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A participação do funcionário, enquanto educador, em processos de gestão escolar democrática e participativo. Lourival do Nascimento e Silva1 Beatriz Gomes Nadal2 Resumo A implementação de ações pedagógicas que tematizem a gestão democrática junto à comunidade escolar passa pela inserção dos funcionários como educadores. Mais do que apontar as dificuldades que existem para que os objetivos sejam atingidos, os encontros serviram para refletir sobre a necessidade da motivação para o trabalho e da necessidade de investimentos em recursos humanos. Torna-se como pressuposto que a formação continuada é um fator central de profissionalização e elemento imprescindível para que se constitua, nas escolas, uma cultura de participação dos agentes escolares na gestão democrática da escolar. Os encontros contaram com leituras, debates, esclarecimentos e serviram para mostrar que o fator motivacional é o que mais contribui para a mudança de postura, uma vez que motivados, colocam-se de fato na condição de agente que se insere no processo ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Gestão, educadores, participação, decisões. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho discutiu a necessidade de participação mais efetiva dos funcionários dentro de um contexto historicamente formado, pelo que se faz necessário entender como funciona uma gestão democrática participativa no contexto escolar e quais possibilidades e ações que podem vir a contribuir para a participação mais efetiva dentro do contexto escolar e das instâncias colegiadas, contribuindo com a prática pedagógica e sua reflexão sobre o envolvimento deste funcionário junto à comunidade. Neste sentido, buscou-se através do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) atividades que resultassem na produção de conhecimento, em mudanças qualitativas na prática na Gestão Escolar Democrática enquanto processo indispensável de inclusão e interação dos segmentos frente à necessidade de troca de conhecimentos e de constante aperfeiçoamento. Esta participação trouxe um efeito transformador à comunidade escolar, impactando consideravelmente os trabalhos diários. Os funcionários têm uma 1 Professor PDE, Especialista em Pedagogia dos Esportes, Educação e Inclusão. 2 Doutora em Educação: Currículo pela PUC-SP. Professora Adjunta do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa. função muito importante, pois seus afazeres diários contemplam uma dinâmica social ativa no processo de educar. Com base na realidade escolar levou-se em conta situações específicas, desafios e resistências no que respeita à adesão da comunidade escolar quando se trata da participação ativa dos atores escolares em instâncias colegiadas. Deste modo, discutiu-se o papel e sua real importância no contexto escolar como agente público. Os elementos da realidade escolar que apontaram para a importância de aprofundamento em relação ao tema estavam fundamentados no sentido de que muitas vezes ficam de fora de importantes decisões, não são informados dos processos de gestão escolar nem esclarecidos quanto à sua condição de educadores. Assim, o objetivo geral deste trabalho foi implementar ações pedagógicas tematizando a gestão escolar democrática junto à comunidade escolar, com ênfase ao papel dos funcionários enquanto educadores partícipes desse processo, buscando desenvolver estudos sobre o papel dos funcionários/agentes educacionais enquanto educadores participantes da gestão escolar; realizar ações de formação contínua envolvendo os agentes educacionais, oportunizando a reflexão sobre seu papel educativo na organização e gestão democrática na escola; refletir sobre os processos de gestão escolar democrática e o papel das instâncias colegiadas de gestão com vistas à participação dos funcionários enquanto educadores e membros da comunidade escolar. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A gestão democrática é um dos princípios do trabalho na escola pública. Por gestão democrática entende-se a possibilidade efetiva de participação de toda a comunidade escolar nos processos decisórios da instituição de ensino, representados e fortalecidos em suas instâncias colegiadas. Sua defesa pressupõe o fortalecimento das ações da escola no sentido da busca pela sua real autonomia, democracia e descentralização. Nesta concepção incluíram-se os funcionários do colégio dentro uma atividade cooperativa e social, por entender da real importância que esses agentes têm. É importante que a gestão escolar seja democrática no sentido de fazer- se participativa, descentralizada e autônoma, envolvendo a comunidade escolar nas decisões, com atos voltados para a ética e não para o poder. Aceitando-se que a gestão democrática deve implicar necessariamente a participação da comunidade, parece faltar ainda uma maior precisão do conceito de