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A exploração da borracha na Amazônia (1)

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Prévia do material em texto

A exploração da borracha na Amazônia no século XIX e início do XX 
Professor Bruno Rafael Machado Nascimento 
 
 
Neste texto trataremos sobre a exploração da borracha na Amazônia durante a 
segunda metade do século XIX e início do século XX, ou seja, no final do império e 
início da república no Brasil. Esse foi o primeiro período de exploração gomífera e o 
segundo foi durante a Segunda Guerra mundial. São vários os fatorem que explicam o 
desenvolvimento da exploração da borracha silvestre brasileira (Hevea brasiliensis) na 
Amazônia na segunda metade do século XIX, mais precisamente entre 1850 ou 1870 e 
1912: 1º o aumento da demanda dos EUA e da Europa para produção de utensílios 
e depois a indústria pneumática (de pneus); 2º A região tornou-se a principal 
produtora mundial de borracha e detinha o monopólio; 3º a disponibilidade de mão 
de obra que garantiu a extração do látex a baixo custo. 
A exploração da borracha foi uma atividade extrativista que proporcionou 
altíssimos lucros aos patrões (seringalistas) que esbanjaram suas fortunas, principalmente 
nas cidades de Manaus e Belém. Isso significa que para a maioria dos seringueiros que 
entravam nas matas para extrair o látex da árvore, os recursos mal ofereciam o mínimo 
para a sua subsistência e da família. Antes de tratarmos sobre a vida dos seringueiros (os 
trabalhadores que retiravam a seiva da seringueira, o látex) é importante esclarecermos 
que os não indígenas aprenderam com os nativos a importância da borracha, pois eles já 
utilizavam para fabricação de seringas e bolas. 
A vida do seringueiro não era fácil, pois viver no interior da floresta extraindo o 
látex exigia bastante esforço e sacrifício. Abaixo temos uma gravura que representa esse 
trabalhador: 
 
Seringueiro 
 
Fonte: http://historiainte.blogspot.com/2013/06/ciclo-da-borracha-dos-primordios-ate.html 
Vários trabalhadores vieram da região nordeste, principalmente do Ceará e a partir 
de 1870 quando naquela província aconteceu uma seca e consequentemente crise. Muitos 
levavam o sonho de melhorar de vida e fazer fortuna, isso os motivava a entrar pelos rios 
e igarapés para coletar o látex. Os patrões faziam de tudo para atrair essas pessoas. As 
estratégias consistiam no recrutamento, financiamento das passagens e despesas dos 
migrantes com promessas de enriquecimento rápido. Mas, essas despesas 
transformavam-se em dívidas que na prática impedia-os de sair do seringal. Vejamos o 
que afirma Alfredo Lustosa Cabral que viveu e trabalhou nos seringais do Alto Juruá, no 
atual Estado do Acre: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Leia o texto acima e responda as seguintes questões: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Podemos nos perguntar quem eram as pessoas que iam à Amazônia? Em geral 
homens solteiros, jovens ou adultos que viviam em condições precárias. Alguns poucos 
vieram com recurso na tentativa de se estabelecerem como comerciantes, mas também 
vieram com suas famílias que ajudavam na lida do dia a dia. 
 Cristina Donza Cancela pesquisou sobre as famílias na economia da borracha e 
descobriu como era a vida delas. Como você pode imaginar, a dos pobres era mais difícil. 
Por exemplo, muitos seringueiros iam às florestas em busca do látex e suas famílias 
ficavam nas cidades, principalmente Belém e Manaus. Grande parte não tinha dinheiro 
para pagar aluguéis e acabavam vivendo em cortiços (tipo de vila com muitas casas 
É sabido como se fazia o povoamento dos seringais: os proprietários desses 
centros de indústria extrativa iam, anualmente, ao Ceará e outros Estados do 
Nordeste, fazer o recrutamento dos trabalhadores. Seduziam-nos, falando-lhes 
das secas arrasadoras, da penúria em que viviam, ad abundância que 
facilmente se aufere na floresta das heveas e das siphonias, do conforto que, 
emigrado, poderiam proporcionar a família [...] E, assim sugestionados, 
formavam-se grupos de emigrantes, que eram transportados à capital do 
Estado, onde embarcavam, as centenas, nos porões infectos dos navios [...] 
(CABRAL, 1984, p. 23). 
 
