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REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA GIUSEPPE CALABRO FILHO – 2023/ 2022 RICARDO DE LIMA ARMOND – 2022 VANDERLEI ASSAF MOGHETTI - 2021 DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE CONTEÚDO E PLANEJAMENTO PICTORAMA DESIGN Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros E73s Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Seguros de transportes / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico / Assessoria técnica de Giuseppe Calabro Filho. -- 5.ed. -- Rio de Janeiro: ENS, 2023. 22,8 Mb ; PDF 1. Seguros transportes. I. Calabro Filho, Giuseppe. II. Título. 0022-2675 CDU 368.2(072) É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. 5a EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2023 A ENS, promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. SEGUROS DE TRANSPORTES 1. ASPECTOS GERAIS DE SEGUROS DE TRANSPORTES 10 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 11 Conhecendo os personagens 12 DIVISÃO DA CARTEIRA DE SEGUROS DE TRANSPORTES 19 Seguros de Transportes 20 Seguros de Responsabilidade Civil do Transportador 21 CONTRATO DE SEGURO DE TRANSPORTES 21 INTERESSE SEGURÁVEL 22 CONTRATOS DE COMPRA E VENDA E INCOTERMS 24 Obrigatoriedade da Contratação do Seguro de Transportes de Bens 29 INSTRUMENTOS DE UM CONTRATO DE SEGUROS DE TRANSPORTES 30 Questionário 31 Proposta 31 Apólice 32 Averbação 34 Endosso 35 Fatura ou Conta Mensal 35 Certificado de Seguro 36 CONCEITOS UTILIZADOS EM SEGUROS DE TRANSPORTES 36 Limite Máximo de Garantia (LMG) 37 Prazo para Pagamento do Prêmio 38 Franquia e Participação Obrigatória do Segurado (POS) 38 Critérios de Taxação 40 SUMÁRIO INTERATIVO SEGUROS DE TRANSPORTES Importância Segurada 40 Moeda do Seguro 41 Vistoria 42 FIXANDO CONCEITOS 1 43 2. CONDIÇÕES GERAIS E COBERTURAS BÁSICAS DOS SEGUROS DE TRANSPORTES 46 CONDIÇÕES GERAIS 47 Condições contratuais padronizadas 47 Prejuízos Não Indenizáveis 48 Bens e/ou Mercadorias Não Compreendidos no Seguro 48 Pagamento do Prêmio 49 Prazo do Seguro 49 Regulação e Liquidação de Sinistros 50 CONCORRÊNCIA DE APÓLICES 50 SUB-ROGAÇÃO DE DIREITOS 50 RESCISÃO E CANCELAMENTO 51 OBRIGAÇÕES DO SEGURADO 51 PERDA DE DIREITOS 53 COBERTURAS BÁSICAS 54 COBERTURA BÁSICA RESTRITA C 56 COBERTURA RESTRITA B 57 COBERTURA BÁSICA AMPLA A 57 PREJUÍZOS NÃO INDENIZÁVEIS (RISCOS NÃO COBERTOS) 58 RISCOS SUJEITOS À CONSULTA PRÉVIA E ESTIPULAÇÃO NA APÓLICE (COBERTURAS A, B E C) 59 Início e Fim dos Riscos (Coberturas Básicas A, B e C) 60 FIXANDO CONCEITOS 2 62 SEGUROS DE TRANSPORTES 3. COBERTURAS ADICIONAIS DOS SEGUROS DE TRANSPORTES 65 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 66 COBERTURA ADICIONAL DE FRETE E/OU SEGURO 67 COBERTURA ADICIONAL DE DESPESAS 67 COBERTURAS ADICIONAIS DE TRIBUTOS (MERCADORIAS IMPORTADAS) 68 COBERTURA ADICIONAL DE LUCROS ESPERADOS 69 COBERTURA ADICIONAL PARA EMBARQUES AÉREOS SEM VALOR DECLARADO 70 COBERTURA ADICIONAL PARA CLASSIFICAÇÃO DE NAVIOS EM VIAGENS INTERNACIONAIS 70 COBERTURA ADICIONAL DE RISCOS DE GREVES 71 COBERTURA ADICIONAL DE RISCOS DE GUERRA PARA EMBARQUES AQUAVIÁRIOS E AÉREOS 72 FIXANDO CONCEITOS 3 74 4. SEGURO OBRIGATÓRIO DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO TRANSPORTADOR RODOVIÁRIO DE CARGA (RCTR-C) 76 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 77 RISCOS COBERTOS 78 RISCOS NÃO COBERTOS 79 BENS OU MERCADORIAS NÃO COMPREENDIDOS NO SEGURO 81 COBERTURAS DE BENS OU MERCADORIAS SUJEITOS A CONDIÇÕES PRÓPRIAS 82 COMEÇO E FIM DOS RISCOS 82 APÓLICE DE RCTR-C 83 AVERBAÇÕES 83 Averbação Simples 83 SEGUROS DE TRANSPORTES IMPORTÂNCIA SEGURADA E LIMITE MÁXIMO DE GARANTIA 84 ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 85 COBERTURAS ADICIONAIS DO SEGURO DE RCTR-C 86 Cobertura Adicional de Operações de Carga/Descarga/Içamento 86 Cobertura Adicional para Viagem Rodoviária com Percurso Complementar Fluvial 86 Cobertura Adicional para Extensão de Cobertura ao Valor dos Impostos Suspensos e/ou Benefícios Internos 87 Cobertura Adicional para o Transporte de Cargas Excepcionais/Especiais 87 CLÁUSULAS ESPECÍFICAS DO SEGURO OBRIGATÓRIO DE RCTR-C 87 CRITÉRIOS DE TAXAÇÃO 90 FRANQUIA E PARTICIPAÇÃO OBRIGATÓRIA DO SEGURADO 92 PRÊMIO 92 FIXANDO CONCEITOS 4 94 5. SEGURO FACULTATIVO DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO TRANSPORTADOR RODOVIÁRIO POR DESAPARECIMENTO DE CARGA (RCF-DC) 97 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 98 RISCOS COBERTOS 99 RISCOS NÃO COBERTOS 100 BENS NÃO COMPREENDIDOS NO SEGURO 100 COBERTURA DE BENS OU MERCADORIAS SUJEITOS A CONDIÇÕES PRÓPRIAS 101 COMEÇO E FIM DOS RISCOS 101 APÓLICE DE RCF-DC 102 IMPORTÂNCIA SEGURADA E LIMITE MÁXIMO DE GARANTIA 102 CRITÉRIOS DE TAXAÇÃO 102 PARTICIPAÇÃO OBRIGATÓRIA DO SEGURADO (POS) 103 AVERBAÇÕES 104 PRÊMIO 104 SEGUROS DE TRANSPORTES COBERTURAS ADICIONAIS DO SEGURO DE RCF-DC 105 Cobertura Adicional de Roubo no Depósito do Transportador 105 CLÁUSULAS ESPECÍFICAS DO SEGURO DE RCF-DC 105 FIXANDO CONCEITOS 5 108 6. PROCESSOS DE SINISTROS NOS SEGUROS DE TRANSPORTES 111 CONCEITO BÁSICO DE SINISTROS 112 APURAÇÃO DE DANOS 113 Tipos de Vistoria 114 REGULAÇÃO 116 Perda Total 116 Salvados 117 LIQUIDAÇÃO 118 FIXANDO CONCEITOS 6 120 7. GERENCIAMENTO DE RISCOS 122 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 123 GERENCIAMENTO DE RISCO 124 Tipos de Gerenciamento de Riscos 124 Principais Mecanismos 125 Consulta a Cadastro de Motoristas e Proprietários de Veículos de Transportes Terrestres de Cargas 125 Rastreamento, Monitoramento e Roteirização 125 Escolta 126 FIXANDO CONCEITOS 7 129 ESTUDOS DE CASO 131 GLOSSÁRIO 134 SEGUROS DE TRANSPORTES ANEXOS 139 Anexo 1 – Modelo de proposta de seguro de transportes 139 Anexo 2 – Modelo de apólice avulsa de seguro de transporte internacional 140 Anexo 3 – Exemplo de de Avaria Grossa 143 Anexo 4 – Modelo de apólice de seguro RCTR-C 146 Anexo 6 – Certificado de Seguro de Transportes 152 Anexo 7 – Coberturas básicas dos Seguros de Transportes 153 Anexo 8 – Coberturas adicionais dos Seguros de Transportes 154 Anexo 9 – Cláusulas específicas para Seguros de Transportes 155 Anexo 10 – Tarifa nacional – Terrestre (rodoviário/ferroviário) – Cobertura C 156 Anexo 11 – Modelo de questionário para análise de aceitação – RCTR-C e RCF-DC 157 GABARITO 160 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 163 10 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES 01 ■ Refletir sobre os modais de transportes e os elementos que precedem a demanda por seguros de transportes, que irão gerar a necessidade e/ou obrigação de seguro, bem como influenciar na tomada de decisão quanto à sua contratação, considerando as cláusulas contratuais aplicadas em transações de compra e venda. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Compreender os conceitos utilizados nos seguros de transportes e seus ramos, analisando situações práticas e considerandoos principais elementos de uma operação de transporte. ⊲ CONSIDERAÇÕES INICIAIS ⊲ DIVISÃO DA CARTEIRA DE SEGUROS DE TRANSPORTES ⊲ CONTRATO DE SEGURO DE TRANSPORTES ⊲ INTERESSE SEGURÁVEL ⊲ CONTRATOS DE COMPRA E VENDA E INCOTERMS ⊲ INSTRUMENTOS DE UM CONTRATO DE SEGUROS DE TRANSPORTES ⊲ CONCEITOS UTILIZADOS EM SEGUROS DE TRANSPORTES ⊲ FIXANDO CONCEITOS 1 TÓPICOS DESTA UNIDADE ASPECTOS GERAIS de SEGUROS de TRANSPORTES 11 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES CONSIDERAÇÕES INICIAIS Por definição, o Seguro de Transportes é um contrato pelo qual a segura- dora se obriga a indenizar o segurado quanto aos prejuízos decorrentes de danos materiais causados à carga durante o transporte. Antes de começarmos, que tal você dar uma olhada no esquema a seguir? Ele vai te mostrar, de forma bem simplificada, um esquema global com os principais elementos de uma operação que, normalmente, precede e demanda um Seguro de Transportes. FIGURA 1: PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UMA OPERAÇÃO Necessidade e Obrigação de Seguro Seguro do Transportador (RC) COMPRA VENDA OU TRANSFERÊNCIA CONTRATO DE COMPRA E VENDA NOTA FISCAL OU DOCUMENTO EQUIVALENTE Ato desencadeador da Operação TRANSPORTE Define as condições da Transação Estabelece, entre outros, o INCOTERM a ser aplicado (ou seja, quem tem responsabilidade por frete, seguro, entre outros) Definição do tipo de MODAL VEÍCULO PRÓPRIO TRANSPORTADOR (PF/PJ) Necessidade de Seguro Seguro de Embarcador Terceirização da etapa de transporte CONTRATO DE TRANSPORTE/ CONHECIMENTO DE EMBARQUE Fonte: os autores (2019). 12 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES A carteira de Transportes reúne todos os seguros que visam cobrir os riscos relacionados às viagens nacionais e internacionais, por quaisquer modais de transportes e também os Seguros de Responsabilidade Civil dos Transportadores de Carga. Nesse material trataremos basicamente, dos dois principais ramos da carteira de transporte que se relacionam com as figuras do embarcador e transportador. Já em relação aos Seguros de Responsabilidade Civil dos Transportado- res, falaremos apenas sobre os seguros mais comercializados, que são: ■ Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviá- rio de Cargas, comumente denominado pela sigla “RCTR-C”, de contratação obrigatória. ■ Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo por Desapare- cimento de Carga, conhecido como “RCF-DC”, destinado aos transportadores rodoviários de carga. — Conhecendo os personagens: Embarcador Normalmente, é o dono das mercadorias que necessita do desloca- mento dos produtos entre dois pontos da cadeia de suprimentos. Operador Logístico É o responsável por promover os recursos a fim de realizar as ati- vidades de logística de forma eficiente, como a gestão de trans- porte, o armazenamento das mercadorias/produtos e o controle de estoque. Gestão de transportes O operador logístico atua fortemente no setor de transportes. Entre suas principais funções nesse segmento, é possível destacar: » Prestação de serviço de transportes para terceiros; » Capacitação de transportadoras; » Sistematização técnica à chamada de transportadoras; » Monitoramento das atividades realizadas pelas transpor- tadoras frente aos parâmetros estabelecidos; » Análise e efetivação de pagamentos de fretes; » Formulação e expedição de relatórios de acompanha- mento na prática dos serviços. 