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ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 1 ENG07079 Termodinâmica para Engenharia Química I Prof. André R. Muniz 5. Segunda Lei da Termodinâmica ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 2 1ª Lei da Termodinâmica: conservação de energia Qual a necessidade de uma Lei adicional? T = T1 A T = T2 B TA > TB T = T3 T = T3 A B TA = TB Independente do caminho, a energia é conservada. ? ? ?V1 0 V2 = 0T1 T2 > T1 ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 3 Direcionalidade e Espontaneidade de Processos Gradientes/diferenças são espontaneamente dissipados. Algo mais? Processos na natureza ocorrem espontaneamente em uma direção bem definida (A) Há como verificar a direcionalidade de processos de uma forma bem definida/quantitativa para casos mais complexos? Que direção é essa? Que esse processos têm em comum? ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 4 Direcionalidade e Espontaneidade de Processos Calor é transferido da região quente para a fria Calor é transferido espontaneamente da região quente para a fria Calor pode ser transferido da região fria para quente se usarmos um dispositivo de refrigeração, p.ex. Energia mecânica (cinética, potencial) é transformada em energia interna (“térmica”) Energia mecânica (cinética, potencial) é espontaneamente transformada em energia interna (“térmica”) Energia térmica (“calor”) pode ser convertido em energia mecânica (“trabalho”) usando uma máquina térmica Duas espécies miscíveis em contato se misturam Duas espécies miscíveis em contato se misturam espontaneamente Podemos separar duas espécies miscíveis caso usarmos um dispositivo de separação e/ou adicionarmos energia ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 5 Direcionalidade e Espontaneidade de Processos ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 6 Baseado na 1ª Lei , pode-se dizer que a transferência de energia de/para um sistema através de trabalho e calor são “equivalentes” (U = Q+W) T Q W T Q W Na prática verifica-se que trabalho pode ser convertido quase que totalmente (100%) em calor*, mas o inverso não é verdade, consegue-se na prática, no máximo cerca de 40 % de eficiência. ~100% < ~ 40% Eficiência de Processos Térmicos e Conversão de Energia (B) Há como avaliar a viabilidade de determinados processos e determinar seus limites? * energia interna (”térmica”) vs cinética/potencial (mecânica”) ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 7 (B) Há como avaliar a viabilidade de determinados processos e determinar seus limites? Eficiência de Processos Térmicos e Conversão de Energia ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 8 Sim. Porém, há a necessidade da introdução de conceitos adicionais além de energia, calor, trabalho, e o princípio de conservação de energia (1ª Lei): (A) Há como verificar a direcionalidade de processos de uma forma bem definida/quantitativa para casos mais complexos? (B) Há como avaliar a viabilidade de determinados processos e determinar seus limites? Segunda Lei da Termodinâmica uma nova variável: Entropia (S) S: variável termodinâmica utilizada para quantificar a direcionalidade/espontaneidade/viabilidade de processos. ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 9 Há vários enunciados para a segunda lei encontrados nos livros de termodinâmica, todos válidos, mas expostos de diferentes maneiras. Seguem alguns: “Nenhum aparato pode operar de tal forma que o único efeito (no sistema + vizinhanças) é converter calor absorvido pelo sistema completamente em trabalho”. “Não é possível construir um aparato que opera em um ciclo cujo único efeito é transferir calor de um corpo frio para um corpo quente (Clausius)”. “Não é possível construir um aparato operando em ciclos que resulta em nenhum outro efeito que não seja a produção de trabalho através da transferência de calor a partir de uma simples fonte (Kelvin e Planck)”. “Todo sistema, por si próprio, muda para uma condição onde a capacidade de realizar trabalho diminui”. “A ocorrência de um processo irreversível e espontâneo em um sistema fechado e adiabático, leva à um aumento de sua entropia”, ou “A entropia do universo sempre aumenta em um processo espontâneo irreversível” Segunda Lei da Termodinâmica The First Law of Thermodynamics says you can't win; the Second Law of Thermodynamics says you can't even break even. ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 10 Um processo é dito reversível se é possível ser revertido de forma que sistema E vizinhança sejam exatamente restaurados para seus estados iniciais; caso contrário, é um processo irreversível. Processos reversíveis só ocorrem para forças motrizes infinitesimalmente pequenas, de forma lenta, na ausência de gradientes internos de temperatura, pressão e velocidade (ausência de fluxos internos e/ou dissipação viscosa) → IDEALIZAÇÃO Processos Reversíveis e Irreversíveis Exemplo: expansão/compressão de um gás em um pistão; determinar trabalho obtido/requerido no processo direto e inverso ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 11 Processos Reversíveis e Irreversíveis Exemplo: expansão/compressão de um gás em um pistão; determinar trabalho obtido/requerido no processo direto e inverso Tudo de uma vez só: Note que ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 12 Processos Reversíveis e Irreversíveis Exemplo: expansão/compressão de um gás em um pistão; determinar trabalho obtido/requerido no processo direto e inverso Em duas etapas: Em múltiplas etapas “infinitesimais”: A pressão do sistema é sempre igual a pressão externa Note que Note que ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 13 Um processo é dito reversível se é possível ser revertido de forma que sistema E vizinhança sejam exatamente restaurados para seus estados iniciais; caso contrário, é um processo irreversível. Processos reversíveis só ocorrem para forças motrizes infinitesimalmente pequenas, de forma lenta, na ausência de gradientes internos de temperatura, pressão e velocidade (ausência de fluxos internos e/ou dissipação viscosa) → IDEALIZAÇÃO Processos Reversíveis e Irreversíveis Em um processo reversível, o trabalho requerido para sua realização é o menor possível (compressão no caso acima); analogamente, obtém-se a maior quantidade de trabalho possível de um sistema (expansão no caso acima) se o processo for reversível ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 14 irreversível reversível Em um processo reversível, o trabalho requerido para sua realização é o menor possível (compressão no caso acima); analogamente, obtém-se a maior quantidade de trabalho possível de um sistema (expansão no caso acima) se o processo for reversível A F B E De onde vem essas “irreversibilidades” em processos, do ponto de vista prático? Atrito; fluxos internos de calor e massa (devido a diferenças de temperatura e concentração), levando à mistura, dispersão e homogeneização; dissipação viscosa; deformações mecânicas; reações químicas Processos Reversíveis e Irreversíveis ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 15 Entropia T dQdS gerdST dQdS A entropia é uma função de estado, de modo que a sua variação depende somente dos estados iniciais e finais, e não de como este foi atingido. revdQT dS 1 A entropia (S) é definida em termos do calor trocado em um processo reversível: (unidades: J/K, J/(Kmol), kJ/(Kkg)) Define-se como geração de entropia, a variação de entropia devido às irreversibilidades no processo. Sendo assim, pode-se escrever a desigualdade acima na seguinte forma: 0gerdStal que: Sendo assim, para processos reversíveis: E para processos irreversíveis: Como um processo reversível é o “melhor” que se pode fazer, o aumento na entropia de um processo real deve ser maior comparado a um processo reversível; para processos irreversíveis, verifica-se que : revdQTdSS 1 0gerdS 0gerdS· · ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 16 Equação do Balanço de Entropia em Sistemas Abertos ger saidak kk entradask kk ST Qsmsm dt dS gerST QS = ∗ 0 dt dSEm estado estacionário: Para se obter variações totais em um intervalo de tempo t = t2-t1: Para sistemas fechados: gerS T Q dt dS Variações de entropia e entropia específicas são calculadas a partir de variações de P, T, v (a seguir) m Ss Para as correntes de entrada e saída, usa-se a entropia específica: ∗ (em relação a um estado de referência) ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 17 0,, vizgersistgervizsistuniv SSSSS Considere um sistema e suas vizinhanças. Aplica-se