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Protocolo Gerenciado de SEPSE Protocolo Gerenciado de SEPSE 2 3 Sumário 1. Fundamento 2. Objetivos 3. Definições/Nomenclatura 4. Protocolo 4.1. Aplicabilidade 4.1.1. Critérios de Inclusão 4.1.2. Critérios de Exclusão/Contraindicações 4.2 Procedimentos 4.3 Guia de Antimicrobiano 4.4 Indicadores de Qualidade 5. Legislação e Normas 6. Referências Bibliografias 5 6 6 6 7 7 7 8 17 22 23 23 Protocolo Gerenciado de SEPSE 4 Comissão de Elaboração Dr. Edson Romano – Diretor Clinico Dr. Vinícius Avellar Werneck - Coordenador do grupo de sepse Dr. Jorge Farran – Coordenador do grupo de sepse Dra. Sabrina Bernardez – Coordenadora dos protocolos clínicos Enf. Rosianne de Vasconcelos- Enfermeira do grupo de sepse Enf. Michelle Saad – Coordenadora Multidisciplinar de Práticas Assistenciais Lista de Siglas e Abreviaturas ILAS –Instituto Latino Americano Sepse SIRS - Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica 5 1. Fundamento A sepse é definida como presença de disfunção orgânica secundária a uma agressão infecciosa. Apresenta taxas elevadas de incidência e mortalidade. O estudo SPREAD, conduzido ILAS, apontou que 30% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Brasil estão ocupados por pacientes com sepse ou choque séptico. A letalidade nesses pacientes foi de 55%. Assim, todos os profissionais devem ser capazes de reconhecer os sinais e sintomas de sepse e providenciar a conduta imediata para que o tratamento possa ser feito. Isso torna o desafio amplo e não apenas restrito a áreas como terapia intensiva e serviços de urgência/emergência, abrangendo de forma plena a instituição. O ILAS, organização sem fins lucrativos fundada em 2005 com o objetivo de melhorar a qualidade assistencial aos pacientes sépticos, vem auxiliando o Hcor na implementação do protocolo de diagnóstico e tratamento da sepse, baseado nos pacotes de tratamento da Campanha de Sobrevivência à Sepse. Este manual visa a educação continuada de todos os colaboradores do Hcor, para que possam ser feitos a identificação precoce e o tratamento adequado aos pacientes com sepse e choque séptico. Protocolo Gerenciado de SEPSE 6 2. Objetivos Padronizar condutas baseadas em evidências científicas para a sepse, garantindo boas práticas assistenciais. Os benefícios do protocolo são: • Redução da mortalidade; • Redução no tempo de internação hospitalar; • Redução nos custos do tratamento; • Retorno precoce do paciente a suas atividades habituais; • Diferencial na qualidade do atendimento multiprofissional. 3.Definições/ Nomenclatura DEFINIÇÕES: INFECÇÃO SEM DISFUNÇÃO: Infecção suspeita ou confirmada, sem disfunção orgânica, de forma independente da presença de sinais de SIRS. SEPSE: Infecção suspeita ou confirmada associada à disfunção orgânica, de forma independente da presença de sinais de SIRS. CHOQUE SÉPTICO: Sepse que evoluiu com hipotensão não corrigida com reposição volêmica (PAM ≤65 mmHg), de forma independente de alterações de lactato. 4. Protocolo Setores envolvidos: • Pronto Socorro • Unidade de Internação • Oncologia • Unidade Coronariana • Unidade de Terapia Intensiva • Centro Cirúrgico Áreas relacionadas: • Médicos • Enfermagem • Fisioterapia • Laboratório • SCIH • Farmácia • Banco de Sangue • Qualidade • Educação permanente 7 4.1 Aplicabilidade 4.1.1 Critérios de Inclusão Critérios de inclusão: • Todos os pacientes que apresentem, em algum momento da internação hospitalar, ou na sua admissão, quadro compatível com sepse ou choque séptico; • Idade ≥ 18 anos; 4.1.2 Critérios de Exclusão/Contraindicações Critérios de exclusão: • Pacientes em cuidados paliativos, portanto sem indicação de medidas agressivas para sepse ou choque séptico; • Idade < 18 anos; • Recusa do paciente. Critérios de admissão em unidade de internação: • Pacientes