13 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Despachante Aduaneiro É o profissional, com poder outorgado pelo exportador ou importa- dor, que se encarrega de apresentar, para Alfândega, a documen- tação estabelecida nas normas tributárias, relativas ao despacho aduaneiro de importação ou exportação. Transportadoras Empresas que fazem as entregas de cargas e de encomendas. Além disso, essas empresas atuam em diversos locais de uma cidade, estado ou país, sendo responsáveis por fazer o envio de cargas de um ponto para outro no território nacional. Comissários de Avarias Profissional preparado para atender o responsável pela carga segurada, sendo contratado, na maioria dos casos, pelas segura- doras. Além disso, pode também trabalhar em nome do embarca- dor, destinatário ou transportador. Modal Modal é o meio de transporte que será utilizado no transporte de cargas. É importante que você perceba que uma operação pode envolver mais de um modal. Os modais mais comuns são: ■ Aquaviário – Todos aqueles em que os meios de transportes se deslocam por água, podendo ser: » Marítimo de longo curso (pelo mar); » Cabotagem, pelo mar, entre portos nacionais ao longo da costa; » Fluvial (por rios navegáveis); e » Lacustre (por lagos/lagoas navegáveis). ■ Aéreo – Todos aqueles em que os meios de transportes se deslocam pelo ar. Basicamente, estamos falando de aeronaves, devidamente regulamentadas pelos órgãos nacionais e internacionais de aviação. ■ Terrestres – Todos aqueles em que os meios de transportes se deslocam por terra, podendo ser: » Rodoviário; e » Ferroviário. No Brasil, por razões de políticas de infraestrutura, o modal mais utilizado é o rodoviário. 14 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES 65% TKU: tonaladas quilômetros úteis 15% 11% 5% 0% Distribuição do sistema logístico brasileiro Veja como é formado o panorama de movimentação de cargas no Brasil Rodoviário 1.548 bilhões de TKU Ferroviário 356,8 bilhões de TKU Cabotagem 249,9 bilhões de TKU Hidroviário 125,3 bilhões de TKU Dutoviário 106,1 bilhões de TKU Aeroviário 106,1 bilhões de TKU 4% Agência Brasil Total bilhões de TKU 2.386,7 Fonte: Plano Nacional de Logística – PNL / Ministério da Infraestrutura. Importante Diferença entre transporte multimodal e intermodal O termo multimodal refere-se a um transporte combinado, ou seja, é a utilização de mais de um modo de transporte, com operações de transbordo realizadas por um único prestador de serviço, por meio de um documento único emitido pelo operador de trans- porte multimodal (OTM). No processo de transporte multimodal que utiliza contêiner, a carga permanece no mesmo contêiner durante toda a viagem. Ou seja, nessa forma de transporte, não há manuseio da mercadoria durante a operação. Já no processo intermodal, o transporte é feito por pelo menos dois meios diferentes e com a emissão de vários documentos de transporte. Ou seja, caracteriza-se pela emis- são individual de documento de transporte para cada modal, bem como pela divisão de responsabilidade entre os transportadores. 15 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Os ramos de seguro abrangidos por toda a carteira de transportes estão demonstrados no esquema a seguir: FIGURA 2: RAMOS DE SEGUROS Visto que a estrutura de modais em nossa país é predominantemente rodoviá- rio, estudaremos, nos capítulos 4 e 5, respectivamente, o RCTR-C e RCF-DC. É importante ressaltar que o RCA-C (Responsabilidade Civil do Armador-Carga) e o RCTF-C (Responsabilidade Civil do Transportador Ferroviário de Carga) vêm ganhando importância em nossa economia, e precisamos acompanhar o ritmo desse crescimento. Aquaviário TRANSPORTES Terrestre Aéreo Terrestre Aéreo Aquaviário Terrestre Aéreo Responsabilidade Civil do Operador de Transporte Multimodal – Carga (RCOTM-C) Responsabilidade Civil do Transportador Ferroviário – Carga (RCTF-C) Responsabilidade Civil do Transportador Intermodal – Carga (RCTI-C) Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário – Carga (RCTR-C) Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário – Carga Viagem Internacional (RCTR-VI) Responsabilidade Civil do Transportador Aquaviário de Carga (RCA-C) Responsabilidade Civil do Transportador Aéreo – Carga (RCTA-C) Responsabilidade Civil Facultativa por Desaparecimento de Carga (RCF-DC) Transportes Responsabilidade do Transportador InternacionaisNacionais Exportação Aquaviário Importação 16 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES ImportanteOs Seguros de Transportes Internacionais referem-se às viagens realizadas do Brasil para o exterior (exportações) e do exterior para o Brasil (importações). O tipo de Seguro de Transporte a ser contratado depende basicamente de três fatores: ■ Responsável pela Contratação » Embarcador, » Transportador. ■ Natureza da Operação » Nacional, » Internacional. ■ Modais Utilizados » Aquaviário, » Terrestre, e » Aéreo. Considerando ainda o processo logístico, é importante ressaltar alguns pontos relevantes para o estudo das operações realizados no mercado: Embalagem Protege o que vende, e vende o que protege. A embalagem: acondiciona, protege, conserva, transporta e armazena pro- dutos ao longo das diversas cadeias de suprimentos. A embalagem é a reunião de quatro competências: Marketing, Design, Logística e Meio Ambiente. A logística trata a questão das embalagens da forma que ela merece, trata- -se de um recipiente de proteção, agrupamento e facilitador no transporte. Primárias Envolvem diretamente o produto; é aquela que os clientes tocam e da qual extraem as informações contidas acerca do produto. Secundárias Protegem a primária; geralmente, são embalagens maiores que compactam poucos produtos e são utilizadas para transporte e manipulação manual. Por exemplo, a caixa do chocolate Bis. 17 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Terciárias Caixas de papelão, madeira e plástico, também muito utilizadas na movimentação manual e de transporte, pois compacta um maior número de produtos em seu interior. Quaternárias Facilitam a movimentação, concentram maior unidades. Por exem- plo, os paletes. Ainda que abertos, acondicionam caixas de pape- lão e podem facilitar o deslocamento de lugares ou, até mesmo, a transposição de um lugar a outro. Quinto Nível Conteinerizadas usadas em longas distâncias. Muito utilizadas no transporte internacional/nacional aquaviário. O Contêiner O contêiner é adaptado para ser utilizado em transportes de navios, trens e caminhões, além de ser conhecido como cofre de carga – afinal, nele, estão instalados dispositivos de segurança previstos por legislações nacio- nais e internacionais. Quanto ao transporte marítimo, é importante entender que o contêiner não é uma embalagem. O contêiner utilizado no transporte marítimo é parte da embarcação. Dimensões do modelo 20 pés são: Tamanho externo é de 6.069 m de comprimento X 2.380 m de lar- gura X 2.591 m de altura, com capacidade máxima de 34.000 kg. Dimensões do modelo de 40 pés são: Externa: 12.192 m de comprimento X 2.230 m de largura X 2.591 m de altura, com capacidade máxima de 45.000 kg e 67m³. Os con- têineres podem ser utilizados em cargas secas, frigorificadas, líquidas, gasosas, em transportes de máquinas, entre outros. Amarração da Carga Importante aspecto de segurança. A Resolução 552 (01/01/17), do Conse- lho Nacional de Trânsito (Contran), regulamenta a amarração de cargas no Brasil e proíbe, entre outras coisas, a utilização de cordas para amarração, sendo substituídas por cintas, correntes ou cabos de aço. 18 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Consolidação da Carga Consiste em alocar mercadorias pequenas para formar um único e maior montante. Dessa forma, o seu armazenamento e transporte são agilizados, podendo ser realizada durante a coleta, armazenagem ou até na distribui- ção dos fretes. Cross Docking É um tipo de preparação de pedidos em que a mercadoria é distribuída diretamente ao usuário sem passar por um período de armazenamento prévio. Pouco importa se os produtos são matérias-primas, artigos acaba- dos ou componentes destinados a fábricas, lojas físicas ou clientes finais. Ad Valoren (ou Frete Valor) É uma taxa cobrada dentro da tabela de fretes que representa o custo do seguro da carga. Seu cálculo é feito pela porcentagem da mercadoria sobre o valor da Nota Fiscal da carga transportada, agregada ao custo de frete. Canais de parametrização de importação (Receita Federal) I – Verde Desembaraço automático da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da mercadoria. II – Amarelo Exame documental e, não sendo constatada irregularidade, efe- tuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação da mercadoria. III – Vermelho Desembaraçada após a realização do exame documental e da conferência física da mercadoria. IV – Cinza Verificação da mercadoria e a aplicação de procedimento espe- cial de controle aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da merca- doria, conforme estabelecido em norma específica. A mercadoria poderá ficar retida por até 180 dias para que o indício de fraude seja investigado. 