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Anderson Soares Gastrite OBJETIVOS 1. Revisar a fisiologia da secreção gástrica e os mecanismos de proteção do estômago; 2. Diferenciar gastrite crônica de aguda; 3. Identificar a etiopatogenia e os fatores de risco da gastrite; 4. Listar os sinais, sintomas e complicações da gastrite; 5. Discorrer sobre o diagnóstico da gastrite; 6. Relatar o tratamento da gastrite. FISIOLOGIA Funcionalmente, existem duas regiões glandulares: MUCOSA OXÍNTICA (cél parietal)| MUCOSA PILÓRICA (cél G) Organização da mucosa glandular: Unidades tubulares em 4 regiões • Região da fosseta (células mucosas colunares) • Istmo (células progenitoras multipotentes) • Região da glândula real (parte inferior) As células produtoras de muco migram para cima (lúmen gastrico) e as células produtoras de acido migram para as regiõesmédia e inferior da glândula. As células principais predominam na base e secretam pepsinogênio e leptina. Células neuroendócrinas: a) Células enterocromafins (EC), contêm peptídeo natriurético atrial (ANP), contêm somatostatina, serotonina e adrenomedulina. b) Células semelhantes a enterocromafins (ECL), que contêm histamina. c) Células D, que e amilina. d) Células A-like ou Gr, que contêm grelina e obestatina. A secreção ácida ocorre em 3 fases. Os outros produtos gástricos são secretados paralelos ao ácido. FASES: CEFÁLICA | GÁSTRICA | INTESTINAL A fonte de secreção ácida gástrica é a célula parietal, localizada nas glândulas da mucosa fúndica. A membrana basolateral da célula contém receptores para histamina, gastrina e ACh, que causam secreção potencializada quando todos estão presentes simultaneamente. SECREÇÃO DE ÁCIDO CLORÍDRICO As células parietais secretam íons hidrogênio e cloreto por um processo ativo e dependente de energia ativado por: • Estimulação cefalicovagal: na iminência ou na refeição sinais aferentes do córtex cerebral ou dos órgãos dos sentidos chegam ao núcleo dorsal dos nervos vagos. A partir desses sinais eferentes ativam neurônios excitatórios colinérgicos, cujas terminações estimulam as cél parietais. • Distensão gástrica: a distensão das paredes do estomago desencadeia reflexos vasovagais longos e reflexos intragastricos que estimulam os neurônios pós-ganglionares colinérgicos. A distensão do antro libera gastrina. Gastrite Anderson Soares • Efeitos dos alimentos sobre a mucosa gástrica: proteínas e produtos de sua digestão interagem com receptores de mucosa antral, determinando a liberação de gastrina pelas células G. SECREÇÃO DE PEPSINOGÊNIOS São secretados pelas células principais das glândulas fúndicas e pelas células produtoras de muco do estômago. Depende dos mesmos fatores de secreção do ácido. SECREÇÃO DE MUCO Produzido pelas células superficiais da mucosa gástrica e por células produtoras de muco das glândulas do estômago. SECREÇÃO DE BICARBONATO Secretado pelas células superficiais da mucosa gástrica em menor quantidade em relação ao ácido. SECREÇÃO DE FATOR INTRÍNSECO Secretado pelas células parietais das glândulas fúndicas, o qual se liga às moléculas de vitamina B12, carreando-as até a mucosa do íleo, onde são absorvidas. MECANISMOS DE PROTEÇÃO Principais componentes da barreira gástrica: ÁCIDO | BICARBONATO | PEPSINOGÊNIO | MUCINA | FATORES DE TREVO | EPITÉLIO DE SUPERFÍCIE | DEFESA PÓS-MUCOSA ÁCIDO: É um componente chave da barreira gástrica e serve para prevenir infecção entérica e supercrescimento bacteriano. Além disso, o ácido gástrico atua para potencializar a absorção de ferro, cálcio e vitamina B12, bem como a conversão do pepsinogênio em sua forma ativa, a pepsina. BICARBONATO: Apesar da presença esmagadora de ácido no lúmen gástrico. A secreção de HCO3 mantém uma camada alcalina pré-epitelial para proteger a mucosa subjacente. O HCO3 é cosecretado com mucina em resposta à prostaglandina E2, porém a secreção também é regulada pelo ácido luminal, fator liberador de corticotrofina, uroguanilina e orexina A. PEPSINOGÊNIO: A pró-enzima polipeptídica, pepsinogênio, é sintetizada nas células gástricas principais (e, em menor grau, nas células mucosas do colo) e, uma vez secretada, é