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Prévia do material em texto

Diversidade Cultural e os Patrimônios 
Históricos da Humanidade
APRESENTAÇÃO
Uma interpretação formulada no século XIX, sobre a formação histórica do Brasil, segue 
vigente até os dias de hoje, afirmando que a sociedade brasileira se compôs de três raças – os 
indígenas, os brancos (europeus) e os negros (africanos) –, e sustentando determinados 
mitos como a democracia racial – uma coexistência harmoniosa e pacífica na composição étnica 
brasileira, resultado da miscigenação.
Contudo, uma série de trabalhos das mais diferentes áreas do conhecimento tem revisto essa 
interpretação, ressaltando os ideais de branquitude que nortearam as políticas estatais desde os 
anos 1800, refletindo diretamente nos estudos sobre a musealização, a patrimonialização e a 
preservação. O que tem se questionado é se essas iniciativas têm procurado valorizar a 
diversidade cultural brasileira.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a diversidade cultural brasileira, sua 
relevância e a riqueza de suas manifestações, bem como o patrimônio histórico e sua 
contribuição para a formação da identidade. Por fim, você vai aprender como trabalhar a 
diversidade e o patrimônio no ensino de história.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Discutir a relevância e a riqueza da diversidade cultural brasileira.•
Identificar o conceito de patrimônio histórico e a sua importância para a formação da 
identidade histórica brasileira.
•
Relacionar o trabalho com a diversidade cultural e o patrimônio da humanidade a partir de 
temas do ensino de história.
•
DESAFIO
Em setembro de 2018, um incêndio de enormes proporções destruiu o Museu Nacional, no Rio 
de Janeiro. Grande parte do acervo arqueológico, cultural, etnográfico e histórico foi destruído, 
representando uma perda inestimável para o Brasil e o mundo. Diversos países manifestaram 
solidariedade ao governo brasileiro, e se prontificaram em contribuir para a reconstrução do 
museu e a recomposição de seu acervo. Contudo, muitas autoridades brasileiras manifestaram 
pouco interesse no episódio, e, nas redes sociais, pôde-se observar pessoas proferindo opiniões, 
tais como: "o que importa o passado" ou "agora que já queimou, já era".
Pensando nesse cenário, coloque-se no papel de professor de uma turma do oitavo ano do 
Ensino Fundamental e imagine que você está trabalhando o Brasil do século XIX. 
Seu Desafio, portanto, é explicar o que você faria para despertar nesses alunos uma preocupação 
e um compromisso com o patrimônio histórico e cultural.
INFOGRÁFICO
O Brasil tem registrado 14 bens como patrimônio histórico da humanidade, segundo a Unesco. 
O primeiro deles foi registrado em 1980, o que evidencia o fato de que a preocupação com a 
preservação do patrimônio iniciou-se na década de 1970.
No Infográfico a seguir, conheça alguns desses patrimônios e perceba a diferença entre registro 
e tombamento de patrimônio, duas formas diferentes de preservação, mas destinadas a bens 
diferentes. 
Confira.
CONTEÚDO DO LIVRO
Você já ouviu o samba Canto das três raças, interpretado por Clara Nunes? Esse é apenas um 
dos exemplos de uma série de artistas e intelectuais que compreendem a diversidade cultural na 
formação da sociedade brasileira. Mas será que essas três raças têm a mesma representatividade 
nas manifestações culturais conservadas e patrimonializadas no país? Que tal refletir um pouco 
sobre isso?
No capítulo Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade, da obra Conteúdo e 
metodologia do ensino de história, você vai estudar sobre a diversidade cultural brasileira, sua 
riqueza e sua relevância nacional e internacional, refletindo sobre o patrimônio histórico e 
percebendo como ele se relaciona com a formação da identidade nacional brasileira. Ainda, vai 
conhecer uma série de estratégias e metodologias para trabalhar com a educação patrimonial em 
sala de aula.
Boa leitura.
CONTEÚDO E 
METODOLOGIA DO 
ENSINO DE 
HISTÓRIA
Caroline Silveira 
Bauer 
Diversidade cultural e os 
patrimônios históricos 
da humanidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Discutir a relevância e a riqueza da diversidade cultural brasileira.
  Identificar o conceito de patrimônio histórico e sua importância para 
a formação da identidade histórica brasileira.
  Relacionar o trabalho com a diversidade cultural e o patrimônio da 
humanidade a partir de temas do ensino de história.
Introdução
Quando se estuda a formação histórica do Brasil e, por consequência, a 
diversidade cultural que marca a sociedade brasileira, é muito comum se 
ouvir sobre as "três raças" que a compuseram — os indígenas, os brancos 
(europeus) e os negros (africanos) —, assim como sobre a miscigenação. 
Entretanto, uma série de trabalhos vem questionando o chamado mito 
da "democracia racial", ou seja, a ideia de que haveria uma coexistência 
harmoniosa e pacífica na composição étnica brasileira. Da mesma forma, 
outros trabalhos têm problematizado se os processos de musealização, 
patrimonialização e preservação correspondem à diversidade cultural 
brasileira, ou se somente uma "cultura maior" está sendo alvo do ímpeto 
de conservação do passado.