19 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Zona Primária É a parte interna de portos, aeroportos, recintos da alfândega e locais habi- litados na fronteira terrestre pela autoridade aduaneira para operações de carga e descarga de mercadorias, ou embarque e desembarque de passa- geiros, vindo ou indo ao exterior. Zona Secundária Também podem ser conhecidas como Porto Seco, EADI ou Estação Adua- neira do Interior, que são recintos alfandegados de uso público nos quais são executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem, com controle feito pela Receita Federal. Existem, no Brasil, cerca de 63 portos secos. EADI (Entreposto Aduaneiro do Interior) Também conhecido como porto seco. DIVISÃO DA CARTEIRA DE SEGUROS DE TRANSPORTES A carteira de Seguros de Transportes é dividida basicamente em duas partes: Seguro de Transportes e Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador. A partir de agora, vamos falar separadamente de cada uma dessas partes porque entender a diferença entre uma e outra é fundamental para a com- preensão desta disciplina. Basicamente, o Seguro de Transportes é contratado pelo próprio embar- cador do bem ou da mercadoria, enquanto que o Seguro de Responsabi- lidade Civil do Transportador é contratado pela empresa transportadora do bem ou mercadoria de propriedade de terceiros (embarcador, empresa de Logística), cuja contratação é específica e atende a necessidades dife- rentes, conforme esclarecido pela Carta Circular nº 2/2015 da Susep, cuja leitura recomendamos. 20 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES — Seguros de Transportes É o seguro contratado pelo embarcador ou destinatário (recebedor), ou seja, pessoa física ou jurídica que possui interesse direto na mercadoria ou nos bens transportados. O segurado é, em geral, o proprietário da carga, mas também pode ser uma empresa de logística deslocando um bem ou uma mercadoria de propriedade de sua contratante. O seguro de transportes também pode ser contratado por quem tem algum interesse direto na mercadoria, como credores ou financiadores da compra da mercadoria (comum nas transações internacionais de compra e venda de bens e mercadorias). Esse seguro tem por objetivo repor ao segurado os prejuízos causados aos seus bens e/ou mercadorias durante o processo de transporte, de acordo com a cobertura contratada e conforme o modal utilizado. O segurado aqui é o embarcador ou destinatário da mercadoria. O Seguro de Transportes pode ser: Nacional Para operações de compra ou venda feitas exclusivamente dentro do território nacional. Ou seja, com origem e destino no Brasil. Internacional Para operações de compra ou venda feitas com origem ou destino fora do território nacional. As operações de transporte internacional, por sua vez, são subdivididas de acordo com sua origem: Importação Quando a venda e transporte da mercadoria têm origem fora do território nacional e o destino é o Brasil. Exportação Quando a venda e o transporte da mercadoria se originam no terri- tório brasileiro, tendo como destino qualquer outro país. 21 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES — Seguros de Responsabilidade Civil do Transportador Esse tipo de seguroé contratado obrigatoriamente e exclusivamente pelo transportador e cobre a responsabilidade pelo transporte da mercadoria de terceiro durante o período de viagem. Existe um tipo de seguro de responsabilidade do transportador que é facultativo, o RCF-DC, complementar ao RCTR-C. Mas não se preocupe, falaremos dele com detalhes mais adiante. O segurado aqui é o transportador, mas o beneficiário do seguro é o Embarca- dor ou destinatário, contratante do transporte ou seus consignatários. Os Seguros de Responsabilidade Civil do Transportador são subdivididos de acordo com o modal de transporte utilizado (rodoviário, aéreo, ferroviá- rio, aquaviário). O Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador mais comercializado no Brasil, o Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga, é conhecido por sua sigla RCTR-C e pertence ao modal Rodoviário. Falare- mos sobre esse seguro mais à frente. CONTRATO DE SEGURO DE TRANSPORTES O contrato de seguro de Transportes surge, na maioria das vezes, em decorrência de dois outros tipos de contratos que o antecede: Contrato de compra e venda Documento que formaliza a transação comercial entre um ven- dedor e um comprador, estabelecendo as obrigações entre as partes contratantes. Conhecimento de Embarque Documento que formaliza a contratação do frete, que contém as características do bem ou mercadoria e o percurso do transporte e a confirmação da entrega daquele bem ou mercadoria ao trans- portador pelo embarcador. 22 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Portanto, esse é o documento que faz prova da entrada da merca- doria no meio de transporte, essencial para o seguro, e que será emitido de acordo com o modal escolhido. A exceção à regra da existência de contrato anterior ao contrato de Seguro de Transporte ocorre quando, por exemplo, há simples transferência de mercadorias entre filiais de uma mesma empresa utilizando veículos próprios. Nesses casos, emite-se uma nota fis- cal de simples remessa, inexistindo o conhecimento de embarque, já que não haverá a figura do transportador. Importante ■ Contrato de compra e venda: representado pela nota fiscal ou fatura comercial; e ■ Contrato de transporte de mercadorias: representado pelo conhecimento de embarque ou de frete ou de transporte. INTERESSE SEGURÁVEL Os Seguros de Transportes e de Responsabilidade Civil do Transportador se diferenciam pelo interesse segurável. No primeiro, o Seguro de Transportes, pode ser contratado por quem deti- ver a propriedade ou posse direta sobre o bem ou a mercadoria transpor- tada, pois, nessa hipótese, o segurado possui interesse em preservá-los contra os riscos inerentes à viagem, podendo ser: ■ o dono da mercadoria ou embarcador; ■ o credor ; ou ■ o agente logístico. Portanto, os Seguros de Transportes nacionais e internacionais não podem, em nenhuma hipótese, ser contratados pelo transportador ou outro depositário, porque o Seguro de Transporte visa garantir o interes- se da pessoa física ou jurídica que tem interesse segurável (propriedade, posse, entre outros) sobre a carga. O Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador de Carga, por sua vez, não poderá ser contratado pelo embarcador da mercadoria, ape- nas por empresas transportadoras devidamente legalizadas e habilitadas pelas normas em vigor. Credor É o agente financeiro que tem por garantia o bem/mercadoria objeto do transporte, podendo exigi-lo do devedor para saldar sua dívida. 23 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES O interesse segurável do embacador ou do transportador será definido pelo contrato que deu origem à necessidade de deslocamento do bem ou mercadoria, pois nele será determinada a responsabilidade das partes. Para que você entenda melhor, veja esse exemplo: o contrato de compra de um veículo importado determinará as obrigações do vendedor para o transporte desse bem, desde a fábrica até o local de destino final, poden- do o comprador (proprietário) assumir parte da obrigação do transporte e pelo seguro desde a origem até o local final. Para finalizarmos esta seção, observe o esquema a seguir, que represen- ta as relações que precedem o contrato de Seguros de Transportes e o de Responsabilidade Civil do Transportador: FIGURA 3: RELAÇÕES QUE PRECEDEM OS CONTRATOS : OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA DE TRANSPORTE Contrato de compra e venda nota fiscal ou outro documento equivalente Contrato de transporte Conhecimento de embarque ou outro documento equivalente Seguro de transporte Único embarque ou vários embarques Seguro de responsabilidade civil do transportador Vários embarques Fonte: os autores (2021). O mercado não oferece coberturas de apólices avulsas aos transportado- res rodoviários em razão da característica de operação ser dinâmica, o que pressupõe a cobertura para vários embarques realizados. 24 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES CONTRATOS DE COMPRA E VENDA E INCOTERMS Com o incremento do comércio global, houve a necessidade de padroni- zação dos contratos de compra e venda. Nesses contratos estão definidas as responsabilidades pela contratação do Seguro de Transporte, sejam elas do vendedor ou do comprador da mercadoria. Essas cláusulas padrão são conhecidas pela sigla Incoterms. Os Incoterms surgiram em 1936, quando a Câmara Internacional do Comér- cio – CCI –, com sede em Paris, interpretou e consolidou as diversas for- mas contratuais que vinham sendo utilizadas no comércio internacional. Como as mudanças no comércio internacional evoluem com o avanço do comércio global, os Incoterms – International Commercial Terms ou termos do Comércio Internacional – são revisados e atualizados a cada 10 anos. A mais nova revisão ocorreu em 2020. Os Incoterms servem para definir, na estrutura de um contrato de compra e venda internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador/ vendedor e do importador/comprador, estabelecendo um conjunto padrão de definições e determinando regras e práticas neutras, como onde o exportador deverá entregar a mercadoria, quem pagará o frete ou quem será o responsável pela contratação do seguro. É válido lembrar que os costumes e as leis variam de acordo com cada país, por isso, a padronização das regras de comércio evita problemas de interpretação das partes contratantes quanto ao custo e risco das transações. Assim, é possível reconhecer a necessidade de padronizar previamente o entendimento do vendedor e do comprador quanto às tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria, desde o local de origem até o local de destino (zona de consumo). Esse deslocamento de mercadorias e bens pode ser resumidos pelos pas- sos representados a seguir: Saiba mais Indicamos a leitura do livro Incoterms 2020, que pode ser obtido, gratuitamente, no sítio do ICC, em: https://2go.iccwbo.org/ incoterms-2020-eng- config+book_version-Book/. Elaboração: Câmara de Comércio Internacional, https://2go.iccwbo.org/incoterms-2020-eng-config+book_version-Book/. https://2go.iccwbo.org/incoterms-2020-eng-config+book_version-Book/. https://2go.iccwbo.org/incoterms-2020-eng-config+book_version-Book/. 