Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 1/26 QUALIDADE DE VIDA, SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO CAPÍTULO 4 - VOCÊ SABE COMO PROCEDER EM SITUAÇÕES DE RISCO E DE EMERGÊNCIA NAS ORGANIZAÇÕES? Rafaela Carvalho de Oliveira INICIAR Introdução Acompanhando a tendência mundial, cada vez mais as organizações passam a perceber o papel central (e fundamental) das pessoas que nelas estão inseridas. Por isso, para garantir que essas pessoas possam trabalhar em um local seguro, com atividades seguras, a segurança do trabalho se tornou o foco de atenção dos gestores. Afinal, quais as condições de trabalho dessas pessoas que compõem as organizações? Essa mudança gerou uma maior preocupação com as condições de trabalho e os fatores ambientais, pessoais, físicos, sociais e psicológicos, trazendo à tona questões como: de que forma a empresa pode garantir mais segurança para quem 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 2/26 realiza as atividades organizacionais? Como antecipar os riscos e prevenir os acidentes dentro do ambiente organizacional? Contudo, muitas vezes, mesmo com a prevenção e a gestão dos riscos, acidentes acontecem e esses eventos imprevistos precisam ser geridos da melhor forma possível pela organização, porque também trazem consequências. Dessa forma, o objetivo desse capítulo é permitir que você compreenda como ocorre a gestão de emergências, de que forma é possível intervir para evitar que os riscos se tornem futuras emergências e qual o papel da segurança do trabalho neste contexto. Assim, caso você esteja se perguntando, como devemos proceder em caso de emergência? É possível controlar as consequências de uma emergência? Como se faz isso? Existem meios de controlar o risco e evitar que as emergências ocorram? Prossiga com seus estudos, porque essas e muitas outras questões serão respondidas ao longo deste capítulo. Acompanhe! 4.1 Monitoramento de segurança A segurança do trabalho é fundamental para a qualidade de vida no trabalho (QVT). Por meio de atividades seguras, um ambiente com boas condições de trabalho, um clima e uma cultura favoráveis, dentre outros fatores, os colaboradores podem ter, dentro do ambiente organizacional, mais qualidade para realizar suas atividades laborais. Por mais que uma organização tenha preocupação tanto com a QVT quanto com a segurança do trabalho, apenas isso não é suficiente. Além de ter uma gestão voltada para a prevenção e com foco na segurança, para que seja possível afirmar que um local ou uma atividade é seguro, é preciso monitorar essa segurança. Confira no próximo item quais são os instrumentos que auxiliam nesse monitoramento. 4.1.1 Instrumentos de monitoramento: indicadores, auditoria e diagnóstico Para realizar o monitoramento da segurança, alguns recursos são fundamentais, como os indicadores, a realização de auditorias e os diagnósticos. Contudo, antes de aprofundarmos nosso estudo, é preciso entender que o grande perigo da 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 3/26 exposição dos trabalhadores às situações de risco é a possibilidade de o risco se materializar em danos. Mas, afinal, o que é um dano? Para Cardella (2016, p. 233), “dano é a alteração indesejável do estado do objeto que resulta da ação de um agente qualquer. [...] pode ser produzido de forma lenta, gradual e muitas vezes imperceptível ou abrupta, em fração de segundo”. Os efeitos do dano podem ser classificados em reversíveis e irreversíveis. Contudo, como existe o dano residual, na prática não é possível voltar ao status quo, ou seja, retornar à situação da mesma forma que era antes do dano (CARDELLA, 2016). Assim, um dano físico, como a perda de um dedo ao manusear determinada máquina, será uma perda irreversível. Já um corte superficial será um dano reversível, mas terá um dano residual, ainda que seja uma pequena e imperceptível cicatriz, ou seja, não volta a ser como era antes de o dano acontecer. Se o dano não gerar uma alteração significativa que possa modificar a normalidade, ele é considerado como desprezível. Além disso, é preciso entender que defeitos que acontecem ao longo dos processos não podem ser considerados danos, da mesma forma que os desgastes naturais (CARDELLA, 2016). Os danos podem ser classificados da seguinte forma: É possível verificar que o dano pode ter mais de uma natureza. Além disso, existe a possibilidade de uma determinada situação gerar mais de um tipo de dano; por isso, é importante entender a complexidade de cada um deles para que seja Figura 1 - Classificação e descrição dos danos. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em CARDELLA, 2016. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 4/26 possível evitá-los adequadamente. O monitoramento da segurança gerará indicadores (símbolos criados para a representação da realidade), os quais podem ser “atributos do objeto monitorado ou derivados por fórmulas, algoritmos ou correlações” (CARDELLA, 2016, p. 71). VOCÊ SABIA? A Lei n. 6.514 (BRASIL, 1977) alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em relação à segurança e medicina do trabalho. Perceba que essa preocupação com a segurança vem crescendo gradativamente com o passar do tempo, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Nesse sentido, o atributo que mais nos interessa quando estudamos o monitoramento da segurança é o risco. Não é possível determinar de forma precisa o risco diretamente, isto é, por meio da observação. Nesse sentido, Cardella (2016, p. 71) aponta que: O risco resulta de duas forças contrárias, o perigo e a função segurança. Portanto, o monitoramento deve ter indicadores de perigo, da função segurança e do risco. Os indicadores de perigo incluem os de agressividade, capacidade agressiva, mobilidade e expansividade, exposição e frequência de demandas; os da função segurança incluem os de liderança, cultura organizacional, sistema de gestão e sistema operacional de controle de riscos e de emergências; e os indicadores de risco incluem os de ocorrências anormais, acidentes, danos e perdas. As relações causais entre o risco e as ocorrências consideradas anormais permitem ter mais conhecimento sobre o risco. Essas relações podem ser determinísticas (quando um acontecimento é responsável pela ocorrência do outro) ou probabilísticas (quando um acontecimento pode gerar uma probabilidade maior de acontecer o outro) (CARDELLA, 2016). Mas, afinal, quais características os indicadores de monitoramento de segurança precisam ter? Cardella (2016) destaca alguns pontos que precisam ser levados em conta para os indicadores: 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 5/26 fidelidade: indicadores fiéis não são suscetíveis a distorções, ou seja, estão de acordo com a realidade. Por exemplo: o número de acidentes não é um indicador fiel, porque os colaboradores ou gestores podem omitir registros; sensibilidade: indicadores sensíveis possuem a qualidade de detectar as variações na realidade organizacional, ainda que pequenas; tempo de resposta: indicadores rápidos possuem um tempo breve para que se apresente uma variação na realidade. Esse tempo é importante, porque um indicador pode ter alta fidelidade e alta sensibilidade, mas ser excessivamente lento. Para a realização do monitoramento da segurança, precisam ser verificados periodicamente os atributos de um determinado objeto. Essa verificação pode acontecer de forma contínua (frequência pré-determinada)ou descontínua (aleatória). Além dos indicadores, o monitoramento pode requerer o uso de outros instrumentos, como o diagnóstico e as auditorias. Contudo, é preciso inicialmente discernir entre eles. Acompanhe o quadro a seguir. Figura 2 - Diferenças entre auditoria e diagnóstico da segurança. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em CARDELLA, 2016. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 6/26 Uma importante diferença entre a auditoria e o diagnóstico é que esta tem foco nos procedimentos, que são mais facilmente modificáveis, por isso o alvo está no sistema de gestão. É importante destacar que existem três tipos de auditorias que podem ser realizadas, segundo Cardella (2016): setorial: realizada por uma equipe interna – do próprio setor, órgão ou departamento; corporativa: realizada por uma equipe formada por profissionais de diferentes setores; externa: realizada para cumprir uma legislação ou uma certificação. Já o diagnóstico de segurança busca identificar problemas na cultura organizacional e na liderança, o que faz com que seja necessário alterar crenças e valores, que são muito mais difíceis de serem mudados (CARDELLA, 2016). Tanto para a auditoria quanto para o diagnóstico, portanto, serão utilizados indicadores para retratar a realidade do local, além de técnicas de análise de risco, que buscam verificar se a situação observada é compatível com o padrão esperado e se existem desvios (CARDELLA, 2016). Garantir a segurança para a realização das atividades laborais é fundamental para manter os trabalhadores seguros, oportunizar melhor qualidade de vida, dar continuidade à realização das atividades produtivas e, consequentemente, manter a empresa competitiva (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2013). O monitoramento é fundamental para que as operações organizacionais ocorram com máxima segurança, mas nem sempre tudo acontece dentro do planejado: situações indesejadas podem, infelizmente, vir a acontecer. Para saber como lidar com essas situações, é preciso entender como funciona a gestão de emergências. Vamos lá? 