Buscar

Protocolo Gerenciado da Sepse

Prévia do material em texto

Protocolo Gerenciado de
SEPSE
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
2
3
Sumário
1. Fundamento
2. Objetivos
3. Definições/Nomenclatura
4. Protocolo
 4.1. Aplicabilidade
 4.1.1. Critérios de Inclusão
 4.1.2. Critérios de Exclusão/Contraindicações
 4.2 Procedimentos
 4.3 Guia de Antimicrobiano
 4.4 Indicadores de Qualidade
5. Legislação e Normas
6. Referências Bibliografias
5
6 
6
6
7
7
7
8
17
22
23
23
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
4
Comissão de Elaboração
Dr. Edson Romano – Diretor Clinico
Dr. Vinícius Avellar Werneck - Coordenador do grupo de sepse 
Dr. Jorge Farran – Coordenador do grupo de sepse 
Dra. Sabrina Bernardez – Coordenadora dos protocolos clínicos
Enf. Rosianne de Vasconcelos- Enfermeira do grupo de sepse 
Enf. Michelle Saad – Coordenadora Multidisciplinar de Práticas Assistenciais
Lista de Siglas e Abreviaturas
ILAS –Instituto Latino Americano Sepse
SIRS - Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica
5
1. Fundamento
 A sepse é definida como presença de disfunção orgânica secundária a uma 
agressão infecciosa. Apresenta taxas elevadas de incidência e mortalidade. 
 
 O estudo SPREAD, conduzido ILAS, apontou que 30% dos leitos de UTI 
(Unidade de Terapia Intensiva) do Brasil estão ocupados por pacientes com sepse 
ou choque séptico. A letalidade nesses pacientes foi de 55%. Assim, todos os 
profissionais devem ser capazes de reconhecer os sinais e sintomas de sepse e 
providenciar a conduta imediata para que o tratamento possa ser feito. Isso torna 
o desafio amplo e não apenas restrito a áreas como terapia intensiva e serviços de 
urgência/emergência, abrangendo de forma plena a instituição.
 
 O ILAS, organização sem fins lucrativos fundada em 2005 com o objetivo de 
melhorar a qualidade assistencial aos pacientes sépticos, vem auxiliando o Hcor na 
implementação do protocolo de diagnóstico e tratamento da sepse, baseado nos 
pacotes de tratamento da Campanha de Sobrevivência à Sepse. 
 
 Este manual visa a educação continuada de todos os colaboradores do Hcor, 
para que possam ser feitos a identificação precoce e o tratamento adequado aos 
pacientes com sepse e choque séptico.
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
6
2. Objetivos
Padronizar condutas baseadas em evidências científicas para a sepse, garantindo 
boas práticas assistenciais. Os benefícios do protocolo são: 
• Redução da mortalidade;
• Redução no tempo de internação hospitalar;
• Redução nos custos do tratamento;
• Retorno precoce do paciente a suas atividades habituais;
• Diferencial na qualidade do atendimento multiprofissional.
3.Definições/ Nomenclatura
DEFINIÇÕES:
INFECÇÃO SEM DISFUNÇÃO: Infecção suspeita ou confirmada, sem disfunção 
orgânica, de forma independente da presença de sinais de SIRS.
SEPSE: Infecção suspeita ou confirmada associada à disfunção orgânica, de 
forma independente da presença de sinais de SIRS.
CHOQUE SÉPTICO: Sepse que evoluiu com hipotensão não corrigida com 
reposição volêmica (PAM ≤65 mmHg), de forma independente de alterações de 
lactato.