ativada pelo ambiente ácido do lúmen gástrico. Além de seu papel digestivo envolvendo a hidrólise da proteína dietética, a pepsina desempenha um papel na morte de bactérias ingeridas e, portanto, auxilia na defesa da mucosa. MUCINA: O muco é secretado por todo o trato aerodigestivo e forma uma barreira física fortemente aderente. No estômago, o muco não agitado separa o epitélio gástrico do ácido luminal, pepsina, organismos e toxinas. Além de formar uma barreira física, a mucina gástrica pode retardar a difusão de prótons. FATORES DE TREVO: São pequenos (7e12 kDa) proteínas resistentes à protease que são co-secretadas com moléculas de mucina no estômago, e podem estar localizadas na camada mucosa gástrica. Os principais fatores do trevo gástrico são o TFF1, secretado pelas glândulas superficiais e fovelolares, e o TFF2, secretado pelas células mucosas do colo. Os TFFs desempenham um papel na montagem e empacotamento intracelular de mucinas. TFF2 aumenta a viscosidade do muco gástrico e estabiliza a rede de gel mucoso. Além disso, as proteínas TFF desempenham um papel fundamental na recuperação epitelial após lesão da mucosa via ativação de vias de sinalização intracelular, como ERK/MAPK e NF-kB. Além dos papéis supressores de tumor e anti- apoptóticos, aos TFFs foram atribuídas propriedades anti-inflamatórias. Essas proteínas interagem com citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento como Anderson Soares moduladores da resposta imune a produtos bacterianos. EPITÉLIO DE SUPERFÍCIE: As células epiteliais de superfície expressam fosfolipídios hidrofóbicos que repelem toxinas solúveis em água e sulfidrilos, que eliminam espécies reativas de oxigênio (ROS). Essas células são unidas por zônulas ocludentes (junções estreitas) que tornam a mucosa impermeável ao ácido luminal e à pepsina. Além de secretar HCO3, TFF e mucina, conforme discutido, as células epiteliais de superfície produzem prostaglandinas (PG), proteínas de choque térmico (HSP), catelicidinas eb-defensinas. As prostaglandinas PGE2 e PGI2 têm um papel na regulação da defesa da mucosa em vários níveis. Os PGs inibem a secreção ácida, estimulam a mucosa e aumentam o fluxo sanguíneo da mucosa, inibem os mastócitos e impedem a agregação de leucócitos e plaquetas. DEFESA PÓS-MUCOSA: Esta é a fronteira final da barreira gástrica. A microvasculatura da mucosa aumenta sua área de superfície em resposta a estímulos nocivos. Esse processo é mediado por nervos aferentes sensoriais que liberam a proteína relacionada ao gene da calcitonina (CGRP), que, por sua vez, é detectada pelas células endoteliais. As células endoteliais subsequentemente secretam prostaciclina (PGI2) e óxido nítrico (NO) que causam vasodilatação. Em face do dano da mucosa, isso permite o fornecimento máximo de sangue ao epitélio em regeneração. Além disso, essa vasodilatação permite que o ácido e as toxinas sejam rapidamente eliminados, evitando assim a exposição repetida GASTRITE AGUDA Caracterizada por infiltrado leucocitário polimorfonuclear da mucosa do antro e do corpo gástrico. O diagnóstico da gastrite aguda é raro com a realização de biópsias, já que ela é, geralmente, uma condição transitória. O diagnóstico baseia-se em um infiltrado inflamatório da mucosa predominantemente de neutrófilos, sendo mínimo, se houver, o aumento de linfócitos e plasmócitos. Outros aspectos, como edema, erosões e hemorragia, são comuns CRÔNICA Algum grau de atrofia (com perda da função da mucosa) ou metaplasia. Com frequência, envolve o antro(com subsequente perda de células G e diminuição da produção de gastroina) ou o corpo (com perda das glândulas oxínticas, provocando produção reduzida de ácido, pepsina e fator intrínseco). ETIOLOGIA / FATORES DE RISCO Causas da gastrite: 1. Gastrite associada ao H. pylori: Esta é a causa mais comum de gastrite em todo o mundo. 2. H. pylori - gastrite negativa: Os pacientes devem preencher todos esses quatro critérios (i) Uma coloração tripla negativa de biópsias da mucosa gástrica (hematoxilina e eosina, a coloração com azul Alcian e uma coloração com prata modificada), (ii) Uma coloração negativa Anderson Soares para H. pylori, (iii) Uma sorologia IgG H. pylori negativa, e (iv) Nenhuma história autorrelatada de tratamento para H. pylori . Nesses pacientes, a causa da gastrite pode estar relacionada ao tabagismo, consumo de álcool e/ou uso de AINEs ou esteroides. 