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ENDOPARASITAS ■ Parasitas do sistema digestório BOCA Tetratrichomonas canistomae Sinônimo. Trichomonas canistomae. Local de predileção. Boca. Filo. Parabasalia. Classe. Trichomonadea. Família. Trichomonadidae. Descrição. O corpo é piriforme, medindo 7-12 por 3-4 μm. Os quatro flagelos anteriores são tão longos quanto o comprimento do corpo e surgem em pares de um blefaroplasto grande (ver Figura 2.14). A membrana ondulante se estende por quase todo o comprimento do corpo, e termina em um flagelo posterior livre, que tem, aproximadamente, metade do comprimento do corpo. O axostilo assemelha-se a um fio, cora-se de preto pela hematoxilina e se estende por um comprimento considerável além da extremidade do corpo. A costa é delgada e não há grânulos subcostais. Hospedeiros. Cães. Distribuição geográfica. Desconhecida. Patogênese. Considerado não patogênico. Diagnóstico. Identificação morfológica dos organismos de preparações de swabs orais corados e frescos. Os organismos podem também ser cultivados em uma variedade de meios usados para tricomonadídeos. Epidemiologia. A transmissão ocorre, presumivelmente, por ingestão de trofozoítas da saliva durante lambeduras e higiene. Tratamento e controle. Não são necessários. Tetratrichomonas felistomae Local de predileção. Boca. Filo. Parabasalia. Classe. Trichomonadea. Família. Trichomonadidae. Descrição. O corpo é piriforme, medindo 6-11 por 3-4 μm (média de 8 × 3 μm). Há quatro flagelos anteriores, mais longos que o comprimento do corpo. A membrana ondulante se estende por quase todo o comprimento do corpo, e termina em um flagelo posterior livre e o axostilo se estende por um comprimento considerável além da extremidade do corpo. Hospedeiros. Gatos. Nota. Essas duas espécies podem ser sinônimos. Todos os outros detalhes são como para T. canistomae. ESÔFAGO Spirocerca lupi Sinônimo. Spirocerca sanguinolenta. Locais de predileção. Esôfago, estômago, aorta. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Spiruroidea. Descrição macroscópica. Os vermes adultos são enrolados na forma de espiral, de coloração vermelho-sangue; os machos medem cerca de 30 a 55 mm e as fêmeas, 55 a 80 mm de comprimento. Descrição microscópica. Os lábios são trilobados e a faringe é curta. A cauda do macho apresenta asas caudais – quatro pares, e uma papila pré- cloacal mediana não pareada, e dois pares de papilas pós-clocais, com um grupo de papilas minúsculas próximo à extremidade da cauda. Os ovos muito pequenos apresentam casca lisa e grossa, são alongados e com paredes laterais paralelas. Eles medem, aproximadamente, 30-37 por 11-15 μm e são larvados quando eliminados nas fezes. Hospedeiros definitivos. Cães, raposas, canídeos selvagens e, ocasionalmente, gatos e felídeos selvagens. Hospedeiros intermediários. Besouros coprófagos: Scarabeus sacer, Akis, Atenchus, Gymnopleurus, Cauthon spp. Muitos vertebrados como roedores, pássaros, galinhas, insetívoros e répteis podem atuar como hospedeiros paratênicos. Distribuição geográfica. Regiões tropicais e subtropicais. Patogênese. As larvas em migração produzem hemorragias, formação de cicatrizes e/ou de nódulos fibróticos na parede interna da aorta que, se forem graves, pode causar estenose ou mesmo ruptura. Os granulomas esofágicos, medindo até 4,0 cm, são associados aos vermes adultos, que podem ser responsáveis por muitos sinais clínicos, incluindo disfagia e vômito com origem na obstrução e inflamação do esôfago. Outras duas complicações são, primeiro, o desenvolvimento de osteossarcoma esofágico em uma pequena proporção de cães infectados. Esses tumores podem ser altamente invasivos e podem produzir metástases nos pulmões e em outros tecidos. Em segundo lugar, e também relativamente rara, é a ocorrência de espondilose das vértebras torácicas ou de osteoartropatia pulmonar hipertrófica dos ossos longos. A etiologia dessas lesões não é conhecida. Ocasionalmente, a infecção por S. lupi pode induzir uma nefrite piogênica. Sinais clínicos. Apesar da patogenicidade potencial desse parasita, muitos cães infectados não apresentam sinais clínicos, mesmo quando lesões aórticas extensas e grades granulomas esofágicos, com frequência purulentos, estão presentes. Em alguns cães, a infecção induzirá êmese persistente com eliminação de vermes no vômito. Em casos menos graves, pode haver dificuldade em deglutir ou interferência na função gástrica. A infecção aórtica normalmente não é observada até que morte súbita seja causada pela ruptura. Diagnóstico. A localização e a aparência das lesões granulomatosas, com tamanho até de uma bola de golfe, normalmente são suficientes para a identificação. Muitos vermes robustos de coloração rosa-avermelhada, enrolados na forma de espiral, podem ser vistos em cortes dos granulomas, mas é difícil removê-los intactos, uma vez que eles são espiralados e têm até 8,0 cm de comprimento. Os ovos podem ser encontrados nas fezes ou no vômito, caso os granulomas esofágicos fistulem. Entretanto, os ovos têm aparência similar àqueles de outros espirurídeos. Ademais, o diagnóstico pode depender de endoscopia ou de radiografias. Patologia. As larvas em migração produzem lesões características na parede da aorta (Figura 12.1), enquanto os adultos são encontrados enterrados nas lesões granulomatosas na parede do esôfago e, ocasionalmente, no estômago. As lesões aórticas incluem hemorragia e necrose, com inflamação eosinofílica, espessamento da íntima com trombose, aneurisma com rupturas raras da aorta, e mineralização da subíntima e média, com deposição óssea heterotópica. Em alguns casos, ocorre espondilose do aspecto ventral das vértebras torácicas, com exostoses dos corpos vertebrais. Granulomas no esôfago contêm fibroblastos pleomórficos. Em alguns animais, neoplasias mesenquimais se desenvolvem na parede do granuloma esofágico, com lesões que apresentam características citológicas típicas de fibrossarcoma e osteossarcoma, com invasão tecidual local e, em muitos casos, metástase pulmonar. Epidemiologia. Em áreas endêmicas, a incidência da infecção em cães, com frequência, é extremamente alta, chegando algumas vezes a 100%. Provavelmente, isso é associado às muitas oportunidades de adquirir a infecção a partir de uma variedade de hospedeiros paratênicos. Figura 12.1 Nódulos fibróticos na parede interna da aorta de um cão infectado por Spirocerca lupi. (Esta figura encontra-se reproduzida em cores no Encarte.) Tratamento. O tratamento raramente é prático, mas levamisol e albendazol foram relatados como indicados. O levamisol é administrado a 5 a 10 mg/kg como dose única. Doramectina, administrada a intervalos de 4 a 6 semanas, seguido por tratamento mensal, foi bem-sucedida na resolução de lesões esofágicas. Dietilcarbamazina por via oral em doses de 10 mg/kg, 2 vezes/dia durante 10 dias pode matar os vermes adultos, mas não as larvas. Controle. É difícil em razão da ubiquidade dos hospedeiros intermediários e paratênicos. Cães não devem ser alimentados com vísceras não cozidas de aves selvagens ou de galinhas domésticas criadas soltas. ESTÔMAGO Ollulanus tricuspis Local de predileção. Estômago. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Trichostrongyloidea. Descrição macroscópica. São vermes tricostrongilídeos muito pequenos. Os machos medem 0,7 a 0,8 mm e as fêmeas, 0,8 a 1 mm de comprimento. Descrição microscópica. O verme é identificado microscopicamente pela cabeça espiralada. A bolsa do macho é bem desenvolvida, as espículas são robustas e cada uma se divide em duas por uma distância considerável. A fêmea apresenta cauda com três ou quatro pontas curtas. A vulva é na parte posterior do corpo e há apenas um útero e um ovário. Hospedeiros. Gatos, felídeos selvagens; ocasionalmente é encontrado em suínos, raposas e cães domésticos. Distribuição geográfica. Ocorre principalmente na Europa, América do Norte e do Sul, Australásia e Oriente Médio. Patogênese. O parasita é considerado não patogênico em gatos. Infecções maciças podem induzirgastrite catarral grave e vômito. Gatos não tratados podem se tornar emaciados. Pouco se sabe a respeito da sua patogenicidade em outros hospedeiros, embora gastrite crônica tenha sido relatada em suínos. Sinais clínicos. Vômito ocasional e emaciação. Diagnóstico. O diagnóstico de olulanose raramente é feito em razão do seu tamanho pequeno e número pequeno de ovos e larvas nas fezes. O exame do vômito, após administração de um emético, quanto à presença de vermes é uma abordagem útil. Na necropsia, a recuperação e a identificação de vermes muito pequenos da mucosa gástrica devem levar ao diagnóstico. Patologia. Os vermes ficam abaixo do muco na superfície do estômago, ou parcialmente inseridos nas glândulas gástricas, e sua presença pode levar à hiperplasia linfoide mucosa e na presença de um número elevado de leucócitos globosos no epitélio gástrico. Infecções intensas causam hiperplasia das glândulas gástricas, fazendo com que a mucosa gástrica se torne convoluta e forme dobras. Epidemiologia. O parasita é comum em algumas partes do mundo, principalmente em colônias de gatos e em gatos vadios. O parasita pode se replicar no estômago sem qualquer necessidade de fases externas de ovo ou de larva e pode se disseminar pelo vômito. A doença se espalha principalmente entre gatos errantes famintos e, algumas vezes, cães errantes famintos. Tratamento. Levamisol, ivermectina ou doses repetidas de oxfendazol 10 mg/kg, 2 vezes/dia, por 5 dias são efetivos. Controle. Pode ser conseguido principalmente por meio da implementação de bons procedimentos de higiene. Spirocerca lupi Ver seção Esôfago. Gnathostoma spinigerum Local de predileção. Estômago. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Spiruroidea. Descrição macroscópica. Estes parasitas robustos são avermelhados na frente e acinzentados posteriormente. Os machos medem 1 a 2,5 cm e as fêmeas, até 3 cm de comprimento. A presença dos vermes em nódulos gástricos é suficiente para o diagnóstico do gênero. Descrição microscópica. A confirmação é feita facilmente pelo uso de uma lupa manual, quando o bulbo cefálico anterior inchado coberto por fileiras transversais de 6 a 11 ganchos pequenos pode ser visto. A cabeça contém quatro cavidades submedianas, e cada uma delas se comunica com um saco cervical. A parte anterior do corpo é recoberta com espinhos cuticulares achatados e a região caudal ventral do macho apresenta pequenos espinhos e quatro pares de grandes papilas pedunculadas, bem como muitas papilas sésseis menores. A espícula esquerda é mais longa do que a espícula direita. Os ovos de tamanho médio são ovais, com casca esverdeada que possui granulações finas e uma tampa fina em um polo. Os ovos medem 69 por 37 μm e contêm uma célula ou uma mórula quando eliminados nas fezes. Hospedeiros definitivos. Gatos, cães, humanos, visons, gambás e muitos carnívoros selvagens. Hospedeiros intermediários. Hospedeiro 1: muitas espécies de crustáceos, copépodes de água doce. Hospedeiro 2: pequenos vertebrados, incluindo mamíferos, pássaros, répteis, peixes e anfíbios. Distribuição geográfica. Tailândia, Japão, Sudeste Asiático, China, México. Patogênese. Gnathostoma spinigerum é a espécie mais patogênica de Gnathostoma, que em gatos pode causar perfuração gástrica e peritonite fatais. Em alguns casos, muitas larvas irão migrar do estômago para outros órgãos, mais comumente o fígado, no qual eles se enterram, deixando rastros de necrose no parênquima. Sinais clínicos. A infecção por Gnathostoma em gatos pode causar sinais abdominais agudos. Diagnóstico. A infecção em animais vivos pode ser diagnosticada apenas encontrando-se nas fezes os ovos esverdeados e de formato oval, que apresentam uma tampa fina em um polo. Com frequência, no entanto, os ovos não estarão presentes nas fezes. Patologia. Como em muitas infecções por espirurídeos, o efeito mais óbvio da gnatostomose é a presença de crescimentos fibrosos na parede do estômago. Esses crescimentos têm tamanhos variados, os maiores medindo 3 a 4 cm de diâmetro, e apresentam cavidades, agrupando-se em cistos de parede espessa que contêm os vermes e líquido. Ulceração e necrose da parede do estômago, com frequência, estão presentes. Epidemiologia. Cães, gatos e muitas espécies de mamíferos selvagens são reservatórios do parasita. Esses hospedeiros definitivos se tornam infectados principalmente por meio da ingestão de peixes infectados ou de outros animais que atuam como hospedeiros paratênicos. Em humanos, a ingestão de peixes cozidos de maneira inadequada é a principal fonte de infecção. Infecções em humanos também são relatadas por ingestão de carne de bagres, enguias, sapos, galinhas, patos e cobras crus ou malcozidos. Tratamento. O tratamento ainda não foi investigado completamente. Controle. Com a ubiquidade do primeiro e segundo hospedeiros intermediários, o controle completo não pode ser conseguido. Assegurar apenas a ingestão de carne bem cozida de peixe, enguia ou outros hospedeiros intermediários, como cobras, sapos e aves domésticas pode evitar infecções. Águas potencialmente infestadas por copépodes devem ser fervidas ou tratadas. Nota. Como a maioria dos espirurídeos, Gnathostoma habita o trato alimentar anterior, ocorrendo em nódulos na parede do estômago de onívoros e carnívoros. É um parasita excepcional por requerer dois hospedeiros intermediários na maioria das espécies. Quando a larva migrans visceral em razão da infecção por Gnathostoma ocorre em humanos, G. spinigerum normalmente é a espécie envolvida, e a fonte de infecção mais comum é a carne malcozida de aves domésticas ou de peixes que atuam como segundos hospedeiros intermediários. A infecção é particularmente comum no Sudeste Asiático, Japão e China, mas ocorre em muitos outros países. Esses vermes nunca se tornam completamente adultos, e as formas imaturas são encontradas mais comumente nos tecidos subcutâneos e outros órgãos, em nódulos que aparecem e desaparecem de forma irregular, conforme os parasitas circulam por várias partes do corpo. Em humanos, a gnatostomose cutânea pode resultar em inchaços pruriginosos e eosinofilia com formação ocasional de abscessos. A gnatostomose ocular é caracterizada por hemorragia, uveíte e perfuração da íris. Uma forma grave de infecção é a gnatostomose do sistema nervoso central, que leva a hemorragia e trajetos necróticos intracranianos que podem ser fatais. Physaloptera praeputialis Locais de predileção. Estômago e, ocasionalmente, duodeno anterior pela válvula gástrica. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Spiruroidea. Descrição macroscópica. Os vermes adultos são de coloração branca ou rosada e maiores que a maioria dos espirurídeos, sendo robustos e assemelhando-se a ascarídeos. Os machos medem 1 a 45 mm e as fêmeas 2 a 60 mm. Descrição microscópica. A cutícula em ambos os sexos se prolonga posteriormente como uma bainha (pseudolábios) além da extremidade do corpo e a boca é circundada por um colar cuticular. Os lábios são simples e apresentam um conjunto de três pequenos dentes internos achatados e um único dente cônico externo. Os machos apresentam asas laterais, unidas anteriormente através da superfície ventral. Nas fêmeas, a vulva situa-se ligeiramente anterior ao meio do corpo. Os ovos larvados apresentam uma casca transparente espessa e medem 45-58 por 30-36 μm (Figura 12.2). Hospedeiros definitivos. Gatos e felídeos selvagens; ocasionalmente, cão. Figura 12.2 Figura 12.2 Ovo de Physaloptera. (Esta figura encontra-se reproduzida em cores no Encarte.) Hospedeiros intermediários. Besouros, baratas, grilos e hospedeiros paratênicos. Distribuição geográfica. China, África, América do Norte e do Sul. Patogênese. Os vermes adultos têm dentes pequenos nos seus grandes lábios triangulares, e aderem fortemente à mucosa gástrica, deixando pequenas úlceras quando se movem para locais novos. Esses locais de alimentação podem continuar a sangrar. Eles podem causar gastrite catarral, com êmese e, em infecções intensas, sangue podeaparecer nas fezes. Sinais clínicos. Em infecções intensas, pode haver vômito e algum grau de anorexia. As fezes podem estar com coloração negra. Animais gravemente afetados podem perder peso. Diagnóstico. O diagnóstico se baseia nos sinais clínicos e no achado de ovos alongados, espessados em ambos os polos, nas fezes ou no vômito. Patologia. A presença de vermes adultos pode causar ulceração gástrica e hemorragia. Epidemiologia. A epidemiologia depende da presença e da abundância do besouro hospedeiro intermediário. A infecção é mais prevalente em gatos com acesso à rua, que têm contato com hospedeiros intermediários ou hospedeiros paratênicos. Tratamento. O tratamento com benzimidazóis por um período de 5 dias foi relatado como efetivo. Pirantel, praziquantel e febantel também são efetivos, mas podem ser necessárias doses elevadas ou repetidas. Controle. A ubiquidade dos insetos hospedeiros intermediários significa que o controle, em geral, não é exequível. Physaloptera rara Local de predileção. Estômago. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Spiruroidea. Hospedeiros. Gatos, cães. Descrição macroscópica. Os vermes machos adultos medem 2,5 a 3,0 cm de comprimento e as fêmeas 3 a 6 cm. Descrição microscópica. Esta espécie difere de P. praeputialis pois não há bainha sobre a porção posterior do corpo em ambos os sexos. A vulva da fêmea situa-se anterior ao meio do corpo. Os ovos apresentam casca grossa e são elipsoides, medindo 42-53 por 29-35 μm. Distribuição geográfica. América do Norte. Detalhes quanto ao ciclo evolutivo, patogênese, tratamento e controle são essencialmente similares àqueles para P. praeputialis. Spirura ritypleurites Locais de predileção. Estômago, ocasionalmente esôfago. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Spiruroidea. Descrição macroscópica. Vermes brancos curtos espessos com a região posterior mais espessa que a anterior do verme e retorcido em uma espiral. Descrição microscópica. Os ovos têm uma casca grossa e são embrionados quando eliminados, medindo até 52 por 36 μm. Hospedeiros definitivos. Gatos, raramente cães e raposas. Hospedeiros intermediários. Besouros coprófagos. Distribuição geográfica. Esse verme é endêmico em partes do sul da Europa, África e Ásia. Patogênese. Normalmente, presume-se que Spirura ritypleurites seja não patogênico. Sinais clínicos. Sintomas de náuseas, vômito e distúrbios digestivos foram relatados. Diagnóstico. Como para Physaloptera spp. Patologia. Não há patologia associada relatada. Epidemiologia. A epidemiologia depende da presença e da abundância do besouro hospedeiro intermediário. A infecção é mais prevalente em gatos com acesso à rua, que têm contato com hospedeiros intermediários ou hospedeiros paratênicos. Tratamento. Normalmente não é indicado. O tratamento com benzimidazol por um período prolongado provavelmente é efetivo. Controle. A prevenção é difícil em razão do grande número de hospedeiros intermediários e de hospedeiros paratênicos. Capillaria putorii Sinônimo. Aonchotheca putorii. Locais de predileção. Estômago, intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Trichuroidea. Descrição macroscópica. Esses vermes finos filamentosos têm cerca de 1 cm de comprimento; os machos têm 5 a 8 mm e as fêmeas, 9 a 15 mm. Descrição microscópica. Os ovos ovais e alongados de tamanho médio apresentam polos largos e achatados e duas tampas polares semitransparentes que protraem. Eles medem cerca de 60 por 30 μm e têm conteúdo granular não segmentado. Hospedeiros. Gatos, cães, mustelídeos, ouriços, ursos, guaxinins, linces. Distribuição geográfica. Europa, Nova Zelândia e Rússia. Patogênese e sinais clínicos. Há poucos relatos quanto aos sinais clínicos da infecção em gatos. Foram relatados anorexia e vômito com sangue intermitente em gatos infectados. Diagnóstico. Identificação dos ovos característicos nas