Buscar

FORMAÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul 
Campus Virtual 
 
 
 
Atividade de Avaliação a Distância 
 
Disciplina/Unidade de Aprendizagem: Formação Política Brasileira 
Curso: Bacharelado em Ciências Econômicas 
Professor: Ricardo Neumann 
Data: 19/09/2021 
 
 
Orientações: 
 Procure o professor sempre que tiver dúvidas. 
 Entregue a atividade no prazo estipulado. 
 Esta atividade é obrigatória e fará parte da sua média final. 
 Encaminhe a atividade via Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA). 
 
Questão 1: Crie um texto (mínimo 15 linhas) com os principais pontos da história 
política do Brasil colonial. A resposta deverá utilizar dois autores diferentes do material 
didático. Serão analisados o conteúdo e a clareza da resposta (5,0 pontos). 
Dentre os principais pontos da história política do Brasil colonial, o ponto 
escolhido para ser abordado nesta questão foi o sistema administrativo e político de 
capitanias hereditárias, com a finalidade de colonizar as terras brasileiras. 
Santos e Pereira (2018, p. 116) apontam que “O processo de colonização do 
território brasileiro está extremamente ligado a problemáticas que permeiam a Europa 
nos séculos XV e XVI”. Enquanto parte dos povos da Europa ainda passavam por 
conflitos internos, buscando a sua unificação e afirmação junto ao continente, Portugal 
se destacava como uma nação, pois “[...] há anos já tinha conseguido tal feito. Podemos 
considerar que, esse fator foi de grande relevância para o pioneirismo português frente à 
expansão marítima na modernidade” (SANTOS; PEREIRA, 2018, p. 116). 
É importante destacar que após a descoberta do Brasil, em 1500, por Pedro 
Álvares Cabral, o foco da Coroa portuguesa na nova terra era apenas a extração dos 
recursos, como o pau-brasil, e isto se deve ao fato de que o comércio com a Índia era 
muito mais lucrativo e, também, pelo fato de os portugueses não terem encontrados 
metais preciosos na nova terra, diferente do que ocorreu nas terras descobertas pelos 
espanhóis. Por essa razão “De início, não houve preocupação dos Portugueses em 
instaurar uma colônia propriamente dita, esse fator pode ser entendido pela simples 
consciência de que, naquele momento não se sabia as proporções financeiras que tal 
feito poderia garantir” (SANTOS; PEREIRA, 2018, p. 118). 
Durante o período pré-colonial (1500-1535), os portugueses tinham confiança na 
posse das novas terras, por conta do Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, e que 
estabelecia a divisão das terras do novo continente entre Portugal e Espanha. Todavia, 
esse tratado não implicava restrições para outras nações, e por isso, “[...] a tensão com 
as possibilidades de ocupações da extensão por outras nações, levou Portugal a 
estabelecer um sistema de efetiva colonização do território” (SANTOS; PEREIRA, 
2018, p. 118), que se iniciou com a formação das Capitanias Hereditárias “[...] a partir 
do ano de 1534, quando o então Rei D. João III percebeu que havia necessidade de 
colonizar essas terras, com o intuito de melhor explorá-las, como também, povoá-las” 
(SANTOS; PEREIRA, 2018, p. 118). 
O sistema de capitanias hereditárias, que tinha esse nome pelo fato de poderem ser 
passadas de pais para filhos, foi implantado, em 1534, pela coroa portuguesa no Brasil, 
visto que estava com seus recursos escassos e, assim, optou por delegar a tarefa de 
colonização e exploração dessas áreas para pessoas interessadas em investir no 
desenvolvimento dessa região (nobres portugueses), todavia, “[...] a essa classe pouco 
interessava tal fato, pois, não havia nada de concreto que comprovasse a existência de 
riqueza no solo brasileiro exceto o pau-brasil [...]” (SANTOS; PEREIRA, 2018, p. 119). 
Devido à falta de interesse, por parte da pequena nobreza, em colonizar as terras 
descobertas, a coroa portuguesa se viu compelida a: 
 
[...] implantar medidas para encorajar pessoas a deixarem o reino e virem 
para a colônia. Uma dessas medidas era a de impor a vinda para colônia, 
como forma de pena para aqueles que cometessem crimes de degredo, como, 
ataques contra a Igreja, lesa-majestade, delitos sexuais (vieram em maior 
quantidade) e furtos. Havia também os nobres empobrecidos que viam nessa 
oportunidade, a chance de reconstruírem suas vidas; pequenos burgueses e os 
cristãos novos que vieram fugidos das perseguições religiosas. (COSTA, 
1998 apud SANTOS; PEREIRA, 2018, p. 119). 
 
Santos e Pereira (2018, p. 115) indicam que o sistema de capitanias hereditárias 
“[...] possibilitou a estruturação de uma ordem social que irá surgir durante o Brasil 
Colônia e se perpetuará durante toda a História do país [...]”. Destaca-se que a criação 
do sistema de capitanias hereditárias: 
 
[...] marca o começo de uma nova relação entre a colônia brasileira e sua 
metrópole. Foi um movimento essencialmente político que, além de 
constituir o primeiro esforço formal de colonizar as terras do Novo Mundo, 
definiu uma mudança de postura por parte de Portugal com relação ao seu 
mais novo território. O descaso com uma terra aparentemente pobre e pouco 
povoada transformava-se em assunto de primeira importância nas discussões 
governamentais em Lisboa (grifo meu). (MATTOS; INNOCENTINNI; 
BENELLI, 2012, p. 437). 
 