Neste capítulo, você vai estudar a diversidade cultural brasileira, veri-
ficando a sua relevância e a riqueza de suas manifestações. Vai aprender, 
também, o que é patrimônio histórico e qual é a sua contribuição para a 
formação da identidade, especificamente no caso brasileiro. Por fim, você 
vai ver como trabalhar, a partir do ensino de história, com a diversidade 
cultural e os patrimônios históricos da humanidade.
A diversidade cultural brasileira
A diversidade cultural brasileira já foi retratada por meio de inúmeras 
expressões artísticas. Além disso, a cultura brasileira têm sido objeto de 
estudos de antropólogos, cientistas sociais e historiadores das mais dife-
rentes correntes de pensamento. Todos parecem concordar, no entanto, que 
uma das características mais marcantes da cultura nacional é a riqueza de 
sua diversidade. Tal riqueza resultaria do processo histórico de formação 
da sociedade, de sua composição étnica e das peculiaridades de cada uma 
das regiões do País.
Mas você sabe o que é diversidade cultural? Existem muitos entendi-
mentos sobre essa expressão, porém a Organização das Nações Unidas 
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) utiliza uma definição que 
pode ajudar você a compreender essa noção:
“Diversidade cultural” refere-se à multiplicidade de formas pelas quais as 
culturas dos grupos e sociedades encontram sua expressão. Tais expressões 
são transmitidas entre e dentro dos grupos e sociedades. A diversidade 
cultural se manifesta não apenas nas variadas formas pelas quais se ex-
pressa, se enriquece e se transmite o patrimônio cultural da humanidade 
mediante a variedade das expressões culturais, mas também através dos 
diversos modos de criação, produção, difusão, distribuição e fruição das 
expressões culturais, quaisquer que sejam os meios e tecnologias empre-
gados (UNESCO, 2005, documento on-line).
Dessa forma, seria mais apropriado se falar em “culturas brasileiras” 
para que a expressão abrangesse a diversidade característica da sociedade 
nacional, que é multirracial e multiétnica e, por consequência, pluricultural. 
Afirmar que o Brasil é um país pluricultural significa reconhecer que 
existem diferentes formas, hábitos e práticas de se relacionar com o mundo 
e interpretá-lo. A riqueza da diversidade cultural do País reside justamente 
nos distintos costumes, comidas, festividades, sotaques e vestimentas, 
ainda que as pessoas residentes por aqui estejam reunidas sob a mesma 
alcunha de “brasileiros”.
Porém, como o Brasil é um país de inúmeras desigualdades, também no 
âmbito cultural há uma hierarquização entre as culturas, com ampla valorização 
das contribuições de origem europeia, em detrimentodas culturas africanas e 
indígenas, por exemplo. Essa desigualdade e essa hierarquização são expres-
sas, por exemplo, nos currículos e nos livros didáticos. Nesses materiais, a 
Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade2
abordagem sobre as minorias é feita de forma folclórica, como exemplificação 
de “outras culturas”, geralmente em boxes e informações complementares, 
como anexos ao conteúdo principal.
Essa situação pode levar você a se questionar sobre a relação entre o 
silenciamento desses sujeitos históricos na educação e os índices de evasão 
e repetência escolar. Será que a escola está preparada para conviver com a 
diversidade cultural e promovê-la? Veja o que afirma Gadotti (1992, p. 20) 
sobre a escola, o currículo, a identidade e a questão da diversidade cultural:
Isso me levou a concluir que nossa escola não resolveu a questão da trans-
missão do conhecimento para as camadas populares. É uma escola de classe 
média, tentando impor conceitos e valores da classe média. Não consegue 
fazer a síntese entre a cultura elaborada e a “cultura popular” (Paulo Freire), a 
“cultura primeira” (Georges Snyders). Apesar de muitas pesquisas e estudos, 
os nossos currículos não conseguiram equacionar adequadamente a relação 
entre a identidade cultural e o itinerário educativo dos alunos provenientes 
das camadas populares. Os nossos currículos ainda apresentam aos alunos um 
pacote de conhecimentos que eles devem aprender, tenham ou não significado 
para eles. Eles são avaliados — aprovados ou reprovados — em função da 
assimilação ou não desse pacote de conhecimentos.
Algumas iniciativas governamentais vêm sendo desenvolvidas nos últimos 
anos para promover a valorização da diversidade étnico-cultural da formação 
da sociedade brasileira. Uma delas foi a promulgação da Lei nº 11.645, de 10 de 
março de 2008, que tornou obrigatórios os conteúdos e o ensino das histórias 
e culturas afro-brasileira e indígena.
A promulgação dessa lei insere-se na perspectiva de uma educação mul-
ticultural e está em consonância com o que o Gadotti (1992) propunha para 
uma educação mais democrática, plena de sentidos para os alunos. Veja:
A teoria de uma educação multicultural visa a responder adequadamente a 
essa questão, levando em conta a diversidade cultural e social dos alunos. A 
primeira regra dessa teoria da educação é o pluralismo e o respeito à cultura 
do aluno. Ela tem, portanto, como valor básico, a democracia. [...] A educação 
multicultural pretende enfrentar o desafio de manter o equilíbrio entre a cultura 
local, regional, própria de um grupo social ou minoria étnica, e uma cultura 
universal, patrimônio hoje da humanidade. A escola que se inscreve nessa 
perspectiva procura abrir os horizontes de seus alunos para a compreensão de 
outras culturas, de outras linguagens e modos de pensar, num mundo cada vez 
mais próximo, procurando construir uma sociedade pluralista e independente 
(GADOTTI, 1992, p. 20-21).
3Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade
Assim, pode-se afirmar que a diversidade cultural brasileira somente estará 
protegida e poderá ser promovida se forem reconhecidas, sem hierarquias e res-
peitando as diferenças, as distintas culturas que formam a sociedade nacional.
Leia a tese de Lourenço Cardoso “O branco ante a rebeldia do desejo: um estudo 
sobre a branquitude no Brasil”, disponível no link a seguir. Nela, você vai aprender 
mais sobre o conceito de “branquitude” e sua importância para a compreensão das 
relações étnico-raciais no Brasil.
https://goo.gl/GPgFff
O patrimônio histórico e a identidade nacional
Você sabe o que signifi ca patrimônio histórico? Antes de conhecer uma 
defi nição, você deve verifi car como foi desenvolvida a ideia de conservação 
e preservação de edifi cações, expressões e manifestações das gerações 
passadas. Por incrível que pareça, a noção de patrimonializar com o sentido 
de “conservar” ou “preservar” é uma ideia que remonta aos anos 1970 e à 
sociedade europeia, que passou a experimentar, naquele período, mudanças 
em sua relação com o tempo (HARTOG, 2014).
Essas mudanças, decorrentes das grandes guerras mundiais e de suas perdas 
humanas, fizeram com que se concebesse o esquecimento como algo pernicioso 
para o futuro daquelas sociedades, levando-as a uma onda memorialística e 
de patrimonialização. Segundo Hartog (2014), esse movimento de expansão 
e universalização do patrimônio é o que marca as relações entre os termos 
“memória”, “patrimônio”, “história”, “identidade” e “nação”, que parecem 
“obrigar” os Estados a conservar, reabilitar e comemorar seus passados. 
Como os processos de conservação, preservação, registro e tombamento de 
bens relacionados ao patrimônio histórico de um país dependem de leis e 
regulamentos, percebe-se a intervenção direta do poder estatal nessas medi-
das. Ou seja, em grande medida, é o Estado que configura a preservação de 
determinadas histórias e memórias de um país.
Como você viu anteriormente, para o autor, essa preocupação com a pre-
servação é indício da mudança de uma experiência temporal. Hartog (2014) 
defende que se viva, contemporaneamente, mas não hegemonicamente, em 
Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade4
uma experiência de tempo presentista, após uma perspectiva em que o passado 
guiava a experiência humana (até meados do século XIX) e, posteriormente, uma 
perspectiva em que o futuro era tido como orientação temporal (até os anos 1960). 
Na experiência de tempo presentista, as relações que as sociedades estabelecem 
com a história e o patrimônio são um avanço do presente em direção ao passado, 
em uma busca por origens, genealogias, identidades e raízes, bem como pela 
conservação de edifícios, monumentos, objetos e também de certos estilos de 
vida e práticas, o que pode ser evidenciado pela moda retrô (HARTOG, 2014).
Nas palavras de Hartog (2014, p. 151):
Em meados dos anos 1970, outra fenda manifesta-se nesse presente. Ele começa 
a se mostrar preocupado com a conservação (de monumentos, de objetos, de 
modos de vida, de paisagens, de espécies animais) e ansioso em defender o 
meio ambiente. Os modos de vida local e a ecologia, de temas exclusivamente 
contestatórios passaram a ser temas mobilizadores e promissores. Gradati-
vamente, a conservação e a renovação substituíram, nas políticas urbanas, 
o mero imperativo de modernização, cuja brilhante e brutal evidência não 
tinha sido questionada até então. Como se se quisesse preservar, na verdade, 
reconstruir um passado já extinto ou prestes a desaparecer para sempre. Já 
inquieto, o presente descobre-se igualmente em busca de raízes e de identidade, 
preocupado com memória e genealogias.
Sendo esse um processo muito recente, não espanta que os primeiros bens 
considerados patrimônios da humanidade no Brasil tenham sido reconhecidos 
nos anos 1980. Porém, antes de você aprender sobre a política do patrimônio 
no Brasil e sobre como esse debate contribui para a formação da identidade 
brasileira, é importante que conheça a definição de “patrimônio histórico”.
Mais genericamente, Chagas (2002, p. 36) afirma que patrimônio é “[...] 
um conjunto determinado de bens tangíveis, intangíveis e naturais, envolvendo 
saberes e práticas sociais, a que se atribui determinados valores e desejos 
de partilha (perspectiva sincrônica) entre contemporâneos e de transmissão 
(perspectiva diacrônica) de uma geração para outra geração [...]”.
De maneira mais específica, Canclini (1994, p. 99) apresenta uma definição 
possível de patrimônio cultural:
O patrimônio cultural — ou seja, o que um conjunto social considera como 
cultura própria, que sustenta sua identidade e o diferencia de outros grupos 
— não abarca apenas os monumentos históricos, o desenho urbanístico e 
outros bens físicos; a experiência vivida também se condensa em lingua-
gens, conhecimentos, tradições imateriais, modos de usar os bens e os 
patrimônios físicos.
