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SISTEMAS ESTRUTURAIS III SISTEMAS ESTRUTURAIS III Sistem as Estruturais III Luriane Zago Perondi Luriane Zago Perondi GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Esta obra elucida os conceitos essenciais em linguagem simples, clara, objetiva e ilustrativa para facilitar sua compreensão e sua aplicação. O leitor encontrará neste texto conceitos estruturais expressos com clareza e abordados por meio do uso de analogias e de exemplos, singulares e demasiadamente necessários, que contribuirão para enfatizar a relevância do conteúdo apresentado. Ademais, será apresentado o concreto, um breve histórico e sua relevância, suas vantagens, aplicações e restrições, evidenciando a contribuição da tecnologia para o desenvolvimento e evolução das estruturas. Destacaremos as características fun- damentais que os materiais da construção civil devem apresentar; identi� caremos e compreenderemos os fundamentos dos materiais constituintes do concreto armado, no tocante aos fundamentos necessários ao projeto estrutural, desde seu lançamen- to, até o pré-dimensionamento e seu detalhamento. Queremos habilitá-lo, estudante, a compreender, projetar e detalhar os projetos de estruturas de concreto armado conforme as normas. Assim, serão abordados tópicos essenciais, além de exempli� cações detalhadas e aprofundadas, bem como estudos de casos, a � m de subsidiar toda e qualquer dúvida durante sua caminhada na discipli- na, tornando-o apto a compreender quaisquer prerrogativas do cotidiano pro� ssional de um arquiteto. SER_ARQURB_SEIII_CAPA.indd 1,3 30/08/2021 16:30:55 © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Luriane Zago Perondi DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 2 30/08/2021 16:21:20 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 3 30/08/2021 16:21:21 Unidade 1 - Estruturas de concreto Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 As estruturas de concreto e suas aplicações .............................................................. 13 Histórico ............................................................................................................................ 15 Propriedades e aplicações do concreto e do aço ..................................................... 17 Qualidade das estruturas ............................................................................................... 20 Sistemas de estruturas verticais: estruturas de edifícios .......................................... 22 Estruturas de edifícios ................................................................................................... 23 Durabilidade das estruturas .......................................................................................... 27 Domínios da ABNT NBR 6118 ........................................................................................ 28 Sintetizando ........................................................................................................................... 33 Referências bibliográficas ................................................................................................. 34 Sumário SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 4 30/08/2021 16:21:21 Sumário Unidade 2 - Lançamento das estruturas e critérios Objetivos da unidade ........................................................................................................... 36 Lançamentos estruturais em Arquitetura ........................................................................ 37 Dados iniciais ................................................................................................................... 38 Posição dos elementos .................................................................................................. 40 Desenho das formas ....................................................................................................... 46 Critério para escolha de sistema estrutural ................................................................... 53 Ações ................................................................................................................................. 57 Pré-dimensionamento .................................................................................................... 59 Sintetizando ........................................................................................................................... 62 Referências bibliográficas ................................................................................................. 63 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 5 30/08/2021 16:21:21 Sumário Unidade 3 - Lançamento das estruturas e critérios Objetivos da unidade ........................................................................................................... 65 Sistemas estruturais: definições de estrutura em edificações ................................... 66 Definições e histórico ..................................................................................................... 68 Estruturas arquitetônicas ............................................................................................... 71 Compatibilização entre sistema estrutural e arquitetônico ..................................... 73 Anteprojeto e pré-dimensionamento das estruturas ..................................................... 76 Pré-dimensionamento .................................................................................................... 77 Exemplos ........................................................................................................................... 84 Sintetizando ........................................................................................................................... 86 Referências bibliográficas ................................................................................................. 87 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 6 30/08/2021 16:21:21 Sumário Unidade 4 - Pavimentos de edifícios e análises Objetivos da unidade ........................................................................................................... 89 Pavimentos de edifícios ...................................................................................................... 90 Definições da execuçãodas atividades ...................................................................... 91 Cálculos de um edifício .................................................................................................. 92 Análises de viabilidade para os tipos de estrutura ..................................................... 107 Sintetizando ......................................................................................................................... 111 Referências bibliográficas ............................................................................................... 112 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 7 30/08/2021 16:21:21 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 8 30/08/2021 16:21:21 Esta obra elucida os conceitos essenciais em linguagem simples, clara, obje- tiva e ilustrativa para facilitar sua compreensão e sua aplicação. O leitor encon- trará neste texto conceitos estruturais expressos com clareza e abordados por meio do uso de analogias e de exemplos, singulares e demasiadamente neces- sários, que contribuirão para enfatizar a relevância do conteúdo apresentado. Ademais, será apresentado o concreto, um breve histórico e sua relevância, suas vantagens, aplicações e restrições, evidenciando a contribuição da tec- nologia para o desenvolvimento e evolução das estruturas. Destacaremos as características fundamentais que os materiais da construção civil devem apre- sentar; identifi caremos e compreenderemos os fundamentos dos materiais constituintes do concreto armado, no tocante aos fundamentos necessários ao projeto estrutural, desde seu lançamento, até o pré-dimensionamento e seu detalhamento. Queremos habilitá-lo, estudante, a compreender, projetar e detalhar os projetos de estruturas de concreto armado conforme as normas. Assim, serão abordados tópicos essenciais, além de exemplifi cações detalhadas e aprofun- dadas, bem como estudos de casos, a fi m de subsidiar toda e qualquer dúvida durante sua caminhada na disciplina, tornando-o apto a compreender quais- quer prerrogativas do cotidiano profi ssional de um arquiteto. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 9 Apresentação SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 9 30/08/2021 16:21:21 Dedico este trabalho a Deus, causa primordial de todas as coisas, autor do mеυ destino e mеυ guia. Aos meus avós paternos e maternos (in memoriam): suas lembranças me inspiram e me fazem persistir. Aos meus pais, à minha irmã e ao meu namorado, incentivadores das realizações dos meus sonhos. A professora Luriane Zago Perondi é especialista em Estruturas Metáli- cas pela Faculdade Meridional - IMED (2018) e graduada em Engenharia Civil pela Universidade de Passo Fundo - UPF (2015). Tem experiência com projetos de engenharia e acompanhamento execu- tivo de obras residenciais, comerciais e industriais, além de ter conhecimento sobre softwares primordiais na cons- trução civil. Tem, ainda, experiência em análises físico-fi nanceiras e vivência em elaboração e análise de relatórios ge- renciais e orçamentários, além de roti- nas administrativas. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7643915271031616 SISTEMAS ESTRUTURAIS III 10 A autora SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 10 30/08/2021 16:21:21 ESTRUTURAS DE CONCRETO 1 UNIDADE SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 11 30/08/2021 16:21:37 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Apresentação e estudo do concreto como material estrutural; Apresentação das principais propriedades e características do concreto; Durabilidade do material e sua composição nas estruturas verticais. As estruturas de concreto e suas aplicações Histórico Propriedades e aplicações do concreto e do aço Qualidade das estruturas Sistemas de estruturas verti- cais: estruturas de edifícios Estruturas de edifícios Durabilidade das estruturas Domínios da ABNT NBR 6118 SISTEMAS ESTRUTURAIS III 12 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 12 30/08/2021 16:21:38 As estruturas de concreto e suas aplicações Um material de construção civil precisa apresentar duas característi- cas fundamentais: resistência e du- rabilidade. Tendo como exemplo a pedra, empregada desde a antiguida- de em obras que até hoje são monu- mentos, podemos dizer que ela tem alta durabilidade e elevada resistência à compressão, mas baixa resistência à tração. A madeira e o aço são materiais largamente utilizados na construção civil, embora também tenham defi ciências particulares. A madeira tem resistência à compressão e tração limitadas, além de baixa durabilidade. Já o aço, apesar de reagir de forma satisfatória aos esforços, está sujeito ao processo de deterio- ração (ROMANO; CARDOSO; PILEGGI, 2011). Pode-se presumir que o concreto armado tenha surgido do anseio de ge- rar uma estrutura que apresentasse a durabilidade da pedra natural, tivesse a vantagem de ser moldada nas dimensões desejadas e associada ao aço, forne- cendo alta resistência ao material e, ao mesmo tempo, protegendo-o, aumen- tando sua durabilidade aos agentes de deterioração. O concreto é um material de construção heterogêneo procedente da mis- tura, em proporção adequada, de aglomerante hidráulico, materiais inertes e água. É possível adicionar componentes minoritários como adições (pozolanas, escória de alto forno, dentre outras) e aditivos químicos (plastifi cantes, retar- dadores de pega e incorporadores de ar). O aglomerante comumente empre- gado ao concreto é o cimento Portland, embora possam ser aplicados outros tipos de cimento (BATTAGIN, 2010). Segundo a Sociedade Americana de Testes e Materiais (ASTM), o concreto é um material compósito e se constitui de um meio aglomerante no qual estão aglutinadas partículas de diferentes origens. Os materiais inertes adicionados ao concreto são titulados por agregados agrupados conforme sua granulometria e recebem a denominação de agregados miúdos ou graúdos. O agregado miúdo mais utilizado é a areia natural e o agregado graúdo mais frequente é a brita. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 13 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 13 30/08/2021 16:21:39 Segundo a ABNT NBR 7211 (2005), o agregado miúdo é aquele que provém da areia natural, da britagem de rochas ou da combinação de ambas, com seus grãos passantes pela peneira 4,8 mm, mas ficam retidos na peneira 0,075 mm. Já o agregado graúdo é o pedregulho ou a brita proveniente de rochas ou da combinação de ambos, com seus grãos passantes na peneira com abertura nominal de 152 mm e que ficam retidos na peneira de 4,8 mm. O conhecimento da curva granulométrica do agregado, tanto graúdo quan- to miúdo, é de fundamental importância para o estabelecimento da dosagem dos concretos e argamassas, influenciando na quantidade de água a ser adicio- nada e na sua trabalhabilidade. DIAGRAMA 1. FORMAÇÃO DO CONCRETO ou CONCRETO CONCRETO CONCRETO AREIA CONCRETOS ESPECIAIS ADIÇÕES BRITA AÇO CONCRETOS ESPECIAIS CONCRETO CONCRETO ARMADO Em função da construção de edifícios cada vez mais altos, há uma exigência cada vez maior quanto à qualidade do concreto para que ele atenda a todos os requisitos, a fim de garantir segurança e durabilidade. Desse modo, houve uma necessidade de evoluir o concreto comum, feito da mistura de cimento Portland com agregados, para que certos parâmetros fos- sem atingidos. Como consequência, a construção civil desenvolveu inúmeras categorias de concreto, cada uma com um objetivo específico. Os tipos de concreto amplamente aplicados em projetos de construção civil são: • Concreto convencional; • Concreto usinado; • Concreto armado; • Concreto protendido; SISTEMAS ESTRUTURAIS III 14 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 14 30/08/2021 16:21:39 • Concreto estrutural leve; • Concreto de alta resistência; • Concreto auto adensável; • Concreto de alto desempenho (CAD); • Concreto pesado para blindagem de radiação; • Concreto rolado; • Concreto colorido; • Concreto celular. Histórico O concreto simples foi aplicado em centenas de quilômetros derodovias e pavimentos no Império Romano. O atual, no entanto, teve início somente após a patente do cimento Portland, por John Aspdin, em 1824, na Inglaterra, tendo poucas aplicações signifi cativas no período, destacando-se apenas a patente de Joseph Monier para construir vasos, postes e vigas em 1878. A primeira ponte em argamassa armada foi feita por Monier em 1875. No mesmo ano, Gustav Afolf Wayss comprou a patente de Monier e desenvolveu o concreto armado propriamente dito. Em 1893, nos Estados Unidos, Thaddeus Hyatt construiu o primeiro edifício em concreto armado. EXPLICANDO Argamassa armada ou cimento armado eram denominações da época para o concreto armado atual. No século XIX, vários pesquisadores trataram de tornar o concreto de ci- mento Portland o material mais conhecido e o mais confi ável, resultando em um uso generalizado para estruturas. O concreto armado foi exportado para o Brasil, Argentina, Uruguai e outros países, sendo considerado o material mais importante na construção civil. No ano de 1903, a Suíça e a Alemanha publicaram as duas primeiras normas de projeto e execução de estruturas de concreto armado, seguidas pela França, em 1906, Inglaterra, em 1907, e pelos Estados Unidos, em 1910. O Brasil publi- cou sua primeira norma no ano de 1931. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 15 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 15 30/08/2021 16:21:39 Patente cimento Portland Ponte em argamassa armada 1º Edifício em concreto armado Joseph Monier - 1875 Construção de barcos Joseph-Louis Lambot – 1855 Compra da patente e sua grande difusão Gustav Adolf Wayss – 1875 John Aspdin - 1824 Thaddeus Hyatt – 1893 Figura 1. Linha do tempo de acontecimentos importante sobre o concreto. A construção civil de edificações nos países desenvolvidos fazia uso intensi- vo do aço estrutural. Era notável o enorme desenvolvimento da engenharia de estrutura metálica, que inaugurava, em 1931, um surpreendente edifício metá- lico, o Empire State Building. CONTEXTUALIZANDO O Empire State Building foi construído em Nova York e tem 383 me- tros de altura. Ele surpreendeu a engenharia e a arquitetura mundial, colocando-se como grande marco de poder e de desenvolvimento da população americana. Ao longo dos primeiros 90 anos do século XX, as estruturas metálicas para edifícios altos prevaleceram sobre as de concreto. Alterações notáveis, entre- tanto, passaram a ocorrer apenas no fim da década de 90, conforme mostrado no Quadro 1. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 16 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 16 30/08/2021 16:21:39 MUDANÇA - PERÍODO PROJETISTA OBRA OBSERVAÇÕES 1º Revolução – 2.800 a 2.500 a.C. Arquiteto: Imhotep, Egito. Pirâmide escalonada de Djeser, Egito. A engenharia e a arquitetura de estruturas podiam construir obras duráveis, majestosas e de grandes proporções. 2º Revolução - 1779 Arquiteto: T. M. Pritchard, com aço produzido por Abraham Darby III, Inglaterra. Iron Bridge, em Coalbrookdale, Inglaterra. A engenharia estrutural e a arquitetura podiam projetar obras antes inimagináveis, com muito mais velocidade, segurança e em alturas nunca antes vistas. 3º Revolução - 1901 Construtor: François Hennebique, França. Edifício Hennebique, Paris, França. A engenharia e a arquitetura estrutural podiam ousar muito mais, pois descobriram como combinar dois materiais fantásticos. O concreto tinha durabilidade da rocha, era compatível com o aço e ainda o protegia. 4º Revolução - 1997 Arquiteto: Cesar Pelli. Argentina. Projeto estrutural: Thornton Tomasetti, Estados Unidos. Edifício Petronas Tower, Kuala Lumpur, Malásia. A engenharia estrutural e a arquitetura descobrem as vantagens da rigidez do concreto de alto desempenho, além de seus benefícios para a sustentabilidade da construção civil. QUADRO 1. SÍNTESE DAS GRANDES REVOLUÇÕES NA ARTE DE PROJETAR E CONSTRUIR ESTRUTURAS Propriedades e aplicações do concreto e do aço O concreto de cimento Portland é o material estrutural mais valorizado da construção civil, sendo considerado o mais utilizado para realização das cons- truções no Brasil (90%) e no mundo. Seu consumo anual é da ordem de 1,9 toneladas por habitante. Além disso, entre os materiais utilizados pelo homem, o concreto perde apenas para a água (PEDROSO, 2009). Outros materiais como madeira, alve- naria e aço também são de uso popular, entretanto suas aplicações são bem mais limitadas. Algumas aplicações do concreto estão relacionadas a seguir: • Estradas: pavimentação de concreto, rodovias, pontes, viadutos, passare- las, túneis, galerias, obras de contenção etc.; SISTEMAS ESTRUTURAIS III 17 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 17 30/08/2021 16:21:39 • Edifícios: mesmo que a estrutura principal não seja de concreto, alguns elementos do edifício são; • Obras de saneamentos: estações de tratamento, tubos, canais etc.; • Obras hidráulicas: reservatórios, barragens etc.; • Fundações: de edifícios, de silos, fundações de máquinas etc.; • Pavilhões e pisos industriais ou para fins diversos; • Estruturas diversas: elementos de cobertura, chaminés, postes, torres, mourões, dormentes, muros de arrimo, muros em geral, piscinas, silos, cais etc. É importante pontuar que, como material estrutural, o concreto apresenta várias vantagens em relação a outros materiais, que estão mostradas no Qua- dro 2. QUADRO 2. VANTAGEM DO CONCRETO Moldável Permite grande variabilidade de formas e de concepções arquitetônicas. Versátil Facilidade na produção e no manejo, substância plástica. Durável Resistente à água e protege a armação contra a corrosão. Estrutura monolítica Todo o conjunto trabalha quando a peça é solicitada. Resistência Boa resistência à maioria das solicitações. Baixo custo Material barato e disponível em todo o mundo e baixo custo de mão de obra. Rapidez de execução Facilidade de execução; processos construtivos bem difundidos. Resistência ao fogo Alta resistência ao fogo. Resistência ao desgate Alta resistência ao desgate mecânico (choque e vibrações). Manutenção reduzida Permite grande variabilidade de formas e de concepções arquitetônicas. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 18 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 18 30/08/2021 16:21:39 Como é possível perceber, trata-se de um material que apresenta algumas restrições e requerem cuidados. Por isso, algumas providências adequadas de- vem ser tomadas para atenuar suas consequências. As fundamentais são: • Peso próprio elevado 2.500 kg/m³ (pode ser reduzido com utilização de agregados leves; • Baixa resistência à tração; • Fragilidade; • Fissuração; • Custo alto de formas para moldagem; • Corrosão das armaduras. Com a finalidade de suprir as defi- ciências do concreto, há inúmeras op- ções. A baixa resistência à tração pode ser revertida com o uso de armadura. Além de resistência à tração, o aço assegura ductilidade e eleva a resis- tência à compressão. A fissuração pode ser sitiada com armação correta e limitação do diâmetro das barras e da tensão na armadura. Também é co- mum a associação de armadura ativa, gerando o concreto pretendido. Sua utilização tem como principal objetivo aumentar a resistência da peça, o que possibilita a execução de grandes vãos ou elementos de seções menores, ob- tendo melhorias na peça ou estrutura com relação à fissuração. CURIOSIDADE O concreto de alto desempenho apresenta características melhores do que o concreto tradicional, tais como elevadas resistências mecânicas, seja ela inicial ou final, baixa permeabilidade, alta durabilidade, baixa segregação, boa trabalhabilidade, alta aderência, reduzida exsudação e menor deformabilidade por retração e fluência. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 19 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 19 30/08/2021 16:21:40 Qualidade das estruturas A maior parte das avarias identifi cadas em elementos estruturais é de or- dem evolutiva. Isso signifi ca que em um período mais ou menos curto elas poderão comprometersua estabilidade. Diante disso, Bauer (2009) instrui que a deterioração de uma estrutura poderá estar vinculada com as seguintes cau- sas, relacionadas em grupos: • G I: erros de projeto estrutural; • G II: emprego de materiais inadequados; • G III: erros de execução; • G IV: agressividade do meio ambiente. Ainda segundo Bauer (2009), as principais causas de deterioração de estru- turas de concreto decorrentes de erro de projeto estrutural são: • Falta de detalhamento; • Cargas ou tensões não levadas em consideração no cálculo estrutural; • Variações bruscas de seção em elementos estruturais; • Falta ou projeto defi ciente de drenagem; • Efeitos da fl uência do concreto não levados em consideração. Em geral, a maior parte das falhas verifi cadas nas construções civis decor- re de erros de projeto, sendo essencial que seja direcionada mais atenção no sentido de melhorar sua qualidade. Isso acontece porque quem solicita um projeto, muitas vezes, se preocupa demais com o preço, deixando a qualidade em segundo plano. Outro fator condicionante é o prazo, que acaba sendo o objetivo primordial, resultando em relevantes prejuízos para a efi ciência das estruturas, pois prazos curtos impossibilitam a busca para uma melhor solu- ção ou compatibilização de projeto. Isso posto, uma das formas encontradas para conseguir a evolução da qua- lidade dos projetos estruturais é um sistema de garantia da qualidade atuan- do em todas as fases do processo construtivo, ou seja, desde o planejamento, projeto, produção de materiais e componentes, execução, utilização e manu- tenção. Um projeto devidamente elaborado, dessa maneira, deve transmitir segurança às estruturas e garantir um desempenho satisfatório em serviço, além de ter uma aparência desejável. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 20 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 20 30/08/2021 16:21:40 Segundo Diez (2012), a funcionalidade e estética são de extrema impor- tância, entretanto o equilíbrio, a estabilidade, a resistência e a economia são requisitos básicos que qualificam uma estrutura. Assim, devem ser observadas as exigências com relação à capacidade resistente, às condi- ções em uso normal e excepcional da obra e aos critérios referentes à durabilidade. Frequentemente os requisitos de segurança são seguidos e as exigências de desempenho em serviço e durabilidade são deixadas em segundo plano. No entanto, cabe salientar que a durabilidade está relacionada à qualidade das estruturas, sendo, portanto, imprescindível a adoção de medidas miti- gadoras e especificações apropriadas ainda na fase de projeto, de modo a garantir, com grau apropriado de confiabilidade, que as estruturas apresentem desempenho satisfatório em serviço e resistam adequadamente aos agentes externos sem mostrar si- nais precoces de deterioração na estrutura (PRADO FILHO, 2014). Ainda, é possível verificar uma nítida relação entre os seguintes aspec- tos: agressividade, durabilidade e qualidade das estruturas. A agressividade diz respeito ao comportamento das estruturas e de seus materiais componentes (concreto e aço) diante dos ataques por agen- tes externos e internos, presentes no meio ambiente e nos próprios mate- riais, de modo que possam ser tomadas medidas preventivas de proteção com o intuito de assegurar que as estruturas apresentem du- rabilidade. Assim, observa-se que a garantia da durabilidade contribui de forma considerável para garantir a qualidade das estruturas, visto que ambos os parâmetros estão dire- tamente relacionados. Ao longo de muito tempo, o concreto foi considerado um ma- terial extremamente durável, uma vez que pode ser visto em obras muito antigas e que ainda apresen- tam bom estado de conservação. Contudo, a de- terioração relativamente precoce de estruturas recentes remete aos porquês das patologias do concreto, resultantes de uma somatória de fato- res: erros de projeto, de execução, uso inadequado SISTEMAS ESTRUTURAIS III 21 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 21 30/08/2021 16:21:40 dos materiais ou materiais com baixa qualidade, má utilização da obra, agressividade do meio ambiente, falta de manuten- ção e inefi ciência ou ausência de controle da qualidade no processo da construção civil. Tendo isso em mente, qual a melhor solução estrutural que atenderia a todos os requisitos básicos apontados? Segundo Rebello (2001), “a melhor estrutura na efetividade não existe. Existe, sim, uma boa solução que resolve bem alguns pré-requisitos”. O papel fundamental do profi ssional, por- tanto, diz respeito às decisões inerentes do projeto arquitetônico, que guarda características únicas, e não soluções genéricas. Sistemas de estruturas verticais: estruturas de edifícios Os sistemas estruturais verticais são formados por elementos sólidos rígidos que se estendem em sentido vertical, são estabilizados contra esforços laterais e firmemente ancorados ao solo, podendo absorver car- gas de planos horizontais, em grandes elevações do solo e transmitindo as fundações. Devido à sua extensão em altura, esse sistema fi ca vulnerável a forças horizontais, tornando a estabilização lateral essencial para as estruturas verticais. Sendo assim, a partir de uma certa altura acima do solo, a reo- rientação das forças horizontais pode se tornar um fator determinante da forma do projeto. Os sistemas estruturais verticais requerem continuidade dos elementos que transportam as cargas até a base, portanto necessitam da congruência das pontas de agrupamento de carga para cada planta. A distribuição dos pontos de carga deve ser determinada não apenas por consideração de efi - ciência estrutural, mas também pela utilização do pavimento. Nas construções esbeltas, o sistema de absorção de cargas está relacio- nado à confi guração e à organização da planta. Com o objetivo de propor- cionar condições adequadas para uma planta fl exível e possibilidades de reorganização de compartimentos individuais, o projeto de sistemas estru- turais verticais tem como intuito uma maior redução de elementos de trans- missão de carga, seja em seção ou seja em número de elementos. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 22 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 22 30/08/2021 16:21:40 Estruturas de edifícios Estrutura é a parte componente resistente da construção e tem a função de resistir às ações, transmitindo-as para o solo. A Figura 2 exemplifi ca como ocorre esse caminho das forças na estrutura. Figura 2. Caminho das forças. Fonte: DIEZ, 2012. (Adaptado). Os principais elementos estruturais dos edifícios são: • Fundação: essa estrutura é responsável por transmitir as cargas das cons- truções ao solo e, por isso, deve apresentar resistência adequada para supor- tar todas as tensões. Existem diferentes tipos de fundações. As superfi ciais podem ser exemplifi cadas em: blocos, sapatas corridas, sapatas isoladas ou associadas, radier e viga de fundação. Já as fundações profundas são as esta- cas, os tubulões e os caixões. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 23 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 23 30/08/2021 16:21:40 • Fundações superficiais: a carga é majoritariamente transmitida ao ter- reno pelas pressões, ficando disposta sob a base dos elementos da fundação. Assim, a profundidade de escavação é inferior ou igual a três metros, sendo caracterizada como uma fundação para cargas modestas. Um dos exemplos mais frequentes em construções com uso de fundações superficiais são as re- sidências térreas em solo estável. • Fundações profundas: caracterizadas como elementos que podem tanto transmitir a carga por atrito lateral quanto pelo fuste. Geralmente são utiliza- das em projetos de porte maior, como edifícios nos quais os esforços do vento são significativos e, nestes casos, o solo atinge resistência, suprida devido à elevada profundidade. • Pilares: definidos pela forma de barras verticais, receptoras das ações de ou- tros elementos estruturais, como as vigas, as lajes, e dos andaressuperiores, que transmitem a ação para os elementos inferiores, principalmente para a fundação. Os formatos mais realizados em obras são: retangulares, circulares, seção no formato de cruz, seção U, seção L, seção retangular vazada, seção I e seção T. Em síntese, o elemento pilar tem a função de: • Transmitir as solicitações da superestrutura aos elementos de fundação; • Contribuir com a estabilidade global da estrutura; • Resistir às solicitações provenientes das ações horizontais. Pilar Viga Figura 3. Pilar. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 24 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 24 30/08/2021 16:21:40 Os pilares alinhados em projeto e executados, ligados por vigas, formam os chamados pórticos, que devem resistir às ações do vento e a outras ações que atuam no edifício, sendo o elemento mais utilizado como contraventamento e ajudando na estabilidade da estrutura. Em edificações esbeltas, o travamento também pode ser feito por paredes estruturais, pórticos treliçados ou núcleos. Esses elementos encontram-se, de modo geral, nas extremidades do edifício. Os núcleos envolvem a parte da escada ou da caixa de elevadores. O elemento pilar geralmente está submetido a esforços de flexão composta oblíqua, ou seja, são solicitados por momentos fletores nas duas direções (x, y) e por esforço normal de compressão. Algumas das principais variáveis que envolvem o cálculo de pilares são: o efeito de segunda ordem, o índice de esbeltez, o raio de giração, a excentricida- de e o comprimento da flambagem. Os primeiros elementos lançados são os pilares, que são contínuos ao lon- go de toda a edificação. Desse modo, para que não ocupem o espaço de futuras vagas de garagem em um edifício, os vãos de passagem de pedestres devem ser observados, bem como os de portas e das janelas. A ideia principal é come- çar posicionando os pilares nos cantos quando não houver balanço. Além disso, é interessante, sempre que possível, “esconder” o pilar na alvenaria, valorizando a edificação como um todo. Para isso, deve-se prever o pilar com uma di- mensão provavelmente inferior. Por conta disso, é fundamental conhecer a espessura da parede. Nesse caso, a espessura do pilar deve ser igual à espessura da alvenaria (descontando o revestimento), pois esse revestimento deve revestir parede e pilar. • Vigas: barras retas e horizontais que delimitam as lajes, suportam pare- des, recebem ações das lajes ou de outras vigas (suportam peso perpendicu- lar) e as transmitem para os apoios. O elemento considerado viga de concreto armado é dimensionado de tal maneira que sua armadura longitudinal possui capacidade de resistir aos esforços de tração, pois o concreto resiste pouco a esse esforço. O elemento, ao longo de sua seção, recebe armaduras secundá- rias, transversalmente distribuídas, chamadas de estribos, que têm o objetivo de levar as formas cisalhantes até os apoios. No dimensionamento, as vigas de- vem ser lançadas em cada pavimento, ao contrário dos pilares, que geralmente são contínuos ao longo de toda a altura da edificação. Deve-se ter atenção para a largura da viga e recomenda-se coincidir com a largura da parede. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 25 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 25 30/08/2021 16:21:40 • Lajes: realizam a interface entre pavimentos de uma edifi cação. Sua con- cepção estrutural é de uma placa de superfície plana em que uma das dimen- sões (espessura) é sensivelmente pequena em relação às demais e sujeitas a ações normais a seu plano. Além desse elemento suportar as cargas perma- nentes, recebe as ações de uso e as transmitem para os apoios; trava os pilares e distribui as ações horizontais entre os elementos de contraventamento. Os principais tipos de lajes utilizados são: maciça, nervurada, cogumelo, nervura- da em uma ou duas direções e a laje alveolar. P 1 P 2V 100 LAJE 1 A A V 101 V 10 4 V 10 3 V 10 2 LAJE 2 P3P4 Figura 4. Planta de fôrma de uma laje maciça. No dimensionamento, as lajes são posicionadas após o lançamento de todas as vigas. Em princípio, em um modelo estrutural típico, as lajes descarregam suas cargas sobre as vigas. Além disso, elas não precisam necessariamente se apoiar sobre o limite de quatro vigas, como é o que ocorre com as sacadas. As lajes devem ser lançadas no projeto estrutural em cada pavimento. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 26 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 26 30/08/2021 16:21:41 Durabilidade das estruturas A durabilidade das estruturas é uma das premissas básicas do usuário, de- fi nida no conceito de desempenho formulado pela ASTM E 632 e pela ISO 6241 ainda nos anos 80. Trata-se de um conceito incorporado há muitos anos no âm- bito das edifi cações, embora tenha sido incorporado tardiamente às normas de estruturas de concreto no Brasil pela ABNT NBR 6118. Resume-se o entendimento sobre a durabilidade da seguinte maneira: 1) Interligação entre a estrutura de concreto; 2) Ambiente e as condições de uso; 3) Operação e de manutenção. Deste modo, considera-se que a durabilidade não é uma propriedade ine- rente ou intrínseca à estrutura, à armadura ou ao concreto. Já para a ABNT NBR 6118, no item 5.1.2.3, a defi nição de durabilidade consiste na “capacidade da estrutura resistir às infl uências ambientais previstas e defi nidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e o contratante, no início dos trabalhos de ela- boração do projeto” (ABNT, 2014). Já o item 6.1 preconiza que as estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que sob as condições ambientais previstas na época do proje- to e quando utilizadas conforme projeto, conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período corresponden- te à sua vida útil (ABNT, 2014). Segundo a ISO 13823 (2008), entende-se por vida útil “o período efetivo de tempo durante o qual uma estrutura ou qualquer um de seus componentes satisfazem os requisitos de desempenho do projeto, sem ações imprevistas de manutenção ou reparo”. Para a NBR 6118, no item 6.2, vida útil de projeto é o período de tempo durante o qual se mantêm as características das estruturas de concreto, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, conforme itens 7.8 e 25.4, bem como de execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais (ABNT, 2014). O item 7.8 entende que “o conjunto de projetos relativos a uma obra deve orientar-se sob uma estratégia explícita que facilite todos os procedimentos de inspeção e manutenção preventiva da obra e que deve ser produzido um ma- SISTEMAS ESTRUTURAIS III 27 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 27 30/08/2021 16:21:41 nual de manutenção da estrutura” (ABNT, 2014). Esse manual deve exemplifi car claramente os requisitos básicos para a utilização e a manutenção preventiva, necessárias para garantir a vida útil prevista a uma estrutura qualquer. A vida útil também depende da explicitação dos requisitos de desempenho ou estados-limites de utilização ou de serviço (ELS) que não estão na ABNT NBR 6118, pois esta se dirige quantitativamente a fi ssuras de fl exão e fl echas máximas em vãos de vigas e lajes. Não há limites diretos para fi ssuras de corrosão, expansões, lixiviação, fungos, manchas, carbonatação e outras formas de deterioração das estru- turas de concreto. A metodologia à introdução da segurança no projeto das estruturas de con- creto utiliza os seguintes termos e critérios de verifi cação da segurança e esta- bilidade global da estrutura: a) Estado limite de serviço (ELS ou SLS); b) Estado limite de ruptura (ELU ou ULS). Por fi m, a vida útil deve sempre ser analisada de um ponto de vista geral e amplo, que envolve o projeto, a execução, os materiais, o uso, a operação e a manutenção sob uma perspectiva de desempenho, qualidade e sustentabilida- de. Sua aplicação, todavia, ainda esbarra em defi ciências graves da normaliza- ção nacional em vigor. Domíniosda ABNT NBR 6118 São frequentes os casos de estruturas de concreto armado que apresentam deterioração excessiva antes do término da vida útil prevista no dimensiona- mento, segundo Thiebaut e colaboradores (2018). O ambiente de exposição, a não utilização de materiais adequados e, principalmente, a falta de cuidados na execução dos elementos estruturais interferem diretamente na durabilidade e no desempenho das estruturas de concreto. Em relação à durabilidade, a ABNT NBR 6118 orienta o dimensionamento das estruturas de concreto e relaciona os principais mecanismos de deterioração do concreto, da armadura e da estrutura como um todo. A normativa técnica evidencia a importância do uso de medidas que previnem as manifestações pa- tológicas, como a verifi cação da classe de agressividade ambiental, para dimen- SISTEMAS ESTRUTURAIS III 28 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 28 30/08/2021 16:21:41 sionar adequadamente o cobrimento nominal da armadura, lixiviação, expansão por sulfato, reação álcali-agregado, despassivação da armadura por carbonata- ção e ação de cloretos. No caso dos projetos das estruturas correntes, é possível considerar as clas- ses adotadas na Tabela 1. Classe de agressividade ambiental Agressividade Classificação geral do tipo de ambiente para efeito de projeto Risco de deterioração da estrutura I Fraca Rural submersa Insignificante II Moderada Urbana a, b Marinha a Pequeno III Forte Industrial a, b Industrial a, c Grande IV Muito forte Respingos de maré Elevado aPode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura). bPode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) em obras em regiões de clima seco, com umidade média relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos ou regiões onde raramente chove. cAmbientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes e indústrias químicas. TABELA 1. CLASSES DE AGRESSIVIDADE No geral, a resistência do concreto aos diferentes meios agressivos depen- de dos requisitos listados a seguir: • Relação água/cimento; • Tipo e consumo de cimento; • Tipo e consumo de adições e de água; • Natureza e dimensão máxima do agregado. O mais importante é a resistência da estrutura ao meio ambiente. Desse modo, para evitar envelhecimento precoce e satisfazer às exigências de durabi- lidade, devem ser observados os seguintes critérios de projeto (HELENE, [s.d.]): Fonte: ABNT, 2014. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 29 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 29 30/08/2021 16:21:42 a) Prever drenagem eficiente; b) Evitar formas arquitetônicas e estruturais inadequadas; c) Garantir concreto de qualidade apropriada, particularmente nas regiões superficiais dos elementos estruturais (pilares e vigas prin- cipalmente); d) Controlar a fissuração das peças; e) Garantir cobrimentos para gerar proteção às armaduras; f) Detalhar adequadamente as armaduras em projeto; g) Prever espessuras protetoras em regiões sob condições de expo- sição ambiental muito agressivas; h) Definir um plano de inspeção e manutenção preventiva. Deve-se dar preferência a certos tipos de cimento Portland, como aque- les resistentes a sulfatos (RS), a adições minerais e a aditivos mais adequados para resistir à agressividade ambiental. Além disso, uma diretriz geral e única encontrada na literatura técnica evidência que a durabilidade da estrutura de concreto é determinada por quatro fatores, identificados como regra dos 4C: • Composição do concreto; • Compactação efetiva do concreto na estrutura; • Cura efetiva do concreto na estrutura; • Cobrimento das armaduras. A ABNT NBR 6118:2014 também relaciona os principais mecanismos de de- terioração das estruturas de concreto armado, classificando-os em: deteriora- dores do concreto; deterioradores da armadura e deterioradores de estrutura como um todo. Mecanismo Causa Deterioradores do concreto • Lixiviação: responsável por dissolver e carrear os compostos hidratados da pasta de cimento por ação de águas puras, carbônicas agressivas, ácidas e outras. • Expansão por sulfatos devido à ação de águas ou solos contaminados, que causam reações expansivas e fissuram a matriz cimentícia. • Reação álcali-agregado: uma reação expansiva decorrente da reação dos álcalis do concreto com agregados reativos, na presença de umidade. QUADRO 3. MECANISMOS DE ENVELHECIMENTO E DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO SISTEMAS ESTRUTURAIS III 30 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 30 30/08/2021 16:21:42 Deterioradores da armadura • Corrosão iniciada por: • Carbonatação: quando o CO2 presente na atmosfera penetra o concreto, despassivando a armadura; • Ação de cloretos: quando o teor do íon-cloro está elevado e rompe a camada de passivação do aço. Deterioradores da estrutura como um todo • Ações mecânicas; • Movimentações de origem térmica; • Impactos; • Ações cíclicas; • Retração; • Fluência; • Relaxação, entre outros. Fonte: ABNT, 2014. (Adaptado). Para atender aos requisitos estabelecidos nesta norma, o cobrimento míni- mo da armadura é o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado. Tipo de estrutura Elemento Classe de agressividade ambiental I II III IV c Cobrimento nominal (mm) Concreto armado Laje b 20 25 35 45 Viga/pilar 25 30 40 50 Elementos estruturais em contato com o solo d 30 40 50 bPara a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos, tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento, como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros, as exigências desta Tabela podem ser substituídas pelas de 7.4.7.5, respeitado um cobrimento nominal ≥ 15 mm. cAs superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos da classe de agressividade IV. dNo trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura deve ter cobrimento nominal ≥ 45 mm. TABELA 2. CORRESPONDÊNCIA ENTRE A CLASSE DE AGRESSIVIDADE AMBIENTAL E O COBRIMENTO NOMINAL PARA ΔC = 10 MM Fonte: ABNT, 2014. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 31 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 31 30/08/2021 16:21:42 Chegando até aqui, passamos a nos questionar sobre o lançamento dos elementos estruturais. Sabemos que no momento do lançamento dos elemen- tos estruturais, o projeto arquitetônico já deve ser completamente conhecido e explorado. Dessa forma, começamos a nos perguntar: • As lajes apoiam-se sobre as vigas? • Quantas vigas são necessárias? • Qual o comprimento e a altura das vigas? • Qual a posição dos pilares? • Qual será as dimensões dos pilares, suas seções transversais e quantos pilares são necessários? Figura 5. Lançamento de estrutura – programa: Eberick. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 32 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 32 30/08/2021 16:21:42 Sintetizando O concreto é de extrema importância por se tratar do material mais usado na construção civil. Ele é composto por diversos materiais, que são combina- dos entre si. O concreto armado tem algumas vantagens, como a facilidade de modela- gem, elevada resistência etc. No entanto, ele também pode ser desvantajoso devido ao seu elevado peso, que interfere nas reformas e demolições. Sua vida útil depende de diversos fatores que vão desde o projeto arquite- tônico, passam pelo estrutural e dependem do processo executivo, do cobri- mento dasarmaduras, dos materiais utilizados e do meio no qual o concreto está inserido. Vimos todos os elementos que compõem uma estrutura vertical em concre- to armado (fundação, pilares, vigas e lajes), algumas de suas variações, funções e definições. Por fim, concluiu-se com algumas observações à norma de proje- to de estruturas de concreto – Procedimento, a NBR 6118. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 33 SER_ARQURB_SEIII_UNID1.indd 33 30/08/2021 16:21:42 Referências bibliográficas ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregados para concreto – Especificações. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v.1. BATTAGIN, A. F. Materiais de construção civil e princípios de ciência e enge- nharia de materiais. 2. ed. São Paulo: IBRACON, 2010. DIEZ, G. Projeto estrutural na arquitetura. Porto Alegre: Masquatro Editora Ltda e Nobuko, 2012. ISO - INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 13823: gene- ral principles on the design of structures for durability. Genova: ISO, 2008. PRADO FILHO, H. R. A qualidade nos projetos de estruturas de concreto. Portal BQualidade, [s.l.], 10 jun. 2014. Disponível em: <https://www.banasqualidade. com.br/artigos/2014/06/a-qualidade-nos-projetos-de-estruturas-de-concreto. php>. Acesso em: 13 mai. 2021. PEDROSO, F. L. 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Lançamentos estruturais em Arquitetura Dados iniciais Posição dos elementos Desenho das formas Critério para escolha de sistema estrutural Ações Pré-dimensionamento SISTEMAS ESTRUTURAIS III 36 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 36 30/08/2021 17:07:26 Lançamentos estruturais em Arquitetura A concepção estrutural, ou como também podemos designar de uma estruturação ou lançamento da estru- tura, corresponde à escolha de um dos sistemas estruturais para execução do edifício, denominado de parte resis- tente. Essa etapa é considerada uma das mais importantes na fase do pro- jeto estrutural e resume-se em esco- lher e delimitar os elementos a serem utilizados, defi nindo suas posições, de maneira a formar um conjunto estru- tural que seja efi caz, responsável por absorver os esforços atuantes no sis- tema, as ações e transferi-los à fundação. Segundo Torroja (1960), um dos primeiros a defender a ideia de que a concepção estrutural, enquanto objeto de um processo criativo, necessa- riamente deve estabelecer a conexão entre processos técnicos e artísticos, a discussão conceitual da forma e da estrutura deve ser privilegiada, para que o modelo matemático seja o resultado e não a causa do projeto. Afi nal, para ele, a concepção de um sistema estrutural é essencial e antecede o cálculo, que tem a função de confi rmar ou testar aquilo que foi concebido pela mente humana. O projeto estrutural deve adotar uma solução que respeite os requisitos mínimos estabelecidos pelas normas técnicas, referentes ao desempenho da estrutura em serviço, a sua resistência e durabilidade. Podemos utilizar inú- meros sistemas estruturais. Em edifícios verticais comumente aplicamos nos modelos de lajes maciças, nervuras ou moldadas no local. Entretanto, quan- do precisamos vencer grandes vãos, possuímos a opção de melhorar o de- sempenho do elemento laje através da proteção. Esse melhor desempenho se dá em termos de resistência, controlando as deformações da estrutura e consequentemente sua fi ssuração. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 37 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 37 30/08/2021 17:07:27 CURIOSIDADE Acesse o link para conhecer imagens de vários tipos de lajes, suas vantagens e desvantagens, como elas compõem os sistemas estruturais de um edifício e infl uenciam tecni- camente o dimensionamento destes. O artigo vai elucidar e responder algumas dúvidas sobre esse elemento. Dados iniciais O primeiro ponto da concepção estrutural é identifi car a fi nalidade da edi- fi cação e atender ou resolver todas as condições impostas pela arquitetura do projeto. O projeto arquitetônico é o ponto de partida para a elaboração do projeto estrutural. Um projeto arquitetônico desenvolvido em pensamento consoante ao projeto estrutural, de fato trará ótimos resultados e proporcio- nará facilidade no dimensionamento. Ademais, é necessário pen- sar no posicionamento dos elementos respeitando sua dispo- sição nos diferentes cômodos dos pavimentos, devendo estar, contudo, em consonância com os demais projetos, permitindo a coexistência e a qualidade de todos os sistemas incorpora- dos na edifi cação. São exemplos de projetos: instalações elétricas hidráulicas, telefonia, segurança, som, televi- são e ar condicionado, sabendo que a estrutura pre- cisa estar coerente com as condições e características do solo no qual ela irá se apoiar. Outra alternativa de modelo estrutural, entretanto não muito recomenda- das, é usar lajes sem vigas diretamente apoiadas sobre os pilares da estrutu- ra, com ou sem capitéis, casos referenciados como lajes planas, lisas ou ainda lajes-cogumelos. Nessa solução no alinhamento dos pilares são consideradas as vigas embutidas, com altura igual à espessura das lajes, sendo também cha- madas vigas-faixa. A escolha do sistema estrutural depende de infi nitos fatores técnicos e econômicos, dentre eles salientamos: a capacidade do meio profi s- sional para desenvolver o projeto e executar a obra como um todo e, também, a disponibilidade de materiais para essa solução, mão de obra especializada e equipamentos necessários para a execução. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 38 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 38 30/08/2021 17:07:27 A composição dos edifícios comumente se procede pelos seguintes pavi- mentos: subsolo, reservatório inferior, térreo, tipo (aqui podemos ter várias disposições de tipo, ou seja, tipo 1, 2, 3, ou simplesmente um tipo), cobertura, casa de máquinas e reservatório superior. Na existência de pavimento-tipo ou vários pavimentos-tipos, a estruturação parte dessa etapa. Caso não haja pavimentos repetidos, a estruturação parte dos andares superiores, seguin- do na direção dos pavimentos inferiores. A designação de planta de forma estrutural é a localização dos elementos pilares, em sequência com o posicionamento dos elementos vigas e das lajes, geralmente nessa ordem, considerando como prerrogativa a compatibiliza- ção com o projeto arquitetônico. O sistema estrutural de um edifício deve ser projetado e dimensionado, de modo que seja capaz de resistir às ações verticais e às ações horizontais. Es- sas ações precisam ser levadas em conta, pois resultam ou não em um longo período de vida útil da construção. As ações verticais são constituídas por: peso próprio dos elementos es- truturais, revestimentos, paredes divisórias, peso de equipamento, ações permanentes e ações variáveis, decorrentes da utilização, cujos valoresvão depender da utilidade do edifício. O trajeto das ações verticais inicia nas lajes, que suportam, além de seus pesos próprios, outras ações permanentes e as ações variáveis de uso, incluindo, peso de paredes que se apoiem direta- mente sobre elas. As lajes transmitem essas ações para as vigas através das reações de apoio. As vigas possuem a capacidade de suportar seu peso próprio, as reações decorrentes das lajes, peso de paredes e as ações de outros elementos que nelas descarregam. Trabalham aos esforços de flexão e cisalhamento e trans- mitem suas reações para os elementos verticais, que são os pilares e as pa- redes estruturais. Os pilares e as paredes estruturais, por sua vez, recebem as reações das vigas que neles se apoiam, juntamente com o peso próprio desses elementos verticais, transferindo para os andares inferiores e, finalmente, para o solo, através dos respectivos elementos de fundação. Já as ações horizontais constituem-se da ação do vento, empuxo ou aba- los sísmicos onde há ocorrência. Elas são absorvidas pela estrutura e trans- SISTEMAS ESTRUTURAIS III 39 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 39 30/08/2021 17:07:27 Posição dos elementos a) Fundações A primeira decisão em um projeto é quanto ao tipo de fundações. A escolha do tipo implicará diretamente aos custos, entretanto, nem sempre a alterna- tiva mais barata será a mais adequada à situação de projeto. O desempenho em serviço da fundação e a vida útil da estrutura deverão ser levados em con- sideração, já que uma série de patologias das edifi cações estão relacionadas às falhas no seu sistema de fundações. A escolha das fundações precisa ser uma decisão sempre com embasa- mentos em sondagens do solo, caracterizando-se as propriedades geotécnicas como um guia para determinar a escolha. Normalmente, para obras de peque- no porte, o uso de sapatas é bastante adequado em solos com boa capacidade de carga nas camadas superfi ciais, e essa informação é retirada da sondagem SPT. Mas em casos onde as condições superfi ciais do solo não são adequadas, as fundações profundas são uma boa solução ao projeto. ASSISTA Assista ao vídeo explicativo com todos os detalhes de um ensaio SPT, descrevendo como ele é feito, quais os elementos do ensaio, quais são as características que ele fornece. O ensaio SPT é o mais comum e o mais usado. Na Figura 1, segue um ensaio com o perfi l geológico e os dados de SPT. mitidas para o solo de fundação. Na ação do vento, o caminho tem início nas paredes externas do edifício, onde o vento atua com maior incidência. Essa ação é resistida por elementos verticais de grande rigidez, como os pórticos, as paredes estruturais e núcleos em concreto, que formam a estrutura de contraventamento de um edifício. “As lajes exercem importante papel na distribuição dos es- forços decorrentes do vento entre os elementos de contra- ventamento, pois possuem rigidez praticamente infi nita no seu plano, promovendo, assim, o travamento do conjunto”, segundo Pinheiro e colaboradores (2021, p.4.4). SISTEMAS ESTRUTURAIS III 40 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 40 30/08/2021 17:07:27 Figura 1. Ensaio de SPT. Fonte: LONGO, 2021, n.p. Já na Figura 2, apresenta-se um esquema de uma fundação profunda, o qual possui todas as informações de leitura de barras, dimensão e execução. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 41 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 41 30/08/2021 17:07:29 50 0 0.00 50 41 9 N3 Ø 10.0 C = 122 50 Figura 2. Fundação e sua seção. b) Posição dos pilares A localização usualmente inicia-se com os pilares, estes devem ser locados pelos cantos e seguir para as áreas que são comuns a todos os pavimentos, ou seja, escadarias, elevadores, garagem, reservatório, casa de máquinas, corredores, etc. O próximo passo é posicionar os pilares do extremo e, em seguida, os pila- res internos (do meio da estrutura), buscando sempre que possível embuti-los (escondê-los) nas paredes ou procurando respeitar as imposições apresenta- das pelo projeto arquitetônico. A disposição mais correta e assertiva é a dos pi- lares alinhados, entretanto, nem sempre isso é possível, mas deve ser previsto, a fim de formar pórticos que se unam diretamente com as vigas. Dessa forma, eles contribuem para a estabilidade global da estrutura. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 42 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 42 30/08/2021 17:07:29 As variáveis que compõem o lançamento e a estruturação dos pilares po- dem ser resumidas em: dimensão, posição e direção. Essas três premissas ga- rantem o dimensionamento da peça. Desse modo, o lançamento dos pilares na planta é um fator que irá influenciar todo o projeto e, por isso, é prudente ter muita atenção nessa etapa. Resumindo: • Dimensão: para edificações de pequeno porte, pode-se usar pilares de 14x40 cm, entretanto o mais recomendado é 19x40 cm. Um ponto importante é que, às vezes, são necessários pilares com dimensões maiores para poder reduzir a taxa de armadura; • Posição: geralmente está amarrada com as fundações, assim, o ideal é ter prumadas contínuas, da fundação ao topo da estrutura; • Direção: está relacionada diretamente à posição do pilar. Sempre que possível, deve-se avaliar a direção do pilar, pois poderá ser necessário rota- cionar para um sentido ou para outro. Essa direção vai influenciar no enrije- cimento da estrutura. É recomendado adotar como 19 cm, pelo menos, a menor dimensão do pilar e escolher a direção da maior dimensão de maneira a garantir rigidez à estrutu- ra, nas suas duas direções (x, y). A disposição dos pilares deve seguir uma distância usual entre seus eixos na ordem de 4 a 6 metros. Distâncias maiores geram vigas com dimensões elevadas ou, até mesmo, incompatíveis com o projeto, além de elevar os custos da obra. Seções transversais de pilares elevam a taxa de armadura e também dificultam a montagem da armação e formas. Entretanto, se os pi- lares estiverem muito próximos, com vãos menores, isso pode interferir nos elementos de fundação, também aumentando os custos com o consumo de material e mão de obra. Após posicionar os elementos das áreas comuns, recomenda-se seguir o posicionamento dos pilares no pavimento-tipo e, nessa etapa, é impor- tante verificar sua interferência aos demais pavimentos que compõem a obra. Isso significa que se faz necessário verificar se o arranjo dos pilares permite a realização de manobras dos carros nos andares de garagem ou até mesmo se não haverá pilares no meio de um cômodo de outro pavi- mento, por exemplo. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 43 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 43 30/08/2021 17:07:29 Na impossibilidade de compatibilizar a distribuição dos pilares entre os pa- vimentos, pode haver a necessidade de um pilar de transição. Nesse caso, a prumada do pilar é alterada, empregando-se uma viga de transição, que recebe a carga do pilar superior e a transfere para o pilar inferior, em sua nova posi- ção. Nos edifícios muito altos, devem ser evitadas grandes transições, pois elas provocam aumento significativo de custos. Quando acontece de o projeto estar com inúmeras vigas de transições, costuma-se dizer que ele não foi compatibi- lizado e otimizado de forma correta. A Figura 3 mostra a seção de um pilar em uma planta de baldrame, com todas as informações de leitura de barras, dimensão, execução de estribo e gancho. P2 = P3 Baldrame - L1 30 15 24 VAR 38 20 VA R VA R 6 N9 o 1 0. 0 C = VA R 0 N2 9 Seção Esc 1:20 4 N1 o 5.0 C = 77 4 N2 o 5.0 C = 24 4 N1 c/ 1 2 Es c 1 :2 5 Figura 3. Seção de Pilar e suas informações. c) Posição das vigas Após o posicionamento dos pilares, a estruturação passa para a etapa da locação das vigas nos pavimentos do edifício. As vigas que ligam um pilar ao outro já ficam determinadas, formando os pórticos. Entretanto, outras vigas são necessárias para dividir, por exemplo, painéis de laje com grandes vãos ou vigas para suportar paredes de divisãoe evitar que essas se apoiem dire- tamente sobre as lajes da obra, ou ainda as vigas de transição, como já men- SISTEMAS ESTRUTURAIS III 44 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 44 30/08/2021 17:07:29 cionamos, que são responsáveis por suportar a carga de um pilar que muda de direção entre os pavimentos. Assim como os pilares, as vigas possuem algumas variáveis de extrema im- portância, que são as vinculações de apoio para ligar as vigas aos pilares. Elas podem ser rotuladas, engastadas ou semirrígidas. Mas o que isso influencia no projeto? Se bem utilizada, as vinculações adotadas podem gerar grandes economias, solucionar alguns problemas de dimensionamento e influenciar di- retamente na concepção da estrutura. Na sequência, podemos ver a seção de uma viga em uma planta (Figura 4). Nela, possuímos todas as informações de leitura de barras, dimensão, e exe- cução de estribo. 