25 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES FIGURA 4: DESLOCAMENTO DE MERCADORIAS E BENS 1. Embalagem e marcação. 2. Carregamento. 3. Transporte interno (país do exportador). 4. Desembaraço aduaneiro na exportação (partida). 5. Movimentação em terminal (partida). 6. Seguro da viagem principal; transporte da viagem principal. 7. Movimentação em terminal (chegada). 8. Desembaraço aduaneiro na exportação (chegada); 9. Transporte interno no destino. 10. Descarga no destino. Fonte: os autores (2021). No ano 2020, foi realizada uma atualização dos Incoterms. Essa atualização levou em consideração o crescimento das zonas de livre comércio, o aumento de comunicações eletrônicas em transações comerciais e as mudanças nas prá- ticas relativas ao transporte de mercadorias,além de oferecer uma visão mais simples e mais clara dos 11 incoterms, que são divididos em grupos, você pode observar no quadro a seguir. 26 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES QUADRO 1: ATUALIZAÇÃO DOS INCOTERMS Grupo E (Oigem / Partida) EXW Ex Works Grupo F (Livre no Transporte) FCA FAS FOB Free Carrier Free Alongside Ship Free on Board Grupo C (Transporte Principal Pago) CPT CIP CFR CIF Carriage Paid to Carriage and Insurance Paid to Cost and Freight Cost, Insurance and Freight Grupo D (Chegada) DAP DPU DDP Delivered at Place Delivered at Place Unloaded Delivered Duty Paid Fonte: os autores (2021). Neste material, iremos estudar apenas os três Incoterms mais utilizados no Brasil, procurando apresentar os níveis de responsabilidade de cada uma das partes envolvidas no contrato de compra e venda. São eles: ■ EX (Ex Works). ■ FOB (Free On Board). ■ CIF (Cost, Insurance and Freight). O quadro a seguir traz a síntese da distribuição das responsabilidades na relação entre comprador/importador e vendedor/exportador durante o deslocamento das mercadorias ou bens, desde a origem até o destino. Observe que, para cada modalidade, há diferenças entre as responsabili- dades do vendedor, sinalizadas com a cor preta, e as responsabilidades do comprador, sinalizadas com a cor cinza. 27 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES QUADRO 2: TABELA INCOTERMS 2021 CUSTOS EX FOB CIF Embalagem e marcação Carregamento Transporte interno (país do exportador) Desembaraçado aduaneiro na exportação (partida) Movimentação em terminal (partida) Seguro de viagem principal Transporte de viagem principal Movimentação em terminal (chegada) Desembaraçado aduaneiro na exportação (entrada) Transporte interno no destino Descarga no destino Modalidade de transporte Qualquer Marítimo Marítimo Transferência de riscos: do vendedor para o comprador No local de origem Ao cruzar a murada do na- vio, no porto de embarque Comprador Vendedor Fonte: os autores (2021). Preste atenção no resumo a seguir. Nele, você vai encontrar listadas as obrigações assumidas pelas partes do contrato de compra e venda, de acordo com o Incoterms especificado. A seguir, apresentamos o resumo das obrigações assumidas pelas partes do contrato de compra e venda, de acordo com o Termo Internacional de Comércio especificado. 28 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES QUADRO 3: RESUMO DAS OBRIGAÇÕES DE CONTRATAR FRETE E SEGURO NOS PRINCIPAIS TIPOS DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA CONTRATO PROVIDÊNCIAS DO VENDEDOR Exportador PROVIDÊNCIAS DO COMPRADOR Importador EXW (Ex Works) Entregar a mercadoria ao comprador no seu estabelecimento. Contratar o seguro e o transporte (frete), a partir do estabelecimento do vendedor. FOB (Free on Board) Contratar o transporte interno e o seguro até o porto de embarque, in- clusive a colocação da carga a bordo (dentro) do navio. Contratar o transporte e o seguro, principais, do porto de embarque (com a carga já a bordo) até o local de destino. CIF (Cost, Insurance and Freight) Contratar o transporte e o seguro do início até o porto de destino final. Contratar o transporte até o destino final. Fonte: os autores (2021). Você percebeu que, quando comparadas as responsabilidades atribuídas aos termos acima descritos, a Cláusula Ex Works é aquela que impõe a menor quantidade de obrigações ao vendedor e maiores obrigações ao comprador? Por outro lado, o Incoterm CIF é o tipo que determina ao vendedor o maior número de obrigações em comparação ao Incoterm anteriormente citado. Para que não fique nenhuma dúvida, dê uma olhada no exemplo a seguir. Considere que um exportador brasileiro de soja do Centro-Oeste tem a intenção de vender sua produção agrícola para Shanghai, na China, esco- ando-a via Porto de Santos. Nesse caso, o contrato internacional celebrado entre o vendedor/exportador brasileiro e o comprador/importador chinês prevê no Contrato a aplicação do Incoterm FOB (free on board). Nessa hipótese, a empresa brasileira ficará responsável por contratar o frete em território nacional (transporte interno) desde o local da produção, além do seguro, até o porto de embarque (Porto de Santos), inclusive a colocação da carga a bordo (dentro) do navio que fará o transporte de Santos (SP) até o porto de Shangai, na China. Em contrapartida, na hipótese acima descrita, o importador deverá con- tratar o transporte principal (do Brasil até a China), além do seguro desse trajeto, bem como do Porto de Shanghai até o local de destino. 29 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Saiba mais Apesar de as bases dos contratos de Incoterms serem gerais, algumas disposições es- peciais incluídas pelas partes no contrato prevalecem sobre as regras do Incoterm. Por- tanto, ainda que adotem determinado Incoterm, as partes contratantes podem estipular variações ou adições em relação a elas, atendendo às necessidades de seus negócios e às conveniências do momento. — Obrigatoriedade da Contratação do Seguro de Transportes de Bens Seguro de Transporte Nacional As pessoas jurídicas de direito público ou privado são obrigadas a segurar os bens e as mercadorias de sua propriedade contra os riscos de força maior e caso fortuito inerentes aos transportes rodoviários, ferroviários, aéreos e aquaviários. Essa obrigatoriedade encontra-se disposta no art. 12 do capítulo VI do Decreto nº 61.867/1967, combinado com o inciso III do art. 2o do Decreto 85.266/1980. Esta modalidade de seguro é regulamentada pela Circular Susep 354, de 2007. Mesmo considerando que os conceitos de força maior e caso fortuito são excludentes de responsabilidade dos transportadores, podemos dizer, que no campo prático, a diferenciação é de pouca relevância. Assim, o manual adotou a seguinte definição: Força maior/caso fortuito Acontecimento inevitável, irresistível, imprevisto e independente da vontade humana. Exemplo: roubo com utilização de arma, tempestade, furacão, inundação, queda de raio, entre outros fenômenos da natureza. Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador O art. 10, no capítulo IV do Decreto nº 61.867/1967, também estabelece que as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que se incumbi- rem do transporte de carga e mercadorias de terceiros, são obrigadas a con- 30 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES tratar Seguro de Responsabilidade Civil em garantia contra perdas e danos que sobrevenham às cargas que lhes tenham sido confiadas para transporte em território nacional, contra a emissão de conhecimento de embarque. Segundo o mesmo decreto, os transportadores são obrigados a segurar suas responsabilidades contra riscos que não se enquadrem como força maior ou de caso fortuito. . Importante Essas normas estão em vigor até hoje. Em 05 de janeiro de 2007, o art. 13 da Lei 11.442 ratificou os dispositivos do Decreto nº 61.867/1967, mantendo a obrigatoriedade da contratação do seguro prevista no artigo 20 da Lei 73/1966. Seguros de Importação e Seguros de Exportação A contratação dessas modalidades de seguro não é obrigatória. O que vai determinar a necessidade de contratar o seguro para as mercadorias importadas ou exportadas será a modalidade do contrato de Compra e Venda praticado pelas partes envolvidas – Incoterms. Estas modalidades de seguro também são regulamentadas pela circular Susep nº 354/ 2007. INSTRUMENTOS DE UM CONTRATO DE SEGUROS DE TRANSPORTES Os documentos fundamentais para efetuar o contrato de Seguros de Transportes são o questionário, a proposta, a apólice, o endosso, a aver- bação e a fatura ou conta mensal. Falaremos detalhadamente sobre cada um deles a seguir. Também podemos acrescentar a essa lista o certificado de seguro, usado em Seguros de Transportes Internacionais – Exportações. Quando falamos em instrumentos de contratação, estamos nos referindoaos documentos oficiais de uma seguradora que irão permitir que o con- trato de Seguros de Transportes exista. Saiba mais Leia a Resolução CNSP 197, de 16 de dezembro de 2008, que trata do tema contratação de seguro no exterior. 