sépticos (sem disfunção orgânica); • Pacientes com sepse que REVERTEM à disfunção orgânica após tratamento inicial (pacote de 6 horas). Critérios de alta da unidade de internação (alta hospitalar): • Melhora ou cura clínica. Critérios de admissão em UTI: • Pacientes com sepse que REVERTEM PARCIALMENTE à disfunção orgânica após tratamento inicial (pacote de 6 horas); • Pacientes com sepse que NÃO REVERTEM à disfunção orgânica após tratamento inicial (pacote de 6 horas); • Pacientes com choque séptico; • Pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo (SARA) induzido pela sepse; Critérios de alta da UTI: • Melhora clínica, estabilidade hemodinâmica e respiratória, sem dependência de medidas de suporte hemodinâmico ou respiratório. Protocolo Gerenciado de SEPSE 8 A análise final compreende: • Aderência aos pacotes de 3, 6 e 24 horas; • Mortalidade por sepse e choque séptico; • Mortalidade na UTI, hospitalar e geral. 4.2 Procedimentos TRIAGEM E INCLUSÃO NO PROTOCOLO Diagnóstico da sepse Sepse deve ser suspeitada em todos os pacientes com quadro infeccioso. A equipe multidisciplinar deve estar atenta à presença dos critérios de resposta inflamatória sistêmica, que definem a presença de infecção. • Temperatura central > 38,3º C ou < 36ºC; • Frequência cardíaca > 90bpm; • Frequência respiratória > 20 rpm, ou PaCO2 < 32 mmHg; • Leucócitos totais > 12.000/mm³ ou < 4.000/mm³ ou presença de > 10% de formas jovens. Nos pacientes com critérios de SIRS, a presença de disfunção orgânica define o diagnóstico de sepse. As principais disfunções orgânicas são: • Hipotensão • Oligúria (≤0,5ml/Kg/h) • Relação PaO2/FiO2 < 300mmHg ATENÇÃO: Para melhorar a especificidade da triagem dos pacientes no Hcor, os critérios de SIRS foram definidos como: Temperatura central > 38º C ou < 35ºC; Frequência cardíaca > 100 bpm; Frequência respiratória > 20 rpm, ou PaCO2 < 32 mmHg 9 • Contagem de plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias • Acidose metabólica inexplicável: déficit de bases ≤ 5,0 mEq/L e lactato > 2 vezes o valor normal • Rebaixamento do nível de consciência • Aumento significativo de bilirrubinas (>2X o valor de referência) Lembre-se: A ausência dos critérios de SIRS não exclui o diagnóstico de sepse. Alguns pacientes, principalmente idosos e imunossuprimidos, não apresentam esses sinais. Assim, na presença de uma dessas disfunções, sem outra explicação plausível, pense em sepse e inicie as medidas preconizadas nos pacotes. Caso seja comprovado posteriormente não se tratar de sepse, sempre poderemos suspender a antibioticoterapia. A triagem inicial será baseada nos critérios de SIRS e de disfunção orgânica. Qualquer colaborador que identificar pelo menos 2 critérios de SIRS e/ou 1 critério de disfunção orgânica, deverá comunicar o enfermeiro do setor, que deverá iniciar o processo com a abertura da ficha do protocolo e acionar a equipe médica imediatamente. O médico deverá avaliar o paciente e definir se há foco infeccioso (presumido ou confirmado). Se não houver suspeita clínica de infecção, o paciente não será incluído no protocolo. Se houver suspeita de infecção, o médico deverá definir se o diagnóstico é de sepse ou choque séptico. Se o médico afastar o diagnóstico de sepse ou choque séptico, o paciente não será incluído no protocolo. O mesmo ocorrerá se o paciente, independente do diagnóstico, estiver em cuidados paliativos. Uma vez o médico confirmando que há sepse ou choque séptico, o paciente será incluído no protocolo, e a partir deste momento, se inicia a contagem de tempo para as metas terapêuticas: • Colher o Kit Sepse* e 2 amostras de hemoculturas periféricas (além de outras culturas conforme o caso), em até 30 minutos; • Prescrever a antibioticoterapia em até 30 minutos, no máximo; Protocolo Gerenciado de SEPSE 10 • Administrar os