4. Protocolo
Setores envolvidos:
• Pronto Socorro 
• Unidade de Internação 
• Oncologia
• Unidade Coronariana 
• Unidade de Terapia Intensiva 
• Centro Cirúrgico 
Áreas relacionadas:
• Médicos 
• Enfermagem
• Fisioterapia
• Laboratório
• SCIH
• Farmácia
• Banco de Sangue
• Qualidade
• Educação permanente
7
4.1 Aplicabilidade
4.1.1 Critérios de Inclusão
Critérios de inclusão:
• Todos os pacientes que apresentem, em algum momento da internação 
hospitalar, ou na sua admissão, quadro compatível com sepse ou choque 
séptico;
• Idade ≥ 18 anos;
4.1.2 Critérios de Exclusão/Contraindicações
Critérios de exclusão:
• Pacientes em cuidados paliativos, portanto sem indicação de medidas 
agressivas para sepse ou choque séptico;
• Idade < 18 anos;
• Recusa do paciente.
Critérios de admissão em unidade de internação: 
• Pacientes sépticos (sem disfunção orgânica); 
• Pacientes com sepse que REVERTEM à disfunção orgânica após tratamento 
inicial (pacote de 6 horas).
Critérios de alta da unidade de internação (alta hospitalar): 
• Melhora ou cura clínica.
Critérios de admissão em UTI:
• Pacientes com sepse que REVERTEM PARCIALMENTE à disfunção orgânica 
após tratamento inicial (pacote de 6 horas);
• Pacientes com sepse que NÃO REVERTEM à disfunção orgânica após 
tratamento inicial (pacote de 6 horas); 
• Pacientes com choque séptico; 
• Pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo (SARA) induzido 
pela sepse;
Critérios de alta da UTI: 
• Melhora clínica, estabilidade hemodinâmica e respiratória, sem dependência de 
medidas de suporte hemodinâmico ou respiratório.
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
8
A análise final compreende:
• Aderência aos pacotes de 3, 6 e 24 horas;
• Mortalidade por sepse e choque séptico;
• Mortalidade na UTI, hospitalar e geral.
4.2 Procedimentos 
TRIAGEM E INCLUSÃO NO PROTOCOLO 
Diagnóstico da sepse 
Sepse deve ser suspeitada em todos os pacientes com quadro infeccioso. 
A equipe multidisciplinar deve estar atenta à presença dos critérios de resposta 
inflamatória sistêmica, que definem a presença de infecção. 
• Temperatura central > 38,3º C ou < 36ºC; 
• Frequência cardíaca > 90bpm; 
• Frequência respiratória > 20 rpm, ou PaCO2 < 32 mmHg; 
• Leucócitos totais > 12.000/mm³ ou < 4.000/mm³ ou presença de > 10% de 
formas jovens.
Nos pacientes com critérios de SIRS, a presença de disfunção orgânica define o 
diagnóstico de sepse. As principais disfunções orgânicas são: 
• Hipotensão
• Oligúria (≤0,5ml/Kg/h)
• Relação PaO2/FiO2 < 300mmHg
ATENÇÃO: 
Para melhorar a especificidade da triagem dos pacientes no Hcor, 
os critérios de SIRS foram definidos como:
Temperatura central > 38º C ou < 35ºC; 
Frequência cardíaca > 100 bpm; 
Frequência respiratória > 20 rpm, ou PaCO2 < 32 mmHg 
9
• Contagem de plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de 
plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias
• Acidose metabólica inexplicável: déficit de bases ≤ 5,0 mEq/L e lactato > 2 vezes 
o valor normal
• Rebaixamento do nível de consciência
• Aumento significativo de bilirrubinas (>2X o valor de referência)
Lembre-se: A ausência dos critérios de SIRS não exclui o diagnóstico de sepse. 
Alguns pacientes, principalmente idosos e imunossuprimidos, não apresentam esses sinais. 
Assim, na presença de uma dessas disfunções, sem outra explicação plausível, pense 
em sepse e inicie as medidas preconizadas nos pacotes. 
Caso seja comprovado posteriormente não se tratar de sepse, sempre poderemos 
suspender a antibioticoterapia.
A triagem inicial será baseada nos critérios de SIRS e de disfunção orgânica. 