participação. A esse respeito, quando uso esse termo, estou preocupado, no limite, com a participação nas decisões. Isto não elimina, obviamente, a participação na execução; mas também não a tem como fim e sim como meio, quando necessário, para a participação propriamente dita, que é a partilha do poder, a participação na tomada de decisões. (PARO, 2005, p. 76). Para que a escola alcance determinados fins, precisa primeiramente estar organizada. Uma gestão democrática contou com a participação da comunidade e seus representantes dos colegiados, motivados à transformação que se almejou na escola. Isto implicou em descentralizar o poder e deixar que as opiniões e discussões sigam seu rumo, onde se respeite a decisão da maioria, e não os interesses particulares. A concretização se deu rompendo os obstáculos e materializando as discussões. Durante muitos anos os funcionários foram colocados à marginalidade da profissão. Com a organização desta categoria a valorização começou a se delinear. No Estado houve algum avanço no sentido de qualificação, mas precisamos consolidar uma política que venha a somar na formação profissional e pessoal dessas pessoas que são importantes no contexto escolar, dentro uma perspectiva de formação profissional e pessoal desses funcionários e que sejam disponibilizados mais cursos para o enriquecimento pessoal e profissional. Desenvolver continuamente a competência profissional constitui-se em desafio a ser assumido pelos profissionais, pelas escolas e pelos sistemas de ensino, pois essa se constitui em condição fundamental da qualidade de ensino. A consideração dos funcionários como agentes educadores também corresponde ao princípio do trabalho coletivo e da participação ativa nas tomadas de decisões realizadas no interior da instituição educacional, contribuindo para que o trabalho pedagógico seja desenvolvido de forma democrática e cooperativa. O papel dos funcionários enquanto educadores na escola está diretamente ligado à natureza institucional da escola, que é constituída por pessoas, compondo-se como uma organização social. Libâneo (2007), opondo-se à concepção técnico-científica, concebe a organização escolar do ponto de vista sociopolítico. Para este autor a organização consiste em Um sistema que agrega pessoas, considerando o caráter intencional de suas ações e interações sociais que estabelecem entre si e com o contexto sociopolítico, nas formas democráticas de tomadas de decisões. A organização escolar não é algo objetivo, elemento neutro a ser observado, mas construção social levada a efeito pelos professores, alunos, pelos pais e até por integrantes da comunidade próxima. O processo de tomada de decisões dá-se coletivamente, possibilitando aos membros do grupo discutir e deliberar, em uma relação de colaboração. (LIBÂNEO et al, 2007, p. 324).Desta forma, emprega-se o caráter de coletividade à organização escolar, com base na organização e destacando-se pela busca de interesses e objetivos comuns, onde cada sujeito exerce democraticamente a expressão de suas ideias e, desta forma, participa das principais decisões da instituição, através de sugestões, proposições e planejamento de ações. Trata-se, na visão do autor, de um processo de construção social e coletiva com enfoque da gestão nos aspectos subjetivos dos sujeitos escolares, levando-se em consideração suas experiências e práticas sociais, ou seja, uma concepção democrático-participativa. Conforme descreve Libâneo (2007),esta concepção Baseia-se na relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe. Acentua a importância da busca de objetivos comuns assumidos par todos. Defende uma forma coletiva de tomada de decisões. Entretanto, uma vez tomadas as decisões coletivamente, advoga que cada membro da equipe assuma sua parte no trabalho, admitindo a coordenação e a avaliação sistemática da operacionalização das deliberações. (LIBÂNEO et al, 2007, p.325). Segundo o autor, essa atividade de gestão envolve aspectos gerenciais e técnico-administrativos através da mobilização de meios e procedimentos para que possam ser atingidos os objetivos da organização. Desta forma, explica que a atividade de gestão é um meio de se colocar em ação o sistema organizacional. Paro (2010, p. 25) entende que administrar é utilizar-se racionalmente de recursos para a realização de fins determinados, sendo que quanto maior a relevância dos objetivos, maior será a importância das mediações necessárias com o intuito de sua realização. Deve-se, nesse processo, ser feita a abstração dos objetos específicos da administração, ou seja, a utilização racional de recursos para a obtenção de determinados resultados, configurando-se como uma atividade exclusivamente humana. Em outras palavras, “só o homem é capaz de realizar trabalho, em seu sentido mais geral e abstrato, como atividade” (PARO, 2010, p. 766). Os recursos envolvidos na busca