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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros E73l Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Lucros cessantes / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de José Eduardo Teixeira Arias, Frederico Martins Peres e Claudio Bizerra de Oliveira. -- 26.ed. -- Rio de Janeiro : ENS, 2023. 14,8 Mb ; PDF 1. Seguro de lucros cessantes. I. Arias, José Eduardo Teixeira. II. Peres, Frederico Martins. III. Oliveira, Claudio Bizerra. IV. Título. 0022-2673 CDU 368(072) É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. 26ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2023 REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA CLÁUDIO BIZERRA DE OLIVEIRA – 2023/2022/2021 FREDERICO MARTINS PERES – 2023/2022/2021 JOSÉ EDUARDO TEIXEIRA ARIAS – 2023/2022/2021 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE CONTEÚDO E PLANEJAMENTO PICTORAMA DESIGN A ENS, promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 1. INTRODUÇÃO AO SEGURO DE LUCROS CESSANTES 7 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 8 Circular 620/2020 8 Qual o objetivo dessa circular? 8 Como identificar essas mudanças? 8 Circular 642/2021 9 HISTÓRICO DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES 9 O SEGURO DE LUCROS CESSANTES NO MERCADO BRASILEIRO 10 EVENTOS COBERTOS 11 REQUISITOS BÁSICOS PARA CONTRATAÇÃO 12 CONDIÇÕES CONTRATUAIS 12 FATO GERADOR DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES 14 RISCOS GARANTIDOS NOS SEGUROS DE DANOS MATERIAIS 15 Principais Modalidades de Seguros de Danos Materiais 16 FIXANDO CONCEITOS 1 18 2. GARANTIAS DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES 20 OBJETO DO SEGURO 21 RISCOS COBERTOS – COBERTURA BÁSICA 22 Lucro Bruto 22 Gastos Adicionais 25 Impedimento de Acesso 26 SUMÁRIO INTERATIVO SEGUROS DE LUCROS CESSANTES CONDIÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA EMPRESA 27 A Empresa Opera com Lucro Líquido 28 A Empresa Opera com Resultado Nulo 29 A Empresa Opera com Prejuízo 30 PARTICIPAÇÃO DO LUCRO BRUTO NO MOVIMENTO DE NEGÓCIOS DA EMPRESA 33 Movimento de Negócios 33 Tipos de Especificações 34 Margem de Lucro Bruto 35 Cálculo da Margem de Lucro Bruto 36 FIXANDO CONCEITOS 2 38 3. ELEMENTOS DO SEGURO E SUAS CARACTERÍSTICAS 39 PERÍODO INDENITÁRIO 40 IMPORTÂNCIA SEGURADA 43 Cálculo do Lucro Bruto Segurável 43 Cálculo do Lucro Bruto Segurado 44 Resumindo 44 PRECIFICAÇÃO 47 FRANQUIA DEDUTÍVEL 47 FIXANDO CONCEITOS 3 48 4. COBERTURAS ADICIONAIS DOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 49 COBERTURAS ADICIONAIS 50 Honorários de peritos contadores 50 Despesas com instalação em novo local 51 Extensão da cobertura a fornecedores e/ou compradores 51 COBERTURA ESPECIAL INTERRUPÇÃO DE NEGÓCIOS – PERDA DE RECEITA BRUTA 53 FIXANDO CONCEITOS 4 55 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 5. SINISTROS NOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 56 VALOR EM RISCO E RATEIO 57 INDENIZAÇÃO 59 Parcelas Indenizáveis 62 LIQUIDAÇÃO DO SINISTRO 65 FIXANDO CONCEITOS 5 66 ANEXOS 67 Anexo 1 – O Seguro de Lucros Cessantes por Linha de Negócio 67 GABARITO 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 69 7 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES ■ Conhecer a origem e a finalidade do Seguro de Lucros Cessantes, considerando a literatura especializada. ■ Reconhecer os eventos cobertos e os requisitos básicos para contratação do Seguro de Lucros Cessantes, considerando as regras de mercado e a legislação vigente do setor. ■ Conhecer as condições contratuais dos seguros de lucros cessantes, bem como as cláusulas obrigatórias, considerando as normas vigentes do setor. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Reconhecer o dano material como fato gerador do Seguro de Lucros Cessantes, com exemplos de riscos garantidos pelo Seguro de Danos Materiais, considerando o contexto mercadológico vigente e a análise de casos práticos. ■ Reconhecer os riscos garantidos nos Seguros de Danos Materiais, considerando a modalidade de seguro contratada. INTRODUÇÃO ao SEGURO de LUCROS CESSANTES 01 ⊲ CONSIDERAÇÕES INICIAIS ⊲ HISTÓRICO DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES ⊲ O SEGURO DE LUCROS CESSANTES NO MERCADO BRASILEIRO ⊲ EVENTOS COBERTOS ⊲ REQUISITOS BÁSICOS PARA CONTRATAÇÃO ⊲ CONDIÇÕES CONTRATUAIS ⊲ FATO GERADOR DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES ⊲ RISCOS GARANTIDOS NOS SEGUROS DE DANOS MATERIAIS ⊲ FIXANDO CONCEITOS 1 TÓPICOS DESTA UNIDADE 8 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES CONSIDERAÇÕES INICIAIS — Circular 620/2020 Ao longo do estudo desta apostila, você poderá observar diversas refe- rências à circular Susep nº 620, emitida em 29/12/2020, que dispõe sobre as regras e os critérios para operação dos seguros do grupo patrimonial – Grupo 01 da classificação da Susep. — Qual o objetivo dessa circular? A partir de um conceito que privilegia a criação, inovação e simplicidade dos textos das cláusulas, práticas perfeitamente alinhadas com aquelas já utilizadas por outros mercados ao redor do mundo, a norma apresenta regras mais flexíveis para estruturação das condições contratuais de todos os seguros patrimoniais, as quais passam a ser redigidas com maior clare- za e objetividade em comparação às rígidas condições que conhecemos hoje na estrutura de seguros do mercado brasileiro. — Como identificar essas mudanças? Para melhor compreensão desse conceito, serão apresentados os mode- los de cláusulas, coberturas e outras práticas usualmente utilizados pelo mercado para comercialização do seguro de Lucros Cessantes, indican- do, porém, para cada tema, as mudanças de regras promovidas pela circu- lar Susep nº 620/2020. 9 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Como consequência desse processo, não há dúvidas que surgirão no mer- cado novos modelos e formas de contratação de apólices, entretanto, é cer- to também que a consolidação dessa transformação demandará um certo tempo de adaptação, durante o qual os modelos atuais que conhecemos permanecerão a ser utilizados pelo mercado para venda dos seus produtos. — Circular 642/2021 A Circular 642/21, com seus efeitos prorrogados para 1º de maio de 2022, dispõe, basicamente, sobre a aceitação, a vigência do seguro, a emissão e os elementos mínimos dos documentos contratuais envolvendo todos os ramos. Recomendamos revisitar a apostila de Introdução aos Seguros de Danos para mais detalhes sobre todas as alterações promovidas pela referida circular. HISTÓRICO DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES Após a Revolução Industrial, com o incremento das atividades industriais e, consequentemente, das atividades comerciais, a demanda por Seguros de Incêndio aumentou consideravelmente, haja vista a necessidade de prote- ção do patrimônio das empresas. Com o passar dos tempos, e após serem analisados vários sinistros ocorri- dos que estavam garantidos pelo Seguro Incêndio, constatou-se que havia perdas que não eram cobertas por esse seguro. Ou seja, concluiu-se que um sinistro que atinja os bens materiais (prédios,máquinas, instalações, mercadorias) de uma empresa não gera apenas danos ao seu patrimônio físico, pois o reparo desses danos demandará algum tempo e, consequen- temente, durante esse tempo, as atividades da empresa serão reduzidas ou até paralisadas total ou parcialmente. Os prejuízos decorrentes da paralisação ou da sensível redução das ativi- dades industriais ou comerciais podem até mesmo superar, em valor, os danos ou a destruição de bens materiais. Exemplos: 1 – no maior sinistro pago no Brasil, do segurado CSN, foram indenizados mais de US$ 500 milhões, e a parte relativa à cobertura de Lucros Cessantes representou quase 90% desse valor; e 2 – na grande tragédia ocorrida em Mariana (MG), além dos danos ambientais que são enormes (difíceis de mensurar, de tão grandes), a maior perda da própria Samarco foi de Lucros Cessan- tes, pois as atividades foram totalmente paralisadas há muito tempo e parece que não voltará a funcionar tão cedo (as perdas de lucros cessan- tes podem superar US$ 1 bilhão). Comentário Os sinistros não geram apenas danos ao patrimônio físico das empresas, pois o reparo desses danos demandará algum tempo e, durante esse tempo, as atividades das empresas poderão ser reduzidas ou paralisadas. Com a paralisação de suas atividades, as empresas sofrem perdas financeiras que podem, inclusive, gerar sua falência. 