1. Do que trata o relato do 
Alfredo Lustosa Cabral, ou 
seja, qual é o tema central? 
2. Quais eram as estratégias 
utilizadas pelos seringalistas 
para convencer as pessoas? 
3. Por que muitas pessoas foram 
trabalhar nos seringais da 
Amazônia? 
 
pequenas bem coladas umas das outras e feitas com materiais precários). Vejamos o que 
afirma a historiadora sobre as dificuldades das famílias dos imigrantes nordestinos: 
 
Por causa dessas dificuldades, algumas pessoas mudavam de 
atitude. Sabe o que elas faziam? O homem ia sozinho para os 
seringais e deixava a família morando na cidade. Isso era 
bastante comum. O verão era a época em que podia extrair a 
borracha da árvore da seringueira. Quando chegava o verão, os 
homens iam embora arrumar trabalho nos seringais do interior 
do estado. As mulheres e os filhos pequenos ficavam em Belém. 
No período de chuva, alguns deles voltavam para morar 
novamente em Belém com a família até o próximo verão 
(CANCELA, 2012, p. 28). 
 
 Essa descrição não cabe somente a Belém, mas também para o Amazonas, Acre e 
Macapá. Era um movimento sazonal, ou seja, no verão iam e depois voltavam. Mesmo 
na década de 1940 e 1950 em Macapá, os moradores trabalhavam nas roças, mas também 
iam em busca do látex nas ilhas da frente da cidade, isto é, em terras paraenses. No livro 
do historiador Sidney Lobato há um relato do senhor Joaquim Theófilo de Souza, 90 anos, 
que demonstra isso: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A fala do senhor Joaquim demonstra que os macapaenses viviam basicamente das 
suas pequenas roças onde trabalhavam em família e em alguns momentos viravam 
seringueiros para complementar a renda. Conforme Sidney Lobato, quando iam às ilhas 
extrair o látex, muitos jovens que estavam nas escolas acabavam faltando ou nem se 
matriculavam, pois a prioridade era o trabalho nos seringais. Esse era o modo de vida 
dos que viviam em Macapá, ou seja, agricultura (principalmente a mandioca para fazer 
farinha) a pesca e a borracha. 
Muita gente pergunta como era, se tinha emprego, mas, emprego não tinha. 
Trabalho aqui era a agricultura. Farinha que se fazia pra vender pra poder 
sobreviver [...] Quando chegava o verão, meu avô tinha um terreno na ilha do 
Pará (aqui em frente) e nós íamos, no mês de agosto, cortar borracha lá. Ele tinha 
um terreno grande. Ajudava muito, justamente devido os aluguéis das estradas e 
dava pra gente sobreviver. Meu avô, minha avó, meus tios, trabalhando, pescando 
aí nesta baía – pegando filhote, dourada, vendia tudo isso ajudava (Joaquim 
Theófilo de Souza. Entrevista realizada no dia 8 de maio de 2008 Apud LOBATO, 
2009, p. 149). 
 
Você pode se perguntar: para onde ia a borracha? Para a Europa e Estados Unidos. 
Os norte-americanos descobriram a técnica de vulcanização, ou seja, a borracha ficava 
mais resistente (essa técnica foi descoberta por Charles Goodyer em 1844) e com ela se 
produzia pneus de carros e de bicicletas que no final do século XIX estavam virando 
febre. Foi tanta borracha vendida que se tornou o segundo maior produto exportado pelo 
Brasil perdendo apenas para o café. No final do século XIX os usos da borracha haviam 
se difundido e já se faziam bolsas, cintas, ligas, molas de porta, cilindros, botas, capas, 
cadeiras, tapetes, botes, salva-vidas, forros, luvas, seringas etc. 
 