3. Gastrite autoimune: Esta é uma doença inflamatória crônica caracterizada por gastrite atrófica crônica e associada a anticorpos séricos anti-parietal e anti-fator intrínseco elevados. A perda de células parietais resulta na redução da secreção ácida gástrica, necessária para a absorção do ferro inorgânico. Portanto, a deficiência de ferro é comumente um achado em pacientes com gastrite autoimune. A deficiência de ferro nesses pacientes geralmente precede a deficiência de vitamina B12. A doença é comum em mulheres jovens. 4. A gastrite pode ser o resultado de infecção por outros organismos além do H. pylori, como Mycobacterium avium- intracellulare , infecção enterocócica, Herpes simplex e citomegalovírus. A gastrite parasitária pode resultar de infecção por Cryptosporidium, Strongyloides stercoralis ou anisaquíase. 5. A gastrite pode resultar do refluxo do ácido biliar. 6. Gastrite por radiação. 7. Gastrite associada à doença de Crohn: Esta é uma causa incomum de gastrite. 8. Gastrite colagenosa: Esta é uma causa rara de gastrite. A doença apresenta-se caracteristicamente com marcada deposição subepitelial de colágeno acompanhada de infiltrado inflamatório da mucosa. A exata etiologia e patogênese da gastrite colagenosa ainda não está clara. 9. Gastrite eosinofílica: Esta é outra causa rara de gastrite. A doença pode fazer parte dos distúrbios gastrointestinais eosinofílicos que se caracterizam pela ausência de causas conhecidas de eosinofilia (não secundária a uma infecção, doença inflamatória sistemática ou qualquer outra causa para explicar a eosinofilia). 10. Gastrite associada à sarcoidose: A sarcoidose é uma doença multissistêmica caracterizada pela presença de granulomas não caseosos. Embora a sarcoidose possa afetar qualquer órgão do corpo, o trato gastrointestinal, incluindo o estômago, raramente é afetado. 11. Gastrite linfocítica: Esta é uma causa rara de gastrite. A etiologia da gastrite linfocítica permanece indefinida, mas uma associação com infecção por H. pylori ou doença celíaca tem sido sugerida. 12. Gastrite isquêmica: é rara e está associada a alta mortalidade. 13. Gastrite associada a vasculite: Doenças que causam vasculite sistêmica podem causar infiltração granulomatosa do estômago. Um exemplo é a granulomatose com poliangeíte, anteriormente conhecida como granulomatose de Wegner. 14. Doença de Ménétrier: Esta doença é caracterizada por: a) Presença de grandes pregas mucosas gástricas no corpo e fundo do estômago, b) Hiperplasia foveolar maciça de células mucosas superficiais e glandulares, c) Gastropatia perdedora de proteínas, hipoalbuminemia, e edema em 20 a 100% dos pacientes, d) Redução da secreção de ácido gástrico devido à perda de células parietais. FATORES DE RISCO Infecção bacteriana • Helicobacter pylori Anderson Soares Uso regular de analgésicos (AINES) • Inibição da enzima COX-1 responsável pela secreção basal de prostaglandinas (PGE2), responsáveis pelo estímulo da mucosa para a secreção do muco. Idade avançada • Tendência da diminuição da espessura do revestimento do estômago com a idade. Uso excessivo de álcool Estresse Autoimunidade FISIOPATOLOGIA A transmissão da gastrite associada ao H.pylori é pela via fecal-oral. H. pylori possui vários fatores de virulência que facilitam a adesão celular (por exemplo, BabA/B, sabA, OipA), dano celular e ruptura de junções apertadas (por exemplo, Ure A/B) e evasão da resposta imune (por exemplo, LPS). Em particular, o gene a associado à citotoxina (CagA) é considerado um potente indutor de inflamação e correlacionado com o desenvolvimento de câncer gástrico. Outro fator que influencia os efeitos patogênicos do H. pylori são os fatores do hospedeiro. Os fatores suscetíveis do hospedeiro, como polimorfismo em genes que codificam para receptores altos ou citocinas específicas. A infecção com H. pylori desencadeia IL-8, que atrai neutrófilos