10 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES O Seguro de Lucros Cessantes tem sua origem nessa constatação: a ocor- rência de sinistros pode gerar, além de danos materiais, prejuízos financei- ros consequentes da paralisação ou diminuição das atividades das empre- sas industriais ou comerciais. Então, a finalidade do Seguro de Lucros Cessantes é garantir a situação financeira da empresa após um sinistro de Danos Materiais que tenha perturbado ou paralisado o movimento normal de seus negócios. O SEGURO DE LUCROS CESSANTES NO MERCADO BRASILEIRO O Seguro de Lucros Cessantes foi regulamentado em 1948, pela Por- taria 5 do extinto DNSPC, atual Susep, tendo o IRB – atual IRB-Brasil Resseguros S.A. – começado a operar na carteira em 1951, época em que, efetivamente, o seguro foi introduzido no mercado brasileiro. O mode- lo adotado foi a apólice standard utilizada pelos ingleses, bem como suas reformulações, devidamente adaptadas às condições do nosso mercado. Os seguros de proteção às receitas das empresas (entre os quais se insere o de Lucros Cessantes) foram modernizados, aperfeiçoados e ampliados. Até poucos anos atrás, o único ramo destinado a proteger receitas era o de Lucros Cessantes. Quando muito, tínhamos algumas coberturas aces- sórias em ramos específicos, que protegiam, em caráter particularíssimo com óbvia limitação de amplitude, determinadas receitas. A partir do final da década de 1980, foi implementado pelo então Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), mediante cobertura facultativa de resseguro, o Seguro de Lucros Cessantes Decorrentes de Quebra de Máquinas, cujas apólices eram emitidas no Ramo Riscos de Engenharia e conjugavam, num único contrato, a cobertura de Danos Materiais de Quebra de Máquinas e os Lucros Cessantes decorrentes. Embora, em teoria, representasse um grande avanço, esse seguro infeliz- mente foi inviabilizado comercialmente, pois a quantidade de documentos e de informações exigidas era muito extensa. Atualmente, o ramo Lucros Cessantes (código Susep 01.41) é responsável por menos de 1% dos prêmios arrecadados pelo mercado segurador brasileiro. Essa inexpressiva participação deve-se a diversas razões, entre as quais podemos citar: Importante Um dos principais fatores que dificulta a correta mensuração dos prêmios emitidos pela carteira de seguros de Lucros Cessantes, é a contração dessa cobertura como garantia adicional inserida em outros ramos, como por exemplo: Seguros Compreensivos (Multirriscos Empresariais e Condomínios), Riscos Nomeados e Riscos Operacionais, e Riscos de Engenharia. 11 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES ■ falta de programas de divulgação e esclarecimentos sobre as van- tagens da contratação desse tipo de seguro; ■ conjuntura econômica do país ■ falta de pessoal tecnicamente habilitado; ■ dificuldades de obter informações fidedignas da contabilidade das empresas; ■ complexidade e dificuldades nas regulações de sinistros. EVENTOS COBERTOS De acordo com as novas regras divulgadas pela Susep – Circular nº 620/2020, mencionada anteriormente, a definição de eventos cobertos nos seguros de Lucros Cessantes, passa a ter a seguinte redação: “O seguro de lucros cessantes visa garantir indenização pelos prejuízos resultantes da interrupção parcial ou total ou perturbação no movimento de negócios do segurado, causada pela ocorrência de riscos cobertos na apólice, não restritos a riscos patrimoniais”. Os prejuizos decorrentes da pertubação no giro de negócios da empresa (movimento de negócios), continua sendo o principal objetivo da garantia definida pelo seguro, o que muda é o conceito da causa (riscos) desses prejuízos, que chamamos de “fato gerador”. As seguradoras poderão desenvolver produtos que garantam a indeni- zação pela interrupção das atividades do segurado, em decorrência de outros eventos não diretamente relacionados à ocorrência de um dano material. Será possível criar um seguro que garanta indenização pela para- lisação do negócio do segurado, decorrente, por exemplo, do afastamento dos seus funcionários em razão do acometimento de algum tipo específico de doença, por exemplo, a Covid-19, ou a decretação de uma quarentena pelo Estado. É evidente que o desenvolvimento desse tipo de cobertura, quer seja para eventos pandêmicos ou qualquer outro não relacionado à ocorrência de um dano material, não deverá ocorrer de forma imediata e, certamente, depen- derá de estudos técnicos. De qualquer forma, a possibilidade agora existe. A cobertura do Seguro de Lucros Cessantes é fundamental para as empre- sas. Os corretores de seguros devem analisar com muita atenção as necessidades de seus clientes, pois as perdas financeiras decorrentes da paralisação dos negócios de uma empresa podem ser enormes, e, se não forem indenizadas, podem gerar até a falência dessa empresa. 12 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Durante o processo de comercialização, é aconselhável que os corretores de seguros ofereçam aos seus clientes, preferencialmente por escrito, a contratação do seguro de Lucros Cessantes como instrumento garantidor da continuidade dos negócios da empresa. REQUISITOS BÁSICOS PARA CONTRATAÇÃO A empresa que pretende contratar o Seguro de Lucros Cessantes, deverá atender aos seguintes requisitos: ■ estar inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ/MF); ■ possuir contabilidade organizada; e ■ possuir seguro de danos, normalmente o de danos materiais, A organização contábil é aspecto fundamental na contratação desse seguro, pois, através dos dados contábeis, são fixados os valores seguráveis e, em caso de ocorrência de sinistro, apuradas as perdas decorrentes. É imprescin- dível, portanto, que os registros contábeis estejam organizados e acessíveis. A exigência do Seguro de Danos, feita pelo segurador, visa garantir a repo- sição das perdas sofridas e assim permitir ao segurado retornar mais facil- mente, e com maior rapidez, ao ritmo normal das suas atividades. No caso do seguro de danos materiais, a reposição dos bens patrimoniais, assume papel fundamental para essa rápida retomada das atividades. CONDIÇÕES CONTRATUAIS As Condições Contratuais dos Seguros de Lucros Cessantes, podem ago- ra seguir regras mais flexíveis de formatação estabelecidas pela Circular Susep nº 621/2021, de 12/02/2021, respeitados, é claro, todos os deveres e as obrigações contratuais estabelecidos pelo Código Civil Brasileiro, con- forme já abordado na apostila de Introdução aoSeguro de Danos, inte- grante deste curso de formação de corretores. 13 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Todavia, pela necessidade de acomodação e interpretação das novas regras, é provável que a maioria das seguradoras ainda continue a praticar a segmentação de seus clausulados na formatação antiga, apresentando Condições Gerais, como as cláusulas comuns a toda e qualquer apólice de seguro daquele tipo de produto compreensivo; Condições Especiais, sendo as cláusulas específicas das coberturas contratadas e Condições Particulares, onde eventualmente se particulariza alguma condição para apólice específica. É importante registrar que a referida Circular Susep nº 621/2021 represen- tou um avanço na obrigatoriedade de uniformização das condições con- tratuais dos produtos de danos, na medida em que transfere ao mercado uma maior responsabilidade em razão da liberdade para criação de seus contratos. Contudo, não eliminou a manutenção de algumas cláusulas obri- gatórias que devem constar dos contratos dos seguros de Lucros Cessan- tes, também apresentadas na cadeira de Introdução a Seguro de Danos, deste curso. São elas: ■ Objetivo do Seguro; ■ Definições; ■ Forma de contratação; ■ Âmbito geográfico; ■ Coberturas; ■ Riscos excluídos; ■ Aceitação; ■ Vigência e renovação; ■ Concorrência de apólices e bilhetes; ■ Franquias e participações obrigatórias do segurado; ■ Atualização a alteração de valores; ■ Pagamento de prêmios; ■ Indenização; ■ Comunicação, regulação e liquidação de sinistros; ■ Reintegração; ■ Perda de direitos; ■ Cancelamento e rescisão contratual; ■ Beneficiário; ■ Sub-rogação. 14 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES FATO GERADOR DO SEGURO DE LUCROS CESSANTES O fato gerador, para definição da cobertura do seguro, esteve sempre atre- lado, exclusiva e obrigatoriamente, à ocorrência de “danos materiais”. Toda- via, de acordo com a nova definição, essa condição passa a ser ampliada com objetivo de garantir a pertubação no movimento de negócios decor- rente de qualquer risco, desde que coberto na apólice. A condição prévia de ocorrência de um dano, para caracterizar a cobertura do seguro de Lucros Cessantes, deixa de ser apenas os danos mate- riais, passando a admitir, para essa caracterização, a ocorrência de qual- quer tipo de dano, desde que descrito e garantido por apólice de seguro, abrangendo, inclusive, riscos garantidos por ramos não apenas do grupo de seguros patrimoniais. Conforme já explicado, durante determinado período de tempo, o mer- cado continuará atrelando a caracterização da cobertura do seguro de Lucros Cessantes à ocorrência de Danos Materiais e, dessa forma, todos os exemplos que vamos estudar nas unidades desta apostila, levará em conta essa condição. O segurado, para garantir a reposição das perdas financeiras consequen- tes da paralisação das atividades da empresa e ficar plenamente protegi- do, além do seguro de Lucros Cessantes, deve antes contratar também um Seguro de Danos, normalmente o de danos materiais, que garante a reposição dos bens patrimoniais que possam ser atingidos pela ocorrência de um evento aleatório. Sinistro de Danos Materiais Danos no Patrimônio Físico Seguro de Danos MateriaisPerturbação ou Paralisação do Movimento de Negócios Perda Financeira Seguro de Lucros Cessantes PROTEÇÃO PROTEÇÃO 15 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Conclusão: O Seguro de Lucros Cessantes somente será acionado se ocorrer sinistro, causado pelos eventos previstos na apólice e que provoquem paralisação ou redução do movimento de negócios, quando então ficará caracterizada a perda de lucro bruto da empresa. Portanto, o Seguro de Lucros Cessantes não deve ser considerado um “ramo isolado”, pois não pode ser contratado sem estar atrelado à cober- tura de um risco, normalmente o risco de Danos Materiais. A empresa que desejar contratar o Seguro de Lucros Cessantes para determinado evento deverá ter apólice de seguro que garanta os danos materiais que possam ser causados por esses eventos. Exemplo: uma empresa, para contratar uma apólice de Lucros Cessantes em decorrência de incêndio, deverá possuir cobertura de incêndio, ampa- rando o seu patrimônio físico contra este evento. Assim sendo, os eventos que dão origem a cobertura do seguro de Lucros Cessantes são acidentes aos quais estão sujeitos os bens da empresa cuja ocorrência podem causar perturbações no giro de seus negócios. RISCOS