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A participação do funcionário, enquanto educador, em processos de 
gestão escolar democrática e participativo. 
 
Lourival do Nascimento e Silva1 
Beatriz Gomes Nadal2 
 
Resumo 
A implementação de ações pedagógicas que tematizem a gestão democrática junto à 
comunidade escolar passa pela inserção dos funcionários como educadores. Mais do que 
apontar as dificuldades que existem para que os objetivos sejam atingidos, os encontros serviram 
para refletir sobre a necessidade da motivação para o trabalho e da necessidade de 
investimentos em recursos humanos. Torna-se como pressuposto que a formação continuada é 
um fator central de profissionalização e elemento imprescindível para que se constitua, nas 
escolas, uma cultura de participação dos agentes escolares na gestão democrática da escolar. 
Os encontros contaram com leituras, debates, esclarecimentos e serviram para mostrar que o 
fator motivacional é o que mais contribui para a mudança de postura, uma vez que motivados, 
colocam-se de fato na condição de agente que se insere no processo ensino-aprendizagem. 
 
Palavras-chave: Gestão, educadores, participação, decisões. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 O presente trabalho discutiu a necessidade de participação mais efetiva 
dos funcionários dentro de um contexto historicamente formado, pelo que se faz 
necessário entender como funciona uma gestão democrática participativa no 
contexto escolar e quais possibilidades e ações que podem vir a contribuir para 
a participação mais efetiva dentro do contexto escolar e das instâncias 
colegiadas, contribuindo com a prática pedagógica e sua reflexão sobre o 
envolvimento deste funcionário junto à comunidade. 
 Neste sentido, buscou-se através do Programa de Desenvolvimento 
Educacional (PDE) atividades que resultassem na produção de conhecimento, 
em mudanças qualitativas na prática na Gestão Escolar Democrática enquanto 
processo indispensável de inclusão e interação dos segmentos frente à 
necessidade de troca de conhecimentos e de constante aperfeiçoamento. 
 Esta participação trouxe um efeito transformador à comunidade escolar, 
impactando consideravelmente os trabalhos diários. Os funcionários têm uma 
 
1 Professor PDE, Especialista em Pedagogia dos Esportes, Educação e Inclusão. 
2 Doutora em Educação: Currículo pela PUC-SP. Professora Adjunta do Departamento de 
Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa. 
 
 
função muito importante, pois seus afazeres diários contemplam uma dinâmica 
social ativa no processo de educar. 
 Com base na realidade escolar levou-se em conta situações específicas, 
desafios e resistências no que respeita à adesão da comunidade escolar quando 
se trata da participação ativa dos atores escolares em instâncias colegiadas. 
Deste modo, discutiu-se o papel e sua real importância no contexto escolar como 
agente público. 
 Os elementos da realidade escolar que apontaram para a importância de 
aprofundamento em relação ao tema estavam fundamentados no sentido de que 
muitas vezes ficam de fora de importantes decisões, não são informados dos 
processos de gestão escolar nem esclarecidos quanto à sua condição de 
educadores. 
 Assim, o objetivo geral deste trabalho foi implementar ações pedagógicas 
tematizando a gestão escolar democrática junto à comunidade escolar, com 
ênfase ao papel dos funcionários enquanto educadores partícipes desse 
processo, buscando desenvolver estudos sobre o papel dos 
funcionários/agentes educacionais enquanto educadores participantes da 
gestão escolar; realizar ações de formação contínua envolvendo os agentes 
educacionais, oportunizando a reflexão sobre seu papel educativo na 
organização e gestão democrática na escola; refletir sobre os processos de 
gestão escolar democrática e o papel das instâncias colegiadas de gestão com 
vistas à participação dos funcionários enquanto educadores e membros da 
comunidade escolar. 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 A gestão democrática é um dos princípios do trabalho na escola pública. 
Por gestão democrática entende-se a possibilidade efetiva de participação de 
toda a comunidade escolar nos processos decisórios da instituição de ensino, 
representados e fortalecidos em suas instâncias colegiadas. Sua defesa 
pressupõe o fortalecimento das ações da escola no sentido da busca pela sua 
real autonomia, democracia e descentralização. Nesta concepção incluíram-se 
os funcionários do colégio dentro uma atividade cooperativa e social, por 
entender da real importância que esses agentes têm. 
 