Deste modo, verifica-se que a criação das capitanias hereditárias surgiu como: 
 
[...] consequência de um grande esforço político do governo português em 
povoar e defender suas terras. Este sistema era baseado na concessão de 
grandes faixas de terra para um donatário, que passaria a ter total 
autonomia sobre aquele território e receberia privilégios econômicos, 
devendo este única e exclusivamente iniciar e desenvolver centros 
populacionais (grifo meu). (MATTOS; INNOCENTINNI; BENELLI, 2012, 
p. 438). 
 
Assim, depois de decidido o regime político administrativo a ser implantado, a 
fim de povoar as terras brasileiras, promover a expansão da fé católica, bem como obter 
benefícios, Dom João III, em 1534, dividiu a costa brasileira em quinze lotes (do litoral 
ao interior) e, assim formou as doze capitanias hereditárias, com a finalidade de 
promover a defesa do território, promover a fixação de colonos nas novas terras, bem 
como organizar uma produção lucrativa. As capitanias hereditárias eram classificadas 
em: insulares e continentais (localização); permanentes e temporárias (gênero de 
doação); hereditárias e reais (posse – capitães hereditários ou mandatários nomeados 
pela Coroa); principais e subalternas (nível de autonomia). 
De acordo com Innocentini (2009, p. 16), “As doze capitanias foram distribuídas a 
capitães-donatários que eram da pequena nobreza, sendo que quatro deles nunca vieram 
ao Brasil tomar posse de suas terras”. A divisão das capitanias hereditárias pode ser 
visualizada na figura 1. Conforme Innocentini (2009, p. 16-17), as primeiras capitanias 
hereditárias foram denominadas: 
a) Capitania de João de Barros e Aires da Cunha, Primeiro Quinhão – Maranhão; 
b) Capitania de Fernão Álvares de Andrade – Maranhão; 
c) Capitania de António Cardoso de Barros – Ceará; 
d) Capitania de João de Barros e Aires da Cunha, Segundo Quinhão - Rio 
Grande; 
e) Capitania de Pero Lopes de Souza, Terceiro Quinhão – Itamaracá; 
f) Capitania de Duarte Coelho – Pernambuco; 
g) Capitania de Francisco Pereira Coutinho – Bahia; 
h) Capitania de Jorge Figueiredo Correa – Ilhéus; 
i) Capitania de Pero do Campo Tourinho - Porto Seguro; 
j) Capitania de Vasco Fernandes Coutinho - Espírito Santo; 
k) Capitania de Pero de Goés - São Tomé; 
l) Capitania de Martim Afonso de Sousa, Segundo Quinhão - Rio de Janeiro; 
m) Capitania de Pero Lopes de Souza, Primeiro Quinhão - Santo Amaro; 
n) Capitania de Martim Afonso de Sousa, Primeiro Quinhão - São Vicente; e 
o) Capitania de Pero Lopes de Souza, Segundo Quinhão – Santana. 
Figura 1 – Capitanias hereditárias do Brasil 
 
Fonte: Encyclopaedia Britannica, Inc, 2021. 
As capitanias hereditáriasforam distribuídas aos donatários, integrantes da 
pequena nobreza responsáveis por “[...] povoar e desenvolver a terra à própria custa. O 
regime de capitania hereditárias, desse modo, transferia para a iniciativa particular a 
tarefa de colonizar o Brasil” (INNOCENTINI, 2009, p. 16). Segundo Santos e Pereira 
(2018, p. 115), o sistema de capitanias hereditárias fez com que os donatários se 
tornassem a elite predominante dessa sociedade em construção. Verifica-se que, “O 
sistema de capitanias era totalmente descentralizado, nele o donatário tinha total 
autonomia para tomar as decisões necessárias nas terras de sua posse. A ele cabiam 
todas as decisões, desde como explorar a terra à punição de infratores” (grifo meu) 
(MATTOS; INNOCENTINNI; BENELLI, 2012, p. 439). 
A doação das porções de terras da coroa portuguesa para o capitão donatário era 
realizada por meio da Carta de Doação. A Carta Foral era o documento que 
complementava a Carta de Doação e tinha como finalidade estabelecer os direitos e 
deveres dos donatários. Cabe destacar que “[...] as cartas de doação das capitanias 
representavam a transferência de poderes políticos, aos donatários, mas não a posse 
das terras” (grifo meu) (COSTA PORTO, s.d., apud PEREIRA, 2011, p. 6). 
Apesar de não poderem vendê-las, os direitos garantiam aos donatários poderes 
quase ilimitado dentro dos limites coloniais. 
 
Os relatos e registros que possam justificar a prática de poderes ilimitados 
por parte dos donatários ou de seus prepostos, pode ser entendida ou 
justificada, pelas providências urgentes e necessárias a serem tomadas por 
uns e por outros, dentro de um quadro a apresentar um novo tipo de vida em 
um território com características peculiares, onde estava se formando uma 
nova sociedade, separada e diferenciada dos moldes europeus, e de distância 
longínqua da Metrópole, com todas as dificuldades insuperáveis para rápidas 
decisões e na sua comunicação; aqueles que extrapolaram das suas 
atribuições, o fizeram exercendo esse poder de fato e não por direito 
concedido. (DUARTE JÚNIOR, 2003, p. 68). 
 