GARANTIDOS NOS SEGUROS DE DANOS MATERIAIS Os eventos cuja ocorrência acionam as coberturas do seguro de Lucros Cessantes são os riscos normalmente de danos materiais a que estão sujeitos os bens da empresa segurada. Esses eventos, quando ocorridos, podem causar a paralisação das atividades da empresa segurada ou cau- sar perturbações no seu movimento de negócios. O segurado deverá definir, na apólice, os eventos que deseja garantir para o acionamento das coberturas do seguro de Lucros Cessantes. Nas apólices atuais, os eventos (riscos) mais utilizadas são: ■ Incêndio/Queda de Raio/Explosão de Qualquer Natureza; ■ Danos Elétricos; ■ Vendaval, Furacão, Ciclone, Tornado, Granizo, Queda de Aerona- ves, Impacto de Veículos Terrestres e Fumaça; ■ Tumultos (podendo-se optar pela inclusão de Atos Dolosos); ■ Alagamento; 16 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES ■ Quebra de Máquinas; ■ Desmoronamento; ■ Deterioração de Mercadorias em Ambiente Frigorificados; ■ Derrame ou Vazamento de Sprinklers. A cobertura do seguro de Lucros Cessantes poderá se dar por meio de apólices específicas ou em conjunto com uma apólice, por exemplo, de Danos Materiais. É aconselhável que seja emitida uma única apólice, nesses caso, a cober- tura de Lucros Cessantes será considerada cobertura adicional ou uma segunda seção dessas apólices específicas de danos. Todavia, se forem emitidas apólices distintas, recomenda-se a emissão na mesma Segurado- ra, pois isso facilitará a regulação e a liquidação de um eventual sinistro. — Principais Modalidades de Seguros de Danos Materiais Vamos conhecer um pouco mais sobre algumas modalidades de seguros de Danos Materiais e os tipos de riscos possíveis de serem garantidos: Seguros Compreensivos (Multirriscos) São os seguros que oferecem diversas coberturas, sendo a cober- tura principal também chamada de básica, que garante os riscos de: Incêndio, Queda de Raio e Explosão de Qualquer Natureza. Os Seguros Compreensivos integram o grupo de seguros classifi- cados como “patrimoniais”, juntamente com o próprio Seguro de Lucros Cessantes. Nos Seguros Compreensivos, os produtos que apresentam, no seu leque de coberturas, garantias relacionadas a Lucros Cessan- tes são o Compreensivo Empresarial e Compreensivo Condomí- nios Comerciais. Riscos Nomeados Seguros que oferecem coberturas concedidas pelos diversos ramos de seguro, nos quais há clara identificação dos riscos, pos- sibilitando a enumeração das garantias oferecidas. Nesse tipo de seguro, a exemplo das demais modalidades, a cobertura principal (básica) garante os riscos de Incêndio, Queda de Raio e Explosão de Qualquer Natureza. Riscos Operacionais Os Seguros de Riscos Operacionais se caracterizam por serem con- tratados com cobertura do tipo All Risks, que se caracteriza por abran- 17 UNIDADE 1 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES ger todas as perdas e os danos materiais causados aos bens segu- rados, exceto os formalmente excluídos em suas condições, sem a necessidade de mencionar quais os riscos que encontram cobertos. Exemplo de Contratação de Seguro de Danos Materiais: Uma empresa que necessite contratar o Seguro de Lucros Cessantes, decorrente do risco de alagamento, deverá ter seu patrimônio físico ampa- rado por um Seguro de Danos Materiais. Nesse caso, a cobertura de ala- gamento poderá ser contratada por meio de uma apólice de Seguro Riscos Diversos, na modalidadeespecífica de alagamento,como cobertura adicio- nal nos seguros Compreensivo Empresarial ou Multirriscos ou, ainda, pelos seguros de Riscos Nomeados ou Riscos Operacionais. Considerações Importantes sobre os Seguros Compreensivos e Multirriscos A cobertura de Lucros Cessantes, nos seguros Compreensivos Empresa- riais/Condomínios, será aquela com que a maioria dos corretores terá con- tato na sua vida profissional, haja vista que os condomínios comerciais/ shopping centers, as micro, as pequenas e as médias empresas contratam este tipo de apólice para se proteger das perdas em seu patrimônio físico, bem como nos lucros gerados por suas atividades. A garantia de Lucros Cessantes é uma das coberturas adicionais faculta- tivas, oferecidas pelos Seguros Compreensivos Multirriscos, sob diversas denominações (Diária de Interrupção de Atividade, Despesas Fixas, Lucros Cessantes, entre outras) e são oferecidas, em sua maioria, para garantir somente as despesas fixas ou parte delas – nesse caso, despesas fixas especificadas. Usualmente, a cobertura de Despesas Fixas é oferecida a Risco Absoluto (sem aplicação da cláusula de rateio). Já a cobertura de Lucros Cessantes costuma ser oferecida a Risco Absoluto ou Risco Relativo, dependendo do produto de cada Seguradora e dos valores envolvidos. Lembre-se Sem sombra de dúvida, a introdução dos Seguros Compreensivos e Multirriscos no mercado brasileiro, popularizou a cobertura de Lucros Cessantes. Entretanto, essa massificação ocorreu somente através da garantia para as despesas fixas, normalmente oferecida nesses produtos.. 18 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta 1. Com relação ao Seguro de Lucros Cessantes, as ocorrências de sinistros de Danos Materiais podem ser entendidas como sendo: (a) As perdas decorrentes da paralisação ou redução das atividades. (b) Algo neutro em relação às perdas decorrentes da paralisação ou da redução das atividades. (c) Amparados pela cobertura de Lucros Cessantes. (d) O fato gerador do risco de Lucros Cessantes. (e) A diferença entre perdas e prejuízos relativos à deficiência de seguro. 2. Os acidentes a que estão sujeitos os bens da empresa segurada, que podem provocar a paralisação no seu movimento de negócios, são defini- dos em Lucros Cessantes como: (a) Eventos cobertos (b) Riscos excluídos (c) Prejuízos não indenizáveis (d) Perdas Financeiras (e) Bens Cobertos 3. A exigência que se faz às empresas que desejam contratar o Seguro de Lucros Cessantes, de que possuam Seguro de Danos Materiais, tem por objetivo: (a) Vender mais uma apólice de seguro, gerando, assim, maior receita para as seguradoras. (b) Preservar o patrimônio do acionista da empresa, pois, se não for feito o seguro, a empresa pagará vultosas multas. (c) Garantir a reposição dos bens imóveis e móveis atingidos em caso de sinistro, permitindo ao segurado retornar mais facilmente, e com maior rapidez, ao ritmo normal de suas atividades. (d) Aumentar o valor da importância segurada total, para gerar uma indenização maior que as perdas sofridas em caso de sinistro. (e) Permitir à empresa escolher entre a reposição das perdas ocorridas com os danos materiais e as perdas decorrentes da paralisação de suas atividades. 19 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 4. A apólice de Lucros Cessantes será acionada sempre que: (a) Houver queda de vendas, tanto em consequência de sinistro cober- to quanto de alterações na conjuntura econômica. (b) Houver um dano material, garantido por apólice própria, cujo even- to seja coberto e que conduza a uma redução no giro de negócios do segurado. (c) O período indenitário se encerrar antes do término de vigência do contrato. (d) Houver um dano material, garantido por apólice própria, mesmo que o evento ocorrido não esteja coberto por essa apólice. (e) Não houver franquia na apólice de danos materiais. 5. A cobertura de Lucros Cessantes pode ser contratada: (a) Somente no Ramo de Lucros Cessantes. (b) De forma independente, não sendo necessária a contratação do dano material. (c) Somente para empresas pertencentes a grandes complexos industriais. (d) No ramo específico, nos seguros compreensivos, multirriscos, riscos nomeados e operacionais. (e) Inclusive para pessoas físicas desempregadas. Consulte o gabarito clicando aqui. 20 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 02 GARANTIAS do SEGURO ■ Entender como é formado o lucro segurável e como a condição econômico- financeira da empresa pode influenciar na contratação do seguro de lucro cessantes, considerando a literatura especializada em análise de casos práticos. ■ Compreender o objeto do Seguro de Lucros Cessantes, considerando situações práticas do ramo de seguros. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ OBJETO DO SEGURO ⊲ RISCOS COBERTOS – COBERTURA BÁSICA ⊲ CONDIÇÃO ECONÔMICO- FINANCEIRA DE UMA EMPRESA ⊲ PARTICIPAÇÃO DO LUCRO BRUTO NO MOVIMENTO DE NEGÓCIOS DA EMPRESA ⊲ FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE de LUCROS CESSANTES ■ Reconhecer as garantias abrangidas pela cobertura básica dos Seguros de Lucros Cessantes, considerando as práticas vigentes de mercado. ■ Entender os principais conceitos relacionados à condição econômico- financeira de negócio da empresa, considerando a importância desses conceitos no âmbito do mercado de seguros. 21 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Nesta unidade, serão apresentados os diversos conceitos que caracteri- zam o seguro de Lucros Cessantes, com destaque para a definição do objeto do seguro, que apresenta a finalidade da cobertura e a composição dos riscos cobertos. A formatação do Seguro de Lucros Cessantes apresentada nesta unidade tem como origem os mesmos conceitos praticados no Seguro de Lucros Cessantes Tradicional (código do ramo 01.41). Por essa razão, algumas interpretações equivocadas dão conta de que tais conceitos se encontram ultrapassados e sem aplicabilidade. No entanto, isso não procede, uma vez que todos eles são normalmente dotados nos produtos compreensivos, assim como nos Seguros de Riscos Nomeados e Operacionais, que agre- gam, em suas estruturas, parte das garantias da tarifa do Seguro de Lucros Cessantes Tradicional. OBJETO DO SEGURO No Seguro de Lucros Cessantes, o objeto a ser garantido é a manutenção da operacionalidade e lucratividade da empresa, sendo as perdas ocorridas identificadas através da análise dos relatórios financeiros. 