 
 É importante que a gestão escolar seja democrática no sentido de fazer-
se participativa, descentralizada e autônoma, envolvendo a comunidade escolar 
nas decisões, com atos voltados para a ética e não para o poder. 
 
Aceitando-se que a gestão democrática deve implicar 
necessariamente a participação da comunidade, parece faltar ainda 
uma maior precisão do conceito de participação. A esse respeito, 
quando uso esse termo, estou preocupado, no limite, com a 
participação nas decisões. Isto não elimina, obviamente, a participação 
na execução; mas também não a tem como fim e sim como meio, 
quando necessário, para a participação propriamente dita, que é a 
partilha do poder, a participação na tomada de decisões. (PARO, 2005, 
p. 76). 
 
 Para que a escola alcance determinados fins, precisa primeiramente estar 
organizada. Uma gestão democrática contou com a participação da comunidade 
e seus representantes dos colegiados, motivados à transformação que se 
almejou na escola. Isto implicou em descentralizar o poder e deixar que as 
opiniões e discussões sigam seu rumo, onde se respeite a decisão da maioria, 
e não os interesses particulares. A concretização se deu rompendo os 
obstáculos e materializando as discussões. 
 Durante muitos anos os funcionários foram colocados à marginalidade da 
profissão. Com a organização desta categoria a valorização começou a se 
delinear. No Estado houve algum avanço no sentido de qualificação, mas 
precisamos consolidar uma política que venha a somar na formação profissional 
e pessoal dessas pessoas que são importantes no contexto escolar, dentro uma 
perspectiva de formação profissional e pessoal desses funcionários e que sejam 
disponibilizados mais cursos para o enriquecimento pessoal e profissional. 
Desenvolver continuamente a competência profissional constitui-se em 
desafio a ser assumido pelos profissionais, pelas escolas e pelos sistemas de 
ensino, pois essa se constitui em condição fundamental da qualidade de ensino. 
 A consideração dos funcionários como agentes educadores também 
corresponde ao princípio do trabalho coletivo e da participação ativa nas 
tomadas de decisões realizadas no interior da instituição educacional, 
contribuindo para que o trabalho pedagógico seja desenvolvido de forma 
democrática e cooperativa. 
 O papel dos funcionários enquanto educadores na escola está 
diretamente ligado à natureza institucional da escola, que é constituída por 
pessoas, compondo-se como uma organização social. 
 
 
 Libâneo (2007), opondo-se à concepção técnico-científica, concebe a 
organização escolar do ponto de vista sociopolítico. Para este autor a 
organização consiste em 
 
Um sistema que agrega pessoas, considerando o caráter intencional 
de suas ações e interações sociais que estabelecem entre si e com o 
contexto sociopolítico, nas formas democráticas de tomadas de 
decisões. A organização escolar não é algo objetivo, elemento neutro 
a ser observado, mas construção social levada a efeito pelos 
professores, alunos, pelos pais e até por integrantes da comunidade 
próxima. O processo de tomada de decisões dá-se coletivamente, 
possibilitando aos membros do grupo discutir e deliberar, em uma 
relação de colaboração. (LIBÂNEO et al, 2007, p. 324).Desta forma, emprega-se o caráter de coletividade à organização escolar, 
com base na organização e destacando-se pela busca de interesses e objetivos 
comuns, onde cada sujeito exerce democraticamente a expressão de suas ideias 
e, desta forma, participa das principais decisões da instituição, através de 
sugestões, proposições e planejamento de ações. 
 Trata-se, na visão do autor, de um processo de construção social e 
coletiva com enfoque da gestão nos aspectos subjetivos dos sujeitos escolares, 
levando-se em consideração suas experiências e práticas sociais, ou seja, uma 
concepção democrático-participativa. Conforme descreve Libâneo (2007),esta 
concepção 
 
Baseia-se na relação orgânica entre a direção e a participação dos 
membros da equipe. Acentua a importância da busca de objetivos 
comuns assumidos par todos. Defende uma forma coletiva de tomada 
de decisões. Entretanto, uma vez tomadas as decisões coletivamente, 
advoga que cada membro da equipe assuma sua parte no trabalho, 
admitindo a coordenação e a avaliação sistemática da 
operacionalização das deliberações. (LIBÂNEO et al, 2007, p.325). 
 