fezes. Patologia. Há relatos de gastrite pilórica hiperplásica crônica e ulceração ao redor do piloro, associada à presença de vermes, com ovos identificados no muco pilórico e no lúmen das glândulas pilóricas. Epidemiologia. Acredita-se que os gatos se tornem infectados por meio da ingestão de ovos infectantes presentes no solo contaminado por fezes de ouriços. Tratamento e controle. Levamisol, administrado em duas doses de 7,5 mg/kg a intervalos de 2 semanas, e ivermectina a 300 mg/kg foram relatados como efetivos. INTESTINO DELGADO Toxocara canis Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Ascaridoidea. Descrição macroscópica. Toxocara canis é um verme grande de coloração branca/creme. Os machos medem cerca de 10 cm e as fêmeas medem até 18 cm de comprimento (Figura 12.3). Descrição microscópica. A cabeça dos adultos é elíptica em razão da presença de grandes asas cervicais. A boca é circundada por três lábios grandes. Não há cápsula bucal e o esôfago não apresenta bulbo. A cauda dos machos apresenta apêndice terminal estreito e asas caudais. Os órgãos genitais da fêmea se estendem anteriormente e posteriormente à região vulvar. Os ovos de tamanho médio têm coloração castanho-escura e são subglobulares, com casca espessa, rugosa e pontilhada. O conteúdo granular e não segmentado tem coloração muito escura e normalmente preenche todo o volume da casca. Os ovos medem 90 por 75 μm. Os ovos são muito similares aos de Parascaris. Figura 12.3 Infecção intensa por Toxocara canis no intestino delgado de um filhote. (Esta figura encontra-se reproduzida em cores no Encarte.) Hospedeiros. Cães, raposas. Distribuição geográfica. Cosmopolita. Patogênese. Em infecções moderadas, a fase migratória larval ocorre sem qualquer lesão aparente aos tecidos, e os vermes adultos provocam pouca reação no intestino. Em infecções intensas, a fase pulmonar da migração larval é associada com pneumonia, que algumas vezes é acompanhada por edema pulmonar; os vermes adultos causam enterite mucoide, pode haver oclusão parcial ou completa do intestino e, em casos raros, perfuração com peritonite ou, em algumas situações, bloqueio dos ductos biliares do fígado. Sinais clínicos. Em infecções leves a moderadas, não há sinais clínicos durante a fase pulmonar de migração larval. Os adultos no intestino podem causar abdome enrugado ou abaulado, com falha em ganhar peso, e ocasionalmente, vômito e diarreia. Algumas vezes, vermes inteiros são vomitados ou eliminados nas fezes. Os sinais em infecções intensas durante a fase de migração larval resultam da lesão pulmonar e incluem tosse, aumento da frequência respiratória e secreção nasal espumosa. A maioria das mortes por infecção por T. canis ocorre durante a fase pulmonar, e os filhotes que são intensamente infectados por via transplacentária podem morrer alguns dias após o nascimento. Alguns clínicos atribuíram convulsões nervosas à toxocaríase, mas ainda existem discordâncias sobre se o parasita pode ser implicado como causa desses sinais. Diagnóstico. Apenas o diagnóstico presuntivo é possível durante a fase pulmonar de infecções intensas quando as larvas estão migrando e se baseia no surgimento simultâneo de sinais de pneumonia em uma ninhada, com frequência 2 semanas após o nascimento. Os ovos nas fezes, subglobulares e castanhos com casca espessa e rugosa, são diagnósticos da espécie. A produção de ovos pelos vermes também é tão alta que não há necessidade de usar métodos de flutuação, e eles são prontamente encontrados em esfregaços de fezes simples nos quais foi adicionada uma gota de água. Toxocara canis nos cães pode ser confundido com Toxascaris leonina, que é ligeiramente menor. A diferenciação dessas duas espécies é difícil, uma vez que a única característica útil, visível com o uso de lupa, é a presença de um pequeno processo digitiforme na cauda do macho de T. canis. Patologia. Ao exame post mortem, o animal apresenta crescimento ruim, abdome abaulado e caquexia. Um grande número de vermes maduros está presente nos intestinos e, algumasvezes, no estômago. Hemorragias focais podem ser encontradas nos pulmões de filhotes com larvas de T. canis em migração. Focos inflamatórios com frequência são observados nos rins, como pontos brancos elevados com 1 a 2 mm de diâmetro no córtex abaixo da cápsula. Em cortes, eles são compostos por focos pequenos de macrófagos, linfócitos, plasmócitos e alguns eosinófilos, possivelmente contendo larvas. Ocasionalmente, granulomas podem ser encontrados nos olhos. Epidemiologia. Levantamentos quanto à prevalência de T. canis em cães foram realizados na maioria dos países e mostraram uma ampla variedade de taxas de infecção, variando de 5% a mais de 80%. As maiores taxas de prevalência foram relatadas em cães com menos de 6 meses de idade, e as menores em animais adultos. A infecção induz imunidade que resulta na perda de vermes adultos. A distribuição ampla e a alta intensidade de infecção por T. canis depende essencialmente de três fatores. Primeiro, as fêmeas são extremamente fecundas, sendo um verme capaz de contribuir com mais de 700 ovos por grama de fezes (opg) por dia, e contagens de ovos de 15.000 opg não são incomuns em filhotes. Segundo, os ovos são altamente resistentes a extremos climáticos, e podem sobreviver por anos no solo. Em terceiro, há um reservatório constante de infecção nos tecidos somáticos das cadelas, e as larvas nesses locais não são suscetíveis à maioria dos anti-helmínticos. Tratamento. Os vermes adultos são facilmente removidos por tratamentos anti-helmínticos. O fármaco mais popularmente utilizado é a piperazina, embora ela tenha sido substituída pelos benzimidazóis (fembendazol e mebendazol) e pelo nitroscanato. Pirantel e a avermectina selamectina também são efetivos. Embora muitos anti-helmínticos apresentem atividade contra os estágios larvais e juvenis dos vermes, nenhum deles é completamente efetivo na sua remoção. Um regime simples e recomendado com frequência para o controle da toxocaríase em cães jovens é o seguinte: todos os filhotes devem receber anti- helmínticos às 2 semanas de idade, e novamente 2 a 3 semanas após, para eliminar infecções adquiridas na fase pré-natal. Também é recomendado que as cadelas sejam tratadas nos mesmos momentos que os filhotes. Outra dose deve ser administrada aos filhotes aos 2 meses de idade para eliminar qualquer infecção adquirida do leite da fêmea ou pelo aumento na eliminação de ovos pela mãe nas semanas após o parto. Filhotes recémcomprados devem receber dois tratamentos a intervalos de 14 dias. Uma vez que é possível que ainda haja alguns vermes presentes, mesmo em cães adultos e apesar do deslocamento da maioria das larvas para os tecidos somáticos, recomenda-se que os cães adultos sejam tratados a cada 3 a 6 meses por toda a sua vida. Mostrou-se que a administração diária de doses altas de fembendazol a cadelas de 3 semanas antes do parto a 2 dias após o parto eliminou amplamente a transmissão transmamária e a infecção prénatal de filhotes, embora infecção residual dos tecidos da cadela possa persistir. Esse regime pode ser útil em canis de criação. Controle. O principal objetivo é evitar a transmissão da infecção pelas vias transmamária e intrauterina usando regimes de tratamento com anti- helmínticos descritos. O descarte higiênico das fezes de cães deve ser encorajado. Onde for prático, o acesso de roedores a canis deve ser evitado. Nota. Além da sua importância veterinária, essa espécie é responsável pela forma mais amplamente conhecida de larva migrans visceral em humanos. Embora esse termo tenha sido aplicado originalmente à invasão dos tecidos viscerais de um animal por parasitas cujos hospedeiros naturais são outros animais, atualmente, em senso comum, ele passou a representar esse tipo de invasão apenas em humanos e, especificamente, pelas larvas de T. canis, embora os estágios larvais de T. mystax, T. leonina e T. vitulorum (ver Capítulo 8, seção Intestino Delgado) possam ser implicados. Seu termo complementar é larva migrans cutânea (LMC) para infecções por larvas “estrangeiras” que são limitadas à pele. A condição global ocorre mais comumente em crianças, com frequência com menos de 5 anos de idade, que têm contato próximo com animais de estimação ou que frequentam áreas tais como parques públicos nos quais o solo é contaminado por fezes infectantes de cães. Levantamentos em tais áreas em muitos países, quase invariavelmente, mostraram a presença de ovos viáveis de T. canis em cerca de 10% das amostras de solo. Apesar do risco alto de exposição à infecção, a incidência relatada de casos clínicos é pequena. Por exemplo, em 1979, um levantamento da literatura mundial realizado na França verificou que apenas 430 casos de larva migrans ocular e 350 casos de larva migrans visceral foram registrados. Entretanto, sugere-se que 50 a 60 casos clínicos ocorram na Grã-Bretanha a cada ano, uma vez que muitos não são registrados. Em muitos casos, a invasão larval é limitada ao fígado, e pode dar origem a hepatomegalia e eosinofilia, mas em algumas ocasiões, as larvas escapam para a circulação geral e chegam a outros órgãos, sendo o olho acometido com maior frequência. Aqui, um granuloma se forma ao redor da larva na retina, com frequência assemelhando-se a um retinoblastoma. Apenas em casos raros o granuloma envolve o disco óptico, com perda total da visão, e a maioria dos relatos é de prejuízo parcial à visão, com endoftalmite e retinite granulomatosa. Tais casos atualmente são tratados usando terapia a laser. Em alguns casos de epilepsia, a infecção por T. canis foi identificada sorologicamente, mas a significância da associação ainda precisa ser estabelecida. O controle da larva migrans visceral se baseia no tratamento com anti-helmínticos descrito anteriormente, no descarte seguro das fezes em casas e jardins, e na limitação do acesso de cães a áreas nas quais crianças brincam, tais como parques públicos e locais de recreação. Outros hospedeiros além dos humanos, tais como ovinos e suínos, também podem sofrer pela migração de larvas de T. canis e T. mystax por seus tecidos. Em suínos, a migração larval pode causar a doença dos pontos brancos no fígado. Toxocara mystax Sinônimo. Toxocara cati. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Ascaridoidea. Descrição macroscópica. Típico da superfamília, Toxocara mystax é um verme grande de coloração branca/creme (com até 10 cm de comprimento), com frequência ocorrendo como infecção mista com outros ascarídeos de gatos, tais como Toxascaris leonina. Os machos medem 3 a 6 cm e as fêmeas medem 4 a 10 cm de comprimento. Descrição microscópica. A cauda dos machos apresenta um apêndice terminal estreito. A diferenciação é feita imediatamente entre Toxocara mystax e Toxascaris leonina pelo exame macroscópico ou com lupa de mão, quando as asas cervicais do primeiro são vistas com formato de seta, com as margens posteriores quase em ângulo reto com o corpo, enquanto as de Toxascaris se afunilam gradualmente em direção ao corpo (Figura 1.52A). Os machos, assim como em Toxocara canis, apresentam um pequeno processo digitiforme na extremidade da cauda. Os ovos são subglobulares com casca espessa, rugosa e pontilhada. O conteúdo granular e não segmentado tem coloração castanho-escura e normalmente preenche todo o volume da casca. Os ovos medem 65 por 75 μm e são característicos nas fezes de gatos. Hospedeiro. Gatos. Distribuição geográfica. Cosmopolita. Patogênese. Uma vez que a maioria das infecções é adquirida pelo leite da mãe ou pela ingestão de hospedeiros paratênicos, não há fase migratória, de maneira que qualquer alteração normalmente é confinada ao intestino, manifestando abdome penduloso, diarreia, pelagem de má qualidade e falha em crescer. Sinais clínicos. Crescimento ruim, abdome penduloso, diarreia. Diagnóstico. Os ovos subglobulares, com casca grossa e pontilhada, são facilmente reconhecidos nas fezes. Patologia. As larvas em desenvolvimento na mucosa do estômago podem promover reaçõesgranulomatosas leves que incluem linfócitos e alguns macrófagos ao redor das larvas em espiral. Epidemiologia. A epidemiologia de T. mystax depende amplamente dos reservatórios de larvas nos tecidos da mãe, que são mobilizadas no final da gestação e excretadas no leite por toda a lactação. Os hospedeiros paratênicos também são de significância considerável em razão do forte instinto de caça dos gatos. A exposição a essa última via de infecção não ocorre em filhotes até que eles comecem a caçar por conta própria ou a dividir a presa com sua mãe. Tratamento. Fembendazol, mebendazol, piperazina e pirantel são todos efetivos contra nematódeos adultos. Os anti-helmínticos benzimidazólicos são mais efetivos contra as larvas de ascarídeos. Controle. Uma vez que a infecção é adquirida durante a amamentação, o controle completo deve se basear na remoção dos filhotes das mães e no aleitamento artificial. Higiene adequada é essencial em gatis. Filhotes jovens devem ser vermifugados regularmente com anti-helmínticos com 4 a 6 semanas de idade e a intervalos de 3 semanas até os 4 meses de idade e, posteriormente, a intervalos regulares. Nota. Toxocara mystax foi relatado como causa rara de larva migrans visceral em humanos. Toxocara malayiensis Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Ascaridoidea. Descrição macroscópica. Toxocara malayiensis é um verme grande de coloração branca; os machos medem 5,3 a 8,5 cm e as fêmeas medem 1,1 a 1,4 cm; são similares morfologicamente a T. canis em cães. Descrição microscópica. Há três lábios bem-definidos, cada um com um chanfro mediano profundo contendo dentículos, incluindo um lábio dorsal com duas papilas externas grandes e dois lábios subventrais, cada um com uma papila externa. As asas cervicais situam-se logo atrás dos lábios, cuja largura aumenta gradativamente até o meio do comprimento e, em seguida, diminui gradativamente na região posterior. Hospedeiro. Gatos. Distribuição geográfica. Malásia. Diagnóstico. Os ovos subglobulares, com casca grossa e pontilhada, são similares aos ovos de T. canis. Epidemiologia. Não é descrita. Tratamento e controle. Presumivelmente similares aos de T. mystax. Detalhes quanto a patogênese, patologia e sinais clínicos não foram relatados. Toxascaris leonina Sinônimo. Toxascaris limbata. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Ascaridoidea. Descrição macroscópica. Os machos medem até 7 cm e as fêmeas medem até 10 cm de comprimento. Descrição microscópica. Os adultos apresentam cabeça elíptica em razão da presença de asas cervicais, que são delgadas e semelhantes a setas, afunilando-se posteriormente (ver Figura 1.52B). Três lábios grandes circundam a boca, não há cápsula bucal e o esôfago não apresenta bulbo. A cauda do macho é simples. Os órgãos genitais femininos estão posicionados atrás da vulva. Os ovos são ligeiramente ovoides, com casca lisa, espessa e quase transparente. O conteúdo castanho-amarelado granular e não segmentado preenche apenas parte da casca. Os ovos medem cerca de 75-85 por 60-70 μm e são característicos nas fezes de cães e gatos. Hospedeiros. Cães, gatos, raposas. Distribuição geográfica. Cosmopolita, especialmente nas regiões mais frias. Patogênese. É improvável que a infecção por Toxascaris ocorra isoladamente; o mais comum é que ela seja acompanhada pela infecção por Toxocara. Em cães filhotes e em jovens com menos de 2 meses de idade, as infecções normalmente não estão presentes, uma vez que não há transmissão pré-natal ou lactogênica. Lesões são causadas predominantemente por vermes adultos e são determinadas pelo número de vermes presentes no intestino. Sinais clínicos. Crescimento ruim, abdome penduloso, diarreia. Diagnóstico. Toxascaris é quase indistinguível macroscopicamente de Toxocara canis, sendo a única diferença a presença de um processo digitiforme na extremidade da cauda do macho desse segundo gênero. Nos gatos, a diferenciação com Toxocara mystax se baseia no formato das asas cervicais, que são lanceoladas em Toxascaris, mas em forma de seta em Toxocara mystax. Os ovos ovoides característicos com casca lisa são facilmente reconhecidos nas fezes. Patologia. Os efeitos patológicos da infecção por Toxascaris leonina raramente são vistos. Infecções intensas podem causar oclusão do lúmen intestinal e normalmente são vistos em associação com infecções mistas por Toxocara spp. Epidemiologia. A infecção normalmente ocorre pela ingestão dos ovos larvados. As larvas de Toxascaris leonina podem ocorrer em camundongos, nos quais as larvas de terceiros estágio encistadas se distribuem por muitos tecidos. Se os cães ou os gatos ingerirem um camundongo infectado, as larvas são liberadas e se desenvolvem até a maturidade na parede e lúmen do intestino do hospedeiro definitivo. Tratamento. Fembendazol, mebendazol, piperazina e pirantel são todos efetivos contra nematódeos adultos. Os anti-helmínticos benzimidazólicos são mais efetivos contra as larvas de ascarídeos. Controle. As infecções por ascarídeos em carnívoros domésticos invariavelmente incluem Toxocara, de maneira que as medidas recomendadas para o controle desse primeiro gênero também terão efeito sobre as infecções por Toxascaris. Uma vez que os dois principais reservatórios de infecção são as larvas em presas ou os ovos no solo, o controle se baseia no tratamento de infecções pelo verme em animais hospedeiros, e em higiene adequada para limitar a possibilidade de aquisição da infecção pela ingestão dos ovos. Nota. Esse gênero ocorre em carnívoros domésticos e, embora comum, é de menor significância que Toxocara, uma vez que sua fase parasitária não é migratória. Ancylostoma caninum Nome comum. Verme gancho dos cães. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Ancylostomatoidea. Descrição macroscópica. São vermes cinza-avermelhados, coloração que depende de os vermes terem se alimentado; são facilmente identificados com base no tamanho e na sua postura característica semelhante a um gancho (Figura 12.4). Os machos medem cerca de 12 mm e as fêmeas, 15 a 20 mm de comprimento (muito menores que os nematódeos ascarídeos comuns, que também são encontrados no intestino delgado). Descrição microscópica. A extremidade anterior é angular no sentido dorsal e a abertura bucal é direcionada no sentido anterodorsal. A cápsula bucal é grande, com três pares de dentes marginais pontiagudos e um par de dentes ventrolaterais, e possui um sulco dorsal (ver Figura 1.47). A bolsa do macho é bem desenvolvida. Os ovos são típicos de estrongilídeos, com polos ligeiramente dissimilares e arredondados, paredes laterais com formato de barril e casca fina e lisa (ver Figura 4.6). Eles medem cerca de 56-75 por 34- 47 μm e contêm dois a oito blastômeros quando eliminados nas fezes. Hospedeiros. Cães, raposas e ocasionalmente humanos. Distribuição geográfica. Cosmopolita nas regiões tropicais e em regiões temperadas quentes. Em outros países, algumas vezes é vista em cães importados de regiões endêmicas. Patogênese. É essencialmente a de uma anemia hemorrágica aguda ou crônica. A doença é mais comumente vista em cães com menos de 1 ano de idade e em filhotes jovens, infectados pela via transmamária, que são especialmente suscetíveis em razão das suas baixas reservas de ferro. A infecção transmamária com frequência é responsável por anemia grave em ninhadas de cães jovens na sua segunda ou terceira semana de vida. Mostrou- se que a infecção da cadela em uma única ocasião produziu infecção transmamária em pelo menos três ninhadas consecutivas. A perda de sangue tem início por volta do oitavo dia após a infecção, quando os adultos imaturos desenvolveram a cápsula bucal com dentes, o que permite a aderência na mucosa que contém arteríolas. Cada verme remove, aproximadamente, 0,1 mℓ de sangue por dia e, em infestações intensas com muitas centenas de vermes, os filhotes rapidamentese tornam profundamente