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 7/26 4.2 Gestão de emergências Ainda que a segurança seja uma preocupação da organização e que ela seja monitorada constantemente, eventos indesejados e que não foram programados podem acontecer. Entre eles estão os perigosos, os quais configuram as situações ditas de emergência. Assim, é possível afirmar que o risco representa a possibilidade de que danos venham a ocorrer, enquanto a emergência é a manifestação desse risco, ou seja, é o momento em que o risco se efetiva e passa a gerar danos. Perceba que emergência é algo totalmente inesperado, fora da normalidade das atividades da organização, como um acidente ou até uma sabotagem. Em um cenário ideal, as emergências nunca aconteceriam, contudo, sabemos que nem sempre será possível evitá-las integralmente. Por isso, é necessário que você saiba como funciona uma política voltada para a gestão dessas emergências. Acompanhe! 4.2.1 Política de gestão de emergência Para que a gestão de emergências possa funcionar em uma organização, é preciso que seja desenvolvida uma política em prol disso, de modo que todos os colaboradores tenham ciência e compreendam o que é esperado deles e como se espera que eles procedam nessas situações. VOCÊ SABIA? Políticas são determinações das organizações sobre o comportamento desejado em uma situação, devem ser facilmente compreendidas e sua redação precisa ser clara. A gestão é responsável por defini-las (com ou sem a participação, de acordo com o estilo de liderança da empresa), já os colaboradores devem segui-las, questionar caso tenham dúvidas e contribuir para a elaboração quando solicitados. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 8/26 Ao pensar na segurança a partir de uma visão sistêmica ou holística, Cardella (2016, p. 78) propõe o seguinte exemplo de política voltada para a gestão de emergências: “qualquer evento perigoso para pessoas, meio ambiente ou patrimônio deve ser considerado o evento de maior importância naquele momento, sendo a ele dirigidos os recursos necessários e as atenções da estrutura da organização”. Para que seja definida uma política de gestão de emergências na organização, é preciso que essa construção esteja pautada em alguns princípios básicos, os quais são apresentados por Cardella (2016, p. 77), como: A velocidade de propagação da série de eventos perigosos é maior que a velocidade com que o homem detecta, analisa e toma decisões. Em situação de emergência, o homem apresenta elevada probabilidade de cometer falhas. Essa probabilidade diminui se ele estiver adequadamente treinado. Não é possível elevar a confiabilidade dos sistemas a cem por cento. Quando o último recurso mecânico-eletrônico falha, o controle passa a depender totalmente da intervenção humana. Tais princípios podem ser desdobrados em outras regras de ouro da gestão de emergências (CARDELLA, 2016, p. 77), que são: As emergências devem ser analisadas precisamente para que decisões críticas sejam incorporadas ao plano de ação e as ações sejam executadas de modo automático no momento da ocorrência. As ações de controle devem ser executadas preferencialmente por equipamentos, pois eles atuam muito mais rapidamente e com muito maior confiabilidade do que o homem. As pessoas que atuam no controle de emergências devem ser treinadas em detecção de falhas. Além dos princípios, existem algumas diretrizes que norteiam a gestão de emergências nas organizações, segundo Cardella (2016, p. 78): Atuar prioritariamente para proteger e não colocar em risco a integridade das pessoas, inclusive a integridade dos próprios componentes da organização para controle de emergências; Toda informação sobre anormalidades externas à organização, mas que possam estar relacionadas com suas atividades, de ser prontamente averiguada; 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 9/26 Como forma de colaboração, a organização pode prestar apoio à comunidade em emergências não relacionadas com suas atividades, desde que isso não prejudique sua própria segurança; As emergências com potencial para afetar áreas externas devem ser prontamente comunicadas aos órgãos públicos (como órgãos ambientais e Defesa Civil). Podemos perceber que, quando acontece uma emergência, o foco é sempre preservar a vida e a integridade das pessoas, em sequência do meio ambiente e da organização. Toda emergência precisa ser registrada para que se tenha um histórico e se possa planejar soluções para evitar que ela ocorra novamente. A organização precisa evitar a ocorrência de emergências, mas, quando elas ocorrerem, precisa-se prestar suporte integral e buscar reverter a situação o mais rápido possível. Para conhecer um pouco mais sobre o universo das emergências e dos acidentes, indicamos o livro “Acidentes industriais: o custo do silêncio”, escrito por Michel Llory. São apresentados o papel dos operadores envolvidos, as complexidades dos acidentes, a negligência dos gestores, além dos riscos e danos envolvidos com os acidentes (LORY, 1999). A emergência é considerada um fenômeno “remoto, incerto e indesejável” (CARDELLA, 2016, p. 78), ou seja, as pessoas sabem que pode ocorrer uma emergência, mas não estão totalmente preparadas para isso. Um fenômeno certo, imediato e positivo (como uma reunião pré-agendada) tende a regular mais o comportamento das pessoas. Dessa forma, é preciso focar em eventos que simulem as emergências, palestras demonstrativas queorientem e conscientizem sobre a importância de controlar, agir rápido e minimizar os danos. O objetivo é preparar e ensinar as pessoas para quando precisarem agir. Quando abordamos a gestão de emergências, não conseguimos mais evitar que o risco efetivamente se concretize: agora o foco está em tentar controlar e minimizar as consequências. Como a ocorrência de emergências é totalmente indesejada pela organização, é preciso planejar meios de controlá-las de modo eficaz e prever suas possíveis consequências. Mas qual o objetivo de controlar a emergência? A ideia é que a organização tenha o poder de conduzir e dominar a situação, de maneira que VOCÊ QUER LER? 