 Segundo o autor, essa atividade de gestão envolve aspectos gerenciais e 
técnico-administrativos através da mobilização de meios e procedimentos para 
que possam ser atingidos os objetivos da organização. Desta forma, explica que 
a atividade de gestão é um meio de se colocar em ação o sistema organizacional. 
 Paro (2010, p. 25) entende que administrar é utilizar-se racionalmente de 
recursos para a realização de fins determinados, sendo que quanto maior a 
relevância dos objetivos, maior será a importância das mediações necessárias 
com o intuito de sua realização. Deve-se, nesse processo, ser feita a abstração 
dos objetos específicos da administração, ou seja, a utilização racional de 
 
 
recursos para a obtenção de determinados resultados, configurando-se como 
uma atividade exclusivamente humana. Em outras palavras, “só o homem é 
capaz de realizar trabalho, em seu sentido mais geral e abstrato, como atividade” 
(PARO, 2010, p. 766). 
 Os recursos envolvidos na busca dos objetivos integram dois grupos 
interdependentes: objetivos e subjetivos, incluindo objetos e instrumentos de 
trabalho e recursos conceptuais ou simbólicos de um modo geral. 
 
Assim, os recursos objetivos, como o próprio nome sugere, referem-se 
às condições objetivas presentes na realização do trabalho ou dos 
trabalhos que concorrem para a realização dos fins da empresa ou 
organização. Já os recursos subjetivos dizem respeito à subjetividade 
humana, ou seja, à capacidade de trabalho dos sujeitos que fazem uso 
dos recursos objetivos (PARO, 2010, p. 767). 
 
 Um ponto apresentado pelo mesmo autor (2010, p. 768) que chama a 
atenção no processo diz respeito ao elemento de complexidade relacionado ao 
fato de que a ação dos sujeitos não se restringe ao momento do trabalho. De 
forma geral, as ações espalham-se por todas as relações da empresa. 
 Neste sentido, a coordenação se reveste de um caráter considerado 
técnico, quando os interesses dos que executam os trabalhos coincidem com os 
objetivos a serem alcançados. Sob essa base apresentada no parágrafo anterior, 
decorre que a coordenação se reveste de um caráter técnico, podendo 
implementar formas alternativas para alcançar objetivos comuns. 
Diante da atual configuração administrativa e didática da escola básica, 
que se mantém presa a paradigmas arcaicos tanto em termos técnico-
científicos quanto em termos sociais e políticos, é preciso propor e 
levar avante uma verdadeira reformulação do atual padrão de escola, 
que esteja de acordo com uma concepção de mundo e de educação 
comprometida com a democracia e a formação integral do ser humano-
histórico – e que se fundamente nos avanços da pedagogia e das 
ciências e disciplinas que lhe dão subsídios (PARO, 2010, p. 777) 
 
 Diante do exposto até então e recorrendo aos pressupostos básicos do 
Ministério da Educação (BRASIL, 2004), o termo mais apropriado para designar 
os agentes é, de fato, educadores. 
Hoje, com a expressiva expansão da escolarização, percebe-se que, mais 
do que ser instruída por professores, a população precisa ser educada por 
educadores, compreendendo-se que todos os que têm presença permanente no 
ambiente escolar, em contato com os estudantes, são educadores, 
independentemente da função. 
 