Qualquer colaborador que identificar pelo menos 2 critérios de SIRS e/ou 1 critério 
de disfunção orgânica, deverá comunicar o enfermeiro do setor, que deverá 
iniciar o processo com a abertura da ficha do protocolo e acionar a equipe médica 
imediatamente.
O médico deverá avaliar o paciente e definir se há foco infeccioso (presumido 
ou confirmado). Se não houver suspeita clínica de infecção, o paciente não será 
incluído no protocolo. 
Se houver suspeita de infecção, o médico deverá definir se o diagnóstico é de 
sepse ou choque séptico. Se o médico afastar o diagnóstico de sepse ou choque 
séptico, o paciente não será incluído no protocolo. O mesmo ocorrerá se o 
paciente, independente do diagnóstico, estiver em cuidados paliativos. 
Uma vez o médico confirmando que há sepse ou choque séptico, o paciente será 
incluído no protocolo, e a partir deste momento, se inicia a contagem de tempo 
para as metas terapêuticas:
• Colher o Kit Sepse* e 2 amostras de hemoculturas periféricas (além de outras 
culturas conforme o caso), em até 30 minutos;
• Prescrever a antibioticoterapia em até 30 minutos, no máximo;
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
10
• Administrar os antibióticos, após coleta de culturas, em até 30 min após a 
prescrição médica (no máximo 1h após o diagnóstico);
• Reposição volêmica agressiva precoce em pacientes com hipotensão oulactato acima de 20 mg/dL.
* Kit Sepse: Hemocultura periférica 2 amostras, Hemograma, Ureia, Creatinina, 
Glicemia, Sódio, Potássio, Cálcio iônico, Magnésio, Coagulograma, TGO, TGP, 
PCR, Bilirrubinas totais e frações, Troponina e Gasometria arterial e Lactato 
arterial
Após o resultado dos exames laboratoriais, o médico reavalia a presença de 
disfunção orgânica (clínica ou laboratorial), dando prosseguimento aos pacotes 
de 3 e de 6h (terapia precoce guiada por metas).
OBS: Na abertura do protocolo pelo médico assistente, o médico plantonista 
deverá ser comunicado para acompanhamento/reavaliação do caso. No caso 
das unidades de internação, o código amarelo deverá ser acionado em todos os 
casos de SIRS após abertura do protocolo pelo enfermeiro.
11
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
12
AV L
m
Pacote de 3 horas 
1. Colher lactato sérico. 
Obs: O lactato (e SvO2 nos pacientes que já tem acesso central) deve ser 
imediatamente encaminhado ao laboratório por quem estiver imediatamente 
disponível. O objetivo é obter esse resultado em menos que 30 minutos. 
2. Colher duas amostras de hemoculturas, urocultura e cultura de todos os outros 
sítios pertinentes. Prescreva essa coleta, colocando horário, pois o momento 
da mesma deve ficar registrado no prontuário. Coloque sempre a observação: 
colher hemocultura antes da administração de antibióticos do item 5.
3. Prescreva antibioticoterapia de amplo espectro. Coloque o horário em que 
a mesma foi prescrita. Entregue na mão da enfermeira do leito, que tem 30 
minutos para administrar a medicação. 
4. Pacientes com lactato alterado (acima de 20mg/dL) ou hipotensos (pressão 
arterial sistólica abaixo de 90mmHg, pressão arterial média <65 mmHg ou 
redução da pressão sistólica em 40 mmHg da pressão habitual) devem receber 
ressucitação hemodinâmica, conforme fluxograma em anexo. 
5. Nesses pacientes, iniciar imediatamente reposição volêmica agressiva (pelo 
menos 30 ml/kg de cristalóides). Colóides protêicos (soro albuminado) 
podem também ser usados. Coloides não proteicos de baixo peso molecular 
constituem opção terapêutica em casos selecionados, após infusão inicial 
de cristaloides. Esse volume deve ser infundido o mais rápido possível, 
idealmente em 30 a 60 minutos. 