antibióticos, após coleta de culturas, em até 30 min após a prescrição médica (no máximo 1h após o diagnóstico); • Reposição volêmica agressiva precoce em pacientes com hipotensão oulactato acima de 20 mg/dL. * Kit Sepse: Hemocultura periférica 2 amostras, Hemograma, Ureia, Creatinina, Glicemia, Sódio, Potássio, Cálcio iônico, Magnésio, Coagulograma, TGO, TGP, PCR, Bilirrubinas totais e frações, Troponina e Gasometria arterial e Lactato arterial Após o resultado dos exames laboratoriais, o médico reavalia a presença de disfunção orgânica (clínica ou laboratorial), dando prosseguimento aos pacotes de 3 e de 6h (terapia precoce guiada por metas). OBS: Na abertura do protocolo pelo médico assistente, o médico plantonista deverá ser comunicado para acompanhamento/reavaliação do caso. No caso das unidades de internação, o código amarelo deverá ser acionado em todos os casos de SIRS após abertura do protocolo pelo enfermeiro. 11 Protocolo Gerenciado de SEPSE 12 AV L m Pacote de 3 horas 1. Colher lactato sérico. Obs: O lactato (e SvO2 nos pacientes que já tem acesso central) deve ser imediatamente encaminhado ao laboratório por quem estiver imediatamente disponível. O objetivo é obter esse resultado em menos que 30 minutos. 2. Colher duas amostras de hemoculturas, urocultura e cultura de todos os outros sítios pertinentes. Prescreva essa coleta, colocando horário, pois o momento da mesma deve ficar registrado no prontuário. Coloque sempre a observação: colher hemocultura antes da administração de antibióticos do item 5. 3. Prescreva antibioticoterapia de amplo espectro. Coloque o horário em que a mesma foi prescrita. Entregue na mão da enfermeira do leito, que tem 30 minutos para administrar a medicação. 4. Pacientes com lactato alterado (acima de 20mg/dL) ou hipotensos (pressão arterial sistólica abaixo de 90mmHg, pressão arterial média <65 mmHg ou redução da pressão sistólica em 40 mmHg da pressão habitual) devem receber ressucitação hemodinâmica, conforme fluxograma em anexo. 5. Nesses pacientes, iniciar imediatamente reposição volêmica agressiva (pelo menos 30 ml/kg de cristalóides). Colóides protêicos (soro albuminado) podem também ser usados. Coloides não proteicos de baixo peso molecular constituem opção terapêutica em casos selecionados, após infusão inicial de cristaloides. Esse volume deve ser infundido o mais rápido possível, idealmente em 30 a 60 minutos. Após o resultado dos exames laboratoriais, o médico reavalia a presença de disfunção orgânica (clínica ou laboratorial), dando prosseguimento aos pacotes de 3 e de 6h (terapia precoce guiada por metas). Pacientes cardiopatas podem necessitar de redução na velocidade de infusão, conforme a presença ou não de disfunção diastólica ou sistólica moderada/grave. Nesses pacientes, o uso de vasopressores para garantir pressão de perfusão adequada eventualmente necessita ser antecipado. 13 Pacote de 6 horas 6. Caso a pressão arterial média (PAM) permaneça abaixo de 65 (após a infusão de volume inicial), iniciar vasopressores. Não se deve tolerar pressões abaixo de 65 mmHg por períodos superiores a 30-40 minutos. Em casos de hipotensão ameaçadora a vida, pode-se iniciar o vasopressor mesmo antes da reposição volêmica. É fundamental garantir pressão de perfusão enquanto se continua a reposição volêmica. Assim, o vasopressor pode ser iniciado mesmo em veia periférica, enquanto se providencia com urgência o acesso central. A droga de escolha é a noradrenalina. 7. Os pacientes com choque séptico (enquanto em uso de vasopressor) devem ser monitorados com pressão arterial invasiva. 