22 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES RISCOS COBERTOS – COBERTURA BÁSICA A cobertura básica do Seguro de Lucros Cessantes abrange as seguintes garantias: ■ Perdas do Lucro Bruto; ■ Realização de gastos adicionais; ■ Impedimento de acesso. — Lucro Bruto O principal risco normalmente coberto pelo Seguro de Lucros Cessantes é a perda de lucro bruto gerada pela paralisação total ou parcial dos negócios da empresa, em virtude de danos causados por eventos cober- tos, exemplo, Danos Materiais. A responsabilidade no Seguro de Lucros Cessantes estará sempre condi- cionada às limitações ou às restrições impostas pelas condições dos segu- ros que garantem os eventos cobertos. Desse modo, se o evento ocorrido não estiver coberto pelo seguro específico, o Seguro de Lucros Cessantes poderá também não conceder a cobertura. O conceito de lucro bruto, garantido pelo seguro de Lucros Cessantes, não é, necessariamente, o mesmo daquele apresentado na Contabilidade da empresa. O lucro bruto contábil é a simples diferença entre as recitas líquidas de vendas e os custos dos produtos ou mercadorias vendidos ou serviços prestados, enquanto que nas condições do seguro de lucros cessantes, lucro bruto é tradicionalmente definido como a soma do Lucro Líquido mais as Despesas Fixas. Como fixas consideram-se aquelas despesas que precisam ser realizadas mesmo duranteo período de paralisação das atividade, não importando se haverá ou não receitas para financiá-las. Portanto, a soma do lucro líquido mais as despesas fixas, será considerada como Lucro Bruto Segurável gerado diretamente pelas atividades opera- cionais da empresa. O esquema a seguir nos permite uma visualização melhor dos conceitos apresentados. Lucro Bruto = Lucro Líquido + Despesas Fixas 23 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Despesas Fixas Lucro Líquido Despesas Variáveis Preço de Venda Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Variáveis Preço Total de Custo Lucro Bruto Segurável Lucro Líquido Lucro Líquido As condições dos seguros de Lucros Cessantes, também de forma tradicio- nal, considera como Lucro Líquido o resultado da diferença entre o total das receitas geradas pela venda dos produtos, mercadorias ou serviços pres- tados e o total das despesas realizadas pela empresa em sua operação. Normalmente, não são computados na apuração do Lucro Líquido, as ren- das de capital e as despesas a elas atribuíveis, justamente por não serem oriundas diretamente das atividades operacionais das empresas. Simplificadamente, podemos definir Lucro Líquido para fins do seguro de Lucros Cessantes, como lucro líquido operacional que consta das demonstrações contábeis das empresas. Despesas Fixas São as despesas realizadas pela empresa, durante cada exercício finan- ceiro, e que perduram mesmo após a ocorrência de sinistro que para- lise ou reduza suas atividades, independentemente do volume produzido ou negociado. A definição das despesas fixas a serem incluídas no seguro, exige prévia e criteriosa análise contábil do plano de contas da empresa, já esses gas- tos fixos, muitas vezes, estão incluídos sob títulos gerais no plano contábil. Não é aconselhável a exclusão de quaisquer despesas fixas da cobertura do seguro de Lucros Cessantes. O ideal é que seja garantida a totalidade dessas despesas e nesse caso não é necessário discriminá-las. Porém, se o cliente optar pela contratação somente de parte de suas des- pesas fixas, estas devem então ser identificadas na apólice com o mesmo nome constante do plano de contas da empresa. O conjunto dessas despesas fixas seguradas pela apólice é chamado de despesas fixas especificadas. Saiba mais Rendas de capital São os resultados positivos de investimentos realizados. Também são chamadas de ganhos financeiros. Despesas atribuíveis São as despesas decorrentes da realização de investimentos. Exemplos: comissões pagas, taxas de administração financeira. Lembre-se As depesas fixas nem sempre guardam relação de proporcionalidade com o volume de bens produzidos ou comercializados. Independentemente de uma empresa estar funcionando ou não à plena carga ou mesmo que ela esteja paralisada, boa parte das despesas fixas precisam e devem ser realizadas. 24 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES São exemplos de despesas fixas: ■ salários e ordenados; ■ honorários; ■ FGTS; ■ indenizações; ■ aviso prévio; ■ contribuições para a Previdência Social (INSS); ■ Seguros; ■ energia elétrica (quando despesa não ligada à produção/venda); ■ gás (quando despesa não ligada à produção/venda); ■ água (quando despesa não ligada à produção/venda); ■ telefone; ■ portes e telegramas, telex; ■ despesas com limpeza; ■ assistência: médico-hospitalar, jurídica, contábil, administrativa e técnica; ■ contribuições e associações; ■ impostos não ligados à produção/venda, como IPTU e IPVA; ■ propaganda e publicidade; ■ revistas, jornais e livros técnicos; ■ despesas da área de Relações Públicas; ■ conservação e manutenção; ■ aluguéis; ■ vigilância; ■ juros sobre empréstimos; ■ depreciação do ativo; ■ amortizações. No seguro de Lucros Cessantes, o segurado poderá optar por garantir apenas parte do Lucro Líquido, das Despesa Fixas (neste caso, devendo especificá-las) ou parte do Lucro Bruto. No entanto, a escolha desejável é segurar a totalidade desses componen- tes, pois, em caso de sinistro e respeitado o limite de importância segu- rada, o segurado será indenizado pela totalidade das perdas oriundas da paralisação das suas atividades. Depreciação Fator contábil redutor do Ativo Permanente Imobilizado, baseado na existência, no uso e na conservação dos bens relacionados nesse ativo. Amortização Parcela dos gastos alocados no exercício financeiro decorrente de fator redutor do Ativo Diferido, ou seja, gastos/investimentos realizados em outros exercícios que são pulverizados em vários exercícios financeiros, devido ao seu vulto e porque servirá à empresa por vários anos, como, por exemplo, despesas pré-operacionais, gastos com pesquisas e desenvolvimento de produtos, dentre outros. 25 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Despesas Variáveis Antes de explicarmos o conceito de despesas variáveis, é preciso lembrar que, de acordo com as normas estabelecidas pela circular Susep 620/2020, nada impede que as seguradoras, em caso especiais, estudem formas de garantir cobertura no seguro de Lucros Cessantes para essas despesas, desde que seja demonstrado que elas podem contribuir de forma mais rápi- da para o restabelecimento normal das atividades da empresa. Assim, tradicionalmente, são definidas como despesas variáveis, aquelas que sofrem variação proporcional ao volume de bens produzidos ou vendi- dos e que não perduram após a ocorrência de sinistro coberto. Atualmente, como exemplos de despesas variáveis, temos: ■ consumo de matérias-primas; ■ fretes; ■ ICMS, IPI, ISS; ■ em geral, os tributos ligados - produção/venda, como PIS, COFINS, Imposto de Renda e outros. ■ Despesas de energia elétrica, gás e água quando ligadas à produ- ção/venda. — Gastos Adicionais Gastos Adicionais são as despesas extraordinárias realizadas pelo segurado com o objetivo de eliminar ou reduzir a queda no movimento de negócios durante o período de paralisação das atividades da empresa e, assim, evitar ou atenuar as perdas de lucro bruto consequentes de um sinistro, restabele- cendo o ritmo normal de suas atividades o mais rapidamente possível. A cobertura básica de Gastos Adicionais, incluída no seguro de Lucros Cessantes, normalmente não acarreta cobrança de prêmio adicional. Podemos caracterizar como Gastos Adicionais as despesas não previstas nos custos operacionais da empresa, realizadas quando da ocorrência de sinistros, como o aluguel de equipamentos para substituir, temporariamen- te, aqueles que foram danificados e a contratação de mão de obra para jornadas extras de trabalho. Essas despesas, para que sejam indenizadas pela seguradora, devem ser realizadas pelo segurado exclusivamente para produzir resultados efetivos na redução do tempo de paralisação e, por consequência, nos prejuízos indenizáveis. Lembre-se As despesas variáveis não estão abrangidas pelo Seguro tradicional de Lucros Cessantes, uma vez que, como deixam de existir quando ocorre um sinistro que paralise a atividade do segurado, não terão de ser realizadas e, assim, não serão consideradas na composição do lucro bruto segurável. 26 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Limitações de Gastos Adicionais Ressaltamos que, para a efetiva cobertura de gastos adicionais, deverá ocorrer o que se chama de relação custo x benefício, conforme demons- trada pela figura a seguir: Perturbação ou paralisação do movimento de negócios, em consequência de sinistros de danos materiais de evento amparado pelo Seguro de Lucros Cessantes Queda do movimento de negócios Perda do Lucro Bruto GASTOS (DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS) Redução da queda do movimento de negócios, consequentemente à redução da Perda do Lucro Bruto Amparado pela cobertura básica, sob o título de gastos adicionais Sem reflexo na queda do movimento de negócios Não será amparado pelo Seguro deLucros Cessantes — Impedimento de Acesso A cobertura de Impedimento de Acesso garante a perturbação ou parali- sação no giro de negócios da empresa, quando provocada pela interdição do estabelecimento ou do logradouro onde a empresa está localizada, em virtude de ocorrência de evento previsto na apólice, porém ocorrido em outro local da vizinhança. Dessa forma, por meio dessa garantia, o seguro de Lucros Cessantes garante cobertura mesmo que nenhum dos locais mencionados na apólice tenha sofrido qualquer dano material. Normalmente, a cobertura exige que o período de interdição do estabele- cimento ou logradouro seja superior a 48 horas e tenha sido determinado por autoridade competente. Pela prática atual do mercado, que poderá ser entendida de forma diferen- te no futuro próximo, em razão da mencionada circular Susep 620/2020, para caracterização da cobertura de impedimento de acesso, é necessário que: ■ os danos materiais ocorram na vizinhança do local segurado, cau- sando-lhes perdas materiais; ■ o evento causador do dano material na vizinhança esteja garantido pela apólice do segurado; ■ a interdição do local seja decretada por autoridade competente; ■ o período de interdição seja superior a 48 horas. 