Após o resultado dos exames laboratoriais, o médico reavalia a presença de 
disfunção orgânica (clínica ou laboratorial), dando prosseguimento aos pacotes 
de 3 e de 6h (terapia precoce guiada por metas). 
Pacientes cardiopatas podem necessitar de redução na velocidade de 
infusão, conforme a presença ou não de disfunção diastólica ou sistólica 
moderada/grave. Nesses pacientes, o uso de vasopressores para garantir 
pressão de perfusão adequada eventualmente necessita ser antecipado.
13
Pacote de 6 horas 
6. Caso a pressão arterial média (PAM) permaneça abaixo de 65 (após a infusão 
de volume inicial), iniciar vasopressores. Não se deve tolerar pressões abaixo de 
65 mmHg por períodos superiores a 30-40 minutos. Em casos de hipotensão 
ameaçadora a vida, pode-se iniciar o vasopressor mesmo antes da reposição 
volêmica. É fundamental garantir pressão de perfusão enquanto se continua 
a reposição volêmica. Assim, o vasopressor pode ser iniciado mesmo em veia 
periférica, enquanto se providencia com urgência o acesso central. A droga de 
escolha é a noradrenalina. 
7. Os pacientes com choque séptico (enquanto em uso de vasopressor) devem ser 
monitorados com pressão arterial invasiva. 
8. Continuar reposição volêmica, orientado por pressão venosa central (PVC) 
visando atingir o alvo terapêutico. O paciente hipotenso, a despeito da 
otimização da reposição volêmica, e/ou com hiperlactatemia inicial, tem 
indicação de reavaliação do estado volêmico ou de parâmetros perfusionais 
pela equipe médica, dentro das primeiras 6 horas de tratamento. As seguintes 
formas de reavaliação poderão ser consideradas:
O objetivo é atingir essas metas:
- PVC: 8-12 mmHg ou 12-15 mmHg em pacientes em VM
- PAM ≥ 65 mmHg
- Diurese > 0,5 ml/kg/h
- Saturação venosa de oxigênio (SvcO2) ≥ 70%
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
14
• Mensuração de PVC
• Variação de pressão de pulso
• Variação de distensibilidade de cava
• Elevação passiva de membros inferiores
• Qualquer outra forma de responsividade a fluídos
• Mensuração de SvO2
• Tempo de enchimento capilar
• Intensidade de livedo
• Sinais indiretos (por exemplo, melhora do nível de consciência ou presença de 
diurese)
9. A SvO2 deve estar acima de 70 dentro de seis horas do diagnóstico. Utilizar 
toda a estratégia de otimização descrita no fluxograma em anexo. Dela fazem 
parte à reposição volêmica, noradrenalina, dobutamina e, eventualmente, 
concentrado de hemácias. Todos os pacientes com hemoglobina < 7,0 g/dl 
devem receber transfusão. 
Pacientes com hemoglobina < 9,0 devem receber dobutamina. Caso a 
SvO2 continue abaixo de 70% após inicio de dobutamina, pacientes com 
hemoglobina <9,0 g/dL devem receber transfusão. 
Deve ser administrada uma unidade de cada vez com novo controle de SvO2. 
Caso a SvO2 não atinja 70% após essas manobras, considerar intubação e 
sedação para redução do consumo de oxigênio. A temperatura corporal deve 
ser normalizada. 
10. Nos pacientes com lactato alterado, uma meta terapêutica adicional é o 
clareamento do mesmo. Assim, após duas horas de ressuscitação, nova 
dosagem deve ser solicitada. O objetivo é obter clareamento de 10 a 20% em 
relação aos níveis anteriores, visando a normalização do mesmo. 
11. Pacientes sépticos podem se apresentar hipertensos, principalmente se 
já portadores de hipertensão arterial sistêmica. Nesses casos, a redução 
da pós-carga pode ser necessária para o restabelecimento da adequada 
oferta de oxigênio. Não se devem usar medicações de efeito prolongado, 
pois esses pacientes podem rapidamente evoluir com hipotensão. Assim, 
vasodilatadores endovenosos são preferíveis. 