8. Continuar reposição volêmica, orientado por pressão venosa central (PVC) visando atingir o alvo terapêutico. O paciente hipotenso, a despeito da otimização da reposição volêmica, e/ou com hiperlactatemia inicial, tem indicação de reavaliação do estado volêmico ou de parâmetros perfusionais pela equipe médica, dentro das primeiras 6 horas de tratamento. As seguintes formas de reavaliação poderão ser consideradas: O objetivo é atingir essas metas: - PVC: 8-12 mmHg ou 12-15 mmHg em pacientes em VM - PAM ≥ 65 mmHg - Diurese > 0,5 ml/kg/h - Saturação venosa de oxigênio (SvcO2) ≥ 70% Protocolo Gerenciado de SEPSE 14 • Mensuração de PVC • Variação de pressão de pulso • Variação de distensibilidade de cava • Elevação passiva de membros inferiores • Qualquer outra forma de responsividade a fluídos • Mensuração de SvO2 • Tempo de enchimento capilar • Intensidade de livedo • Sinais indiretos (por exemplo, melhora do nível de consciência ou presença de diurese) 9. A SvO2 deve estar acima de 70 dentro de seis horas do diagnóstico. Utilizar toda a estratégia de otimização descrita no fluxograma em anexo. Dela fazem parte à reposição volêmica, noradrenalina, dobutamina e, eventualmente, concentrado de hemácias. Todos os pacientes com hemoglobina < 7,0 g/dl devem receber transfusão. Pacientes com hemoglobina < 9,0 devem receber dobutamina. Caso a SvO2 continue abaixo de 70% após inicio de dobutamina, pacientes com hemoglobina <9,0 g/dL devem receber transfusão. Deve ser administrada uma unidade de cada vez com novo controle de SvO2. Caso a SvO2 não atinja 70% após essas manobras, considerar intubação e sedação para redução do consumo de oxigênio. A temperatura corporal deve ser normalizada. 10. Nos pacientes com lactato alterado, uma meta terapêutica adicional é o clareamento do mesmo. Assim, após duas horas de ressuscitação, nova dosagem deve ser solicitada. O objetivo é obter clareamento de 10 a 20% em relação aos níveis anteriores, visando a normalização do mesmo. 11. Pacientes sépticos podem se apresentar hipertensos, principalmente se já portadores de hipertensão arterial sistêmica. Nesses casos, a redução da pós-carga pode ser necessária para o restabelecimento da adequada oferta de oxigênio. Não se devem usar medicações de efeito prolongado, pois esses pacientes podem rapidamente evoluir com hipotensão. Assim, vasodilatadores endovenosos são preferíveis. 15 12. Não está indicado o uso de bicarbonato nos casos de acidose lática em pacientes com pH > 7,15, pois o tratamento dessa acidose é o restabelecimento da adequada perfusão. Nos pacientes com pH abaixo desse valor ela pode ser avaliada. Outras recomendações: 13. Somente em paciente com choque séptico refratário, pode-se avaliar a prescrição de hidrocortisona 50 mg 6/6 hs. 14. Caso o paciente esteja em ventilação mecânica, todos os esforços devem ser feitos para manter a pressão de platô abaixo de 30 cmH2O. 15. Deve-se usar estratégia para controle glicêmico de acordo com os protocolos institucionais, objetivando glicemias entre 110 – 140mg/dL. - Protocolo I – Choque séptico - Protocolo II – Sepse Protocolo Gerenciado de SEPSE 16 17 4.3 Guia de Antimicrobiano ETIOLOGIA CONDIÇÕES DE RISCO Patógenos multirresistentes (MDR) - Internação hospitalar maior que 3 dias nos últimos 3 meses - Paciente institucionalizado (instituição de longa permanência, ‘home care’, etc...) - Conhecimento de colonização ou infecção por patógenos MDR - Antibioticoterapia por mais de 7 dias nos 3 meses anteriores com cefalosporinas de 3°, 4° geração, quinolonasou carbapenêmicos - Doença renal em estágio final, dialítico, hemodiálise ou diálise peritoneal - Doença maligna em terapia imunossupressora - Doenças associadas com elevado risco de colonização ou infecção por patógenos multirresistentes: fibrose cística, bronquiectasias, úlceras crônicas MRSA (S.aureus meticilino- resistente) - Infecção de pele e partes moles ou relacionada a CVC, pneumonia necrotizante e multifocal, colonização prévia, histórico de porta de entrada cutânea ou trauma muscular, uso de