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CirurgiaCirurgia 2022.1 7º SEMESTRE Avaliação do estado de saúde pré-operatório História médica Um histórico médico preciso é a informação mais útil que um clínico pode ter enquanto decide se um paciente pode passar por um tratamento dentário planejado de modo seguro. Dados o Dados biográficos o Principal queixa e seu histórico o História médica o Históricos social e médico da família o Revisão de sistemas o Exame físico o Resultados laboratoriais e de imagenologia Histórico de saúde É útil investigar especificamente sobre problemas médicos comuns que tendem a alterar o tratamento odontológico do paciente. Esses problemas incluem angina, infarto do miocárdio, sopros cardíacos, cardiopatia reumática, distúrbios hemorrágicos (incluindo uso de anticoagulantes), asma, doença pulmonar crônica, hepatite, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), diabetes, uso de corticosteroide, distúrbio convulsivo, derrame e qualquer prótese implantada como articulação artificial e válvulas cardíacas. Os pacientes devem ser perguntados especificamente sobre alergias a anestésicos locais, Aspirina® e penicilina. Pacientes do sexo feminino, pertencentes a uma faixa etária apropriada, devem também ser indagadas, em cada visita, sobre a possibilidade de estarem grávidas. Um breve histórico familiar pode ser útil e deve considerar doenças hereditárias relevantes como hemofilia. O histórico médico deve ser atualizado regularmente. o Internações anteriores, operações, lesões traumáticas e doenças graves o Doenças leves recentes ou sintomas o Medicações usadas no momento ou recentemente e alergias (em especial, alergias a drogas) o Descrição de hábitos relacionados à saúde ou vícios como o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas, e a quantidade e tipo de exercício diário o Data e resultado do último checkup médico ou visita ao clínico Os resultados da avaliação médica são usados para atribuir uma classificação ao estado físico. Existem alguns sistemas de classificação, mas, geralmente, o mais usado é o sistema classificatório da American Society of Anesthesiologists (ASA) ASA I: Paciente normal, saudável ASA II: Paciente com doença sistêmica leve ou com um significante risco de saúde ASA III: Paciente com doença sistêmica grave que não é incapacitante ASA IV: Paciente com doença sistêmica grave que oferece risco de vida constante ASA V: Paciente moribundo que provavelmente não sobreviverá sem a operação ASA VI: Paciente com morte cerebral declarada que está passando por remoção de órgãos para doá-los. Adaptação para consultório odontológico ASA I: pacientes saudáveis Asa II: paciente extremamente ansionso, com história de episódios de mal-estar ou desmaio na clínica odontológica; paciente acima de 65 anos; obesidade moderada; gestantes nos 2 primeiros semestres de gestação. Hipertensos controlados com medicação, diabéticos tipo II, controlados com dieta e/ou medicação; portadores de distúrbios convulsivos, controlados com medicação; asmático, que ocasionalmente usa broncodilatador em aeressol e tabagistas, sem DPOC. Angina estável, assintomática e pacientes com história de infarto com mais de 6 meses. ASA III: Paciente com doença sistêmica severa, que limita suas atividades, obesidade mórbida, ultimo trimestre da gestação, diabético tipo I com doença controlada, hipertenso descontrolado, insuficiência cardíaca congestiva; doença pulmonar obstrutiva crônica; episódios frequentes de convulsão ou crise asmática; hemofilia. Paciente sob quimioterapia; infarto em menos de 6 meses. Exame físico Qualquer exame físico deve começar com a medição dos sinais vitais. Isto serve como um dispositivo para detectar problemas médicos que não foram previstos e como uma base para medições futuras. A avaliação física de várias partes do corpo geralmente envolve um ou mais dos seguintes meios primários de avaliação: (1) inspeção, (2) palpação, (3) percussão e (4) auscultação. Nas regiões oral e maxilofacial, a inspeção deve ser sempre realizada. O médico deve notar a distribuição dos pelos e sua textura, a simetria facial e a proporção, os movimentos oculares e a cor da conjuntiva, a permeabilidade nasal em cada lado, a presença ou a ausência de lesões cutâneas ou descoloração e as massas na face e pescoço. o Pulso arterial- carotídeo ou radial (verificar qualidade, ritmo, frequência, volume) o Frequência respiratória o Pressão arterial o Temperatura o Altura e peso o Solicitar exames complementares Tratamento de pacientes com condições médicas comprometidas Problemas Cardiovasculares Cardiopatia isquêmica Angina pectoris O estreitamento das artérias do miocárdio é um dos problemas de saúde mais comuns que os cirurgiões- dentistas encontram. O processo básico da doença é um estreitamento progressivo ou espasmo (ou ambos) de uma ou mais artérias coronárias. Isso leva a um descompasso entre a demanda miocárdica de oxigênio e a habilidade das artérias coronárias de abastecer o sangue arterial (que carrega oxigênio). A demanda de oxigênio do miocárdio pode ser aumentada, por exemplo, pelo esforço ou pela ansiedade. A angina é um sintoma de cardiopatia isquêmica produzida quando o abastecimento de sangue do miocárdio não é suficientemente aumentado para alcançar as altas exigências de oxigênio que resultam de uma doença arterial coronária. O miocárdio se torna isquêmico, produzindo pressão alta e sensação de aperto na região subesternal que pode se propagar ao ombro e braço esquerdo e até à região mandibular. O paciente pode reclamar de uma intensa sensação de dificuldade de respirar adequadamente. Embora existam algumas controvérsias sobre o uso de anestésicos locais contendo epinefrina em pacientes com angina, os benefícios (p. ex., anestesia prolongada e acentuada) compensam os riscos. No entanto, se deve tomar cuidado para evitar administração excessiva de epinefrina por meio do uso de técnicas de injeção apropriadas. Alguns médicos também aconselham não dar mais que 4 mL de uma solução anestésica local com uma concentração de epinefrina de 1:100.000 em uma dose total para adultos de 0,04 mg em cada período de 30 minutos. Angina mediante a esforço mediano, responde ao descanso e à nitroglicerina, pode ser operado normalmente. Já pacientes com angina mediante a esforço mínimo (instável) ou repouso, é recomendado postergar cirurgias programadas. Infarto agudo do miocárdio O IAM ocorre quando a isquemia (resultante de um descompasso entre a demanda de oxigênio e seu abastecimento) causa disfunção celular miocárdica e morte. O infarto agudo do miocárdio normalmente acontece quando uma área estreita de uma artéria coronária possui um coágulo que bloqueia todo ou a maior parte do fluxo sanguíneo. É a morte celular de uma parte do miocárdio, devido a isquemia prolongada da região. O tratamento de um problema cirúrgico bucal em um paciente que tenha tido um IAM começa com uma consulta ao seu médico. Geralmente, é recomendado que os principais procedimentos cirúrgicos programados sejam adiados até pelo menos 6 meses após o infarto. Pacientes que tiveram um IAM tomam Aspirina® e outros anticoagulantes para diminuir a trombogênese coronária; detalhes sobre isso devem ser procurados, pois podem afetar a tomada de decisões cirúrgicas. A utilização de anestésicos locais contendo epinefrina é segura, se dados em quantidades adequadas usando uma técnica de aspiração. Os sinais vitais devem ser monitorados durante o período transoperatório. Acidente vascular cerebral (derrame) Pacientes que sofreram um acidente vascular cerebral (AVC) são sempre suscetíveis a mais acidentes neurovasculares. Frequentemente, são prescritos anticoagulantes a esses pacientes e, se forem hipertensos, eles também tomam remédios para abaixar a pressão. Se um paciente desse tipo precisar de cirurgia, é desejável que o mesmoesteja liberado por seu médico, assim como um adiamento até as tendências hipertensivas importantes estiverem controladas. O estado neurológico básico do paciente deve ser avaliado e registrado no pré-operatório. O paciente deve ser tratado por um protocolo de redução de ansiedade não farmacológico e ter seus sinais vitais cuidadosamente monitorados durante a cirurgia. Se a sedação farmacológica for necessária, baixas concentrações de óxido nitroso podem ser utilizadas. Disritmias Pacientes que são propensos ou sofrem de disritmias cardíacas geralmente possuem um histórico de cardiopatia isquêmica que requer modificações no tratamento odontológico. Muitos defendem que se deve limitar a administração de epinefrina à quantidade de 0,04 mg. No entanto, além disso, esses pacientes podem estar tomando anticoagulantes ou ter um marcapasso cardíaco permanente. Marca-passos não apresentam contraindicações à cirurgia bucal e não há evidências que mostrem a necessidade de profilaxia antibiótica em pacientes com marca-passos. Equipamentos elétricos como o eletrocautério e micro-ondas não devem ser usados perto do paciente. Distúrbios renais Normalmente paciente com distúrbios renais apresentam anorexia, fraqueza, prurido, náuseas e letargia, dispneia, hipertensão arterial e edemas periféricos. É necessário solicitar exames complementares como: hemograma completo, coagulograma, IMR, ureia, creatinina e eletrólitos. Em casos de diálise, verificar qual tipo de diálise e sempre adiar o tratamento para o dia posterior a sessão de diálise É importante avaliar drogas nefrotóxicas (antibióticos, anti-virais, AINES) e a necessidade de suplementação com esteroides e profilaxia antibiótica Distúrbios hepáticos O paciente com danos severos no fígado resultantes de doença infecciosa, abuso de álcool, ou congestão biliar ou vascular precisa de atenção especial antes da realização da cirurgia