Atividades nos seringais 
 
Eram várias as funções no interior de um seringal (local onde se reuniam as 
seringueiras e onde as pessoas passavam a viver), dentre elas tinha: seringueiro que 
cortava a árvore de seringa, caucheiro que abatia a árvore do caucho e lhe tirava o leite, 
mateiros homens que entravam na floresta em busca da seringueira, toqueiros que 
auxiliavam os mateiros e abriam as estradas, camboieiros que conduziam os burros até o 
centro e traziam a borracha à beira. 
O dono do seringal era o patrão que posteriormente passou a ser chamadode 
seringalista. Ele exercia controle sobre o seringueiro que dependia dele. Como ocorria 
essa dependência? No interior dos seringais existiam os barracões onde o seringalista 
vendia aos seus trabalhadores gêneros alimentícios, como por exemplo, o arroz, feijão e 
outros. Essa venda era anotada no “caderninho” para posteriormente ser quitada, porém 
os seringueiros sempre ficavam endividados por não conseguir pagar e por isso não 
poderiam sair do seringal. Por que não fugiam? Até escapavam, mas os patrões tinham os 
seus jagunços armados para impor o medo e violência. 
É possível que algum antepassado seu veio para a Amazônia como imigrante do 
Nordeste para trabalhar como seringueiro e aqui constituiu família. Também é possível 
que seu bisavô vivesse nas ilhas e cidades próximas, tenha trabalhado em algum momento 
na extração da borracha. Sabe por quê? Existiam muitos seringais na ilha do Marajó, 
principalmente Breves e Anajás. Ou então trabalhou na região do rio Jari onde a 
exploração da goma foi marcante. 
 
 
 
A exploração no vale do Jari 
No vale do Jari (Amapá) ainda no final do século XIX chegou um imigrante 
chamado José Júlio de Andrade que se tornou o maior comerciante da região e grande 
latifundiário (possuidor de muitas terras). Iniciou seu trabalho como regatão (pequeno 
comerciante fluvial que levava mercadorias da cidade para os interiores e trocava por 
produtos da floresta). Aos poucos foi implantando barracões nos rios Paru, Jari e seus 
afluentes. Ele avançava e ia se apossando de terras que iam desde o atual município de 
Almeirim no Pará até o rio Cajari no Amapá. “Zé Júlio” adquiriu poder e conseguiu o 
título de coronel da guarda nacional. Chegou a ser eleito Senador pelo Pará, mas na 
década de 1940 vendeu sua empresa para empresários portugueses. 
José Júlio trabalhou com exportação de vários produtos, entre eles, a castanha e a 
borracha, porém as suas práticas geraram dúvidas. Como conseguiu tantas terras nos 
atuais Pará e Amapá? Osvaldino Raiol em seu livro, Da utopia da terra, acusa José Júlio 
de ser um grande explorador de pessoas. Sua influência seria tão grande na região do Jari 
que ele determinava quem morreria e quem viveria. Em seus seringais ele tratava os 
seringueiros como quase “escravizados”. Inclusive o citado autor cita uma revolta 
liderada por Cesário Medeiros em que os revoltosos tomaram um barco do coronel José 
Júlio e foram à Belém denunciar as condições em que viviam. E hoje? Ainda há essa 
forma de exploração do trabalho? 
 
As casas aviadoras na economia da borracha 
 
 As casas aviadoras eram instituições que forneciam créditos aos donos dos 
seringais em forma de mercadorias e gêneros alimentícios, mas também de capitais para 
iniciar um seringal. Esse crédito era pago com a entrega de parte da safra de borracha. 
Essas casas dependiam das casas exportadoras que controlavam o comércio da borracha 
que por sua vez eram ligadas aos agentes financeiros europeus e norte-americanos. Dessa 
forma, destaca-se a figura do aviador como uma espécie de intermediário entre o 
seringalista e os exportadores da borracha. No fim deste sistema estava o seringueiro que 
endividado no barracão sofria as maiores dificuldades. Esse sistema ficou conhecido 
como aviamento. 
 Na realidade histórica o patrão não era o todo poderoso como alguns autores 
apresentam. Os patrões não controlavam de forma absoluta os seus trabalhadores por 
alguns fatores, entre eles: o seringueiro era móvel, ou seja, andava muito e por longas 
distâncias e a violência como punição era difícil de ser imposta, pois seringalistas rivais 
ofereciam proteção aos fugitivos. 
 É importante salientar um aspecto pouco estudado pelos historiadores, as relações 
entre seringueiros e indígenas. As terras que foram exploradas já possuíam donos e por 
isso o conflito com as populações ameríndias. Esses povos foram expulsos das suas terras, 
mortos ou tiveram que trabalhar nos seringais. 
 