drogas injetáveis Pseudomonas aeruginosa Internação em UTI, ter recebido tratamento anti-Pseudomonas nos últimos 30 dias, cateter venoso central (CVC), sonda vesical de demora (SVD), ventilação mecânica (VM), Traqueostomia, Neutropenia, Imunossupressão, Fibrose Cística, Bronquiectasia Foco Infecção Comunitária e SEM fatores de risco para MDR Infecção relacionada à assistência à saúde e/ou COM fatores de risco paraMDR e/ou Choque séptico Foco não identificado Ceftriaxona 2g EV dose ataque seguido de 1-2g EV 12/12h COM ou SEM Metronidazol 500mg EV 8/8h Ou Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h (Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h OU Meropenem 2g EV dose ataque seguido de 1 a 2g EV 8/8h)+ (Vancomicina 25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/ dose 12/12h OU Teicoplanina 400mg EV 12/12h) Após caracterização do quadro de sepse ou choque séptico e coleta do kit protocolo sepse, avaliar fatores de risco para patógenos multirresistentes ou específicos de acordo com o quadro a seguir (Quadro 1) e definir terapia empírica de acordo com Quadro 2. Quadro 1. Condições de risco para patógenos multirresistentes (MDR), MRSA e P.aeruginosa Quadro 2. Terapia empírica recomendada nos episódios de SEPSE de acordo com o foco infeccioso presumido e presença ou não de fatores de risco para MDR e/ou choque Protocolo Gerenciado de SEPSE 18 Foco Infecção Comunitária e SEM fatores de risco para MDR Infecção relacionada à assistência à saúde e/ou COM fatores de risco para MDR e/ou Choque séptico Foco Pulmonar Ceftriaxona 2g EV dose ataque seguido de 1-2g EV 12/12h + Azitromicina 500mg EV 1xdia ou Claritromicina 500mg EV 12/12h¹ OU Moxifloxacino 400mg EV 1xdia OU Levofloxacino 750mg EV 1xdia -Alternativa –se fatores de risco para MRSA - Ceftarolina 600mg EV 12/12h + Azitromicina 500mg EV 1xdia OU Claritromicina 500mg EV 12/12h¹ (Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h OU Meropenem 2g EV dose ataque seguido de 1 a 2g EV 8/8h) COM ou SEM Azitromicina 500mg EV 1xdia (Comunitária) COM ou SEM Vancomicina 25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h OU Teicoplanina 400mg EV 12/12h (se suspeita MRSA) Foco Urinário Ceftriaxona2 g EV ataque, depois 1-2g EV 12/12h OU Ertapenem 1g EV 1xdia Ertapenem 1g EV 1xdia OU Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h OU Meropenem 2g EV dose ataque seguido de 1 a 2g EV 8/8h Foco Abdominal (Ceftriaxona 2g EV ataque, depois 1-2g EV 12/12h OU Ciprofloxacino 400 mg EV 12/12h) + Metronidazol 500mg EV 8/8h OU Moxifloxacino 400mg EV 1xdia (Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h OU Meropenem 2g EV dose ataque seguido de 1 a 2g EV 8/8h) + Vancomicina 25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h OU Teicoplanina 400mg EV 12/12h Foco Biliar Ceftriaxona 2g EV ataque, depois 1-2g EV 12/12h + Metronidazol 500mg EV 8/8h OU Ertapenem 1g EV 1xdia OU Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h (Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h OU Meropenem 2g EV dose ataque seguido de 1 a 2g EV 8/8h) + Vancomicina 25- 30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h OU Teicoplanina 400mg EV 12/12h Pele e Partes Moles (Erisipela / Celulite / Pé diabético) e Artrite séptica / osteomielite -(Ceftriaxona 2g EV ataque, depois 1-2g EV 12/12h OU Ciprofloxacino 400 mg EV 12/12h - preferir Ciprofloxacino se pé diabético) + Clindamicina 600mg EV 6/6h OU Moxifloxacino 400mg EV 1xdia -Alternativa - Ceftarolina 600mg EV 12/12h Vancomicina 25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h OU Teicoplanina 400mg EV 12/12h OU Daptomicina 500mg EV 1xdia OU Linezolida 600mg EV 12/12h + Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h – particularmente se paciente diabético e/ou Pé diabético / Artrite séptica / osteomielite 19 Neutropenia