dos objetivos integram dois grupos interdependentes: objetivos e subjetivos, incluindo objetos e instrumentos de trabalho e recursos conceptuais ou simbólicos de um modo geral. Assim, os recursos objetivos, como o próprio nome sugere, referem-se às condições objetivas presentes na realização do trabalho ou dos trabalhos que concorrem para a realização dos fins da empresa ou organização. Já os recursos subjetivos dizem respeito à subjetividade humana, ou seja, à capacidade de trabalho dos sujeitos que fazem uso dos recursos objetivos (PARO, 2010, p. 767). Um ponto apresentado pelo mesmo autor (2010, p. 768) que chama a atenção no processo diz respeito ao elemento de complexidade relacionado ao fato de que a ação dos sujeitos não se restringe ao momento do trabalho. De forma geral, as ações espalham-se por todas as relações da empresa. Neste sentido, a coordenação se reveste de um caráter considerado técnico, quando os interesses dos que executam os trabalhos coincidem com os objetivos a serem alcançados. Sob essa base apresentada no parágrafo anterior, decorre que a coordenação se reveste de um caráter técnico, podendo implementar formas alternativas para alcançar objetivos comuns. Diante da atual configuração administrativa e didática da escola básica, que se mantém presa a paradigmas arcaicos tanto em termos técnico- científicos quanto em termos sociais e políticos, é preciso propor e levar avante uma verdadeira reformulação do atual padrão de escola, que esteja de acordo com uma concepção de mundo e de educação comprometida com a democracia e a formação integral do ser humano- histórico – e que se fundamente nos avanços da pedagogia e das ciências e disciplinas que lhe dão subsídios (PARO, 2010, p. 777) Diante do exposto até então e recorrendo aos pressupostos básicos do Ministério da Educação (BRASIL, 2004), o termo mais apropriado para designar os agentes é, de fato, educadores. Hoje, com a expressiva expansão da escolarização, percebe-se que, mais do que ser instruída por professores, a população precisa ser educada por educadores, compreendendo-se que todos os que têm presença permanente no ambiente escolar, em contato com os estudantes, são educadores, independentemente da função. Silva Júnior (1990, p. 13), explica que a administração determina a direção da prática da educação, partindo de um subsídio teórico que reforça as ações e culminando em formas de intervenção com base nas devidas práticas. Entretanto, como se trata de objetivos a serem alcançados, faz-se necessário refletir sobre os elementos que dificultam o alcance dos resultados propostos pela gestão escolar, tal como na avaliação de Pereira (1976). Segundo o autor, Esses elementos estão vinculados às relações que transcendem as de trabalho: os grupinhos de conversa entre professores e demais para críticas ao diretor; os grupos de fumantes que se reúnem disfuncionais à organização racional da escola, uma vez que não são aproveitadas positivamente por ela (PEREIRA, 1976, p. 100). A gestão democrática é também pensada como um processo político que envolve todos que atuam na escola, de forma a identificar problemas, discutir, deliberar, planejar, encaminhar e avaliar o conjunto das ações voltadas à resolução de problemas, que leva a uma participação efetiva. Esse processo, sustentado no diálogo, na alteridade e no reconhecimento às especificidades técnicas das diversas funções presentes na escola, tem como base a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, o respeito às normas coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões e a garantia de amplo acesso às informações aos sujeitos da escola (SOUZA, 2009, p. 127-128). Mesmo que a escola não esteja organizada de forma a se desenvolver com sucesso a administração e/ou gestão de forma participativa, Alonso (2002) reitera que o trabalho coletivo é uma meta que deve ser perseguida pelos gestores, pois as ações dos segmentos refletem na instituição como um todo. Os resultados apresentados pela escola, o desempenho escolar, é de responsabilidade geral dos membros da escola e, em última análise, quem responde por isso é o diretor da escola. Portanto, não basta o diretor preocupar-se com questões estritamente administrativas, sem conjugá-las com as necessidades de natureza pedagógica (ALONSO, 2002, p. 25). Motta (2003, p. 372) faz uma distinção entre autogestão pedagógica e autogestão institucional. A autogestão pedagógica, segundo o autor, está ligada à dinâmica do trabalho pedagógico, enquanto a autogestão institucional está relacionada à administração do estabelecimento. Nesse processo, deve ser assegurada a participação efetiva de todos os agentes. No âmbito da escola, a participação constitui tema de estudantes, professores, administradores, supervisores, orientadores e funcionários. Aos administradores educacionais, cabe especialmente o desafio não pequeno de descobrir e