5Diversidade cultural e os patrimônios históricosda humanidade
Assim, utilizando as definições anteriores, pode-se construir uma noção 
de patrimônio histórico como um conjunto de bens que são conservados como 
evidências de determinado passado considerado parte constitutiva de uma 
nação e de sua identidade. Tal patrimônio contribui para contar a história e 
consolidar a memória social dessa nação. Além disso, a sua conservação é 
considerada um legado das gerações anteriores.
No Brasil, a primeira política pública voltada para a conservação do patri-
mônio histórico foi a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico 
Nacional (SPHAN), em 30 de novembro de 1937. O SPHAN, posteriormente, 
transformou-se no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(IPHAN), responsável atualmente pela preservação do patrimônio brasileiro. 
O IPHAN aliou-se às demandas internacionais sobre o patrimônio e o Brasil 
ratificou, em 2006, as recomendações da Unesco na Convenção Sobre a 
Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais.
Os objetivos da Convenção eram:
(a) proteger e promover a diversidade das expressões culturais; (b) criar 
condições para que as culturas floresçam e interajam livremente em benefício 
mútuo; (c) encorajar o diálogo entre culturas a fim de assegurar intercâmbios 
culturais mais amplos e equilibrados no mundo em favor do respeito inter-
cultural e de uma cultura da paz; (d) fomentar a interculturalidade de forma 
a desenvolver a interação cultural, no espírito de construir pontes entre os 
povos; (e) promover o respeito pela diversidade das expressões culturais e 
a conscientização de seu valor nos planos local, nacional e internacional; 
(f) reafirmar a importância do vínculo entre cultura e desenvolvimento 
para todos os países, especialmente para países em desenvolvimento, e 
encorajar as ações empreendidas no plano nacional e internacional para 
que se reconheça o autêntico valor desse vínculo; (g) reconhecer a natureza 
específica das atividades, bens e serviços culturais enquanto portadores 
de identidades, valores e significados; (h) reafirmar o direito soberano 
dos Estados de conservar, adotar e implementar as políticas e medidas 
que considerem apropriadas para a proteção e promoção da diversidade 
das expressões culturais em seu território; (i) fortalecer a cooperação e a 
solidariedade internacionais em um espírito de parceria visando, especial-
mente, ao aprimoramento das capacidades dos países em desenvolvimento 
de protegerem e de promoverem a diversidade das expressões culturais 
(UNESCO, 2005, documento on-line).
E você sabe que relação o patrimônio histórico estabelece com a forma-
ção da identidade brasileira? Primeiro, você deve considerar que o conceito 
de identidade possui múltiplas definições. Quando relacionado a sujeitos e 
coletividades, o termo faz referência às concepções que o indivíduo ou o 
Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade6
grupo possuem de si, reconhecendo seu pertencimento e sua congregação a 
coletivos. Por isso se fala de identidades culturais, étnicas, nacionais, políticas 
e religiosas. Porém, aqui interessam particularmente as apropriações que o 
campo do patrimônio fez do conceito de identidade, relacionando-o com a 
conformação e o fortalecimento das identidades nacionais.
A formação dos Estados nacionais europeus entre os séculos XVI e XIX 
demonstra uma série de disputas e preocupações em se estabelecer um sen-
timento de unidade entre os habitantes de determinado território. Muitas 
vezes, essa unidade era facilmente reconhecida, pela origem étnica ou pela 
língua, por exemplo. Em outros casos, precisou ser construída, inventada, para 
viabilizar a construção de uma “nação”. Nesse sentido, a identidade nacional 
dependeu do reconhecimento de um “passado comum”, sustentado por “tra-
dições inventadas” (HOBSBAWM; RANGER, 2012), muitas delas relatadas 
como a “história oficial”. E, aqui, você pode perceber a vinculação precisa 
existente entre a identidade nacional e o patrimônio. Os bens que compõem 
os patrimônios materiais e imateriais têm como objetivo “materializar” a “co-
munidade imaginada” (ANDERSON, 2008), que é a nação e a nacionalidade.
Em outras palavras, quando se fala em preservar um bem material ou 
imaterial, está em jogo a construção de uma memória. Essa memória é funda-
mental para que as pessoas desenvolvam sentimentos de pertencimento frente 
a determinada identidade. É por isso que se faz referência à preservação. O 
ato de construir uma narrativa sobre um passado por meio dos bens de um 
país revela, da mesma forma, que esse é um projeto que pode ter interesses 
políticos, principalmente quando se considera de quem é a responsabilidade 
pelos processos de preservação e tombamento.
Os projetos de preservação do patrimônio no Brasil iniciaram-se na década 
de 1930, durante o Estado Novo. Esse foi um período marcado pela exacer-
bação dos nacionalismos em nível mundial, o que levou as elites intelectuais 
e políticas a refletirem sobre o que seria a identidade brasileira. Ao longo da 
ditadura civil-militar brasileira (1964–1985), houve um segundo grande movi-
mento relacionado à concepção da identidade nacional, associado a um projeto 
político militar e ufanista, de reforço de símbolos pátrios (a bandeira, o hino, 
os “heróis nacionais”) e de aspectos da cultura popular, como o futebol. Além 
disso, lembre-se de que durante esse período foi celebrado o sesquicentenário da 
Independência e os restos mortais de D. Pedro foram trasladados para o Brasil.