 
 Silva Júnior (1990, p. 13), explica que a administração determina a direção 
da prática da educação, partindo de um subsídio teórico que reforça as ações e 
culminando em formas de intervenção com base nas devidas práticas. 
 Entretanto, como se trata de objetivos a serem alcançados, faz-se 
necessário refletir sobre os elementos que dificultam o alcance dos resultados 
propostos pela gestão escolar, tal como na avaliação de Pereira (1976). Segundo 
o autor, 
 
Esses elementos estão vinculados às relações que transcendem as de 
trabalho: os grupinhos de conversa entre professores e demais para 
críticas ao diretor; os grupos de fumantes que se reúnem disfuncionais 
à organização racional da escola, uma vez que não são aproveitadas 
positivamente por ela (PEREIRA, 1976, p. 100). 
 
 A gestão democrática é também pensada como um processo político que 
envolve todos que atuam na escola, de forma a identificar problemas, discutir, 
deliberar, planejar, encaminhar e avaliar o conjunto das ações voltadas à 
resolução de problemas, que leva a uma participação efetiva. 
Esse processo, sustentado no diálogo, na alteridade e no 
reconhecimento às especificidades técnicas das diversas funções 
presentes na escola, tem como base a participação efetiva de todos os 
segmentos da comunidade escolar, o respeito às normas 
coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões 
e a garantia de amplo acesso às informações aos sujeitos da escola 
(SOUZA, 2009, p. 127-128). 
 
 Mesmo que a escola não esteja organizada de forma a se desenvolver 
com sucesso a administração e/ou gestão de forma participativa, Alonso (2002) 
reitera que o trabalho coletivo é uma meta que deve ser perseguida pelos 
gestores, pois as ações dos segmentos refletem na instituição como um todo. 
Os resultados apresentados pela escola, o desempenho escolar, é de 
responsabilidade geral dos membros da escola e, em última análise, 
quem responde por isso é o diretor da escola. Portanto, não basta o 
diretor preocupar-se com questões estritamente administrativas, sem 
conjugá-las com as necessidades de natureza pedagógica (ALONSO, 
2002, p. 25). 
 
 Motta (2003, p. 372) faz uma distinção entre autogestão pedagógica e 
autogestão institucional. A autogestão pedagógica, segundo o autor, está ligada 
à dinâmica do trabalho pedagógico, enquanto a autogestão institucional está 
relacionada à administração do estabelecimento. Nesse processo, deve ser 
assegurada a participação efetiva de todos os agentes. 
No âmbito da escola, a participação constitui tema de estudantes, 
professores, administradores, supervisores, orientadores e 
 
 
funcionários. Aos administradores educacionais, cabe especialmente o 
desafio não pequeno de descobrir e delinear formatos organizacionais 
que, adequados a contextos específicos, assegurem a educação 
participativa voltada para a construção de uma sociedade 
verdadeiramente igualitária, não apenas em termos econômicos, mas 
em termos de distribuição do poder (MOTTA, 2003, p. 373). 
 
 Para que esses objetivos sejam alcançados, no entanto, destaca-se a 
necessidade de aprendizado da ação política, que, segundo Motta (2003, p. 
373), refletindo na criação de uma disponibilidade para ajudar e ser ajudado. 
 Devem-se criar meios para que possa ser exercida uma gestão 
democrática na escola com a participação dos funcionários agente I e agente II, 
pois a participação de todos deve ocorrer com base no diálogo e de 
compartilhamento deações que denotam a prática descentralizadora e 
participativa do segmento. 
 A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) 
entende que uma das principais conquistas na educação foi a Lei nº 12.014/09, 
que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), e passou a 
reconhecer os funcionários de escola como profissionais de educação. 
 
A mudança da Lei Nacional da Educação insere os funcionários de 
escola habilitados na categoria de profissionais da educação escolar 
básica, juntamente com os professores e pedagogos, e beneficiou 
cerca de um milhão de trabalhadores que atuam nas escolas de ensino 
básico: educadores que passaram a ser valorizados e reconhecidos 
como profissionais de educação em todos os municípios brasileiros 
(CNTE, 2015, p. 2). 
 
 Ainda, segundo a CNTE (2015, p. 3), as iniciativas resgatam uma dívida 
histórica com os funcionários e vão ao encontro das ações promovidas pela 
melhoria da qualidade da educação no Brasil. 
 