27 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES A cobertura de impedimento de acesso funciona independentemente do fato de nenhum dos locais segurados ter sofrido dano material (apenas seus vizinhos). É uma garantia compreendida na cobertura básica do Segu- ro de Lucros Cessantes, portanto, não há necessidade de pagamento de prêmio adicional nem de se estabelecer verba específica. Exemplo Um posto de gasolina, vizinho ao local segurado, sofreu um alagamento, e todo o logradouro (inclusive o local segurado) foi interditado pela Defesa Civil, paralisando as atividades do segurado por 7 dias. Situação 1: O segurado contratou o Seguro de Lucros Cessantes decorrente dos even- tos de Incêndio e Alagamento. Neste caso, a cobertura de impedimento de acesso será normalmente garantida pelo seguro de Lucros Cessantes, uma vez que o evento que originou a paralisação das atividades da empresa – alagamento, encontram-se especificado na apólice. Situação 2: O segurado contratou o Seguro de Lucros Cessantes decorrente apenas do evento de Incêndio Neste caso, pelas praticas atuais de mercado, a cobertura de impedimento de acesso não seria garantida pelo seguro de Lucros Cessantes segurado, pois somente o risco de incêndio encontra-se especificado na apólice. CONDIÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UMA EMPRESA A análise econômico-financeira de uma empresa é realizada através de suas demonstrações contábeis: ■ Balanço Patrimonial: retrato da situação econômico-financeira em determinado momento. ■ Demonstração do Resultado do Exercício: receitas e despesas auferidas pela empresa em determinado período. ■ Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos: varia- ções do capital de giro ou capital circulante. ■ Fluxo de Caixa: movimentação (entradas e saídas) de recursos financeiros da empresa. 28 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES A condição econômico-financeira de uma empresa em funcionamento só pode apresentar uma das três situações abaixo: ■ a empresa opera com lucro; ■ a empresa opera com resultado nulo; ou ■ a empresa opera com prejuízo. É com base nessas possíveis situações que o Seguro de Lucros Ces- santes opera. — A Empresa Opera com Lucro Líquido É a situação ideal, pretendida por todos os empresários. Nesse caso, a cobertura do Seguro de Lucros Cessantes tem por objetivo indenizar o lucro bruto que a empresa obteria em condições normais de funcionamento, ou seja, o lucro líquido somado às despesas fixas. Lucro Bruto Segurável = Lucro Líquido + Despesas Fixas Despesas Fixas Lucro Líquido Despesas Variáveis Preço de Venda Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Variáveis Total Preço Total de Custo Lucro Bruto Segurável Lucro Líquido 29 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Estudo de Caso 1 Dados apurados pela Contabilidade da Empresa A Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 30.000,00) Despesas Variáveis (R$ 60.000,00) Total das Despesas (R$ 90.000,00) Lucro Líquido R$ 10.000,00 Lucro Bruto Segurável = R$ 10.000,00 + R$ 30.000,00 = R$ 40.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 60.000,00 R$ 60.000,00 Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável — A Empresa Opera com Resultado Nulo A situação, embora difícil de ocorrer na prática, é bastante didática para o estudo desse seguro. Caracteriza-se pelo preço de venda ser equivalente ao preço total de custo. No caso, a cobertura tem por objetivo indenizar as despesas fixas (pois não há lucro líquido). Lucro Bruto Segurável = Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Fixas Despesas Variáveis Despesas Variáveis Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável 30 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Estudo de Caso 2 Dados apurados pela Contabilidade da Empresa B Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 30.000,00) Despesas Variáveis (R$ 70.000,00) Total das Despesas R$ 100.000,00 Lucro Líquido Zero Lucro Bruto Segurável = R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 70.000,00 R$ 70.000,00 Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável — A Empresa Opera com Prejuízo Podemos afirmar que, se a empresa opera com prejuízo, os custos são superiores às vendas; logo o lucro líquido é negativo (representação mate- mática para o prejuízo, em que a empresa estava). É a situação empresarial mais desfavorável, mas nem por isso seria desvan- tajosa ou desaconselhável a contratação do Seguro de Lucros Cessantes. Pelo contrário, nesse caso, o objetivo seria o de não permitir o agra- vamento da situação econômico-financeira da empresa, mantendo o mesmo nível de prejuízo que havia antes do sinistro. Lembre-se de que o seguro jamais pode proporcionar lucro ao segurado. Então, se por ocasião do sinistro a empresa atuava com prejuízo, o máximo que poderia obter do Seguro de Lucros Cessantes seria a mesma situação de prejuízo em que se encontrava antes. O seguro, nesse caso, terá como objetivo indenizar a diferença entre o total das despesas fixas e o prejuízo, ou seja, o objetivo do seguro será financiar a parcela das despesas fixas que as vendas financiariam se não tivesse ocorrido o sinistro. Se o lucro líquido é negativo (prejuízo), o lucro bruto é o resultado da seguinte equação: 31 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Lucro Bruto = (– Lucro Líquido) + Despesas Fixas Ou seja: se a empresa apresenta prejuízo, a equação será a seguinte: Lucro Bruto Segurável = Despesas Fixas – Prejuízo Verifica-se que assim é alcançado o objetivo do Seguro de Lucros Cessan- tes, pois, ao indenizar a parte das despesas fixas que são financiadas pelas receitas da empresa, evita-se que o segurado obtenha prejuízos maiores que ocorreriam em uma situação normal sem sinistros, ou seja, restabelece a situação financeira que seria alcançada se não houvesse o sinistro. Estudo de Caso 3 Dados apurados pela Contabilidade da Empresa C Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 30.000,00) Despesas Variáveis (R$ 120.000,00) Total das Despesas (R$ 150.000,00) Lucro Líquido (R$ 50.000,00) Lucro Bruto Segurável = R$ 30.000,00 – R$ 50.000,00 = (R$ 20.000,00) Despesas Fixas R$ 30.000 Prejuízo R$ 50.000 Despesas Variáveis R$ 120.000 Vendas R$ 100.000 Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável 32 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Nesse caso, temos um lucro bruto segurável negativo, o que significa que as receitas (vendas) da empresa não conseguem pagar suas despesas fixas, ou seja, se a empresa deixar de operar, obterá um melhor resultado (seu prejuízo será menor). A Empresa C não tem lucro aperder, portanto, não deve fazer o Seguro de Lucros Cessantes. Estudo de Caso 4 Dados apurados pela Contabilidade da Empresa D Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 30.000,00) Despesas Variáveis (R$ 90.000,00) Total de Despesas (R$ 120.000,00) Lucro Líquido (Prejuízo) (R$ 20.000,00) Lucro Bruto Segurável = R$ 30.000,00 – R$ 20.000,00 = R$ 10.000,00 Despesas Fixas R$ 30.000 Prejuízo R$ 20.000 Despesas Variáveis R$ 90.000 Vendas R$ 100.000 R$ 10.000 Preço Total de Custo Preço de Venda Lucro Bruto Segurável Repare que o caso da Empresa D é diferente. Embora suas receitas (ven- das) não consigam pagar a totalidade das suas despesas fixas, uma parte destas despesas é paga. Logo, se houver uma paralisação dos negó- cios, como a empresa irá pagar esta parte das despesas? Ou seja, diferentemente da Empresa C, a Empresa D tem lucro a perder. Portanto, poderá contratar o Seguro de Lucros Cessantes para cobrir a parcela das despesas fixas que suas receitas conseguem pagar quando a empresa está operando. 