A crise da exportação da borracha 
 
Por vários anos a Amazônia deteve o monopólio da produção da borracha, 
contudo, no início do século XX com o surgimento dos seringais asiáticos caracterizados 
pelos usos de técnicas avançadas, a produção da borracha selvagem no norte do Brasil 
entrou em decadência. A concorrência foi grande, pois o menor preço e melhor qualidade 
do produto asiático “destruiu” o produto brasileiro. 
Na Amazônia, a produção era rudimentar e o investimento em melhores condições 
foi baixíssimo. Soma-se a isso a dispersão dos seringais na imensa floresta e a falta de 
controle da mão de obra. 
 
A Belle Époque 
 
A belle époque na Amazônia foi o período em que os governos do Amazonas e do 
Pará captaram recursos por meio dos impostos gerados pela borracha e aplicaram no 
embelezamento e urbanização de Manaus e Belém, bem como, no patrocínio de vários 
artistas (pintores, cantores, escritores). O modelo adotado de “civilização” para a “selva” 
amazônica foi o de Paris. Importavam-se bebidas, chapéus, roupas, óperas francesas para 
mudar os costumes amazônidas. Devido os recursos da exploração da borracha, Manaus 
e Belém projetaram-se internacionalmente como cidades modernas. Novos meios de 
comunicação e de transportes foram implantados. Os bondes elétricos são exemplos 
disso. 
 
 
 
 
 
 
Manaus 
 
Fonte: http://historiainte.blogspot.com/2013/06/ciclo-da-borracha-dos-primordios-ate.html. 
 
 Observe esta fotografia e responda as questões abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nas duas capitais, vários outros serviços foram oferecidos: iluminação elétrica, 
rede de esgoto, pavimentação das ruas, sistema de telégrafo subfluvial, alargamento das 
avenidas, barcos a vapor. Portanto, na belle époque as duas cidades apresentavam bem-
estar e prosperidade principalmente para as elites. Os serviços públicos como iluminação, 
saneamento, arborização, encanamento, água encanada, transporte, aterros, alargamento 
das ruas e avenidas foram executados em locais específicos, ou seja, próximo das casas 
comerciais e nas ruas que facilitavam o acesso ao Porto de Manaus. 
 
 
 
 
 
 
 
1. Qual a intenção do governo ao instaurar o 
bonde elétrico em Manaus? 
2. Como a população reagiu a essas 
novidades? 
Travessa Frutuoso Guimarães, rua 15 de novembro, Belém. 
 
Fonte: http://historiainte.blogspot.com/2013/06/ciclo-da-borracha-dos-primordios-ate.html. 
 
Vários costumes foram implantados e outros modificados. A partir das reformas 
das praças (com jardins, bancos e coretos), a população com melhores condições 
financeiras ia para escutar as bandas musicais se apresentarem. Também aumentaram os 
bailes, cervejarias e o teatro (construído nesse período). 
Os costumeiros banhos de igarapés que cortavam Belém e Manaus passaram a 
ficar restritos devido à exposição do corpo. A cidade “moderna” devia evitar essas 
práticas “ultrapassadas”. Surgiram os canais e a ampliação do abastecimento domiciliar 
de água. 
Apareceram os clubes para facilitar a interação social entre a elite, onde as famílias 
se associavam e reuniam-se para conversar, divertir-se, dançar, tomar banho nas piscinas, 
praticar esportes e reforçar as suas diferenças para aqueles que não podiam entrar. 
Um utensílio tão utilizado atualmente em nossas casas foi introduzido neste 
período. Vejamos o que afirma a historiadora Ana Maria Daou: 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ventilador adentrou casas e ambientes públicos, amenizando o calor dos 
trópicos e espantando os insetos. Além disso, afastava temporariamente o 
forte odor do látex coagulado pela defumação; era o cheiro das pelas, as 
bolas de borracha que, para serem exportadas, passavam necessariamente 
pela capital, onde eram abertas e fiscalizadas, impregnando, assim, as áreas 
centrais de Manaus (DAOU, 2000, p. 47). 
 
A partir da leitura, responda: 
 
 
 
 
 
 
 
As elites locais adquiriram fascínios pelas óperas que eram apresentadas nas casasde óperas e nos teatros. Era a modernidade e o progresso chegando à Belém e Manaus. 
As famílias ricas e burguesas se encontravam nesses espaços. Na capital paraense foi 
inaugurado após vários anos de construção o Teatro da paz em 1878. Nele, as peças eram 
encenadas e as óperas apresentadas. É um símbolo da riqueza da borracha. 
 