3 METODOLOGIA 
 
 Os encaminhamentos metodológicos para a realização do trabalho 
tiveram como referência o projeto de intervenção que se desenvolveu por meio 
da elaboração de um material didático específico e pela implementação de um 
curso de formação composto por oito encontros ofertados aos funcionários. Os 
temas tratados foram: O papel do funcionário como educador, a escola e o 
projeto político pedagógico, o funcionário e suas funções no regimento escolar, 
 
 
gestão democrática e a participação do funcionário, as instâncias colegiadas da 
escola e a participação do funcionário, a desmotivação e fatores que interferem 
na participação efetiva do funcionário, as relações interpessoais na atividade 
educadora do funcionário, a capacitação do funcionário na gestão democrática 
e formas de integração entre funcionários. 
 O trabalho desenvolvido para a implementação do projeto teve como 
suporte o material didático construído para o programa. O trabalho desenvolveu-
se com leituras, discussões e reflexões sobre a realidade escolar, buscando 
sempre desenvolver a identidade dos participantes como agentes educadores. 
 
O movimento dos trabalhadores em educação e o Ministério da 
Educação e Cultura do Brasil estão propondo a formação continuada 
dos trabalhadores não-docentes como um dos mecanismos de 
melhoria da qualidade do ensino e realização da meta de 
democratização da educação básica, tendo em vista uma participação 
mais efetiva, consciente no processo educativo da escola (TROJAN; 
TAVARES, 2012, p. 2). 
 
 O reconhecimento dos funcionários como educadores implica numa 
concepção de educador que ultrapasse os limites da sala de aula e que supere 
o preconceito que vê os funcionários não docentes apenas como trabalhadores 
braçais, tarefeiros, alienados das ações pedagógicas. Para tanto, esses 
profissionais necessitam de formação condizente com a sua tarefa de formação 
humana. 
 A seguir, relata-se os encaminhamentos de cada encontro, assim como 
as reflexões dos educadores mediante a proposta efetivada. 
 
 
 
 
4.1 A FORMAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS: REFLEXÕES... 
 O primeiro encontro tratou especificamente do papel do funcionário como 
Educador, visando despertar nos agentes I e II a conscientização sobre seu real 
papel na condição de Educador. 
 As atividades extraclasses como apoio aos alunos em diversos locais da 
escola foram um dos principais pontos destacados inicialmente como essencial 
para a integração do funcionário no processo formativo/educativo. 
 
 
 Diante dessa explanação, foi apresentado um questionário sobre o 
conhecimento prático que cada um tem durante sua trajetória de trabalho na 
escola, que se inicia com a divisão e o compartilhamento de tarefas. Nesse item, 
mesmo que cada um reconheça que cumpre com sua função com base na 
divisão de tarefas e colaboração, o trabalho em equipe é, paradoxalmente, visto 
como necessidade de um ajudar ao outro e também de não medir esforços para 
desenvolver várias atividades “ao mesmo tempo”. Problemas de relacionamento 
entre funcionários, entre estes e professores e/ou alunos são apontados como 
algo que interfere no trabalho através da divisão de tarefas. 
 Sobre a postura correta de atuação dos funcionários relativos à tarefa a 
ser executada, destacam-se as seguintes respostas: postura ética e organizada, 
diálogo, honestidade, avaliação do trabalho, acolhimento, compartilhamento de 
informações, fazendo-se sempre o melhor possível e, principalmente, cumprir 
com horários de chegada e saída e respeitar o espaço escolar de cada um 
(alunos, professores e funcionários). 
 No item mais importante, ou seja, se o funcionário se considera um 
Educador, todas as respostas foram positivas, embora na visão de alguns ainda 
haja preconceito ou dificuldades de relacionamento que voltam a aparecer. 
Também se registra que embora o funcionário não participe de reuniões e 
orientações, ele é sim um educador e deve trabalhar com respeito e dedicação. 
 O comprometimento com o processo ensino-aprendizagem e com a ética 
torna-se essencial, pois é através dela que esse profissional terá condições de 
assumir novas posturas, pensando que suas ações influenciam diretamente no 
ambiente escolar. Com essa postura, o funcionário passa a ter de fato a função 
de educar e, consequentemente, terá claro e dentro da lei a sua condição de 
profissional da educação e, principalmente, nitidez de seu papel como educador. 
 Após leitura dos textos da Constituição Federal e das Leis de Diretrizes 
de Base que contemplam a função dos profissionais que atuam na escola, foi 
iniciada a discussão da segunda fase com a formação de grupos que colocaram 
no papel suas impressões sobre essa condição. 
 A participação e/ou integração do funcionário no processo educativo, de 
acordo com os resultados, vão desde alertas para não jogar papel e cuspir no 
chão até orientação para ajudar na sua formação para que os alunos sejam 
aceitos de forma digna perante a sociedade. 
 