34 34 9 Primeiro pavimento V19 Esc 1:50 300 2 N5 ø 10.0 C = 484 2 N4 ø 10.0 C = 464 330.3 337 337 40 40 15 40 315.3 LA 452 432 15 x 40 15 x 40 16 N1 c/20 17 N1 c/ 20 2 N2 ø 10.0 C = 347 2 N6 ø 10.0 C = 773 33 N1 ø 5.0 C = 97 Seção A-A Esc 1:25 2 N3 ø 10.0 C = 751 2 ø 2 c 2 ø 3 c P10 P7 741 741 1 ø 2c 337 V11 34 34 12 12 Figura 4. Seção de viga e suas informações. d) Posição das lajes Como as vigas delimitam os painéis de laje, suas disposições devem levar em consideração o valor econômico do menor vão que, para lajes maciças, é da ordem de 3,50 a 5,50 m. O posicionamento das lajes fica, então, praticamente definido através da posição das vigas. A escolha do tipo de laje é um dos fatores que mais repercute nos custos da execução. Normalmente, aquelas pré-molda- das são as cotadas como a opção economicamente mais vantajosa. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 45 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 45 30/08/2021 17:07:29 Veja, na Figura 5, o detalhe de uma laje pré-moldada cerâmica e informa- ções na seção. Blocos de enchimento Detalhe Tipo Nome Dimensões (cm) Quantidade hb bx by 1 Lajota cerâmica B8/25/20 8 25 20 1165 Detalhe 1 (esc. 1:30) 258 8 8 8 5 Figura 5. Laje pré-moldada cerâmica e informações. Desenho das formas De posse do arranjo dos elementos estruturais, é possível fazer os dese- nhos preliminares de formas de todos os pavimentos, inclusive cobertura e caixa d’água, com as dimensões baseadas no referido projeto arquitetônico. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 46 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 46 30/08/2021 17:07:29 Nesse sentido, precisamos entender primeiramente o que é uma planta de formas. Na verdade, ela é identificada pelo projeto, posicionando os elemen- tos (vigas, pilares, lajes e fundações). Quanto às formas, o termo refere-se aos elementos de madeira, aço ou pvc, que permitem a moldagem e execução dos elementos de concreto armado. As larguras das vigas adotadas na execução da planta de formas, sempre que possível, devem ser embutidas na alvenaria, respeitando as condições do projeto arquitetônico ou limitações construtivas. Em muitos casos, essas vigas precisam prever a passagem de tubulações, ou seja, o projeto precisa ser otimi- zado em conjunto com o projeto hidrossanitário. Uma observação de extrema importância é que o cobrimento mínimo das faces das vigas em relação às das paredes finalizadas é de 1,5 a 2,5 cm, em geral. Isso deve ser respeitado, para que realmente a viga fique embutida. EXPLICANDO O desenho de planta de forma, é basicamente o resumo do dimensionamen- to do projeto estrutural propriamente em desenho. A planta de formas é o documento responsável por fornecer todas as informações da execução das formas e da disposição e distribuição das armaduras. A planta de for- mas é a planta do modelo que deverá ser concebida com fidelidade, assim, ou seja, quanto mais clareza tenham os elementos e detalhes, mais qualida- de será apresentada na execução e no processo. O ideal é que todas as vigas tenham a mesma altura, para facilitar a execu- ção e o cimbramento da estrutura. Entretanto, quando não é possível, adota-se no máximo três dimensões diferentes para as suas seções transversais. Em edifícios residenciais, é conveniente que as seções das vigas não ultrapassem 60 cm de altura, para não interferir nos vãos das aberturas (portas e janelas). Comumente a numeração de todos os elementos que compõem a estrutura é realizada de cima para baixo e da esquerda para a direita: • Primeira etapa: inicia-se com a numeração das lajes, por exemplo: L1, L2, L3, L4, L5, L6, sendo que seus números devem ser colocados centralizados em seus panos; • Segunda etapa: são numeradas as vigas: V1, V2, V3, V4, V5, V6, seus núme- ros são dispostos de maneira centralizada no primeiro tramo; • Terceira etapa: são colocados os números dos pilares, posicionados abai- xo deles na planta de formas estrutural (P1, P2, P3, P4, P5, P6). SISTEMAS ESTRUTURAIS III 47 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 47 30/08/2021 17:07:29 Na planta devem ser previstas a colocação das cotas parciais e totais em cada direção (x,y), posicionadas fora do contorno do desenho da planta de for- ma, para facilitar a visualização e leitura. Ao final da disposição e numeração dos elementos (lajes, vigas e pilares), obtém-se o anteprojeto de todos os pavimentos, e pode-se então prosseguir com o pré-dimensionamento. Apesar de ser uma planta consideravelmente simples, é necessário estar atento a todos os detalhes como, por exemplo, a falta de uma hachura, indi- cação de nível ou dimensão, que pode prejudicar todo o projeto. Não indicar o rebaixamento de uma laje de sacada, no caso, fará com que o pedreiro consi- dere que a laje esteja no mesmo nível das demais, prejudicando o escoamento de água e podendo causar patologias na construção. A planta de formas deve conter todos os elementos gráficos e textuais ne- cessários para identificação, posicionamento e execução da estrutura no lote. Podemos citar: origem (ou seja, a referência), as cotas (dimensões e distâncias), níveis, ligações entre as vigas e lajes, as fundações, pilares, vigas, lajes e se o pavimento constar algum shaft, este também deve estar previsto. Forma do pavimento térreo Figura 6. Parte de uma planta de forma de uma edificação residencial em dois pavimentos. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 48 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 48 30/08/2021 17:07:30 Na sequência, temos a legenda dos pilares. Legenda dos pilares Pilar que morre Pilar que passa Pilar que nasce Pilar com mudança de seção Legenda das vigas e paredes Viga Figura 7. Legenda dos elementos utilizados na planta de formas. Já a Tabela 1 mostra as características das vigas e dos pilares. Vigas Nome Seção(cm) Elevação (cm) Nível (cm) V1 15x45 0 300 V2 15x45 0 300 V3 15x45 0 300 V4 15x45 0 300 V5 15x45 0 300 V6 15x45 0 300 V7 15x50 0 300 V8 15x45 0 300 V9 15x45 0 300 VI0 15x45 0 300 V11 15x45 0 300 Vigas Nome Seção(cm) Elevação (cm) Nível (cm) VI2 15x45 0 300 VI3 15x45 0 300 VI4 15x45 0 300 VI5 15x45 0 300 VI6 15x45 0 300 VI7 15x50 0 300 VI8 15x45 0 300 VI9 15x45 0 300 V20 15x45 0 300 V21 15x45 0 300 V22 15x45 0 300 TABELA 1. CARACTERÍSTICAS DE VIGAS E PILARES SISTEMAS ESTRUTURAIS III 49 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 49 30/08/2021 17:07:30 Pilares Nome Seção(cm) Elevação (cm) Nível (cm) P1 15x30 0 300 P2 15x30 0 300 P3 15x30 0 300 P4 15x20 0 300 P5 15x40 0 300 P6 15x40 0 300 P7 15x40 0 300 P8 15x40 0 300 P9 15x40 0 300 P10 15x65 0 300 Pilares Nome Seção(cm) Elevação (cm) Nível (cm) P11 15x40 0 300 P12 15x40 0 300 P13 15x40 0 300 P14 15x40 0 300 P15 15x25 0 300 P16 15x25 0 300 P17 15x40 0 300 P18 25x50 0 300 P19 25x50 0 300 P20 25x50 0 300 E, por fim, temos a Tabela 2 indicando as características das lajes. Lajes Dados Sobrecarga (kgf/m2) N om e Ti po A lt ur a (c m ) El ev aç ão (c m ) N ív el (c m ) Pe so p ró pr io (k gf /m 2 ) A di ci on al A ci de nt al Lo ca liz ad a L1 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L2Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L3 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L4 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L5 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L6 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L7 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - TABELA 2. CARACTERÍSTICAS DAS LAJES SISTEMAS ESTRUTURAIS III 50 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 50 30/08/2021 17:07:30 L8 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L9 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L10 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L11 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L12 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L13 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L14 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L15 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - L16 Pré-moldada 13 0 300 283 182 150 - Vamos resumir o lançamento dos elementos nas estruturas? O lançamento da estrutura é, basicamente, realizado através do projeto ar- quitetônico e seus requisitos. Ao lançar a estrutura, devemos ter algumas prer- rogativas em mente e podemos resumi-las em: resistência, estética, economia e funcionalidade. • Resistência: ao lançarmos os elementos estruturais, devemos procurar estabelecer uma estrutura capaz de resistir aos esforços verticais e horizon- tais. Para isso, necessitamos de meios para atingir a resistência necessária em cada estrutura, podendo ser através de pórticos, núcleos rígidos, pilares com grande inércia, dentre outros; • Estética: devemos sempre procurar embutir ao máximo a estrutura den- tro das paredes, isso serve para vigas e pilares; • Economia: deve-se lançar a estrutura, pensando em minimizar o custo de execução da obra. Atingimos a tal “boa” economia através da uniformização da estrutura, da compatibilidade entre os vãos, da escolha dos materiais e, prin- cipalmente, do método de escolha dos elementos (laje maciça ou protendida, por exemplo). As vigas de transição devem ser evitadas ao máximo, pois são inimigas dos princípios da economia; • Funcionalidade: como um princípio de extrema importância, podemos levar o exemplo das garagens. Caso os posicionamentos dos elementos não sejam funcionais, podemos perder vagas ou tornar uma garagem inviável de se estacionar. Um aproveitamento adequado dos cômodos pode ser obtido, espaçando os pilares a cada 4,80 ou 5,50 m. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 51 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 51 30/08/2021 17:07:30 Na Figura 8, temos uma planta de formas completa de uma estrutura com três pavimentos, onde apresentamos a planta do pavimento 1, realizado no programa Eberick. Podemos visualizar os elementos distribuídos, enumerados e as cotas. Forma do pavimento primeiro pavimento (nível 300) escala 1:50 Figura 8. Forma completa de um pavimento. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 52 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 52 30/08/2021 17:07:31 Critério para escolha de sistema estrutural Como escolhemos um sistema estrutural e o que deve ser observado? De- sempenho, durabilidade, capacitação de mão de obra, materiais disponíveis e assistência técnica são alguns dos quesitos decisivos para a especifi cação de um sistema estrutural seguro e efi caz Ao se avaliar a viabilidade econômica de um projeto estrutural, não se deve levar em consideração somente os consumos de materiais e mão de obra, mas sim todos os sistemas de serviços que são infl uenciados pela es- colha das diversas opções estruturais, além das características executivas e equipamentos necessários. Como exemplo, podemos citar a escolha de uma estrutura com o pé direito, isto é, distância de piso a piso, se escolher por este ser mais baixo, provocará uma economia na alvenaria de vedação, no reboco e nos revestimentos externos e internos em cada pavimento. Contudo, se a escolha for por um pé direito mais alto nos apartamentos, isso vai agregar um grande valor para os compradores e, por consequência, acarretará em um maior custo de execução. Então, qual será a melhor op- ção: economizar na estrutura, reduzindo o pé direito, ou aumentar o valor de venda do empreendimento? Para uma avaliação mais completa, deve-se realizar também uma análise das implicações que cada alternativa acarreta nas instalações, nas alvenarias, tipos de forro e nos demais sistemas. Pode-se defi nir por custo direto da es- trutura os materiais e a mão de obra, tais como: formas, escoras, cimbramen- to, concreto, bombeamento, aço de armadura passiva e ativa, car- pinteiros, pedreiros, serventes, etc. Já os custos indiretos são os impactos que a solução condiciona aos demais sistemas, como revestimentos, forro, pintura, instalações elétricas e hidráulicas, elementos de fachada, tempo e difi culdade de execução. Para análise de critério de escolha de um sistema estrutural, selecionamos duas opções para que seja possível fazer uma análise comparativa, quantitativa e qualitativa em relação a cada uma. Também pode- mos considerar essas duas opções como uma das mais usuais em obras. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 53 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 53 30/08/2021 17:07:32 a) Estrutura convencional com lajes maciças: Estrutura convencional é aquela na qual as lajes se apoiam nas vigas, que por sua vez se apoiam em pilares. A laje maciça é basicamente uma camada de concreto “maciço” sobre ela. Essa laje não vence grandes vãos, devido ao seu elevado peso-próprio. Comumente usa-se vão de lajes maciças em torno de 3,5 a 5,50 m. De acordo com a norma 6118, item 13.2.4.1, as lajes maciças devem respei- tar os seguintes limites mínimos para a espessura: a) 7 cm para cobertura não em balanço; b) 8 cm para lajes de piso não em balanço; c) 10 cm para lajes em balanço; d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN; e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN; f) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, com o mínimo de l42 para lajes de piso biapoiadas e l 50 para lajes de piso contínuas; g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo, fora do capitel (ABNT, 2014, p. 74). Algumas das principais desvantagens apresentadas caracterizam-se devido: • ao limite dos vãos, que apresenta uma grande quantidade de vigas; • à grande quantidade de vigas e seus recortes, pois diminuem o reaprovei- tamento das formas; • ao grande consumo de concreto e aço. E algumas das principais vantagens são: • A formação de muitas vigas cria muitos pórticos, que garantem uma boa rigidez à estrutura de contraventamento; • Sistema estrutural utilizado por muitos anos na construção ci- vil e, por esse fato, a mão de obra é bastante treinada. b) Estrutura convencional com lajes nervuradas A designação por lajes nervuradas é um conjunto de ner- vuras solidarizadas por uma mesa de concreto. O fato de as armaduras serem responsáveis pelos esforços resis- tentes de tração, permite que a zona tracionada seja discretizada em forma de nervuras e, assim, não com- prometa a zona comprimida onde o concreto exerce a função de suportar. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 54 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 54 30/08/2021 17:07:32 Segundo a norma 6118, item 14.7.7, as lajes nervuradas são “moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração para momen- tos positivos está localizada nas nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte” (ABNT, 2014, p. 86). Além disso, essa mesma norma, no item 13.2.4.2, descreve limites a serem respeitados pelas lajes nervuradas. “A espessura da mesa, quando não houver tubulações horizontais embutidas, deve ser maior ou igual a 1/15 da distância entre nervuras e não menor que 3 cm” (ABNT, 2014, p. 67). O valor mínimo absoluto deve ser 4 cm, quando existirem tubulações em- butidas de diâmetro máximo 12,5 mm. A espessura das nervuras não deve ser inferior a 5 cm. Nervuras com espessura menor que 8 cm, não devem conter armadura de compressão. Para o projeto de lajes nervuradas, devem ser seguidas tais condições: a) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm, pode ser dispensadaa verificação da flexão da mesa, e para a verificação do cisalhamento da região das nervuras, permi- te-se a consideração dos critérios de laje; b) para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm, exige-se a verificação da flexão da mesa, e as nervuras devem ser verificadas ao cisalhamento como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o espaçamento entre eixos de nervuras for até 90 cm e a largura média das nervuras for maior que 12 cm; c) para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervu- ras maior que 110 cm, a mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas, respeitando-se os seus limites mínimos de espessura (BASTOS, 2021, p.68). A principal vantagem de usar laje nervurada é a redução do peso próprio da estrutura, já que o volume de concreto diminui e ainda há um aumento na inércia, uma vez que a laje tem sua altura aumentada. Essa solução de laje vem sendo utilizada em todas as regiões do país, com um grande número de forne- cedores, pois é de fácil execução e pode ser lançada com grandes vãos. Algumas das várias vantagens de se usar lajes nervuradas são: a) Devido a sua capacidade de vencer grandes vãos, o pavimento possui pouco número de lajes; SISTEMAS ESTRUTURAIS III 55 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 55 30/08/2021 17:07:32 b) A forma possui poucas vigas, ou seja, é pouco recortada, facilitando a execução principalmente das formas; c) O fato de ter poucas vigas faz com que a estrutura não interfira muito na arquitetura; d) O consumo da laje nervurada é muito baixo. A escolha da melhor concepção estrutural está ligada a uma série de parti- cularidades de cada projeto que impactam diretamente nessa opção. Primeira- mente você deve elencar algumas características da obra: a) Altura da edificação; b) Tipo de ocupação (por exemplo, comercial, residencial ou institucional); c) Geometria; d) Vãos livres; e) Tipo de solo; f) Localização da obra; g) Repetição dos pavimentos. Vamos a um exemplo para elucidar: • Edifícios com mais de 15 pavimentos tornam a alternativa de alvenaria estrutural inviável, por causa de motivos econômicos e técnicos. Outro exemplo é: • Edifícios com forros nos ambientes (por exemplo, os prédios comerciais) tornam o uso de lajes nervuradas mais interessante. Entretanto, essa solução não é nada comum em edifícios residenciais. Nesse tópico, a pergunta que devemos buscar resposta é: existe um siste- ma estrutural ideal? Para cada projeto, um sistema estrutural é demandado. Não existem fórmulas mágicas nas escolhas ou na produção de planta de formas e dimensionamento. Projetos residenciais, industriais ou comerciais apresentam, cada um, uma de- manda diferente. Quanto mais prática for a solução adotada e esco- lhida para ser a executada, ainda que os materiais tenham maior custo, ela estará menos suscetível a erros, à perda de produtividade e consequentemente será mais segura. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 56 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 56 30/08/2021 17:07:32 O primeiro passo é conhecer todas as singularidades do projeto, pois não podemos e não devemos generalizar as condições da obra, as condições do cliente e suas necessidades, tampouco a geometria do projeto arquitetônico e seus requisitos ou a localização da obra. Na hora da escolha do sistema estrutural, é importante frisar a necessidade de estudar com afi nco cada método para possuir o conhecimento e o discerni- mento de qual é o mais indicado e adequado para a construção em questão. DICA Precisa-se apenas de papel e caneta, além de muita criatividade para criar projetos inovadores e singulares. No entanto, é no momento de dimensionar e executar que surgem os desafi os. Enquanto alguns profi s- sionais esbanjam seu virtuosismo e criatividade ao projetar, outros batem a cabeça para fazer a estrutura fi car de pé. Em relação ao projeto, é importante lembrar que ele um dia será executado! Ações As ações a considerar classifi cam-se, de acordo com a norma 8681, em per- manentes, variáveis e excepcionais (ABNT, 2004). Para cada tipo de construção, as ações a considerar devem respeitar suas peculiaridades e as normas a ela aplicáveis, ou seja, o caderno de especifi cações do empreendimento, conside- rações sobre o processo construtivo com indicativo de materiais e equipamen- tos que serão utilizados durante e/ou após a construção do edifício. É importante ter o conhecimento de algumas defi nições apresentadas pela norma 8681 no item 3, seguem abaixo: 3.4 ações: Causas que provocam esforços ou deformações nas es- truturas. Do ponto de vista prático, as forças e as deformações im- postas pelas ações são consideradas como se fossem as próprias ações. As deformações impostas são por vezes designadas por ações indiretas e as forças, por ações diretas. 3.5 ações permanentes: Ações que ocorrem com valores constantes ou de pequena variação em torno de sua média, durante pratica- mente toda a vida da construção. A variabilidade das ações perma- nentes é medida num conjunto de construções análogas. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 57 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 57 30/08/2021 17:07:32 3.6 ações variáveis: Ações que ocorrem com valores que apresen- tam variações significativas em torno de sua média, durante a vida da construção. 3.7 ações excepcionais: Ações excepcionais são as que têm duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrência du- rante a vida da construção, mas que devem ser consideradas nos projetos de determinadas estruturas. 3.8 cargas acidentais: Cargas acidentais são as ações variáveis que atuam nas construções em função de seu uso (pessoas, mobiliário, veículos, materiais diversos etc.) (ABNT, 2004, p.1-2). E também termos conhecimento sobre as ações em que a nossa estrutura está submetida pela norma 8681 no item 4, seguem abaixo: 4.2.1.1 Ações permanentes: Consideram-se como ações permanen- tes: a) ações permanentes diretas: os pesos próprios dos elementos da construção, incluindo-se o peso próprio da estrutura e de todos os elementos construtivos permanentes, os pesos dos equipamen- tos fixos e os empuxos devidos ao peso próprio de terras não remo- víveis e de outras ações permanentes sobre elas aplicadas; b) ações permanentes indiretas: a protensão, os recalques de apoio e a retra- ção dos materiais (ABNT, 2004, p.3). Pela norma 6120, ações para o cálculo de estruturas de edificações podem consultar o peso específico de cada tipo de material de construção, além de valores característicos para cargas variáveis, que devem ser considerados em cada tipo de ambiente de uma edificação. Para construções residenciais, a mesma norma determina valores mínimos de cargas verticais para edifícios residenciais – dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro 1,5 kN/m² e despen- sa, área de serviço e lavanderia 2,0 kN/m² (ABNT, 2020). Assim, retomando a norma 8681, temos ainda: 4.2.1.2 Ações variáveis: Consideram-se como ações variáveis as car- gas acidentais das construções, bem como efeitos, tais como for- ças de frenação, de impacto e centrífugas, os efeitos do vento, das variações de temperatura, do atrito nos aparelhos de apoio e, em geral, as pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas. Em função de sua probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, as SISTEMAS ESTRUTURAIS III 58 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 58 30/08/2021 17:07:32 ações variáveis são classifi cadas em normais ou especiais: a) ações variáveis normais: ações variáveis com probabilidade de ocorrência sufi cientemente grande para que sejam obrigatoriamente conside- radas no projeto das estruturas de um dado tipo de construção; b) ações variáveis especiais: nas estruturas em que devam ser consi- deradas certas ações especiais, como ações sísmicas ou cargas aci- dentais de natureza ou de intensidade especiais, elas também de- vem ser admitidas como ações variáveis. As combinações de açõesem que comparecem ações especiais devem ser especifi camente defi nidas para as situações especiais consideradas. 4.2.1.3 Ações excepcionais: Consideram-se como excepcionais as ações decorrentes de causas tais como explosões, choques de veículos, incêndios, enchentes ou sismos excepcionais. Os in- cêndios, ao invés de serem tratados como causa de ações excep- cionais, também podem ser levados em conta por meio de uma redução da resistência dos materiais constitutivos da estrutura (ABNT, 2004, p.3). Pré-dimensionamento O dimensionamento é o ato ou efeito de dimensionar, de atribuir ou de fi xar as dimensões (tamanho) de algo: dimensionamento de valores. O pré-dimensionamento tem como função o trabalho de concepção do edi- fício, a realização de uma projeção prévia das dimensões dos elementos estru- turais para que esses possam suportar sua própria carga. Esse conhecimento é necessário para planejar estruturas viáveis e seguras. Com o conhecimento do pré-dimensionamento, é possível realizar o cálculo de ligações entre os elementos da estrutura e, a partir dessa previsão inicial, o profi ssional técnico realiza o dimensionamento completo do projeto, seguindo todos os protocolos e normas técnicas exigidas. O modelo estrutural corresponde à representação da estrutura real no computador. Existem vários tipos de modelos que podem ser adotados. Na Figura 11, temos um modelo estrutural completo de uma estrutura realizada no programa Eberick. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 59 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 59 30/08/2021 17:07:32 Figura 11. Dimensionamento através do programa Eberick. ASSISTA Assista a um vídeo explicativo com todos os detalhes de um pré-dimensionamento de pilares, de uma manei- ra bem simplificada e com uma linguagem acessível. A norma 6118 recomenda, tendo em vista os requisitos referentes à durabili- dade das estruturas de concreto, que se utilize sempre concretos com resistên- cia característica à compressão (fck) ≥ a 20 Mpa e para estruturas executadas em concreto armado ≥ 25 MPa para estruturas protendidas (ABNT, 2014). A escolha do fck do concreto depende também de uma análise de custo, meio em que a estrutura está inserida, e dos esforços em que ela vai estar submetida. Sempre que possível, deve-se escolher uma resistência que minimize o custo por Mpa de SISTEMAS ESTRUTURAIS III 60 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 60 30/08/2021 17:07:33 resistência. A escolha do aço estrutural, segundo a referida norma, não permite mais a possibilidade de utilização dos aços da denominada classe B. Dessa for- ma, os projetos utilizam o aço CA50A, comumente denominado CA50. Na sequência, veremos um resumo esquemático, mostrando os requisitos necessários para um projeto estrutural de qualidade. Também estão elencadas todas as normas técnicas necessárias para elaborar um projeto com segurança. Qualidade da solução adotada Atendimento dos requisitos impostos pela arquitetura Compatibilização com demais projetos (hidráulico, elétrico, etc.) Segurança, Economia, Durabilidade, Sustentabilidade Requisitos funcionais (função e bom desempenho em serviço) Atendimento às normas técnicas Exemplos: NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações NBR 15575: Norma de desempenho para edificações Documentação da solução adotada Desenhos: Bom detalhamento Auxilia execução e construtor Especificações (no próprio desenho inclusive) Memória de cálculo Revisões no projeto Consulta para eventuais reformas ou reparos Sinistros na construção (danos e prejuízos em obras) TABELA 3. RESUMO ESQUEMÁTICO SISTEMAS ESTRUTURAIS III 61 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 61 30/08/2021 17:07:33 Sintetizando A realização do projeto estrutural exige do calculista um vasto conhecimen- to teórico sobre todas as propriedades do concreto e aço, para extrair dos ele- mentos todas as características necessárias para um bom dimensionamento estrutural, seguro e econômico. Podemos observar a interdisciplinaridade de um dimensionamento estru- tural, considerando que o profissional precisa conhecer bem o projeto arquite- tônico, o elétrico, o hidrossanitário, entender de materiais, além de compreen- der sobre geotecnia para definir as fundações entre outros aspectos influentes ao projeto estrutural, que é um dos mais importantes projetos quando falamos em obras de múltiplos pavimentos. É ele que vai garantir a estabilidade da es- trutura e também irá garantir a segurança dos seus usuários ou visitantes. Primeiramente partimos da análise do projeto arquitetônico, entendemos como é importante conhecer o tipo de estrutura que vamos utilizar, definir seu lançamento, sentido e direção. Desse modo, estamos definindo o lançamento da estrutura e, assim, partimos para um pré-dimensionamento dela, definindo as seções iniciais e tornando possível a execução do projeto. Conforme o su- pracitado, verificamos como é importante conhecer e definir o uso da edifica- ção, bem como definir suas ações e cargas. Por fim, descobrimos que o desenho da forma com todo os seus detalhes é de suma importância para o bom andamento da execução do projeto, já que ele minimiza erros de construção e evita patologias futuras. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 62 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 62 30/08/2021 17:07:33 Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6118: Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 8681: Ações e se- gurança nas estruturas – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. BASTOS, P. S. 2117 – Estruturas de concreto I: lajes de concreto armado. De- partamento de Engenharia. UNESP, Bauru, SP, fev. 2021. Disponível em: <https:// wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Lajes.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2021. LONGO, L. F. Como obter a pressão admissível a partir do SPT. AltoQi. [s.l.], 26 maio 2021. Disponível em: <https://suporte.altoqi.com.br/hc/pt-br/articles/ 360004276094-Como-obter-a-press%C3%A3o-admiss%C3%ADvel-a-partir- -do-SPT>. Acesso em: 17 jun. 2021. PEREIRA, M. Tipos de lajes de concreto: vantagens e desvantagens. Archdaily, [s.l.], 30 out. 2019. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/889035/ti- pos-de-lajes-de-concreto-vantagens-e-desvantagens>. Acesso em: 17 jun. 2021. PINHEIRO, L. M.; MUZARDO, C. D.; SANTOS, S. P. Estruturas de concreto – capí- tulo 4. Departamento de Engenharia de Estruturas, EESC, USP, São Paulo, [s.d.]. Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~almeida/ec802/Lancamento/ Concepcao_EESC.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2021. PRÉ-DIMENSIONAMENTO de pilares. Postado por Milton Salgado Engenha- ria. (24min. 48s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=oMF6ThCpyjk>. Acesso em: 17 jun. 2021. SONDAGEM SPT – o que é e como é realizada. Postado por Bússola do En- genheiro. (7min. 53s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=Mv3AiTQ_LgU>. Acesso em: 16 jun. 2021. TORROJA, E. Razón y ser de los tipos estructurales. Madrid: Instituto Técnico de la Construcción y del Cemento, 1960. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 63 SER_ARQURB_SEIII_UNID2.indd 63 30/08/2021 17:07:33 LANÇAMENTO DAS ESTRUTURAS E CRITÉRIOS 3 UNIDADE SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 64 30/08/2021 17:37:57 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Apresentar características introdutórias para o lançamento estrutural; Abordar critérios de sistemas estruturais; Analisar tipos de sistemas estruturais; Estudar o pré-dimensionamento. Sistemas estruturais: definições de estrutura em edificações Definições e histórico Estruturas arquitetônicas Compatibilização entre sistema estrutural e arquitetônico Anteprojeto e pré-dimensionamento das estruturas Pré-dimensionamento Exemplos SISTEMAS ESTRUTURAIS III 65 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 65 30/08/2021 17:37:57 Sistemas estruturais: definições de estrutura em edificações A defi nição de sistemas estruturais designa um conjunto estável, forma- do por elementos (fundação, pilares, vigas, lajes etc.), planejados, projetados e executados para atuar de forma global, transmitindo ou suportando cargas, transferindo ao solo todo esse processo, mas sem exceder os esforços permis- síveis dos elementos. Desde os primórdios da civilização, há inúmeros relatos de tentativas de atendimento das necessidades de um abrigo contra as intem- péries, até que se chegasse às grandes obras da engenharia e arquitetura, com grandes vãos, alturas e obras mais complexas. Elementos estruturais, como vigas, pilares e lajes, devem ser pensados não apenas como elementos portantes (que suportam o edifício), mas também capazes de formar peças decorativas, transmitindo beleza, sutilidade e cola- borando com as ideias arquitetônicas. Assim, o sistema estrutural é defi nido como a forma que se organizam os materiais estruturais, vencendo vãos e su- portando ações, logo, cada elemento estrutural possui determinada função no conjunto. Como citado, os sistemas são um conjunto de várias partes, inter-re- lacionadas ou interdependentes, que formam estruturas simples ou comple- xas e unifi cadas. O sistema estrutural de uma edificação deve formar um conjunto estável, projetado e construído para sustentar e transmitir as cargas impostas até o solo de forma segura, sem ultrapassar os esforços admissíveis dos elemen- tos, que possuem características únicas e individuais. Entretanto, antes que os componentes e elementos estruturais sejam isolados para estudo, resolução e dimensionamento, é de extrema importância que o responsável técnico proje- tista entenda o sistema estrutural como um todo, acomodando e sustentando formas e espaços. As edificações são uma concretização de inúmeros sistemas e subsistemas integrados entre si, além da forma dimensional e da organização espacial da estrutura, que forma o prédio como um todo, isto é, um sistema estrutural. A despeito do tamanho da referida escala da edificação, seu sistema estrutural contém sistemas físicos que compõem e determinam a estrutura e a vedação que, por sua vez, definem e organizam suas formas e espaços. Esses elementos se dividem em subestrutura e superestrutura. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 66 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 66 30/08/2021 17:37:58 A subestrutura é a divisão inferior de uma edificação e tem como função sus- tentar a superestrutura e transmitir suas cargas para o solo com segurança, posto que as fundações são construídas abaixo da superfície do solo. Funcionando como um vínculo para a distribuição e a resolução das cargas da edificação, o sistema de fundações é projetado para suportar a superestrutura, ou seja, as fundações devem ancorar a superestrutura contra oscilações provocadas pelo vento, tom- bamento, pressões ascendentes, suportando movimentos súbitos do solo, como em caso de terremoto, e resistindo à pressão imposta pela água do lençol freático. Já a superestrutura, ou comprimento vertical da edificação acima das funda- ções, é formada pelas vedações externas e pela estrutura interna, que definem e caracterizam o formato da edificação e o layout. Para reduzir os ruídos e propor- cionar segurança e privacidade para os usuários, existem os elementos de pare- des externas e a cobertura, que também protegem os espaços internos contra o clima e controlam a umidade. Os acessos ocorrem através das portas e as abertu- ras em janelas fornecem o acesso de ar e luz. Além disso, a vedação externa, tam- bém denominada de “pele”, fornece proteção e abrigo para os espaços internos da edificação. O sistema estrutural é primordial para sustentar a obra e todos os seus com- ponentes, como pisos internos, paredes externas e internas, além de transferir as cargas impostas para a subestrutura graças aos pilares, vigas e paredes portantes, que sustentam essas estruturas. As estruturas de piso são bases planas e nivela- das do espaço interno que sustentam os usos internos da edificação e o mobiliá- rio. As paredes estruturais internas subdividem o interior da obra em unidades, denominadas de cômodos, e os elementos que resistem aos esforços laterais são lançados para fornecer estabilidade lateral. No processo de construção, a superes- trutura se eleva a partir da subestrutura. Ao longo da história, os abrigos rudimentares foram substituídos pelo desen- volvimento de construções modernas e esbeltas presentes nos dias de hoje, pro- jetadas e construídas com os mais diversos materiais: concreto, aço, steel frame, madeira e vidro, entre outras. Ainda que as formas e os materiais dos sistemas es- truturais evoluam ao longo dos anos, conforme os avanços tecnológicos no mun- do da construção e os conhecimentos adquiridos nos inúmeros colapsos estru- turais, eles são fundamentais para a existência de todas as edificações, portanto, esse é o sistema estrutural de qualquer edificação. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 67 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 67 30/08/2021 17:37:58 Definições e histórico Em seguida, veremos uma retrospectiva histórica que elucida o desenvolvi- mento dos sistemas estruturais com o passar dos anos. Desde os primórdios, a humanidade faz tentativas de atender a necessidades de um abrigo contra as intempéries, e hoje temos as grandes obras da engenharia e arquitetura, os grandes vãos, alturas e obras com complexidade. 1 3 5 2 4 6 SISTEMAS ESTRUTURAIS III 68 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 68 30/08/2021 17:37:58 Figura 1. Tipos de construção ao longo da história. 7 9 8 10 Tais obras, vistas na Figura 1, são mar- cos de cada época e de seus sistemas es- truturais, complexos até então, como por exemplo: 1) 70 d.C.: Coliseu de Roma; 2) 447 a.C.: Partenon de Atenas; 3) 1000 a.C.: Escavações em pedras; 4) 1500 a.C.: Pirâmides do Egito; 5) 2600 a.C.: Casa com tijolos cozidos e fal- sos arcos; 6) 3000 a.C.: Casa sobre palafitas; 7) 5000 a.C.: Casa em forma de cabana; 8) 6500 a.C.: Casa compartimentadas com paredes internas rebocadas; 9) 9000 a.C.: Templos de pedra; 10) Habitações em cavernas, presentes até hoje. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 69 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 69 30/08/2021 17:37:59 1 4 2 5 3 6 7 Figura 2. Outros tipos de construção mais recentes. Na Figura 2, são elencadas obras que representam novas evoluções: 1) 125 d.C.: Panteão de Roma, cuja cúpula de concreto-massa com caixotões era a maior do mundo até o século XVIII; 2) Século VII d.C.: Estrutura de madeira resistente a terremotos; 3) 752 d.C.: Templo budista no Japão, a maior construção de madeira do mundo. A reconstrução atual tem dois terços do tamanho do templo original; 4) 1506-1615: Basílica de São Pedro, que já foi a maior igreja construída, cobrindo uma área de 23 mil metros quadrados; 5) 1889: Torre Eiffel, que substituiu o Monumento a Washington como a estrutu- ra mais alta do mundo até a construção do Edifício Chrysler em Nova York, no ano de 1930; 6) 1922: Planetário projetado por Walther Bauersfeld em Jena (Alemanha). Pri- meira cúpula geodésica contemporânea, derivada de um icosaedro; 7) 1931: Edifício Empire State, em Nova York, edifício mais alto do mundo até 1970. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 70 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 70 30/08/2021 17:37:59 No século XXI, são dignas de menção as Torres Petronas, a Taipei 101 e o Burj Khalifa, expostos na Figura 3. 750 m 2000| 450 m 150 m 1998: Torres Petronas, Kuala Lumpur, Malásia, César Pelli. Os edifícios mais altos do mundo até a construção do Taipei 101, em 2004. Início em 2004: Burj Dubai, Emirados Árabes Unidos, Adrian Smith & SOM. É atualmente o edifício mais alto do mundo. 2004: Taipei 101, Taiwan, C. Y. Lee & Partners. Um edifíciocom estrutura de concreto e aço que utiliza um atenuador dinâmico de massa sintonizado. 600 m 300 m Figura 3. Obras emblemáticas do século XXI até agora. CURIOSIDADE Apesar do Burj Khalifa ocupar o posto de edifício mais alto do mundo na atualidade, é muito provável que ele seja sucedido em breve pelo Jeddah Tower (Torre de Jidá), em construção na cidade de Jidá, na Arábia Sau- dita. Embora a obra esteja paralisada, ao fi nal da construção, em 2024, é previsto que a torre tenha 1 km de altura. Estruturas arquitetônicas A retrospectiva histórica apresentada fornece uma visão da evolução dos sistemas estruturais e de sua importância para o projeto de arquitetura. A ar- quitetura engloba requisitos como a estética, resultante da união do espaço, da forma e da estrutura. Ao fornecer a sustentação global para outros sis- SISTEMAS ESTRUTURAIS III 71 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 71 30/08/2021 17:37:59 temas de uma edificação e para atividades de uso, um s i s - tema estrutural viabiliza o formato de uma edificação e de seus espaços. Sendo assim, ao se referir às estru- turas arquitetônicas, você também se refere aos ele- mentos que os unem. O projeto de estruturas se caracteriza pelo processo de distribuir, conectar e dimensionar os elementos que formam o sistema estrutural de forma proporcional, possibilitando a transferência com segurança das cargas por meio de esforços permis- síveis individual e coletivamente. O projeto de estrutura precisa operar em um ambiente de incertezas, pois é a partir dele que o sistema busca soluções e atende demandas das cargas, embora ele aborde também o projeto arquite- tônico, de urbanismo e das principais questões do programa de necessidades da obra. Planejar é algo caracterizado pelo ato de selecionar o esquema estrutural mais conveniente e definir seu arranjo geral, estimando dimensões baseadas em critérios de segurança, economia, funcionalidade, praticidade e estética. Assim, projetar é a determinação dos esforços solicitantes, em virtude da defi- nição precisa das dimensões e da idealização de seus vínculos e interconexões. O terreno e o contexto podem sugerir um determinado tipo e escolha estru- tural. Assim que o tipo de sistema estrutural, sua configuração ou padrão e a palheta de materiais estruturais são projetados, o processo de projeto passa para o dimensionamento e a definição dos vínculos e dos elementos indivi- duais, além dos detalhes das conexões. Para entender o impacto dos sistemas estruturais no projeto de arquitetura, é importante ter ciência de como eles se relacionam com os seguintes conceitos de edificação: • A composição da forma; • A definição da escala, dos volumes e dos espaços; • As características das configurações, formas, espaços, luz, cor, textura e padrões; • A organização das atividades humanas; • O zoneamento dos espaços de acordo com a atividade de uso; • A acessibilidade, com circulações de rotas horizontais e/ou verticais den- tro da edificação. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 72 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 72 30/08/2021 17:37:59 Para fazer escolhas adequadas no desenvolvimento de um sistema estru- tural, é necessário entender os atributos que os vários sistemas da estrutura impõem. As estruturas denominadas de massa ativa redirecionam as forças ex- ternas através do volume e da continuidade do material, como nos elementos de vigas e pilares. As estruturas de vetor ativo redirecionam as forças externas atra- vés da composição dos elementos de tração e compressão, como uma treliça. As dimensões dos elementos estruturais, como o caso das paredes e lajes, geram de imediato evidências visuais de suas funções dentro do sistema es- trutural, bem como do seu material constituinte. Uma parede de alvenaria é resistente à compressão, porém, fraca em termos de esforços à flexão. Por ou- tro lado, ela é mais espessa do que uma parede de concreto armado exercendo a mesma função no mesmo local. Outro exemplo é o pilar de aço, que é mais resistente em relação a um pilar de madeira suportando a mesma carga. Com a fi nalidade de proporcionar estabilidade, as estruturas dependem menos do peso e da rigidez dos materiais, e mais de sua geometria. ASSISTA Conhecido no mundo todo por ter levado as experimenta- ções formais com concreto armado ao limite, o arquiteto Oscar Niemeyer contou em muitas de suas obras com a imprescindível colaboração de Joaquim Cardozo, en- genheiro civil e poeta pernambucano responsável por erguer as maiores obras de Niemeyer. Compatibilização entre sistema estrutural e arquitetônico A seguir, é possível compreender como compatibilizar um projeto arquitetô- nico com um projeto estrutural. Lançamento dos elementos estruturais No momento do lançamento dos elementos estruturais, o projeto arquite- tônico deve ser conhecido e discutido: • As lajes apoiam sobre as vigas? Quantas vigas?; • Qual o comprimento e a altura das vigas? Quantas são as vigas?; • Qual a posição dos pilares, as dimensões de suas seções transversais e sua quantidade? SISTEMAS ESTRUTURAIS III 73 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 73 30/08/2021 17:38:00 Os primeiros elementos a serem lançados são os pilares, um dos lançamen- tos mais complexos e contínuos ao longo da edificação. Eles devem sempre ser imaginados ao longo das edificações, começando pelos cantos. Após o lança- mento dos pilares em um sistema com lajes maciças ou formadas por vigotas pré-moldadas, deve-se seguir: 1. Distância entre pilares residenciais: três a cinco metros; 2. Distância entre pilares de escritório: quatro a sete metros; 3. A laje deve ter vigas em seu contorno; 4. Sob paredes, sempre que possível, colocar vigas; 5. No cruzamento de vigas, se viável, colocar pilares; 6. Colocar pilares nos cantos da edificação, se não houver necessidade de balanço. A opção por esconder o pilar na alvenaria é vista como uma forma de valori- zar a obra. Para tanto, é necessário conhecer a espessura da parede executada, ou seja, a espessura do pilar é igual à espessura da alvenaria, fazendo o desconto do revestimento, visto que o revestimento deve recobrir parede e pilar. Na planta de formas, sempre que possível, o pilar deve ser posicionado em sua maior dimensão no vão maior, o que se deve ao melhor travamento com pilares e vigas nas duas direções. Figura 4. Estrutural no programa Eberick com sua referida construção. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 74 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 74 30/08/2021 17:38:00 O lançamento das vigas ocorre depois de definida a posição dos pilares: • Uma viga que apoia em três ou mais pilares é chamada de viga contínua; • Uma viga é designada em balanço quando uma de suas extremidades não possui um apoio, como uma sacada. Observação: uma viga não precisa possuir a mesma largura de, pelo me- nos, uma dimensão do pilar, algo que não costuma acontecer, mas que facilita, em teoria, o lançamento e o cálculo. DIAGRAMA 3. UMA VIGA COM E OUTRA SEM A MESMA LARGURA DO PILAR DIAGRAMA 2. VIGA EM BALANÇO (SACADA) DIAGRAMA 1. PILAR TRAVADO NAS DUAS DIREÇÕES SISTEMAS ESTRUTURAIS III 75 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 75 30/08/2021 17:38:00 As vigas devem ser lançadas em cada pavimento, ao contrário dos pilares, que são contínuos ao longo de toda a altura da edifi cação: • Atenção se a largura da viga coincidir com a largura da parede; • O padrão adotado considera: altura da viga > largura da viga. • As lajes são posicionadas após o lançamento de todas as vigas: • As lajes descarregam suas cargas sobre as vigas, pelo menos em um mo- delo estrutural típico; • As lajes não necessariamente se apoiam sobre o limite de quatro vigas, como no caso das sacadas; • As lajes devem ser lançadas em cada pavimento. Anteprojeto e pré-dimensionamento das estruturas Antes de passar para a discussão do projeto da estrutural, é útil estabelecer uma distinção entre o projeto estrutural e a análise estrutural. A análise estru- tural determina a capacidadede uma estrutura, ou de qualquer dos elementos que a constituem, de transmitir as cargas com segurança, sem gerar deforma- ções ou sobrecargas, considerando formato, arranjo, vínculos, apoios e dimen- sões dos elementos. Em suma, a análise estrutural acontece com uma estrutu- ra especifi ca submetida a certas condições de carregamento. Já a defi nição de projeto estrutural está ligada à natureza do projeto arquitetônico, pelo terreno, pelo contexto ou pela disponibilidade de determinados materiais. A concepção por trás do projeto de arquitetura gera um tipo específico de configuração ou padrão para posterior análise. De modo similar a outras atividades no decorrer da formulação do projeto, a construção da estrutura opera em um ambiente de incertezas, pois ela é o pilar para um sistema estrutural que atenda a demanda das cargas, mas que também aborde todo o programa de necessidade do cliente, incluindo projeto arquitetônico, de fundações, elétrico, hidrossanitário e automação. Vale lem- brar que o terreno e o contexto podem sugerir um determinado tipo estrutu- ral e, assim que o tipo de sistema estrutural, sua configuração ou padrão e a palheta de materiais estruturais são projetados, o processo de projeto passa para o dimensionamento e para a defi nição dos vínculos e dos elementos indi- viduais, além dos detalhes das conexões. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 76 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 76 30/08/2021 17:38:00 Pré-dimensionamento Quando se fala da realização do pré-dimensionamento, é crucial entender a necessidade de um grande número de informações como subsídio. Já que, ainda não se conhece a geometria dos elementos estruturais, defi nida somen- te em função dos esforços atuantes na estrutura que, por sua vez, não estão defi nidos por depender da delimitação da geometria da estrutura para análise da estabilidade global e deliberação do peso próprio dessas estruturas. Desta maneira, são determinadas formas preliminares para os elemen- tos, ou seja, são estimadas possíveis dimensões das seções transversais dos elementos estruturais, a fi m de que seja realizada uma análise preparatória através do cálculo destes elementos. Após esta análise, são realizados ajustes fi nais no que tange à delimitação da geometria da estrutura, defi nindo o carre- gamento real e permitindo o dimensionamento das armaduras. O processo de pré-dimensionamento é realizado de forma interativa sem partir de normas pressupostas. Há algumas literaturas especializadas que apresentam recomendações provenientes de estudos aprofundados no as- sunto ou experiência dos calculistas, todavia, apenas a NBR 6118, editada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) em 2014, estabelece parâme- tros mínimos a serem seguidos e respeitados. No entanto, a maioria dos projetistas adota critérios pessoais e internos no que diz respeito às dimensões das peças, visando estabelecer um bom desem- penho construtivo, há algumas delimitações, como o caso das lajes de um pa- vimento, que devem possuir no máximo duas espessuras diferentes, enquanto as vigas devem ter, no máximo, três dimensões diferentes por pavimento. Es- ses são exemplos de critérios que facilitam o trabalho nas obras. A seguir, são apontadas algumas recomendações para o pré-dimensionamento dos princi- pais elementos estruturais, ou seja, dos pilares, das vigas e das lajes. a) Pilares: os pilares são os elementos de cálculo mais complexos em função de muitas incertezas, sendo também considerados os elementos de funciona- mento mais “crucial” para a estrutura. Para poder estimar uma seção transver- sal (de concreto e aço) para eles, devem ser conhecidas algumas informações, como altura, posição em planta, área de infl uência, número de pavimentos, fck do concreto e resistência ao escoamento do aço. No que diz respeito à área de SISTEMAS ESTRUTURAIS III 77 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 77 30/08/2021 17:38:00 influência, os pilares recebem cargas diferentes em função de sua posição em planta. Pilares centrais (ou intermediários) tendem a receber carga superior a pilares de extremidade e pilares de ponta, em função da área de influência da laje adjacente. No Diagrama 4, é visto um procedimento para determinar a área de carregamento que o pilar absorve. Pilar de ponta P1 V1A V2A V3A V4 A V4 B V5 A V5 B V6 A V6 B V1B V2B V3B P4 P7 P2 P5 P8 P3 P6 P9 Pilar de ponta Pilar de ponta Pilar de ponta Pilar de extremidade Pilar de extremidade Pilar de extremidade Pilar de extremidade Pilar intermediário • Conhecida a área de influência, a carga vertical atuante no pilar é obtida por meio da área multiplicada pela carga por metro quadrado na laje; • De modo simplificado e aproximado, essa carga pode ser tomada como 10 kN/m² para edifícios residenciais ou 12 kN/m² para edificações comerciais; • Para pilares intermediários, considera-se adotar seções mais “quadradas”. Considerando que ação sobre os pilares é de compressão simples, com cargas majoradas com o coeficiente α, a seção dos pilares é encontrada com as equações: DIAGRAMA 4. ÁREA DE INFLUÊNCIA DE PILARES para pilar intermediárioAc = N 0,5 ∙ fck + 0,4 SISTEMAS ESTRUTURAIS III 78 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 78 30/08/2021 17:38:00 para pilar de extremidade ou de pontaAc = 1,5 ∙ N 0,5 ∙ fck + 0,4 Na equação, Ac é a área de concreto, N é a carga normal (kN) e fck é a resis- tência característica do concreto à compressão (kN/cm²). É importante levar em conta que a área mínima de concreto, por norma, é de 360 cm². Então, se Ac < 360 cm², se usa o valor padrão de 360 cm². A largura mínima do pilar é de 14 cm e o “1,5” na equação para pilares de extremidade ou ponta leva em consideração os momentos superiores em relação aos pilares intermediários. Observações: • Cuidado para não adotar uma seção com valores muito “quebrados”; • Por questões construtivas, é recomendado não variar as dimensões de todos os pilares, mantendo uma constância; • Levar em consideração a espessura da parede acabada para adotar a se- ção do pilar; • Para pilares, pode valer a pena adotar valores de fck mais elevados (em relação às vigas e lajes); • Um pilar não pode ter seção transversal variável ao longo de sua altura. A armadura montada em pilares consiste de armadura longitudinal e trans- versal (estribos). Os estribos podem ser montados respeitando um espaça- mento de 12 vezes o diâmetro da armadura longitudinal e usando barras de 5 ou 6,3 mm de diâmetro. Para barras longitudinais com diâmetro aproximado igual ou maior a 20 mm, são utilizados estribos de Φt = 6,3 mm, enquanto que, para diâmetro da armadura longitudinal inferior a 20 mm, são aplicados estri- bos de 5 mm. Em pilares, a função dos estribos é construtiva, logo, eles devem instalados de modo a permitir a fixação das barras longitudinais, evitando sua flamba- gem. Por outro lado, em pilares largos demais, pode ser necessário o emprego de ganchos transversais, que têm a mesma função dos estribos. Nas armaduras longitudinais, o procedimen- to é válido para seções transversais retangulares e armadura simétrica. Embora o método permita, devem ser evitados pilares com índices de esbel- tez superior a 90 e jamais utilizados índices de es- beltez superiores a 140. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 79 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 79 30/08/2021 17:38:00 A armadura máxima não deve superar 8% da seção de concreto, sendo considerada inclusive na região de transpasse de armaduras. Assim, fora das regiões de transpasse, se trabalha com o limite de 4%. O ideal é projetar os pi- lares de forma a obter uma taxa de armadura longitudinal maior ou igual a 1%. Essa taxa de armadura é necessária para garantir uma adequada ductilidade ao pilar, evitando rupturas bruscas. O diâmetro mínimo das barras longitudi- nais (ϕ) é de 10 mm. O diâmetro máximo é igual a 1/8 da menor dimensão da seção transversal do pilar. A disposição dasarmaduras deve permitir a perfeita vibração da peça e espalhamento do concreto durante o lançamento. Já o es- paçamento máximo entre barras não deve ser maior que duas vezes a menor dimensão da seção ou 40 cm. b) Vigas: são elementos sujeitos à flexão e ao cisalhamento e têm como característica uma dimensão. O vão das vigas deve ser limitado em função da ruptura e da flecha. Vigas de concreto armado podem assumir diferentes seções: • Retangular; • T; • T invertido; • L; • I. Para realizar o lançamento da estrutura (posicionamento dos pilares, vi- gas e lajes), é necessário ter uma noção, mesmo que grosseira, da seção transversal desses elementos. De uma maneira simples, a altura da seção transversal da viga (h), pode ser definida através de seu vão teórico (L), uti- lizando a equação: h ≅ a L 10 L 12 De acordo com a condição de apoio, a relação entre a altura de vigas de concreto é: • Biapoiadas: h = L/8 a L/12; • Contínuas: h = L/12 a L/16 h; • Em balanço: h = L/5 a L/7 – para viga em balanço, é possível utilizar o dobro da altura em relação a vigas biapoiadas, biengastadas ou contínuas. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 80 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 80 30/08/2021 17:38:01 Muitas vezes, a largura das vigas está condicionada ao tipo de alvenaria de vedação escolhido, pois a largura da viga deve ser, de preferência, embutida na alvenaria, de forma a privilegiar a estética. Segundo a NBR 6118 (2014), as vigas não podem apresentar largura inferior a 12 cm e as vigas de parede, uma largura menor que 15 cm. Essa norma salienta que, em casos excepcionais, é adotado o mínimo absoluto de 10 cm de largura, desde que respeitados os espaçamentos e cobrimentos estabelecidos na norma. Viga L1 L2 Pilar Pilar Pilar h Observações: • As equações são aproximadas. Não há necessidade de rigidez nas aplica- ções. (Ex: se L = 3,35 m resulta em h = L/10 = 3,35 m/10 = 0,335, m = 33,5 cm pode-se aproximar ≈ 35 cm); • Não utilizar seções com altura ou largura com valores muito quebrados para pré-dimensionamento, tais como 33,6 cm ou 40,7 cm; • Não alterar altura e largura das vigas para todas as vigas no mesmo projeto; • Uma vez que se trata apenas de um pré-dimensionamento, os elementos passam pelo calculista estrutural, que faz as verificações de viabilidade técnica. • Nas armaduras das vigas, é recomendado evitar barras de bitolas mui- to elevadas (maior ou igual a 20 mm) para armadura longitudinal. Entretanto, para estribos, é usual utilizar bitola 5 mm ou 6,3 mm. A soma das armaduras de tração e compressão não deve ter valor maior que 4% da área de concreto da seção. Quando se eleva muito a área de aço, ela pode ter ruptura frágil. c) Lajes: para realizar o pré-dimensionamento das lajes, se toma como refe- rência o vão teórico (L), menor distância entre eixos de apoio da laje. DIAGRAMA 5. VIGAS E VÃO ENTRES PILARES SISTEMAS ESTRUTURAIS III 81 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 81 30/08/2021 17:38:01 DIAGRAMA 6. VÃO ENTRE LAJES h Corte Planta Vi ga Viga Laje Lx Ly Viga Vi ga Neste caso, Lx é o menor vão. Para estimar a altura (h) das lajes, são utiliza- das as seguintes relações: a) Laje maciça armada em duas direções: L/50 ≤ h ≤ L/40; b) Laje maciça armada em uma direção: L/45 ≤ h ≤ L/30; c) Laje nervurada em concreto armado e protendido: L/30 ≤ h ≤ L/25; d) Laje lisa: L/40 ≤ h ≤ L/30; e) Laje cogumelo: L/45 ≤ h ≤ L/35. Segundo a NBR 6118 (2014), estão prescritas espessuras mínimas a serem respeitadas para o pré-dimensionamento das lajes: a) 7 cm para lajes de cobertura que não estejam em balanço; b) 8 cm para lajes de piso que não estejam em balanço; c) 10 cm para lajes em balanço; d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total inferior ou igual a 30 kN; e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN; f) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, com o mínimo de L/42 para lajes de piso biapoiadas e L/50 para lajes de piso contínuas; g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes cogumelo, fora do capitel. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 82 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 82 30/08/2021 17:38:01 Um conceito muito importante em sistemas de estruturas é a estabilidade global, referente ao comportamento da estrutura como um todo, ou seja, ao quão rígida ou flexível ela é em termos de deslocabilidade. Modelo Rotulado Engastado A estabilidade global está ligada ao comportamento da estrutura e deve ser verificada no dimensionamento, entretanto, ela é crítica em edifícios esbeltos. Na construção de edifícios altos, além das dificuldades executivas e logísticas e dos desafios do dimensionamento no estado limite último (ELU) (apesar de serem superiores que em edifícios mais robustos, existem em todos eles), há uma grande dificuldade, particular a esse tipo de edificação e ligada também ao estado limite de serviço, ou seja, em condições de uso corriqueiro. Assim, a difi- culdade se relaciona ao conforto dos usuários, uma vez que a velocidade do ven- to aumenta à medida que se trabalha com cota mais elevada para a edificação. A garantia da estabilidade global significa que a estrutura não apresenta deslocamentos horizontais excessivos, não comprometendo seu funciona- mento ou causando desconforto aos usuários. A estabilidade global é garan- tida pela inércia dos elementos estruturais, com ênfase aos pilares. No que tange à alteração da deslocabilidade da estrutura: DIAGRAMA 7. VÍNCULOS DA ESTRUTURA EXPLICANDO O pré-dimensionamento de uma estrutura consiste em uma estimativa inicial das dimensões das seções transversais dos elementos estruturais. Uma maneira de abordar este problema é usar fórmulas simplificadas originadas da resistência dos materiais e da teoria das estruturas. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 83 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 83 30/08/2021 17:38:02 • Quanto maior a altura da edifi cação, menos rígida ela é; • Quanto maior a carga vertical, menos rígida ela é (mas não na mesma pro- porção da altura da edifi cação); • Quanto maior a inércia dos elementos (principalmente pilares), mais rígida ela é; • Quanto mais rígido o material (concreto armado), mais rígida ela é. De maneira geral e sem alterar o uso, a rigidez global da estrutura pode ser aumentada (aumento da rigidez diminui a sua deslocabilidade), aplicando alguns passos: • Aumentar a inércia dos pilares, vigas e lajes, majorando a seção transver- sal deles; • Reorganizar a distribuição e posição dos pilares, colocando-os com sua maior dimensão paralela ao sentido de maior criticidade; • Aumentar a rigidez na ligação com a fundação, alterando o tipo de funda- ção e a profundidade; • Usar um núcleo central de rigidez; • Atirar a estrutura. Exemplos Um exemplo prático de estabilidade global de uma estrutura pode ser ana- lisado da seguinte forma: uma pessoa compra um apartamento, pagando R$ 13 milhões, porém, o edifício balança na primeira ventania. O apartamento fi ca localizado em um prédio com 177 metros de altura. Em nota, a empresa deixa explicito que, apesar do balanço, não existem motivos para alardes e preocu- pações, acrescentando que são episódios naturais, não há danos na edifi cação e que prédios altos são projetados para suportar ventos muito superiores ao máximo previsto para eles, apesar do balanço de lustres aumentar a sensação de movimento, embora fenômenos como esse aconteçam nas maiores e mais seguras edifi cações executadas pelo mundo. As normas técnicas e os mais avançados estudos na engenharia preveem e indicam que as estruturas se movimentam, independente da altura, e o im- portante é assegurar a estabilidade, respeitando o bem-estar e o conforto dos indivíduos. Ademais, ensaios em túnel de vento e diversos testes de segurança SISTEMAS ESTRUTURAIS III 84 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 84 30/08/2021 17:38:02 asseguram as afirmativas da empresa. Com a obtenção desses dados, é exe- cutada uma análise dinâmica dos esforçosefetuados pelo vento e intempéries climáticas, seguindo as normas técnicas vigentes. A coordenação de serviços de engenharia do Conselho Regional de Enge- nharia (CREA) afirma que a situação é normal e explica que podem ser previstos possíveis deslocamento de até 8,5 centímetros na estrutura em prédios altos, a fim de dar elasticidade ao conjunto e prevenir o risco de ruptura. Na maioria das vezes, a oscilação é quase imperceptível, mas há fatores que aumentam a percepção do deslocamento, mesmo a olho nu. Edificações mais altas são capazes de resistir a ventos de 144 km/h e, em especial, nas cidades litorâneas, os prédios são feitos considerando um limite ainda maior, aproximadamente de 200 km/h, haja vista o vento vindo do Oceano Atlântico. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 85 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 85 30/08/2021 17:38:02 Sintetizando Nesta unidade, foi vista a importância dos sistemas estruturais, sua evolução ao longo dos anos e como suas escolhas interferem no processo de pré-dimen- sionamento dos elementos estruturais, observando ainda como o pré-dimensio- namento deve ser feito e suas prerrogativas, além de analisar cada elemento, como pilar, viga e laje. Em um arranjo estrutural, os elementos básicos que compõem a superestrutura (vigas, lajes, pilares) e in- fraestrutura (fundações) estão em interação, sendo difícil a interpretação e análise do comportamento real da estrutura. Por esse motivo, é utilizada a técnica de discretização da estrutura, em que são desmembrados os ele- mentos cujo comportamento pode ser estudado por esquemas estruturais conhecidos de forma mais simples. Desta maneira, se estabelece uma forma preliminar para os elementos, ou seja, são estimadas as dimensões das seções transversais dos elementos estruturais, de modo que seja realizada uma análise preliminar por meio do cálculo desses elementos. Após essa análise, são realizados ajustes para se determinar a geometria final da estrutura, definindo o carregamento real e permitindo o dimensionamento das armaduras dos elementos. Ao fazer a concepção estrutural, o profissional deve ter em mente aspec- tos que influenciam o resultado final do projeto, como manter a funcionali- dade e estética do projeto arquitetônico, o sistema construtivo adotado, a ideia aproximada dos esforços atuantes na estrutura, além de segurança e custo. A partir dos estudos desses aspectos, é iniciado o dimensionamento estrutural. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), por meio da NBR 6118, de 2014, fornece parâmetros e diretrizes para o correto dimen- sionamento das estruturas de concreto armado. A escolha dos fatores nos cálculos parte da interpretação do profissional projetista, escolha que pode apresentar, ao final do projeto, uma estrutura econômica ou não, com maior probabilidade de deslocamento ou não, mais durável ou não. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 86 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 86 30/08/2021 17:38:02 Referências bibliográficas ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 2020. CONHEÇA o engenheiro poeta que tornou possível realizar as obras de Niemeyer. Postado por Pesquisa Fapesp (7min. 37s.). son. color. port. Dispo- nível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WQN-CeT3UGc>. Acesso em: 21 jul. 2021. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 87 SER_ARQURB_SEIII_UNID3.indd 87 30/08/2021 17:38:02 PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS E ANÁLISES 4 UNIDADE SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 88 30/08/2021 18:04:55 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Apresentar as características introdutórias dos pavimentos de edifícios; Abordar os tipos de estrutura; Analisar os critérios da análise de viabilidade; Compreender o dimensionamento de elementos. Pavimentos de edifícios Definições da execução das atividades Cálculos de um edifício Análises de viabilidade para os tipos de estrutura SISTEMAS ESTRUTURAIS III 89 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 89 30/08/2021 18:04:55 Pavimentos de edifícios Inicialmente, é necessário evidenciar as diferenças entre andar, pavimento e pavimento-tipo. Dessa maneira, temos que: • Andar: é reconhecido como o volume entre dois pavimentos em sequên- cia ou entre o pavimento e o nível superior (cobertura). É, portanto, o andar ou o ambiente criado pela edifi cação para o uso que se pretende dar ao edifício; • Pavimento: é o plano de piso, ou seja, o elemento construído que suporta as atividades de uso do edifício; • Pavimento-tipo: comumente chamado de pavimento padrão (visto que refere-se a pavimentos que se repetem e são iguais), diz respeito a um ou mais pavimentos que se repetem em planta em um edifício. Na confi guração de um edifício, por exemplo, usualmente tem-se subsolo, térreo, mezanino e diversos outros pavimentos-tipos. O cálculo estrutural de edifícios, composto por diversos elementos (pilares, vigas e lajes), foi realizado durante um longo tempo de forma manual, a partir da qual estimava-se os cálculos de maneira simplifi cada e considerando, por exemplo, as lajes isoladas apoiadas em vigas rígidas. Isso ocorreu principalmente devido à ausência de recursos tecnológicos e com- putacionais com capacidade de resolver o grande volume de equações simultâ- neas, rápidas e interativas necessárias para analisar e solucionar a estrutura de um edifício. Desta forma, com o avanço tecnológico e computacional, os recur- sos disponíveis atualmente e inúmeros softwares, as mais diversas estruturas, sejam simples ou complexas, são cal- culadas de maneira efi ciente e rápida a partir de métodos numéricos. Entretanto, toda a facilidade propor- cionada por esses métodos não elimina a necessidade de uma modelagem ade- quada e assertiva: ela é imprescindível para que os resultados sejam coeren- tes e adequados ao esperado. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 90 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 90 30/08/2021 18:04:56 Definições da execução das atividades Características da obra ASSISTA Assista ao vídeo disponibilizado a seguir, que discorre sobre as diversas etapas que participam do planejamen- to de obras. Em geral, os edifícios de múltiplos pavimentos são executados através de duas fontes principais de trabalho, que se desenvolveram e dividiram através de dois subsistemas de produção: o primeiro, de progressão vertical, atua na região central, ou seja, no corpo da edifi cação; e o segundo se desenvolve hori- zontalmente, atuando no térreo e nas periferias da obra. Os subsistemas se relacionam quando as sequências de acabamento pas- sam de um local para outro, isto é, do corpo da edifi cação para o térreo, e quando são geradas restrições para a execução de serviço, como serviços de revestimento de fachadas e impermeabilização do térreo. O subsistema de produção do corpo ou na torre do edifício tem como prin- cipal característica o desenvolvimento vertical e as repetições de suas ativida- des, executadas de pavimento em pavimento e lançando mão de uma sequên- cia entre serviços. Se os serviços são realizados de baixo para cima ou de cima para baixo, caracterizam a trajetória de execução; assim, uma dada sequência no serviço e sua trajetória caracterizam um plano de serviço a ser executado no corpo do edifício. Dessa maneira, as defi nições de sequência e trajetória serão utili- zadas para caracterizar as ligações (dependências) que exis- tem entre as atividades da obra. As atividades de mesmo tipo e que se repetem de pavimento em pavimento estabelecem de- pendências e são classifi cadas como ligações de trajetória, ao passo que as ligações de se- quência são utilizadas para atividades de dife- rentes naturezas e desenvolvidas no interior de um dos pavimentos. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 91 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 91 30/08/2021 18:04:57Figura 1. Estrutura de concreto armado no primeiro pavimento. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/08/2021. Cálculos de um edifício Evidenciamos o uso da matemática através de inúmeras circunstâncias do dia a dia, uma vez que esta área do saber está presente do início ao fi m na cons- trução de um prédio. São utilizados inúmeros cálculos considerados primor- diais para o sucesso do dimensionamento e andamento da edifi cação. Dessa maneira, a matemática está presente na quantidade de tijolos, na espessura das vigas de concreto, na quantidade de barras de ferro, na proporção exata de areia, água e cimento e na profundidade das valetas ou fundações, entre outras situações. Durante o cálculo dos elementos de uma estrutura, fi ca evidente a impor- tância de uma boa concepção, ou seja, o primeiro e mais importante passo é a locação de todos esses elementos em planta. Ela deve ser lógica, prática e ma- temática. Após uma análise prévia, eles são locados e posteriormente há uma defi nição assertiva, determinando a disposição dos elementos e a vinculação entre eles, bem como suas dimensões. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 92 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 92 30/08/2021 18:04:58 Por exemplo: deve-se decidir se os pilares serão de 20 x 35 cm ou 20 x 40 cm e se os vãos entre eles medirão 3 metros ou 5 metros, o que por sua vez determina os vãos das lajes e a utilização de vigas com 30 cm, 40 cm ou 50 cm de altura. Assim, todo o procedimento de cálculo dos elementos é afetado por estas decisões prévias. É por esse motivo que torna-se necessário evidenciar a importância dessa etapa, de modo que uma concepção incorreta pode resultar em uma estrutura antieconômica, sem segurança ou mesmo torná-la comple- tamente inviável. A tecnologia e as ferramentas computacionais, as quais são munidas de inúmeros softwares, são empregadas com o objetivo de auxiliar e diminuir o tempo gasto. Entretanto, estes instrumentos devem ser utilizados com cautela, uma vez que dizem respeito a uma máquina que efetua cálculos muito comple- xos e/ou longos, mas ainda é apenas uma máquina. Todas as decisões importantes e essenciais devem ser tomadas pelo engenheiro ou técnico no assunto, uma vez que elas são determinantes para a qualidade do dimensionamento da estrutura, além de sua seguran- ça e vida útil. Além disso, todos os resultados devem ser analisados com cuidado, visto que qualquer engano no lançamento dos parâmetros para a realização do cálculo pelo software pode resultar em um erro grave. Res- salta-se que qualquer decisão incorreta pode levar a estrutura ao colapso (KEMCZINSKI, 2015). Assim sendo, o dimensionamento de uma edificação de concreto armado exige grande conhecimento no que diz respeito ao funcionamento da estrutura como um todo e aos elementos que a compõem. Ademais, uma vasta expe- riência com projetos de estruturas permite que o profissional qualificado tome decisões importantes de forma correta e assertiva (KEMCZINSKI, 2015). Um cálculo estrutural não nasce pronto para qualquer edificação como uma “receita de bolo”: há diversas variáveis que o influenciam, como tipo de solo, tipo de carga e uso da edificação, por exemplo. Neste caso, apenas conhe- cimento e habilidades irão responder questionamentos como qual ferragem utilizar, a dimensão dos elementos ou qual fundação adotar. Isso posto, veremos a seguir pontos importantes sobre os cálculos dos ele- mentos de um edifício (pilar, vigas e lajes). • Pilares SISTEMAS ESTRUTURAIS III 93 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 93 30/08/2021 18:04:58 Classificação quanto à esbeltez De acordo com Schneider, “o índice de esbeltez dos pilares é o parâmetro que busca avaliar o quão suscetível a barra comprimida é em relação ao efei- to de flambagem. Esse índice consiste basicamente em uma medida mecânica que permite determinar a facilidade que um determinado pilar tem de se en- curvar” (2020, n.p.). Quanto maior a esbeltez da peça em uma direção, maior a probabilidade de ocorrer flambagem nesta mesma direção. Assim, o comprimento de flamba- gem L é o comprimento destravado do pilar em uma das direções e é medido entre os seixos dos elementos de travamento dos pilares. Em função da esbel- tez, adota-se uma classificação relativa aos pilares representada por curtos, medianamente esbeltos, esbeltos e excessivamente esbeltos. Sabe-se que os pilares curtos estão livres da necessidade de avaliar os efei- tos de flambagem, segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014). Entretanto, a norma su- gere diferentes valores de esbeltez para classificar um pilar como curto. Dessa maneira, um pilar é denominado curto quando sua esbeltez for inferior a 35. Classificação da esbeltez O índice de esbeltez depende principalmente do comprimento do pilar e da seção transversal. Recorremos à NBR 6118 (ABNT, 2014), que define índice de esbeltez como a razão entre o comprimento de flambagem e o raio de giração do pilar. Dessa maneira, temos as seguintes equações: Le,x rx λx = (1) Le,y ry λy = (3) rx = (2) Ix A ry = (4) Iy A Em que: I = momento de inércia na direção considerada; A = área da seção do pilar. A classificação dos pilares quanto à esbeltez está indicada na Tabela 1. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 94 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 94 30/08/2021 18:04:58 Classificação da esbeltez λ < 35 Pilar curto 35 ≤ λ ≤90 Esbeltez média 90 ≤ λ ≤140 Esbeltos 140 ≤ λ ≤ 200 Excessivamente esbeltos TABELA 1. CLASSIFICAÇÃO DA ESBELTEZ DOS PILARES O projeto e o dimensionamento dos pilares dependem fundamentalmente do índice de esbeltez. Os pilares esbeltos e os pilares excessivamente esbeltos devem receber a devida atenção e ser calculados com métodos mais comple- xos, baseados em modelos numéricos. Já os pilares com esbeltez inferior a 90 podem ser calculados com métodos aproximados. Por fim, não é recomendado que um pilar possua esbeltez superior a 200. Quanto maior a esbeltez (comprimento) da peça em uma dada direção, maior a probabilidade de ocorrer flambagem nesta direção. Isso posto, em re- lação à determinação do comprimento de flambagem e às considerações do Le, note que o comprimento de flambagem Le é o comprimento destravado do pilar em uma dada direção e que ele é medido entre os eixos dos elementos de travamento dos pilares. L = Le Le = K * L P L L L Le = 2L Le = 0,5L Le = 0,7L P P P Extremidades presas por pinos Uma extremidade engastada e a outra livre Extremidades engastadas Extremidades engastadas e presas por pinosK = 1 K = 2 K = 0,7 K = 0,5 (a) (b) (d) (c) Figura 2. Métodos aproximados. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 95 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 95 30/08/2021 18:04:58 As excentricidades nos pilares As excentricidades configuram-se como as distâncias do ponto de aplicação da carga em pilares até o centro de gravidade destes. Elas são causadoras de esforços (momentos fletores) e podem ser obtidas de diferentes formas. Assim, a carga nos pilares é obtida através da viga. Se essa carga fosse apli- cada no centro de gravidade do pilar e/ou a ligação fosse rotulada, teríamos uma situação de compressão simples. Nesse caso, seria necessário verificar apenas o esmagamento do concreto e a flambagem da coluna, não havendo momento fletor. P Figura 3. Carga obtida pela viga. Quando a carga encontra-se aplicada fora do centro de gravidade do pilar (realidade da maioria dos casos), diz-se que o pilar recebe carga excêntrica, absorvendo não apenas o esforço vertical como também o momento fletor. A essa situação dá-se o nome de deflexão-composta. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 96 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 96 30/08/2021 18:04:58 P Figura 4. Carga obtida fora do centro de gravidade. O tipo e a intensidade do carregamento nos pilares, bem como as excen- tricidades, variam de acordo com a classificação e localização desses, os quais são divididos em pilar de ponta, pilar intermediário e pilar de extremidade. Os carregamentos em pilaresocorrem através da transferência das cargas das vigas a partir de esforços verticais/horizontais em momentos fletores, os quais são as reações de apoio das vigas sobre os pilares. Normalmente, os es- forços horizontais são nulos, embora isso não seja uma regra. • Vigas Para o estudo dos sistemas estruturais, especificamente em relação às es- truturas em concreto armado, devemos examinar os esforços internos gerados pelas cargas do edifício. Neste momento, é necessário abordar o estudo da flexão, que, de acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), pode ser classificada em: a) Flexão composta: ocorre quando há esforço normal atuando na seção do elemento. É possível afirmar que os elementos usualmente submetidos à flexão composta são os pilares de um edifício; SISTEMAS ESTRUTURAIS III 97 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 97 30/08/2021 18:04:58 b) Flexão simples: ocorre quando há esforço cortante atuando na seção do elemento em conjunto com o momento fletor. Os elementos usualmente submetidos à flexão simples são as lajes e as vigas dos edifícios; c) Flexão pura: ocorre quando não há esforço cortante atuando na seção. Assim, apenas o momento fletor atua. q kN/m Mmax Compressão LN Tração -y +y L Figura 5. Verificação da flexão. A fórmula da flexão é válida para elementos com seção transversal simétri- ca em relação a um eixo e um momento aplicado perpendicularmente a esse mesmo eixo. Armadura longitudinal do concreto armado Este elemento consiste em uma armadura longitudinal (armadura de flexão) que pode ser instalada na borda superior (armadura negativa) e na borda infe- rior (armadura positiva). Sua função é suportar os momentos fletores, e ela pode ser travada, ou amarrada, pelos estribos com arames ou solda em alguns casos. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 98 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 98 30/08/2021 18:04:58 Armação positiva Estribos Armação negativa Figura 6. Exemplo de armadura longitudinal. Verifi cação do esmagamento do concreto A verifi cação do esmagamento do concreto se dá pela seguinte fórmula: Md bw d² C = (5) Em que: bw = largura da seção; Md = momento fl etor atuante de cálculo. É obtido a partir das equações da estática e apresentado no diagrama de momento fl etor; d = altura útil da seção. Equivale à altura total h – 4 cm. Ou seja: para que não haja esmagamento do concreto, deve-se verifi car a condição em que C ≤ 0,14fck, tendo em mente que fck equivale à resistência à compressão característica do cálculo do concreto. Se C > 0,14fck, é necessário alterar as dimensões da seção. Não havendo esmagamento, parte-se para o cálculo da armadura. Área de aço tracionada Em relação à área de aço tracionada, a armadura é instalada na região tra- cionada da viga. É denominada de armadura positiva se a tração for na região inferior da viga e de armadura negativa se a tração for na região superior. Na borda oposta à armadura tracionada, há apenas uma armadura construtiva conhecida como porta-estribos. Pode-se utilizar 20% da armadura tracionada, mas deve haver no mínimo duas barras. A área de armadura tracionada (As) é dada pela seguinte fórmula: SISTEMAS ESTRUTURAIS III 99 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 99 30/08/2021 18:04:59 2Md fyk d As = (6) Em que: Md = momento fletor atuante de cálculo. É obtido pelas equações da estáti- ca e apresentado no diagrama de momento fletor; d = altura útil da seção. Equivale à altura total h – 4 cm; fyk = resistência ao escoamento característica do aço. É igual a 500 MPa ou 50 kN/cm². Após calcular a armação necessária, é preciso escolher um diâmetro para a barra, determinando a quantidade de barras que irão resultar na área calculada. Estudo do cisalhamento De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), cisalhamento ou esforço cortante diz respeito a cortar ou causar deformação em uma superfície a partir da ten- são provocada por forças que atuam em sentidos iguais ou contrários, embora seguindo uma mesma direção. Y X F F F Cisalhamento Flexão Z Tendência de corte ou escorregamento entre duas faces Figura 7. Cisalhamento de vigas. Análise da fissuração de vigas Quando o elemento entra em escoamento, isto pode ser causado pela insu- ficiência de armadura. Dessa maneira, os indícios de falta de armadura nos ele- mentos incluem intensa fissuração e fissuras inclinadas, como evidencia a Figura 8. Assim, as fissuras invadem a região comprimida do elemento pela flexão. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 100 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 100 30/08/2021 18:04:59 35 KN 72 KN 120 KN 142 KN 35 KN 72 KN 120 KN 142 KN Figura 8. Fissuras devido ao cisalhamento de vigas. Conforme explicitado na Figura 8, e excluindo-se fatores de natureza alea- tória, diz-se que no trecho entre as cargas as fi ssuras são verticais (posto que não há esforço cortante) e que entre os apoios e cargas as fi ssuras são inclina- das devido ao esforço cortante. Verifi cação do cisalhamento Para dimensionar uma peça de concreto armado em relação ao cisalhamen- to, é necessário seguir os seguintes passos: 1) dimensionar o espaçamento e o diâmetro dos estribos; e 2) verifi car a força de compressão, a fi m de que não ultrapasse o limite de resistência à compressão do concreto. A ruptura por cisalhamento é brusca e fugaz e, portanto, ocorre sem avi- so. O procedimento adotado deve ser utilizar o maior (ou os maiores) esforço cortante presente em uma viga ao longo de seu comprimento para realizar o dimensionamento. DICA Acesse o link disponibilizado a seguir, o qual discorre sobre os desafi os no dimensionamento estrutural e conta com um vídeo que causou grande impacto nas redes sociais. Ele mostra o movimento da água em uma piscina interna no edifício Millenium Palace, em Balneário Cambo- riú – SC. O vídeo e o artigo evidenciam alguns dos desa- fi os dos projetos de edifícios altos. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 101 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 101 30/08/2021 18:05:00 Esmagamento do concreto O limite da tensão de cisalhamento é o menor entre os dois valores verifica- dos pela seguinte fórmula: τmax ≤ 0,2fck (7) τmax ≤ 0,35kN/cm² (8) Já o τmax é calculado como: τmax = VSd bw d (9) Em que: Vsd = esforço cortante solicitante de cálculo (já é majorado pelo fator de segurança); bw = altura da viga; d = altura total h – 4 cm. Cálculo dos estribos Simplificadamente, a área de estribos pode ser calculada de acordo com a seguinte fórmula: Aest = Vsd d * 0,5kN/cm³ (10) Esta fórmula refere-se à área de estribos calculada para 1 metro de compri- mento e é necessário que VSd esteja em kN e d em cm. Armadura longitudinal mínima Seu objetivo é evitar rupturas frágeis, visto que o aço faz com que a viga apresente uma deformação razoável antes de entrar em ruína, e absorver pe- quenos esforços não considerados no cálculo. fck 20 25 30 35 40 45 50 55 Taxa mínima (%) 0,15 0,15 0,15 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 fck 60 65 70 75 80 85 90 Taxa mínima (%) 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256 TABELA 2. TAXA MÍNIMA DA ARMADURA LONGITUDINAL SISTEMAS ESTRUTURAIS III 102 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 102 30/08/2021 18:05:01 Ressalta-se que para um concreto de fck até 30MPa, a área mínima de aço longitudinal equivale a 0,15% da área de concreto. Armadura de pele/costela A armadura de pele/costela é inserida com o objetivo de minimizar os pro- blemas de fissuração, retração e variação de temperatura. As, pele As’ As h> 60 cm Figura 9. Armadura de pele. Ela deve ser colocada em cada face da alma da viga sempre que tiver altura maior que 60 cm, e é calculada com 0,10% da área da viga. Além disso, o afas- tamento entre as barras não deve ultrapassar 20 cm ou h/3 (o que for menor). SISTEMAS ESTRUTURAIS III 103 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 103 30/08/2021 18:05:01 60 25 Estribos Armadura negativa Armadura positiva Armadura de pele Seção A-A Figura 10. Nomenclatura das armaduras. • Lajes Denominam-se como lajesde concreto armado as placas de superfície plana, em que uma das dimensões (espessura) é sensivelmente pequena em relação às demais e que estão sujeitas principalmente a ações normais em seu plano. As lajes possuem um papel de extrema importância no esquema de resis- tência para ações horizontais de um edifício, comportando-se como diafrag- mas rígidos ou planos denominados chapas. Ademais, elas compatibilizam o deslocamento dos pilares em cada piso, contraventando-os. No decorrer desta unidade, referimo-nos sempre às lajes de edifícios resi- denciais ou comerciais. No caso de lajes de pontes, por exemplo, o cálculo deve ser mais preciso e detalhado. Assim, as principais cargas a serem consideradas nas lajes são o peso pró- prio da laje, o peso de eventual enchimento, o carregamento acidental, o reves- timento e as paredes sobre lajes (ABNT, 2014). SISTEMAS ESTRUTURAIS III 104 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 104 30/08/2021 18:05:02 Lado 1 Lad o 2Espessura Figura 11. As lajes e suas configurações. As lajes podem ser armadas em uma ou duas direções. Isso posto, as lajes armadas em uma única direção podem ser calculadas como vigas de largura unitária. Já as lajes armadas em duas direções, por sua vez, podem ser analisa- das a partir do modelo elástico-linear com elementos de placa e o coeficiente de Poisson ν = 0,2 para o material elástico linear. Neste método, primeiramente as lajes são calculadas de maneira isolada e são observadas as condições de apoio de bordo engastado ou de charneira, de acordo com a existência de con- tinuidade ou não entre as lajes. Posteriormente, realiza-se a compatibilização entre os momentos de bordo de lajes contíguas (ABNT, 2014). Isso posto, ressalta-se que a distribuição das car- gas da laje bidirecional nas vigas é executada através da teoria abordada a seguir. Teoria das charneiras plásticas Esta teoria pressupõe que, em um local próximo à ruptura, em alguns tre- chos da laje formam-se pontos de plastificação que funcionam como rótu- las. Estas regiões ou linhas são denominadas de charneiras, e disso advém o nome da teoria. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 105 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 105 30/08/2021 18:05:02 400 Charneiras 45° 150 150 15 0 15 0 100 400 45° 45° 45° 30 0 30 0 A carga sobre cada viga é calculada a partir da área de cada charneira formada 190.19 Engaste Engaste Apoiada 19 0. 19 109.81 10 9. 81 100 400 30 0 V4 V2 V3 V1 30º 60º4 5º 45 º 60º Figura 12. Teoria das charneiras plásticas. Figura 13. Distribuição de carga. Distribuição das cargas da laje bidirecional nas vigas Em relação à distribuição das cargas da laje bidirecional nas vigas, as char- neiras acabam por dividir a laje em regiões de influência sobre as vigas de con- torno. A parcela de carga da laje que vai para cada viga pode ser calculada a partir da área de cada uma das regiões formadas. Quando há dois vínculos adjacentes iguais, como, por exemplo, dois apoios ou dois engastes, a charneira ocorre na bissetriz do ângulo formado entre os lados da laje. Para um retângulo, a bissetriz está a 45°. Para um canto em que um dos vínculos seja um engaste e outro um apoio, a charneira ficará a 60° do engaste e 30° do apoio, aumentando o quinhão sobre o bordo engastado. Por fim, no caso de um bordo livre, toda a carga irá para os bordos adjacentes. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 106 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 106 30/08/2021 18:05:02 60° 30 0 173.21 173.21 Bordo livre 53.59 400 60° Figura 14. Teoria das charneiras plásticas. A reação sobre as vigas pode ser calculada como a carga por metro quadra- do sobre a laje (p) multiplicada pela área da charneira referente a cada uma das vigas (A) e dividida pelo comprimento da viga (L – a fi m de distribuir a carga por metro linear). A fórmula dá-se por: Rviga = p * A L (11) Análises de viabilidade para os tipos de estrutura Em um contexto no qual há um público cada vez mais consciente com re- lação às questões ambientais, o aço tem sido destaque dentro dos sistemas construtivos aplicados no Brasil. Embora um dos seus principais componentes - o ferro - seja extraído do meio ambiente, a possibilidade de reciclagem faz com que o aço diminua o impacto ambiental, gerando um número de resíduos muito pequeno. Já a situação do concreto é inversa: além de todos os seus componentes serem extraídos do meio ambiente, sua utilização em estruturas impossibilita a reciclagem. Com a possibilidade de minoração do impacto ambiental causado pela construção civil, o aço não é considerado um vilão, mas sim um forte aliado na formação de uma boa imagem para empresas que, a partir da identifi cação de um público mais alerta, estão incorporando conceitos socioambientais em SISTEMAS ESTRUTURAIS III 107 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 107 30/08/2021 18:05:02 seus portfólios de venda ou em seus canteiros de obras como forma de agregar valor a seus produtos e consequentemente aumentar a liquidez na venda de empreendimentos. Dessa forma, a sustentabilidade do aço também agrega um fator positivo no que diz respeito ao aspecto mercadológico. Assim, obras em estruturas de aço apresentam fatores que apontam a via- bilidade da aplicação desse modal de construção em empreendimentos imobi- liários residenciais. É possível destacar fatores como: • Retorno do investimento em um prazo menor; • Prazo de entrega do empreendimento menor que no sistema construtivo convencional; • Flexibilidade do layout da planta, uma vez que a estrutura metálica pro- porciona o vencimento de vãos maiores; • Construção racional, a qual proporciona uma boa imagem para a empresa diante de um público cada vez mais consciente e exigente com relação à sus- tentabilidade; • Custo de mão de obra menor que em sistemas construtivos convencionais. Para todo investimento a ser realizado é necessário definir o projeto, levan- do em conta fatores como o tipo de investimento, o capital a ser investido e a forma de aplicar esse capital dentro do projeto. Com isso, torna-se possível analisar a viabilidade econômica do empreendimento ao tomar conhecimento se ele será rentável ou não. Segundo Goldman (2004), investimentos no setor imobiliário brasileiro, mes- mo que seja um setor conservador, ainda são considerados um dos melhores e mais seguros investimentos do país, uma vez que os valores dos imóveis acom- panham ou mesmo superam as correções monetárias ajustadas pela inflação. Já de acordo com Freire (2017), o capital é o recurso mais deficiente na construção civil, e diminuir o tempo de imobilização desses ativos permanen- tes é a forma mais correta para otimizar sua aplicação e maximizar a produ- tividade e os lucros. Dessa forma, determinado aspecto de um sistema estrutural percebido como vantajoso para certo empreendimento pode tornar-se indiferente ou mesmo desvantajoso para outro. Daí a necessidade de avaliar cada caso iso- ladamente e identificar a necessidade que mais impacta o orçamento de cada obra, como fundação, uso ou localização. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 108 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 108 30/08/2021 18:05:02 Em alguns empreendimentos, especialmente aqueles que possuem solos com baixa capacidade de suporte com baixo SPT, o custo das fundações deve ser um importante fator de decisão na hora da escolha da estrutura. A adoção de soluções mais leves, como perfis e vigas metálicas, pode ser uma excelente opção, posto que gera redução nas cargas verticais e no núme- ro de estacas ou de profundidade e, consequentemente, no custo por metro quadrado da obra. Em casos nos quais a capacidade de suporte do solo é ex- tremamente baixa, aconselha-se substituir o local da obra, visto que esta pode se tornar inviável e muito custosa nessa localidade. Nakamura (2018) afirma que em projetos como os industriais, por exemplo, a necessidade de permitir ou induzir ampliações e modificações futuras é um fatorde alta relevância na hora de optar por aço, concreto pré-fabricado, con- creto moldado in loco ou estrutura mista. Isso ocorre porque algumas dessas soluções favorecem e facilitam tais modificações com poucos transtornos ope- racionais, ao passo que outras são mais rígidas e possuem pouca praticidade. A autora atesta ainda que em edifícios comerciais, para locação, em bancos, escolas e hotéis o tempo de construção e a previsibilidade do cronograma são aspectos de alta criticidade e este em geral conta com períodos curtos. Nes- ses casos, sistemas industrializados e mais velozes, como o aço e o concreto pré-moldado, tendem a apresentar vantagens ao agilizar o retorno do capital investido, além de diminuir os custos indiretos da construção que se dão em função do tempo de construção. Ademais, outro exemplo é a necessidade de garantir grandes vãos livres e pés-direitos altos em obras, sendo que este é um fator determinante para a escolha da solução estrutural. Isso se aplica principalmente a edifícios cor- porativos, edifícios-garagem e galpões logísticos, construções que precisam maximizar o aproveitamento do espaço. Enfatiza-se que, durante o estudo de viabilidade e a definição da concepção, a possibilidade de interferência é alta e os custos acumulados são ainda muito baixos. Este normalmente é o momento correto para definir e simular o sistema estrutural (NAKAMURA, 2018). A percepção e o conhecimento dos envolvidos (construtora, engenheiro, arquiteto, técnicos e projetistas, entre outros) sobre os sistemas construti- vos analisados e testados auxilia na obtenção de vantagens e toda e qualquer solução estrutural oferece opções variadas de composição com elementos e SISTEMAS ESTRUTURAIS III 109 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 109 30/08/2021 18:05:02 subsistemas. A escolha das melhores alternativas para cada item configura o sistema estrutural com o melhor desempenho, segurança e economia para as características da obra e esta certamente é a viabilidade técnica buscada (NA- KAMURA, 2018). Alguns fatores de extrema importância são muitas vezes relegados a se- gundo plano no momento da definição do sistema estrutural. Dentre eles, é possível destacar: 1) Custos gerados por retrabalhos e correções; 2) Atividades como a colocação de esquadrias (portas e janelas); 3) Instalação de elevadores; 4) Assentamento de revestimento. A qualidade de execução da estrutura pode ser prejudicada ou favorecida através de uma estrutura em nível ou em prumo ou não. Assim, estruturas bem construídas possuem melhor desempenho com os demais materiais e po- dem, por exemplo, reduzir a espessura de revestimentos das paredes e acele- rar as atividades no canteiro de obras. Tudo isso deve ser observado e levado em conta na viabilidade técnica e na adoção de determinada estrutura. Outro aspecto muitas vezes não contabilizado é o risco de acidente nas obras, o qual também pode gerar custos vultosos e duradouros às constru- toras. Os sistemas industrializados que chegam ao canteiro prontos para montagem, se comparados com as soluções moldadas na obra (in loco), apre- sentam inúmeras vantagens, principalmente no que diz respeito a evitar aci- dentes de trabalho. DICA Para compreender melhor a viabilidade financeira relacio- nada ao uso de estruturas mistas e híbridas aço/concreto pré-fabricadas, acesse o link disponibilizado a seguir. A inexistência de montagem no canteiro de obras exclui atividades com extremo perigo, como, por exemplo, a montagem de painéis de lajes, pilares e vigas. Além disso, o uso de sistemas considerados industrializados induz à utilização de equipamentos especializados e mão de obra com alto grau de instrução, colaborando com a minimização de riscos. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 110 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 110 30/08/2021 18:05:03 Sintetizando No que diz respeito aos pavimentos de edifícios, verificamos suas defini- ções em uma breve introdução, posteriormente analisando alguns métodos relativos a como empregar as atividades de execução desse tipo de edifício. Em seguida, estudamos os cálculos relacionados a elementos de extrema impor- tância para o dimensionamento global da estrutura. Verificamos e salientamos a importância do conhecimento relativo às possi- bilidades estruturais, as quais, na concepção arquitetônica, possuem profunda ligação com a análise prévia das interferências das dimensões estruturais. Isto ocorre porque todo e qualquer cálculo posterior a essa fase sofre interferência dos lançamentos dos elementos em planta arquitetônica. Outro assunto estudado foi a viabilidade técnica e os requisitos de impor- tância na definição da estrutura como um todo. Assim, analisamos importan- tes aspectos que devem ser considerados ainda em projeto. Dentre os desafios que a engenharia de estruturas enfrenta, um dos maiores relaciona-se à con- cepção de sistemas seguros e economicamente viáveis para estabilizar gran- des vãos projetados pela arquitetura ou mesmo a compatibilização com seu projeto original. Por fim, vimos como determinado aspecto de um sistema estrutural perce- bido como vantajoso para certo empreendimento pode configurar-se indife- rente ou até desvantajoso para outro. É devido a isso que há a necessidade de verificar, a fundo, o que mais impacta o orçamento de cada obra. SISTEMAS ESTRUTURAIS III 111 SER_ARQURB_SEIII_UNID4.indd 111 30/08/2021 18:05:03 Referências bibliográficas ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Ações para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 2019. ETAPAS do Planejamento de Obras - Não erre na sua construção. Entenda Antes - O Mundo da Construção. Postado por Entenda Antes - O mundo da construção. (12min. 16s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtu- be.com/watch?v=BPE-T1O58l0>. Acesso em: 16 ago. 2021. FREIRE, C. Análise comparativa: custos estruturas metálicas x estrutura de con- creto. [s.l.], 15 abr. 2017. Disponível em: <https://formafer.com.br/2017/04/15/ analise-comparativa-custos-estrutura-metalica-x-estrutura-de-concreto/>. Acesso em: 18 ago. 2021. GOLDMAN, P. Introdução ao planejamento e controle de custos na constru- ção civil brasileira. 4. ed. São Paulo: Pine, 2004. IGLESIA, S. M. Edifícios altos: 10 Desafios no dimensionamento estrutural. [s.l.], 7 mar. 2018. Disponível em: <https://maisengenharia.altoqi.com.br/estrutural/ edificios-altos-desafios-dimensionamento-estrutural/>. Acesso em: 18 ago. 2021. KEMCZINSKI, P. G. Cálculo e detalhamento de estrutura de concreto arma- do de um edifício residencial. 2015. 115 f. Trabalho de Conclusão de Curso - Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. NAKAMURA, J. Como comparar a viabilidade econômica dos sistemas es- truturais? [s.l.], 20 abr. 2018. 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