Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1 METODOLOGIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS, AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE Dra. Carolina Rodigues Lincoln de Carvalho Molina GUIA DA DISCIPLINA Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2 Uma planta “Sou chamada de raiz Transporto alimentação Sem a minha parceria Não existe arborização. De caule sou chamado Me orgulho ao dizer Que sustento meus irmãos Com todo meu prazer. Sou a folha com muita função Faço a planta respirar Faço cura, faço sombra É um crime me queimar. Sou uma flor perfumada Digo com toda razão Na planta eu represento Órgão de reprodução. Sou um fruto saboroso Sou muito mais de milhão Me use com muito respeito Na sua alimentação. Agora estando completa Um pedido vou deixar Não me corte, nem me queime Ajude a me preservar.” - Maria Zilda Silva de Sá Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3 1. O ENSINO DE CIÊNCIAS Objetivo • Contextualizar historicamente o ensino de Ciências; • Compreender a evolução do ensino de Ciências ao longo das décadas; • Apontar as principais dificuldades e desafios no ensino de Ciências; • Destacar o valor das Ciências no currículo atual. Introdução O conhecimento científico é muito valorizado atualmente. Algo que foi “comprovado cientificamente” torna-se verdadeiro e incontestável. Esse valor surgiu na origem da ciência moderna, no final do século XVI e início do século XVII, tornando-se um modelo de produção científica que existe até hoje. 1.2. O percurso do ensino de Ciências Observaremos agora a jornada do ensino de Ciências até a atualidade. 1.2.1. A chegada do Positivismo (1879) Em 1987 é fundada a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro. A palavra positivismo foi empregada pela primeira vez pelo filósofo francês Claude Saint-Simon para designar o método exato das ciências e a possibilidade de sua extensão à filosofia. A característica essencial ao positivismo é a devoção à ciência, ou seja, só a ciência era capaz de promover o desenvolvimento da humanidade. Os professores deduzem que o aluno compreende as relações entre os fenômenos naturais através de longas observações e muito tempo de raciocínio. 1.2.2. A Escola Nova (1930) Durante a década de 1930 o Brasil estava se urbanizando e industrializando, aumentando assim a população nas cidades. Com isso, surge a necessidade de generalizar a educação. Antes, apenas os mais bem situados economicamente tinham acesso à Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4 escolarização, mas, com essa expansão, foi preciso flexibilizar e estender esse plano de escolarização a todos que atendiam o sistema de produção. Esse paradigma da escolarização (onde somente os mais privilegiados tinham acesso à educação) despareceu após essa necessidade de escolarizar as pessoas que atendiam o sistema de produção (funcionários, operários). E esse fenômeno juntou-se ao fato de a população perceber a educação como uma oportunidade de se obter um posto no mercado de trabalho e uma possibilidade de ascensão social. (ROMANELLI, 2017) Surge então a Escola Nova, que foi um movimento de renovação do ensino especialmente forte na Europa, na América e no Brasil, essa propõe que o ensino seja provido nos alicerces da Psicologia, Sociologia e Pedagogia moderna, porém esses pensamentos não modificaram a maneira tradicional de ensinar ciências. 1.2.3. 1950-1960: A Nova Era das Ciências A partir de 1950 o ensino de ciências torna-se mais significativo no currículo das escolas, devido à industrialização e o progressivo uso de tecnologias nos meios de produção, exigindo uma formação básica em ciências, além da formação técnica profissional. As propostas educativas do ensino de ciências procuraram possibilitar aos estudantes o acesso às verdades científicas e o desenvolvimento de uma maneira científica de pensar e agir (FROTA-PESSOA et al, 1987). Em 1960 a metodologia tecnicista chega ao Brasil, onde o ensino não é centrado no professor nem no aluno, mas nos objetivos e nas técnicas de ensino que garantem o alcance dos mesmos. Os conteúdos tendem a ser vistos como regras (SEED, 2005). De acordo com Nascimento (2010), outro fator marcante de 1960 foi a chegada das teorias cognitivas no Brasil, que consideravam o conhecimento o resultado da interação homem x ambiente e ainda evidenciavam os processos mentais dos estudantes durante a aprendizagem. Ainda para Nascimento: Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5 “A partir da crescente industrialização brasileira e de um relativo desenvolvimento científico e tecnológico, a partir de meados dos anos 1960 importantes temas relacionados às descobertas científicas passaram a fazer parte do ensino de ciências. Esse ensino passou a ter como objetivos essenciais levar os estudantes à aquisição de conhecimentos científicos atualizados e representativos do desenvolvimento científico e tecnológico e vivenciar os processos de investigação científica. As equipes técnico-pedagógicas, ligadas às secretarias de educação e as instituições responsáveis pela formação de docentes passaram a atualizar os conteúdos para o ensino de ciências, a elaborar subsídios didáticos e a oferecer cursos de capacitação aos professores.” (NASCIMENTO, 2010) A partir de então houve mudanças significativas no currículo de ciências, onde as aulas tornaram-se mais expositivas e os laboratórios tornaram-se as salas de aula, oferecendo assim uma formação científica de qualidade aos alunos. A Fundação Brasileira para o Desenvolvimento no Ensino de Ciências (FUNBEC) foi criada em 1967 na Universidade São Paulo, oferecia guias didáticos e de laboratório, kits de baixo custo para experimentos e treinamento aos professores (NASCIMENTO, 2010). 1.2.4. Década de 70 Apesar da preocupação em ensinar ao aluno os processos de produção do conhecimento científico, o ensino de ciências continuava sendo apenas informativo devido a falta de formação específica dos professores. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência criticou a formação do professor em áreas específicas como Biologia, Química e Física e pediu a criação da figura “professor de Ciências”, mas não tiveram sucesso. Ainda na década de 70, conforme estabelecido na Lei 5692/71 o ensino de ciências era considerado um elemento importante na qualidade de formação do aluno. Dessa forma, a disciplina de ciências tornou-se obrigatória nas oito séries do primeiro grau e a mesma lei empregou a denominação “ciências físicas e biológicas” ao determinar sua adoção no segundo grau (Ensino Médio) englobando os conhecimentos de biologia, física e química. (SILVA, 2005). 1.2.5. Décadas de 80, 90 e 2000 A partir dos anos 80, as ciências são vistas como uma construção humana e não como uma verdade natural. A educação passou a ser entendida como uma prática social Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6 conectada aos sistemas políticos-econômicos, então, o ensino de ciências contribuiria para a transformação da socidade brasileira. O ensino de ciências passou a questionar as metodologias ativas e a integrar o discurso da formação do cidadão crítico, consciente e participativo. As propostas educativas enfatizavam a necessidade de levar os estudantes a desenvolverem o pensamento reflexivo e crítico; a questionarem as relações existentes entrea ciência, a tecnologia, a sociedade e o meio ambiente e a se apropriarem de conhecimentos relevantes científica, social e culturalmente (DELIZOICOV; ANGOTTI, 1990). Durante a década de 60/70, surge a preocupação a degradação ambiental e o desenvolvimento científico tecnológico vinculados à Guerra. Neste contexto, surge o movimento “Ciências, Tecnologia e Sociedade” nos currículos de Ciências que tinha o propósito de expor a dinâmica social e ambiental da evolução histórica (SILVA, 2005). Ao longo dos anos 90, tornaram-se mais evidentes as relações existentes entre a ciência, a tecnologia e os fatores socioeconômicos. Desse modo, o ensino de ciências deveria criar condições para que os estudantes desenvolvessem uma postura crítica em relação aos conhecimentos científicos e tecnológicos, relacionando-os aos comportamentos do homem diante da natureza. (MACEDO, 2004) Na década de 2000, a educação científica passa a considerar com mais força a necessidade de haver responsabilidade social e ambiental de todos os cidadãos. No entanto, ainda é marcante o distanciamento entre os pressupostos educativos do ensino de ciências e as possibilidades de torná-los concretos, o que se deve a uma complexa relação epistemológica entre as ideias científicas e os pressupostos da educação científica (HODSON, 1986; NASCIMENTO, 2009); às dificuldades dos professores em romper com uma profunda concepção positivista de ciência e com uma concepção conservadora e autoritária de ensino- aprendizagem como acumulação de informações e de produtos da ciência, que seguem influenciando e orientando suas práticas educativas; às suas carências de formação geral, científica e pedagógica; às inadequadas condições objetivas de trabalho que encontram no exercício da profissão e a determinadas políticas educacionais fundamentadas em princípios contraditórios à formação crítica dos cidadãos. (NASCIMENTO, 2010; 233). Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7 Podemos perceber que o ensino de Ciências mesmo tendo percorrido uma longa jornada ainda está longe do que se considera “ideal”. Mas por quê? O avanço tecnológico que acontece a cada dia exige que seja feito o avanço também no currículo de Ciências para que Ciências-Tecnologia andem juntos. Não é isso que encontramos hoje nas escolas. É necessário a constante renovação no jeito de ensinar e aprender para que os futuros cidadãos consigam acompanhar, compreender e modificar os fenômenos sociais e ambientais que são exigidos atualmente. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8 2. METODOLOGIA E PRÁTICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Objetivos • Identificar os eixos estruturantes das práticas pedagógicas na Educação Infantil • Compreender o valor dos direitos determinados para esta modalidade de ensino • Estruturar os cinco campos de experiência na BNCC • Demonstrar e refletir sobre como aplicar os direitos e campos na BNCC no dia- a-dia da Educação Infantil. Introdução “A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), e está orientado pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN).” 2.1. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para Educação Infantil A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, onde inicia-se o processo educacional. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, os eixos estruturantes das práticas pedagógicas nesta modalidade da Educação Básica são as brincadeiras e interações, através dessas experiências a criança constrói e apondera-se de conhecimentos pelas suas ações e interações com o meio e com os outros, desenvolvendo assim suas aprendizagens. (BNCC, 2017) De acordo com os eixos estruturantes para a Educação Infantil e as competências gerais para a BNCC, asseguram-se neste documento seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento: Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9 • Convívio com outras crianças, utilizando diferentes linguagens e o conhecimento de si e do outro, respeitando as culturas e diferenças. • Brincar todos os dias de diferentes formas, em diferentes espaços (e tempo), com diferentes parceiros, diversificando os conhecimentos, a cognição, as emoções, expressões culturais, corporais e sociais. • Participar da gestão da escola e atividades propostas pelo professor (tais como escolha do material, da brincadeira e do ambiente) desenvolvendo assim diferentes linguaguens e posicionando-se. • Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, emoções, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes culturais tanto nas artes, na escrita, na ciência e na tecnologia. • Expressar suas necessidades como um sujeito criativo, dialógico e sensível. • Conhecer-se e criar uma identidade pessoal, social e cultural, no contexto escolar, familiar e comunitário. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil A estrutura curricular da Educação Infantil está organizada em cinco campos de experiências na BNCC, vejamos a seguir, três deles: 2.1.1. O eu, o outro e o nós Através da interação com outras crianças e adultos que aprendem sobre si mesmas e constroem o seu modo de agir, a partir dessa interação descobrem outros modos de agir, entendem que cada um é diferente e possui seu próprio ponto de vista. Conforme vivem essas experiências criam percepções que simultaneamente as tornam seres individuais e sociais. Assim, “ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio” (BNCC, 2017). Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 10 Os principais objetivos desse campo são: • Demonstrar atitudes de cuidado e solidariedade na interação com crianças e adultos. • Ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação e cooperação. • Demonstrar valorização das características de seu corpo e respeitar as características dos outros (crianças e adultos) com os quais convive. • Respeitar regras básicas de convívio social nas interações e brincadeiras. • Usar estratégias pautadas no respeito mútuo para lidar com conflitos nas interações com crianças e adultos. 2.1.2. Corpo, gestos e movimento Com o corpo a criança explora o mundo, o espaço e os objetos ao seu redor, estabelecem relações, expressam-se e conhecem a si e ao outro, tornando-se cada vez mais conscientes dessa corporeidade. Por meio da música, da dança e das brincadeiras se comunicam e expressam as linguagens e emoções. Identificam seus potenciais e limites. Os objetivos desse campo são: • Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como em frente, atrás, no alto, embaixo, dentro, fora etc., ao se envolver em brincadeiras e atividades de diferentes naturezas. • Explorar formas de deslocamentono espaço (pular, saltar, dançar), combinando movimentos e seguindo orientações. • Adotar hábitos de autocuidado relacionados a higiene, alimentação, conforto e aparência. • Coordenar suas habilidades manuais no atendimento adequado a seus interesses e necessidades em situações diversas. 2.1.3. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações Desde pequenas demonstram muita curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.). A Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 11 manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Os principais objetivo são: • Explorar e descrever semelhanças e diferenças entre as características e propriedades dos objetos (textura, massa, tamanho). • Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais. • Compartilhar, com outras crianças, situações de cuidado de plantas e animais nos espaços da instituição e fora dela. • Identificar e selecionar fontes de informações, para responder a questões sobre a natureza, seus fenômenos, sua conservação. 2.2. Práticas na Educação Infantil Ao ensinar Ciências o professor deve proporcionar ao seu aluno a interação com diferentes materiais, situações e fenômenos que permitam que a criança construa valores e conhecimentos. (CRAIDY e KAERCHER, 2001). Para Rodrigues (2016) “estudar ciências na Educação Infantil é mais que essencial” pois contribui na formação da identidade da criança, já que esta apresenta grande curiosidade e desejo de decifrar o mundo ao seu redor. Segunda Arce, Silva e Varotto (2011): “A verdadeira ciência começa com a curiosidade e fascinação das crianças que, levam à investigação e à descoberta de fenômenos naturais bem como aos artefatos e aos produtos decorrentes do mundo tecnológicos.” (Arce et al. 2011; 09) No Referencial Curricular na Educação Infantil (1998), o ensino de ciências deve unir o conhecimento que o aluno carrega consigo, com aquilo que ele possa vir a descobrir com as ciências humanas e naturais. Cabe ao professor a consciência de que todo e qualquer ensino deve-se basear em algo em que a criança carrega em si. “Os conceitos são por elas aprendidos não em uma forma pronta no processo de aprendizagem escolar, mas organizados e reelaborados ao longo de suas experiências” (ARCE et al., 2011, p.62). Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 12 O principal fator para observar na Educação Infantil é a faixa etária de seus alunos, sendo necessário diferenciar seu trabalho nas diferentes fases em que as crianças se encontram. Rodrigues (2016) diferencia cada fase da educação infantil com as atividades a serem desenvolvidas: • Com as crianças de um a dois anos, já pode se iniciar o trabalho em grupo, porém não deixando de lado a atenção individualizada por parte do adulto. Nesta fase as atividades devem ser voltadas para o trabalho com a parte motora e a linguagem da criança, como por exemplo, imitar o som dos animais. O professor deve ficar muito atento a fala e gesto das crianças para não os confundir e não se esquecer que o tempo de concentração das crianças nas atividades é muito curto, portanto, a gama de atividades deve ser bem variada (CRAIDY; KAERCHER, 2001). • Na fase de dois a quatro anos, já podem ser trabalhadas atividades em rodinhas, dando início aos jogos simbólicos, as brincadeiras de faz de conta e uma maior desenvoltura motora para com aquilo que o cerca. A partir desta fase a criança já passa a tomar decisões sozinha, começa a desenvolver sua autonomia, assim, é o momento onde as curiosidades começam a aparecer, onde para tudo que vê e pega surge a pergunta “o quê”, ou “por quê”. Aqui a criança começa a notar as diferenças entre as coisas e sua interação se dá por meio do plano simbólico. Já no final desta fase as atividades investigativas podem começar a se fazer presentes (CRAIDY; KAERCHER, 2001). • De quatro a seis anos as atividades cooperativas devem se fazer muito presentes e assim também as de investigação. Nesta fase a criança começa a estabelecer regras de convivência, a atividade simbólica começa a tornar-se mais complexas e o professor deve estar sempre muito atento aos interesses e necessidades das crianças, para que seu trabalho seja pautado nelas (CRAIDY; KAERCHER, 2001). A criança possui seu mundo voltado totalmente para aquilo que é perceptível aos seus olhos, sendo assim, nessa fase a experimentação e exploração são práticas (ferramentas) que auxiliarão o ensino de ciências. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 13 Outro fato importante na Educação Infantil é não trabalhar interdisciplinariedade, isto serve também para o ensino de ciências que deve se associar aos demais conteúdos trabalhados na Educação Infantil. Craidy e Kaercher citam que: O ensino de ciências na Educação Infantil propicia a interação com diferentes matérias, a observação e o registro de muitos fenômenos, a elaboração de explicações, enfim a construção de conhecimentos e de valores pelas crianças. Essa área, entretanto, precisa tomar parte das atividades de outras áreas como a linguagem, os estudos sociais, a matemática, as artes plásticas, o teatro e a música. Na Educação Infantil é fundamental superar as fragmentações do conhecimento e buscar articulá-lo através de atividades lúdicas e instigantes. (Craidy e Kaercher. 2001;163) Leva-se sempre em consideração que aquele aluno trás consigo uma bagagem de conhecimento maior do que se pode imaginar. A partir disso, cabe ao professor tornar-se mediador entre o conhecimento prévio e o adquirido, ampliando assim o conhecimento de mundo dessa criança. Ensinar ciências na Educação Infantil é entender as curiosidades das crianças e explorar essa curiosidade de forma a semear um conhecimento científico que mais tarde (Ensino Fundamental) será colhido em forma de investigação científica. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 14 3. METODOLOGIAS E PRÁTICAS NO ENSINO FUNDAMENTAL Objetivos • Compreender os objetivos do ensino de Ciências no Ensino Fundamental (1º ao 9º ano) • Identificar as unidades temáticas do ensino de Ciências no Ensino Fundamental (1º ao 9º ano) • Relacionar as diferentes etapas para criar um projeto de Ciências que atinja o objetivo da aprendizagem sobre um determinado assunto a ser estudado. Introdução O Ensino Fundamental é a etapa mais longa da Educação Básica, que vai desde o 1º ano até o 9º ano. Há, portanto, crianças e adolescentes que, ao longo desse período, passam por uma série de mudanças relacionadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais, emocionais, entre outros. Tais mudanças impõem diverss desafios nos currículos para essa etapa, para superar as lacunas das passagens que ocorrem da Educação Infantil para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental e deste para os Anos finais do Ensino Fundamental. (BNCC, 2017) De acordo com o Parecer CNE/CEB nº 11/2010, “os conteúdos dos diversos componentes curriculares [...], ao descortinarem às crianças o conhecimento do mundo por meio de novos olhares, lhes oferecem oportunidades de exercitar a leitura e a escrita deum modo mais significativo” (BRASIL, 2010). 3.1. Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental: A área de Ciências da Natureza A sociedade atual está projetada no desenvolvimento científico e tecnológico e apesar deste trazer diversas melhorias de produtos e serviços, pode promover também graves desiquilíbrios na Natureza e na sociedade, como temos observado constantemente nos noticiários. Para tantos temas existentes do mundo é vital os conhecimentos éticos, políticos, cuturais e científicos, assim a presença a Ciências no Ensino Fundamental tem função de formar integralmente o aluno. Segundo a BNCC (2017), “ao longo do Ensino Fundamental, Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 15 a área de Ciências da Natureza tem um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências.” Sendo assim, o ensino de Ciências deve promover ao aluno situações nas quais eles possam: • Observar o mundo a sua volta e fazer perguntas. • Planejar e realizar atividades de campo (experimentos, observações, leituras, visitas, ambientes virtuais etc.). • Elaborar explicações e/ou modelos. • Aprimorar seus saberes e incorporar, gradualmente, e de modo significativo, o conhecimento científico. • Desenvolver soluções para problemas cotidianos usando diferentes ferramentas, inclusive digitais. • Relatar informações de forma oral, escrita ou multimodal. • Participar de discussões de caráter científico com colegas, professores, familiares e comunidade em geral. • Desenvolver ações de intervenção para melhorar a qualidade de vida individual, coletiva e socioambiental. Desse modo, são oitos as competências específicas de Ciências da Natureza para o Ensino Fundamental. Vejamos algumas: • Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. • Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 16 • Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo- se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias. • Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científico- tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. Para orientar o currículo de Ciências, foram criadas três unidades temáticas que se repetem ao longo dos nove anos do Ensino Fundamental. Veja na tabela a seguir. Tabela 1: Unidades temáticas para o Ensino Fundamental (BNCC) Unidade temática Anos Iniciais Anos Finais Matéria e Energia Materiais e objetos; Prevenção de acidentes domésticos; Som e Luz; Misturas; Ciclos, entre outros. Misturas homo e heterogêneas e transformações químicas; Termodinâmica; Energia (tipos, circuitos elétricos, ect); Estrutura da Matéria, entre outros Vida e Evolução Corpo Humano; Seres vivos no ambiente; Características dos animais; Cadeia alimentar; Nutrição e hábitos alimentares, entre outros. Célula; Ecossistemas; Reprodução e sexualidade; Evolução e hereditariedade; entre outros. Terra e Universo Escala de tempo; Movimento do Sol; Características da Terra e uso do solo; Pontos cardeais; Constelação, Rotação da Terra e fases da Lua; entre outros Estrutura da Terra; Ar (Efeito Estufa; Camada de ozônio); Sistema Terra, Sol e Lua; Universo, astronomia e evolução estelar, entre outros. Fonte:http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wpcontent/uploads/2018/06/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 17 • http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase • http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=downlo ad&alias=78631-pcp015-17-pdf&category_slug=dezembro-2017- pdf&Itemid=30192 3.2. Práticas no Ensino Fundamental Os experimentos nas aulas de Ciências são momentos muito aguardados pelos alunos. Espara-se a utilização de tubos de ensaio, produção de fumaça e algo mudando de cor, etc. Para Bizzo (2012), não devemos frustar essa experiência, mas cabe a nós fazer com que os alunos aprendam que a Ciência está “ligada muito mais a posturas cotidianas, a maneiras de posicionar-se diante do desconhecido, de problematizar situações que não aprecem oferecer nenhuma dúvida e de perceber que existem maneiras diferentes de entender o mundo”. Os projetos de Ciências têm por objetivo central oferecer aos alunos oportunidade para trabalharem habilidades próprias do trabalho científico, desenvolvendo o interesse e motivação dos alunos, o trabalho coletivo (incentivando o diálogo entre os membros do grupo e o respeito por opiniões diferentes. Para Bizzo: “A introdução dos alunos a projetos de ciências poderia ser feita de maneira gradual. Nas séries iniciais os alunos poderiam pesquisar a metamorfose de larvas encontradas em troncos apodrecidos ou em goiabas e outros frutos “bichados”. Um louva-a-deus poderia ser objeto de investigação, diante da tarefa de determinar sua dieta e posição na cadeia alimentar. Os alunos certamente se surpreenderão ao ver que esse inseto é carnívoro, capaz de capturar pequenas moscas em voo. Uma proposta de projeto para alunos com mais idade seria o de investigar focos de reprodução de mosquitos na escola e em casa, procurando identificar vetores de doenças, em especial a dengue.” (BIZZO, 2012; 101) Segundo Selbach et al. (2010) o desenvolvimento de um bom projeto cumpre as seguintes etapas: 3.2.1. Definição de objetivos Determinar com clareza os objetivos para que se compreenda o que efetivamente se busca, por exemplo, “determinar a dieta do louva-a-deus”, evitando assuntos muito genéricos como “estudo dos insetos”. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 18 3.2.2. Bibliografia É papel do professor antes do início do projeto reunir bibliografias como livros, revistas, artigos, documentos históricos, recursos eletrônicos, pessoas a serem entrevistas, etc. Sem a bibliografia adequada os alunos perderão a oportunidade de avançar no assunto e buscar dados desconhecidos. 3.2.3. Competências e habilidades Definir as competências e habilidades que serão exploradas. O “saber fazer” é complemento essencial do “conhecer”. Utiliza-se verbos para alcançar as competências operacionais, como “analisar”, “comparar”, “aplicar” e outros. 3.2.4. Fases do projeto Espera-se que cada aluno participante alcance diferentes desempenhos em cada fase do projeto. São elas: Abertura; Investigação e respostas; Apresentação; Avaliação. 3.2.5. Relação de conceitos Após a compreensão de cada aluno em cada fase do projeto é preciso relacionar os principais conceitos e/ou ideias a serem alcançadas,assim como os conteúdos procedimentais esperados no aluno (solidariedade, espírito de iniciativa, cooperação, e muitos outros). 3.2.6. Contextualização É importante contextualizar os conceitos construídos à realidade do aluno e do ambiente em que a escola se situa, sendo necessário enfocar a relação entre o que busca aprender e o meio, o tempo e a sociedade em que se encontra. 3.2.7. Linguagens Definir as linguagens a serem utilizadas além do texto de referência, como desenhos, fotografias, gravações, danças, etc. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 19 3.2.8. Cronograma Não se deve iniciar um projeto sem antes definir um cronograma ou linha do tempo que estabeleça quanto tempo se esperar gastar em cada etapa. 3.2.9. Avaliação A etapa final é sempre representada pela avaliação educativa do projeto, podendo ser definida pelo professor, alunos, pais e/ou pessoas da comunidade. Praticamente não existe conteúdo conceitual em Ciências que não possa ser desenvolvido através de projetos. É imprescindível saber que: “O “grande” projeto não é “aquele que os alunos gostam de realizar” ou outro que “deram origem a magnífica exposição”. Essas condições são importantes, mas o essencial é a aprendizagem significativa que o projeto propiciou.” (SELBACH, 2010; 132). Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 20 4. POR QUE ENSINAR CIÊNCIAS? Objetivo • Compreender a importância de ensinar Ciências. • Compreender a importância de aprender Ciências. Introdução Sabemos que não existe nada de novo nos objetivos do ensino de Ciências e que provavelmente o professor já sabe todos conteúdos através dos livros didáticos. O que proponho como “novo” aqui não é apenas uma releitura ou rememorização dos conteúdos, mas sim um exercício prático da transformação dos conteúdos em prática pedagógica. 4.1. Por que ensinar Ciências? O ensino de Ciências é importante para que o aluno entenda a saúde pessoal, social e ambiental como bens individuais e coletivos sempre submetidos a ações de diferentes agentes. É necessário para formular questões, diagnosticar e pensar soluções para problemas reais e atuais à comunidade humana, praticando conceitos, competências, habilidades e atitudes. “A ciência está na boa pergunta e se coloca na busca para a melhor resposta” (SELBACH, 2010). É preciso ensinar todo aluno como dominar fatos científicos e agregar o que se aprende fora e dentro da escola, através das observações e experimentações de problemas diários. De acordo com UNESCO (2015), o ensino de ciências é fundamental para despertar nos estudantes interesse por carreiras científicas para ampliar a possibilidade de o país conter profissionais capazes de produzir conhecimentos científicos e tecnológicos, contribuindo assim para o desenvolvimento econômico e social da nação. A sociedade encontra-se em profunda e constante mudança, assim, o ensino de Ciências colabora para a compreensão de conhecimento do mundo e suas transformações. “Os alunos de hoje querem saber o porquê aprender tal conteúdo, ou seja, querem atribuir um significado a suas realidades, para então, se dar a aprendizagem” (SELBACH, 2010; 42). Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 21 No entanto, estudos mostram a deficiência desse ensino e a dificuldades que os professores encontram para criar ambientes desafiadores aos seus alunos. Discutiremos a respeito dos Desafios no Ensino de Ciências mais adiante. 4.2. Por que aprender Ciências? Aprender Ciências é importante para que os alunos percebam a natureza como um todo dinâmico e a sociedade humana como agente de interação e transformação com o mundo em que vive. De acordo com Selbach (2010), “corpo e natureza, vida e ar, ambiente e sociedades são elementos que interagem” e não temas isolados. O aluno precisa aprender Ciências para amplificar seu senso crítico e identificar os benefícios e malefícios das práticas científicas e tecnológicas, tornando-se assim um agente modificador do seu ambiente e um cidadão capaz de pensar e agir, bem como estimar as consequências de suas atitudes. O aluno valoriza a cooperação e a solidariedade pensando de maneira crítica, sistêmica e cooperativa, assim, aprender Ciências é importante para se contruir “certezas” e encarar o presente com coragem. 4.3. Competências e Habilidades no ensino de Ciências De acordo com Moretto (2002), as habilidades estão associadas ao saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades. Já as competências são um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam por exemplo uma função/profissão específica: ser arquiteto, médico ou professor de química. As habilidades devem ser desenvolvidas na busca das competências." Na tabela a seguir, observe o que é esperado como competências básicas para os alunos do Ensino Fundamental no ensino de Ciências. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 22 Tabela 2: Competências e habilidades para o Ensino de Ciências Competências básicas dos alunos (Ensino Fundamental) Ferramentas e meios que o professor de Ciências dispõe para levar seus alunos ao domínio dessas competências Dominar linguagens e, portanto, saber ler e compreender textos, mapas, diagramas, gráficos, charges, etc Explorar leituras com plena significação e desenvolver todos os passos do método científico a interpretação de um texto. Compreender e interpretar fenômenos e assim se mostrar capaz de interligar as disciplinas escolares entre si e de conectar o conteúdo aprendido na sala de aula com a realidade do mundo que o cerca. Perceber a distinção e diferença entre fenômenos científicos e outros fenômenos, produtos de crenças infundadas e preconceitos, e interligar o fato científico com fenômenos estudados em outras disciplinas, conectadno o aprendido com a realidade do mundo emque vive e que deve lutar para preservar. Solucionar problemas, identificando informações corretas sobre o fenômeno para interpretar o fato e tomar a decisão pertinente. Perceber nos textos cientifícos as informações corretas, separando teorias de hipóteses. Buscando identificar problemas e refletindo sobre as perspectivas de solução. Construir argumentação e, portanto, assumir pontos de vista, defendendo-os com argumentos sólidos, sempre baseados nos conhecimentos conquistados Saber argumentar, isto é, encontrar pensamentos e raciocínios para se chegar a uma conclusão e, desta forma, percebendo a possibilidade de múltiplas interpretações em qualquer informação científica. Raciocinando sobre fatos apreedidos e elaborando propostas para se resolver uma situação. Atribuindo significação ao que aprendeu e mostrando-se capaz de formular propostas para resolver a situação. Fonte: Livro “Ciências e Didática” (2010). Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 23 5. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA Objetivo • Conceituar Educação Ambiental • Exemplificar a utilização de Educação Ambiental na escola • Valorizar a importância da Educação Ambiental no currículo escolar Introdução Vivemos em um momento oportuno para a educação ambiental atuar na transformação de valores que contribuem para o uso consciente dos bens comuns da humanidade. Precisaser uma educação permanente, continuada, para todos e todas, ao longo da vida. E a escola é um espaço privilegiado para isso (UNESCO, 2007). 5.1. O que é Educação Ambiental (EA)? São muitos os conceitos e definições acerca da Educação Ambiental, vejamos alguns exemplos a seguir. • "Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade." Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, Art 1º. • “A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental.” Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, Art. 2°. A Educação Ambiental passou de um conceito a ser aprendido em sala de aula assim como os demais e tornou-se emergencialmente uma questão interdisciplinar no currículo escolar. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 24 Muitas vezes os alunos acabam por receber uma tempestade de informações aleatórias e drásticas sobre como o ser humano destróie o meio ambiente e tais informações não permitem aos alunos uma significação sobre o que é a EA e como eles podem envolvê-la em seu dia-a-dia. De acordo com Unesco (2007), “O processo de expansão da educação ambiental nas escolas de ensino fundamental foi bastante acelerado: entre 2001 e 2004, o número de matrículas nas escolas que oferecem educação ambiental passou de 25,3 milhões para 32,3 milhões. Em 2001, o número de escolas que ofereciam educação ambiental era de aproximadamente 115 mil, 61,2% do universo escolar, ao passo que, em 2004, esse número praticamente alcançou 152 mil escolas, ou seja, 94% do conjunto.” (UNESCO, 2007; 58) A Educação Ambiental no Brasil, segundo as diretrizes do MEC, é desenvolvida por três modalidades básicas: • Projetos; • Disciplinas especiais; • Inserção da temática ambiental nas disciplinas. Em 2001, a inserção da temática ambiental nas disciplinas estava presente em 94 mil escolas, sendo que 33 mil escolas ofereciam projetos e somente 3.000 escolas desenvolviam disciplinas especiais. Já em 2004, estes números são: 110 mil escolas, 64 mil escolas e 5.000 escolas, respectivamente. (UNESCO, 2007) http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf 5.2. Como trabalhar a Educação Ambiental na escola Cabe ao professor propor atividades que despertem uma consciência crítica sobre a problemática ambiental em seus alunos. É necessário que o professor além de expor a Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 25 problemática, conceituando e buscando-se as origens do mesmo, também torne o aluno um protagonista em busca de ações para a solução dessas problemáticas ambientais. Assim, o ensino de Ciências tornar-se capaz de promover o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e habilidades para a preservação e melhoria da qualidade ambiental (SELBACH, 2010). Abaixo, seguem sugestões de atividades a serem realizadas em sala de aula. Tabela 3. Estratégias e abordagens de Educação Ambiental na escola. Estratégias Papel do professor Ação dos alunos Debate com a classe Propor que falem sobre questões ambientais e atuar como mediador, envolvendo a coleta de impressões de todos os alunos. Os alunos devem expor suas opiniões, mostrando o que conhecem sobre o tema. Discussões em pequenos grupos Dividir a classe em grupos de 4 a 6 alunos, oferecer fonte de pesquisa e solicitar a busca de conclusões Consulta e elaboração de argumentos e opiniões referentes ao tema que são apresentados a toda classe. Tempestade cerebral (Brainstorminig). Atividade em que os alunos são convidados a apresentar livremente soluções possíveis para um dado problema Atuar como mediador e facilitador, não censurar respostas, mesmo se não pertinentes, e, após a apresentação de diferentes ideias, buscar junto aos alunos a eleição das mais significativas Apresentar sugestões, propostas e ideias, conscientes de que se tranformarão em um “documento” que, após aprovado em classe, transformar-se-á em atitude cotidiana dos alunos. Trabalho em grupo para transformar soluções em ações Dividir os alunos em grupos, propor tarefas preservacionistas imediatas e acolher voluntários para esta ou aquela ação. A atividade permite que os alunos se integrem em grupos (número indefinido) e se organizem com a missão de executarem determinadas tarefas. Questionário reflexivo e interdisciplinar A equipe docente da escola organiza, e um dos professores da equipe apresenta um questionário com informações e opiniões sobre questões ambientais Os alunos comentam as informações debatem as ideias e sugerem ações concretas de sua atuação tanto no combate ao problema como em seu trabalho de envolver a Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 26 comunidade em planos de ação. Criação de jornais, jornais falados, músicas, jograis e outras formas de comunicação Desafiados pelos professores, os alunos criam veículos informativos sobre os problemas, propostas de solução, e os professores buscam “abrir as portas” de instituições (Câmara dos Vereadores, empresas, templos, etc.) para exposição dos motivos Os alunos se organizam para divulgar as ideias (com bases sólidas e concretas) nos veículos preparados, percorrendo outras classes e outros ambientes com essa finalidade. Projeto de educação ambiental Em data previamente estabelecida pelos planejamentos de cursos, os professores organizam projetos de educação ambiental, reservando o espaço de alguns dias ou uma semana em que toda escola se envolve nessa missão Aos aluos cabe não apenas se envolver plenamente nos projetos, como também atuar de maneira protagonística, sugerindo ideias e desenvolvendo ações. Pesquisa e exploração do ambiente do entorno escolar. Excursões, visitas, caminhadas próximas para pesquisa e levantamento de relatórios. Além de reforçar a aprendizagem em técnicas de pesquisa, os alunos devem buscar a compressão da gênese e evolução dos problemas, sugerindo medidas para sua minimização ou erradicação. Os alunos partem para ação, pesquisando, em diferentes veículos e visitas ao local, os problemas existentes, propondo um fórum para discussão e apreciação dos resultados. Fonte: Livro “Ciências e Didática” (2010). Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 27 6. SUSTENTABILIDADE NA ESCOLA Objetivo • Definir os conceitos de sustentabilidade. • Exemplicar os usos de sustentabilidade na escola. Introdução Sustentabilidade vem se tornando um termo de uso genérico e irrestrito. Conceitua- la adequadamente tem sido um desafio para para todas as áreas, não apenas para educação. Fica mais complicado ainda quando a definição da palavra se dá como “desenvolvimento sustentável”, sem qualificá-la. Podemos falar em desenvolvimento econômico, biológico, social, político, cultural, entre outros, o que torna essa palavra múltipla de interpretações. 6.1. O que é sustentabilidade? Neste materialiremos interpreta e definir o conceito de sustentabilidade à área da educação. Assim, a sustentabilidade na escola é definida como um conjunto de práticas e ensinamentos, dentro do ambiente escolar, voltadas para o desenvolvimento sustentável do planeta. Agregando esta definição à de Brundtland (1987) onde diz que “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações”, podemos entender que a sustentabilidade na escola não está voltada apenas para o desenvolvimento sustentável do planeta mas também para o desenvolvimento sustentável da escola e de todo o entorno escolar. 6.2. Relação entre Sustentabilidade e Educação Ambiental A Educação Ambiental é uma ferramenta para a concretização do desenvolvimento sustentável. Ambas caminham lado a lado em busca da conscientização das pessoas para melhorar seu relacionamento com o meio ambiente, os recursos naturais e a natureza. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 28 A sustentabilidade não devem ser apenas uma palavra que enriquece um currículo ou uma proposta de ensino. É necessário entender o conceito e aplicá-lo no dia-a-dia escolar para que os alunos carreguem em si esse conhecimento e comprometam-se a deixar um legado de desenvolvimento sustentável para as futuras gerações. 6.3. Como trabalhar a sustentabilidade na escola. São diversas as formas de transmitir a conscientização para os alunos, abaixo deixo alguns exemplos de trabalhos de sustentabilidade que podem ser realizados no âmbito escolar mas que são capazes de alçancar tanto o entorno da escola, como o bairro em que a escola se situa, expandindo-se. • Criação de sistemas de reciclagem do lixo. • Desenvolvimento de projetos voltados para a reutilização de materiais recicláveis (enfeites, papel reciclável, utensílios domésticos e etc). • Criação, no espaço escolar, de uma horta orgânica, mantida pelos próprios alunos. Os vegetais colhidos podem ser utilizados na elaboração de lanches e merendas para os alunos ou, até mesmo, doados para instituições sociais e famílias carentes. • Desenvolvimento de programas voltados para o plantio de árvores nas escolas ou na comunidade. • Ações voltadas para o uso racional (com economia) de água e energia elétrica, evitando ao máximo o desperdício. • Captação da água de chuva para limpeza da escola. • Colocação, num espaço da escola, de recipientes destinados ao descarte de pilhas e baterias usadas. Coleta de óleo usado. Estas deverão ser entregues às empresas que fazem o descarte adequado. • Consumo consciente, estímulo ao reaproveitamento de materiais usados na escola, criação da rede de carona solidária. • Estimular a produção de conteúdos para a transmissão dos conhecimentos como blogs, páginas, perfis, produção de textos, imagens, áudios, vídeos. Observa-se assim que a Educação Ambiental é um meio que permite a escola alcançar um desenvolvimento sustentável. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 29 6.4. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS-ONU) Em setembro de 2015, chefes de Estado, de Governo e altos representantes da Organização das Nações Unidas reuniram-se em Nova York e adotaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a qual inclui os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A nova Agenda de desenvolvimento propõe uma ação mundial coordenada entre os governos, as empresas, a academia e a sociedade civil para alcançar os 17 ODS e suas 169 metas, de forma a erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. (ONU, 2015) São eles: 1. Erradicação da pobreza: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. 2. Fome zero e agricultura sustentável: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoraria da nutrição e promover a agricultura sustentável. 3. Saúde e bem-estar: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. 4. Educação de qualidade: Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. 5. Igualdade de gênero: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. 6. Água potável e saneamento: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. 7. Energia limpa e acessível: Assegurar a todos o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia. 8. Trabalho decente e crescimento econômico: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos. 9. Indústria, inovação e infraestrutura: Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. 10. Redução de desigualdades: Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. 11. Cidades e comunidades sustentáveis: Tornar as cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 30 12. Consumo e produção responsável: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. 13. Ação contra a mudança global do clima: Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os seus impactos 14. Vida na água: Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, mares e os recursos marinhos, para o desenvolvimento sustentável. 15. Vida terrestre: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra, e deter a perda da biodiversidade. 16. Paz, justiça e instituições eficazes: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. 17. Parcerias e meios de implementação: Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. • http://www.pnud.org.br/ODS.aspx • http://www.pnud.org.br/Docs/genda2030completo_PtBR.pdf http://www.pnud.org.br/ODS.aspx http://www.pnud.org.br/Docs/genda2030completo_PtBR.pdf Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 31 7. INTERDISCIPLINARIDADE Objetivo • Definir a palavra “interdisciplinar”; • Identificar a interdisciplinariedade entre o ensino de Ciências com as demais disciplinas; • Exemplificar a interdisciplinariedade do ensino de Ciências. Introdução De acordo com o dicionário, A palavra interdisciplinar é formada pela união do prefixo "inter", que exprime a ideia de "dentro", "entre", "em meio"; com a palavra "disciplinar", que tem um sentido pedagógico de instruir nas regras e preceitos de alguma arte. Assim, a palavra “interdisciplinar” é um adjetivo que qualifica o que é comum a duas ou mais disciplinas ou outros ramos do conhecimento. É o processo de ligação entre duas ou mais disciplinas. As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica consideram a interdisciplinaridade sendo uma abordagem teórico-metodológica que deve existir na organização e gestão do currículo das escolas brasileiras e determinam que 20% da carga horária anual seja destinada para projetos interdisciplinares. (BRASIL, 2013) A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao contrário, mantém sua individualidade, mas integra as disciplinas a partir da compreensão dasmúltiplas causas ou fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha todas as linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos, comunicação e negociação de significados e registro sistemático dos resultados. BRASIL (1999, p. 89) O conceito de interdisciplinaridade deixa evidente que todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros, independente que esse seja um questionamento, uma confirmação ou até uma negação. Lapa, Berjano e Penido (2011) ressaltam que são inúmeras as experiências que proporcionam a interdisciplinaridade: • A construção de projetos em comum, de fóruns de discussão para problematizar um conhecimento envolvendo várias disciplinas; • A utilização de experiências curriculares por problema, quando a compreensão e a resolução de questões pertinentes e relevantes para a escola e para a Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 32 comunidade são vivenciadas e estudadas e sugestões de soluções são construídas; • O envolvimento de várias disciplinas em discussões mobilizadas pela mídia com a utilização dos potenciais educativos das tecnologias contemporâneas; • A mobilização de várias disciplinas em eventos científicos e socioculturais, demandando a construção de relações; • A análise de filmes, documentários, peças, obras técnicas, obras de arte e literárias, intercruzando vários campos do saber; “Todas essas experiências conjugadas podem e devem potencializar a interdisciplinaridade desejada, que significa, acima de tudo, fazer as disciplinas se encontrarem e dialogarem em torno de necessidades significativas e concretas, eleitas como importantes para a formação do jovem aprendiz (Lapa, Berjano e Penido. 2010:5).” No campo das ciências, a interdisciplinaridade consegue resolver duas dificuldades sendo uma relacionada ao conhecimento já produzido e outra relacionada a produção de novos conhecimentos. Assim, ela contribui na diminuição da dissociação do conhecimento produzido e cria uma nova ordem do conhecimento (LÜCK, 2003). Para Selbach (2010) trabalhar o ensino de Ciências como ferramenta interdisciplinar não significa o professor reter todos os conhecimentos, elementos e fenômeno das demais disciplinas, mas saber propor desafios para que os alunos estabeleçam essa relação. 7.1. Projetos de Ciências e Interdisciplinaridade Os projetos de Ciências, Educação Ambiental e Sustentabilidade são capazes de abordar a interdisciplinaridade de forma ampla. A matemática pode auxiliar os alunos a expressarem os resultados obtidos em seus trabalhos através de gráficos, análises estatísticas, avaliações quantitativas e análise evolutiva dos dados colhidos. A Língua Portuguesa propõe temas para discussões (contribuindo à adequação da linguagem escrita e oral), argumentações e interpretação correta dos dados, das bibliografias consultadas e o respeito as diversas opiniões existentes. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 33 As aulas de artes contribuem na busca de diferentes linguagens, como música, teatro, desenho, recortes, danças, paródias, entre outras, que expressarão a apresentação dos resultados obtidos. A História é indispensável na avaliação da relação Homem x Natureza (retrospectiva e propesctiva) bem como na análise de comunidades que usavam o desenvolvimento sustentável. A Educação Física contribui na proposição de posturas e ações de preservação. As “regras” e sanções dos esportes, assim como seu descumprimento deve se transformar em uma ponte de associação ao desrespeito às regras ambientais mundiais e suas consequências. A Geografia e o ensino de Ciências possuem conteúdos em ambas que transformam a questão ambiental em um pensamento transversal, percorrendo as disciplinas em qualquer tema e em todos os anos letivos. Gostaria de deixar para a vídeo aula alguns exemplos práticos de interdisciplinaridade entre o ensino de Ciências e as demais disciplinas. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 34 8. METODOLOGIAS E TENDÊNCIAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS Objetivos • Definir as metodologias mais usadas no ensino de Ciências • Descobrir as principais tendências para o ensino de Ciências Introdução São quatro os pilares da Educação Mundial. Estes devem representar a harmonia de uma educação de qualidade e que foram estabelecidos para as políticas nacionais se integrarem e caminharem em busca de uma mesma direção. Em nosso país os pilares são vistos mais como “intenções” do que como metas definidas. 