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apg 2 – gástrite objetivos: 1. Revisar a morfofisiologia do estômago com foco nos mecanismos de agressão e proteção da mucosa; 2. Compreender a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas e diagnóstico da gastrite crônica e aguda; e 3. Entender a microbiologia, tratamento do H. pylori e sua relação com a neoplasia gástrica. morfofisiolgia gástrica anatomia - Região esquerda do abdome, sendo um reservatório para a primeira fase da digestão; - Possui a capacidade de acomodar até 1 l a 1,5l; - Localizado a frente do pâncreas, rim esquerdo e vasos esplênicos, sendo a região anterior delimitada pela parede abdominal e pelo lobo inferior esquerdo do fígado; - Dividido em Cárdia, Fundo, Corpo, Antro e Região pilórica; e - Constituído de dois esfíncteres que evitam o refluxo esofágico e duodenal. fisiologia motilidade - Possui a habilidade de contrair e expandir a depender da quantidade de gases ou alimento em seu interior; - Responsável pela decomposição química de proteínas e a produção do QUIMO; - Marca-passo: área situada no meio do estomago responsável pelas contrações peristálticas que se direcionam ao antro com frequência de 3 a 5 por minuto e duração de 2 a 20s; - Movimento: as ondas quando atingem o piloro fechado com o antro em contração fazem com que as partículas maiores retornem ao corpo e as menores fiquem retidas na região do piloro que com o relaxamento do antro são esvaziados no duodeno; - Esfíncter pilórico: responsável por evitar o refluxo do conteúdo duodenal, já que os sais biliares possuem a capacidade de lesar a mucosa gástrica, e também regula a quantidade de quimo ideal para o duodeno; - Distúrbios: ocorrem devido a ativação com frequência rápido ou lento; · Úlcera péptica: ocasiona obstruções devido ao crescimento de tecido fibrótico no piloro; · Estenose pilórica hipertrófica: obstrução comum em recém nascidos que possuem camada muscular espessa no esfíncter pilórico; · Atonia: ocorre em neuropatias viscerais com associação DM; inervação - Inervado pelo sistema nervoso entérico e fibras simpáticas (gânglios celíacos) e parassimpáticas (vago); esvaziamento gástrico - Hormonal: CCK e polipeptídio insulinotrópico dependente de glicose (GIP) são secretados em resposta ao pH, à osmolalidade e à composição de ácidos graxos do quimo; e - Nervoso; função hormonal - Gastrina: hormônio sintetizado nas células G mais presentes no estômago; e - Grelina: hormônio sintetizado nas células oxíndicas gástricas mais abundantes no fundo do estômago. secreções gástricas - Digestão: 3 células gástricas produzem substancias essenciais nesse processo, sendo as células parietais (oxínticas), as células principais e as células G; · Células parietais: localizadas no corpo e fundo do estômago nas bases das depressões gástricas e secretam ácido clorídrico responsável por decompor e desinfetar alimentos e fator intrínseco, necessário para absorção de B12; · Células principais: localizadas no corpo e fundo do estômago nas bases das depressões gástricas e secretam pepsinogênio que é convertido em pepsina em contato com o pH ácido, sendo responsável por realizar a proteólise de lipídeos; e · Células G: localizadas no antro, sendo responsáveis pela secreção de gastrina que possuem função parácrina. - Secreções ácidas: ocorrem devido ao mecanismo celular que ocorre nas células parietais; 1. Possui inicio com um transportador trifosfatase de adenosina (ATPase) que permuta hidrogênio (H+) por potássio (K+) e canais de cloreto (Cl–) localizados na sua membrana luminal; 2. Durante o processo de secreção de HCl ocorre a formação de ácido carbônico pelo metabolismo aeróbico; 3. O íon H+ é secretado com Cl– no lúmen gástrico, enquanto o HCO3– sai da célula e entra na corrente sanguínea a partir da membrana basolateral. · HCO3– absorvido é responsável pela “maré alcalina” (aumento do pH), que ocorre depois de uma refeição; 4. Por fim os íons H+ restantes são secretados na membrana luminal por transportador