013, p. 
58-59) citada por Reader (2014, p. 133) “também explicita alguns exemplos de 
instrumentos de implementação de política pública: regulamentação, legalização, 
 
 
7 
impostos, subsídios, prestação de serviço público, transferências de renda, 
campanhas e concursos”. 
Por fim, a quinta fase (monitoramento e avaliação de ações planejadas) 
também possui várias vertentes de compreensão. Vamos seguir a lógica de 
Reader (2014, p. 135), que apresenta uma avaliação processual, que, segundo o 
autor, pode ocorrer em três etapas da política: antes (ex ante), durante (in itinere 
ou monitoramento) ou depois (ex post). Corroborando com o autor, vale destacar 
que os critérios a serem avaliados e os parâmetros escolhidos para serem 
observados precisam ficar evidentes, de forma a contribuir efetivamente para a 
qualificação das atividades a serem desenvolvidas, bem como para a formação 
dos envolvidos mais diretamente com a política. 
Após finalizar a quinta fase, reinicia-se o ciclo, dando a processualidade 
necessária para o fortalecimento e a efetividade das políticas públicas. 
TEMA 3 – TIPOS DE PLANEJAMENTO 
Quando vamos utilizar a ferramenta de planejamento estratégico no 
âmbito das políticas públicas, de forma geral, utilizamos as referências dos 
autores da administração pública. Nesse sentido, os tipos de planejamento 
existentes são: estratégico, tático e operacional. Mesmo ocorrendo nas três 
dimensões, é importante que estejam integradas, para que as metas e os 
objetivos traçados sejam efetivados. 
Zapelini (2010) contribui para a conceituação desses tipos de 
planejamento, como podemos acompanhar a seguir. 
• Planejamento estratégico: constitui-se como um processo administrativo 
que delineia a metodologia a ser utilizada para pensar as estratégias 
sobre a melhor direção a se tomar ao pensar a política pública. Visa 
otimizar a relação com o ambiente, atuando de forma inovadora e 
diferenciada. Esse cenário está sob responsabilidade dos níveis mais 
altos da organização e está centrado na elaboração dos objetivos e 
escolha dos rumos a serem tomados, observando as condições externas 
e internas do contexto em que a política está inserida. É um olhar 
ampliado que permite a criação das diretrizes a serem tomadas. 
• Planejamento tático: tem como objetivo otimizar os resultados de uma 
determinada área. Seu foco está voltado para as etapas dos objetivos de 
 
 
8 
prazos curtos e das estratégias, definidas no planejamento estratégico. 
Concentra-se nos níveis organizacionais intermediários e está sob a 
responsabilidade dos níveis médios de gestão, que fazem a mediação 
entre as decisões da direção e as transforma em planos concretos de 
aplicabilidade. Geralmente, tem um tempo médio de alcance dos 
resultados. 
• Planejamento operacional: materializa-se por meio de documentos 
escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação 
estabelecidas, ou seja, são estruturados os planos de ação ou planos 
operacionais. Ao dedicar-se aos procedimentos e às tarefas de nível 
simples, tem como propósito pôr em prática o que está dentro dos planos 
táticos de cada área da política pública. Na maioria das vezes, suas 
ações ocorrem em tempo curto. 
Oliveira (2007, p. 6-10), citado por Zapelini (2010, p. 26-27), afirma que o 
planejamento envolve princípios gerais e específicos, os quais contribuem para 
criar uma basesólida no processo de tomada de decisões dos gestores. 
Segundo o autor supracitado, os princípios gerais do planejamento são: 
• Contribuição com os objetivos da organização em sua totalidade; 
• Precedência do planejamento sobre as demais funções administrativas; 
• Influência e abrangência, considerando que poderão ocorrer grandes 
modificações nas características e atividades da instituição; 
• Princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade (medidas de avaliação 
da boa administração), que visa maximizar os resultados e minimizar as 
deficiências. 
Desse modo, esses conceitos são assim definidos pelo autor: 
• Eficiência: é fazer as coisas de maneira adequada; resolver problemas; 
manter os recursos aplicados; cumprir com o dever; reduzir custos. 
• Eficácia: é fazer as coisas certas; produzir alternativas criativas; 
maximizar o uso de recursos; obter resultados; aumentar o lucro (setor 
privado). 
• Efetividade: é manter-se no mercado; apresentar resultados globais 
positivos com o decorrer do tempo. 
 