Santos e Pereira (2018, p. 118) citam como direitos dos donatários a possibilidade 
de “[...] formar milícias para a proteção da população da capitania e o de subdividir suas 
terras em sesmarias (porções de terras menores) para melhor explorar a terra no cultivo 
e para o povoamento”. Ainda, Pereira (2011, p. 5-6) destaca que: 
 
Os capitães donatários recebiam o título de Capitão-mor e Governador das 
ditas capitanias; - As suas terras eram isentas do pagamento de tributos, 
exceto o pagamento do dízimo à Ordem de Cristo; - A concessão de uma 
capitania era feita em caráter hereditário e vitalício; - Tinham o poder de 
exercer a justiça Cível e Criminal; Podiam criar vilas, seguindo os exemplos 
do Reino; - Somente aos capitães donatários era concedido o direito de 
construir engenhos, sendo que os demais colonos só poderiam erguer 
engenhos mediante sua aprovação e o pagamento de uma taxa; - Tinham o 
monopólio da escravização dos índios e da sua venda; - Recebiam uma parte 
sobre a exploração do pau-brasil; - Recebiam uma parte sobre o pescado em 
suas capitanias; - Tinham direito à redízima sobre as dízimas cobradas pelo 
erário público. - Podiam nomear tabeliães, juízes e ouvidores. 
 
Como obrigações dos donatários, Santos e Pereira (2018, p. 118) elencam “[...] a 
obrigatoriedade de investimento nas terras no intuito de exploração; a necessidade de 
pagamento de tributos relativos ao que era produzido na capitania”. Para Pereira (2011, 
p. 6), a principal obrigação dos donatários era “[...] distribuir parte das terras de sua 
capitania entre os colonos interessados em ocupá-las produtivamente. Essa distribuição 
era feita mediante a concessão de sesmarias”. 
Como consequência da implantação das capitanias hereditárias, Rangel (2015, p. 
131) cita que esse sistema gerou “[...] uma aristocracia que, distante dos olhos da 
metrópole, desrespeitava as leis portuguesas e praticava enormes abusos”. Ainda, esse 
sistema provocou mudanças radicais no território colonial, visto que concedeu “[...] 
grandes porções de terras a membros seletos da nobreza, que puderam gozar de 
considerável autonomia política e econômica ao longo de algumas décadas, 
determinando o futuro da colônia” (grifo meu) (MATTOS; INNOCENTINNI; 
BENELLI, 2012, p. 440). 
O sistema de capitanias hereditárias enfrentou muitas dificuldades, como: a falta 
de recursos por parte dos donatários; a falta de interesse dos donatários em ocupar suas 
terras; os conflitos com os indígenas; a distância entre a colônia e a metrópole; a falta de 
gêneros de abastecimento; o clima diferente do europeu; entre outros. Ainda, “O sistema 
de Capitanias Hereditárias, não obteve sucesso em sua totalidade. A má administração, 
o descaso com a terra e até mesmo o abandono total das capitanias, levaram a frustração 
do projeto” (SANTOS; PEREIRA, 2018, p. 120). Dentre todas as capitanias, somente as 
capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram. 
Por essas razões, a coroa portuguesa decidiu centralizar a administração política 
da colônia brasileira e, assim, criou o: 
 
[...] Governo Geral, sem, no entanto, abolir o sistema de Capitanias. Tomé de 
Souza, primeiro governador geral, foi enviado à Bahia com uma grande 
expedição repleta de funcionários públicos. Contudo, ao invés de melhorar o 
sistema fragmentado do Brasil, teve efeito contrário. Tendo em vista que o 
sistema de Capitanias Hereditárias não havia sido extinto, o Brasil 
passou a ter dois sistemas estatais coexistindo: o sistema estabelecido pelos 
donatários e o sistema centralizado estabelecido pela corte portuguesa. Como 
era previsível, o conflito tornou-se constante. Como por exemplo, o exercício 
da jurisdição. (RANGEL, 2015, p. 132). 
 