Foi somente a partir dos anos 2000 que as discussões sobre o patrimônio 
nacional extrapolaram a noção de uma nação unificada e passaram a se vincular 
à cidadania e à afirmação social das minorias, que demandavam, historicamente, 
visibilidade social e acesso a direitos básicos, como o reconhecimento. A criação 
7Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade
do Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, no ano 2000, deu conta da 
preservação de uma série de manifestações culturais de identidades que ao longo 
do tempo não foram reconhecidas pelas políticas públicas de patrimonialização. 
Assim, hoje, existe uma perspectiva muito mais multicultural e pluriétnica da 
noção de preservação do patrimônio e das identidades brasileiras.
A partir dos objetivos da Convenção Sobre a Proteção e Promoção da 
Diversidade das Expressões Culturais, é possível pensar sobre como trabalhar 
a diversidade cultural e o patrimônio da humanidade no ensino e na aprendi-
zagem de história. A seguir, você vai ver algumas estratégias e metodologias.
Como trabalhar a diversidade e o patrimônio 
no ensino de história
Como você viu anteriormente, as políticas de conservação e preservação estão 
inseridas em confl itos e negociações atravessadas por questões políticas. Nesse 
contexto, diferentes segmentos da sociedade disputam o que será patrimonia-
lizado ou não. Pela ausência de representatividade e pela desigualdade que 
marcam a história do Brasil, sabe-se que boa parte dos bens patrimonializados 
correspondem a uma cultura específi ca. Isso faz com que uma parcela signifi -
cativa da população não legitime, não se reconheça e não se identifi que com o 
que é considerado patrimônio histórico nacional. Assim, mais do que nunca, 
é fundamental que o ensino de história se ocupe de temas da diversidade e do 
patrimônio, demonstrando como a memória e o esquecimento são produtos 
sociais, construídos com determinadas fi nalidades.
Dessa forma, a educação patrimonial pode ser uma ferramenta para refor-
çar as identidades e a diversidade étnica e cultural da população brasileira. 
Ela pode fazer com que os alunos se reconheçam como sujeitos históricos e 
pertencentes a uma comunidade. A educação patrimonial, segundo o IPHAN 
(2008, documento on-line),
[...] constitui-se de todos os processos educativos formais e não formais que 
têm como foco o Patrimônio Cultural, apropriado socialmente como recurso 
para a compreensão sócio-histórica das referênciasculturais em todas as suas 
manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização 
e preservação. Considera ainda que os processos educativos devem primar 
pela construção coletiva e democrática do conhecimento, por meio do diálogo 
permanente entre os agentes culturais e sociais e pela participação efetiva das 
comunidades detentoras e produtoras das referências culturais, onde convivem 
diversas noções de Patrimônio Cultural.
Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade8
Dessa forma, você pode considerar que a educação patrimonial parte do 
pressuposto de que os alunos possuem saberes adquiridos previamente e que 
esses saberes, ao chegarem na escola, devem ser problematizados. O conhe-
cimento, portanto, é construído a partir das experiências dos alunos. Uma das 
primeiras medidas, nesse sentido, é desconstruir a ideia prévia de que educa-
ção patrimonial só se faz em museus, demonstrando a ampla, diversificada 
e variada gama de bens patrimoniais que existem no Brasil. Os professores 
têm, no desenvolvimento de ações de educação patrimonial, o compromisso 
de inter-relacionar os contextos locais com as culturas regionais, nacionais e 
mundiais, como um instrumento de desenvolvimento de cidadania.
Como afirma Tolentino (2012, p. 51):
Na escola, o leque se abre em inúmeras possibilidades de o professor conseguir 
trabalhar a Educação Patrimonial, envolvendo alunos e comunidade. Partindo 
da casa, do seu bairro, do seu modo de viver, de falar, da sua culinária, da 
sua cultura, alunos e professores, juntos, têm muitos caminhos a trilhar para 
promover uma Educação Patrimonial, de forma democrática e emancipatória.
A educação patrimonial não é uma matéria ou disciplina. Fora das escolas, 
ela constitui um campo de estudos, pesquisas e debates, cujas formulações 
possuem muitos atravessamentos com os currículos de história da educação 
básica. Assim, iniciativas que visem ao trabalho com esse tema na escola devem 
estar presentes nos planos político-pedagógicos. Não se trata de “ensinar” 
o que é o patrimônio, mas de considerar os bens materiais e imateriais e os 
processos nos quais estão envolvidos (usos, preservação, divulgação) como 
um recurso para o ensino de história.
Por isso, Londres (2012) afirma que o ensino que se vale dos bens patri-
moniais leva à mobilização de valores cognitivos (marcas de tempo e espaço, 
atestando a historicidade); valores afetivos (desenvolvimento e atribuição de 
sentidos e valores, compreendendo a alteridade); valores estéticos (incentivo 
à fruição por meio de todos os sentidos e historicização do “belo”); e valores 
éticos (noção de que os bens patrimonializados pertencem à coletividade, noção 
de direitos, deveres e questão do republicanismo). Outra dimensão que se pode 
acrescentar às elencadas pela autora é a educação patrimonial como forma 
de valorização da diversidade cultural, de fortalecimento de identidades e do 
respeito à diversidade, demonstrando aos alunos que existem muitas formas 
de ser, de estar no mundo e de pensá-lo.