31 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES — Questionário Um dos documentos mais utilizados para iniciar uma negociação de um Seguro de Transportes é o Questionário para Análise de Aceitação – Anexo 10. O questionário é o documento que acompanha a proposta em que o segurado responde a perguntas feitas pela seguradora sobre o risco. Cada seguradora tem o seu modelo, mas, de modo geral, as informações solicitadas são as mesmas. O questionário contém todas as informações necessárias para a análise do risco e, ao solicitar a cotação à seguradora, ele é utilizado para acompa- nhar a proposta de seguro. É a partir dos elementos desse questionário que a seguradora avalia as condições do risco, faz o enquadramento necessário e decide se irá ou não assumi-lo e qual o prêmio adequado aquela operação. O preenchimento correto e completo do questionário, com informações pre- cisas e claras sobre o risco, pode evitar que a seguradora venha a fazer outros questionamentos. Além disso, também permite que a cotação ou proposta a ser apresentada esteja adequada às necessidades do segurado. Contudo, recomenda-se que o questionário, após preenchido adequada- mente com as informações sobre o risco a ser proposto, seja assinado pelo segurado e corretor. Além de servir para avaliação e enquadramento do risco pela Seguradora trata-se de um documento oficial das informações fornecidas pelo segurado. — Proposta A proposta (Anexo 1) é o documento que contém todas as informações acerca dos riscos propostos, inclusive as condições particulares, especiais e demais cláusulas do contrato de seguro. Normalmente, ela é emitida pela seguradora ou pelo corretor, mas sempre deve ser assinada pelo interes- sado em contratar o seguro e também pelo corretor. A proposta precisa refletir fielmente tudo o que foi negociado com o segu- rado, culminando na cotação que a seguradora lhe apresentou. Ao assinar a proposta, o segurado concordará com tudo o que estiver ali descrito e, por esse motivo, é importante que ele se certifique de estar assinando a proposta que contém as condições negociadas. Algumas seguradoras podem se recusar a apresentar uma proposta ou cotação por falta de informações ou informações imprecisas. Podem, ain- Saiba Mais A qualidade das informações a cerca das operações dos clientes serão importantes para definição da proposta em termos de condições e também a precificação. Dessa forma, deve-se observar: a) Tipo de mercadorias – tipo e aplicação; b) Valores por embarques e somatório mensal (volumetria); c) Regiões de operação (viagens); d) Tipo de gerenciamento de risco utilizado; e) Experiência em termos de sinistralidade (acidente e roubos) nos últimos 12 meses. 32 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES da, elaborar uma proposta com condições que não condizem com o risco ou não atendam às necessidades do segurado. A proposta do Seguro de Transportes não segue um modelo específico, pois cada seguradora adota um critério de elaboração. Prazo de Aceitação da Proposta pela Seguradora A seguradora dispõe de 7 (sete) dias corridos, nos casos de propostas para seguros de apólices avulsas e de 15 (quinze) dias corridos, nos demais seguros, contados a partir da data do recebimento da proposta, para recu- sar, por escrito, o risco que lhe foi proposto. Entretanto, no caso de solicitação de documentos complementares, para análise e aceitação do risco, ou alteração proposta, o prazo de 15 dias ficará suspenso e voltará a correr a partir da data em que a documentação solicitada for entregue. Atenção A ausência de manifestação da seguradora, por escrito, com relação a esses prazos caracteriza a aceitação tácita (automática) do risco proposto. Ou seja, caracteriza a con- tratação da proposta de seguro apresentada. — Apólice A apólice é um instrumento básico que formaliza a contratação de um seguro. É na apólice que são registradas as condições e taxas dos Seguros de Transportes e sua forma de operação. As apólices de Seguros de Transportes possuem uma página de capa, cha- mada frontispício, na qual estão dispostos: os dados do segurado, a identi- ficação da sucursal ou filial da seguradora, além do ramo e do número da apólice. Quando a apólice for avulsa, constará, também, o prêmio do seguro. Ao frontispício é anexada uma especificação de seguro, que é separada por itens (limite de responsabilidade, garantias/riscos cobertos, objeto do seguro). Também devem ser anexadas à apólice todas as cláusulas e con- dições de cobertura que forem ratificadas em seu texto. 33 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Nos Seguros de Transportes, são utilizados quatro tipos de apólices: Apólice Avulsa A apólice avulsa (Anexo 2) visa à cobertura de um único embarque, con- templando toda a especificação da mercadoria segurada (marca, núme- ro de série, espécie, quantidade, embalagem, valor, meio de transporte, locais de início e destino, cobertura, taxas, prêmio e importância segurada). A contratacão desta apólice é recomendada para empresas que não efetu- am embarques com frequência. As apólices contêm as condições gerais, especiais e particulares aplicáveis ao embarque efetuado pelo segurado. Apólice de Averbação ou Aberta A apólice de averbação, ou aberta, é a forma mais utilizada e recomen- dada para segurados que efetuam embarques com frequência ao longo da vigência, em datas incertas e imprevisíveis, com valores segurados variáveis e igualmente imprevisíveis. As apólices também contêm as con- dições gerais, especiais e particulares que regem todos os embarques efetuados pelo segurado. A especificação das mercadorias seguradas constará das averbações, que poderão ser emitidas pelo segurado em formulário impresso ou por meio eletrônico mediante acordo prévio com a seguradora. Apólice Anual com Prêmio Fracionado (ou Apólice Ajustável) A apólice anual com prêmio fracionado, ou simplesmente apólice ajus- tável, é aquela destinada a cobrir diversos embarques, com prêmio fixo ou ajustável. A importância segurada e o prêmio inicial serão calculados com base em esti- mativa anual de embarques, fornecida pelo segurado. O prêmio nor- malmen- te é cobrado em até 11 parcelas, a critério do segurador. Em geral, o ajustamento do prêmio é feito ao final da vigência da apólice, ou em períodos menores, se assim for negociado, e tem base nos embarques efetivamente realizados pelo segurado, que se compromete a informá-los mensalmente à seguradora. Nessa apólice também poderá ser negociada a entrega, ao término da vigência, da relação dos embarques realizados. 34 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Apólice Sem Averbação para Empresas de Pequeno Porte (micro e pequenas empresas) Algumas seguradoras do mercado brasileiro, pensando em simplificar a con- tratação do seguro de transportes para micro e pequenas empresas, desen- volvem o seguro sem a necessidade de averbação. No processo de subs- crição, as seguradoras definem um valor máximo de faturamento anual para definição do porte da empresa. Trata-se de relevante modelo de negócio que visa à inclusão de empresas que tem sua importância no cenário econômico. — Averbação A averbação é o ato de o segurado informar à seguradora, por qualquer meio de comunicação acordado entre as partes, a realização dos seus embarques no caso de apólices abertas. Das averbações devem constar os principais dados sobre o embarque: data de saída, local de início e destino, identidade do veículo transportador, importância segurada, coberturas ou garantias pretendidas, tipo de merca- doria, embalagem. O mais importante a ser observado em relação às averbações são seus prazos de entrega. Isso porque nãoentregar a averbação dentro do prazo estabelecido nas condições do seguro pode acarretar perda do direito à indenização pelo segurado. Nos Seguros de Transportes, geralmente, adota-se um dos seguintes tipos de averbação: Simples Deve ser entregue à seguradora antes do início do embarque. Reco- mendada a segurados com reduzida frequência de embarques; Simplificada Pode ser entregue à seguradora até o dia 15 do mês subsequente ao da realização ou da data de chegada das viagens, no caso de transportes de importação. Indicada para segurados que possuam considerável volume de embarques. A averbação simplificada é apresentada em forma de relação de embarques, contendo todas as informações relativas aos embar- ques efetuados pelo segurado. Nos Seguros de Transportes Nacionais são utilizadas averbações simples e/ou simplificadas. 35 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Nos Seguros de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carta (RCTR-C), são utilizadas apenas averbações simples, estando proibi- das as averbações simplificadas, conforme Resolução CNSP 247/2011. Todavia, nos Seguros de Transportes Internacionais, as averbações obede- cem as regras um pouco diferenciadas. ■ Nas importações são utilizadas averbações provisórias, definitivas e provisórias únicas. ■ Nos Seguros de Transporte Internacional de Exportação são uti- lizadas averbações do tipo simples, e a utilização da averbação simplificada pode ser negociada. A maioria das seguradoras criou sistemas informatizados para que o segurado proceda à comunicação de embarques por meio de averbações eletrônicas. Esses sistemas consistem no envio às seguradoras, pelos segurados, de infor- mações sobre os embarques às seguradoras, por meio de coletor de dados ou redes de informática, inclusive pela Internet. A transmissão de arquivos também é utilizada, agilizando a comunicação dos embarques e, consequen- temente, o trabalho operacional dos segurados e das seguradoras. — Endosso É o documento emitido pela seguradora para complementar, prorrogar, cancelar ou realizar qualquer tipo de alteração no contrato de seguro em vigor. Uma vez emitido, o endosso passa a ser parte integrante e insepa- rável da apólice. — Fatura ou Conta Mensal É o documento emitido pela seguradora para cobrança do prêmio do seguro nas apólices por averbação. As faturas são emitidas mensalmente e compre- endem o somatório dos prêmios das averbações entregues à seguradora. — Certificado de Seguro É utilizado nos Seguros de Exportação e tem a finalidade de comprovar, junto ao importador ou bancos financiadores, que o seguro foi contratado. O certificado é quase uma averbação, pois dele deverão constar todos os dados sobre o embarque, como em uma averbação. Ele deve ser solicita- do pelo segurado, sempre antes do início do risco. Saiba mais Veja um modelo de averbação utilizado nos Seguros de Transportes no Anexo 4. 