15
12. Não está indicado o uso de bicarbonato nos casos de acidose lática 
em pacientes com pH > 7,15, pois o tratamento dessa acidose é o 
restabelecimento da adequada perfusão. Nos pacientes com pH abaixo desse 
valor ela pode ser avaliada.
Outras recomendações:
13. Somente em paciente com choque séptico refratário, pode-se avaliar a 
prescrição de hidrocortisona 50 mg 6/6 hs. 
14. Caso o paciente esteja em ventilação mecânica, todos os esforços devem ser 
feitos para manter a pressão de platô abaixo de 30 cmH2O.
15. Deve-se usar estratégia para controle glicêmico de acordo com os protocolos 
institucionais, objetivando glicemias entre 110 – 140mg/dL. 
- Protocolo I – Choque séptico
- Protocolo II – Sepse
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
16
17
4.3 Guia de Antimicrobiano
ETIOLOGIA CONDIÇÕES DE RISCO
Patógenos 
multirresistentes 
(MDR)
- Internação hospitalar maior que 3 dias nos últimos 3 meses
- Paciente institucionalizado (instituição de longa permanência, ‘home care’, etc...)
- Conhecimento de colonização ou infecção por patógenos MDR 
- Antibioticoterapia por mais de 7 dias nos 3 meses anteriores com cefalosporinas de 3°, 4° 
geração, quinolonasou carbapenêmicos
- Doença renal em estágio final, dialítico, hemodiálise ou diálise peritoneal
- Doença maligna em terapia imunossupressora
- Doenças associadas com elevado risco de colonização ou infecção por patógenos 
multirresistentes: fibrose cística, bronquiectasias, úlceras crônicas
MRSA (S.aureus 
meticilino-
resistente)
- Infecção de pele e partes moles ou relacionada a CVC, pneumonia necrotizante e 
multifocal, colonização prévia, histórico de porta de entrada cutânea ou trauma muscular, 
uso de drogas injetáveis
Pseudomonas 
aeruginosa
Internação em UTI, ter recebido tratamento anti-Pseudomonas nos últimos 30 dias, 
cateter venoso central (CVC), sonda vesical de demora (SVD), ventilação mecânica (VM), 
Traqueostomia, Neutropenia, Imunossupressão, Fibrose Cística, Bronquiectasia
Foco Infecção Comunitária e SEM fatores de risco para MDR
Infecção relacionada à assistência à 
saúde e/ou COM fatores de risco paraMDR e/ou Choque séptico
Foco não 
identificado
Ceftriaxona 2g EV dose ataque seguido 
de 1-2g EV 12/12h COM ou SEM 
Metronidazol 500mg EV 8/8h 
Ou
Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h
(Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h OU 
Meropenem 2g EV dose ataque seguido de 1 a 2g 
EV 8/8h)+ (Vancomicina 25-30mg/Kg dose de 
ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/
dose 12/12h OU Teicoplanina 400mg EV 12/12h)
Após caracterização do quadro de sepse ou choque séptico e coleta 
do kit protocolo sepse, avaliar fatores de risco para patógenos 
multirresistentes ou específicos de acordo com o quadro a seguir 
(Quadro 1) e definir terapia empírica de acordo com Quadro 2.