Por fim, lembre-se de que a educação patrimonial também possui uma 
dimensão política, já que as ações que determinam a preservação (o lembrar) 
9Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade
e a destruição (o esquecer) são sociais, resultados de determinadas inter-
venções políticas. Porém, é necessário também extrapolar a compreensão de 
que o patrimônio pertence ao Estado. As comunidades devem ser pensadas 
como detentoras desses bens. Portanto, deve-se considerar os modos como as 
sociedades utilizam e mobilizam tais bens em suas reivindicações, bem como 
o motivo por que eles são importantes para as identidades.
Mas como o professor pode operacionalizar a educação patrimonial 
no ensino de história? Como você viu anteriormente, existem múltiplas 
possibilidades temáticas para o trabalho com a diversidade e o patrimônio. 
Não existe um ano da educação básica ou um tema de predileção para a 
abordagem da conservação e da preservação do patrimônio e a elaboração 
de identidades a partir do que é conservado pelas sociedades. Porém, você 
pode pensar em uma série de estratégias para operacionalizar uma educação 
patrimonial dotada de sentido para os alunos. Considere, por exemplo, as 
estratégias listadas a seguir.
  Incentivar o envolvimento afetivo dos alunos, valorizando sua identi-
dade: essa é uma medida de extrema importância, relacionada à questão 
da diversidade cultural e à necessidade de reforço da autoestima das 
minorias, que permanecem silenciadas e sem representatividade por 
boa parte dos relatos historiográficos e no ensino de história.
  Desenvolver ações que promovam e afirmem a diversidade cultural 
local: a partir de iniciativas que recuperem as históricas locais e seus 
sujeitos, os alunos podem compreender a multiplicidade de identidades 
conformadoras da sociedade brasileira e o modo como essas diferentes 
culturas se relacionam, às vezes de maneira solidária; outras vezes, 
conflituosa. Os alunos podem explorar edifícios históricos, monumentos 
e a estatuária ou a toponímia da cidade.
  Incentivar o interesse pela pesquisa e pela investigação, produzindo 
materiais: será que seus alunos sabem que bens estão protegidos, 
reconhecidos ou tombados em sua cidade? Como se deram esses 
processos de proteção, reconhecimento e tombamento? Eles consi-
deram que essas medidas de conservação e proteção abrangem uma 
diversidade cultural ou somente uma cultura específica? Se eles 
fossem conservar, reconhecer ou tombar bens, quais seriam? Essas 
são excelentes questões para incentivar a pesquisa e a investigação 
Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade10
por parte dos alunos. Elas servem também para aproximá-los do 
conhecimento sobre suas histórias locais e identidades.
  Estimular o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) 
para o desenvolvimento da educação patrimonial: que tal incentivar 
seus alunos a elaborarem minidocumentários sobre os patrimônios de 
sua cidade? Ou, então, pedir que elaborem jogos digitais, como uma 
gincana, usando os QR Codes? As TICs permitem uma série de novas 
linguagens para a narrativa histórica e podem ser muito bem aprovei-
tadas na educação patrimonial.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino fundamental 
traz a temática do patrimônio como uma competência que atravessa não so-
mente as humanidades, mas também as artes, as linguagens e até a educação 
física. Por possibilitar uma abordagem multidisciplinar, a educação patrimonial 
permite uma série de atividades combinando uma ou mais áreas, respeitando 
os valores de uma educação multicultural e pluriétnica.
A realização de atividades de educação patrimonial nas escolas busca 
fortalecer a relação dos alunos com suas heranças culturais, que geralmente 
não são problematizadas por eles. Ao reconhecer que os espaços em que 
circulam ou que as práticas que realizam podem ser patrimônios ou ser pa-
trimonializadas, os alunos desenvolvem um senso de responsabilidade pela 
inclusão e valorizam a diversidade cultural. Como afirma o Guia Básico de 
Educação Patrimonial (HORTA; GRUMBERG; MONTEIRO 1999, p. 20), 
elaborado pelo IPHAN, “O conhecimento crítico e a apropriação consciente 
pelas comunidades do seu patrimônio são fatores indispensáveis no processo 
de preservação sustentável desses bens, assim como no fortalecimento dos 
sentimentos de identidade e cidadania [...]”.
Acesse o link a seguir para conhecer uma iniciativa do IPHAN intitulada “Qual é a nossa 
história?”, que relaciona ensino de história, patrimônio e jogos.
https://goo.gl/BCgMNC
11Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade
ANDERSON, B. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do 
nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro 
de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, queestabelece as 
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de 
ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena". Dis-
ponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2008/lei-11645-10-marco-2008-
-572787-publicacaooriginal-96087-pl.html>. Acesso em: 6 dez. 2018.
CANCLINI, N. O patrimônio cultural e a construção do imaginário nacional. Revista do 
IPHAN, Rio de Janeiro, n. 23, p. 94-115, 1994.