bucal. Uma alteração de dose ou evitar drogas que necessitam de metabolismo hepáticopode ser necessário. A produção de vitamina K – fatores de coagulação vitamina K-dependentes (II, VII, IX, X) podem ser reduzidos em doenças hepáticas severas; portanto, obter uma Relação Normalizada Internacional (INR, do inglês, international normalized ratio tempo de protrombina [TP]) ou tempo de tromboplastina parcial (TTP) pode ser útil antes da cirurgia em pacientes com doenças hepáticas mais severas. A hipertensão portal causada por doença hepática pode também acarretar em hiperesplenismo – uma captura de plaquetas que causa trombocitopenia. Detectar um tempo de sangramento prolongado ou contagem baixa de plaquetas revela esse problema. Deve haver precauções contra a hepatite B e evitar drogas com metabolismo hepático, como Tilenol e tetraciclina. É necessário pedir coagulograma, avaliando deficiência de vitamina K e contagem de plaquetas e alterações no TGO e TGP. Diabetes Mellitus Pacientes diabéticos relatam polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso. Deve-se avaliar a glicemia em jejum acima de 120mg/dl (lembrando que pode ser falha- avaliar hemoglobina glicada). o Glicose em jeju, (até 180- 200mg/dl pode ser tolerável) o Hemglobina glicada: níveis glicêmicos de 3-6 meses (menor de 5,7% normal) - tratamento cirúrgico ideal menor de 7% Gravidez Embora não seja uma doença, a gravidez ainda é uma situação em que são necessárias considerações especiais para proteger a mãe e o feto em desenvolvimento quando uma cirurgia bucal é pedida. A preocupação primária, quando se trata de fornecer tratamento para uma paciente grávida, é a prevenção de danos genéticos ao feto. É praticamente impossível realizar um procedimento cirúrgico oral com sucesso sem o uso de radiografias ou medicamentos; portanto, uma opção é adiar qualquer cirurgia bucal programada até depois do parto para evitar riscos ao feto. Se a cirurgia durante a gravidez não puder ser adiada, devem ser realizados esforços para diminuir a exposição fetal aos fatores teratogênicos. No que diz respeito à imagenologia, o uso de forras de proteção e a realização de exame radiográfico periapical digital somente nas áreas que requerem cirurgia podem diminuir essa exposição. A lista de drogas que se acredita oferecerem pouco risco ao feto é pequena. Para cirurgias bucais, acredita-se que as seguintes drogas são menos prováveis de causar danos ao feto quando usadas em quantidades moderadas: lidocaína, bupivacaína, acetaminofeno, codeína, penicilina e cefalosporinas. Embora a Aspirina® seja segura, não deve ser dada no final do terceiro trimestre por causa de sua propriedade anticoagulante. É melhor que todas as drogas sedativas sejam evitadas em pacientes grávidas. O departamento americano de controle de alimentos e drogas (FDA) criou um sistema de categorização de drogas baseado no conhecido grau de risco ao feto humano causado por drogas específicas. Quando é preciso dar uma medicação a uma paciente grávida, o médico deve checar se a droga está em uma categoria de risco aceitável antes de dá-la à paciente. A gravidez pode ser estressante emocional e psicologicamente; portanto, é recomendado um protocolo de redução de ansiedade. Os sinais vitais da paciente devem ser obtidos, com atenção particular a qualquer elevação na pressão sanguínea (um possível sinal de pré-eclâmpsia). Uma paciente que está prestes a dar à luz pode precisar de um posicionamento especial da cadeira durante o tratamento porque se for colocada totalmente na posição supina, o conteúdo uterino pode causar compressão na veia cava inferior, comprometendo o retorno venoso ao coração e, consequentemente, o débito cardíaco. A paciente pode precisar estar em uma posição mais reta ou ter seu tronco levemente virado para um lado durante a cirurgia. Pausas frequentes para permitir que a paciente urine são normalmente necessárias no final da gravidez por conta da pressão fetal na bexiga. Complicações sistêmicas e emergências médicas Urgência X emergência Procedimento de emergência é aquele que necessita ser realizado prontamente, sem exames ou explicações prévias. Procedimento de urgência é aquele que necessita ser realizado dentro de no máximo 24 horas para não levar a um prejuízo permanente ao paciente ou até mesmo leva-lo a óbito. Prevenção Estudos revelam que a hiperventilação, as convulsões e a suspeita de hipoglicemia são as situações de emergência mais comuns de ocorrer nos pacientes antes, durante, ou logo após o tratamento dentário. Frequentemente são seguidas de síncope vasovagal, angina de peito, hipotensão ortostática, e reações de hipersensibilidade (alergias). A prevenção é a base do gerenciamento de emergências médicas. O primeiro passo é a avaliação do risco. Começa com uma cuidadosa avaliação médica no consultório dentário, o que requer um levantamento preciso do histórico médico do paciente, incluindo uma revisão orientada por respostas positivas relevantes ao histórico. Os sinais vitais devem ser registrados, assim como é preciso realizar um exame físico (adaptado ao histórico médico e problemas atuais de cada paciente). Protocolo de redução de ansiedade O protocolo não farmacológico inclui consultas de condicionamento, local fresco e calmo, música suave, evitar comentários sobre o procedimento, evitar instrumentais no campo de visão do paciente e dar preferência por consultas no período da manhã. Sedação em odontologia Indicada para pacientes intolerantes, para redução de distúrbios motores, procedimentos longos, redução de riscos em paciente sistemicamente comprometidos. Sedação oral: utiliza-se os benzodiazepínicos (diazepan, lorazepan, midazolan...) Emergências medicas normalmente provocadas por ansiedade o Angina pectoris o Crise de tireoide o Infarto do miocárdio o Choque de insulina (hipoglicemia) o Broncoespasmo asmático o Hiperventilação o Insuficiênciaadrenal (aguda) o Epilepsia o Hipertensão grave Preparação A preparação é o segundo fator mais importante na gestão das emergências médicas. A preparação para lidar com emergências inclui quatro ações específicas: o Assegurar que o próprio conhecimento do cirurgião-dentista sobre gestão de emergência é adequada e atualizada o Ter a equipe de apoio do consultório treinada para auxiliar nas emergências médicas, o Estabelecer um sistema de acesso imediato à prestadores de cuidados médicos capazes de auxiliar em situações de emergência o Equipar o consultório com equipamentos e suprimentos necessários para tratar inicialmente dos pacientes com problemas graves Educação continuada Na faculdade de odontologia, cirurgiões-dentistas são treinados de forma a avaliar o risco do paciente e a lidar com emergências médicas. Uma característica importante da educação continuada é manter certificação em Suporte Básico de Vida (SBV), incluindo o uso de unidades de Desfibrilador Externo Automático. Alguns especialistas recomendam que anualmente se mantenha uma educação continuada sobre o gerenciamento de emergências, ao passo que a atualização das habilidades em Suporte Básico de Vida (SBV) deve ser revista a cada dois anos. Suporye básico de vida (ABC da vida) o A airway (passagem de ar) o B breathing (respiração) o C circulation (circulação) A- Passagem de Ar é obtida e mantida pela combinação do seguinte 1. Estendendo a cabeça ao empurrar o queixo para cima com uma das mãos e empurrando a testa para trás com a outra mão 2. Empurrando a mandíbula para a frente, pressionando os ângulos mandibulares 3. Puxando a mandíbula para frente pela parte anterior 4. Puxando a língua para a frente, usando material de sutura ou instrumento para segurar a parte anterior da língua B-Respiração é fornecida por uma das seguintes opções 1. Ventilação boca-máscara 2. Bolsa de ventilação para ressuscitação C- Circulação é realizada por compressões cardíacas externas Emergências médicas Reações de Hipersensibilidade Muitos medicamentos administrados a pacientes submetidos à cirurgia oral podem atuar como estímulos antigênicos, provocando reações alérgicas. Dos quatro tipos básicos de reações de hipersensibilidade, apenas o tipo I (hipersensibilidade imediata) pode causar uma condição grave, potencialmente fatal. As reações alérgicas tipo I são mediadas principalmente por anticorpos imunoglobulina E (IgE). Tal como acontece com todas as alergias, a iniciação de uma resposta de tipo I exige a exposição a um antígeno encontrado previamente pelo sistema imunitário. A nova exposição ao antígeno desencadeia uma série de eventos que são, então, expostas localmente, sistemicamente, ou de ambas as formas, em diferentes graus de severidade. As manifestações clinicas de uma reação de hipersensibilidade incluem eritemas, urticarias, prurido, angiodema, sibilo, dispneia e em casos mais graves anafilaxia, cianose, taquicardia, hipotensão, arritmias cardíacas e parada cardíaca. Paramentação cirúrgica o Gorro o Máscara o Luvas cirúrgicas o Óculos de proteção o Campos e capotes Passo a passo: 1. EPI completo (máscaras, gorro, óculos de proteção e face shield); 2. Antissepsia intra oral do paciente (clorexidina 0,12% - bochechar por 1 minuto); 3. Degermação das mãos (com clorexidina 2% com tensoativos ou PVPI degermante- iodopovidona); 4. Vestimenta do capote; 5. Calças luvas; 6. Campo liso de bancadas; 7. Montagem da mesa; 8. Antissepsia extra oral do paciente (com clorexidina a 2% ou PVPI); 9. Campo fenestrado para paciente; 10. Protetor de sugadores e motores. Bases e princípios cirúrgicos Antes de iniciar qualquer procedimento cirúrgico, é necessária uma avaliação previa, na qual se coleta dados pertinentes e precisos. Realiza-se essa etapa por meio de entrevistas com o paciente e exames físicos, laboratoriais e de imagem. Isso pode