delinear formatos organizacionais que, adequados a contextos específicos, assegurem a educação participativa voltada para a construção de uma sociedade verdadeiramente igualitária, não apenas em termos econômicos, mas em termos de distribuição do poder (MOTTA, 2003, p. 373). Para que esses objetivos sejam alcançados, no entanto, destaca-se a necessidade de aprendizado da ação política, que, segundo Motta (2003, p. 373), refletindo na criação de uma disponibilidade para ajudar e ser ajudado. Devem-se criar meios para que possa ser exercida uma gestão democrática na escola com a participação dos funcionários agente I e agente II, pois a participação de todos deve ocorrer com base no diálogo e de compartilhamento deações que denotam a prática descentralizadora e participativa do segmento. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) entende que uma das principais conquistas na educação foi a Lei nº 12.014/09, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), e passou a reconhecer os funcionários de escola como profissionais de educação. A mudança da Lei Nacional da Educação insere os funcionários de escola habilitados na categoria de profissionais da educação escolar básica, juntamente com os professores e pedagogos, e beneficiou cerca de um milhão de trabalhadores que atuam nas escolas de ensino básico: educadores que passaram a ser valorizados e reconhecidos como profissionais de educação em todos os municípios brasileiros (CNTE, 2015, p. 2). Ainda, segundo a CNTE (2015, p. 3), as iniciativas resgatam uma dívida histórica com os funcionários e vão ao encontro das ações promovidas pela melhoria da qualidade da educação no Brasil. 3 METODOLOGIA Os encaminhamentos metodológicos para a realização do trabalho tiveram como referência o projeto de intervenção que se desenvolveu por meio da elaboração de um material didático específico e pela implementação de um curso de formação composto por oito encontros ofertados aos funcionários. Os temas tratados foram: O papel do funcionário como educador, a escola e o projeto político pedagógico, o funcionário e suas funções no regimento escolar, gestão democrática e a participação do funcionário, as instâncias colegiadas da escola e a participação do funcionário, a desmotivação e fatores que interferem na participação efetiva do funcionário, as relações interpessoais na atividade educadora do funcionário, a capacitação do funcionário na gestão democrática e formas de integração entre funcionários. O trabalho desenvolvido para a implementação do projeto teve como suporte o material didático construído para o programa. O trabalho desenvolveu- se com leituras, discussões e reflexões sobre a realidade escolar, buscando sempre desenvolver a identidade dos participantes como agentes educadores. O movimento dos trabalhadores em educação e o Ministério da Educação e Cultura do Brasil estão propondo a formação continuada dos trabalhadores não-docentes como um dos mecanismos de melhoria da qualidade do ensino e realização da meta de democratização da educação básica, tendo em vista uma participação mais efetiva, consciente no processo educativo da escola (TROJAN; TAVARES, 2012, p. 2). O reconhecimento dos funcionários como educadores implica numa concepção de educador que ultrapasse os limites da sala de aula e que supere o preconceito que vê os funcionários não docentes apenas como trabalhadores braçais, tarefeiros, alienados das ações pedagógicas. Para tanto, esses profissionais necessitam de formação condizente com a sua tarefa de formação humana. A seguir, relata-se os encaminhamentos de cada encontro, assim como as reflexões dos educadores mediante a proposta efetivada. 4.1 A FORMAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS: REFLEXÕES... O primeiro encontro tratou especificamente do papel do funcionário como Educador, visando despertar nos agentes I e II a conscientização sobre seu real papel na condição de Educador. As atividades extraclasses como apoio aos alunos em diversos locais da escola foram um dos principais pontos destacados inicialmente como essencial para a integração do funcionário no processo formativo/educativo. Diante dessa explanação, foi apresentado um questionário sobre o conhecimento prático que cada um tem durante sua trajetória de trabalho na escola, que se inicia com a divisão e o compartilhamento de tarefas. Nesse item, mesmo que cada um reconheça que cumpre com sua função com base na divisão de tarefas e colaboração, o trabalho em equipe é, paradoxalmente, visto como necessidade de um ajudar ao outro e também de não medir esforços para desenvolver várias atividades “ao mesmo tempo”. Problemas de relacionamento entre funcionários, entre estes e professores e/ou alunos são apontados como algo que interfere no trabalho através da divisão de tarefas. Sobre a postura correta de atuação dos funcionários relativos à tarefa a ser