CHAGAS, M. As oficinas educativas do Museu Casa de Rui Barbosa – patrimônio culutral, 
memória social e museu: estímulos para processos educativos. Papéis Avulsos, Rio de 
Janeiro, n. 43, p. 31-49, 2002.
GADOTTI, M. Diversidade cultural e educação para todos. Rio de Janeiro: Graal, 1992.
HARTOG, F. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Ho-
rizonte: Autêntica, 2014.
HOBSBAWM, E.; RANGER, T. A invenção das tradições. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
HORTA, M. L.; GRUMBERG, E.; MONTEIRO, A. Q. Guia básico de educação patrimonial. 
Brasília: IPHAN, 1999.
IPHAN. Educação patrimonial. 2008. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/
detalhes/343>. Acesso: 6 dez. 2018.
LONDRES, C. O patrimônio cultural na formação das novas gerações: algumas consi-
derações. In: TOLENTINO, Á. B. (Org.). Educação patrimonial: reflexões e práticas. João 
Pessoa: Superintendência do IPHAN na Paraíba, 2012.
TOLENTINO, Á. O que é patrimônio cultural para você? In: TOLENTINO, Á. B. (Org.). 
Educação patrimonial: reflexões e práticas. João Pessoa: Superintendência do IPHAN 
na Paraíba, 2012.
UNESCO. Convenção sobre a proteção e promoção da diversidade das expressões culturais. 
2005. Disponível em: <http://www.ibermuseus.org/wp-content/uploads/2014/07/
convencao-sobre-a-diversidade-das-expressoes-culturais-unesco-2005.pdf>. Acesso: 
6 dez. 2018.
UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. 2002. Disponível em: <http://
unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf>. Acesso em: 6 dez. 2018.
Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade12
Leituras recomendadas
CARDOSO, L. O branco ante a rebeldia do desejo: um estudo sobre a branquitude no 
Brasil. 2014. 290 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação 
em Ciências Sociais, Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista 
Júlio de Mesquita Filho, Araraquara, 2014.
GIL, C. Z. V.; POSSAMAI, Z. Educação Patrimonial: percursos, concepções e apropriações. 
MOUSEION, Canoas, n. 19, p. 13-26, dez. 2014.
MARTINS, M. C.; ROCHA, H. H. P. Lugares de memória: sedução, armadilhas, esqueci-
mentos e incômodos. Horizontes, v. 23, n. 2, p. 91-99, jul./dez. 2005.
MIGUEZ, P.; BARROS, J. M.; KAUARK, G. (Org.). Dimensões e desafios políticos para a diver-
sidade. Salvador: EDUFBA, 2014.
MIRANDA, S.; PAGÈS, J. Cidade, memória e educação: conceitos para provocar sentidos 
no vivido. In: MIRANDA, S.; SIMAN, L. (Org.). Cidade, memória e educação. Juiz de Fora: 
UFJF, 2013. p. 59-92.
RIBEIRO, R.; TORRE, M. Educação patrimonial e o ensino de história em instituições 
arquivistas: ações educativas no Arquivo Público da cidade de Belo Horizonte. Acervo, 
Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 67-88, jan./jun. 2012. Disponível em: <http://www.revista-
acervo.an.gov.br/seer/index.php/info/article/view/525/439>. Acesso em: 6 dez. 2015.
SANT’ANNA, M. A face imaterial do patrimônio cultural: os novos instrumentos de 
reconhecimento e valorização. In: ABREU, R.; CHAGAS, M. Memória e patrimônio: ensaios 
contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. p. 46-56.
VEIGA-NETO, A. Cultura, culturas e educação. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 
23, p. 5-15, maio/jun./jul./ago. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/
n23/n23a01>. Acesso em: 6 dez. 2018.
VIÑAO FRAGO, A. La historia material e inmaterial de la escuela: memoria, patrimonio 
y educación. Educação, Porto Alegre, v. 35, n. 1, p. 7-17, jan./abr. 2012. Disponível em: 
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/10351>. Acesso 
em: 6 dez. 2018.
13Diversidade cultural e os patrimônios históricos da humanidade
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Será que os alunos conhecem o que é patrimônio e reconhecem, nas cidades em que vivem, 
espaços vinculados à história do Brasil? E se pudessem, o que eles patrimonializariam de suas 
cidades e de suas vivências?
Que tal problematizar esses questionamentos a partir do conceito de lugares de memória, 
desenvolvido pelo historiador francês Pierre Nora?
Sendo assim, assista a esta Dica do Professor para entender o que são lugares de memória e qual 
a sua intersecção com o ensino de história e o patrimônio.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Leia as afirmações a seguir sobre a diversidade cultural brasileira:
I - O Brasil é um país multirracial e pluriétnico, e essa diversidade é plenamente 
encontrada nos currículos escolares e nos livros didáticos.
II - Seria mais apropriado falar em "culturas brasileiras" devido à diversidade 
cultural presente no território do país.
III - A diversidade cultural brasileira decorre de sua formação histórica e das 
especificidades regionais de um território tão vasto.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a II.
D) Apenas a II e a III.
E) I, II e III.
2) A definição de patrimônio histórico extrapola as noções de conservação e 
preservação, relacionando-se a aspectos culturais, ideológicos e políticos.
Sabendo disso, das alternativas a seguir, qual apresenta um conceito possível de 
patrimônio histórico?