33 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Conclusão O Seguro de Lucros Cessantes ampara a empresa que opera obtendo lucro líquido (Empresa A), a que opera obtendo nem lucro líquido nem prejuízo (Empresa B), e até a que opera obtendo prejuízo (Empresa D). O lucro bruto segurável é igual à diferença entre o valor das vendas (faturamento) e as Despesas Variáveis (incluindo-se nestas despesas os custos de venda, de produção ou de prestação de serviços), sempre que o valor das vendas ultrapassar as Despesas Variáveis. A empresa será indenizada, em caso de sinistro, das perdas geradas pela redução do faturamento, ou seja, do lucro bruto perdido. No caso de o faturamento (vendas) da empresa ser igual ou inferior às suas despesas variáveis, o Seguro de Lucros Cessantes não se aplicará, porque o interesse segurável, que é o lucro bruto, não existirá (como é o caso da empresa C). Não obstante a validade da aplicação prática de todos esses exemplos, mais uma vez precisamos lembrar que as normas recentemente publicadas, permitirão estudos específicos para possibilitar a garantia de qualquer situação socioeconômica apresen- tada pela empresa que pretende garantir o seguro de Lucros Cessantes, condicionada, sempre, à condição de não proporcionar lucro ao segurado. Atenção O corretor de seguros deve orientar seus clientes a contratar o Seguro de Lucros Cessantes para garantir a totalidade do lucro bruto. Caso o segurado opte por garantir somente parte desse lucro bruto, o corretor de seguros deve expressar, formalmente, qual é a sua recomendação e qual foi a decisão do segurado, para evitar quaisquer problemas num sinistro futuro. PARTICIPAÇÃO DO LUCRO BRUTO NO MOVIMENTO DE NEGÓCIOS DA EMPRESA — Movimento de Negócios Movimento de negócios de uma empresa é o total das quantias pagas ou devidas por mercadorias ou produtos vendidos ou por serviços pres- 34 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES tados no curso das atividades industriais ou comerciais, realizadas nos locais cobertos pelo seguro. Movimento de negócios também pode ser entendido como as receitas operacionais líquidas ou, simplesmente, o faturamento (vendas líquidas) da empresa. A análise do movimento de negócios da empresa servirá de base para a determinação dos valores a segurar, bem como para a apuração das perdas financeiras sofridas em decorrência de sinistro. Dependendo da atividade desenvolvida pelo segurado, faz-se necessário incluir, no texto das apólices, especificações (cláusula) sobre os critérios que serão utilizados para a apuração do movimento de negócios da empre- sa (Valor em Risco), bem como quais são as perdas cobertas pela apólice e como essas perdas serão apuradas no momento do sinistro. — Tipos de Especificações Movimento de Negócios – Base: Vendas Como vimos anteriormente, Movimento de Negócios é o total das quantias pagas ou devidas ao Segurado por mercadorias vendidas ou por serviços prestados, e serve para definir o Valor em Risco em caso de sinistros em empresas comerciais e de prestação de serviços. Produção – Base: Unidades Produzidas Definição utilizada para o cálculo do Valor em Risco com base no total de unidades da mesma espécie produzidas no local segurado. Tem sua maior aplicação no caso de indústrias que fabricam um único tipo de produto. Produção – Base: Valor de Venda Definição utilizada para o cálculo do Valor em Risco com base no valor total de venda dos produtos produzidas no local segurado. Tem sua maior aplicação no caso de indústrias que fabricam vários produtos e utilizam diversas matérias-primas. Consumo Definição utilizada para o cálculo do Valor em Risco com base no valor total de unidade de matéria-prima consumida na fabricação dos produtos no local segurado. Tem sua maior aplicação no caso de indústrias que fabricam mais de um produto e consomem uma única matéria-prima. 35 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Comentário As especificações de Produção e Consumo são definições complementares à especi- ficação Movimento de Negócios e têm por finalidade facilitar o processo de regulação de sinistros em indústrias. Assim, utilizando-se as definições de produção ou consumo, facilmente poderá ser determinado o Valor em Risco a ser utilizado no cálculo da indenização, bastando determinar a queda na produção de produtos prontos ou a queda no consumo de matérias-primas.. Exemplo Uma indústria de sapatos contratou uma apólice de Seguro de Lucros Cessantes decorrentes do evento Incêndio. Alguns dias depois, o local segurado foi atingido por um sinistro de incêndio, que só causou danos materiais ao setor de produção. Em consequência desse sinistro, a indústria passou a produzir apenas 50% dos sapatos que produzia normalmente. Todavia, como havia sapatos estocados, que não foram da- nificados pelo incêndio, as vendas dessa indústria se realizaram normalmente durante os meses que foram necessários para o retorno da produção e normalização das atividades. Situação 1: Se a seguradora fizesse a apuração do valor em risco apenas com base na definição movimento de negócios, concluiria que não houve perda nesses 3 meses, já que as vendas foram realizadas normalmente durante o período de paralisação, o que seria injusto com o segurado, que não receberia a indenização. Situação 2: Nesse caso, tratando-se de uma indústria, o correto é utilizar as definições produção (uni- dades ou valor de venda) ou consumo, pois somente por meio da análise da queda na fabricação de produtos prontos ou no consumo de matérias-primas é possível determinar as perdas financeiras ocorridas que serão cobertas pelo Seguro de Lucros Cessantes. — Margem de Lucro Bruto Margem de lucro bruto é a denominação que se dá a participação propor- cional do Lucro Bruto Segurável (soma do lucro líquido com as despesas fixas) no Movimento de Negócios da empresa, assim representada: Margem de Lucro Bruto = Lucro Bruto Segurável × 100 Movimento de Negócios 36 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Ou por outra leitura, Margem de Lucro Bruto é o percentual que o Lucro Bruto Segurável representa no movimento de negócios da empresa e corresponde à parcela máxima desse movimento que será garantida pelo Seguro de Lucros Cessantes. A finalidade de se conhecer a Margem de Lucro Bruto da empresa é facilitar a determinação da importância segurada e a apuração do valor em risco em caso de sinistro. — Cálculo da Margem de Lucro Bruto Para a contratação do Seguro de Lucros Cessantes, é fundamental a corre ta identificação do lucro bruto (LB), das despesas fixas (DF), do lucro líquido (LL) e do movimento de negócios (MN). Vejamos o seguinte exemplo: Exemplo Movimento de Negócios (Vendas) R$ 100.000,00 Despesas Fixas (R$ 20.000,00) Despesas Variáveis (R$ 70.000,00)Total das Despesas (R$ 90.000,00) Lucro Líquido (Vendas – Despesas) (R$ 100.000 – R$ 90.000) R$ 10.000,00 Lucro Bruto Segurável (LL + DF) (R$ 10.000 + R$ 20.000) R$ 30.000,00 Margem de Lucro Bruto = (R$ 30.000,00 ÷ R$ 100.000,00) × 100 = 30% Neste caso, o lucro bruto segurável representa 30% do movimento de negócios (vendas) da empresa, sendo, portanto, a parcela máxima do faturamento que será garantida pelo Seguro de Lucros Cessantes. Lembre-se O Seguro de Lucros Cessantes objetiva restabelecer as mesmas condições financeiras existentes na empresa segurada, antes da ocorrência do sinistro. 37 UNIDADE 2 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Aplicação prática Calcule a margem de lucro bruto para o Seguro de Lucros Cessantes de uma empresa, que apresenta os seguintes dados contábeis: Despesas Fixas: R$ 1.000.000,00 Despesas Variáveis: R$ 1.200.000,00 Prejuízo: R$ 200.000,00 Movimento de Negócios (Vendas): R$ 2.000.000,00 Solução: 1º Passo – Cálculo do Lucro Bruto: Verifica-se que a empresa não opera com lucro líquido, mas com prejuízo, portanto, o seguro irá garantir apenas a parcela das despesas fixas que superam o prejuízo, ou seja: Lucro Bruto = Despesas Fixas – Prejuízo Lucro Bruto = R$ 1.000.000,00 – R$ 200.000,00 = R$ 800.000,00 2o Passo – Cálculo da Margem de Lucro Bruto, em que: Margem de Lucro Bruto = (R$ 800.000,00 ÷ R$ 2.000.000,00) × 100 = 40% 38 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES FIXANDO CONCEITOS 2 1. A participação do lucro bruto no movimento de negócios da empresa é obtida: (a) Com base nos valores, em estoque, dos produtos acabados na data do evento. (b) Pela soma lucro líquido + despesas fixas, dividida pelo movimento de negócios. (c) Pela soma lucro bruto + despesas fixas, dividida pelo movimento de negócios. (d) Pela soma lucro líquido + despesas variáveis, dividida pelo movi- mento de negócios. (e) Pela soma gastos adicionais + despesas com instalação em novo local, dividida pelo movimento de negócios. 2. Se uma empresa opera com prejuízo, o objetivo do Seguro de Lucros Cessantes é o de indenizar: (a) A rentabilidade positiva da empresa. (b) As despesas variáveis. (c) Somente os gastos adicionais. (d) A diferença entre as despesas fixas e o prejuízo. (e) A soma do lucro bruto com as despesas fixas. Consulte o gabarito clicando aqui. 39 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ PERÍODO INDENITÁRIO ⊲ IMPORTÂNCIA SEGURADA ⊲ PRECIFICAÇÃO ⊲ FRANQUIA DEDUTÍVEL ⊲ FIXANDO CONCEITOS 3 TÓPICOS DESTA UNIDADE ELEMENTOS DO SEGURO e SUAS CARACTERÍSTICAS 03 ■ Entender as características e o funcionamento das coberturas do seguro de lucros cessantes, considerando a literatura especializada em análises de casos práticos. 40 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Nesta unidade, estudaremos as características dos elementos básicos do segu- ro de Lucros Cessantes, como itens fundamentais para emissão da apólice. PERÍODO INDENITÁRIO Após a ocorrência de um evento (fato gerador), haverá a necessidade de um tempo para a empresa recuperar o ritmo normal de suas atividades. Esse tempo é denominado período indenitário, o qual deverá, obrigatoriamen- te, ser definido na apólice, estimado pelo segurado, expresso em meses e limitado, normalmente, ao máximo de 36 meses. Período indenitário, portanto, é o tempo necessário para a empresa recu- perar o ritmo normal de suas atividades, após a ocorrência de um sinistro que provoque a paralisação ou a redução de seu movimento de negócios. O início do período indenitário coincide com a data da ocorrência do evento que causou danos ao patrimônio do segurado, por exemplo, o sinistro de Danos Materiais, e seu término ocorre com a normalização das atividades da empresa ou quando se esgotar o número de meses estabelecido na apó- lice como período indenitário, prevalecendo o que ocorrer primeiro. Tendo ainda como base um sinistro de danos materiais, como o período indenitário está relacionado ao restabelecimento do movimento de negó- cios do segurado, e não à reparação do dano material causador da paralisa- ção, caso esse dano tenha sido reparado, o período indenitário continuará sendo considerado até a retomada da situação financeira que a empresa se encontrava anteriormente a ocorrência do sinistro de Dano Material. Esta é uma característica própria do Seguro de Lucros Cessantes: a garantia se prolonga no tempo, podendo até ultrapassar a vigência da apólice, dependendo da data em que ocorrer o fato gerador do sinistro de Lucros Cessantes e do número de meses do período indenitário. Entretanto, é necessário que o sinistro causador da paralisação e coberto por apólice específica ocorra dentro do período de vigência da apólice do Seguro de Lucros Cessantes. Lembre-se Normalmente, um incêndio é um acidente mais grave do que um dano elétrico. Logo, o número de meses necessários à retomada das atividades será maior após um incêndio do que após um dano elétrico, o que acarreta em períodos indenitários diferentes. 