Todavia, “[...] o sistema de Governo Geral não acabou com as capitanias nem 
conseguiu impor centralização política em toda a colônia” (INNOCENTINI, 2009, p. 
19). A extinção definitiva do sistema de capitanias hereditárias “[...] ocorreu 
formalmente em 28 de fevereiro de 1821, pouco mais de um ano antes da declaração de 
independência, e a maioria das capitanias tornaram-se províncias” (MATTOS; 
INNOCENTINNI; BENELLI, 2012, p. 441). 
REFERÊNCIAS 
BRITANNICA ESCOLA. Capitania. Disponível em: 
https://escola.britannica.com.br/artigo/capitania/483156. Acesso em: 17 set. 2021. 
DUARTE JÚNIOR, Leovigildo. Sesmeiros e posseiros na formação histórica e 
econômica na capitania de São Vicente, depois chamada São Paulo: das suas origens 
ao século XVIII. 2003. 250 f. Dissertação (Mestrado em História Econômica) - 
Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia, Campinas, 2003. 
Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/286257. Acesso 
em: 17 set. 2021. 
INNOCENTINI, Thaís Cristina. Capitanias Hereditárias: Herança colonial sobre 
desigualdade e instituições. 2009. 57 f. Dissertação (Mestrado em Economia) – Escola 
de Economia de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: 
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp111696.pdf. Acesso em: 17 set. 
2021. 
MATTOS, Enlinson; INNOCENTINNI, Thais; BENELLI, Yuri. Capitanias hereditárias 
e desenvolvimento econômico: herança colonial sobre desigualdade e instituições. 
Revista Pesquisa e Planejamento Econômico – PPE, Rio de Janeiro, v. 42, n. 3, 
p.143-172, dez. 2012. Disponível em: 
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/5081/1/PPE_v42_n03_Capitanias.pdf. 
Acesso em: 17 set. 2021. 
PEREIRA, Luciene Maria Pires. Reflexões acerca da distribuição de terras no período 
colonial brasileiro: o caso das sesmarias. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA - 
ANPUH, 26., 2011, São Paulo. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – 
ANPUH. Disponível em: 
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300202997_ARQUIVO_TextoCom
pleto.pdf. Acesso em: 17 set. 2021. 
RANGEL, Gabriel Dolabela Raemy.Interesse público e interesse privado: uma análise 
do Brasil colônia à proclamação da república. Revista Científica Hermes - FIPEN, 
Osasco, v. 13, p.124-143, jan./jun. 2015. Disponível em: 
http://www.fipen.edu.br/hermes1/index.php/hermes1/article/view/189/pdf. Acesso em: 
17 set. 2021. 
SANTOS, Vinicius Silva dos; PEREIRA, Drielle da Silva. A Formação das Capitanias 
Hereditárias e o pensamento social brasileiro: novas concepções. Revista 
Transformar, Itaperuna, v. 12, n. 1, p.114-132, jan./jul. 2018. Disponível em: 
http://www.fsj.edu.br/transformar/index.php/transformar/article/view/140/121. Acesso 
em: 17 set. 2021. 
Questão 2: Crie um texto (mínimo 15 linhas) com os principais pontos da história 
política do Brasil império. A resposta deverá utilizar dois autores diferentes do material 
didático. Serão analisados o conteúdo e a clareza da resposta (5,0 pontos). 
Dentre os principais pontos da história política do Brasil império, o ponto 
escolhido para ser abordado nesta questão foi o Período Regencial e, principalmente, as 
revoltas que eclodiram durante esse período. 
O Período Regencial foi um momento da história brasileira compreendido entre o 
Primeiro Reinado e o Segundo Reinado, ou seja, iniciou após a abdicação de Dom 
Pedro I, em 1831, e findou-se com a o golpe da maioridade, em 1840, quando Dom 
Pedro II assumiu o trono do Brasil. De acordo com Melo (2015, p. 26), o Período 
Regencial “[...] foi um dos mais conturbados do século XIX, foram inúmeras as revoltas 
e agitações populares (Balaiada, Sabinada, Cabanada, Revolta dos Malês, Farroupilha e 
a própria Cabanagem) [...]”. 
Segundo Silva (2017, p. 1), esse período foi “[...] marcado pela efervescência de 
debates políticos, projetos nacionais e mobilizações sociais que perpassaram pelas 
disputas no processo de construção do Estado Nacional e desencadearam, em algumas 
províncias do Império, os conflitos armados”. Os conflitos ocorridos durante o Período 
Regencial foram “[...] julgados como anomalias, manifestações da barbárie contra a 
civilização, representada pela ordem monárquica”. (JANOTTI, 2005, p. 42). 
No contexto das revoltas ocorridas durante o Período Regencial “[...] evidencia-se 
a tendência historiográfica de articular as rebeliões regenciais ao complexo processo de 
Independência, atribuindo às rebeliões populares, o sentido de frustração com o 
processo de Independência” (IAMASHITA, 2009, p. 1). 
Ainda, Soares (1991, p. 119) aponta que os: 
 
Movimentos separatistas como a Balaiada no Maranhão, e a Cabanagem, no 
Pará, a Farroupilha, no Rio Grande do Sul, e a Sabinada na Bahia, colocaram 
em xeque a unidade política da ex-colônia portuguesa. Mesmo sem alcançar 
sucesso, eles fizeram emergir a insatisfação de grupos sociais pouco ou nada 
beneficiados com o processo de independência. É também notória a 
influência do ideário iluminista nesses movimentos, inscrevendo-se num 
espectro mais amplo, especialmente vinculado às influências liberais ditadas 
pelas revoluções francesa e americana. 
 
Cabe destacar que esses movimentos contrários à ordem monárquica: 
 
[...] envolveram na mesma luta escravos, índios, brancos pobres, jagunços e 
toda sorte de marginalizados ao lado de comerciantes, senhores de engenho e 
proprietários de grandes rebanhos – tiveram relevância inquestionável na 
definição dos limites dos espaços de dominantes e dominados. (JANOTTI, 
2005, p. 52-53). 
 
O Período Regencial é dividido em: Regência Trina Provisória (abril a julho de 
1831), Regência Trina Permanente (de 1831 a 1834), Regência Una do Padre 
Feijó (iniciada em 1835 e durou até 1837) e Regência Una de Araújo Lima (de 1837 a 
1840). Melo (2015, p. 26-27) comenta que “[...] Apesar de estarem desacreditadas, as 
Regências [...] foram implacáveis quanto a reprimir e silenciar tais revoltas no Brasil 
naquele período, em alguns casos, passaram a contar com o auxílio de tropas e 
tecnologias estrangeiras, em especial a inglesa”. 
O Período Regencial também foi marcado pelo surgimento de três grupos 
políticos importantes: os liberais exaltados, os liberais moderados e os restauradores. Os 
liberais exaltados eram conhecidos como Jurujubas ou Farroupilha. Os liberais 
moderados eram conhecidos como Chimangos. Os restauradores eram conhecidos como 
Caramurus. Nesse complexo contexto político, Iamashita (2009, p. 1) indica que a 
criação desses grupos políticos: 
 
Referem-se ao momento correspondente à complexa reconfiguração das 
redes de significados políticos e mentais que se desenvolveram na primeira 
metade do século XIX, em meio à crise do Antigo Regime e ao “turbilhão 
político” correspondente à expansão do movimento revolucionário iniciado 
em 1789. 
 