incluir o encaminhamento para consultas com outros profissionais da saúde. Consultas com o paciente e exames físicos devem ser realizados sem pressa e de maneira cuidadosa. Necessidades básicas para cirurgia As necessidades básicas para a realização de um procedimento cirúrgico são: visibilidade, acesso adequado, iluminação, campo operatório limpo, organização, materiais estéreis, manutenção do campo, conhecimento dos pontos anatômicos, auxilio, manuseio atraumático do retalho. O acesso adequado requer, além da capacidade do paciente de abrir bem a boca, uma exposição cirúrgica suficientemente ampla. A retração dos tecidos a distância do campo operatório proporciona bem o acesso necessário. (A retração apropriada também protege os tecidos afastados de acidentalmente sofrer danos, como por instrumentos afiados.) Um campo cirúrgico livre de fluidos e debris também é necessário para uma visibilidade adequada. Atos operatórios fundamentais Diérese: é o ato de separar ou dividir os tecidos ou planos anatômicos para acesso cirúrgico. Pode ser feita por punção, incisão e divulsão ou descolamento. o Divulsão: é a cuidadosa separação dos tecidos, aproveitando o plano de clivagem ou sua constituição fascicula, como ocorre no tecido muscular. Realizada com instrumentos de ponta romba. Pode ser feita com descolador ou cureta de Molt, pinça hemostática, tesouras e afastadores. o Incisão: procedimento através do qual o bisturi comunica o meio externo com o interno. Pode ser feita com bisturi, gengivótomo de Kirkland e Orban Muitos procedimentos cirúrgicos orais e maxilofaciais precisam de incisões. É importante lembrar alguns princípios básicos ao realizar incisões. O primeiro princípio é que deve ser usada uma lâmina afiada de tamanho apropriado. Uma lâmina afiada permite que as incisões sejam feitas de forma limpa, sem dano desnecessário causado por golpes repetidos. O segundo princípio é que um golpe firme e contínuo deve ser usado ao fazer uma incisão. Golpes repetidos e experimentais aumentam a quantidade de tecidos danificados em um corte e quantidade de sangramento, impedindo assim a cicatrização e a visibilidade do corte. Golpes longos e contínuos são preferíveis a golpes curtos e intermitentes. O terceiro princípio é que o cirurgião-dentista deve cuidadosamente evitar cortar estruturas vitais ao fazer uma incisão. Portanto, para evitar o corte de grandes vasos ou nervos acidentalmente quando fizer incisões próximas ao local em que os principais vasos, dutos e nervos correm, o cirurgião-dentista deve fazer uma incisão profunda, o suficiente para definir a próxima camada principal. O quarto princípio é que incisões em superfícies epiteliais, que o cirurgião-dentista planeja reaproximar, devem ser feitas com a lâmina em posição perpendicular à superfície epitelial. Este ângulo produz bordas quadradas no corte, que são mais fáceis de reorientar propriamente durante a sutura, e é menos suscetível a necrose nas bordas do corte como resultado da isquemia das mesmas O quinto princípio é que incisões na cavidade oral devem ser devidamente aplicadas. Incisões em gengivas inseridas e sobre ossos saudáveis são mais desejáveis que aquelas em gengivas não inseridas, e ossos doentes e ausentes. Incisões aplicadas propriamente permitem que as margens do corte sejam suturadas intactas, que o osso saudável esteja pelo menos a alguns milímetros de distância do osso danificado, oferecendo assim suporte para a cicatrização do corte. Incisões aplicadas próximo ao dente a ser extraído devem ser feitas no sulco gengival, a não ser que pense ser necessário extirpar a gengiva marginal ou deixar a gengiva marginal intocada Planejamento do retalho Retalhos cirúrgicos são feitos para conseguir acesso cirúrgico a uma área ou para mover o tecido de um local para outro. Vários princípios básicos de projeto de retalho devem ser seguidos para prevenir as complicações da cirurgiade retalho: necrose, deiscência e dilaceração. Prevenção de Necrose no Retalho A necrose no retalho pode ser evitada se o cirurgião- dentista atender a quatro princípios básicos do projeto de retalho: o O cume (ponta) do retalho não deve nunca ser maior que a base, a não ser que a artéria principal esteja presente na base. Retalhos devem ter lados paralelos um ao outro ou, preferencialmente, convergir movendo da base para o cume do retalho. Diérese incisão divulsão o Geralmente, o comprimento de um retalho deve ter não mais que duas vezes a largura da base. Preferencialmente, a largura da base deve ser maior que o comprimento do retalho. A adesão estrita a este princípio é menos crítica na cavidade oral, mas em geral, o comprimento do retalho não deve jamais exceder a largura. o Quando possível, um fornecimento de sangue axial deve ser incluído na base do retalho. Por exemplo, um retalho no palato deve ser feito em relação à maior artéria palatina, quando possível. o A base dos retalhos não deve ser excessivamente torcida, esticada ou apertada com qualquer coisa que possa danificar os vasos, pois essas manobras podem comprometer a alimentação de suprimento de sangue e drenar o retalho, assim como os delicados linfáticos. Prevenção de Deiscência do Retalho A deiscência (separação) da margem do retalho é prevenida pela aproximação das bordas do retalho sobre o osso saudável, ao manusear gentilmente as bordas do retalho, e não colocando o retalho sobre pressão. Não deverá ser necessário usar nenhuma força significativa para unir os tecidos enquanto se sutura um corte. A deiscência expõe o osso subjacente e outros tecidos, produzindo dor, perda óssea e aumento da cicatriz. Prevenção da Dilaceração do Retalho A dilaceração de um retalho é uma complicação comum do cirurgião-dentista inexperiente que tenta realizar um procedimento usando um retalho que ofereça acesso insuficiente. Porque uma incisão longa devidamente reparada cicatriza tão rápido quanto uma incisão curta, é preferível criar um retalho no começo da cirurgia que seja grande o suficiente para o cirurgião- dentista evitar rompimento forçado ou interromper a cirurgia para estender a incisão. Retalhos de envelope são aqueles criados por incisões que produzem um retalho de uma face. Um exemplo é uma incisão feita ao redor do colo de vários dentes para expor o osso alveolar sem quaisquer incisões de liberação verticais. No entanto, se um retalho de envelope não oferecer acesso suficiente, outra incisão (relaxante) deve ser feita para prevenir a dilaceração do retalho. Incisões de liberação verticais (oblíquas) devem geralmente ser colocadas no espaço de um dente inteiro anteior à área de qualquer remoção óssea antecipada. A incisão é geralmente iniciada no ângulo da linha de um dente ou na papila interdental adjacente e é realizada obliquamente apical na gengiva retirada. A necessidade por mais de uma incisão de liberação é incomum quando usa um retalho para ganhar acesso cirúrgico oral de rotina. Exérese Tempo cirúrgico em que é realizada a remoção de uma parte ou totalidade de um órgão ou tecido, visando o diagnóstico, o controle ou a resolução da intercorrência. Cirurgia propriamente dita, sem necessidade de remoção de algum órgão ou estrutura. Hemostasia Prevenção de perda excessiva de sangue durante a cirurgia é importante para preservar a capacidade de armazenar oxigênio do paciente. No entanto, manter a hemostasia meticulosa durante a cirurgia é necessário por outras razões importantes. Uma é a diminuição da visibilidade criada por sangramento incontrolável. Mesmo uma sucção de alto volume não pode manter um campo cirúrgico completamente seco, particularmente nas regiões bem vascularizadas oral e maxilofacial. Outro problema que causa sangramento é a formação de hematomas. Esses colocam pressão nos cortes, diminuindo a vascularidade. Eles aumentam a tensão nas bordas do corte. E eles agem como meios de cultura, potencializando o desenvolvimento de infecções no corte. Meios para Promover Hemostasia do Corte Hemostasia do corte pode ser obtida por quatro meios. O primeiro é auxiliando mecanismos hemostáticos naturais. Geralmente realizado utilizando uma esponja de tecido para colocar pressão nos vasos que estão sangrando ou colocando um hemostático em um vaso. Ambos os métodos causam estagnação do sangue nos vasos, o que promove coagulação. Um segundo meio de obter hemostasia é pelo uso do calor para fundir a ponta dos vasos cortados (coagulação térmica). O calor é geralmente aplicado por uma corrente elétrica que o cirurgião-dentista concentra no vaso em sangramento, segurando o vaso com um instrumento de metal, tal como, um hemostato, ou tocando o vaso diretamente com a ponta do bisturi elétrico. O terceiro meio de ministrar hemostase cirúrgica é através de ligadura. Se um vaso de tamanho considerável for cortado, cada ponta é segurada com um hemostato. O cirurgião dentista então amarra suturas não absorvíveis ao redor do vaso. Se um vaso pode ser dissecado livre do tecido conjuntivo ao redor, antes que seja cortado, duas pinças hemostáticas podem ser colocados no vaso com espaço suficiente entre elas para cortar o vaso. Uma vez que o vaso seja cortado, suturas são amarradas em volta de cada ponta e as pinças hemostáticas são removidas. O quarto meio para ministrar hemostase é colocar no corte substâncias de vasoconstrição, tais como, epinefrina, ou aplicar pró-coagulantes, tais como trombina ou colágeno no corte. A epinefrina funciona como um vasoconstritor mais efetivamente quando colocada no local em que deseja a vasoconstrição por pelo menos 7 minutos antes da cirurgia começar. Forma de obter hemostasia: o Temporária: compressão digital; pinçar o vaso, tamponamento com gaze e uso de vasoconstritores. o Definitiva.: anastomose do vaso ou cauterização do mesmo. Síntese É o