A) Patrimônio histórico é todo o conjunto de bens imóveis, principalmente edifícios, que 
contam a história de um local, de uma cidade ou de um país.
B) Patrimônio histórico é todo o conjunto de bens imóveis e imateriais que foram tombados, e 
que, por isso, contam a história de um local, de uma cidade, ou de um país.
C) Patrimônio histórico é todo o conjunto arquitetônico das grandes capitais brasileiras que 
foi reconhecido e tombado e que, por isso, conta a história de um local, de uma cidade ou 
de um país.
D) Patrimônio histórico é um conjunto de bens conservados como evidências de um 
determinado passado com o objetivo de ser esquecido, porque é impossível conservar toda 
a informação sobre o passado.
E) Patrimônio histórico é o conjunto de bens conservados como evidências de determinado 
passado com o objetivo de construir uma nação e sua identidade, contribuindo para contar 
a sua história e consolidar a sua memória social.
3) As políticas patrimonialistas sofreram um incremento, em nível mundial, a partir dos 
anos 1970, e, no Brasil, desde a década de 1980. Sobre esse aspecto, é CORRETO 
dizer que:
A) O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é uma exceção na 
conjuntura internacional de valorização do patrimônio, tendo sido criado no período 
imperial brasileiro.
B) O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) foi criado durante a 
ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), período em que existia um apelo muito forte 
ao nacionalismo.
C) O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é o sucessor do Serviço 
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), criado durante a ditadura do 
Estado Novo.
D) O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) é o sucessor do Instituto 
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), criado durante a ditadura do 
Estado Novo.
E) O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e o Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) existem até os dias de hoje, e têm 
competências diferentes quanto à preservação patrimonial no Brasil.
Sobre a relação que o patrimônio histórico estabelece com a identidade, são feitas as 
seguintes afirmações:
I - O ato de conservação ou preservação de um determinado patrimônio vinculado à 
história de um país contribui paraa construção de uma narrativa histórica do 
passado, e também para uma determinada memória social.
II - O ato de conservação ou preservação é democrático por definição, sem implicar 
seleções ou recortes no passado, e sem influenciar em questões identitárias e de 
reconhecimento.
III - O ato de conservação ou preservação é isento de componentes políticos e 
ideológicos, pois todos compartilham da mesma ideia do que é pertencer a uma 
nação.
4) 
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a II.
D) Apenas a II e a III.
E) I, II e III.
5) A educação patrimonial pode ser considerada uma ferramenta que objetiva reforçar 
as identidades e a diversidade étnica e cultural da população brasileira. 
Sobre o trabalho com essa ferramenta nas escolas, é possível afirmar que: 
A) se destina a uma etapa específica da Educação Básica e somente é aplicada a certos temas.
B) não tem uma etapa específica da Educação Básica para ser desenvolvida, e pode ser 
trabalhada a partir de múltiplos temas.
C) se destina a uma etapa específica da Educação Básica, mas pode ser trabalhada a partir de 
múltiplos temas.
D) não tem uma etapa específica da Educação Básica para ser desenvolvida, porém somente 
se aplica a determinados temas.
E) não tem qualquer relação com o currículo de história da Educação Básica.
NA PRÁTICA
A partir da escolha de um filme adequado para o trabalho em sala de aula, o professor pode 
promover uma discussão sobre a diversidade cultural, os patrimônios da humanidade e a 
formação da sociedade brasileira. Trata-se de uma possibilidade de efetivar o disposto na Lei nº. 
11.645, de 10 de março de 2008, que se relaciona ao ensino da história e da cultura africana e 
afro-brasileira.
Pensando nisso, o documentário Memórias do cativeiro foi realizado a partir de uma série de 
entrevistas de história oral, feitas em diferentes momentos, com descendentes de homens e 
mulheres escravizados nas áreas cafeeiras do sudeste brasileiro. Os registros permitem que 
sejam observadas a força da memória familiar e da cultura negra, e se traduz como uma 
excelente oportunidade para se pensar a diversidade da formação histórica e social brasileira, 
bem como a cultura e as tradições negras das comunidades de descendentes de escravizados do 
sudeste brasileiro.
Na Prática, veja como uma atividade de ensino, utilizando o filme mencionado como meio, 
estabelece a relação entre a diversidade cultural, a patrimonialização, a história e a cultura afro-
brasileira.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Diversidade cultural, patrimônio e memória
No vídeo a seguir, assista à palestra de Flavio de Lemos Carsalade, promovida pelo Ministério 
da Cultura, que visa a discutir a ampliação das ações que assegurem a adequada proteção e 
promoção do patrimônio cultural e memória.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Acesse o link a seguir para visitar o site do IPHAN e saber mais sobre os bens materiais e 
imateriais brasileiros, inclusive os inscritos como patrimônios mundiais pela UNESCO.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
História, cultura e patrimônio: educação para o reconhecimento da diversidade cultural
Neste artigo, as autoras discutem como os processos de patrimonialização são importantes para 
a reafirmação da diversidade cultural.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Estudos culturais em educação
Nesta obra, a autora trabalha mais detidamente o conceito de cultura e a perspectiva de uma 
educação e de práticas pedagógicas multiculturalistas.

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