Febril* Cefepima 2g EV 8/8h (Meropenem 2g EV 8/8h COM ou SEM Amicacina 15mg/Kg - máximo 1,5g EV 1xdia) COM ou SEM Vancomicina 25- 30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h OU Teicoplanina 400mg EV 12/12h- se foco suspeito para gram-positivo (cateter, pele/ partes moles, enterocolite / choque) Sistema Nervoso Central Ceftriaxona 2g EV 12/12h Meropenem 2g EV dose ataque seguido de 1 a 2g EV 8/8h) + Vancomicina 25- 30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h Infecção de Sítio Cirúrgico (Piperacilina-Tazobactam 4,5g EV 6/6h OU Meropenem 2g EV dose ataque seguido de 1 a 2g EV 8/8h) + Vancomicina 25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h OU Teicoplanina 400mg EV 12 Endocardite infecciosa (terapia inicial) -Valva nativa – Ceftriaxona 2g EV ataque, depois 1-2g EV 12/12h + Vancomicina 25- 30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h -Prótese valvar – Vancomicina 25-30mg/Kg dose de ataque (máximo 2g) EV, seguida de 15-20mg/Kg/dose 12/12h + Gentamicina 2mg/ kg EV 8/8h (Rifampicina apenas após primeiras 48h) IMPORTANTE: Tratam-se de sugestões para terapia empírica inicial. Sempre avaliar de-escalonamento e adequação após resultados de culturas. *Neutropenia febril de acordo com classificação do episódio e endocardite de acordo com microorganismo, valva nativa ou prótese ou dispositivos como marcapasso e CDI (consultar protocolos específicos). Artoplastias* – consultar protocolo específico. Observações: ¹ Atenção para uso de Claritromicina EV – volume de diluição e risco de flebite. Na troca para VO – Claritromicina UD 500mg, VO, 1xdia.*Checar protocolo específico de Neutropenia Febril.Em caso de choque séptico preferir esquema ampliado conforme tabela. Para todos: atentar para disfunção renal – ajuste de doses específicos de acordo com fármaco após as primeiras 24 horas. Protocolo Gerenciado de SEPSE 20 Em casos complexos sugerimos consultar especialista em doenças infecciosas. Após avaliação médica detalhada, com resultados laboratoriais, microbiológicos e de exames de imagem quando pertinente, a sugestão de tempo total de tratamento está resumida no quadro 3. Ressaltamos que estes tempos se referem a pacientes que abriram quadro de sepse e necessitaram de admissão hospitalar. A duração da terapia é guiada por diversas variáveis incluindo: ▪• PK/PD do fármaco utilizado ▪ ▪• Patógeno identificado ▪ ▪• Sítio e gravidade da infecção: exemplo cistite não complicada vs. pielonefrite ▪ ▪• Fatores do hospedeiro que podem dificultar a erradicação: alterações anatômicas, imunossupressão, neutropenia ▪ ▪• Gravidade da resposta inflamatória: choque, níveis de pro-calcitonina. De forma geral, períodos curtos são suficientes para infecções comunitárias, não complicadas e considerar períodos mais longos para infecções complicadas, com bacteremia associada (infecção da corrente sanguínea), formação de abscesso, agentes multirresistentes de difícil erradicação ou na presença de alterações anatômicas subjacentes. A avaliação clínica criteriosa é importante nestes casos, para garantir a erradicação do foco. Para maior detalhamento consultar protocolos específicos por topografia / cenário clínico. Em qualquer situação, avaliar ‘switch’ de fármacos EV para VO ao longo da terapia sequencial, conforme ocorra estabilização clínica e critérios para tal. Foco Duração média recomendada Observações Foco pulmonar - PAC: 5-7 dias- Hospitalar: 8-21 dias - PAC - estender 7-10d se bacteremia associada / 21 dias se necrotizante - Hospitalar: avaliar se precoce x tardia e patógenos Foco urinário - Pielonefrite aguda: 7-14d- ITU Associada a SVD: 7-14d Atenção para complicações: cálculo coraliforme, abscessos renais, prostatite em homens Foco abdominal - Comunitária: 5-7d- Hospitalar / complicada: 10-21d Muito variável se GECA, diverticulite, peritonite, coleção