conjunto de manobras para união dos tecidos com finalidade de restituir o seu estado anatômico e funcional Agulha para sutura: possuem diferentes tamanhos e estes estão relacionados com um semi-circulo. Todas – possuem 3 componentes básicos: a conexão final, o corpo e a extremidade (triangular ou cilíndrica). Sutura não absorvível: seda- trançada; Nylonmonofilamentar; poliéster-trancado; Sutura absorvível: Categute simples- de origem animal; Vicryl; Poliglicóica-trançado; monocrylmonofilamentar. Forma e espessura do fio: a forma pode ser monofilamentar, composto apenas por um único fio, ou miltifilamentar, composto pela união de vários fios. Dentro dos multifilamentares, podemos classifica-los em torcido, trançado e trançado revertido Já a espessura do fio está relacionada a espessura do fio em milímetros e se encontra de forma decrescente, sendo o 2-0 um fio mais calibroso que o fio 6-0. Tipos de sutura: sutura simples, em X, colchoeiro vertical, continua, colchoeiro horizontal ou em U. Estado geral da saúde e cicatrização de feridas do paciente A cicatrização apropriada do corte depende da capacidade do paciente de resistir a infecções, de fornecer nutrientes essenciais para usar como materiais de construção, e executar processos celulares reparadores. Inúmeras condições médicas prejudicam a capacidade do paciente de resistir a infecções e cicatrizar cortes. Isto inclui condições que estabelecem um estado catabólico de metabolismo que impede entrega de oxigênio ou nutrientes aos tecidos, ou que requerem administração de drogas ou agentes físicos que interferem com células imunológicas ou cicatrização de cortes. Exemplos de doenças que induzem um estado metabólico catabólico inclui: o Tipo I de diabetes melitus mal controlada, o Doença hepática ou renal em estágio final o Doenças malignas. Condições que interferem na entrega de oxigênio ou nutrientes a tecidos lesionadosincluem doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) grave, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) descompensada, e toxicodependências tais como alcoolismo. Doenças que requerem a administração de medicamentos que interferem com as defesas do hospedeiro ou capacidade de cicatrizar cortes incluem doenças autoimunes para as quais é dada uma terapia de corticosteroides a longo prazo e malignidades para as quais são usados agentes citotóxicos e irradiação. Técnicas específicas para remoção de cada dente Dentes Maxilares Incisivos Os incisivos maxilares são extraídos com o fórceps universal superior (nº 150), apesar de outros fórceps poderem ser usados. Incisivos maxilares geralmente têm raízes cônicas, com os laterais sendo levemente mais longos e mais delgados. O incisivo lateral é mais provável de também ter uma curvatura distal no terço apical da raiz, então isso deve ser conferido radiograficamente antes de o dente ser extraído. O osso alveolar é fino no lado vestibular e mais denso no lado palatino, o que indica que a maior expansão do processo alveolar será na direção vestibular. O movimento inicial é lento, constante, e firme na direção vestibular, o que expande a crista óssea vestibular. Uma força palatina menos vigorosa é usada então, seguida de uma força rotacional lenta e firme. Movimentos rotacionais devem ser minimizados para o incisivo lateral, especialmente se a curvatura existe no dente. O dente é removido na direção labioincisal com pequena quantidade de força de tração. Caninos O canino maxilar é normalmente o dente mais longo da boca. A raiz é oblonga em seção transversal e normalmente produz uma protuberância chamada eminência canina na superfície anterior da maxila. O resultado é que o osso sobre o aspecto labial dos caninos maxilares é usualmente fino. Apesar do osso labial fino, esse dente pode ser difícil de extrair simplesmente por causa da sua longa raiz e área superficial larga para a presença de ligamento periodontal. Além disso, não é incomum um segmento de osso alveolar vestibular fraturar da lâmina labial e ser removida com o dente. O fórceps universal superior (nº 150) é o instrumento preferido para remover o canino superior, após elevação. Como todas as extrações a colocação inicial das pontas do fórceps no canino deve ser o mais apical possível. O movimento inicial é apical e depois para o lado vestibular, com retorno da pressão para o lado palatino. Enquanto o osso expande e o dente fica com mobilidade o fórceps deve ser reposicionado apicalmente. Uma pequena quantidade de força rotacional pode ser usada na expansão do alvéolo dentário, especialmente se dentes adjacentes estão ausentes ou acabam de ser extraídos. Após o dente ter sido bem luxado, é removido do alvéolo na direção labioincisal com forças de tração labiais . Primeiro pré-molar O primeiro pré-molar maxilar é unirradicular nos primeiros dois terços, com a bifurcação na raiz vestíbulo-lingual normalmente ocorrendo do terço apical até a metade. Essas raízes podem ser extremamente finas e sujeitas a fratura, especialmente em pacientes mais velhos nos quais a densidade óssea é grande e a elasticidade óssea está diminuída. Talvez a fratura de raiz mais comum durante a extração de dentes em adultos ocorra com este dente. Quanto aos outros dentes maxilares, o osso vestibular é fino comparado com o osso palatino. O fórceps superior universal (nº 150) é instrumento de escolha. Como alternativa, o fórceps nº 150 pode ser usado para a remoção do primeiro pré-molar maxilar. Devido à grande probabilidade de fratura radicular, o dente deve ser luxado o máximo possível com a alavanca reta. Se ocorrer fratura de raiz, uma ponta de raiz solta pode ser removida mais facilmente que uma que não tenha sido bem luxada. Devido à bifurcação do dente em duas raízes de pontas finas, as forças de extração devem ser cuidadosamente controladas durante a remoção do primeiro pré-molar superior. Movimentos iniciais devem ser vestibulares. Movimentos palatinos são feitos com pequenas quantidades de força para prevenir fratura da ponta palatina da raiz, que é mais difícil de recuperar. Quando o dente é luxado vestibularmente, é mais provável que a raiz que se quebre seja a palatina. Das duas pontas da raiz, a vestibular é mais fácil de recuperar devido ao osso fino que a recobre. Assim, como em outros dentes maxilares, pressões vestibulares devem ser maiores que pressões palatinas. Qualquer força rotacional deve ser evitada. Remoção final do dente do alvéolo é feita com força tradicional em direção oclusal e levemente vestibular. Segundo pré-molar O segundo pré-molar superior é unirradicular no completo comprimento da raiz. A raiz é grossa e tem uma extremidade romba. Consequentemente, a raiz do segundo pré-molar raramente se quebra. O osso alveolar que o cobre é similar ao de outros dentes maxilares sendo fino no aspecto vestibular, com lâmina alveolopalatina densa. O fórceps recomendado é o universal maxilar, ou o nº 150; alguns cirurgiões preferem o fórceps nº 150A. Os fórceps são forçados o mais apicalmente possível para que ganhem maior vantagem mecânica na remoção desse dente. Como a raiz do dente é forte e robusta, a extração requer movimentos fortes de vestibular de volta para o palato, e depois na direção vestíbulo-oclusal tracionando com força rotacional. Molares O primeiro molar maxilar tem três raízes grandes e fortes. Raízes vestibulares são normalmente mais próximas, e as raízes palatinas divergem largamente na direção do palato. Se as duas raízes vestibulares também forem muito divergentes, torna-se difícil remover este dente por extração fechada. Mais uma vez, o osso alveolar que o cobre é similar aos outros dentes na maxila; a lâmina vestibular é fina e a lâmina cortical palatina é grossa e densa Se o seio está próximo às raízes e estas forem muito divergentes, perfuração sinusal causada pela remoção de uma porção do assoalho do seio durante a remoção do dente é bastante provável. Se isso parece ser provável após a avaliação pré-operatória, o cirurgiãodentista deve considerar fortemente uma extração cirúrgica. Os fórceps pareados nº 53R e nº 53L são normalmente usados para extração dos molares maxilares. Esses dois fórceps têm projeções nas pontas vestibulares para caber na bifurcação vestibular. Alguns cirurgiões preferem usar o fórceps nº 89 e nº 90. Esses dois fórceps são especialmente úteis se a coroa do molar tem cáries extensas ou grandes restaurações. Os fórceps para molares superiores são adaptados ao dente e ajustados o mais apicalmente possível da maneira usual. O movimento básico de extração é usar pressões vestibulares e palatinas fortes, com maiores forças na direção vestibular em vez da palatina. Forças rotacionais não são úteis para extração deste dente devido às suas três raízes. Assim, se o dente tem raízes muito divergentes e o cirurgião-dentista suspeita que uma raiz pode estar fraturada, o dente deve ser luxado de tal forma que previna fratura da raiz palatina. O cirurgião-dentista deve minimizar a força palatina porque esta força fratura a raiz palatina. Pressão vestibular forte, lenta e constante expande a lamina vestibulocortical e rompe as fibras do ligamento periodontal que seguram a raiz palatina em posição. Forças palatinas devem ser usadas, mas mantidas no mínimo. A anatomia do segundo molar maxilar é similar à do primeiro molar maxilar exceto pelo fato de que as raízes tendem a ser menores e menos divergentes, com as raízes vestibulares mais comumente fusionadas em uma única raiz. Isso significa que o dente é mais facilmente extraído pela mesma técnica descrita para o primeiro molar. O terceiro molar irrompido frequentemente tem raízes cônicas e é usualmente extraído com os fórceps nº 210S, que é o fórceps universal usado para o lado direito e esquerdo. O dente é normalmente