36 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES O certificado de seguro (Anexo 5) é usado somente em Seguros de exportações e tem a finalidade de comprovar a contratação do segu- ro, por parte do exportador, a contratação do seguro para bancos finan- ciadores, compradores de mercadorias (importadores) ou terceiros com algum interesse nos bens. Essa comprovação será necessária quando o contrato de compra e venda estabelecer que a contratação do seguro deve ser feita pelo vendedor (exportador), como nos contratos na modalidade CIF. Importante O certificado de seguro obedece a um modelo padronizado e é acompanhado de ins- truções em português e inglês sobre como o recebedor das mercadorias deve proce- der em caso de sinistro. Se houver o pedido formal do cliente junto à seguradora/corretor, pode-se emitir o cer- tificado também para as operações de importação. CONCEITOS UTILIZADOS EM SEGUROS DE TRANSPORTES Muitos conceitos e terminologias utilizados no Seguro de Transportes são comuns a outros tipos de seguros, mas alguns guardam certas parti- cularidades. Veja a seguir a definição de limite máximo de garantia (LMG), prazo para pagamento do prêmio, franquia e participação obrigatória do segurado (POS), critérios de taxação, importância segurada, moeda do seguro e vistoria. — Limite Máximo de Garantia (LMG) Entende-se por limite máximo de garantia (LMG) de uma apólice o valor máximo para a qual a seguradora garante cobertura, por viagem, em um mesmo meio de transporte ou por acúmulo de bens ou mercadorias, decorrentes de uma ou mais viagens, ainda que tal acúmulo não seja do conhecimento do segurado. 37 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Importante Entende-se por Limite Máximo de Garantia (LMG) – previsto na apólice. O LMG corres- ponde ao limite de responsabilidade da apólice em cada embarque/veículo/viagem ou por acúmulo em qualquer local coberto pela apólice. Saiba mais: Além do LMG, temos ainda o LMI e o IS. Veja o que significa cada uma dessas siglas: Limite Máximo de Garantia (LMG): valor máximo garantido pela seguradora em um mes- mo embarque/veículo/viagem ou por acúmulo em qualquer local coberto na apólice. Limite Máximo de Indenização (LMI): é um valor estipulado na apólice em que, na hipótese de a soma das indenizações pagas atingir tal limite, a apólice será automatica- mente cancelada. Importância Segurada (IS): é o valor averbado pelo segurado, em conformidade com os conhecimentos de embarques rodoviários emitidos pelo segurado ou outro documento da mesma importância e conteúdo, entregues no modo de averbações à seguradora. Para melhor compreensão, vamos considerar o seguinte exemplo em uma operação de transportes: 1) Mesma data de viagem; 2) Um veículo com 100 mil reais em viagem de São Paulo para Rio de Janeiro; 3) Outro veículo com 100 mil reais em viagem de Santa Catarina para Minas Gerais; 4) Outro veículo com 100 mil reais em viagem de Pernambuco para Fortaleza; 5) Considerando que os três veículos se envolvam em sinistros cobertos pelo seguro, em que o LMG ou LMI tenha sido contra- tados em 100 mil reais; 6) No LMG, haverá cobertura para as três viagens; 7) No LMI, haverá cobertura para 100 mil, e a apólice e/ou cobertu- ra será automaticamente cancelada. 38 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Importante A aceitação de eventuais embarques de valor superior ao LMG constante na apólice dependerá de concordância da seguradora, prévia e expressa, que deverá ser consul- tada, por escrito, pelo menos três dias úteis antes do início da viagem ou do acúmulo. Muitas vezes, as ampliações que são feitas por endosso referem-se apenas a deter- minados embarques e acabam sendo chamadas de embarques esporádicos. Após a conclusão da viagem, a apólice retorna automaticamente aos limites anteriores. — Prazo para Pagamento do Prêmio O prêmio do seguro deve ser pago até o 30º (trigésimo) dia após a emis- são da fatura ou nota de seguro, exceto para as apólices avulsas, cujo prêmio deve ser pago à vista e antes do início do risco. — Franquia e Participação Obrigatória do Segurado (POS) Em algumas modalidades são aplicadas franquias, já em outras modalida- des são utilizadas participações obrigatórias dos segurados (POS). Vale esclarecer que a franquia à qual estamos nos referindo corresponde ao valor inicial fixado no contrato, cuja responsabilidade é do segurado e está associada à perda parcial. Já a POS é o percentual fixado sobre even- tual sinistro, podendo ou não ser associado a um valor mínimo. Nesse ponto, cabe esclarecer a diferença entre franquia e POS: A franquia é representada por um percentual definido na contratação do seguro e é calculada sobre o valor da IS do embarque – por exemplo, 2% sobre o valor da Importância Segurada. Já a POS é a participação do segurado sobre o prejuízo – por exemplo, 10% calculado sobre o valor do prejuízo apurado em eventual sinistro. Em relação à POS nos Seguros de Transportes Nacionais, temos uma situ- ação diferente para cada tipo deviagem: 39 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Viagens terrestres Geralmente não se aplicam franquias, exceto quando previamen- te negociadas com o segurado. Atualmente, o mais praticado é a aplicação de POS (Participação Obrigatória do Segurado), em especial quando o risco proposto envolver mercadorias conside- radas de alta atratividade para o roubo, como: ■ Autopeças; ■ Aparelhos celulares, partes e acessórios; ■ Bebidas; ■ Brinquedos; ■ Calçados; ■ Charque e carnes in natura; ■ Confecções e tecidos; ■ Couro beneficiário; ■ Eletrodomésticos/eletrônicos; ■ Leite em pó ou condensado; ■ Medicamentos; ■ Óleos comestíveis; ■ Óleos lubrificantes; ■ Pneus e câmaras de ar; e ■ Tintas. Essa relação de mercadorias pode variar entre as seguradoras, que, de modo geral, possuem um número muito maior de merca- dorias postas sob sua cobertura. Viagens aquaviárias São utilizadas franquias dedutíveis, aplicáveis ao valor do embarque, que variam de 1% a 3% em função da mercadoria e da embalagem. Viagens aéreas Não são aplicadas franquias nem POS, exceto quando negociado com o segurado. Já nos Seguros de Transportes Internacionais, temos: Importação Para as viagens terrestres, aquaviárias e aéreas são utilizadas franquias dedutíveis, aplicáveis ao valor total do embarque e que variam de 1% a 3% em função da mercadoria e da embalagem. Comentário Nos Seguros de Exportação, não são utilizadas franquias, pois, em geral, os beneficiários são compradores no exterior e dificilmente aceitam a aplicação de franquias que acabam por ser deduzidas de suas indenizações, em caso de verificação do risco. 40 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Exportação Usualmente, não são aplicadas franquias ou POS, exceto nos casos preestabelecidos entre seguradora e segurado. — Critérios de Taxação Com o fim do monopólio do resseguro, as seguradoras passaram a poder firmar contratos com o ressegurador de sua preferência, o que trouxe para elas uma liberdade tarifária, ou seja, a possibilidade de adotarem critérios próprios para taxar um risco de transporte. — Importância Segurada A importância segurada, estipulada pelo segurado, deve corresponder ao valor real do objeto segurado (custo) constante da nota fiscal, fatura ou outro documento hábil, mas não implica reconhecimento, por parte da seguradora, de prévia determinação de seu valor real. A definição da importância segurada nos Seguros de Transportes apresen- ta algumas peculiaridades. Ao valor da nota fiscal podem ser adicionadas outras verbas seguráveis, mediante a contratação de coberturas adicio- nais, que são: ■ Frete e/ou seguro. ■ Despesas. ■ Lucros esperados. ■ Tributos para mercadorias importadas (impostos, taxas e contribuições). Os valores relativos às verbas seguráveis deverão ser separadamente dis- criminados na apólice ou averbação. Exemplo Vejamos como seria um seguro em que o contratante optasse por todas as coberturas adicionais: Custo (nota fiscal) R$ 90.000,00 Frete R$ 10.000,00 Despesas R$ 10.000,00 Lucros Esperados R$ 11.000,00 Tributos R$ 40.000,00 Importância segurada total R$ 161.000,00 41 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Importante O exemplo mostrado anteriormente é mais comum de se observar em Seguros de Transportes Internacionais de Importação, pois, para haver inclusão das coberturas de Lucros Esperados e Tributos nos Seguros de Exportação, é necessária a solicitação expressa do importador. Nos Seguros de Transportes Nacionais também não é muito comum a contratação des- tas coberturas adicionais, uma vez que, ao emitir a nota fiscal, o vendedor já considerou o seu lucro, bem como os impostos incidentes sobre o produto. Na hipótese de contratação do seguro com importância segurada inferior ao valor real do objeto segurado (averbação com valor a menor), será aplicado rateio, e o segura- do, para todos os fins e efeitos, será considerado segurador da diferença e participará proporcionalmente dos prejuízos verificados. Se, por ocasião de um sinistro, a seguradora detectar que houve exagero na importân- cia segurada (averbação com valor maior), poderá reduzi-la (IS) ao valor real do objeto segurado, sem a devolução de prêmio. — Moeda do Seguro Os Seguros de Transportes Nacionais, seja qual for o modal de transpor- te, e os Seguros de Responsabilidade Civil dos Transportadores deve- rão ser sempre contratados em moeda corrente, ou seja, em reais. A importância segurada é informada em reais, e os prêmios, pagos na mes- ma moeda. Eventuais indenizações decorrentes de sinistros também serão liquidadas da mesma forma. Seguro de Importação O Seguro de Importação, por envolver relações comerciais com outros países, permite ao segurado optar por duas formas para contratar a sua apólice: em moeda nacional ou moeda estrangeira. Veja a diferença entre essas duas formas a seguir. Em moeda nacional Nesta opção, ocorre a conversão dos valores que se encontram em moeda estrangeira nos documentos de compra e venda, bem como no conhecimento de transporte. A conversão é realizada considerando-se a paridade do câmbio vigente na data de saída do meio de transporte. 