41 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES É importante que o período indenitário seja bem dimensionado para cada evento (risco) coberto no seguro específico, observando-se as provi- dências que normalmente são necessárias em caso de sinistros: ■ limpeza e remoção de bens destruídos; ■ obtenção das licenças necessárias; ■ tempo de reconstrução dos prédios; ■ reinstalação de equipamentos; ■ recuperação do processo produtivo. Dessa forma, o segurado deverá fixar, na apólice, o período indenitário de cada evento contra os quais se deseja a cobertura do seguro de Lucros Cessantes. Exemplo Situação hipotética de um sinistro Incêndio numa indústria de autopeças, que atingiu os prédios e seus conteúdos (M.M.U e M.M.P), e para o qual foi contratado um período indenitário de 15 meses. SINISTRO CLIENTELA Peritos para avaliação de perdas Encomendas Espera Espera Recebimento Retomada dos negócios Acabamentos Instalação e montagem Testes Obras Peritos para remoção de escombros, planejamento, licenças ESTOQUES MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 11o MÊS RETOMADA DA PRODUÇÃO 15o MÊS FIM DO P.I. CONTRATADO NA APÓLICE PRÉDIOS Normalmente, o período indenitário pode variar de 1 a 36 meses e é um dos parâmetros base para a determinação da importância segurada, pois quanto maior o período necessário à retomada das atividades, maior será o volume de lucro bruto que o segurado poderá perder com a ocorrência de um sinistro. O período indenitário é também determinante para o cálculo da taxa e, consequentemente, do prêmio do seguro de lucros cessantes. 42 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Aplicação prática Por quanto tempo o segurado teria direito à indenização, pelo Seguro de Lucros Ces- santes, com base nos dados abaixo? ■ Vigência: 01/01/20 a 01/01/21 ■ Data do sinistro de Dano Material: 01/03/20 ■ Data da finalização da reparação do Dano Material: 30/04/20 ■ Data da normalização das atividades por parte do segurado: 31/05/20 ■ Período indenitário fixado na apólice: 5 meses É importante lembrar que, para fins de sinistro de Lucros Cessantes, não existe relação entre o prazo do seguro (vigência) e o período indenitário, pois este começa a vigorar a partir da data do sinistro de Dano Material que cause perturbação ou pa- ralisação no movimento de negócios do segurado. Contudo, é necessário que esse sinistro causador do dano material ocorra dentro da vigência da apólice de Lucros Cessantes. Resposta: ■ A data do sinistro de Dano Material (01/03/20) ocorreu dentro da vigência da apó- lice e, considerando que tal sinistro tenha causado perturbação no movimento de negócios do segurado, será indenizável pela apólice de Lucros Cessantes. ■ Assim, o período indenitário começará a contar a partir da data do sinistro de Danos Materiais(01/03/20) e será encerrado quando findar este período (previsto na apó- lice) ou quando se der a normalização das atividades do segurado (mesma situação financeira anterior à ocorrência do sinistro). ■ Pelo exemplo, como a normalização das atividades do segurado ocorreu três meses após a ocorrência do sinistro de Danos Materiais, o período indenitário coberto será de 3 meses (de 01/03/20 a 31/05/20). INÍCIO DO PI 01/01/20 30/04/20 31/05/20 01/01/2131/07/2001/03/20 FIM DO PI MÁXIMO (fixado na apólice) Recuperação Dano Material Recuperação do Mercado E se o segurado viesse a normalizar as suas atividades somente em 30/09/20? Nesse caso, seria obedecida a limitação dos meses do período indenitário fixado na apólice, de 5 meses, ou seja de 01/03/20 a 31/07/20. 43 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES IMPORTÂNCIA SEGURADA Para estipular o LMI – Limite Máximo de Indenização (importância segura- da), que deve ser garantido na apólice de Lucros Cessantes, o segurado precisa estimar inicialmente o valor do lucro bruto segurável, correspon- dente ao período indenitário que será escolhida para a apólice. Como vimos, cada evento pode ter um período indenitário diferente, logo, teremos também que estimar o LMI – Limite Máximo Indenizável para cada evento. Para a fixação desse LMI, precisamos passar por mais dua etapas além da definição do número de meses do Período Indenitário, a saber: I – Cálculo do Lucro Bruto Segurável II – Cálculo da Margem de Lucro Bruto — Cálculo do Lucro Bruto Segurável Nesta etapa, é necessário definir qual será a abrangência da cobertura, ou seja, o que será garantido pelo seguro, se apenas o Lucro Líquido (LL), se o Lucro Líquido mais Despesas Fixas (LL + DF) ou somente as Despe- sas Fixas (DF). Tudo de acordo com os princípios já estudados no capítu- lo sobre Condição Econômico-Financeira de uma Empresa da Unidade 2, que se aplicam, justamente, neste momento. 1ª opção: totalidade do lucro bruto Somatório do lucro líquido e todas as despesas fixas, que é a opção mais aconselhável, haja vista que isso permitirá ao seguro cumprir integralmente sua função de restabelecimento da mesma situação financeira da empresa segurada. Lucro Bruto Segurável = Lucro Líquido + Despesas Fixas Totais 2ª opção: somente o lucro líquido Neste caso, o segurado garantirá, única e exclusivamente, o lucro líquido que obteria se não paralisasse suas atividades, ou seja, não garante suas despesas fixas. Lucro Bruto Segurável = Lucro Líquido Atenção ■ A importância segurada deve ser igualada ao valor em risco, pois se a LMI for igual ao VR, não haverá rateio; ■ Se forem estipulados perío- dos indenitários específicos para cada evento coberto, encontraremos valores em riscos diferentes e, con- sequentemente, devemos estipular importâncias segu- radas diferentes; ■ Se os períodos indenitários forem iguais, os valores em riscos serão iguais, logo as importâncias seguradas devem ser as mesmas. 44 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES 3ª Opção: somente despesas fixas Essa condição exige que o segurado reconheça como segurável a totalidade das despesas fixas contantes do seu balanço patrimonial. Lucro Bruto Segurado = Despesas Fixas Totais 4ª opção: somente despesas fixas especificadas Neste caso, o segurado escolhe algumas de suas despesas fixas e as relaciona na apólice. São as chamadas despesas fixas espe- cificadas, ou seja, as demais despesas fixas não estarão cobertos pela apólice. Lucro Bruto Segurado = Despesas Fixas Especificadas 5ª Opção: apenas parte das despesas fixas e o lucro líquido Neste caso, o segurado exclui do seguro algumas despesas fixas, garantindo apenas as suas despesas especificadas e o lucro líqui- do de sua atividade. Lucro Bruto Segurado = Lucro Líquido + Despesas Fixas Especifi- cadas — Cálculo do Lucro Bruto Segurado Após apurado o Lucro Bruto Segurável e a Margem de Lucro Bruto, está na hora de determinar o Lucro Bruto Segurado, que irá representar o LMI do seguro de Lucros Cessantes. Para o cálculo do Lucro Bruto Segurado, aplica-se a Margem de Lucro Bruto ao maior volume de previsão de vendas (movimento de negócios) relativo ao mesmo número de meses futuro do período indenitário (PI) Assim temos: — LB Segurado ou LMI = Movimento de Negócios Ajustado x Margem de LB Resumindo Para calcular a importância segurada da cobertura básica, temos as seguin- tes etapas: I. Definir se será garantido na apólice somente o Lucro Líquido, ape- nas as Despesas Fixas ou o somatório de ambos, Lucro Bruto; 45 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES II. Definir quais serão os riscos que serão cobertos (danos materiais) e respectivos períodos indenitários; III. Projetar as vendas futuras (de acordo com a tendência dos negó- cios do segurado) para os mesmos números de meses do período indenitário contratado para cada evento. IV. Determinar a maior perda de lucro bruto possível, ou seja, aplicar a margem de lucro bruto ao maior volume de vendas possíveis de serem perdidas durante o período indenitário de cada evento. 46 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Aplicação prática Um depósito de bebidas deseja contratar um Seguro de Lucros Cessantes anual (vigên- cia de janeiro a dezembro de 2019). Sabendo-se que haverá garantia da cobertura bá- sica para o lucro líquido e a totalidade das despesas fixas, e que o evento coberto será alagamento, com período indenitário de 4 meses, que importância segurada deverá ser estipulada para o seguro? 