A seguir serão abordadas as principais revoltas que eclodiram durante o Período 
Regencial (Cabanagem, Sabinada, Balaiada, Revolução Farroupilha), sendo que 
algumas dessas revoltas foram apaziguadas durante o Segundo Reinado. 
CABANAGEM – também conhecida como Guerra dos Cabanos (referência às 
habitações dos ribeirinhos que era uma espécie de cabana) foi um movimento que 
ocorreu na província do Grão-Pará (atualmente Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e 
Rondônia), no período de 1835 a 1840, durante o Período Regencial. Nesta época, a 
maioria da população do Pará era formada por indígenas, escravizados e dependentes. 
De acordo com Santos (2004, p. 3), o movimento “[...] foi um movimento no qual 
lavradores, camponeses, negros escravos, pequenos comerciantes e servos indígenas, 
aproveitando-se de um momento de crise interna entre os governantes da província, 
assumiram o governo da região”. 
O movimento teve como causas principais: a situação de extrema pobreza da 
população; o abandono político que a província estava passando, após a Independência 
do Brasil; desejo da elite em participar da política e administração da província; e o 
desejo de independência em relação ao governo central. 
A Guerra dos Cabanos teve participação de vários setores da sociedade, e apesar 
de ter sido um movimento de classes, o aspecto étnico, especialmente por parte dos 
índios e brancos, também esteve presente no movimento. Por essa razão, Pinheiro 
(2009, p. 1) indica que: 
 
A Cabanagem não deve ser entendida como um movimento episódico, sendo 
antes um processo de múltiplas tensões que encerram percursos, demandas, 
ideários e objetivos distintos. Percorrendo trajetórias diferenciadas, 
arrastando-se por temporalidades múltiplas, tais tensões imbricam-se num 
dado momento, produzindo ações e reações de grande impacto no conjunto 
da sociedade do Grão-Pará. 
 
Sobre o movimento, Santos (2004, p. 43), discorre que a Guerra dos Cabanos foi 
um movimento político que devido às disputas internas das classes dominantes da 
província e “[...] Aproveitando-se de um momento de crise da direção da província, uma 
camada da população que até então estava fora da vida política, passou a se organizar 
em torno de idéias revolucionárias e preparou um ataque àqueles que os oprimiam”. 
Ainda, sobre o movimento, Pinheiro (2009, p. 3) relata que a Cabanagem expressava: 
 
[...] antes um momento conjuntural da história paraense onde aquelas 
diferentes trajetórias, haviam ganhado expressão e densidade ao se 
entrecruzarem, produzindo um processo aberto de confrontações armadas que 
colocou por terra todo e qualquer vestígio de autoridade institucional, no 
momento mesmo em que a pluralidade de demandas do movimento, bem 
como seus aspectos conflitantes inviabilizavam a emergência de um 
“projeto” único e de hegemonia entre os insurgentes. 
 
Influenciado pelas ideias revolucionárias, os revoltosos se organizaram, atacaram, 
conquistaram a capital, estendendo-se até o interior, e em seguida, declararam a 
Independência do Pará. Santos (2004, p. 43) assinala que “A Cabanagem alcançou 
extensos lugarejos no interior. Cabanos foram enviados para Acará, Capim, Guamá e 
seus afluentes, Moju na margemmeridional da baía do Marajó, Beja, Barcarena, Muaná 
e regiões próximas de Belém”. 
Apesar do caráter popular do movimento, verifica-se que houve “[...] dissensões 
entre lideranças do movimento, acontecimentos que levam muitos historiadores a 
afirmarem [...] que os cabanos do Pará não tinham um projeto político definido, vindo a 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/independencia-do-brasil
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/independencia-do-brasil
definhar mediante as repressões das tropas da Coroa” (MELO 2015, p. 27). Apesar dos 
desentendimentos dos lideres do movimento, “[...] os cabanos conseguiram resistir às 
forças legais até o ano de 1840, ano em que os últimos focos de resistência foram 
derrotados” (SANTOS, 2004, p. 3). 
Durante os conflitos armados entre o movimento e as tropas do império, há uma 
estimativa de que morreram mais de trinta mil pessoas, algo próximo de trinta por cento 
da população da época. A respeito do fim da Cabanagem, Melo (2015, p. 35) indica que 
o fim do movimento está ligado à derrocada de Cuipiranga, provocada pela chegada das 
“[...] tropas do Almirante Soares D‟Andréa (um especialista em guerra nas matas) 
transladadas de Pernambuco – onde reprimiram os revoltosos de Vicente de Paula na 
Revolta das Panelas ou Cabanada [...]”. 
SABINADA – foi um movimento que ocorreu durante o Período Regencial, 
desencadeada na província da Bahia, no período de 1837 e 1838, e tinha como principal 
objetivo construir uma república na província da Bahia, até que ocorresse a maioridade 
de Dom Pedro II, contudo, não havia interesse em separar-se do Brasil. Os principais 
líderes deste movimento foram Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira Barroso e 
João Carneiro da Silva Rego. 
A respeito da Sabinada, Soares (1991, p. 120) destaca que: 
 