8.1. Os quatro pilares da Educação no ensino de Ciências (por Selbach, 2010) 8.1.1. Ensinar a conhecer O ensino não pode ser centralizado apenas no que se ensina, este deve dar oportunidades para que o aluno o utilize para aprender outras coisas. A aprendizagem significativa deve sempre, em todas as aulas e em todos os momentos, articular a natureza e humanidade, análise e síntese, conhecimento e aplicação, o ontem e o hoje. 8.1.2. Ensinar a fazer Aprender depende de saber fazer o que aprendeu assim, mostrar ao aluno como empregar os saberes no dia-a-dia. No ensino de Ciências não existe e não pode existir um “tema” para competências (saber fazer) e habilidades (bem fazer) porque esse ato se constrói em cada assunto que se aprende e em cada aula do professor. 8.1.3. Ensinar a compartilhar O homem é um ser social. Somos o que somos e alcançamos o que foi possível alcançar porque vivemos em grupo e porque descobrimos que sem compartilhar não existe a família, a comunidade, a nação. É impossível a ciência da pessoa e do egoísmo em lugar de uma ciência que relaciona gentes e estuda a sociedade. Ensinar a compartilhar está além de ensinar que existem “outros”, é ensinar como essa união pode ser construída. O Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 35 aluno precisa perceber que trabalhar em grupo não é apenas uma estratégia escolar mas um caminho na construção da felicidade coletiva. 8.1.4. Ensinar a ser Esse pilar compõe e completa os outros três. O aluno precisa aprender a ser e cabe ao professor ajudar a descobrir sua individualidade. Conhecendo-se bem a si mesmo é possível transformar-se com o outro e permitir que os outros se transformem. O ensino de Ciências ensina novas maneiras de olhar o mundo, constituindo um elemento essencial para esssa revelçao. Não se é professor de verdade se nossas aulas não estão ajudando nossos alunos a conhecer, por conhecer, saber fazer; por fazer bem, melhor compartilhar; e, assim, ao “ser” se autoconhecer e ajudar a mudar o mundo em que vive e onde aprende a conviver. 8.2. A escola “puxada” em Ciências (por Bizzo, 2012) Como podemos definir o que é uma escola “puxada” em Ciências? Essa questão tem diversos pontos de vista. São duas as concepções para essa questão, uma a Educação, como vista de como fazer uma geração enfrentar o mundo à sua frente e a outra, do que é Ciência, e como ela deve ser vista. Existem diferentes concepções do que é Educação e Ciência, ambas possuem extensos assuntos abordados em diversas publicações e atualmente estão sendo aprofundadas. Ao longo dos anos vimos que o aprender Ciência era instrínseco ao repetir o “certo”. Os pais parecem gostar de ver seus filhos repetindo palavras difíceis que aprenderam nas aulas de Ciências. Neste sentido há uma concepção diferente entre Educação e Ciência. Os valores definidos pelos pais e a escola estão ligados com o resultado do ensino. Isso não significa que devemos abandonar essas terminologias técnicas no ensino de Ciências, mas devemosvalorizá-las para que possuam um significado na aprendizagem e não apenas a memorização delas. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 36 O esforço dos estudantes não deve ser unicamente para apresentar um resultado esperado pelo professor, mas descobrir os significados daqueles conhecimentos. É preciso ter cuidado ao dizermos que tal escola é “puxada” em Ciências pois podemos remeter o ensino de Ciências como uma atividade que ensinará o aluno apenas reproduzir dentro de uma frase palavras difíceis contextualizadas dando a impressão de que ele é um “bom aluno” em Ciências pois soube utilizar aquela terminologia de forma correta mesmo não tendo aprendido o que realmente aquilo significa. Estudar Ciências parece ser uma daquelas atividades que requerem registro profissional especial e, além disso, existe a a crença, mesmo que apenas implícita, de que os cientistas já têm respostas para todas as perguntas possíveis, restando ao aluno apenas conhecê-las. O aluno não deve se prender a terminologias para dizer que aprendeu Ciências, o ensino de Ciências não é “aprender e aceitar”, mas deve sempre trazer mais perguntas e diversas respostas. É importante incentivar os alunos a pensarem sobre os temas tratados e reconhecer suas conquistas em seu processo de aprendizagem. A mudança não parte apenas na forma que o professor ensina os seus alunos, mas também uma mudança na escola e na comunidade que devem ser consideradas para a transformação do ensinar. 8.3. Defesa do construtivismo no ensino de Ciências (por Cachapuz et al. 2011) Após o desenvolvimento do ensino de Ciências ao longo das décadas, tudo apontava para a constituição do ensino de Ciências como um novo campo de investigação e conhecimento, mas este desenvolvimento tem demonstrado convergências e progressos reais no processo de ensino-aprendizagem no ensino de Ciências. A emergência da Educação em Ciências está associada com as posições construtivistas, sendo descrita como uma mudança positiva. Contudo, alguns autores têm questionado essa posição construtivista, acreditando que não passa de uma nova “moda” que desenvolveria mais uma vez ineficácia no ensino- aprendizagem do Ciências por conta da transmissão/recepção de conhecimentos já elaborados. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 37 Essa estratégia baseia-se fundamentalmente no envolvimento dos alunos na construção do conhecimento, aproximando a atividade dos mesmos da riqueza do tratamento científico dos problemas incluindo, entre outros: • Considerar o interesse e importância das situações propostas, evitando que os alunos não tenham tido a oportunidade de formar uma primei ideia acerca do assunto/situação. • Tomada de decisões com ajuda de bibliografias, para definir e delimitar problemas concretos (atividade onde os estudantes começam explicando suas ideias de uma maneira funcional) • A invenção de conceitos e emissão de hipóteses. • Elaboração de possíveis estratégias para resolução de problemas. • Implementação de estratégias, assim como análise de resultados, confrontando- os com os obtidos por outros alunos e com a comunidade científica. A aprendizagem da Ciência acontece num processo de pesquisa orientada que leva o aluno a participar na (re)construção do conhecimento científico, favorecendo uma aprendizagem mais significativa e eficiente. 8.4. Metodologias comuns no ensino de Ciências 8.4.1. Tradicional Essa metodologiaa também é conhecida como conteudista ou convencional. Predominante no século XIX até meados de 1950. Essa metodologia não é considerada a mais adequada para as práticas atuais, porém continua sendo adotada em muitas escolas. Tem como foco expor os conhecimentos existentes sobre determinados temas. As aulas são expositivas sendo o professor e o livro didático o centro da aula e as únicas fontes de informação. Nessa metodologia existe o incentivo à memorização e o laboratório serve apenas para comprovar as teorias. 8.4.2. Tecnicista Surgiu na década de 1960 em contraposição à metodologia tradicional. O principal objetivo é reproduzir o método científico. As aulas são experimentais em laboratórios dando ênfase na reprodução dos passos feitos pelos cientistas. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 38 8.4.3. Investigativa Criada por volta de 1970, misturou algumas características das duas metodologias anteriores e colocou o aluno como centro da aprendizagem. Essa metologia foca na resolução de problemas que exigem levantamento de hipóteses, observação, investigação, pesquisa em diversas fontes e registros ao longo do processo de aprendizagem. A estratégia do ensino está em apresentação de situação-problema para que o aluno utilie seus conhecimentos em busca de resolução. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 39 9. DESAFIOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS Objetivos • Reconhecer os desafios enfrentados pelos professores no ensino de Ciências • Entender a necessidade de quebrar barreiras no ensino de Ciências Introdução O ensino de Ciências pode parecer fácil em certos momentos, mas isso não significa que esteja atingindo os objetivos. Por outro lado, ele pode parecer difícil, mas proporcionar grande envolvimento dos alunos e professor. O mais importante é reconhecer a real possibilidade de entender o conhecimento científico e sua importância na formação do aluno para que ele amplie sua atuação no mundo em que vive. (BIZZO, 2012) O professor de Ciências enfrenta uma série de desafios para superar limitações metodológicas e conceituais de formação em seu cotidiano escolar. O ensino de ciências, na etapa inicial de escolarização, apresenta algumas características específicas como o fato de possuir um professor polivalente, de quem geralmente se espera o domínio de áreas diversas do conhecimento, como português, matemática, ciências, história, artes, etc. (BIZZO, 2012; LONGHINI, 2008) Entretanto, independentemente desse condicionante favorecer ou não o processo de ensino e aprendizagem de ciências, as pesquisas têm revelado que o ensino dessa área apresenta uma série de problemas, como dificuldade dos docentes em relação aos conteúdos de ciências, uso exclusivo do livro didático, ênfase nos conteúdos da área de Biologia, usa de poucas atividades experimentais, entre outros (LONGHINI, 2008; ROSA et al., 2007; BRANDI & GURGEL, 2002). “O educador em Ciências tem sido historicamente exposto a uma série de desafios, os quais incluem acompanhar as descobertas científicas e tecnológicas, constantemente manipuladas e inseridas no cotidiano, e tornar os avanços e teorias científicas palatáveis a alunos do ensino fundamental, disponibilizando-as de forma acessível.” No atual contexto sócio-político-econômico brasileiro estão surgindo muitas modificações no espaço-tempo social, que representam uma diversificação das formas de pensar a construção da cidadania e pressupõem a possibilidade de construção de uma sociedade onde não existam sujeitos privilegiados, ou seja, de uma utopia ecológica e Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 40 democrática cujos protagonistas poderão ser todos aqueles que constituem as práticas sociais (SOUSA SANTOS, 1994). Nesse contexto, aprender a ser professor não significa meramente apropriar-se de conteúdos e técnicas de ensino. Trata-se de uma aprendizagem que deve ocorrer por meio de situações práticas efetivamente problemáticas, o que exige a construção de uma prática educativa reflexivae crítica. (NASCIMENTO, 2010) Um desafio imposto ao professor é aplicar práticas pedagógicas acompanhadas de práticas conceituais; ou seja, relacionar os conceitos à realidade do aluno, dando significado e importância ao assunto apresentado. Tal desafio requer a integração de disciplinas, conhecimentos específicos e qualificações humanas, como habilidades, competências, atitudes e valores. O papel dos professores dos anos iniciais está em promover atividades investigativas que suscitem o interesse dos alunos, que estimulem sua criatividade, sua capacidade de observar, testar, comparar, questionar, que favoreça a ampliação de seus conhecimentos prévios, preparando as crianças para níveis posteriores da aprendizagem conceitual. (VIECHENESKI, 2013) O objetivo do Ensino de Ciências não está mais voltado para: a memorização de regras; classificações; repetição de definições; questões com respostas prontas; e uso indiscriminado e acrítico de fórmulas, tabelas e gráficos desarticulados dos fenômenos contemplados; experiências cujo único objetivo e a verificação da teoria, mas para o desenvolvimento de uma consciência crítica e do reconhecimento e aplicação da ciência no nosso dia a dia. Ensinar ciências no cenário atual requer que os professores compreendam as origens das inovações científicas e tecnológicas; lutem contra as desigualdades impostas pelo capital e pelo exercício do poder; e abram novos horizontes aos estudantes no sentido de se desenvolverem humana e integralmente. A eficácia do trabalho do professor de ciências está diretamente relacionada à capacidade de articular práticas educativas às práticas sociais, ou seja, o trabalho desenvolvido nas escolas com o processo de democratização e reconstrução da sociedade (SAVIANI, 1997). Outro desafio proposto é a Ciência para todos, que tem o objetivo de pôr o saber científico ao alcance de todos, com a democratização do acesso à educação fundamental pública. Sendo assim, o professor deve atualizar sua prática educativa para que tenha competência para enfrentar essa nova realidade de uma sociedade globalizada, com novas formas de expressão, novas crenças e valores, novas expectativas e um novo contexto sociofamiliar. Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 41 A escola deve reconhecer as necessidades do educador, valorizando seu trabalho, inclusive oferecendo remuneração coerente com seu ofício e trabalho desempenhado. Afinal, anos de desvalorização da categoria docente, baixos salários e desprestígio em termos sociais desencadearam um fenômeno de descrença na qualidade acadêmica de professores em formação (TEDESCO, 2000) “É urgente que se mude a distância entre ciência dos laboratórios, da manipulação da natureza e das apreensões políticas com a ensinada deforma acrônica e tradicional na maior parte das salas de aula. É essencial que os professores que pensam dessa maneira se transformem rapidamente e percebam que têm em suas mãos um desafiador conhecimento sobre a vida e sobre a natureza, que requer mais discussões que discursos, mais reflexões que memorizações. Ser um professor hoje não é tão fácil quanto era há décadas, mas se fazer um novo professor para essa nova maneira de encarar a disciplina é assumir papel primordial para todo aluno que, aprendendo a ser cidadão de hoje, prepara- se também para ser um cidadão de amanhã.” (SELBACH, 2010) ARCE, A. SILVA, D.A.S.M. VAROTTO, M. Ensinando ciências na Educação Infantil. 1 ed. Campinas, São Paulo: Alínea, 2011. BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Biruta, 2010. 2º ed. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm> Acesso em: 18 de jul. 2018. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.: il. BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão; Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 42 &alias=13448-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf&Itemid=30192> Acesso em: 18 jul. 2018. BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Parecer nº 11, de 7 de julho de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de dezembro de 2010, Seção 1, p. 28. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download &alias=6324-pceb011-10&category_slug=agosto-2010-pdf&Itemid=30192/> Acesso: 20 jul. 2018. CRAIDY, C.M. KAERCHER, G.E. Educação Infantil: Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001. DELIZOICOV, D. e ANGOTTI, J. A. Metodologia do ensino de ciências. São Paulo: Cortez, 1990. FROTA PESSOA, O. et alii. Como ensinar ciências. São Paulo: Nacional, 1987. LAPA, J.M, BERJANO, N.R., PENIDO, M.C.M, Interdisciplinaridade e o ensino de ciências: uma análise da produção recente. 2011. Disponível em <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R0065-1.pdf> Acesso em: 30 jul. 2018. LONGHINI, M. D. O conhecimento do conteúdo científico e a formação do professor das séries iniciais do ensino fundamental. Investigações em Ensino de Ciências, v. 13, n. 2, p.241-253, 2008. MACEDO, E. Ciência, tecnologia e desenvolvimento: uma visão cultural do currículo de ciências. In: LOPES, A. C. e MACEDO, E. (orgs.). Currículo de ciências em debate. Campinas: Papirus, 2004, p. 119-153. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a Base. Brasília: 2017. Acesso em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp- content/uploads/2018/06/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf> Acesso em: 18 jul. 2018. Ministério da Educação. RESOLUÇÃO Nº 2, DE 15 DE JUNHO DE 2012 - Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Brasília. Disponível em: < http://conferenciainfanto.mec.gov.br/images/conteudo/iv- cnijma/diretrizes.pdf> Acesso em: 22 ju. 2018. Ministério do Meio Ambiente. Lei Nº 9795/1999 - Lei de Educação Ambiental - "Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências”. Publicação DOU, de 28/04/1999. Disponível em < http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321> Acesso em: 20 jul. 2018 MORETTO, Vasco P. Construtivismo: a produção do conhecimento em aula. 3ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. NASCIMENTO, F. O Ensino de Ciências no Brasi: História, formação de professores e desafios atuais. Revista HISTEDBR On-line. Campinas, n.39, p. 225-249. 2010. ISSN: 1676-2584 Relatório Brundtland. Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente. Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 2ª ed. 1991. http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321 Metodologia do Ensino de Ciências, Ambiente e Sustentabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 43 Disponível em <https://pt.scribd.com/doc/12906958/Relatorio-Brundtland- Nosso-Futuro-Comum-Em-Portugues> Acesso em: 22 jul.2018. RODRIGUES, N. O ensino de ciências naturais na Educação Infantil: Reflexões. 2016. Disponível em: <https://nathyrodriguees.jusbrasil.com.br/artigos/365565907/o-ensino-de-
Compartilhar