 
 Em relação às dificuldades para que haja a integração pretendida, 
destacam-se os seguintes pontos: falta de treinamento e formação continuada 
para todos os funcionários; os agentes I e II deveriam passar por uma 
preparação para interagir com os alunos; eles não saem da sala de aula, são 
poucos que obedecem; alunos não acatam o que foi determinado; negar pedido 
de vaga para os pais; falta de capacitação do funcionário; mídia sempre 
comprada pelo governo. 
 No terceiro momento foram então destacadas ações que se fazem 
necessárias para valorização do funcionário, começando pela importância do 
plano de gestão e do projeto político-pedagógico da escola, que determina a 
forma como o funcionário deve participar das atividades organizadas pela 
direção. Nesse caso, depende da realidade de cada escola, pois é isso que 
determina a postura do funcionário como educador. 
 Verificou-se que os funcionários nem sempre têm oportunidade para a 
capacitação merecida, pois, por exemplo, semanas pedagógicas em geral são 
voltadas para professores, não havendo essa integração já desde o início. 
 No segundo encontro foi feita a leitura e discussão do texto tirado do 
Projeto Político-Pedagógico (PPP). Diante dos pontos apresentados no PPP, 
foram citados quais os pontos que devem ser seguidos pelo funcionário: 
comprometimento dos funcionários das funções educativas não docentes; 
conhecimento de projetos, propostas e discussão de melhorias. Deste modo, 
verificou-se a peculiaridade que cada escola tem e a sua identidade que é única 
para cada estabelecimento, teve também a apresentação de vários PPP no qual 
ficaram bem claras essas diferenciações. 
 Todos os cursistas puderam colocar suas ideias, dúvidas e sugestões 
sobre o tema estudado. Pode-se também organizar alguma ideia sobre o PPP, 
que foi colocado e discutido neste encontro. Refletir sobre a realidade que 
acontece no dia a dia da escola e deque forma pode-se contribuir para uma 
sociedade escolar mais justa e um ambiente escolar melhor. 
 No terceiro encontro foram discutidos os itens que constam a participação 
dos funcionários no regimento escolar, como os direitos e deveres, onde todos 
afirmam conhecer, ressaltando-se que o documento está disponível na escola. 
Foi colocada também a forma como o regimento escolar foi construído, sendo 
baseado em um texto referencial e princípios democráticos e da participação da 
 
