@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); 14 QUAL PSICÓLOGO ESCOLAR É NECESSÁRIO PARA ATUAR EM QUAL ESCOLA?Idealmente a escola deveria ser uma instituição que incluísse as diferenças e tirasse partido dela; fosse um laboratório de exercício de democracia e cidadania, ousando até em representar uma minis sociedade onde valores éticos e a preocupação e respeito com outro fosse, antes de tudo, praticados e não discursados; onde as disciplinas, talvez até mudassem de nome, pois soa como algo autoritário, e pudesse estar intimamente relacionada com a realidade dos estudantes, mas para isso seria necessário conhecer essa realidade; fosse um lugar onde as vozes têm lugar e ressonância. É bem provável que nessa escola a presença de um psicólogo não fosse tão necessária.Mas, sabemos que a realidade não é essa e com base na realidade escolar que temos, a presença do profissional de psicologia se torna bem oportuna.Viemos discutindo o lugar desse profissional em um campo de atuação complexo permeado de forças opostas, mas veladas. Já sabemos agora que esse profissional não pode desprezar certos conhecimentos que o habilitam a cumprir a sua função que não é, nem pode ser a de psicologizar as queixas escolares. Atarefa ainda está em construção, mas já temos uma ideia de em qual direção as intervenções devem acontecer. No entanto, os currículos dos cursos de psicologia fornecem esse arcabouço teórico e prático? Caso negativo, onde os psicólogos vão buscar esses conhecimentos? Se for para atuar na rede pública, via concurso, há obrigatoriedade de especialidade nessa área? Existe algum movimento dos órgãos reguladores da profissão, com vistas a garantir um mínimo de conhecimento do psicólogo para atuar em áreas específicas?Nome da Nome da Disciplina e Créditossc:iplina:1º PERÍODO: FIL 0102** Optativas de Filosofia - Núcleo Básico do CTCH - 4.NBH 0121** Optativas de Sociologia/História - Núcleo Básico do CTCH - 4. PSI 1020 : Fundamentos em Neurociências - 8.PSI 1600: Método Científico em Psicologia - 4.PSI 1817: História da Psicologia - 6.2º PERÍODO: CRE 1100: O Humano e o Fenômeno Religioso - 4.LET 1910: Análise e Produção de Texto Acadêmico - 4.PSI 1831: Métodos Quantitativos - 4.PSI 1848: Processos Psicológicos Básicos - 8.PSI 1910: Teoria Psicanalítica - 4.3º PERÍODO: CRE 0700** Optativas de Cristianismo - 4.PSI 1016: Metapsicologia Freudiana - 4.PSI 1850: Psicologia e Desenvolvimento - 6.PSI 1860: Linguagem e Cognição.4º PERÍODO: CRE 1141: Ética Cristã - 2.PSI 1869: Abordagem Psiquiátrica dos Quadros Clínicos - 4.PSI 1870: Psicologia Social - 6.PSI 1900: Psicologia e Instituições - 6.PSI 1981: Estágio Básico I - 4.5º PERÍODO: PSI 1839: Métodos Qualitativos - 4.PSI 1903: Psicologia e Saúde - 4.PSI 1930: Psicoterapias - 6.PSI 1950: Psicologia, Trabalho e Organizações - 6.PSI 1982: Estágio Básico II - 4.6º PERÍODO:PSI 1024: Avaliação Psicológica - 6.PSI 1898: Linguagem e Subjetividade - 4.PSI 1983: Estágio Básico III- 4.7º PERÍODO: PSI 1960: Psicologia e Educação - 6.PSI 1984:Estágio Básico IV - 4.8º PERÍODO: CRE 1161: Ética Profissional - 2.PSI 1970: Monografia I - 6.9º PERÍODO: PSI 1971: Monografia II - 6.PSI 1985: Estágio Básico V - 10.10º PERÍODO: PSI 1986: Estágio Básico VI - 10.Tendo como base de análise o currículo acima, podemos perceber que, ao longo dos cinco anos mínimos para a habilitação na formação de psicólogo, temos uma disciplina mais específica ligada à educação (Psicologia e Educação), no sétimo período e outras duas mais ligadas às questões institucionais (Psicologia e Instituições e Psicologia, Trabalho e Organizações), respectivamente no quarto e quinto período. Os estágios podem ser feitos em instituições ou em clínica, com supervisão em ambos os casos.É claro que uma disciplina não dará conta de refletir sobre tantos aspectos envolvidos na prática de psicólogo escolar e, além disso, deduz-se que ao nomear a disciplina de Psicologia e Educação traça-se outro viés na abordagem das questões ligadas à educação. Portanto, a resposta à pergunta: Os currículos dos cursos de psicologia fornecem esse arcabouço teórico e prático? Com base no currículo dessa instituição, podemos dizer que não \u2013 a resposta é negativa também para a atuação em outros campos como saúde, esporte, justiça, empresas, etc. Podemos supor que o psicólogo ao trabalhar na área de educação (não há obrigatoriedade de especialização), transfere os conhecimentos de outra área para essa ou, vai buscar sozinho esse aperfeiçoamento em cursos extracurriculares, seja durante a graduação ou depois de formado.Retomando a pergunta que titula esse capítulo Qual psicólogo escolar é necessário para atuar em qual escola? Primeiramente temos que conhecer o contexto onde se dão as práticas educativas em nosso país para que a intervenção acompanhe a necessidade desse contexto, mas não a necessidade oferecida, muitas vezes, - a de exclusão do aluno com queixa escolar pela instituição. A necessidade que o psicólogo escolar deverá ser capaz de desvendar com base na queixa escolar é aquela que ele alcançará articulando os conhecimentos clínicos, institucionais e sistêmicos. Logo, embora precisemos que ele tenha uma especialidade, é necessário que tenha uma visão global do campo em questão. A ideia de pensar globalmente e agir localmente podem ser aplicados nesse caso. Embora os currículos ainda coloquem ênfase na formação clínica com foco no indivíduo e não em uma formação social com ênfase na coletividade presente nas instituições, o psicólogo escolar terá que galgar o caminho que amplie seu campo de visão sob o risco de intervir individualmente, em um campo onde as queixas são produzidas coletivamente.Pensar que a escola, em especial a pública, é atravessada por questões de ordem política, social e administrativa resultado do gerenciamento, ou da falta dele, do Estado já norteia a problematização necessária ao psicólogo escolar frente às queixas a ele encaminhadas. Dessa forma, pensar no profissional de psicologia para atuar na área escolar é pensar que ele deva desenvolver os seguintes atributos:Olhar sistêmico a respeito das queixas escolares;Conhecimento sobre as variáveis políticas da prática pedagógica;Conhecimento sobre as leis que regem a educação no lugar em que atua;Capacidade de pensar globalmente e agir localmente;Capacidade para articular diversas informações e emitir um diagnóstico situacional;Capacidade em lidar com tensões ocasionadas por forças opositoras;Reconhecimento da função social e política de sua prática;Capacidade de articulação das diversas \u2018vozes\u2019 institucionais.
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