Os revoltosos - oficiais militares, profissionais liberais, empregados públicos, 
pequenos comerciantes e artesãos, além de indivíduos oriundos das camadas 
mais pobres da população e, portanto, mais vulneráveis aos efeitos da miséria 
econômica que assolou a Província da Bahia nas décadas de 1820 e 30 - 
tomaram a cidade de Salvador e declararam a Bahia independente. Essa 
ocupação durou cerca de quatro meses (novembro de 1837 a março de 1838), 
tempo em que a reação se organizou no Recôncavo com o apoio dos senhores 
de engenho. A cidade foi sitiada, e isso provocou uma emigração em massa, 
devido à escassez de alimentos. Por fim, as forças da reação (exército e 
milícias) avançaram e reconquistaram a cidade, provocando destruição e 
morte. 
 
Como principais causas da Sabinada, Bezerra (2017) aponta a “Insatisfação diante 
da falta de autonomia política e administrativa da província, pois aos olhos dos 
revoltosos, o governo regencial era ilegítimo. O recrutamento obrigatório imposto aos 
baianos em função da Guerra dos Farrapos”. 
O movimento não tinha a intenção de romper com a escravidão, tendo em vista 
que se desejava o apoio das elites escravocratas, algo que não ocorreu. Cabe apontar que 
caso a revolta tivesse obtido sucesso e tomado o poder, havia a promessa que os 
escravizados nacionais que tivessem pegado em armas seriam libertados. Todavia, 
Bezerra (2017) indica que “[...] isso afastou a população escrava, a qual não foi 
convencida pela promessa de concessão de liberdade aos que lutassem e apoiassem o 
governo republicano”. 
O movimento foi derrotado no ano de 1838 pelas tropas imperiais. Durante o 
combate, inúmeras casas foram incendiadas e inúmeros rebeldes foram mortos. Os 
líderes foram presos e condenados à prisão perpétua. Bezerra (2017) baliza que: 
 
Com a ajuda do exército e de milícias locais, as forças governamentais 
reconquistaram a cidade. A revolta foi duramente reprimida e deixou um 
saldo de aproximadamente duas mil mortes e três mil prisões. Os principais 
líderes do movimento foram condenados à pena de morte ou prisão perpétua 
e alguns foram de fato executados e degredados. 
 
A Sabinada foi um movimento que serviu para reforçar a visão de repressor por 
parte do governo central, tendo em vista que os regentes usaram a força para conter as 
revoltas, pois desejavam a manutenção da ordem interna bem como a unidade territorial 
do império brasileiro. 
BALAIADA – foi um movimento que ocorreu na província do Maranhão, no 
período de 1838 a 1840, durante o Período Regencial, e foi iniciada por conta de 
disputas entre as elites locais. Nesse período, a sociedade maranhense estava dividida 
entre uma classe baixa (escravos e sertanejos) e uma classe alta (proprietários rurais e 
comerciantes). 
A Balaiada foi uma das revoltas mais populares ocorridas durante o Período 
Regencial e ficou conhecida por esse nome “[...] por fazer referência ao ofício de um de 
seus principais líderes, Francisco Ferreira, que sobrevivia nas proximidades da comarca 
do Brejo com a produção e venda de balaios” (SILVA, 2017, p. 1). 
Ainda, de acordo com Silva (2017, p. 1), a Balaiada foi um movimento que 
ocorreu “principalmente na província do Maranhão, que se expandiu para as províncias 
vizinhas do Piauí e Ceará, entre os anos de 1838-1841, e contou com participação 
expressiva de homens livres e escravos”. Cabe destacar que o ponto inicial do conflito 
foi o confronto de duas facções: os Cabanos (de linha conservadora) e os chamados 
“bem-te-vis” (de linha liberal). 
A revolta representou uma reação e um movimento de luta das camadas menos 
favorecidas contra as injustiças praticadas por elites políticas, bem como 
as desigualdades sociais que assolavam o Maranhão do século XIX. Todavia, verifica-se 
https://www.infoescola.com/sociologia/desigualdade-social/
na historiografia que “[...] os rebeldes populares foram caracterizados durante muito 
tempo como homens sem nenhuma civilização, que viviam de rapina, matavam com 
naturalidade, e principalmente não teriam nenhuma motivação política para se rebelar 
contra o governo” (SILVA, 2017, p. 6-7). Janotti (2005, p. 54) assinala que: 
 
A emergência de um discurso das camadas sociais marginalizadas, de forte 
conteúdo social, permeava, de muito, as fórmulas de protesto do discurso 
liberal empregadas nos manifestos e proclamações revolucionárias. Nesse 
clima de avanço e recuos da construção do poder, surgiu a Balaiada em 1838. 
 
A respeito da facção liberal conhecida como bem-te-vis, o autor baliza que: 
 
Durante todo o período inicial da Balaiada, os bem-te-vis não cansaram de 
responsabilizar os cabanos pelo crescimento da revolta, pela ineficiência da 
administração, pela corrupção da guarda nacional, aproveitando-se da 
insegurança geral, vaticinar um grande derramamento de sangue na 
província. A cúpula do partido dos bem-te-vis pretendeu manipular os 
revoltosos, transformando-os em instrumentos de suas ambições através de 
hábil campanha jornalística, na qual divulgou vários manifestos dos chefes 
do movimento, veiculando as razões que os moviam, sem contudo hipotecar-
lhes solidariedade. (JANOTTI, 2005, p. 54). 
 