Teatro da paz em Belém 
 
Fonte: http://historiainte.blogspot.com/2013/06/ciclo-da-borracha-dos-primordios-ate.html. 
 
 Em Manaus foi inaugurado em 1896 o teatro Amazonas como símbolo não só da 
borracha, mas como um espaço extremamente elitizado. 
 
 
 
 
 
 
1. Segundo a historiadora, qual foi a importância do 
ventilador? 
2. Será que toda população tinha acesso ao ventilador? 
Por quê? 
Teatro Amazonas em Manaus 
 
Fonte: http://historiainte.blogspot.com/2013/06/ciclo-da-borracha-dos-primordios-ate.html. 
 
 Nem só de óperas e clubes viviam as elites, mas também de cervejas e chopes. Em 
Belém e Manaus as câmaras frigoríficas foram utilizadas para servir as bebidas nos bares. 
Novidade muito bem aceita devido o calor dos trópicos. 
Nessas cidades as fábricas de cervejas apareceram na paisagem urbana e as 
bebidas animavam os finais de semana dos homens envolvidos com a economia da 
borracha. Muitos deles eram fiscais, representantes das firmas e das companhias de 
navegação. Na mesa do bar faziam os últimos acertos para compra e exportação da 
borracha. E as mulheres da elite? Eram atraídas pelos anúncios de jornais que as 
conclamavam a comprar os últimos produtos vindos de Paris. 
 As cidades atraíram imigrantes de outras regiões do Brasil, mas também de outras 
nacionalidades como franceses, ingleses, holandeses. Esses indivíduos fizeram aumentar 
as atividades comerciais, a rede bancária e o comércio de ambulantes que se espalham 
pelas cidades. Em Manaus, produtos importados eram vendidos para aqueles que 
pudessem comprar: bacalhau, amêndoa, biscoito, tecidos, caviar, champanhe, vinho, 
telhas de barro etc. 
Portanto, todas essas transformações tinham o objetivo de urbanizar e levar a 
progresso as duas cidades. Seus governantes impuseram novos hábitos à população. Na 
capital do Amazonas isso fica evidente quando o governo proibiu determinados jogos 
para não atrapalhar a iluminação pública, proibiu estender roupa na rua, não andar 
“indecentemente” ou andar com animais nas ruas. Dessa forma, com os aterramentos dos 
igarapés os costumes da população foram modificados, desaparecem da vista urbana as 
lavadeiras que trabalhavam nas margens desses pequenos rios, os banhos diários não mais 
aconteciam e a canoa urbana como transporte perde a utilidade. 
Claro que a urbanização não beneficiou a todos. A classe trabalhadora do final do 
século XIX e início do século XX tiveram seus costumes alterados e por não terem 
condições de pagar foi excluída de grande parte dos benefícios. 
 
Referências 
 
CABRAL, Alfredo Lustosa. Dez anos no Amazonas (1897-1907). 2. ed. Brasília: 
Senado Federal, 1984. 
 
CAMBRAIA, Paulo; LOBATO, Sidney. Rios de histórias: ensaios de história da 
Amazônia e do Amapá. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2013. 
 
CANCELA, Cristina D. A família na economia da borracha. Belém: Estudos 
Amazônicos, 2012. 
 
DAOU, Ana Maria. A belle époque Amazônica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 
2000. 
 
DIAS, Ednea Mascarenhas. A ilusão do fausto: Manaus 1890-1920. Manaus: Valer, 
1999. 
 
LOBATO, Sidney. Educação na fronteira da modernização: a política educacional 
no Amapá (1944-1956). Belém: Paka-Tatu, 2009. 
 
RAIOL, Osvaldino. A utopia da terra na fronteira da Amazônia: a geopolítica e o 
conflito pela posse da terra no Amapá. Macapá: Editora gráfica O DIA Ltda, 1992. 
 
SOUZA, Márcio. Breve História da Amazônia. São Paulo: Marco Zero, 1993. 
 
TOCANTIS, Leandro. Amazônia: natureza, homem e tempo. Rio de Janeiro: Biblioteca 
do exército, 1982. 
 
WEISTEIN, Bárbara. A borracha na Amazônia: expansão e decadência (1850-1920). 
Tradução Lólio Lourenço de Oliveira

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