 
9 
Para Oliveira (2007, p. 6-10), citado por Zapelini (2010, p. 27-28), ainda 
existem os princípios específicos, os quais se embasam na atitude e na visão 
interativa diante do planejamento: 
• Planejamento participativo: o foco está no processo a ser desenvolvido. 
• Planejamento coordenado: deve existir uma interdependência entre 
todos os aspectos envolvidos no projeto. 
• Planejamento integrado: todos os escalões devem ter seus 
planejamentos integrados. 
• Planejamento permanente: como o ambiente é turbulento e instável, 
sujeito a constantes mudanças, o planejamento deve ser permanente, 
contemplando o fluxo das transformações. 
TEMA 4 – INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO SUAS 
A política de assistência social no Brasil tem sua descentralização política 
administrativa prevista no art. 204 da Constituição Federal de 1988. Dessa 
forma, as três esferas de governo e as entidades beneficentes podem coordenar 
e executar as ações previstas na referida política. 
A legislação que rege a política da assistência social é a Lei Orgânica de 
Assistência Social – LOAS (Brasil, 1993), que foi alterada pela Lei n. 
12.435/2011. Segundo Sousa et al. (2017), a LOAS é a diretriz-mestra que 
organiza a referida política no Brasil, incluindo os benefícios socioassistenciais, 
os serviços, as formas de financiamento e recursos a serem aplicados. Ainda 
nessa linha de pensamento, temos a Norma Operacional Básica do SUAS – 
NOB SUAS (Brasil, 2005) e a Tipificação Nacional de Serviços 
Socioassistenciais (Brasil, 2009). 
Seguindo o pensamento dos autores acima, o SUAS é responsável pela 
organização dos serviços e tem como objetivos: enfrentar a pobreza; promover a 
proteção social; fortalecer os vínculos familiares e comunitários; e fomentar a 
participação social (Brasil, 2005). Desse modo, propõe a descentralização dos 
serviços entre as três esferas de governo e cria instrumentos de gestão que 
viabilizam a participação da população na elaboração da agenda das demandas 
sociais (Marques; Santos, 2016, citados por Sousa et al., 2017, p. 287). 
Outro elemento a ser destacado é que a LOAS, em seu artigo 30, prevê, 
como condição obrigatória para repassar recursos aos municípios, estados e ao 
 