H+/K+-ATPase (também conhecido como bomba de prótons) e se combinam com o Cl- para formar o ácido clorídrico. - Esse processo é estimulado por acetilcolina (nervos vagais), gastrina (células G – CCK2) e histamina (mucosa gástrica – receptor de histamina tipo2); - Barreira mucosa: importante estrutura para proteção do tecido gástrico; · Estimulado pela liberação de prostaglandina E2; · Ácido acetilsalicílico (AAS), anti-inflamatórios não esteroides (AINE), Helicobacter pylori, álcool etílico ou sais biliares danificam a mucosa gástrica; · Dano da barreira mucosa gera o acumulo de H+ nas células da mucosa o que desencadeia um processo metaplasia que pode levar a quadros de isquemia, estase vascular, hipoxia e necrose tecidual locais; e · AAS e AINES interferem na produção de prostaglandinas, o que também afeta a barreira mucosa. gastrite - Presença de inflamação aguda ou crônica no tecido da mucosa gástrica nas formas macroscópicas e/ou microscópicas. crônica - Forma mais prevalente; - H. pylori é o principal agente etiológico da gastrite crônica; - Sistema Sydney para classificação; - Estudo deve ser feito em cinco biopsias, sendo uma da grande e outra da pequena curvatura gástrica, a 2 a 3 cm do piloro, uma da incisura angular, uma da pequena curvatura a 4 cm acima do angulus e outra na grande curvatura a 8 cm do cárdia; Gastrite crônica associada ao Helicobacter pylori (H. pylori) fisiopatoliga - Representa cerca de 95% das gastrites crônicas; - O antro é a região mais acometida, mas pode ocorrer comprometimento de mais áreas, levando a uma pangastrite; - Gastrite antral: secreção gástrica normal ou elevada graças à manutenção de mucosa oxíntica íntegra e poderão ter um risco aumentado para úlcera duodenal; - Gastrite corpo do estômago: secreção ácida reduzida, em consequência da destruição progressiva da mucosa oxíntica; - O processo de metaplasia intestinal, mudança gradual das células da mucosa gástrica por células intestinais, como células caliciformes, células absortivas, células de Paneth e células endócrinas; - Infecção pelo H. pylori → gastrite crônica → atrofia glandular → metaplasia intestinal constitui um conjunto de alterações associativas muito frequentemente observado na espécie humana e desencadeado pela infecção pelo H. pylori ou tendo como passo inicial essa infecção; - As infecções por H. pylori tem intima ligação com o aparecimento de adenocarcinoma tipo intestinal, devido aos processos de metaplasia e atrofia celular crônica; manifestações clínicas - Normalmente assintomático, sendo os sintomas associados ao desenvolvimento de úlcera péptica duodenal e com o carcinoma e linfoma gástrico; GASTRITE CRÔNICA AUTOIMUNE etiologia - Genética e doença autoimune; fisiopatologia - Gastrite A; - Acomete o corpo e o fundo gástricos; - Atrofia seletiva, parcial ou completa, das glândulas gástricas no corpo e fundo do estômago, ocorrendo uma substituição, parcial ou completa, das células superficiais normais por mucosa tipo intestinal (metaplasia intestinal; - Na região antral ocorre hiperplasia das células endócrinas com estimulação das células G devido ao não acometimento; - A atrofia das glândulas gástricas pode ser parcial ou completa, em que ao atingir o corpo do estomago afeta a secreção de fator intrínseco e de HCl; - Maior suscetibilidade desses pacientes a infecções entéricas por bactérias, vírus e parasitos devido ao aumento do pH gástrico; manifestações clinicas - Não possui sintomas gastrointestinais; - Anemia perniciosa devido a baixa absorção de B12; diagnóstico - Histopatológico e endoscopia; - Gastrina sérica acha-se comumente elevada; - Secreção gástrica basal e estimulada com presença de cloridria; - Medida isolada de pH gástrico em jejum; - Determinações séricas de pepsinogênio, especialmente a relação entre pepsinogênio I e II, constituem testes não invasivos promissores para a detec- ção de gastrite atrófica do corpo e antro; gastrite química etiologia - Procedimentos de ressecção gástrica,como na retirada de ulcera