Todavia, apesar de o movimento ter representado a reação das classes menos 
favorecidas contras as injustiças sociais, Janotti (2005, p. 41) revela que a Balaiada 
representou “[...] a ascensão de brasileiros ao poder provincial e nacional, a 
consolidação do poder do coronelismo e o pacto de dominação entre os partidos da elite 
maranhense, acentuando mais ainda a marginalização social dos destituídos, 
principalmente dos negros”. 
De acordo com Santos (2010), os fatores decisivos para o fim da Balaiada, 
movimento que foi marcado pela traição, assassinatos, deserções, prisões, torturas, 
abusos e injustiças, foi: 
 
A repressão pelo poder das armas foi fator decisivo para a derrota da 
Balaiada, porém outros fatores também contribuíram para essa derrota: a 
desunião, que fragilizou e dividiu os rebeldes; a traição dos companheiros, 
que foram cooptados pela legalidade; o abandono da revolta em virtude da 
maioridadedo imperador, quando então se entregaram vários rebeldes graças 
a lei da anistia, e finalmente, a fome e as doenças. 
 
Para dar um fim ao conflito, o governo central enviou oito mil soldados, no dia 7 
de fevereiro de 1840, para a vila de Caxias, sob o comando do coronel Luís Alves de 
Lima e Silva que, posteriormente, recebeu o título de Barão de Caxias, graças ao êxito 
nessa campanha. Em 1841, a Balaiada chegou ao fim com um saldo negativo de oito mil 
vaqueiros e escravos mortos. Janotti (2005, p. 55) mostra que: 
 
A repressão violenta de Luís Alves de Lima, enviado pelo governo central, 
foi apoiada por todas as facções liberais e cabanas. Temiam os balaios 
entregarem-se às forças oficiais, pois, quando os primeiros grupos se 
renderam, ou aceitaram a proposta da anistia, foram obrigados a combater 
seus próprios correligionários. O final da Balaiada foi marcado pela traição, 
assassinatos, deserções, prisões e torturas, atestados nos relatórios firmados 
pelo presidente. 
 
Todavia, a aplicação das penalidades aos rebeldes teve dois pesos e duas medidas, 
pois Dom Pedro II concedeu o perdão da anistia para alguns, mas outros foram 
executados. 
REVOLUÇÃO FARROUPILHA – também conhecida como Guerra dos Farrapos 
(devido aos trajes maltrapilhos que o exército rebelde usava) foi um movimento que 
ocorreu de 1835 a 1845. 
O movimento foi idealizado pelos grandes proprietários de terra do Rio Grande do 
Sul que estavam insatisfeitos com os altos impostos que eram cobrados pelo governo 
imperial sobre seus produtos, sendo que o charque, o principal produto possuía: 
 
[...] determinada dependência dos valores pelos quais os comerciantes do 
centro pagariam para receber este produto. Assim, viram suas aspirações 
malogradas pela política econômica imperial, que protegia e dava aval para 
entrada do produto vindo das antigas colônias espanholas do Rio da Prata, 
que já possuía proteção dentro de seus países por ser o principal produto 
nacional, e não secundário, como no caso brasileiro. (SCHMITT, 2018, p. 
364). 
 
A Guerra dos Farrapos teve como principais líderes: Bento Gonçalves que foi 
eleito presidente da República do Piratini, em 1837, e Giuseppe Garibaldi que 
proclamou em Santa Catarina a República Juliana. 
Dornelles (2010, p. 169) indica que o movimento foi “[...] encabeçado por 
homens de destaque no cenário rio-grandense, como grandes estancieiros, 
charqueadores, comerciantes e representantes da cúpula militar”. Ainda, o autor cita que 
“[...] inicialmente o movimento não possuíra caráter separatista. Seus líderes desejavam 
o poder de eleger o presidente provincial, de ter câmaras de vereadores, de legislar e de 
recolher os impostos que deveriam servir para o desenvolvimento local” 
(DORNELLES, 2010, p. 177). 
https://www.infoescola.com/historia/republica-juliana/
A Revolução Farroupilha contou com a participação dos negros escravizados que 
tinham a promessa de liberdade, no caso de vitória por parte dos revoltosos. Ainda, cabe 
destacar que a Revolução Farroupilha também sofreu forte influência das ideias liberais 
da época, conforme se verifica abaixo: 
 
No Rio Grande do Sul, o liberalismo esteve no foco dos problemas 
provinciais, negligenciados pela centralização governamental. Para parte das 
lideranças políticas rio-grandenses, o ideário liberal se constituiu como uma 
justificativa para sua rebelião contra a concentração de poder nas mãos do 
Império, que deixara de corresponder às expectativas de salvaguardar a 
propriedade e a soberania provinciais, abertas com o processo de 
independentização do país. (PESAVENTO, 1985, p. 23 apud DORNELLES, 
2010, p. 174). 
 