 
10 
Distrito Federal, a efetiva instituição e o funcionamento de um Conselho de 
Assistência Social, de composição paritária entre governo e sociedade civil; de 
um Fundo de Assistência Social, com orientação e controle dos respectivos 
Conselhos de Assistência Social; e da elaboração de um Plano de Assistência 
Social. Sendo assim, esses instrumentos de gestão pública possibilitam a 
articulação do planejamento e do orçamento de forma descentralizada e 
democrática (Brasil, 1993). 
A LOAS determina, ainda, em seu art. 16, que os Conselhos Municipais 
de Assistência Social são instâncias deliberativas, de caráter permanente e de 
composição paritária entre o governo e sociedade civil (Brasil, 1993). Já os 
Planos Municipais de Assistência Social se constituem em um instrumento de 
planejamento estratégico que organiza a execução da Política Nacional de 
Assistência Social (Brasil, 2004) com base nas diretrizes do SUAS. A 
responsabilidade de elaboração desse instrumento é do órgão gestor, e o 
monitoramento e a fiscalização são responsabilidade do Conselho Municipal de 
Assistência Social (Sousa et al., 2017). O Fundo de Assistência Social, por sua 
vez, tem o propósito de disponibilizar meios para financiar os serviços, 
programas e projetos de assistência social. É responsabilidade dos gestores 
municipais aplicarem esses recursos. Mas, precisam dar prioridade às ações 
definidas no Plano Municipal de Assistência Social, o qual deve ter sido 
aprovado pelo conselho (Silva, 2009 citado por Sousa et al., 2017). 
Segundo a NOB/SUAS, os instrumentos de gestão são ferramentas de 
planejamento técnico e financeiro do SUAS. A seguir, podemos acompanhar os 
conceitos escritos pelos trabalhadores do SUAS da Secretaria Estadual do 
Desenvolvimento Social de Santa Catarina – Gerência de Gestão da Política de 
Assistência Social (GEPAS, 2021), que seguem: 
1) Plano Plurianual (PPA) 
O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento de planejamento de médio 
prazo que estabelece as diretrizes, os objetivos e as metas da 
administração pública para o período de quatro anos em cada nível da 
federação. Ele contém os programas, projetos e ações do Poder 
Executivo e é formulado no primeiro ano de governo para ser 
implantado no segundo ano. 
2) Plano de Assistência Social 
O Plano de Assistência Social é um instrumento técnico, político e 
operacional que organiza, regula e norteia a execução da Política de 
Assistência Social e define as ações prioritárias a serem 
desenvolvidas. É o elemento estratégico para a implantação do SUAS 
definindo objetivos, garantindo racionalidade às práticas sociais, 
estabelecendo metas, compatibilizando recursos, tempo, métodos e 
 
 
11 
técnicas a fim de obter eficácia e efetividade nas ações pretendidas 
pela política de assistência social. 
3) Pacto de Aprimoramento de Gestão do SUAS 
O Pacto de Aprimoramento do SUAS é o instrumento pelo qual se 
materializam as metas e as prioridades no âmbito do SUAS, e se 
constitui em mecanismo de indução do aprimoramento da gestão, dos 
serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. 
3.1) Plano de Acompanhamento e Apoio Técnico 
O Plano de Acompanhamento e Apoio Técnico consiste num 
instrumento de planejamento anual de apoio técnico do estado aos 
Municípios no que se refere à gestão do SUAS na execução dos 
serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais visando 
ao alcance das metas estabelecidas no Pacto de Aprimoramento do 
SUAS para os municípios. 
4) Planos de Providência 
Os Planos de Providência constituem-se instrumentos de planejamento 
das ações para superação de dificuldades dos entes federados na 
gestão e execução dos serviços, programas, projetos e benefícios 
socioassistenciais, a ser elaborado pelos Estados, Distrito Federal e 
Municípios. Por meio desse instrumento planejam-se formas de 
superação das dificuldades encontradas 
5) Relatório de Gestão 
É o instrumento que apresenta os resultados alcançados na Política de 
Assistência social e orienta eventuais redirecionamentos que se 
fizerem necessários, sendo avaliados: cumprimento das realizações; 
dos resultados ou produtos obtidos em função das metas prioritárias 
estabelecidas no PAS e aplicação dos recursos. 
A autonomia, assentada na legislação, demanda a adoção de 
instrumentos de gestão que possibilitem uma articulação das demandas 
advindas da população e contribui para a transparência no uso dos recursos 
públicos. Vale salientar que esses instrumentos de gestão pública possibilitam o 
exercício do controle social por conta da participação da sociedade civil nas 
etapas de decisão da política (Neves; Santos; Silva, 2012 citados porSousa et 
al., 2017, p. 285). Dessa forma, são fundamentais para a efetivação da 
assistência social de modo a garantir o atendimento das necessidades 
elementares dos usuários dessa política pública. 
TEMA 5 – DESAFIOS PARA O PLANEJAMENTO NA ESFERA DA POLÍTICA 
NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (PNAS) 
Até o momento, pudemos ver o quão importante é o processo de 
planejamento para a implantação ou implementação de uma política pública. 
Este tema vai abordar sobre os desafios que precisamos enfrentar para 
qualificar esse processo. Oliveira (2006) nos convida em seu texto a olhar para 
um elemento importante: Como os trabalhadores do SUAS compreendem o 
processo de planejamento? Para além de elaborar documentos e atribuir 
 