removidofacilmente porque o osso vestibular é fino e as raízes são normalmente fusionadas e cônicas. O terceiro molar irrompido também é frequentemente extraído com o uso apenas de alavancas. Visualização clara dos terceiros molares maxilares na radiografia pré-operatória é importante porque a anatomia das raízes deste dente é variável e frequentemente raízes pequenas dilaceradas e com ganchos existem nesta região. A recuperação de raízes fraturadas nesta região é difícil devido a maior limitação do acesso. Dentes Mandibulares Dentes anteriores Incisivos mandibulares e caninos são similares em formato, com os incisivos sendo menores e levemente mais finos, e as raízes dos caninos sendo maiores e mais densas. As raízes dos incisivos são mais passíveis de fratura, porque elas são finas, e assim, elas devem ser removidas apenas após adequada luxação pré-extração. O osso alveolar que cobre os incisivos e os caninos é fino nos lados labial e lingual. O osso sobre o canino pode ser mais grosso, especialmente no aspecto lingual. O fórceps universal inferior (nº 151) é normalmente usado para remover esses dentes. As pontas dos fórceps são posicionadas no dente e ajustadas apicalmente com grande força. Os movimentos de extração são geralmente em direção vestibular e lingual, com igual pressão em ambos os sentidos. Uma vez que o dente esteja luxado e móvel, movimentos rotacionais podem ser usados para expandir mais o osso alveolar. O dente é removido do alvéolo com forças tradicionais na direção labioincisal. Pré-molares Pré-molares mandibulares estão entre os dentes mais fáceis de remover. As raízes tendem a ser retas e cônicas, embora algumas vezes finas. O osso alveolar que o cobre é fino no aspecto bucal e mais denso no lado lingual. O fórceps universal inferior (nº 151) é normalmente escolhido para a extração dos prémolares mandibulares. O fórceps nº 151A e o fórceps estilo inglês são alternativas populares para extração desses dentes. Os fórceps são forçados apicalmente o mais longe possível, com os movimentos básicos na direção vestibular, retornando ao aspecto lingual, e finalmente, rodando. Movimento rotacional é usado mais na extração desses dentes do que em quaisquer outros, exceto, talvez, pelos incisivos centrais maxilares. Os dentes são então removidos na direção oclusovestibular. Se existir alguma curvatura de raiz, o movimento rotacional deve ser reduzido ou eliminado no procedimento de extração. Molares Molares mandibulares normalmente têm duas raízes, com as raízes do primeiro molar mais amplamente divergentes que as do segundo molar. Adicionalmente, as raízes podem convergir no ápice. Os fórceps nº 17 são normalmente usados para extração dos molares mandibulares; esses fórceps têm pequenas projeções nas pontas e ambos os bicos para caber na bifurcação das raízes dos dentes. Os fórceps são adaptados à raiz do dente na forma usual, e a pressão apical é aplicada para ajustar os fórceps o mais apicalmente possível. Movimento vestíbulo-lingual forte é usado para expandir o alvéolo ósseo e permitir que o dente seja extraído na direção vestíbulo-oclusal. O osso alveolar lingual ao redor do segundo molar é mais fino que a lâmina vestibular, para que o segundo molar possa ser removido mais facilmente com pressão lingual em vez de pressão vestibular. Se as raízes forem claramente bifurcadas, o fórceps nº 23, ou fórceps chifre de vaca, pode ser usado. Este instrumento é desenhado para ser forçado com as alças apertando assim as pontas dentro da bifurcação. Isso cria uma força contra a crista alveolar no aspecto vestibulolingual e literalmente força os dentes para cima e diretamente para fora do alvéolo. Se isso não obtiver sucesso inicialmente, os fórceps são usados em movimentos vestibulolinguais para expandir o osso alveolar, e as alças do fórceps são movidas para cima e para baixo para ajustar as pontas mais profundamente na furca. Maior pressão das alças do fórceps é feita. Terceiros molares mandibulares irrompidos normalmente têm raízes cônicas. Como a bifurcação não é comum, o fórceps nº 222 – de pontas curtas, angulado – é usado para extrair esses dentes. A lâmina óssea lingual é definitivamente mais fina que a lâmina cortical vestibular, então a maioria das forças de extração deve ser feita para a lingual. O terceiro molar é removido na direção oclusolingual. Os terceiros molares mandibulares irrompidos que estão em função podem ser decepcionantemente difíceis de extrair. O cirurgião-dentista deve levar em consideração usar a alavanca reta e alcançar determinado grau de luxação antes da aplicação do fórceps. A pressão deve ser aumentada gradualmente, e tentativas de mover o dente devem ser feitas antes que fortes pressões finais sejam feitas. Terapêutica medicamentosa em cirurgia oral Na clínica odontológica, a dor invariavelmente é de caráter inflamatório, e pode ser classificada como aguda, quando é de curta duração, ou crônica, de curso mais prolongado, em geral relacionada a certos tipos de distúrbios da articulação temporomandibular. Toda intervenção cirúrgica odontológica provoca destruição tecidual, gerando respostas inflamatórias agudas. Essas reações se caracterizam pela presença de dor, que pode ser acompanhada por edema (inchaço) e limitação da função mastigatória. A defesa do nosso organismo é feita de diferentes formas, imunidade inata e adaptativa. Ambos são ativadas igualmente mediante a uma agressão tecidual, sendo a imunidade inata atualmente de forma mais rápida. Os sinais cardinais ocorrem em casos de inflamação aguda, na qual tem duração de até 3 dias. São o calor, tumor, rubor, dor e perda de função. Esses sinais ocorrer a partir da falha do sistema imune inato. o Alterações vasculares: vasoconstrição periférica imediata, vasodilatação mediata (hiperemia), aumento da permeabilidade vascular, queda acentuada do fluxo sanguíneo, marginação leucocitária (leucodiapedese) o Mediadores químicos: histamina (dilatação de pequenos vasos, aumento da permeabilidade vascular) e prostaglandinas (derivadas do ácido araquidônico, COX-1 e 2, ação agregante plaquetaria e vasodilatadora), Leocutrienos Seguindo com o fracasso do sistema imunológico, ativa- se o sistema complemento. Mecanismos da dor inflamatória Nociceptores são receptores sensoriais que enviam sinais que causam a percepção da dor. Não captam, respondem ou sentem estímulos normais, ou seja, somente desencadeiam o reflexo da dor quando estimulados por uma ameaça em potencial ao organismo. Os nociceptores envolvidos no processo da dor inflamatória são polimodais (sensíveis a diferentes tipos de estímulos) e de alto limiar de excitabilidade. Isso significa que um mínimo estímulo nociceptivo (mecânico, térmico ou químico) é incapaz de ativá-los caso se encontrem em seu estado normal.1 Entretanto, os nociceptores podem se tornar sensíveis ao receber um estímulo que normalmente não provoca dor, condição está denominada alodinia. Os nociceptores também podem se tornar ainda mais sensíveis aos estímulos nociceptivos (que causam dor), estado que recebe o nome de hiperalgesia. Basicamente, a hiperalgesia é decorrente de dois eventos bioquímicos: a maior entrada de íons cálcio nos nociceptores e a estimulação da adenilato ciclase no tecido neuronal, que propicia o aumento dos níveis de AMPc (monofosfato de adenosina cíclico). Como consequência, são gerados impulsos nervosos que chegam ao sistema nervoso central (SNC), amplificando e mantendo a sensação dolorosa. Tais alterações bioquímicas são decorrentes da síntese contínua de mediadores químicos originários das células envolvidas no processo inflamatório (residentes ou que migraram dos vasos sanguíneos). Tais mediadores são genericamente chamados de autacoides, substâncias naturais do organismo com estruturas químicas e distintas atividades fisiológicase farmacológicas. Produtos do metabolismo do ácido araquidônico As prostaglandinas e os leucotrienos (produtos do metabolismo do ácido araquidônico), além de outros autacoides, tornam os nociceptores mais permeáveis à entrada de íons cálcio. Esse evento dá início à sensibilização dos nociceptores, tornando-os suscetíveis ao menor estímulo. O ácido araquidônico é um derivado do ácido linoleico, proveniente da dieta, que após sua ingestão é esterificado como componente dos fosfolipídeos das membranas celulares e outros complexos lipídicos. Toda vez que ocorre lesão tecidual (p. ex., na remoção de um terceiro molar incluso), o organismo dá início à resposta inflamatória. O “disparo do gatilho” é dado pela ativação de uma enzima chamada fosfolipase A2, que irá atuar nos fosfolipídeos das membranas das células envolvidas no processo inflamatório, liberando ácido araquidônico no citosol. Por ser muito instável, o ácido araquidônico sofre a ação de dois outros sistemas enzimáticos, o sistema da cicloxigenase e o da 5-lipoxigenase, produzindo autacoides, responsáveis pelo estado de hiperalgesia. A via cicloxigenase (COX) Pela ação da enzima cicloxigenase, o ácido araquidônico irá gerar substâncias que produzem diferentes efeitos, em função do tipo celular envolvido. A COX-1 é encontrada em grandes quantidades nas plaquetas, nos rins e na mucosa gástrica, na forma de enzima constitutiva (ou seja, sempre presente). Pela ação dessa enzima, as prostaglandinas são geradas de forma lenta e estão envolvidas com processos fisiológicos, como a proteção da mucosa gástrica, a regulação da função renal e a agregação plaquetária. Em outras palavras, pela ação da COX-1 as prostaglandinas são formadas em condições de normalidade, sem precisar de estímulos inflamatórios. A COX-2, por sua vez, está presente em pequenas quantidades nos tecidos. Sua concentração é drasticamente aumentada em até 80 vezes após um estímulo inflamatório, daí