Quadro 1. Condições de risco para patógenos 
multirresistentes (MDR), MRSA e P.aeruginosa
Quadro 2. Terapia empírica recomendada nos episódios de 
SEPSE de acordo com o foco infeccioso presumido e presença 
ou não de fatores de risco para MDR e/ou choque
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
18
Foco Infecção Comunitária e SEM fatores de risco para MDR
Infecção relacionada à assistência à 
saúde e/ou COM fatores de risco para 
MDR e/ou Choque séptico
Foco Pulmonar
Ceftriaxona 2g EV dose ataque 
seguido de 1-2g EV 12/12h + 
Azitromicina 500mg EV 1xdia ou 
Claritromicina 500mg EV 12/12h¹ 
OU 
Moxifloxacino 400mg EV 1xdia 
OU 
Levofloxacino 750mg EV 1xdia
-Alternativa –se fatores de risco para 
MRSA - Ceftarolina 600mg EV 12/12h 
+ Azitromicina 500mg EV 1xdia 
OU 
Claritromicina 500mg EV 12/12h¹
(Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h 
OU Meropenem 2g EV dose ataque 
seguido de 1 a 2g EV 8/8h) COM ou 
SEM Azitromicina 500mg EV 1xdia 
(Comunitária) COM ou SEM Vancomicina 
25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) 
EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h 
OU
 Teicoplanina 400mg EV 12/12h 
(se suspeita MRSA)
Foco Urinário
Ceftriaxona2 g EV ataque, 
depois 1-2g EV 12/12h 
OU 
Ertapenem 1g EV 1xdia
Ertapenem 1g EV 1xdia 
OU
Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h 
OU 
Meropenem 2g EV dose ataque 
seguido de 1 a 2g EV 8/8h
Foco Abdominal
(Ceftriaxona 2g EV ataque, 
depois 1-2g EV 12/12h 
OU 
Ciprofloxacino 400 mg EV 12/12h) 
+ Metronidazol 500mg EV 8/8h
OU
 Moxifloxacino 400mg EV 1xdia
(Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h 
OU Meropenem 2g EV dose ataque 
seguido de 1 a 2g EV 8/8h) + Vancomicina 
25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) 
EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h 
OU 
Teicoplanina 400mg EV 12/12h
Foco Biliar
Ceftriaxona 2g EV ataque, 
depois 1-2g EV 12/12h + 
Metronidazol 500mg EV 8/8h 
OU
Ertapenem 1g EV 1xdia 
OU 
Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h
(Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h OU 
Meropenem 2g EV dose ataque seguido 
de 1 a 2g EV 8/8h) + Vancomicina 25-
30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, 
seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h 
OU 
Teicoplanina 400mg EV 12/12h
Pele e Partes Moles
(Erisipela / Celulite 
/ Pé diabético) e 
Artrite séptica / 
osteomielite
-(Ceftriaxona 2g EV ataque, depois 
1-2g EV 12/12h OU Ciprofloxacino 
400 mg EV 12/12h - preferir 
Ciprofloxacino se pé diabético) + 
Clindamicina 600mg EV 6/6h 
OU
Moxifloxacino 400mg EV 1xdia
-Alternativa - Ceftarolina 
600mg EV 12/12h
 Vancomicina 25-30mg/Kg dose 
de ataque (máximo 2g) EV, seguida 
de 15-20mg/Kg/dose 12/12h 
OU Teicoplanina 400mg EV 12/12h 
OU Daptomicina 500mg EV 1xdia 
OU Linezolida 600mg EV 12/12h
+ Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h – 
particularmente se paciente diabético e/ou 
Pé diabético / Artrite séptica / osteomielite
19
Neutropenia 
Febril*
Cefepima 2g EV 8/8h (Meropenem 2g EV 8/8h COM ou SEM 
Amicacina 15mg/Kg - máximo 1,5g EV 
1xdia) COM ou SEM Vancomicina 25-
30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, 
seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h 
OU 
Teicoplanina 400mg EV 12/12h- se foco 
suspeito para gram-positivo (cateter, pele/
partes moles, enterocolite / choque)
Sistema Nervoso 
Central
Ceftriaxona 2g EV 12/12h Meropenem 2g EV dose ataque seguido 
de 1 a 2g EV 8/8h) + Vancomicina 25-
30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, 
seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h
Infecção de Sítio 
Cirúrgico
(Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h OU Meropenem 2g 
EV dose ataque seguido de 1 a 2g EV 8/8h) + 
Vancomicina 25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida 
de 15-20mg/Kg/dose 12/12h OU Teicoplanina 400mg EV 12
Endocardite 
infecciosa 
(terapia inicial)
-Valva nativa – Ceftriaxona 2g EV ataque, depois 1-2g EV 12/12h + Vancomicina 25-
30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h 
-Prótese valvar – Vancomicina 25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 
2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h + Gentamicina 2mg/
kg EV 8/8h (Rifampicina apenas após primeiras 48h)
IMPORTANTE: Tratam-se de sugestões para terapia empírica inicial. 