executada, destacam-se as seguintes respostas: postura ética e organizada, diálogo, honestidade, avaliação do trabalho, acolhimento, compartilhamento de informações, fazendo-se sempre o melhor possível e, principalmente, cumprir com horários de chegada e saída e respeitar o espaço escolar de cada um (alunos, professores e funcionários). No item mais importante, ou seja, se o funcionário se considera um Educador, todas as respostas foram positivas, embora na visão de alguns ainda haja preconceito ou dificuldades de relacionamento que voltam a aparecer. Também se registra que embora o funcionário não participe de reuniões e orientações, ele é sim um educador e deve trabalhar com respeito e dedicação. O comprometimento com o processo ensino-aprendizagem e com a ética torna-se essencial, pois é através dela que esse profissional terá condições de assumir novas posturas, pensando que suas ações influenciam diretamente no ambiente escolar. Com essa postura, o funcionário passa a ter de fato a função de educar e, consequentemente, terá claro e dentro da lei a sua condição de profissional da educação e, principalmente, nitidez de seu papel como educador. Após leitura dos textos da Constituição Federal e das Leis de Diretrizes de Base que contemplam a função dos profissionais que atuam na escola, foi iniciada a discussão da segunda fase com a formação de grupos que colocaram no papel suas impressões sobre essa condição. A participação e/ou integração do funcionário no processo educativo, de acordo com os resultados, vão desde alertas para não jogar papel e cuspir no chão até orientação para ajudar na sua formação para que os alunos sejam aceitos de forma digna perante a sociedade. Em relação às dificuldades para que haja a integração pretendida, destacam-se os seguintes pontos: falta de treinamento e formação continuada para todos os funcionários; os agentes I e II deveriam passar por uma preparação para interagir com os alunos; eles não saem da sala de aula, são poucos que obedecem; alunos não acatam o que foi determinado; negar pedido de vaga para os pais; falta de capacitação do funcionário; mídia sempre comprada pelo governo. No terceiro momento foram então destacadas ações que se fazem necessárias para valorização do funcionário, começando pela importância do plano de gestão e do projeto político-pedagógico da escola, que determina a forma como o funcionário deve participar das atividades organizadas pela direção. Nesse caso, depende da realidade de cada escola, pois é isso que determina a postura do funcionário como educador. Verificou-se que os funcionários nem sempre têm oportunidade para a capacitação merecida, pois, por exemplo, semanas pedagógicas em geral são voltadas para professores, não havendo essa integração já desde o início. No segundo encontro foi feita a leitura e discussão do texto tirado do Projeto Político-Pedagógico (PPP). Diante dos pontos apresentados no PPP, foram citados quais os pontos que devem ser seguidos pelo funcionário: comprometimento dos funcionários das funções educativas não docentes; conhecimento de projetos, propostas e discussão de melhorias. Deste modo, verificou-se a peculiaridade que cada escola tem e a sua identidade que é única para cada estabelecimento, teve também a apresentação de vários PPP no qual ficaram bem claras essas diferenciações. Todos os cursistas puderam colocar suas ideias, dúvidas e sugestões sobre o tema estudado. Pode-se também organizar alguma ideia sobre o PPP, que foi colocado e discutido neste encontro. Refletir sobre a realidade que acontece no dia a dia da escola e deque forma pode-se contribuir para uma sociedade escolar mais justa e um ambiente escolar melhor. No terceiro encontro foram discutidos os itens que constam a participação dos funcionários no regimento escolar, como os direitos e deveres, onde todos afirmam conhecer, ressaltando-se que o documento está disponível na escola. Foi colocada também a forma como o regimento escolar foi construído, sendo baseado em um texto referencial e princípios democráticos e da participação da coletividade. Percebe-se para que o trabalho educativo realmente aconteça na escola a cooperação, participação e integração entre os atores envolvidos no processo, tem que estar presente no dia a dia de atividades na escola. No quarto encontro foram abordadas a gestão democrática e a participação do funcionário, sendo que num primeiro momento foi assistido o vídeo “Gestão Democrática nas escolas públicas” (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=HoBUWCCVcPA). O objetivo foi entender um pouco como funciona uma administração dentro de uma instituição de ensino, para que o servidor compreenda se de fato sua participação está dentro do modelo de gestão, bastando medir o nível de interação entre os objetivos e prioridades estabelecidas pela gestão escolar. Após o vídeo, foram feitos alguns questionamentos, e