ser chamada de cicloxigenase pró-inflamatória. Portanto, em função do tipo celular envolvido, e dependendo da ação enzimática da COX-1 ou da COX-2, o ácido araquidônico irá produzir metabólitos ativos com efeitos diferentes. Como exemplo, as células injuriadas do local inflamado irão produzir prostaglandinas; as células endoteliais, que revestem as paredes dos capilares sanguíneos, irão gerar prostaciclina; as plaquetas, por sua vez, irão liberar tromboxanas. As prostaglandinas irão promover aumento na permeabilidade vascular, gerando edema. Além disso, potencializam os efeitos de outros autacoides, como a histamina e a bradicinina. Convém lembrar que a lesão tecidual também irá servir de sinalizador para que as células fagocitárias (macrófagos e neutrófilos) produzam mais prostaglandinas diretamente no local inflamado, estimulando a liberação de outras substâncias que também possuem propriedades pró-inflamatórias, com destaque para a interleucina-1 (IL-1) e o fator ativador de plaquetas (PAF). A via 5-lipoxigenase (LOX) Por esta via de metabolização do ácido araquidônico, são gerados autacoides denominados leucotrienos (LT), como produtos finais. Dentre eles, o leucotrieno B4 (LTB4) parece estar envolvido no processo de hiperalgesia, sendo também considerado como um dos mais potentes agentes quimiotáticos para neutrófilos.1 Portanto, entende-se que o LTB4 atrai os neutrófilos e outras células de defesa para o sítio inflamado, as quais se encarregam de fagocitar e neutralizar corpos estranhos ao organismo. Tal ação poderá resultar em mais lesão tecidual, que novamente dispara o gatilho para a formação de mais autacoides, e assim por diante.1 Além do LTB4, a somatória de outros leucotrienos (LTC4, LTD4 e LTE4), também formados pela via 5- lipoxigenase, parece constituir a substância de reação lenta da anafilaxia (SRS-A). A participação dos neutrófilos no processo de hiperalgesia Os neutrófilos são as principais células efetoras da resposta inflamatória aguda. Imediatamente após a lesão tecidual, ocorre a migração e o acúmulo dessas células no local injuriado, participando diretamente da nocicepção. Regime analgésico para uso em clínicas odontológicas o Analgesia preemptiva: tem início antes do estímulo nocivo, ou seja, previamente ao trauma tecidual. Neste regime, são empregados fármacos que previnem a hiperalgesia, que pode ser complementada pelo uso de anestésicos locais de longa duração. o Analgesia preventiva: o regime tem início imediatamente após a lesão tecidual, porém antes do início da sensação dolorosa. Em termos práticos, a primeira dose do fármaco é administrada ao final do procedimento (com o paciente ainda sob os efeitos da anestesia local), seguida pelas doses de manutenção no pós-operatório, por curto prazo. o Analgesia perioperatória: o regime é iniciado antes da lesão tecidual e mantido no período pós-operatório imediato. A justificativa para isso é de que os mediadores pró-inflamatórios devem manter-se inibidos por um tempo mais prolongado, pois a sensibilização central pode não ser prevenida se o tratamento for interrompido durante a fase aguda da inflamação. Classificação dos analgésicos e anti- inflamatórios Dos critérios de classificação dos analgésicos e anti- inflamatórios, o mais importante é o que se baseia nos mecanismos de ação farmacológica. Fármacos que inibem a síntese da cicloxigenase (COX) Deste grupo faz parte uma importante família de anti- inflamatórios não esteroides (ou AINEs). A substância-padrão do grupo é o ácido acetilsalicílico (AAS), que tem atividade analgésica e antitérmica quando empregado nas doses de 500-650 mg, em adultos. Para se obter uma ação anti-inflamatória, são necessários 4-5 g diários. Ao contrário, em pequenas doses (40-100 mg), o AAS inibe a agregação plaquetária, sendo muito empregado na prevenção ou reincidência de fenômenos tromboembólicos, em portadores de doenças do sistema cardiovascular. A potência anti-inflamatória dos AINEs varia de acordo com sua meia-vida plasmática e com a dose empregada. A indometacina, por exemplo, um dos primeiros AINEs introduzidos no mercado farmacêutico, inibe igualmente a COX-1 e a COX-2. Isso resulta em uma boa eficácia, por sua ação na COX-2, porém com efeitos adversos inaceitáveis, por sua ação na COX-1, principalmente se empregada por tempo prolongado. O interesse científico e clínico pela síntese desses novos fármacos dependia do equilíbrio de sua atividade inibidora sobre as duas formas de cicloxigenase. De fato, pensava-se que quanto mais potente fosse a inibição exercida sobre a COX-1 em relação à COX-2, maiores seriam as reações adversas do medicamento, como a irritação da mucosa gastrintestinal ou alterações da função renal, entre outras. O contrário aconteceria quando prevalecesse a inibição sobre a COX2. O raciocínio lógico levaria à conclusão de que o AINE ideal seria aquele que apresentasse 100% de atividade inibidora da COX-2 e nenhuma da COX-1. Deu-se início, então, à era dos chamados coxibes (celecoxibe, rofecoxibe, valdecoxibe, parecoxibe, etoricoxibe e lumiracoxibe), que reuniam as duas qualidades ideais de um AINE: alta eficácia e baixa toxicidade, por inibirem a COX-2 de forma seletiva ou praticamente específica. Porém, o desenvolvimento desses fármacos não levou em conta outros riscos trazidos pela inibição seletiva da COX-2, uma vez que esta enzima também desempenha papel importante em alguns processos fisiológicos, como a regulação renal da excreção de sal através da renina, a homeostasia da pressão arterial e o controle da agregação plaquetária pelo endotélio vascular. Conforme o papel fisiológico das prostaglandinas foi sendo mais bem entendido, tornou-se evidente que a ativação da COX-1 também tem participação no início da resposta inflamatória e, por outro lado, a ativação da COX-2 nem sempre está associada somente a processospatológicos. Ficou demonstrado que, por inibirem a síntese de prostaciclina, os coxibes reduzem uma das defesas preliminares do endotélio vascular contra a hipertensão, a aterosclerose e a agregação plaquetária, além de promoverem um desequilíbrio a favor da vasoconstrição. Assim, o uso crônico dos coxibes pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares como infarto do miocárdio, acidentes vasculares encefálicos, hipertensão arterial e falência cardíaca. Por esse motivo, os coxibes devem ser evitados em pacientes portadores de hipertensão arterial, doença cardíaca isquêmica ou com história de acidentes vasculares encefálicos. Nas demais situações, deve-se empregar a menor dose eficaz pelo menor tempo de duração possível. Tem um custo alto para o paciente e meia vida reduzida na presença de alimento. Bextra, Celebra e Arcoxia são exemplos de medicamentos da família coxibe, e necessitam de receituário especial. Coxibes: contraindicados para portadores de hipertensão arterial, doença cardíaca isquêmica ou com história de acidentes vasculares encefálicos Ação farmacológica Nome genérico Inibidores não seletivos para a COX-2 Ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenaco, cetorolaco, piroxicam e tenoxicam Inibidores seletivos para a COX-2 Etoricoxibe, celecoxibe, meloxicam e nimesulida Quando e como empregar os AINEs Os AINEs são indicados para o controle da dor aguda de intensidade moderada a severa, no período pós- operatório de intervenções odontológicas eletivas, como a exodontia de inclusos, as cirurgias periodontais, a colocação de implantes múltiplos, os procedimentos de enxertias ósseas, etc. O regime mais eficaz com os AINEs é o de analgesia preventiva, introduzido imediatamente após a lesão tecidual, porém antes do início da sensação dolorosa. Em termos práticos, a primeira dose é administrada ao final do procedimento (paciente ainda sob os efeitos da anestesia local), seguida das doses de manutenção, por curto período de tempo. Os AINEs também podem ser úteis no controle da dor já instalada, decorrente de processos inflamatórios agudos (p. ex., pericementites), como complemento dos procedimentos de ordem local (remoção da causa). Nome genérico Dose Intervalo entre as doses de manutenção Cetorolaco (sublingual) 10 mg 8 hr Diclofenaco de potássio 50 mg 8-12 hr Ibuprofeno 400-600 mg 8-12 hr Nimesulida 100 mg 12 hr Cetoprofeno 150 mg 24hr Piroxicam 20 mg 24 hr Tenoxicam 20 mg 24 hr Meloxicam 15 mg 24 hr Celecoxibe 200 mg 12- 24 hr Etoricoxibe 60 – 90 mg 24 hr Diclofenacos É um anti-inflamatório não esteroidal muito utilizado para dores agudas, tanto o diclofenaco sódico ou o potássico. Suas vantagens incluem baixo custo, potente ação anti-inflamatória, porém apresenta graves efeitos colaterais gastrointestinais. Nimesulida É um AINE, que inibe seletivamente a ação da COX 2 e atinge outras vias de modulação da inflamação (histamina e fosfolipase tipo IV) Toragesic – Trometamol cetorolaco É um AINE de uso sublingual, indicado para dores agudas por ter uma rápida ação analgésica, porém não deve ser utilizado com outro AINE. Tem ação anti- agregante plaquetária. Duração do tratamento A dor decorrente de procedimentos odontológicos cirúrgicos eletivos perdura, em geral, por um período de 24 h, com o pico de intensidade sendo atingido entre 6 e 8 h pós-cirúrgicas. Da mesma forma, o edema inflamatório atinge seu ápice após 36 h do procedimento. Com base nesse conceito, a duração do tratamento com os AINEs deve ser estabelecida por um período máximo de 48 a 72 h. Se o paciente acusar dor intensa e exacerbação do edema após esse período, o profissional deverá suspeitar de alguma complicação de ordem local e agendar uma nova consulta para reavaliar o quadro clínico. AINEs: precauções e contraindicações A duração do tratamento com AINEs na clínica odontológica quase sempre é restrita. Por isso, a incidência de