o balanço de entropia para ambos, e verifica-se que a taxa devido à entrada de massa e devido ao calor transferido, tem o mesmo valor em módulo, mas sinais diferentes. Se forem somadas as duas equações (sistema + vizinhanças) chega-se à variação de entropia do universo, dada assim por: Note que a entropia de um sistema pode aumentar ou diminuir no processo, desde que a entropia do universo aumente. Entropia e Segunda Lei da Termodinâmica Generalização da Segunda Lei da Termodinâmica0 univS sistema vizinhança universo Sendo assim, para processos reversíveis: E para processos irreversíveis: 0 univS 0 univS A entropia do universo sempre aumenta em um processo espontâneo irreversível ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 18 Entropia e Segunda Lei da Termodinâmica Para processos reversíveis: Para processos irreversíveis: 0 univS 0 univS limites dos processos (“o melhor que pode ser feito”) direcionalidade dos processos Para que um processo irreversível ocorra espontaneamente em uma dada direção: 0 univS Mínima quantidade de trabalho que precisamos para realizar determinado processo é aquele tal que: Ou seja, 0 univS Máxima quantidade de trabalho que podemos extrair em determinado processo é aquele tal que: 0 univS Eficiência em relação ao processo reversível: Eficiência em relação ao processo reversível: W Wrev revW W 0 gerSou 0 gerSou 0 gerSou ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 19 Cálculo de Variações de Entropia Sistemas abertos: Sistemas fechados: P1,T1 v1,T1 ou P2,T2 v2,T2 ou P1,T1 v1,T1 ou P2,T2 v2,T2 ou . m1 . m2 ∆ , , ? ∆ , , ? , , ? , , ? ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 20 Gases ideais: variações de P, V, T P T P2 T1 P1 T2 v T v2 T1 v1 T2 ∆ , , ? ∆ , , ? ⋯ ⋯ ⋯ ⋯ Cálculo de Variações de Entropia ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 21 Gases ideais: variações de P, V, T (em aula) 1 2ln 2 1 P PRdT T C s T T p 1 2 1 2 lnln P PR T TCs p (P1, T1) (P2, T2) Se Cp = cte 1 2 1 2 lnln v vR T TCs v(v1, T1) (v2, T2) 1ª Lei: Entalpia: Calores específicos: Cálculo de Variações de Entropia ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 22 Fluidos reais: tabelas, diagramas, equações de estado Ex: água Mudança de fase: ∆ ∆ Sólidos, líquidos: variações de T 2 1 T T p dT T C s 1 2ln T TCs pSe Cp = cte∆ ∆ Cálculo de Variações de Entropia ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 23 Exemplos (1) Uma peça de metal (Cp = 0.5 kJ/(kgK)) de 40 kg aquecida à 450ºC é resfriada em 150 kg de óleo (Cp = 2.5 kJ/(kgK)) a 25ºC. Considerando que não há perdas de calor para o ambiente, qual a variação de entropia (a) Para a peça de metal; (b) Para o óleo; (c) Para o universo; (2) Considere um reservatório isolado, dividido em dois volumes iguais (10 L + 10 L) por uma membrana, sendo que uma parte contém um gás a uma pressão de 5 bar e temperatura de 25ºC e a outra está sob vácuo. A membrana se rompe, e o gás se espalha por todo o reservatório. Calcule a variação de entropia para este processo. ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 24 Exemplos (3) Um compressor é um equipamento de bombeamento de gases, tomando gases a baixa pressão e descarregando a uma pressão mais elevada. Este processo de compressão ocorre de forma rápida comparada com a taxa de transferência de calor para/do gás, de forma que pode ser considerado adiabático. Considere o caso onde um compressor recebe uma corrente de ar (Cp = 29.3 J/(molK)) a 1 bar e 290 K, em uma vazão de 2.5 mol/s e descarrega a 10 bar. a) Estime a temperatura de saída do gás e a taxa a qual trabalho é realizado sobre o gás (potência requerida). Assuma que o compressor opere de forma reversível. b) Se as condições da corrente de saída forem de 10 bar e 600K, o processo é viável? Qual seria a eficiência? c) E se as condições da corrente de saída forem de 10 bar e 500K? P1, T1 W = ? P2, T2 = ? P2 > P1 ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 25 Exemplos (4) Uma turbina adiabática é utilizada para geração de energia, recebendo vapor a 1 MPa e 600 ºC a baixa velocidade, e saindo a 100 kPa e 200 m/s. a) Assumindo que a turbina opera de forma reversível, calcule o trabalho realizado para uma vazão de 1 kg/s. b) Considere que a turbina descarregue o vapor a 100 kPa e 300 ºC. É possível? Qual seria a eficiência? c) E se descarregasse a 100 kPa e 300 ºC? W(-) T1, P1 T2, P2 P2 < P1 ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 26 T1 T2 Q1 Q2 T Q W FRIO QUENTE “Não é possível construir um aparato que opera em um ciclo cujo único efeito é transferir calor de um corpo frio para um corpo quente (Clausius)”. Analisando os diferentes enunciados usando a generalização da Segunda Lei “Não é possível construir um aparato operando em ciclos que resulta em nenhum outro efeito que não seja a produção de trabalho através da transferência de calor a partir de uma simples fonte (Kelvin e Planck)”. ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 27 T1 T2 Q1 Q2 T1 T2 Q1 Q2 W 12 1 11 TT QSger 212 1 11 T W TT QSger 0 0 21 12 ger ger STT STT WQQU 210 21 QWQ gerST Q T QS 2 2 1 10 (frio → quente) (quente → frio) 12 se 0 TT 0 0 WQQU 210 21 QQ gerST Q T QS 2 2 1 10 Enunciado de Clausius Não é possível transferir calor de uma fonte fria para uma fonte quente, a não ser que trabalho seja realizado sobre o dispositivo (operando em ciclos) ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 28 T Q W T QSger 000 000 ger ger SWQ SWQWQU 0 gerST QS 0 T1 T2 Q1 Q2 W trabalho para calor: √ calor para trabalho: X 212 1 11 T W TT QSger 21 se 0 TT 0 0 1 2 1 1 T TQW trabalho máximo realizado pela máquina 0gerSSe Enunciado de Kelvin e Planck eficiência Não é possível transformar todo calor em trabalho, mas o contrário é possível. Para converter uma quantidade de energia recebida na forma de calor em trabalho, parte da energia deve ser descartada em uma fonte fria ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 29 Voltaremos a aplicar a segunda lei e cálculos envolvendo variações de entropia em sistemas abertos e fechados na próximas áreas, quando estudaremos ciclos termodinâmicos de interesse prático – ciclo de Carnot, ciclo de Rankine, ciclos de refrigeração, ciclos para geração de energia, processos de liquefação de gases, entre outros Uso da Segunda Lei na Avaliação da Viabilidade e Eficiência de Processos ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 30 Eficiência de Processos Térmicos e Conversão de Energia ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 31 Interpretação Microscópica da Entropia Sendo assim, podemos dizer que os processos tendem na direção de maximizar o número de microestados possíveis; quanto maior o número de microestados acessíveis pelo sistema,maior a entropia. Processos tendem sempre a uma maior “desordem”. 2ln2lnln 1 2 NkkkS N Considere uma versão microscópica simplificada do exemplo da expansão de um gás ideal (exemplo 2, slide 21) Tomando a variação entre o estado inicial e final: lnkSDefinição: para um sistema fechado e a energia total constante: : número de microestados possíveis k = constante de Boltzmann = 1.3806510-23 J/K (k = R/NA) (mesmo resultado!) ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 32 Interpretação Microscópica da Entropia Numero de arranjos possíveis: 52! = 8,066×1067 ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 33 Situação reversa: processo não espontâneo. Probabilidade existe, mas é muito pequena, considerando que o número de estados “desordenados” é muito superior ao número de estados “ordenados”. Com o passar do tempo, o “gradiente de concentração” se dissipou, devido ao movimento aleatório das partículas; um estado inicial “ordenado” se transformou em um sistema “desordenado”. Processos tendem espontaneamente no sentido de: estado ordenado → estado desordenado estado de menor probabilidade de ocorrência estado de maior probabilidade de ocorrência → 2ª Lei da termodinâmica: entropia do universo aumenta em um processo espontâneo Interpretação Microscópica da Entropia (ver animação) ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 34 Interpretação Microscópica da Entropia ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 35 Trabalho: transferência de energia que faz uso de movimento organizado. Calor: transferência de energia que faz uso de movimento aleatório. Interpretação Microscópica da Entropia Trabalho x calor: limitações nas conversões ENG07079 – Termodinâmica 1 – Prof. André R. Muniz 36 Ex: expansão Processo inverso pode acontecer? Sim, apenas pouco provável. Interpretação Microscópica da Entropia