1. Cálculo da Margem de Lucro Bruto (MLB) Foram extraídos os seguintes dados do último exercício financeiro encerrado: ■ Lucro Líquido: R$ 300.000,00 ■ Despesas Fixas: R$ 900.000,00 ■ Movimento de Negócios (faturamento): R$ 3.000.000,00 Então: MLB = [ (R$ 300.000 + R$ 900.000) ÷ R$ 3.000.000 ] × 100 = 40% 2. Previsão de Faturamento (Vendas Futuras) Como o período indenitário estipulado pelo segurado foi de 4 meses, precisamos ter as estimativas de vendas futuras para o período de vigência da apólice ( janeiro a dezem- bro de 2019) mais os 4 meses subsequentes, ou seja, de janeiro a abril de 2020. Para fazer essas estimativas, devem ser aplicados todos os ajustamentos necessários, consi- derando-se a tendência do negócio. Feito isso, foram encontrados os seguintes valores: MÊS PREVISÃO DE VENDAS (R$) Janeiro/19 200.000,00 Fevereiro/19 250.000,00 Março/19 180.000,00 Abril/19 190.000,00 Maio/19 230.000,00 Junho/19 250.000,00 Julho/19 240.000,00 Agosto/19 300.000,00 Setembro/19 320.000,00 Outubro/19 350.000,00 Novembro/19 380.000,00 Dezembro/19 600.000,00 Janeiro/20 300.000,00 Fevereiro/20 320.000,00 Março/20 380.000,00 Abril/20 400.000,00 47 UNIDADE 3 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Deverão ser considerados os 4 meses consecutivos de maior volume de vendas, no caso setembro a dezembro de 2019, que, somados, perfazem o total de R$ 1.650.000,00. 3. A Importância Segurada será de: Importância Segurada = maior volume de vendas × MLB = R$ 1.650.000 × 40% = R$ 660.000,00 PRECIFICAÇÃO Em razão da liberdade tarifária atualmente praticada pelo mercado, a preci- ficação do Seguro de Lucros Cessantes pode variar de acordo com o tipo de produto comercializado por cada seguradora. De qualquer forma, a taxação dos Seguros de Lucros Cessantes ainda sofre grande influência dos Seguros de Danos Materiais, que têm suas taxas calculadas em razão da maior ou menor periculosidade oferecida pela atividade exercida por cada empresa. Outro fator de grande influência na precificação do Seguro de Lucros Ces- santes continua sendo a aplicação de um coeficiente de agravação sobre a taxa do seguro, em razão do maior ou menor prazo de que a empresa possa precisar para retomar suas atividades aos níveis anteriores à ocor- rência de um eventual sinistro, conhecido como Período Indenitário. FRANQUIA DEDUTÍVEL O Seguro de Lucros Cessantes, normalmente,prevê franquia dedutível, por sinistro, que poderá ser fixada em valores monetários ou em tempo. Alguns produtos adotam a opção de franquia dedutível facultativa, e de acordo com a opção adotada para essa franquia, será concedido um des- conto no prêmio do seguro. 48 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE LUCROS CESSANTES FIXANDO CONCEITOS 3 Marque a alternativa correta 1. Nos Seguros de Lucros Cessantes, a Margem de Lucro Bruto e a deno- minação que se da a participação proporcional do Lucro Bruto Segurável, entendido como a soma do lucro líquido com as despesas fixas, no Movi- mento de Negócios, ambos extraídos do balanco e demais demonstrações financeiras de uma empresa. Uma vez apurada a Margem de Lucro Bruto, indique, a seguir, qual a sua função no Seguro de Lucros Cessantes:: (a) Utilizada no cálculo do Período Indenitário (PI), representado pelo número de meses de maior volume de vendas. (b) Serve para determinar o maior volume de vendas de uma empresa. (c) É aplicado para apurar Participação Obrigatória do Segurado nos prejuízos apurados em caso de sinistro coberto pela apólice. (d) Serve para determinar o maior volume de vendas (Movimento de Negócios) de uma empresa. (e) Utilizada no cálculo do Lucro Bruto Segurado (LMI), quando aplica- da ao maior volume de previsão de vendas (Movimento de Negó- cios) de uma empresa. 2. No Seguro de Lucros Cessantes, o objetivo da cláusula Tendência dos Negócios e Ajustamentos é: (a) Aumentar a indenização em caso de sinistro. (b) Aumentar o prêmio a ser pago para a contratação do seguro. (c) Reajustar os valores a serem indenizados, de acordo com o índice de inflação do período indenitário. (d) Penalizar o segurado que contratar o seguro com importância segu- rada inferior ao valor em risco, aplicando um duplo rateio. (e) Ajustar todos os dados (contábeis e outros) de modo que os valores assim apurados representem, com a maior aproximação possível, a realidade da empresa. Consulte o gabarito clicando aqui. 49 UNIDADE 4 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ COBERTURAS ADICIONAIS ⊲ COBERTURA ESPECIAL INTERRUPÇÃO DE NEGÓCIOS – PERDA DE RECEITA BRUTA ⊲ FIXANDO CONCEITOS 4 TÓPICOS DESTA UNIDADE de LUCROS CESSANTES 04 ■ Conhecer e entender as coberturas adicionais do seguro de lucros cessantes, considerando a literatura especializada. COBERTURAS ADICIONAIS dos SEGUROS 50 UNIDADE 4 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES O objetivo das coberturas adicionais nos seguros de Lucros Cessantes é garantir situações especiais de cobertura ou a realização de despesas que possam ser necessárias após a ocorrência de um sinistro. COBERTURAS ADICIONAIS Ampliar ou não os limites da cobertura básica pela contratação de cober- turas adicionais é prerrogativa do segurado, que tem a opção de incluir condições particulares em sua apólice mediante o pagamento de prê- mio adicional e de estipulação de verba específica. Trataremos apenas das principais coberturas adicionais (que são específicas do Seguro de Lucros Cessantes): ■ Honorários de Peritos Contadores; ■ Despesas com Instalação em Novo Local; ■ Extensão da Cobertura a Fornecedores e/ou Compradores. Para cada cobertura adicional, são definidas cláusulas específicas que estabelecem as condições sob as quais elas são garantidas pela apólice. A seguir, apresentamos, resumidamente, cada uma dessas cláusulas. — Honorários de peritos contadores Essa cobertura permite a definição de uma verba para pagamento de honorários a profissionais contadores que venham a ser contratados, pelo segurado, para auxiliá-lo na preparação da reclamação de um sinistro de Lucros Cessantes. 51 UNIDADE 4 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES A verba definida para as despesas com honorários de peritos contado- res está limitada, no máximo, a 1% da importância segurada básica (lucro bruto). Para definição do prêmio adicional dessa cobertura, apli- ca-se a mesma taxa básica do evento coberto à verba segurada. Não se aplica rateio nessa cobertura, ou seja, ela é a 1o Risco Absoluto. Vale ressaltar que essa cobertura deverá ser contratada para cada um dos eventos previstos na cobertura básica ou na extensão de cober- tura a fornecedores e/ou compradores, ou seja, deverão ser estipula- das verbas separadamente, uma para cada evento e, consequentemente, serem pagos os respectivos prêmios adicionais. — Despesas com instalação em novo local Essa cobertura permite a definição de uma verba a ser utilizada pelo segu- rado que quer se instalar, definitivamente, em outro local, no caso de impos- sibilidade de continuar suas atividades no local sinistrado. Por meio dessa cobertura, o segurado será indenizado das despesas necessárias, conforme detalhado a seguir, para se instalar em caráter definitivo em novo local (não haverá cobertura se a instalação em novo local for temporária/provisória). Podem ser cobertas as despesas, por exemplo, de compra de um novo ponto comercial, obras de adaptação, balcões, vitrines e outras instalações necessárias ao funcionamento da empresa. Entretanto, a cobertura não indeniza a aquisição de um novo imóvel nem a despe- sa com o aluguel desse imóvel. — Extensão da cobertura a fornecedores e/ou compradores Muitas empresas dependem, fundamentalmente, de alguns fornecedo- res ou compradores. Nesses casos, a ocorrência de um sinistro no local onde estão instalados os fornecedores ou os compradores pode, de algu- ma forma, refletir no movimento de negócios da empresa segurada. Essa cobertura é conhecida internacionalmente como CBI (Contingent Business Interruption), ou seja, lucros cessantes contingentes. É muito importante que o segurado conheça bem sua cadeia de suprimentos e seus principais clientes, pois poderá sofrer perdas em seus lucros decor- rentes da paralisação das atividades desses parceiros. Lembrete Embora essa cobertura se pareça com a de Gastos Adicionais, difere dela pelo fato de o segurado fixar uma verba própria e ser cobrado dele um prêmio adicional, sendo aplicada a mesma taxa do dano material (evento coberto). Essa cobertura adicional também é concedida a 1º Risco Absoluto, ou seja, não se aplica rateio, e sua verba não poderá ultrapassar o valor da importância segurada da cobertura básica (lucro bruto). 52 UNIDADE 4 SEGUROS DE LUCROS CESSANTES Importante Essa cobertura permite a definição de uma verba destinada a garantir o segurado con- tra as perdas de lucro bruto e a realização de gastos adicionais em consequência de um sinistro que venha a ocorrer nas instalações (local) de alguns de seus forne- cedores e/ou compradores. Portanto, é condição, para que a indenização seja devida, que o sinistro ocorrido no endereço do fornecedor ou comprador venha a provocar a paralisação total ou parcial no movimento dos negócios do segurado e que o evento causador do sinistro (danos materiais) tenha sido contratado para o local sinistrado. Fornecedor 1 Fornecedor 2 Fornecedor 3 Comprador 1 Comprador 2 Comprador 3 Empresa segurada PERTURBAÇÃO NO MOVIMENTO DE NEGÓCIOS NA EMPRESA SEGURADA OCORRÊNCIA DE SINISTRO DE DANOS MATERIAIS NO LOCAL DO FORNECEDOR OCORRÊNCIA DE SINISTRO DE DANOS MATERIAIS NO LOCAL DO COMPRADOR Para contratar a cobertura, o segurado deverá definir em sua apólice: ■ os nomes dos fornecedores e/ou compradores para os quais deseja extensão de cobertura – o segurado deverá contratar essa cobertura somente para aqueles fornecedores e/ou compradores que tenham grande influência em seu volume de negócios; ■ o percentual de influência de cada fornecedor e/ou comprador no movimento de negócios do segurado; ■ os locais onde essas empresas (fornecedores e/ou compradores) realizam suas atividades e que possam ser atingidos pelos even- tos cobertos; ■ os eventos que deseja garantir (eventos cobertos), referentes a cada fornecedor/comprador;
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