que liberam oxirradicais levando a danos celulares. A infiltração de linfócitos também está presente na infecção por H. pylori. A gastrite crônica resulta principalmente da infecção por H. pylori e aparece como forma não atrófica ou atrófica. A progressão da gastrite aguda para crônica começa na infância como uma inflamação mononuclear superficial crônica simples da mucosa gástrica que evolui em anos ou décadas para gastrite atrófica caracterizada pela perda de glândulas mucosas normais no antro, corpo, fundo ou todos. Os fatores que determinam a progressão para gastrite atrófica e sequelas como úlcera péptica ou câncer gástrico não são claramente compreendidos e imprevisíveis. No entanto, vírus Epstein-Barr (EBV) e citomegalovírus humano (HCMV) foram identificados em tumores gástricos e DNA de H. pylori, EBV e PCR determinaram a presença de HCMV em biópsias de pacientes com câncer gástrico complicando gastrite crônica. Alguns pesquisadores confirmaram o envolvimento de EBV e H. pylori no desenvolvimento de câncer gástrico em pacientes com gastrite crônica. Os AINEs causam gastrite através da inibição da síntese de prostaglandinas. As prostaglandinas são responsáveis pela manutenção dos mecanismos de proteção da mucosa gástrica contra as lesões causadas pelo ácido clorídrico. A patogênese da gastrite autoimune se concentra em duas teorias. Primeira teoria: uma resposta imune contra H. pylori sobreposta ao antígeno é acionado, o antígeno reage de forma cruzada com antígenos dentro da proteína da bomba de prótons ou do fator intrínseco, levando a uma cascata de alterações celulares e causando danos às células parietais e interrompendo a secreção de ácido clorídrico e, assim, essas células gradualmente se tornam atróficas e não funcionam. Segunda teoria: assume que o distúrbio autoimune se desenvolve independentemente da infecção por H. pylori e se dirige contra as proteínas da bomba de prótons. De acordo com ambas as teorias, a gastrite autoimune é o resultado de uma complexa interação entre suscetibilidade genética e fatores ambientais resultando em desregulação imunológica envolvendo linfócitos T sensibilizados e autoanticorpos direcionados contra células parietais e o fator intrínseco. Anderson Soares HISTOPATOLOGIA Ocorre com a presença de pelo menos neutrófilos de grau 2 ou células mononucleares em pelo menos um local de biopsia gástrica ou neutrófilos ou células mononucleares de grau 1 em pelo menos dois locais. Faz-se a amostra de 5 espécimes de biopsia gástrica dos locais: CURVATURA MAIOR E MENOR DO ANTRO | INCISURA | CURVATURA MAIOR E MENOR DO CORPO. Na infecção por H. pylori o primeiro aparecimento de gastrite tende a ser antral. A inflamação, composta principalmente por células inflamatórias mononucleares e plasmócitos, é superficial e principalmente nas camadassuperiores da mucosa do corpo. A inflamação crônica da mucosa gástrica está associada à inflamação neutrofílica, com os efeitos dependentes da citotoxicidade da cepa de H. pylori. As cepas mais citotóxicas resultarão no desenvolvimento de gastrite atrófica. As glândulas mucosas perdidas na gastrite atrófica são substituídas por novas células glandulares e epiteliais imaturas que se assemelham às glândulas dos tecidos intestinais. Nas fases iniciais da gastrite autoimune, a infiltração linfocitária e plasmocitária da mucosa oxíntica está presente com acentuação na porção glandular mais profunda. A hiperplasia de células endócrinas na mucosa gástrica é uma característica precoce da gastrite autoimune. As glândulas oxínticas podem sofrer destruição e as células parietais apresentam pseudo-hipertrofia à medida que a doença progride. Na doença avançada, estão presentes atrofia acentuada das glândulas oxínticas, juntamente com infiltração linfoblástica difusa da lâmina própria. A metaplasia intestinal está presente na doença terminal. SINAIS E SINTOMAS A maior parte dos pacientes com gastrite são assintomáticos e a minoria apresenta sintomas dispépticos. As queixas são muito variáveis, podendo ocorrer desconforto e estufamento pós- prandial, náuseas, vômitos e dor epigástrica, geralmente relacionadas com a