42 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Toda e qualquer indenização será sempre paga ao segurado/ beneficiário, no Brasil, em moeda corrente. Caso haja necessidade de se fazer uma substituição do bem avariado, todos os custos para transferência do numerário para o exterior correrão por conta do importador. Nessa modalidade, não existe cobrança do IOF. Em moeda estrangeira Nessa opção, o segurado tem o direito de declarar a importância segurada na moeda estrangeira original (exemplo: dólar, euro, libra). Nessa modalidade não existe cobrança do IOF. A cobrança do prêmio e a liquidação de sinistros em moeda estran- geira estarão subordinadas às normas estabelecidas pelo Banco Central, por meio da Circular nº 3.691/2013, que permite às segu- radoras a manutenção de contas em moeda estrangeira, conforme previsto no art. 187 do normativo. Atenção O pagamento do prêmio do seguro em moeda estrangeira obedecerá ao previsto no art. 118, inciso I da Circular 3.691 do Bacen. “O prêmio e a indenização relativos ao contrato de seguro celebrado em moeda estrangeira, inclusive de crédito a exportação, são pagos por transferência ban- cária, em moeda estrangeira, com utilização de recursos disponíveis no exterior ou mediante celebração e liquidação de contrato de câmbio, efetivando- se a entrega da moeda estrangeira para crédito na conta da empresa seguradora.” — Vistoria Nos Seguros de Transportes, não são realizadas vistorias prévias, pois seria inviável devido à grande movimentação de cargas que é realizada diariamente. A vistoria só é realizada em caso de sinistros para apuração dos danos, conforme veremos adiante. 43 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE TRANSPORTES FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta: 1. Os seguros de transportes podem ser contratados para quaisquer tipos de modais utilizados no transporte de carga. O tipo de transporte conhecido por “cabotagem” se refere às viagens realizadas: (a) Em rodovias e/ou ferrovias. (b) Entre aeroportos internacionais. (c) Em rios e lagos ou lagoas navegáveis. (d) Pelo mar, entre portos nacionais ao longo da costa. (e) Em viagens internacionais marítimas. 2. O transporte de mercadorias pode envolver mais de um modal de transporte (terrestre, aéreo, marítimo). Assinale a alternativa que apre- senta o tipo de transporte combinado que se caracteriza pela emissão individual dos documentos de transporte para cada modal utilizado, bem como pela divisão de responsabilidade entre os transportadores. (a) Transporte Rodofluvial. (b) Transporte Multimodal. (c) Transporte Rodoaéreo. (d) Transporte Flexível. (e) Transporte Intermodal. 3. Os seguros de transportes nacionais e internacionais podem ser con- tratados por quem detiver a propriedade ou possedireta sobre o bem ou a mercadoria transportada, ou seja, por quem possui o interesse em preservar seus bens contra os riscos inerentes ao transporte, entre os quais podemos citar: (a) O transportador rodoviário. (b) O importador de uma mercadoria. (c) O transportador marítimo. (d) O operador portuário. (e) O fiel depositário. 44 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE TRANSPORTES 4. De acordo com o Decreto nº 61.867/1967, as pessoas jurídicas de direi- to público ou privado são obrigadas a segurar os bens e as mercadorias de sua propriedade contra os riscos de força maior e caso fortuito ine- rente ao transporte desses bens e mercadorias. Considerando as moda- lidades de seguros transportes existentes, o seguro que essas pessoas jurídicas precisam contratar é o seguro de: (a) Responsabilidade Civil de Transporte de Carga. (b) Responsabilidade Civil decorrente de caso fortuito ou força maior. (c) Transporte Nacional. (d) Transporte Internacional. (e) Riscos empresariais (compreensivo). 5. Uma indústria de doces que, além de fabricá-los, também faz a distri- buição em todo o Brasil pode ser definida, no mercado de seguros, como: a) Embarcador. b) Operador logístico. c) Despachante aduaneiro. d) Transportador. e) Comissário de avarias. 6. Um empresário brasileiro resolveu negociar a compra de produtos ele- trônicos da China para revender no Brasil. A operação foi realizada entre o Porto de Ningbo (China) e porto de Santos (Brasil). Com base nas informa- ções, é correto afirmar que se trata de uma operação de: a) Importação por cabotagem. b) Exportação por cabotagem. c) Importação marítima. d) Exportação marítima. e) Importação fluvial e lacustre. 7. Qual o objeto adaptado para ser utilizado em transportes de navios, trens e caminhões, sendo conhecido como cofre de carga, porque nele estão instalados dispositivos de segurança previstos por leis nacionais e internacionais? a) Embalagem primária. b) Contêiner. c) Caixa de madeira. d) Amarração de carga. e) Embalagem secundária. 45 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE TRANSPORTES 8. Os embarcadores emitem notas fiscais, enquanto os transportadores emitem: a) Nota promissória. b) Termo de compromisso. c) Nota fiscal de simples remessa. d) Conhecimento do embarque. e) Oferta de crédito. 9. Qual é o contrato de compra e venda em que o comprador/importador no Brasil assume a responsabilidade em todo o percurso, da origem até o destino final? a) FOB. b) CIF. c) EXW. d) FAS. e) CFR. 10. Um dos documentos mais utilizados para iniciar a negociação de um seguro de transportes bem como conhecer a operação do cliente é deno- minado: a) Proposta. b) Questionário. c) Apólice. d) Averbação. e) Endosso. Consulte o gabarito clicando aqui. 46 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES 02 ■ Conhecer as principais cláusulas das condições gerais e específicas dos Seguros de Transportes, considerando situações práticas da comercialização de seguros de transportes. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Compreender o funcionamento e a aplicabilidade das principais coberturas básicas e das cláusulas específicas dos Seguros de Transportes, analisando situações práticas. ⊲ CONDIÇÕES GERAIS ⊲ CONCORRÊNCIA DE APÓLICES ⊲ SUB-ROGAÇÃO DE DIREITOS ⊲ RESCISÃO E CANCELAMENTO ⊲ OBRIGAÇÕES DO SEGURADO ⊲ PERDA DE DIREITOS ⊲ COBERTURAS BÁSICAS ⊲ COBERTURA BÁSICA RESTRITA C ⊲ COBERTURA RESTRITA B ⊲ COBERTURA BÁSICA AMPLA A ⊲ PREJUÍZOS NÃO INDENIZÁVEIS (RISCOS NÃO COBERTOS) ⊲ RISCOS SUJEITOS À CONSULTA PRÉVIA E ESTIPULAÇÃO NA APÓLICE (COBERTURAS A, B E C) ⊲ FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE CONDIÇÕES GERAIS e COBERTURAS BÁSICAS dos SEGUROS de TRANSPORTES 47 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES CONDIÇÕES GERAIS As condições gerais possuem cláusulas que regulamentam os direitos e as obrigações do segurado e da seguradora. Uma única condição geral aplica-se aos Seguros de Transportes nacionais e internacionais, independentemente da modalidade de transporte (terres- tre, aérea ou aquaviária). — Condições contratuais padronizadas Por meio da Circular Susep nº 621, de 12 de fevereiro de 2021, a Susep revogou a Circular Susep nº 265, de 16 de agosto de 2004, que dispunha sobre planos padronizados e planos não padronizados. As condições contratuais padronizadas são de uso facultativo pelas socie- dades seguradoras e se referem a normativos ainda vigentes, que serão progressivamente revisados e revogados, seguindo os objetivos estraté- gicos de simplificar a regulação dos mercados e promover um ambiente favorável ao desenvolvimento de um mercado competitivo, transparente, inovador e com maior cobertura. Atenção As condições contratuais padronizadas do seguro de transporte foram originariamente elaboradas de forma a abranger tanto o ramo 0621 (transporte nacional) quanto o ramo 0622 (transporte internacional). A atual legislação estipula que os planos de seguro de transporte contemplem apenas um desses ramos. Em consequência, as condições con- tratuais padronizadas devem ser revisadas de forma a se adequarem a cada ramo. Vale a pena ler na íntegra Circular Susep nº 354/2007, que disponibiliza no sítio da Susep as condições contratuais do plano padronizado para o Seguro de Transportes https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/circular-susep-n-621-de-12-de-fevereiro-de-2021-303756056 48 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES — Prejuízos Não Indenizáveis Para fins desse seguro, consideram-se prejuízos não indenizáveis aqueles expressamente convencionados nas condições especiais, que fazem par- te integrante e inseparável desta apólice, bem como: a) Medidas sanitárias, desinfecções ou fumigações, invernada, quarentena, demora, estadia e sobrestadia em porto, imprópria preparação do navio para o carregamento, flutuações de preço e perda de mercado. b) Atos decorrentes de riscos políticos, de crédito e de garantia financeira. — Bens e/ou Mercadorias Não Compreendidos no Seguro Este item estabelece que não podem ser segurados em Transportes os seguintes bens e/ou mercadorias: ■ Qualquer bem, quando compreender outros