anêmicos. Em infecções mais brandas, comuns em cães mais velhos, a anemia não é tão grave, uma vez que a resposta da medula óssea é capaz de compensar por um período variável de tempo. O estado nutricional do indivíduo influenciará a progressão da anemia. Por fim, entretanto, o cão irá se torar deficiente em ferro, e desenvolverá anemia microcítica hipocrômica. Em cães sensibilizados previamente, ocorrem reações cutâneas tais como eczema úmido e ulceração dos locais de infecção percutânea, afetando principalmente a pele da região interdigital. Figura 12.4 Ancylostoma caninum, vermes adultos. (Esta figura encontra-se reproduzida em cores no Encarte.) Aparentemente, L3 dormentes nos músculos tanto de cadelas quanto de cães podem reiniciar a migração meses ou anos após para amadurecerem no intestino do hospedeiro. Estresse, doença grave ou doses grandes e repetidas de corticosteroides podem precipitar essas infecções aparentemente novas em cães, que talvez possam residir atualmente em um ambiente livre de vermes gancho. Experimentalmente, mostrou-se que as L3 de algumas estirpes de A. caninum expostas ao congelamento antes da administração oral permaneceram em desenvolvimento retardado na mucosa intestinal por semanas ou meses. O significado dessa observação ainda não é conhecido, mas, acredita-se que tais larvas possam retomar o seu desenvolvimento se as populações de vermes gancho adultos forem removidas por um anti- helmíntico ou em momentos de estresse, tais como a lactação. Sinais clínicos. Em infecções agudas associadas à exposição súbita de animais suscetíveis a um grande número de larvas infectantes, há anemia e apatia e, ocasionalmente, dispneia. Em cãezinhos lactentes, a anemia, com frequência, é grave e acompanhada por diarreia, que pode conter sangue e muco. Sinais respiratórios podem decorrer da lesão causada pelas larvas nos pulmões ou pelo efeito anóxico da anemia. Em infecções mais crônicas, o animal normalmente está abaixo do peso, a pelagem está ruim e há perda de apetite e, talvez, pica. Sinais inconsistentes são dispneia, lesões de pele e claudicação. As reações adversas da infecção na pelagem podem ter impacto econômico nos locais onde raposas são criadas para pele. Diagnóstico. Depende dos sinais clínicos e do histórico, suplementados pelo exame hematológico e de fezes. Uma alta contagem de ovos dos vermes nas fezes é uma forma válida de confirmar o diagnóstico, mas deve-se ter em mente que filhotes lactentes podem apresentar sinais clínicos graves antes que os ovos sejam detectados nas fezes. A presença de alguns ovos desses vermes nas fezes, embora constitua evidência confirmatória da infecção, não indica necessariamente que um cão doente esteja sofrendo de infecção por vermes gancho. Patologia. Animais que morrem de ancilostomíase estão extremamente pálidos e, com frequência, há edema dos tecidos subcutâneos e do mesentério, e efusões serosas nas cavidades corporais atribuíveis à hipoproteinemia. Em infecções crônicas, a caquexia pode ser evidente. Se ocorreu exposição recente a infecções percutâneas intensas, pode haver dermatite e muitas hemorragias focais no parênquima pulmonar. O fígado está pálido e o conteúdo intestinal é mucoide e de coloração vermelha. Os vermes podem ser vistos aderidos à mucosa e locais de hemorragia puntiforme podem estar espalhados pela superfície intestinal. Epidemiologia. Em áreas endêmicas, a doença é mais comum em cães com menos de 1 ano de idade. Em animais mais velhos, o desenvolvimento gradual de resistência pela idade torna a doença clínica menos provável, particularmente em cães criados em áreas endêmicas, cuja resistência pela idade é reforçada pela imunidade adquirida. A epidemiologia é associada principalmente pelas duas fontes principais de infecção, transmamária em cãezinhos lactentes e percutânea ou oral a partir do ambiente. Um aspecto importante da infecção transmamária é que a doença pode ocorrer em cãezinhos lactentes criados em ambientes limpos e amamentados por cadelas que podem ter sido tratadas recentemente com um anti-helmíntico e apresentam contagem de ovos nas fezes negativa. A contaminação do ambiente é mais provável quando os cães são alojados em baias com chão de grama ou de terra que retêm a umidade e também protegem as larvas da luz do sol. Em tais superfícies, as larvas podem sobreviver por algumas semanas. Em contrapartida, superfícies secas e impermeáveis, particularmente se expostas à luz do sol, são letais para as larvas dentro de 1 dia ou mais. O alojamento também é importante e a falha em remover a cama contaminada, principalmente se os canis forem úmidos ou apresentarem chão poroso ou rachado, pode levar ao aumento maciço na infecção. Tratamento. Os cães afetados devem ser tratados com um anti-helmíntico, tal como mebendazol, fembendazol, pirantel ou nitroscanato, pois todos eles matam tanto adultos quanto os estágios intestinais em desenvolvimento; muitas das lactonas macrocíclicas apresentam atividade similar. Se a doença for grave, é aconselhável administrar ferro parenteral e, possivelmente, vitamina B12 e assegurar que os cães recebam uma dieta rica em proteína. Cãezinhos jovens podem precisar de transfusão sanguínea. Larvas de quarto estágio latentes com frequência são refratárias ao tratamento com anti- helmínticos e outros tratamentos podem ser necessários após essas larvas amadurecerem. Controle. Um sistema de vermifugação regular e de higiene deve ser adotado. Filhotes desmamados e cães adultos devem ser tratados a cada 3 meses. Cadelas prenhas devem ser tratadas ao menos uma vez durante a gestação com um anti-helmíntico que tenha alta eficácia contra larvas somáticas, de forma a diminuir a infecção transmamária, e as ninhadas em amamentação devem receber ao menos duas doses, com 1 a 2 semanas de idade e novamente 2 semanas depois, com um medicamento recomendado especificamente para uso em filhotes. Isso também irá ajudar a controlar infecções por ascarídeos. A transferência perinatal de larvas tanto de Ancylostoma quanto de Toxocara pode ser diminuída pela administração oral de fembendazol diariamente a partir de 3 semanas antes a 2 dias após o nascimento. O chão dos canis deve ser livre de fendas e seco e a cama deve ser removida diariamente. As baias devem ser preferencialmente calçadas ou de concreto e mantidas tão limpas e secas quanto seja possível, as fezes devem ser removidas com uma pá antes da lavagem do chão. Superfícies pavimentadas podem ser aspergidas com uma solução de hipoclorito de sódio a 1% após o início da limpeza. Se um surto ocorrer, as baias de terra devem ser tratadas com borato de sódio, que é letal para as larvas de vermes gancho, mas que também matam gramíneas. Uma segunda possibilidade, que com frequência é usada em criadouros de raposas, é a colocação de uma tela metálica no chão das baias. Nota. Ancylostoma caninum é mais patogênico para cães do que A. braziliense ou Uncinaria stenocephala em razão do maior nível de perda sanguínea. Ancylostoma caninum pode, ocasionalmente, usar humanos como hospedeiros definitivos. Embora as infecções não cheguem à maturidade completa, elas podem induzir enterite eosinofílica. Ancylostoma braziliense Nome comum. Verme gancho. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Ancylostomatoidea. Descrição macroscópica. Assim como A. caninum, exceto por serem menores que A. caninum ou A. tubaeforme. Em cães, os machos medem cerca de 7,5 mm e as fêmeas, 9 a 10 mm de comprimento. Descrição microscópica. A cápsula bucal é profunda, com dois pares de dentes dorsais grandes e dentes ventrais muito pequenos. Os ovos são similares àqueles de A. caninum, e medem cerca de 75-95 por 41-45 μm. Hospedeiros. Cães, raposas e gatos. Distribuição geográfica. Regiões tropicais e subtropicais. Patogênese. Embora possa causar algum grau de hipoalbuminemia por meio do extravasamento intestinal de plasma, não é um verme hematófago e, consequentemente, apresentapouca significância patogênica, causando apenas distúrbios digestórios leves e, ocasionalmente, diarreia. A principal importância de A. braziliense decorre do fato de ser apontado como causa principal de larva migrans cutânea (LMC) ou ‘bicho geográfico’ em humanos. LMC é caracterizada por tratos inflamatórios eritematosos tortuosos na derme e por prurido grave, e é causado pela penetração de larvas infectantes na pele e circulação delas pela derme. As larvas não se desenvolvem, mas as lesões de pele normalmente persistem por semanas. A gravidade das lesões de pele está relacionada ao grau de exposição às larvas infectantes. Sinais clínicos. Transtorno digestivo leve e diarreia em animais afetados. Em humanos, pode haver eritema e prurido cutâneos. Diagnóstico. Os vermes que são fixados por calor se curvam acentuadamente na altura da vulva. Essa característica difere de A. ceylanicum. Patologia. Os animais infectados podem apresentar edema dos tecidos subcutâneos e do mesentério, e efusão serosa nas cavidades corporais, atribuíveis à hipoproteinemia. Se ocorrer exposição recente a infecção percutânea intensa, pode haver dermatite. Detalhes quanto à epidemiologia, tratamento e controle são como para A. caninum. Nota. Humanos expostos a larvas de A. braziliense podem desenvolver uma erupção cutânea eritematosa e intensamente pruriginosa associada à migração de larvas (LMC humana). Ancylostoma tubaeforme Sinônimo. Strongylus tubaeforme. Nome comum. Verme gancho dos felinos. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Ancylostomatoidea. Descrição macroscópica. Quase idênticos a A. caninum, mas ligeiramente menores, os machos medem cerca de 10 mm e as fêmeas, 12 a 15 mm. Descrição microscópica. A cápsula bucal é profunda, com o sulco dorsal terminando em um chanfro profundo na margem dorsal da cápsula, cuja borda ventral possui três dentes em cada lado. A cutícula é mais espessa e os dentes ‘esofágicos’ profundos são ligeiramente maiores do que em A. caninum. A bolsa do macho é bem desenvolvida e as espículas são, aproximadamente, 50% maiores do que as de A. caninum. Os ovos são similares àqueles de A. caninum e medem cerca de 56-75 por 34-47 μm. Hospedeiros. Gatos. Distribuição geográfica. Cosmopolita. Patogênese. Ancylostoma tubaeforme, em geral, é considerado de baixa patogenicidade, embora infecções intensas possam levar a pelagem de má qualidade, anemia e diminuição do crescimento. Com frequência, há o desenvolvimento de forte imunidade à infecção. Ancylostoma ceylanicum Nome comum. Verme gancho. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Ancylostomatoidea. Descrição macroscópica. Quase idênticos a A. braziliense. Descrição microscópica. As estriações cuticulares são mais largas que em A. braziliense. Hospedeiro. Cães, gatos, felídeos selvagens e humanos. Distribuição geográfica. Ásia (Malásia, Sri Lanka). Patogênese. As infecções normalmente são subclínicas, mas infecções intensas podem produzir anemia e diarreia. Diagnóstico. As fêmeas do verme fixadas em calor não se curvam como ocorre com A. braziliense. Nota. Ancylostoma ceylanicum pode completar seu ciclo evolutivo em humanos e pode causar anemia e dor abdominal; a penetração da pele por larvas infectantes pode induzir lesões cutâneas. Todos os outros detalhes quanto a essas duas espécies são, em muitos aspectos, similares a A. caninum. Uncinaria stephanocephala Nome comum. Verme gancho do norte. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Ancylostomatoidea. Descrição macroscópica. Vermes pequenos, com até 1,0 cm de comprimento; os machos medem 5 a 8,5 mm e as fêmeas, 7 a 12 mm. Descrição microscópica. Os vermes adultos têm cápsula bucal grande e afunilada, que apresenta um par de placas quitinosas, não apresenta dentes dorsais, mas tem um par de dentes subventrais na base (ver Figura 1.48). O cone dorsal não se projeta para dentro da cápsula bucal. Os vermes-machos apresentam bolsa bem desenvolvida, com lobo dorsal curto, dois lobos laterais grandes e separados e espículas delgadas. Os ovos assemelham-se aos de Ancylostoma caninum, mas são ligeiramente mais longos e largos e têm casca mais grossa. Eles são ovoides, com polos dissimilares e as paredes laterais finas e lisas são quase paralelas. Os ovos medem 65-80 por 40-50 μm e contêm blastômeros grandes. Hospedeiros. Cães, gatos, raposas, outros canídeos e felídeos. Muitos mamíferos podem atuar como hospedeiros paratênicos. Distribuição geográfica. Regiões temperadas e subárticas, América do Norte e norte da Europa. Patogênese. A infecção não é incomum em grupos de cães de esporte e de trabalho. Os vermes adultos aderem à mucosa. Eles não são hematófagos vorazes como A. caninum, mas hipoalbuminemia e um baixo grau de anemia, acompanhados por diarreia, anorexia e letargia, foram relatados em filhotes intensamente infestados. Provavelmente, a lesão mais comum em cães que se tornaram hipersensíveis pela exposição prévia é a dermatite podal, que afeta especificamente a pele da região interdigital. Sinais clínicos. Anemia, diarreia, anorexia, letargia, dermatite interdigital. Diagnóstico. Em áreas nas quais A. caninum está ausente, os sinais clínicos de infecção patente, juntamente à demonstração de ovos de estrongilídeos nas fezes, são indicativos de uncinariose. Onde Ancylostoma também é endêmico, o diagnóstico diferencial pode requerer cultura de larvas, embora o tratamento seja similar. Patologia. Infecções graves por verme gancho causam atrofia e fusão vilosas e atrofia do intestino delgado e uma resposta inflamatória na lâmina própria. Epidemiologia. Evidências sugerem que em locais de clima temperado como no Reino Unido, padrões sazonais de larvas infectantes em padoques usados por Greyhounds seguem aquele descrito para tricostrongilídeos gastrintestinais em ruminantes, com aumento marcante em julho e pico em setembro, o que sugere que o desenvolvimento de L3 é fortemente dependente da temperatura. Tratamento. Fembendazol, mebendazol, nitroscanato, piperazina, pirantel e milbemicinas oxima são todos efetivos contra o verme gancho do Norte. Controle. Tratamento regular com anti-helmínticos e boa higiene, conforme recomendado para Ancylostoma, irão controlar a infecção por Uncinaria. A combinação de ivermectina e pamoato de pirantel ou uma formulação de ivermectina mastigável podem ter alta eficácia. A dermatite podal responde pobremente ao tratamento sintomático, mas regride gradualmente na ausência de reinfecção. Strongyloides stercoralis Sinônimos. Strongyloides canis, Strongyloides intestinalis, Anguillula stercoralis. Nome comum. Verme fio. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Nematoda. Classe. Secernentea. Superfamília. Rhabditoidea. Descrição macroscópica. Vermes delgados capiliformes que medem cerca de 2 mm de comprimento. Apenas as fêmeas são parasitas. Descrição microscópica. O esôfago longo pode ocupar até um terço do comprimento do corpo e o útero é entrelaçado com o intestino, dando a aparência de fios entremeados. Diferentemente de outros parasitas intestinais de tamanho similar, a cauda tem extremidade romba. Os ovos de Strongyloides são ovais, com casca fina e pequenos, medindo 50-58 por 30- 34 μm. As L1 que eclodiram são eliminadas nas fezes. Hospedeiros. Cães, raposas, gatos, humanos. Distribuição geográfica. Cosmopolita em regiões de clima quente, Europa (Portugal, França, Polônia, Ucrânia, Romênia e Hungria). Patogênese. Infecções graves podem ocorrer em cães, principalmente em filhotes. Os parasitas maduros são encontrados no duodeno e jejuno proximal e, se presentes em grandes números, podem causar inflamação com edema e erosão do epitélio. Isso resulta em enterite catarral com prejuízo a digestão e absorção. A migração de larvas pode causar broncopneumonia. Sinais clínicos. Diarreia sanguinolenta, desidratação e, algumas vezes, morte. Diagnóstico.Os sinais clínicos em animais muito jovens, normalmente nas primeiras poucas semanas de vida, juntamente com a presença de um grande número de ovos característicos ou larvas nas fezes são sugestivos de estrongiloidose. Patologia. As lesões consistem em inflamação catarral do intestino delgado, enquanto em infecções graves pode haver necrose e esfacelamento da mucosa. Os vermes adultos cavam túneis no epitélio na base dos vilos do intestino delgado. Em cachorrinhos jovens, invasão intensa dos pulmões por larvas em migração pode resultar em hemorragias petequiais e equimóticas. Epidemiologia. Os cães podem atuar como hospedeiros naturais para essa espécie. A transmissão ocorre tanto por via oral ou percutânea quanto por autoinfecção. Essa última via pode levar a casos de estrongiloidose persistente que ocorre sem reinfecção externa. Cãezinhos que não foram desmamados são infectados por via oral por larvas que aderem às tetas e larvas ingeridas com o colostro. A infecção é vista mais comumente no verão, quando o tempo está quente e úmido, e é um problema frequente em canis. Uma estirpe de Strongyloides stercoralis se tornou adaptada a humanos e normalmente ocorre em locais de clima quente. Tratamento. Em cães, fembendazol oral a 10 a 20 mg/kg/dia durante 3 dias é efetivo. Ivermectina é efetiva contra vermes adultos. Controle. A desinfecção ou a substituição de canis e de camas eliminam as fontes de infecção. Três outras espécies de Strongyloides são encontrados em gatos (Tabela 12.1). Detalhes quanto ao ciclo evolutivo, diagnóstico, tratamento e controle dessas espécies são como para S. stercoralis. Trichinella spiralis Para mais detalhes, ver Capítulo 11. Alaria alata Nome comum. Fascíola intestinal dos carnívoros. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Platyhelminthes. Classe. Trematoda. Família. Diplostomatidae. Descrição macroscópica. Fascíolas adultas medem 2 a 6 mm de comprimento e a parte anterior do corpo, achatada na forma de espátula, é muito mais longa do que a parte posterior cilíndrica, que contém os órgãos reprodutivos. Tabela 12.1 Espécies de Strongyloides relatadas em gatos. Espécie Descrição Patogenicidade Strongyloides planiceps As fêmeas parasitas medem 2,4 a 3,3 mm de comprimento (em média, 2,8 mm). A cauda da fêmea parasita se estreita abruptamente até uma extremidade romba e os ovários têm aparência de espiral Não patogênico Strongyloides felis (sin. Strongyloides cati) Semelhante a S. planiceps. As fêmeas parasitas de S. felis têm uma cauda longa que se estreita lentamente até a extremidade. Os ovários são retos Não patogênico Strongyloides tumefaciens As fêmeas parasitas medem cerca de 5 mm de comprimento Encontradas em tumores na mucosa do intestino grosso Descrição microscópica. Nos cantos laterais anteriores da parte anterior há duas projeções semelhantes a tentáculos. As ventosas são muito pequenas e o órgão aderente consiste em duas dobras tubulares longas com margens laterais distintas. Os ovos castanhoamarelados são grandes, medindo 98-134 por 62-68 μm, operculados e não embrionados (Figura 12.5). Hospedeiros definitivos. Cães, gatos, raposas, visons, carnívoros selvagens e raramente humanos. Hospedeiros intermediários. Hospedeiro 1: caramujos de água doce (Planorbis spp.). Hospedeiro 2: sapos e rãs. Distribuição geográfica. Europa oriental. Patogênese. Fascíolas adultas aderem à membrana mucosa do intestino delgado (Figura 12.6), mas causam poucas lesões. Entretanto, as mesocercárias em migração podem causar sintomas clínicos. Infecções intensas podem causar duodenite grave e lesões pulmonares em cães e gatos. Um caso fatal foi relatado em humanos que ingeriram pernas de rã cozidas inadequadamente; as principais lesões foram nos pulmões. Sinais clínicos. A infecção, em geral, não é associada a sinais clínicos. Diagnóstico. O diagnóstico é feito por meio da identificação da presença de ovos nas fezes. Figura 12.5 Ovo de Alaria. (Esta figura encontra-se reproduzida em cores no Encarte.) Figura 12.6 Alaria spp. aderidas à mucosa do intestino delgado. (Esta figura encontra-se reproduzida