ingestão de determinados alimentos, bebidas alcoólicas ou conflitos emocionais. COMPLICAÇÕES Úlcera péptica Câncer gástrico (adenocarcinoma) Gastrite atrófica crônica Metaplasia/displasia gástrica Anemia por deficiência de ferro Deficiência de vitamina B12 Sangramento gástrico Acloridia DIAGNÓSTICO A endoscopia e a biópsia são o padrão-ouro para fazer o diagnóstico, identificando sua distribuição, gravidade e causa. PARA H. PYLORI Métodos invasivos (requerem gastroscopia e biópsias): 1. Coloração histológica; 2. Culturas; 3. Teste rápido de urease 4. Detecção molecular (DNA e PCR). Métodos não invasivos: Anderson Soares 1. Teste respiratório com urease (C13- UBT); 2. Teste de antígeno fecal; 3. Sorologia (não diferenciam infecção ativa e passada). PARA GASTRITE AUTOIMUNE Exame laboratorial e histológico: 1. Gastrite atrófica do corpo gástrico (corpo) e fundo do estômago; 2. Autoanticorpos contra o fator intrínseco e as células parietais (mais sensível que de FI), 3. Níveis séricos elevados de gastrina, 4. Nível sérico de pepsinogênio 1; 5. Proporções de pepsinogênio 1 para pepsinogênio 2. Determinação do risco de câncer gástrico na gastrite autoimune: 1. Baixos níveis de pepsinogênio 1, 2. Baixas proporções pepsinogênio 1/pepsinogênio 2, 3. Alta gastrina sérica em jejum, 4. Gastrite atrófica do corpo e fundo. A anemia perniciosa é uma condição de anemia macrocítica associada a baixos níveis de cobalamina e gastrite atrófica do fundo do corpo associada a anticorpos de células parietais ou autoanticorpos de fator intrínseco. Outros: Anticorpos gastrina-17, IgG e anti- H. pylori , citocinas (como IL-8) e grelina (um peptídeo liberador de hormônio do crescimento que é produzido principalmente pela mucosa do fundo). TRATAMENTO Antibióticos (na gastrite por H. pylori) Suplementação vitamínica (na gastrite atrófica metaplásica autoimune) Terapia imunomoduladora (na enteropatia autoimune) Modificações na dieta (na gastrite eosinofílica). GASTRITE ASSOCIADA AO H. PYLORI: Uma terapia tripla de claritromicina/inibidor da bomba de prótons/amoxicilina por 14 a 21 dias é considerada a primeira linha de tratamento. A claritromicina é preferível ao metronidazol porque as taxas de recorrência com claritromicina são muito menores em comparação com uma terapia tripla usando metronidazol. No entanto, em áreas onde a resistência à claritromicina é conhecida, o metronidazol é a opção de escolha. A terapia contendo bismuto quádruplo seria benéfica, principalmente se estiver usando metronidazol. Após duas falhas de erradicação, cultura de H. pylori e testes de resistência a antibióticos devem ser considerados. GASTRITE AUTOIMUNE: É necessária a substituição da deficiência de ferro e vitamina B12 (1000 microgramas parenterais ou 1000 a 2000 microgramas orais). Monitorar os níveis de ferro e folato e erradicar qualquer co-infecção com H. pylori. A vigilância endoscópica para risco de câncer e tumores neuroendócrinos gástricos (TNE) é necessária. Outras formas de tratamento na gastrite incluem cessação do álcool, tabagismo, medicamentos anti-inflamatórios, alimentos condimentados, bem como controle do estresse, terapia imunomoduladora na enteropatia autoimune e modificação da dieta na gastrite eosinofílica. REFERÊNCIAS AZER, Samy A.; AKHONDI, Hossein. Gastritis. 2019. VARBANOVA, Mariya; FRAUENSCHLÄGER, Katrin; MALFERTHEINER, Peter. Chronic gastritis–An update. Best Practice & Research Clinical Gastroenterology, v. 28, n. 6, p. 1031- 1042, 2014. DI MARIO, Francesco; GONI, Elisabetta. Gastric acid secretion: changes during a century. Best Practice & Research Clinical Gastroenterology, v. 28, n. 6, p. 953-965, 2014. Anderson Soares BOLTIN, Doron; NIV, Yaron. Pharmacological and alimentary alteration of the gastric barrier. Best Practice & Research Clinical Gastroenterology, v. 28, n. 6, p. 981-994, 2014. ZATERKA, Shlioma; EISIG, Jaime Natan. Tratado de gastroenterologia: da graduação a pós-graduação. São Paulo: Atheneu. Cap, v. 46, p. 517-653, 2016. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. In: Semiologia médica. 2009. p. 1308-1308.
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