intra-abdominal Quadro 3. Duração sugerida de antibioticoterapia conforme foco e situação clínica 21 Foco Duração média recomendada Observações Foco biliar - Colecistite aguda: 7d- Colangite / pancreatite: 10-14d De acordo com controle do foco / presença de prótese biliar Pele e partes moles - Erisipela / celulite: 7-10d -Pé diabético: 7-21d Até 3 dias após o desaparecimento dos sinais flogísticos Artrite séptica / osteomielite - Artrite séptica: 14-28d - Osteomielite: 4-8 semanas (aguda) Variável de acordo com quadro agudo vs. crônico e presença ou não de implantes / enxertos* Infecção dosítio cirúrgico - Superficial: 7-10d - Profunda: 14-21d Órgão-espaço: conforme topografia / controle do foco Infecção da corrente sanguínea 10-14 dias De acordo com patógeno e desde que não haja foco removível (Ex. endocardite) Sistema nervoso central -Meningite comunitária: 7 dias -Ventriculite: mínimo 14-21d Conforme patógeno / presença ou não de fístula LCR / outros implantes Infecções complicadas: desejável avaliação / acompanhamento por especialista. Protocolo Gerenciado de SEPSE 22 4.4 Indicadores de Qualidade Os 4 principais indicadores de qualidade são relacionados ao pacote de 3 horas: • Coleta de lactato arterial em até 30 minutos do diagnóstico de sepse • Coleta de hemocultura antes do antibiótico • Administração de antibioticoterapia de amplo espectro na primeira hora • Reposição volêmica agressiva (30 ml/Kg em 30 minutos ou conforme avaliação clínica) nas 3 primeiras horas nos pacientes com lactato arterial maior que 20 mg/dL ou PAM < 65 mmHg Outros indicadores são: • Uso de vasopressores (PAM > 65 mmHg) nos pacientes com lactato arterial maior que 20 mg/dL ou PAM < 65 mmHg, que permanecem hipotensos após volume • Tempo de disfunção orgânica: Tempo decorrido entre a instalação da primeira disfunção orgânica e a formulação da hipótese diagnóstica de sepse • Clareamento do lactato: Coleta de segunda amostra de lactato dentro das 6 primeiras horas em pacientes cujo lactato inicial estava acima de 20 mg/dL • Letalidade: óbitos durante a internação hospitalar ATENÇÃO É fundamental o registro correto de todas as condutas, tanto na ficha do protocolo, quanto no prontuário, com especial atenção aos horários. É com base nesses registros que será feita a análise dos indicadores. 23 5. Legislação e Normas 1 - Sepse: Um problema de saúde pública. Instituto Latino Americano para Estudo da Sepse. Brasília, CFM, 2015. 6. Referências Bibliográficas 1 - Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. 2 - Eliezer Silva et al .Controlando a infecção, sobrevivendo a SEPSE: manual de abordagem inicial da sepse grave e choque séptico. ILAS, HIAE, MS. São Paulo, 2012. 3 - Campanha Sobrevivendo a sepse: Roteiro de implementação de protocolo assistencial gerenciado. ILAS, 2014. 4 - Singer M, Deutschman C, Seymour CW, et al. The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). JAMA. doi:10.1001/jama.2016.0287. 5 - Rhodes et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Sepsis and Septic Shock: 2016. Organization Accredited by Joint Commission International Responsável Técnico Dr. Gabriel Dalla Costa - CRM 204962 V .2 11 0 Hcor Complexo Hospitalar / Medicina Diagnóstica – Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 147 – São Paulo – SP Hcor – Edifício Dr. Adib Jatene: Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 130 – São Paulo – SP Hcor Medicina Diagnóstica – Unidade Cidade Jardim: Av. Cidade Jardim, 350 – 2º andar – São Paulo – SP Hcor Onco – Clínica de Radioterapia: Rua Tomás Carvalhal, 172 – São Paulo – SP Hcor – Consultórios: Rua Abílio Soares, 250 – São Paulo – SP Tels.: Geral: (11) 3053-6611 – Central de Agendamento: (11) 3889-3939 – Pronto-Socorro: (11) 3889-9944 hcor.com.br
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