em cores no Encarte.) Patologia. Os efeitos, em geral, são limitados ao local de aderência das fascíolas à mucosa intestinal e podem incluir irritação local, erosão, ulceração e a produção de excesso de muco intestinal e, raramente, enterite hemorrágica. Epidemiologia. A infecção é mantida em áreas endêmicas nas quais os hospedeiros intermediários são abundantes. A infecção transmamária foi relatada com algumas espécies em gatos e roedores. Tratamento. O tratamento com praziquantel ou niclosamida é recomendado. Controle. Deve-se evitar que cães e gatos peguem ou consumam hospedeiros paratênicos, tais como rãs, roedores e cobras. Outras espécies de Alaria encontradas em canídeos e felídeos estão descritas na Tabela 12.2. Tabela 12.2 Fascíolas intestinais de cães e gatos. Espécie Hospedeiros definitivos Hospedeiros intermediários Distribuição Família Diplostomatidae Alaria alata Cães, gatos, raposas, visons, carnívoros selvagens, humanos 1: Caramujos 2: Rãs e sapos Europa Oriental Alaria americana Cães, raposas e outros canídeos 1: Caramujos 2: Rãs e sapos América do Norte 1: Caramujos Alaria minnesotae Gatos, gambás 2: Rãs e sapos América do Norte Alaria canis Cães, raposas 1: Caramujos 2: Rãs e sapos América do Norte Alaria michiganensis Cães, raposas 1: Caramujos 2: Rãs e sapos América do Norte Alaria marcianae Gatos 1: Caramujos 2: Rãs e sapos América do Norte Família Troglotrematidae Nanophyetus salmincola Cães, gatos, guaxinins, visons, ursos, linces, mamíferos que comem peixes, raramente humanos 1: Caramujos 2: Peixes América do Norte, Rússia Oriental Família Heterophyidae Heterophyes heterophyes Cães 1: Caramujos 2: Peixes Egito, Ásia Heterophyes nocens Cães 1: Caramujos 2: Peixes Egito, Ásia Metagonimus yokagawai Cães 1: Caramujos 2: Peixes Ásia, Bálcãs Cryptocotyle lingua Gaivotas, raposas 1: Mariscos 2: Peixes Europa (Alemanha, Dinamarca, Reino Unido) Apophallus muhlingi Gaivotas 1: Desconhecido 2: Peixes Europa Apophallus (Rossicotrema) donicum Gatos, cães 1: Desconhecido 2: Peixes Europa, América do Norte Família Echinosomatidae Echinochasmus perfoliatus Cães 1: Caramujos 2: Peixes Europa, Ásia Euparyphium melis Gatos 1: Caramujos 2: Girinos Europa Euparyphium ilocanum Cães 1: Caramujos 2: Moluscos de água doce Europa Nanophyetus salmincola Sinônimo. Troglotrema salmincola. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Platyhelminthes. Classe. Trematoda. Família. Nanophyetidae. Descrição macroscópica. As fascíolas são pequenas, ovais, de coloração branca ou creme e medem cerca de 1 a 2,5 mm de comprimento por 0,3 mm de largura. Descrição microscópica. Os grandes testículos são ovais e estão situados lado a lado no terço posterior do segmento. Os ovários esféricos estão situados atrás da ventosa ventral e à sua direita. O poro genital é imediatamente posterior à ventosa ventral e o saco tubular é grande. A vitelária consiste em grandes folículos. Os ovos são castanho-amarelados, não embrionados e medem cerca de 64-80 por 34-50 μm. Eles apresentam opérculo indistinto e uma dobradiça abopercular pequena e redonda no polo oposto. Hospedeiros definitivos. Cães, raposas, coiotes, gatos, guaxinins, visons, ursos, linces, outros mamíferos que comem peixes e raramente humanos. Hospedeiros intermediários. Hospedeiro 1: caramujos (Oxytrema silicula, Goniobasis, Semisulcospira spp.). Hospedeiro 2: muitos peixes salmonídeos. Distribuição geográfica. América do Norte (noroeste do Pacífico) e Rússia oriental. Patogênese. Os trematódeos penetram profundamente na mucosa do duodeno ou aderem à mucosa de outras partes do intestino delgado ou do intestino grosso. Em grandes números, eles produzem uma enterite superficial que pode levar a enterite hemorrágica. A importância real de N. salmincola está em sua capacidade de transmitir Neorickettsia helminthoeca,o agente da ‘intoxicação por salmão’, que, com frequência, produz infecções graves e fatais em cães, raposas e outros animais. Sinais clínicos. A presença de um grande número de fascíolas pode causar diarreia. Com infecções complicadas que envolvem Neorickettsia helminthoeca, há início súbito de febre e perda completa de apetite. Em alguns dias há secreção purulenta dos olhos, vômito e diarreia profusa, que pode ser hemorrágica. Os linfonodos podem estar aumentados. A mortalidade varia de 50 a 90% dos animais infectados. Diagnóstico. O diagnóstico é feito por meio da identificação da presença de ovos nas fezes. Patologia. Em grandes números, pode ocorrer enterite superficial, levando a enterite hemorrágica. Epidemiologia. A infecção é mantida em áreas endêmicas nas quais os hospedeiros intermediários são abundantes. Tratamento. Uma vez que a riquétsia causa os principais efeitos patogênicos, o tratamento com tetraciclina é indicado. Doses altas de albendazol ou fembendazol por um período prolongado podem ser efetivas no tratamento da infecção por fascíolas. Praziquantel administrado por via intramuscular ou subcutânea também é efetivo. Controle. Cães e gatos não devem ser alimentados com peixe cru e devem ser mantidos longe de rios e de riachos que tenham salmões. Nota. Nanophyetus pode ocasionalmente infectar humanos, nos quais penetra entre os vilos e causa inflamação e necrose da mucosa. Muitos outros trematódeos parasitam o intestino delgado de cães e gatos e outros hospedeiros definitivos, inclusive aves e humanos, mas eles, normalmente, são de menor significância veterinária e estão resumidos na Tabela 12.2. Descrição mais detalhada é dada no Capítulo 1. Diphyllobothrium latum Sinônimo. Dibothriocephalus latus. Nome comum. Verme chato largo. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Platyhelminthes. Classe. Cestoda. Família. Diphyllobothriidae. Descrição macroscópica. Uma tênia muito longa de coloração marfim que mede de 10 a 15 m de comprimento, com muitas centenas de proglótides. O escólex é desarmado e apresenta dois sulcos musculares longitudinais semelhantes a fendas ou ventosas como órgão de fixação. Descrição microscópica. Os segmentos maduros ou gravídicos têm formato retangular com poro genital central, sendo mais largos que longos. Os órgãos reprodutores estão localizados no centro dos segmentos. Os ovos têm coloração castanho-amarelada clara, formato ovoide, com polos arredondados, operculados e medem cerca de 66-70 por 45-50 μm (Figura 12.7). Note que os ovos de Spirometra spp. são muito similares, mas diferem por apresentarem polos mais pontiagudos (ver Figura 12.9). Hospedeiros definitivos. Humanos e mamíferos que comem peixes, tais como cães, raposas, gatos, suínos, visons, focas e ursos. Hospedeiros intermediários. Hospedeiro 1: copépodes do gênero Diaptomus. Hospedeiro 2: peixes de água doce (lúcio, truta, perca, vairão). Distribuição geográfica. Partes da Escandinávia, Rússia, Japão e América do Norte. Patogênese e sinais clínicos. Em humanos, as infecções, com frequência, são assintomáticas, mas pode haver fadiga, dispepsia, vômito e diarreia transitória. A infecção normalmente é assintomática em animais, embora ocasionalmente possa ocorrer deficiência de vitamina B12. Diagnóstico. Depende da detecção dos ovos característicos nas fezes. Figura 12.7 Ovo de Diphyllobothrium latum. (Esta figura encontra-se reproduzida em cores no Encarte.) Patologia. Não induz lesão no intestino. Epidemiologia. Diphyllobothrium latum é essencialmente um parasita de humanos, uma vez que, em outros hospedeiros, o cestódio produz poucos ovos férteis. A epidemiologia, portanto, é amplamente centrada em dois fatores, o acesso de detritos humanos a lagos de água doce e a ingestão de peixe cru. Animais domésticos, tais como cães ou suínos, tornam-se infectados ingerindo peixe cru ou restos de peixe. Tratamento. Praziquantel e niclosamida são efetivos contra os cestódios adultos. Controle. Em áreas nas quais a infecção é comum, os animais domésticos não devem receber produtos à base de peixe, a não ser que esses produtos tenham sido cozidos ou ultracongelados. Nota. Diphyllobothrium latum é um cestódio parasita importante do intestino delgado de humanos em regiões de clima nórdico; ele também pode infectar outros mamíferos que comem peixes. Dipylidium caninum Nomes comuns. Verme de dois poros, cestódios semente de pepino. Local de predileção. Intestino delgado. Filo. Platyhelminthes. Classe. Cestoda. Família. Dilepididae. Descrição macroscópica. Dipylidium é um cestódio muito mais curto que a Taenia, com comprimento máximo de, aproximadamente, 50 cm. Descrição microscópica. O escólex apresenta quatro ventosas e um rostelo protrátil, que é armado com quatro ou cinco fileiras de pequenos ganchos em formato de espinhos de rosa (ver Figura 1.99). As proglótides são facilmente identificadas, sendo alongadas como um grande grão de arroz ou uma semente de pepino, e apresentam dois conjuntos de órgãos genitais, com uma abertura de poro em cada margem. Os ovos têm coloração castanho-amarelada e são quase subesféricos. Eles contêm um embrião hexacanto e medem cerca de 25 a 50 μm, e estão contidos em uma cápsula do ovo (aproximadamente 120 a 200 μm), que pode conter até 30 ovos (Figura 12.8; ver também Figura 4.6). Figura 12.8 Ovos de Dipylidium caninum empacotados. (Esta figura encontra-se reproduzida em cores no Encarte.) Hospedeiros definitivos. Cães, raposas e gatos, raramente humanos. Hospedeiros intermediários. Pulgas (Ctenocephalides spp., Pulex irritans) e piolhos picadores (Trichodectes canis). Distribuição geográfica. Cosmopolita. Patogênese. Os adultos não são patogênicos e muitas centenas podem ser toleradas sem efeitos clínicos. Eles liberam segmentos que, conforme se arrastam ativamente a partir do ânus, podem causar algum desconforto, e um sinal útil de infecção é se o animal lamber excessivamente a região do períneo. Sugeriu-se que os cães infectados desenvolvem o hábito de esfregar o ânus no chão, mas a obstrução das glândulas anais é a causa mais comum para esse comportamento. Sinais clínicos. Desconforto