Durante os dez anos da Revolução Farroupilha, percebe-se que o período de 1835 
a 1840 foi marcado pela ascensão do movimento, devido às inúmeras vitórias no campo 
militar. Todavia, a partir do ano de 1840, o movimento começou a passar por um 
período de claro declínio das forças revoltosas. Dornelles (2010, p. 169) discorre que: 
 
Primeiramente, buscou-se uma negociação com o governo brasileiro. Com a 
perpetuação da política centralista da regência imperial, a revolta culminou 
com a proclamação da República Rio-Grandense. De início, muitos dos 
líderes farroupilhas não eram nem republicanos nem separatistas, mas a 
impossibilidade de negociação com a governança regencial acabou por 
conduzir ao desfecho de uma República. 
 
No ano de 1842, Luís Alves de Lima e Silva, que mais tarde receberia o título de 
Duque de Caxias, foi nomeado por Dom Pedro II como presidente do Rio Grande do 
Sul e comandante das armas, com a principal finalidade de acabar com a revolta que já 
se arrastava por anos, bem como pacificar a província. 
A Revolução Farroupilha foi encerrada no dia 1º de março de 1845, com a 
assinatura do Tratado de Poncho Verde. Dornelles (2010, p. 171) comenta que “[...] as 
forças farroupilhas encontravam-se enfraquecidas, dificultando a manutenção da 
República. Apesar de ter o aval do Imperador para agir com violência, Luís Alves de 
Lima e Silva optou pela diplomacia, fazendo apelo ao patriotismo dos insurretos [...]”. 
Outro fator que colaborou para o desfecho favorável dos revoltosos foi “[...] a 
necessidade que o Imperador tinha acerca dos braços rio-grandenses para a manutenção 
das fronteiras sulistas do Brasil” (DORNELLES, 2010, p. 171). 
 Ainda, o autor indica que os revoltosos “Conseguiram um acordo de paz bastante 
razoável, mas não alcançaram a meta de maior autonomia da Província, sua principal 
bandeira inicial” (DORNELLES, 2010, p. 177). 
https://www.todamateria.com.br/duque-de-caxias/
REFERÊNCIAS 
BEZERRA, Juliana. Sabinada. Disponível em: 
https://www.todamateria.com.br/sabinada/. Acesso em: 17 set. 2021. 
DORNELLES, Laura de Leão. Guerra Farroupilha: considerações acerca das tensões 
internas, reivindicações e ganhos reais do decênio revoltoso. Revista Brasileira de 
História e Ciências Sociais, Rio Grande, v. 2, n. 4, p. 168-178, jul./dez. 2010. 
Disponível em: https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/10409/6755. Acesso em: 17 
set. 2021. 
IAMASHITA, Léa Maria Carrer. A historiografia das rebeliões regenciais e as 
representações políticas rebeldes. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA - 
ANPUH, 25., 2009, Fortaleza. Anais do XXV Simpósio Nacional de História – 
ANPUH. Disponível em: https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-
01/1548772006_c98edbdd581abed447a54cd748e6e028.pdf. Acesso em: 17 set. 2021. 
JANOTTI, Maria de Lourdes Monaco. Balaiada: construção da memória histórica. 
Balaiada: construção da memória histórica. Revista História, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 
41-76, 2005. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=221014791003. 
Acesso em: 17 set. 2021. 
MELO, Wilverson Rodrigo Silva de. Tempos de revoltas no Brasil oitocentista: 
ressignificação da Cabanagem no Baixo Tapajós (1831-1840). 2015. 271 f. Dissertação 
(Mestrado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Filosofia e 
Ciências Humanas, Recife, 2015. Disponível em: 
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/15710. Acesso em: 17 set. 2021. 
PINHEIRO, Luís Balkar Sá Peixoto. O Ensaio Geral da Cabanagem: Manaus, 1832. In: 
SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA - ANPUH, 25., 2009, Fortaleza. Anais do 
XXV Simpósio Nacional de História – ANPUH. Disponível em: 
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/anpuhnacional/S.25/ANPUH.S25.1111.
pdf. Acesso em: 17 set. 2021. 
SANTOS, Sandra Costa dos. Cabanagem: crise política e situação Revolucionária. 
2004. 121 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Universidade Estadual de 
Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, 2004. Disponível em: 
http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/279778/1/Santos_SandraCostad
os_M.pdf. Acesso em: 17 set. 2021. 
SANTOS, Sandra Regina Rodrigues. A Balaiada no Sertão: a pluralidade de uma 
revolta. 1. ed. São Luís: Editora Uema, 2010. 
SCHMITT,Ânderson Marcelo. Guerra dos Farrapos (1835-1845): entre o fato histórico 
e suas apropriações. Revista Esboços, Florianópolis, v. 25, n. 40, p. 358-377, dez. 
2018. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos/article/view/2175-
7976.2018v25n40p358. Acesso em: 17 set. 2021. 
SILVA, Lillian Micheli. “E um eco de dor para o futuro”: a construção de uma 
Memória sobre a Balaiada. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA - ANPUH, 29., 
2017, Brasília. Anais do XXIX Simpósio Nacional de História – ANPUH. Disponível 
em: https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-
01/1548953099_e85b0e32d756b041e1cd6f410ec75906.pdf. Acesso em: 17 set. 2021. 
SOARES, Walter Guimarães. A Sabinada: a revolta separatista da Bahia (1837) de 
Paulo César Souza, São Paulo, Brasiliense, 1987, 252 p. Caderno CRH, Salvador, v. 4, 
n. 4, p. 119-121, jan./jul. 1991. Disponível em: 
https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/18838/12208. Acesso em: 17 set. 
2021.

Continue navegando