Sempre avaliar de-escalonamento e adequação após resultados de culturas. 
*Neutropenia febril de acordo com classificação do episódio e 
endocardite de acordo com microorganismo, valva nativa ou prótese 
ou dispositivos como marcapasso e CDI (consultar protocolos 
específicos). Artoplastias* – consultar protocolo específico.
Observações: ¹ Atenção para uso de Claritromicina EV – volume de 
diluição e risco de flebite. Na troca para VO – Claritromicina UD 500mg, 
VO, 1xdia.*Checar protocolo específico de Neutropenia Febril.Em caso 
de choque séptico preferir esquema ampliado conforme tabela. 
Para todos: atentar para disfunção renal – ajuste de doses específicos 
de acordo com fármaco após as primeiras 24 horas.
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
20
Em casos complexos sugerimos consultar 
especialista em doenças infecciosas.
Após avaliação médica detalhada, com resultados laboratoriais, microbiológicos 
e de exames de imagem quando pertinente, a sugestão de tempo total de 
tratamento está resumida no quadro 3. Ressaltamos que estes tempos se 
referem a pacientes que abriram quadro de sepse e necessitaram de admissão 
hospitalar. A duração da terapia é guiada por diversas variáveis incluindo:
▪• PK/PD do fármaco utilizado
▪ ▪• Patógeno identificado
▪ ▪• Sítio e gravidade da infecção: exemplo cistite não complicada vs. pielonefrite
▪ ▪• Fatores do hospedeiro que podem dificultar a erradicação: 
alterações anatômicas, imunossupressão, neutropenia
▪ ▪• Gravidade da resposta inflamatória: choque, níveis de pro-calcitonina.
De forma geral, períodos curtos são suficientes para infecções comunitárias, não 
complicadas e considerar períodos mais longos para infecções complicadas, 
com bacteremia associada (infecção da corrente sanguínea), formação de 
abscesso, agentes multirresistentes de difícil erradicação ou na presença de 
alterações anatômicas subjacentes. A avaliação clínica criteriosa é importante 
nestes casos, para garantir a erradicação do foco. Para maior detalhamento 
consultar protocolos específicos por topografia / cenário clínico.
Em qualquer situação, avaliar ‘switch’ de fármacos EV para VO ao longo da 
terapia sequencial, conforme ocorra estabilização clínica e critérios para tal.
Foco Duração média recomendada Observações
Foco pulmonar - PAC: 5-7 dias- Hospitalar: 8-21 dias
- PAC - estender 7-10d se bacteremia 
associada / 21 dias se necrotizante
- Hospitalar: avaliar se precoce 
x tardia e patógenos
Foco urinário - Pielonefrite aguda: 7-14d- ITU Associada a SVD: 7-14d
Atenção para complicações: cálculo coraliforme, 
abscessos renais, prostatite em homens
Foco abdominal - Comunitária: 5-7d- Hospitalar / complicada: 10-21d
Muito variável se GECA, diverticulite, 
peritonite, coleção intra-abdominal
Quadro 3. Duração sugerida de antibioticoterapia conforme foco e situação clínica
21
Foco Duração média recomendada Observações
Foco biliar - Colecistite aguda: 7d- Colangite / pancreatite: 10-14d
De acordo com controle do foco 
/ presença de prótese biliar
Pele e partes 
moles
- Erisipela / celulite: 7-10d
-Pé diabético: 7-21d
Até 3 dias após o desaparecimento 
dos sinais flogísticos
Artrite séptica / 
osteomielite
- Artrite séptica: 14-28d
- Osteomielite: 4-8 semanas (aguda)
Variável de acordo com quadro agudo vs. crônico 
e presença ou não de implantes / enxertos*
Infecção dosítio 
cirúrgico
- Superficial: 7-10d
- Profunda: 14-21d
Órgão-espaço: conforme 
topografia / controle do foco
Infecção 
da corrente 
sanguínea
10-14 dias De acordo com patógeno e desde que não haja foco removível (Ex. endocardite)
Sistema nervoso 
central
-Meningite comunitária: 7 dias
-Ventriculite: mínimo 14-21d
Conforme patógeno / presença ou não 
de fístula LCR / outros implantes 
Infecções complicadas: desejável avaliação / 
acompanhamento por especialista. 