anal, prurido. Diagnóstico. Com frequência, a primeira indicação de infecção é a presença de um segmento na pelagem ao redor do períneo. Se o segmento foi recém-eliminado, a identificação pode ser feita pela sua forma alongada, os órgãos genitais duplos, que podem ser vistos com uma lupa de mão. Se estiver seco e distorcido, será necessário quebrá-lo sob a água usando agulhas, para que os pacotes de ovos sejam vistos com facilidade sob o microscópio, diferenciando assim o segmento daquele de Taenia spp., que contém apenas muitas oncosferas únicas. Patologia. Os cestódios adultos têm pouca significância patogênica. Epidemiologia. A infecção por Dipylidium é muito comum e, por depender da presença contínua de ectoparasitas para sua endemicidade local, ela é mais prevalente em animais negligenciados, embora infestações também sejam vistas em cães e gatos bem cuidados. Tratamento e controle. Na infecção por Dipylidium, o tratamento e o controle devem ser instituídos conjuntamente, uma vez que, claramente, não há sentido em eliminar o cestódio adulto deixando um reservatório nos ectoparasitas do animal. Portanto, a administração de anti-helmínticos, tais como nitroscanato e praziquantel, deve ser acompanhada pelo uso de inseticidas. Também é imperativo que a cama do animal e os locais de repouso habituais recebam aplicação de inseticidas para eliminar os estágios imaturos das pulgas, que muitas vezes são mais numerosos que os parasitas adultos que estão se alimentando no cão ou no gato. Nota. Esse é o cestódio mais comum dos cães e dos gatos domésticos. Echinococcus A taxonomia de Echinococcus sofreu por incertezas quanto ao estado taxonômico das espécies e subespécies descritas. Isso resultou em confusão quanto à nomenclatura das variantes intraespecíficas e teve impacto sobre a compreensão quanto à epidemiologia da equinococose,principalmente quanto à natureza dos padrões de transmissão. A aplicação recente de ferramentas moleculares levou ao reconhecimento de que uma série de espécies altamente adaptadas ao hospedeiro se mantém por meio de ciclos distintos de transmissão. Echinococcus granulosus possui um alto grau de divergência genética e muitas estirpes (G1-G10) foram descritas, que apresentam diferenças quanto a morfologia, variedade de hospedeiros, patogenicidade e distribuição geográfica. Atualmente sabe-se que duas estirpes reconhecidas anteriormente agora são espécies individuais. E. equinus (a estirpe anterior dos equinos) e E. orteleppi (a estirpe anterior dos bovinos). Indubitavelmente existem mais estirpes ou espécies do complexo E. granulosus. Echinococcus multilocularis é um parasita principalmente de raposas, mas é uma zoonose importante que também afeta cães e gatos. Outras duas espécies de Echinococcus ocorrem em cães: E. oligarthrus e E. vogeli. Esses são resumidos nas seções seguintes. Os estágios de metacestódios podem se estabelecer e desenvolver em humanos. Hospedeiros intermediários incluem roedores, tais como pacas (Cuniculus paca), o rato-espinhoso (Proechimys guyannensis) e a cutia (Dasyprocta spp.). Echinococcus granulosus, Echinococcus equinus (G4), Echinococcus orteleppi (G5) Nomes comuns. Cestódio anão dos cães, hidatidose. Locais de predileção. Intestino delgado anterior (hospedeiro definitivo); principalmente fígado e pulmões (hospedeiro intermediário). Filo. Platyhelminthes. Classe. Cestoda. Família. Taeniidae. Descrição macroscópica. Todas as três espécies têm aparência similar. O cestódio inteiro tem apenas 5,0 a 6,0 mm de comprimento, e, portanto, é difícil de encontrar no intestino recém-aberto. Ela consiste em um escólex e três ou quatro segmentos, sendo que o segmento gravídico terminal ocupa cerca de metade do comprimento do cestódio completo (ver Figura 1.94). Cistos ‘hidáticos’ são vesículas grandes preenchidas por líquido, com 5 a 10 cm de diâmetro (ver Figura 9.44). Descrição microscópica. O escólex tipicamente é tenídeo e o rostelo apresenta duas fileiras de ganchos, que variam em quantidade de 30 a 60. Cada segmento apresenta uma única abertura genital, com o penúltimo segmento sexualmente maduro e o último segmento grávido. Os poros genitais se alternam irregularmente. Para morfologia mais detalhada dos cistos hidáticos, ver descrição de E. granulosus no Capítulo 9. Os ovos pequenos e quase esféricos têm casca grossa e lisa e são tipicamente ‘tenídeos’. Eles medem 32-36 por 25-30 μm e o embrióforo lamelar é estriado radialmente, com seis oncosferas com ganchos. Hospedeiros definitivos. Echinococcus granulosus: cães e muitos canídeos selvagens tais como coiote, dingo e lobos; E. equinus: cães e raposas-vermelhas; E. orteleppi: cães. Hospedeiros intermediários. Echinococcus granulosus: ruminantes domésticos e selvagens, humanos e primatas, suínos e lagomorfos; equinos e jumentos são resistentes. E. equinus: equinos, burros, mulas e jumentos; E. orteleppi: bovinos. Distribuição geográfica. Echinococcus granulosus, cosmopolita; E. equinus, principalmente Europa. Patogênese. Os cestódios adultos não são patogênicos, e milhares podem estar presentes no intestino delgado de cães sem sinais clínicos. Em animais domésticos, as hidátides no fígado ou nos pulmões normalmente são toleradas sem sinais clínicos, e a maioria das infecções é revelada apenas no abatedouro. Onde as oncosferas forem levadas pela circulação para outros locais, tais como rins, pâncreas, SNC ou cavidade medular dos ossos longos, a pressão do cisto em crescimento pode causar uma variedade de sinais clínicos. Em contrapartida, quando humanos são envolvidos como hospedeiros intermediários, a hidátide nos pulmões ou no fígado, com frequência, tem significância patogênica. Um ou ambos os pulmões podem ser afetados, causando sintomas respiratórios e, se muitas hidátides estiverem presentes no fígado, pode haver distensão abdominal notável. Se um cisto se rompe, há risco de morte por anafilaxia; de maneira alternativa, se a pessoa sobreviver, cistosfilhos liberados podem retomar o desenvolvimento em outras regiões do corpo. Sinais clínicos. Assintomático em cães e a infecção em bovinos, ovinos e equinos, em geral, também não é associada a sinais clínicos. A infecção de pessoas pode resultar em distúrbio respiratório ou aumento de volume abdominal, dependendo se os pulmões ou o fígado estiverem infectados. Diagnóstico. O diagnóstico da infecção em cães com cestódios adultos é difícil, uma vez que os segmentos são pequenos e são liberados apenas de forma esparsa. Quando encontrados, a identificação se baseia no seu tamanho (2,0 a 3,0 mm), formato ovoide e poro genital único. Em alguns países, regimes de controle envolveram a administração de anti-helmínticos purgativos, tais como cloridrato de arecolina, de maneira que o cestódio completo é expelido no muco e pode ser procurado nas fezes. Se necropsia estiver disponível, o intestino delgado é aberto e imerso em água rasa, e os cestódios aderidos à mucosa serão vistos como papilas delgadas pequenas. Testes imunodiagnósticos foram desenvolvidos com base na detecção de antígenos fecais pela técnica do ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (ELISA) sanduíche. • • Patologia. Não há patologia relatada nos hospedeiros definitivos. Epidemiologia Echinococcus granulosus. Apenas alguns países, notavelmente a Islândia e a Irlanda, são livres de E. granulosus. É habitual considerar a epidemiologia como se baseando nos dois ciclos, pastoral e silvestre. No ciclo pastoral, o cão sempre está envolvido, sendo infectado pela ingestão de restos de ruminantes que contêm cistos hidáticos. Os hospedeiros intermediários domésticos irão variar de acordo com as criações locais, porém os mais importantes são os ovinos, que parecem ser hospedeiros intermediários naturais, sendo os escóleces originados desses animais mais altamente infectantes para cães. Em partes do Oriente Médio, o camelo é o principal reservatório de hidátides, enquanto no norte da Europa e da Rússia, é a rena. O ciclo pastoral é a fonte principal de hidatidose em humanos, sendo a infecção por ingestão acidental de oncosferas da pelagem de cães, ou de vegetais e outros alimentos contaminados por fezes de cachorros. O ciclo silvestre ocorre em canídeos selvagens e ruminantes e se baseia na predação ou no consumo de carcaças. Ele é menos importante como fonte de infecção em humanos, exceto em comunidades de caça, nas quais a infecção pode ser introduzida em cães domésticos pela alimentação com vísceras de ruminantes selvagens Echinococcus equinus (G4). A hidatidose equina é mais comum na Europa, e em outras partes do mundo, a maioria dos casos foi relatada em cavalos importados da Europa. A estirpe é altamente específica para equinos e os ovos não se desenvolvem em ovinos. O cão doméstico e a raposa-vermelha são os hospedeiros definitivos, e o ciclo em países de alta prevalência depende do acesso de cães a vísceras de equinos infestadas. Na Europa continental, a fonte mais provável é de restos de equinos de abatedouros e, na Grã-Bretanha, as vísceras de cavalos de caça, que são oferecidas a cães de caça. A estirpe de equinos não parece ser infectante para humanos. Tratamento. Cestódios do gênero Echinococcus são mais difíceis de remover do que Taenia, mas muitos medicamentos, notavelmente praziquantel, estão disponíveis atualmente, que são altamente eficazes. Após o tratamento, é aconselhável confinar os cães por 48 h para facilitar a coleta e o descarte das fezes infectadas. Em humanos, os cistos hidáticos podem ser removidos cirurgicamente, embora o tratamento com mebendazol, albendazol e praziquantel tenha sido relatado como efetivo. Controle. Baseia-se no tratamento regular de cães para eliminar os cestódios adultos e na prevenção da infecção em cães pela exclusão de material contendo hidátides da sua dieta. Isso é conseguido evitando o acesso de cães a abatedouros e, onde possível, por descarte
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