efeitos adversos clinicamente significativos é muito mais rara do que na clínica médica. Apesar disso, a Anvisa faz algumas considerações gerais a respeito da prescrição dos AINEs, que encontram suporte científico na literatura e também interessam ao cirurgião-dentista. o A ação analgésica e anti-inflamatória dos inibidores seletivos da COX-2 não é superior àquela apresentada pelos inibidores não seletivos (que atuam na COX-1 e na COX-2). o O uso dos coxibes (celecoxibe e etoricoxibe, no Brasil) deve ser considerado exclusivamente para pacientes com risco aumentado de sangramento gastrintestinal, mas sem risco simultâneo de doença cardiovascular. o Não há estudos que demonstrem a segurança da utilização dos inibidores seletivos da COX2 em pacientes < 18 anos. o Na prescrição de qualquer inibidor da COX-2, deve- se usar a menor dose efetiva pelo menor tempo necessário de tratamento. o É contraindicado o uso de inibidores seletivos da COX-2 em pacientes que fazem uso contínuo de antiagregantes plaquetários, como a aspirina ou o clopidogrel. o O uso concomitante de piroxicam, ibuprofeno (e provavelmente outros AINEs) com a varfarina, um anticoagulante, pode potencializar o efeito anticoagulante desta e provocar hemorragia. o O uso concomitante dos AINEs com certos anti- hipertensivos pode precipitar uma elevação brusca da pressão arterial sanguínea. o Deve-se evitar a prescrição dos inibidores da COX a pacientes com história de infarto do miocárdio, angina ou stents nas artérias coronárias, pelo risco aumentado de trombose, especialmente em idosos. o Todos os AINEs podem causar retenção de sódio e água, diminuição da taxa de filtração glomerular e aumento da pressão arterial sanguínea, particularmente em idosos. Paracetamol Além do ácido acetilsalicílico e dos AINEs, o paracetamol também é classificado como um inibidor da cicloxigenase, apesar de quase não apresentar atividade anti-inflamatória (é um fraco inibidor da COX-1 e da COX-2). Por esse motivo, é empregado apenas como analgésico em procedimentos odontológicos em que há expectativa ou presença de dor de intensidade leve a moderada, não interferindo na produção de edema. Há evidências mais recentes de que o efeito analgésico do paracetamol pode ser atribuído a uma ação direta no SNC, pela ativação das vias serotoninérgicas descendentes. Paracetamol não é considerado um AINE mas exerce função inibindo a COX-1 e COX-2. Tem função analgésica leve a moderada e é indicado em casos onde não há produção de edema Fármacos que inibem a ação da fosfolipase A2- Corticosteroides. Como agem os corticosteroides Já foram propostos vários mecanismos de ação anti- inflamatória para os corticosteroides, porém sua ação inibitória da enzima fosfolipase A2 (“o disparo do gatilho”) talvez seja o principal deles. Após a lesão tecidual, a inativação da enzima fosfolipase A2 reduz a disponibilidade de ácido araquidônico liberado das membranas das células que participam da resposta inflamatória. Com menor quantidade de substrato, a subsequente ação enzimática da COX-2 e da 5- lipoxigenase fica prejudicada, ou seja, haverá menor produção de prostaglandinas e leucotrienos. A ação dos corticosteroides é conseguida de maneira indireta. De forma simplificada, primeiramente eles induzem a síntese de lipocortinas, um grupo de proteínas responsáveis pela inibição da fosfolipase A2. Com isso, irão reduzir a disponibilidade do ácido araquidônico e, por consequência, a síntese de substâncias pró-inflamatórias. A maioria dos efeitos anti-inflamatórios somente é evidenciada após 1 a 2 h. Um mecanismo anti-inflamatório dos corticosteroides que deve ser levado em consideração é o controle da migração de neutrófilos, pois esta ação, mesmo que indiretamente, resulta na menor produção de mediadores hipernociceptivos, minimizando a dor inflamatória. Uso dos corticosteroides na clínica odontológica De formasimilar aos AINEs, os corticosteroides são indicados para prevenir a hiperalgesia e controlar o edema inflamatório, decorrentes de intervenções odontológicas eletivas, como a exodontia de inclusos, as cirurgias periodontais, a colocação de implantes múltiplos, as enxertias ósseas, etc. Para essa finalidade, a dexametasona ou a betametasona são os fármacos de escolha, pela maior potência anti-inflamatória e duração de ação, o que permite muitas vezes seu emprego em dose única ou por tempo muito restrito. Pela necessidade de tempo biológico para exercerem sua ação, como explicado anteriormente, o regime analgésico mais adequado para empregar os corticosteroides é o de analgesia preemptiva (introduzido antes da lesão tecidual). Em adultos, essa dose é, em geral, de 4 a 8 mg, administrada 1 h antes do início da intervenção. Em crianças, no caso de intervenções mais invasivas, emprega-se a solução oral “gotas” de betametasona (0,5 mg/mL), obedecendo à regra prática de 1 gota/kg/peso corporal, em dose única, 1 h antes do procedimento. Corticosteroides: possuem efeito clínico após 1-2 horas, ação anti reação de hipersensibilidade e são mais seguros quando se trata de paciente gestantes, lactantes, hepatopatas e nefropatas controlados Vantagens do uso dos corticosteroides em relação aos AINEs Quando empregados em dose única pré-operatória ou por tempo restrito, podem ser feitas as seguintes considerações quanto à prescrição dos corticosteroides, comparada ao uso dos AINEs: o Não produzem efeitos adversos clinicamente significativos. o Não interferem nos mecanismos de hemostasia, ao contrário de alguns AINEs, que pela ação antiagregante plaquetária aumentam o risco de hemorragia pós- operatória. o Reduzem a síntese dos leucotrienos C4, D4 e E4, que constituem a substância de reação lenta da anafilaxia (SRS-A), liberada em muitas das reações alérgicas. Ao contrário, a ação inibitória dos AINEs na via cicloxigenase, de forma exclusiva, desvia o metabolismo do ácido araquidônico para a via 5-lipoxigenase, acarretando maior produção de SRS-A e, por consequência, reações de hipersensibilidade. o Muitas das reações adversas dos AINEs ainda não são bem conhecidas (basta lembrar o caso recente com os coxibes), o que não acontece com os corticosteroides, cujo uso clínico teve início na década de 1950. o Os corticosteroides são mais seguros para serem empregados em gestantes ou lactantes, bem como em pacientes hipertensos, diabéticos, nefropatas ou hepatopatas, com a doença controlada. o A relação custo/benefício do tratamento é muito menor quando se usam os corticosteroides. Usos com precaução e contraindicações dos corticosteroides São contraindicações absolutas ao uso dos corticosteroides: pacientes portadores de doenças fúngicas sistêmicas, herpes simples ocular, doenças psicóticas, tuberculose ativa ou os que apresentam história de alergia aos fármacos deste grupo. Outra consideração importante diz respeito à interferência dos corticosteroides na homeostasia do eixo hipotálamo- hipófise-adrenal (HHA). Analgésicos São medicamentos utilizados para alivou ou profilaxia da dor. São analgesicos anti-inflamatorios não esteroidais, possuem propriedade analgesica, antipiretica e antiinflamatoria. Uso clínico dos analgésicos Os analgésicos rotineiramente empregados na clínica odontológica são a dipirona e o paracetamol. Como alternativa a ambos, pode-se optar pelo ibuprofeno, que em doses menores (200 mg, em adultos) tem ação analgésica similar à da dipirona, sem praticamente exercer atividade anti-inflamatória. Quanto ao ácido acetilsalicílico (AAS), apesar da sua boa atividade analgésica, é empregado com menos frequência em função de sua ação antiagregante plaquetária. No caso de cirurgias, pode eventualmente causar maior sangramento, por aumentar o tempo de sangria. Na clínica odontológica, esses analgésicos são geralmente empregados por períodos curtos, em 24 a 48 h, uma vez que o objetivo é controlar a dor aguda de baixa intensidade. Dipirona É um analgésico eficaz e seguro para uso em odontologia. Por via IM ou IV, deve ser administrada com cautela a pacientes com condições circulatórias instáveis (pressão arterial sistólica < 100 mmHg). O uso da dipirona deve ser evitado nos três primeiros meses e nas últimas seis semanas da gestação e, mesmo fora desses períodos, somente administrar em gestantes em casos de extrema necessidade. A dipirona é contraindicada para pacientes com hipersensibilidade aos derivados da pirazolona, pelo risco de alergia cruzada, ou para portadores de doenças metabólicas como a porfiria hepática ou a deficiência congênita da glicose-6-fosfato-desidrogenase. Também deve ser evitada em pacientes com história de anemia ou leucopenia, embora o risco de agranulocitose e anemia aplástica atribuível à dipirona seja, quando muito, de 1 caso por 1.000.000 de pessoas expostas. Analgésicos Opióides Não opióides Analgésicos combinados Paracetamol É o analgésico de escolha seguro para uso em gestantes e lactantes. Pode causar danos ao fígado. Recentemente, o FDA recomendou que as doses máximas diárias de paracetamol, em adultos, fossem reduzidas de 4 g para 3,25 g., pelo mesmo motivo deve- se evitar o uso concomitante do medicamento com alccol ou substancias hepatotoxicas (como eritromicina). É contraindicado para pacientes fazendo uso contínuo da varfarina sódica, pelo risco de aumentar o efeito anticoagulante e provocar hemorragia., pacientes com história de alergia ao medicamento ou de alergia aos sulfitos, se empregada a solução oral “gotas” de paracetamol, que contém metabissulfito de sódio em sua composição. Ibuprofeno É contraindicado para pacientes com história de gastrite ou úlcera péptica, hipertensão arterial ou doença renal. Deve-se evitar em pacientes com história de hipersensibilidade ao ácido acetilsalicílico, pelo risco potencial de alergia cruzada. Além