peptica; - Vagotomia troncular com piloroplastia; fisiopatologia - Ocasionada pelo refluxo biliar que ocasiona lesões histológicas, como hiperplasia foveolar, edema, vasodilatação, fibrose ocasional e escassez de componente inflamatório; manifetsações clínicas - Dor epigástrica, vômitos biliosos, perda de peso e anemia; - A dor não apresenta melhora com o uso de antiácidos, apresenta agravo com alimentos; - Após refeições pode ocorrer com frequência distensão abdominal e pirose; menos frequentemente, pode ocorrer anemia secundária à perda oculta de sangue pelas fezes; diagnóstico - Estudo da secreção gástrica: hipo ou acloridria, com mínima resposta ao estímulo com pentagastrina; - Gastrina sérica; - Bilitec 2000 (melhor método): inclui eletrodos posicionados no estômago e/ou no esôfago, é capaz de monitorar por 24 h, através de propriedades espectrofotoquímicas, a exposição das mucosas destes segmentos a material refluído contendo bilirrubina; e - Estudos de esvaziamento do remanescente gástrico. gastrite linfocítica etiologia - Mecanismo de hipersensibilidade de origem desconhecida; - Pode ocorrer como resposta imunológica a determinados casos de infecção pelo H. pylori, ou uma manifestação de doença intestinal, tipo celíaca ou espru, em que a infiltração linfocítica, observada nestas en- tidades, pudesse acometer o epitélio gástrico. Fisiopatologia - Gastrite varioliforme ou gastrite erosiva crônica; - Múltiplas nodulações com erosões centrais e hiperemia circunjacente que se distribuem em filas no topo das pregas; manifestações clínicas - Maioria assintomático; - Podem apresentar sintomatolo- gia sugestiva de úlcera péptica e/ou evidências de hemorragia digestiva alta, manifesta ou oculta; DIAGNÓSTICO - Endoscopia; - Exame histológico: presença de mais de 30 linfócitos intraepiteliais/100 células epiteliais, enquanto, em estômagos normais, se observam, no máximo, 7 linfócitos intraepiteliais/100 células epiteliais; gastrite granulomatosa não infecciosa - Presença de infiltrado granulomatoso; - Os granulomas possuem origem incerta sendo as mais prováveis: em reação à presença de fio de sutura e talco, secundários a tuberculose, sífilis, histoplasmose, esquistossomose; daqueles secundários a neoplasias como linfomas e carcinomas e a doenças idiopáticas como sarcoidose, doença de Crohn ou gastrite granulomatosa isolada. aguda - Condição transitória; - Acomete todo o estomago inicialmente e depois se concentra no antro e duodeno; - O tecido lesionado fica adjacente as lesões e se concentra na zona subepitelial; - Histologicamente é possível visualizar edema difuso da lâmina própria, congestão capilar e graus variados de hemorragia intersticial; - Erosões no tecido podem estar presentes, mas possuem reparação rápida; gastrite aguda hemorrágica/gastrite erosiva aguda/ lesão aguda da mucosa gastroduodenal (LAMGD) etiologia - Trauma cranioencefálico ou queimaduras extensas; fisiopatologia - é caracteriazada por lesões agudas em resposta a grandes traumas; - Pode apresentar a formação de ulcera, mas caracteristicamente ocorre a formação de múltiplas lesões hemorrágicas, puntiformes, associadas a alterações da superfície epitelial e edema na região proximal do estomago; - Ocorre como complicação clinica a exteriorização da hemorragia gastrointestinal; - O processo patogênico refere-se a mudança nos mecanismos de defesa da mucosa intestinal; diagnóstico - Endoscopia; Gastrite aguda por Helicobacter pylori (H. pylori) FISIOPATOLOGIA - Contágio por via oral; - Entra em contato com o muco e se múltipla em contato com as células epiteliais que desencadeiam um processo de diminuição da produção de muco e metaplasia celular; - Agentes quimiotáticos: subs. liberadas pelas bactérias que induzem a migração de neutrófilos para o epitélio gástrico, também ativam mastócitos que aumentam a permeabilidade vascular e por fim induzem a maior migração de leucócitos; - Interleucina – 8: produção induzida pela H. pylori e potencializada pelo fator de necrose tumoral e interleucina -1 liberados pelos macrófagos que amplia a resposta imunológica; - Hipocloridria e ausência de secreção de ácido ascórbico; - Comprometimento do antro e corpo gástrico, podendo ou não ter lesões macroscópicas, como enantema até erosões, úlceras ou, mesmo, lesões pseudotumorais. manifestações clínicas - Dor ou mal estar epigástrico, pirose, náuseas, vômitos, flatulência, sialorreia (salivação excessiva), halitose, cefaleia e astenia; - Duração de 1-2 semanas; diagnóstico - Histologia, testes respiratórios com carbono 13 ou 14, cultura e teste da urease; - A sorologia pode ser realizada, mas possui grande chance de falso-negativo em infecções recentes. gastrite supurativa ou flegmonosa aguda etiologia - Pode ter origem em complicação de doença sistêmica ou septicemia, tendo sido descrita após empiema, meningite e endocardite pneumocócica; - Principais agentes: germes gram-positivos, especialmente Streptococcus spp.; - Outras possíveis causas: infecção por Pneumococcus spp., Staphylococcus spp., Proteus vulgaris, Escherichia coli e Clostri- dium welchii; - Fatores de predisposição: cirurgia gástrica prévia, hipoclo- ridria, câncer gástrico, úlcera gástrica e gastrite; fisiopatologia - Forma rara de gastrite aguda; - Infecção bacteriana da mucosa muscular e da submucosa do estômago, em que fica retida a região da cárdia e piloro, poupando assim a mucosa gástrica; - Recrutamento de infiltração de células plasmáticas, linfócitos e polimorfonucleares; manifestações clínicas - Dor epigástrica, náuseas e vômitos purulentos, constituindo sintomas comumente observados; - Pode ocorrer irritação peritoneal; diagnóstico - Radiografia: gás na submucosa gástrica e espessamento das pregas gástricas com redução da distensibilidade antral; - Hemograma: Leucocitose com desvio para a esquerda é quase sempre descrita, sendo a amilase normal; - Laparotomia exploradora e necropsia; H. PYLORI MICROBIOLOGIA - Bastonetes curvos microaerofílicos com flagelos múltiplos; - Gram-negativa; - Causa mais comum de úlceras pépticas em seres humanos e pode causar também câncer de estômago; - Possui a capacidade de secretar urease, que contribui para que produza amônia suficiente para tamponar a acidez do seu ambiente imediato; TRATAMENTO - Terapia tripla: 1. IBP + amoxicilina + claritromicina; 2. IBP + amoxicilina + levofloxacino; - Terapia quadrupla: 1. IBP + sais de bismuto + tetraciclina + metronidrazol; 2. IBP + amoxicilina + claritromicina + metronidrazol; * Para alérgicos a penicilina inclui-se no lugar da claritromicina a doxiciclina ou tetraciclina e metronidazol; relação com a neoplasia gástrica - H. pylori produz enzimas e toxinas que têm a capacidade de interferir na proteção local da mucosa gástrica contra a ação do ácido, causar inflamação intensa e desencadear uma reação imune Desse modo, há aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-6, IL-8), que ajudam a recrutar e ativar neutrófilos; - Várias proteínas do H. pylori são imunogênicas e desencadeiam uma reação imune intensa na mucosa. Linfócitos B e T podem ser encontrados na gastrite crônica causada por esse microrganismo. Embora não tenham sido esclarecidas, a ativação das células B pelas células T pode estar envolvida na patogênese dos linfomas gástricos. REFERENCIAS DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2011. E-book. ISBN 978-85-277-1970-4. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1970-4/. Acesso em: 09 fev. 2023. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2021. E-book. ISBN 9788527737876. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737876/. Acesso em: 09 fev. 2023. TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2017. E-book. ISBN9788582713549. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713549/. Acesso em: 09 fev. 2023. OELHO, L. G. V. et al.. IVTH BRAZILIAN CONSENSUS CONFERENCE ON HELICOBACTER PYLORI INFECTION. Arquivos de Gastroenterologia, v. 55, n. Arq. Gastroenterol., 2018 55(2), abr. 2018.
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