riscos além dos exclu- sivamente de Transporte. ■ Filmes e/ou equipamentos cinematográficos, fotográficos e simi- lares, quando abrangerem os riscos de permanência em cinemas, estúdios, filmotecas, depósitos ou lojas de vendedores ou locado- res e locais de filmagens. ■ Bens de terceiros recebidos para transporte. ■ Dinheiro (em moeda ou papel), cheques, contas e comprovantes de débito; metais preciosos e semipreciosos e suas ligas, trabalha- das ou não, pedras preciosas, semipreciosas e pérolas, em geral, engastadas ou não; notas e notas promissórias; cartões de crédito, cartões telefônicos, cartões de estacionamento em geral; talões de cheques, vales e outros assemelhados e registros; títulos, apó- lices, diamantes industriais, documentos e obrigações de qualquer espécie e escrituras; bilhetes de loteria, selos e estampilhas; salvo pelo seu valor material (intrínseco). ■ Bens em exposições, quando estiver incluído o risco de perma- nência no local de exposição. ■ Joias, salvo quando se tratar de bagagem, nos termos da cobertu- ra básica para Seguros de Bagagem. Também não poderão ser segurados em Transportes os bens e/ou mer- cadorias listados a seguir, a não ser que haja estipulação expressa, conti- da na especificação da apólice, mediante inclusão de cobertura adicional ou cláusula específica, confirmando a cobertura. São eles: 49 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES ■ Equipamentos móveis, nos casos de autolocomoção. ■ Mercadorias em devolução ou redespachadas. ■ Mercadorias e/ou bens usados. ■ Mercadorias sem valor declarado no conhecimento de embarque. ■ Mercadorias embarcadas em navios com denominação a avisar. ■ Chapas galvanizadas e/ou folhas de ferro zincadas (folha de flan- dres), sempre que o documento de compra estabelecer especifi-cações inferiores às mínimas previstas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), quanto a peso, aderência e uniformi- dade da camada de zinco. ■ Mercadorias transportadas no convés do navio. ■ Material radioativo. ■ Mercadorias embarcadas em navios com as seguintes características: » Estejam excluídos da 1a classe das sociedades de classificação reconhecidas ou de classes desconhecidas. » Tenham mais de 20 anos (a contar a partir do ano de constru- ção do navio, inclusive conforme seu registro de classificação) ou de idade desconhecida. » Tenham menos de 1.000 toneladas de arqueação bruta TAB. » Não tenham autopropulsão. » Sejam construídos com outros materiais que não sejam ferro ou aço. » Sejam utilizados em linhas regulares de características des- conhecidas. — Pagamento do Prêmio A data limite para o pagamento do prêmio à vista ou da primeira parcela não poderá ultrapassar o 30o (trigésimo) dia da emissão da apólice, endos- so, fatura ou conta mensal. — Prazo do Seguro Nas apólices de Transportes, deverão sempre constar as datas de início e fim da vigência do seguro. No caso de apólice aberta, a vigência normalmente é de 12 (doze) meses, mas a seguradora pode, a seu critério, emitir apólices com vigência inferior a esse prazo. 50 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES As apólices terão início e término de vigência às 24 horas das datas indi- cadas na proposta. Não havendo data especificada na proposta, valerá a data de entrada da proposta na seguradora. Nas apólices do tipo avulsa, o prazo do seguro será o tempo de duração da viagem, o que não é possível especificar em apólice. — Regulação e Liquidação de Sinistros De acordo com o disposto nas condições padronizadas estabelecidas pela Circular no 354/2007, a seguradora é obrigada a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido ou, caso haja concordância com o segurado, poderá repor o bem objeto da cobertura contratada. Importante observar as regras contidas na Circular 621, de 2021, da Susep. Valor do Objeto Segurado O valor do objeto segurado é o valor de custo constante na fatura comer- cial ou documento equivalente. Na falta da fatura comercial ou documento equivalente, o custo deve corresponder ao valor de mercado do objeto segurado no local e data do embarque. CONCORRÊNCIA DE APÓLICES Quando, na data da ocorrência de um sinistro, existirem outros seguros garan- tindo os mesmos riscos previstos nesse contrato, a seguradora contribuirá apenas com a quota de indenização das perdas e dos danos sofridos pelo segurado na proporção existente entre a importância que houver garantido para os riscos ocorridos e a totalidade da importância segurada por todas as apólices em vigor naquela data. SUB-ROGAÇÃO DE DIREITOS Efetuado o pagamento da indenização, o comprovante valerá como ins- trumento de cessão, a seguradora ficará sub-rogada, até o valor da inde- nização paga, em todos os direitos e ações do segurado contra aqueles que, por ato, fato ou omissão, tenham causado os prejuízos indenizados pela seguradora ou para eles concorrido. 51 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES Salvo dolo, a sub-rogação não tem lugar se o dano for causado pelo côn- juge do segurado, seus descendentes ou ascendentes, consanguíneos ou afins. É ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou extinga, em prejuízo do segurador, os direitos de sub-rogação. RESCISÃO E CANCELAMENTO O contrato de Seguros de Transportes pode ser rescindido, total ou par- cialmente, a qualquer tempo, por iniciativa de quaisquer das partes contra- tantes, mas sempre com concordância recíproca, ressalvados os riscos em curso, ou seja, as viagens já iniciadas. O seguro poderá ser cancelado nas seguintes situações: ■ Quando ocorrer o não pagamento do prêmio. ■ Decorrido o prazo de seis meses sem que o segurado tenha aver- bado qualquer embarque. ■ No caso de falência ou liquidação judicial ou extrajudicial da empresa segurada. Na prática, as seguradoras comunicam previamente a intenção de cancelar uma apólice em um prazo mínimo de 30 dias. OBRIGAÇÕES DO SEGURADO São obrigações a serem cumpridas pelo segurado, seus empregados e agentes, em caso de sinistro coberto pelas condições do seguro: ■ Dar imediato aviso à seguradora, por escrito, sobre todo e qual- quer sinistro, inclusive declaração de avaria grossa, mesmo que o fato seja público e notório. ■ Independentemente das medidas legais e administrativas a que está sujeito, tomar todas as providências para defesa, salvaguar- da e preservação do objeto segurado, bem como para minorar as consequências do sinistro e, ainda, agir em conformidade com as instruções que receber da seguradora. 52 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES Os eventuais desembolsos decorrentes das providências anterior- mente mencionadas, bem como as despesas ou custos de salva- mento devidos a terceiros, serão de responsabilidade da segura- dora até o limite da importância segurada. ■ Instruir seu pedido de indenização com os documentos compro- batórios da causa, natureza e extensão da perda ou dano material sofrido pelo objeto segurado. ■ Assegurar que todos os direitos contra transportadores, depositá- rios ou terceiros estejam devidamente preservados e exercidos, observado o disposto na legislação em vigor. A seguradora reembolsará o segurado por quaisquer despesas que tenham sido efetuadas, de maneira correta e razoável, no cumpri- mento das obrigações previstas até o limite da importância segurada. ■ Havendo indícios de perdas, avarias, violação, falta de peso ou qual- quer outra forma de dano às mercadorias seguradas, antes da retira- da dos armazéns de descarga, deverá ser efetuada a vistoria obriga- tória para a constatação do montante da perda, roubo ou avaria. No caso de avaria ou falta em mercadorias importadas, obriga-se o segurado (ou seus prepostos) a requerer, dentro do mais curto prazo e antes do desembaraço aduaneiro, a competente vistoria aduaneira, a menos que haja expressa dispensa dessa providên- cia por parte da seguradora. A vistoria será realizada em conjunto com o representante da segu- radora, do transportador e da entidade responsável que detiver a guarda ou custódia das mercadorias. Devem ser observados prazos e procedimentos previstos nas condições especiais do seguro. Nos casos de mercadorias importadas, a seguradora não se res- ponsabilizará por despesas normais ou extraordinárias com guarda, vigilância, capatazias e armazenagens que venham a incidir sobre o objeto segurado, salvo no caso em que essas despesas sejam, direta e exclusivamente, decorrentes de vistoria aduaneira não dispensada. Muito embora ainda conste das Condições Gerais como uma obriga- ção do segurado, a Vistoria Aduaneira foi extinta pela Lei Ordinária 12.350/2010; portanto, as seguradoras deixaram de exigir tal providência. ■ Agir com razoável presteza em todas as circunstâncias que esti- verem sob seu controle. As medidas tomadas pelo segurado ou pela seguradora com o objetivo de salvar, proteger ou recuperar o objeto segurado não serão consideradas como renúncia ou acei- tação de abandono, nem de outro modo prejudicarão os direitos de qualquer parte. 53 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES O segurado obriga-se, ainda, a: ■ Comunicar à seguradora, com exatidão, todas as circunstâncias que, por algum modo, direta ou indiretamente, possam influir na aceitação do seguro ou na fixação da taxa do prêmio, não apenas contemporâneas à contratação, mas também as que se tenham verificado, ou cuja verificação for previsível durante a vigência da apólice. ■ Dar aviso imediato à seguradora, por escrito, ao longo de toda a vigência da apólice, acerca de toda e qualquer alteração relati- va às informações contidas na proposta de seguro que originou a emissão da apólice, bem como toda e qualquer circunstância que, direta ou indiretamente, possa influir
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