 
12 
responsabilidades, é necessário embasar esse processo no aparato jurídico, 
bem como determinar o orçamento e o financiamento da política e tela. Muitos 
trabalhadores do SUAS entendem o processo de planejar como algo 
determinista, “como uma coisa quase que estritamente tecnicista dominada por 
economistas e burocratas” (Oliveira, 2006, p. 274). 
Outro elemento importante para ser analisado é que, uma vez tendo em 
mãos um documento, o processo finaliza, ou a materialização das ações 
ocorrerá automaticamente. Muitas vezes, escrevem palavras bonitas ou criam 
ações distantes das necessidades reais, tornando impossível pôr em prática e 
frustrando tanto os trabalhadores quanto os usuários, que ficam sem ter acesso 
aos seus direitos. 
Corroborando com Oliveira (2006), no Brasil é comum evidenciar a 
burocracia em todo o processo, desde a formulação até o processo de avaliação 
da política, esquecendo-se da parte mais rica do processo, que é a “construção 
política e social” (Oliveira, 2006, p. 275). Para que o planejamento se torne um 
efetivo instrumento de gestão no âmbito das políticas públicas, deve ser 
percebido como um processo e não apenas como um produto técnico. 
Oliveira (2006) aponta uma série de desafios que precisamos estar 
atentos no cotidiano do nosso trabalho, vejamos: 
• A dissociação entre a elaboração e implementação no processo de 
planejamento. Dessa forma, a avaliação de um processo de planejamento 
é compreendida por meio da ideia de elaboração de planos. Se o 
documento for bem elaborado, automaticamente, se colherá bons 
resultados; 
• Outras vezes, reconhecemos o papel da implementação, mas ainda 
enfatizamos a elaboração de planos como elemento fundante dos 
melhores resultados do processo. Nesse sentido, alguns planos bons 
falham porque houve problemas técnicos na implementação; 
• Caso seja adicionada, a etapa de implementação demanda 
monitoramento, auditorias e reuniões técnicas de acompanhamento. 
Porém, muitas vezes, diante de problemas institucionais, ações 
planejadas não são executadas ao longo do tempo; 
• Em alguns processos de planejamento se garante a participação dos 
usuários e da população. Nesse caso, eles precisam contribuir no 
monitoramento e participar de reuniões e/ou assembleias. Criam-se 
 
 
13 
comissões de acompanhamento, que podem falhar em virtude da lentidão 
no encaminhamento dos processos. 
É salutar refletir sobre a complexidade dos cenários que envolvem o 
processo de planejamento. Nesse contexto, existe um conjunto de forças sociais 
que possuem interesses diversificados. Morato e Silva (2016) enfatizam a 
necessidade de assegurar, no momento da aplicabilidade do planejamento, 
coerência entre os interesses sociais, demandando dos técnicos que conduzem 
esse processo o domínio da metodologia e técnica a ser aplicada; promover a 
participação entre os atores envolvidos; buscar elaborar estratégias que 
atendam aos objetivos e ofereçam bem-estar para a sociedade. 
Dessa forma, é possível perceber que é necessário investir em processos 
de formação e exercícios constantes de planejamento dos processos de políticas 
públicas. É importante observar os passos que já amadureceram e aqueles que 
precisam de maior atenção por parte dos trabalhadores do SUAS, em especial 
aqueles que estão trabalhando diretamente na área da gestão. É preciso se 
descortinar de conceitos antigos e pensar na importância da gestão para que as 
políticas públicas possam atender seu objetivo primordial, que é o de atender 
aos direitos dos cidadãos brasileiros. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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