Protocolo Gerenciado de 
SEPSE
22
4.4 Indicadores de Qualidade
Os 4 principais indicadores de qualidade são relacionados ao pacote de 3 horas:
• Coleta de lactato arterial em até 30 minutos do diagnóstico de sepse
• Coleta de hemocultura antes do antibiótico 
• Administração de antibioticoterapia de amplo espectro na primeira hora 
• Reposição volêmica agressiva (30 ml/Kg em 30 minutos ou conforme 
avaliação clínica) nas 3 primeiras horas nos pacientes com lactato arterial 
maior que 20 mg/dL ou PAM < 65 mmHg
Outros indicadores são:
• Uso de vasopressores (PAM > 65 mmHg) nos pacientes com lactato arterial maior 
que 20 mg/dL ou PAM < 65 mmHg, que permanecem hipotensos após volume
• Tempo de disfunção orgânica: Tempo decorrido entre a instalação da primeira 
disfunção orgânica e a formulação da hipótese diagnóstica de sepse
• Clareamento do lactato: Coleta de segunda amostra de lactato dentro das 6 
primeiras horas em pacientes cujo lactato inicial estava acima de 20 mg/dL
• Letalidade: óbitos durante a internação hospitalar
ATENÇÃO
É fundamental o registro correto de todas as condutas, tanto na ficha do 
protocolo, quanto no prontuário, com especial atenção aos horários. É com 
base nesses registros que será feita a análise dos indicadores.
23
5. Legislação e Normas
1 - Sepse: Um problema de saúde pública. Instituto Latino Americano para Estudo 
da Sepse. Brasília, CFM, 2015.
6. Referências Bibliográficas
1 - Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of 
Severe Sepsis and Septic Shock: 2012.
2 - Eliezer Silva et al .Controlando a infecção, sobrevivendo a SEPSE: manual de 
abordagem inicial da sepse grave e choque séptico. ILAS, HIAE, MS. São Paulo, 
2012.
3 - Campanha Sobrevivendo a sepse: Roteiro de implementação de protocolo 
assistencial gerenciado. ILAS, 2014.
4 - Singer M, Deutschman C, Seymour CW, et al. The Third International 
Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). JAMA. 
doi:10.1001/jama.2016.0287.
5 - Rhodes et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for 
Management of Sepsis and Septic Shock: 2016.
Organization Accredited
by Joint Commission International
Responsável Técnico
Dr. Gabriel Dalla Costa - CRM 204962
V
.2
11
0
Hcor Complexo Hospitalar / Medicina Diagnóstica – Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 147 – São Paulo – SP 
Hcor – Edifício Dr. Adib Jatene: Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 130 – São Paulo – SP 
Hcor Medicina Diagnóstica – Unidade Cidade Jardim: Av. Cidade Jardim, 350 – 2º andar – São Paulo – SP
Hcor Onco – Clínica de Radioterapia: Rua Tomás Carvalhal, 172 – São Paulo – SP 
Hcor – Consultórios: Rua Abílio Soares, 250 – São Paulo – SP
Tels.: Geral: (11) 3053-6611 – Central de Agendamento: (11) 3889-3939 – Pronto-Socorro: (11) 3889-9944
hcor.com.br

Continue navegando