da dipirona, do paracetamol e do ibuprofeno, o cirurgião-dentista pode ainda optar pelos analgésicos de ação predominantemente central, chamados de opioides fracos. No Brasil, estão disponíveis para uso clínico a codeína (comercializada em associação com o paracetamol) e o tramadol, ambos indicados no tratamento de dores moderadas a intensas, que não respondem ao tratamento com outros analgésicos. Tramadol O cloridrato de tramadol possui potência analgésica 5 a 10 vezes menor do que a morfina e seu mecanismo de ação ainda não é completamente conhecido. Sabe-se apenas que ele pode se ligar aos receptores opioides μ e inibir a recaptação da norepinefrina e da serotonina. Atua da mesma forma que as endorfinas e as encefalinas, ativando, com suas moléculas, receptores em células nervosas, o que leva à diminuição da dor. Seu início de ação ocorre, em geral, 1 h após a administração de uma dose de 50 mg. Não é indicado para pacientes < 16 anos, pela falta de estudos clínicos controlados. Efeitos adversos, como náuseas e constipação intestinal, vômito, alterações de humor, sonolência e depressão respiratória, limitam a utilização da codeína e do tramadol em larga escala na clínica odontológica. Devem ser utilizados com cautela em pacientes idosos, debilitados, com insuficiência hepática ou renal, hipertrofia prostática e portadores de depressão respiratória. A administração repetida destes fármacos possibilita o aparecimento de efeitos de tolerância, dependência física e psíquica, em graus variados. Tolerância É a necessidade de aumento de dose para obtenção do mesmo efeito analgésico Dependência É um fenômeno caracterizado pelo aparecimento de síndrome de abstinência quando a droga é descontinuada de modo abrupto ou quando um antagonista é administrado Síndrome de abstinência Causa irritabilidade, perda de peso, tremores e mudanças de comportamento Analgésicos combinados Algunsanalgésicos combinam, num único comprimido, medicamentos não opióides, tais como aspirina ou o paracetamol, com substâncias opióides. Estes analgésicos combinados são frequentemente receitados a indivíduos nos quais o efeito de um não opióide isolado não é suficiente. Alguns exemplos de analgésicos combinados: o Diclofenaco sódico com codeína o Paracetamol com codeína o Paracetamol com tramadol Infecções odontogênicas Cáries, doença periodontal e pulpite são as infecções iniciais que podem disseminar-se além dos dentes para o processo alveolar e os tecidos profundos da face, cavidade oral, cabeça e pescoço. Microbiologia das infecções odontogênicas As infecções odontogênicas são causadas por bactérias que fazem parte da flora oral normal: aquelas que integram a placa bacteriana, aquelas encontradas nas superfícies mucosas e aquelas encontradas no sulco gengival. Tais bactérias são principalmente cocos aeróbios gram-positivos, cocos anaeróbios gram-positivos e bastonetes anaeróbios gram-negativos. Essas bactérias causam uma variedade de doenças comuns, como cáries dentárias, gengivite e periodontite. Quando ganham acesso aos tecidos profundos subjacentes, através da polpa dentária necrosada ou de uma bolsa periodontal profunda, elas causam infecções odontogênicas. Conforme a infecção progride mais profundamente, diferentes membros da flora infectante podem encontrar melhores condições de crescimento e começam a exceder em número as espécies previamente dominantes. Alguns pontos importantes devem ser observados: o Quase todas as infecções odontogênicas são causadas por múltiplas bactérias. A natureza polimicrobiana dessas infecções torna importante que o clínico compreenda a variedade de bactérias prováveis de causar infecção. o Um segundo fator importante é a tolerância ao oxigênio das bactérias que causam as infecções odontogênicas. Como a flora da boca é uma associação de bactérias aeróbias e anaeróbias não é surpreendente constatar que a maioria das infecções odontogênicas é causada por bactérias anaeróbias e aeróbias. Porcentagem Somente anaeróbias 50% Anaeróbias e aeróbias mistas 44% Aeróbias somente 6% O método pelo qual bactérias aeróbias e anaeróbias mistas causam infecções é conhecido com alguma precisão. Após a inoculação inicial nos tecidos profundos, os organismos facultativos do grupo S.milleri podem sintetizar hialuronidase, a qual permite que os organismos infectantes disseminem-se pelos tecidos conjuntivos, iniciando o estágio de celulite da infecção. Os subprodutos metabólicos oriundos dos estreptococos criam um ambiente favorável para o crescimento dos anaeróbios: liberação de nutrientes essenciais, pH reduzido nos tecidos e consumo do suprimento local de oxigênio. As bactérias anaeróbias são, então, capazes de crescer, e, conforme o potencial local de oxidação- redução é reduzido posteriormente, as bactérias anaeróbias predominam e causam a necrose de liquefação dos tecidos por meio da síntese de colagenases. Conforme o colágeno é sintetizado e os glóbulos brancos invasores necrosam e sofrem lise, microabscessos se formam e podem coalescer em abscessos clinicamente reconhecíveis. No estágio de abscesso, as bactérias anaeróbias predominam e podem eventualmente se tornar os únicos organismos encontrados na cultura. Infecções que aparecem inicialmente como uma celulite podem se caracterizar como infecções estreptocócicas aeróbicas, e, mais tarde, abscessos crônicos podem ser caracterizados como infecções anaeróbicas. Clinicamente, essa progressão da flora infectante de aeróbia para anaeróbia parece estar correlacionada com o tipo de edema que pode ser encontrado na região infectada. Portanto, as infecções odontogênicas parecem passar por quatro estágios. Nos primeiros três dias dos sintomas, um edema mole, pastoso, levemente sensível representa o estágio de inoculação, no qual os estreptococos invasores estão começando a colonizar o hospedeiro. Após três a cinco dias, o edema torna-se endurecido, vermelho e altamente sensível, já que a flora mista infectante estimula a resposta inflamatória intensa do estágio de celulite. Após cinco a sete dias após o início do edema, os anaeróbios começam a predominar, causando abscesso liquefeito no centro da área edemaciada. Esse é o estágio de abscesso. Finalmente, quando o abscesso drena espontaneamente pela pele ou mucosa, ou é cirurgicamente drenado, o estágio de resolução inicia conforme o sistema imune destrói as bactérias infectantes e o processo de cicatrização e reparo acontece. Edema (inoculação) Celulite Abscesso Duração 0-3 dias 1-5 dias 4-10 dias Dor, bordas Leve, difusa Difusa Localizada Tamanho Variável Grande Pequeno Coloração Normal Vermelha Centro brilhante Consistência Gelatinosa Endurecida Centro mole Progressão Aumentada Aumentada Reduzida Secreção purulenta Ausente Ausente Presente Bactérias Aeróbia Ausente Anaeróbia Gravidade baixa Maior Menor História natural da progressão das infecções odontogênicas As infecções odontogênicas têm duas origens principais: (1) periapical, como resultado da necrose pulpar e invasão bacteriana subsequente do tecido periapical, e (2) periodontal, como resultado da bolsa periodontal profunda que possibilita a inoculação da bactéria nos tecidos moles subjacentes. A necrose da polpa dental como resultado da cárie profunda cria uma via para as bactérias penetrarem nos tecidos periapicais. Uma vez que o tecido torna-se inoculado pela bactéria e uma infecção ativa é estabelecida, está se dissemina igualmente em todas as direções, mas preferencialmente ao longo das linhas de menor resistência. A infecção se dissemina pelo osso esponjoso até encontrar uma lâmina cortical. Se a lâmina cortical for fina, a infecção perfurará o osso e penetrará nos tecidos moles circunjacentes. Quando a infecção perfura a lâmina cortical do processo alveolar, ela se dissemina por localizações anatômicas previsíveis. A localização da infecção oriunda de um dente específico é determinada por dois fatores principais: (1) a espessura do osso que cobre o ápice do dente e (2) a relação do local da perfuração no osso com as inserções musculares na maxila e mandíbula. Infecções oriundas da maioria dos dentes superiores perfuram a lâmina cortical vestibular. Tais infecções também perfuram através do osso abaixo da inserção dos músculos que se inserem na maxila, o que significa que a maioria dos abscessos dos dentes superiores aparece inicialmente como abscessos vestibulares. Ocasionalmente, um abscesso palatino surge do ápice de um incisivo lateral gravemente inclinado ou da raiz palatina de um primeiro molar ou pré-molar superior. Mais comumente, os molares superiores causam infecções que perfuram o osso superior à inserção do músculo bucinador, o que resulta em infecção do espaço bucal. Igualmente, de vez em quando, uma raiz longa do canino superior permite que a infecção perfure o osso superior à inserção do músculo elevador do ângulo da boca e cause infecção do espaço infraorbitário (canino). Na mandíbula, as infecções dos incisivos, caninos e pré- molares usualmente perfuram o osso pela lâmina cortical vestibular superior à inserção dos músculos do lábio inferior, resultando em abscessos vestibulares. As infecções nos molares inferiores drenarão pela cortical lingual com mais frequência do que os dentes anteriores. As infecções nos primeiros molares vão drenar pela vestibular ou lingual . Infecções no segundo molar podem perfurar a cortical vestibular ou lingual (mas usualmente a lingual), e as infecções no terceiro molar quase sempre perfuram a lâmina cortical lingual. O músculo milo-hióideo determina se as infecções que drenam lingualmente vão se dirigir superiormente a esse músculo para o espaço sublingual ou abaixo dele para o espaço submandibular. A infecção odontogênica
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