perguntado “qual momento da tua atuação profissional você usaria para participar como educador”. Obteve-se como respostas: o tempo todo passando conhecimento; orientações; ser educador é ser exemplo perante os educandos. Especificamente sobre a gestão participativa, destaca-se nas respostas que o processo nas escolas está sendo construído, mas que não deve ocorrer sem a participação da comunidade. No encontro 5 foram feitas reflexões em torno da participação dos funcionários nas instâncias colegiadas da escola, com textos relacionados a cada segmento, conselho escolar e APMF, obtendo resposta positiva em relação à participação dos funcionários em reuniões de conselhos e associações. A participação do funcionário nas instâncias colegiadas tem sua importância na contribuição para uma gestão democrática participativa. Nos encontros estes servidores colocaram suas opiniões e sugestões, pois as experiências adquiridas são de uma grande importância, dentro do espaço físico escolar, vindo a somar para a qualidade do ensino. No sexto encontro foi abordada a desmotivação e fatores que interferem na participação efetiva do funcionário, iniciando-se com exibição do vídeo “O melhor Vídeo de Motivação do Mundo”, que relata esta realidade e de que forma se pode agir para que este quadro tenha uma melhora, disponível no endereço https://www.youtube.com/watch?v=2SSP21f2K8k. A avaliação do vídeo foi excelente, tendo como destaques: motivador, mostra que se deve ter ânimo no trabalho para superar dificuldades, através da https://www.youtube.com/watch?v=HoBUWCCVcPA auto avaliação. “Nem sempre o diálogo está aberto, mas cabe a cada um procurar seu espaço para poder opinar”. Também aparece a falta de ética como causadora de danos irreparáveis na relação com os gestores. No sétimo encontro, com a intenção de melhorar as relações no local de trabalho, abordou-se as relações interpessoais como fundamentais na atividade educadora do funcionário. Dessa forma, todos os devem trabalhar com os conflitos e as diversidades de personalidades, buscando alternativas que atendam o interesses sem distinções. Na sequência, os grupos analisaram texto extraído do livro: A escola participativa: o trabalho do gestor escolar, de Heloísa Lück, gerando discussões acerca dos pontos trabalhados anteriormente, como trabalhar em equipe, e participar de ações para que haja uma gestão democrática. Finalmente, no último encontro foi abordada especificamente a capacitação do funcionário na gestão democrática, quando foi feito um apanhado dos pontos relevantes como: maior envolvimento no contexto escolar, participação das tomadas decisões geradas dentro da instituição de ensino e promover ações que ajudarão na melhoria de nossas instituições de ensino e a integração dos funcionários nas atividades pedagógicas, missão da gestão democrática e participativa. Destaca-se que a capacitação é mais evidente em funcionários efetivos, já que geralmente são desenvolvidas reuniões com o intuito de refletir sobre temas relacionados com o seu dia a dia de trabalho, oportunidades para seu enriquecimento pessoal e profissional. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho serviu para o despertar dos funcionários sobre sua importância como educador, com o objetivo de contribuir para que haja mudança de postura no sentido de que os agentes se envolvam no trabalho coletivo da escola, garantindo a participação e integração de todos os envolvidos, o que se torna um desafio. Para caminhar no sentido de uma profissionalização desses servidores, deve-se investir mais em formação, o que por si só promove a integração, primeiramente entre os funcionários e, num segundo momento, entre os funcionários, alunos e professores, por isso a necessidade de estarem conscientes quanto ao seu papel dentro da instituição de ensino. Mudanças de postura, atitudes, gestões, iniciativas, intermediações, conselhos, informações adicionais, enfim, tudo que esteja ao alcance do funcionário pode ser feito no sentido de capacitá-lo, mas para isso deve haver atualização constante, já que sua contribuição efetiva se dá a partir do momento em que o funcionário lança um novo olhar sobre a realidade e tenta intervir sempre buscando cumprir com suas atribuições da melhor forma. REFERÊNCIAS ALONSO, M. O trabalho coletivo na escola. In:_____ Formação de gestores escolares para a utilização de tecnologias de informação e comunicação. São Paulo: PUC-SP, 2002. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Por uma política de valorização dos trabalhadores em educação: em cena, os funcionários de escola. Brasília: MEC/ SEB, 2004. CNTE, Confederação Nacional dos Trabalhadores em educação, 2015. p. 3. Disponível em: http://www.cnte.org.br/index.php/publicações/outras- publicações/156321-no-brasil-funcionario-de-escola-tamem-e-educador.html. 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