 
coletividade. Percebe-se para que o trabalho educativo realmente aconteça na 
escola a cooperação, participação e integração entre os atores envolvidos no 
processo, tem que estar presente no dia a dia de atividades na escola. 
 No quarto encontro foram abordadas a gestão democrática e a 
participação do funcionário, sendo que num primeiro momento foi assistido o 
vídeo “Gestão Democrática nas escolas públicas” (disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=HoBUWCCVcPA). O objetivo foi entender 
um pouco como funciona uma administração dentro de uma instituição de 
ensino, para que o servidor compreenda se de fato sua participação está dentro 
do modelo de gestão, bastando medir o nível de interação entre os objetivos e 
prioridades estabelecidas pela gestão escolar. 
 Após o vídeo, foram feitos alguns questionamentos, e perguntado “qual 
momento da tua atuação profissional você usaria para participar como 
educador”. Obteve-se como respostas: o tempo todo passando conhecimento; 
orientações; ser educador é ser exemplo perante os educandos.
 Especificamente sobre a gestão participativa, destaca-se nas respostas 
que o processo nas escolas está sendo construído, mas que não deve ocorrer 
sem a participação da comunidade. 
 No encontro 5 foram feitas reflexões em torno da participação dos 
funcionários nas instâncias colegiadas da escola, com textos relacionados a 
cada segmento, conselho escolar e APMF, obtendo resposta positiva em relação 
à participação dos funcionários em reuniões de conselhos e associações. 
 A participação do funcionário nas instâncias colegiadas tem sua 
importância na contribuição para uma gestão democrática participativa. Nos 
encontros estes servidores colocaram suas opiniões e sugestões, pois as 
experiências adquiridas são de uma grande importância, dentro do espaço físico 
escolar, vindo a somar para a qualidade do ensino. 
 No sexto encontro foi abordada a desmotivação e fatores que interferem 
na participação efetiva do funcionário, iniciando-se com exibição do vídeo “O 
melhor Vídeo de Motivação do Mundo”, que relata esta realidade e de que forma 
se pode agir para que este quadro tenha uma melhora, disponível no endereço 
https://www.youtube.com/watch?v=2SSP21f2K8k. 
 A avaliação do vídeo foi excelente, tendo como destaques: motivador, 
mostra que se deve ter ânimo no trabalho para superar dificuldades, através da 
https://www.youtube.com/watch?v=HoBUWCCVcPA
 
 
auto avaliação. “Nem sempre o diálogo está aberto, mas cabe a cada um 
procurar seu espaço para poder opinar”. Também aparece a falta de ética como 
causadora de danos irreparáveis na relação com os gestores. 
 No sétimo encontro, com a intenção de melhorar as relações no local de 
trabalho, abordou-se as relações interpessoais como fundamentais na atividade 
educadora do funcionário. Dessa forma, todos os devem trabalhar com os 
conflitos e as diversidades de personalidades, buscando alternativas que 
atendam o interesses sem distinções. 
 Na sequência, os grupos analisaram texto extraído do livro: A escola 
participativa: o trabalho do gestor escolar, de Heloísa Lück, gerando discussões 
acerca dos pontos trabalhados anteriormente, como trabalhar em equipe, e 
participar de ações para que haja uma gestão democrática. 
 Finalmente, no último encontro foi abordada especificamente a 
capacitação do funcionário na gestão democrática, quando foi feito um apanhado 
dos pontos relevantes como: maior envolvimento no contexto escolar, 
participação das tomadas decisões geradas dentro da instituição de ensino e 
promover ações que ajudarão na melhoria de nossas instituições de ensino e a 
integração dos funcionários nas atividades pedagógicas, missão da gestão 
democrática e participativa. 
 Destaca-se que a capacitação é mais evidente em funcionários efetivos, 
já que geralmente são desenvolvidas reuniões com o intuito de refletir sobre 
temas relacionados com o seu dia a dia de trabalho, oportunidades para seu 
enriquecimento pessoal e profissional. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Este trabalho serviu para o despertar dos funcionários sobre sua 
importância como educador, com o objetivo de contribuir para que haja mudança 
de postura no sentido de que os agentes se envolvam no trabalho coletivo da 
escola, garantindo a participação e integração de todos os envolvidos, o que se 
torna um desafio. 
 Para caminhar no sentido de uma profissionalização desses servidores, 
deve-se investir mais em formação, o que por si só promove a integração, 
primeiramente entre os funcionários e, num segundo momento, entre os 
 
 
funcionários, alunos e professores, por isso a necessidade de estarem 
conscientes quanto ao seu papel dentro da instituição de ensino. 
 Mudanças de postura, atitudes, gestões, iniciativas, intermediações, 
conselhos, informações adicionais, enfim, tudo que esteja ao alcance do 
funcionário pode ser feito no sentido de capacitá-lo, mas para isso deve haver 
atualização constante, já que sua contribuição efetiva se dá a partir do momento 
em que o funcionário lança um novo olhar sobre a realidade e tenta intervir 
sempre buscando cumprir com suas atribuições da melhor forma. 
 
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