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 10/26 se estabilize ou anule a ação dos agentes nocivos, evitando que novas situações sejam geradas. Se for uma situação que envolva a existência de vítimas, o controle envolve resgate, salvamento e atendimento médico adequado (CARDELLA, 2014). É preciso que as organizações desenvolvam estratégias com o objetivo de buscar controlar as situações de emergências. Esse é o foco do nosso próximo tópico. Acompanhe! Figura 3 - Atendimento imediato das vítimas e controle da situação de emergência. Fonte: Shutterstock, 2018. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 11/26 4.2.2 Organização para controle de emergência Para controlar as situações de emergência, as organizações precisam predefinir ações que serão realizadas e decisões que serão tomadas no momento necessário, para controlar a situação quando o risco já tiver se tornado uma emergência e a organização estiver na iminência de ter danos de qualquer natureza. As empresas desenvolvem um sistema para gerir as emergências, que nada mais é do que “o conjunto de instrumentos que a organização utiliza para planejar, operar e controlar suas atividades no exercício da Função Controle de Emergências” (CARDELLA, 2016, p. 77). Denzel Washington estrela o filme Unstoppable (Incontrolável), que narra os esforços de uma equipe de ferroviários para tentar evitar um desastre em decorrência de um comboio desgovernado contendo produtos químicos e altamente tóxicos. A gestão de riscos e a gestão de emergências são abordadas ao longo da narrativa e influenciam a forma como a situação é conduzida (BOMBACK, 2010). Ao definir as políticas, a organização já declara como deverá ser a postura do trabalhador em uma situação de emergência. A função controle busca desdobrar essa atividade em várias, determinando o monitoramento, os procedimentos e as técnicas que precisam ser aplicadas quando necessário. Isso quer dizer que não existirá uma tarefa única ou uma pessoa responsável no momento de controlar a emergência, e sim vários envolvidos tentam atuar no menor tempo possível, controlando o agente causador da emergência, os alvos/vítimas e os efeitos colaterais/danos. Um exemplo simples é um incêndio na organização: é preciso conter o fogo, identificar o agente causador e eliminá-lo, evacuar o local para que ninguém se fira, resgatar e socorrer quem já foi atingido pelo fogo. Tudo isso precisa ser realizado simultaneamente, mas priorizando o atendimento às vítimas e a redução do número delas. VOCÊ QUER VER? 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 12/26 Existem inúmeras situações de risco que são perigosas e precisam ser mapeadas e planejadas para, caso evoluam para eventos que venham a provocar danos, possam ser controladas com ações específicas. A esse conjunto de ações é dado o nome de “Plano de Ação em Emergência (PAE), e cada evento perigoso associado a determinadas condições de momento e local é uma hipótese emergencial” (CARDELLA, 2016, p. 81). O objetivo é que o PAE preveja as possíveis situações de emergência, tenha recursos disponíveis e a definição de quais procedimentos devem ser realizados para controlar a situação emergencial. A ideia é que todo plano de ação seja simples e de fácil aplicação, podendo ser realizado rapidamente quando necessário. Por isso que é tão importante treinar e realizar simulações com os trabalhadores, a fim de que todos sejam capazes de aplicar o plano quando necessário (CARDELLA, 2016). O PAE envolve quatro etapas para mobilização da organização: detectar, comunicar, avaliar e mobilizar. Assim, ao perceber (detectar) a situação de emergência, é preciso: comunicá-la para os envolvidos, superiores e órgãos; avaliar a extensão e a Figura 4 - PAE é o Plano de Ação em Emergência, cujo objetivo é mapear os riscos de possíveis emergências e trazer soluções mais rápidas. Fonte: Photographee.eu, Shutterstock, 2018. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 13/26 complexidade da emergência; mobilizar pessoas para agir, a fim de contornar e eliminar a situação. Para que o controle de emergências possa ocorrer adequadamente, também é importante ter uma Organização para Controle de Emergências (OCE), para proteger e minimizar os danos decorrentes da emergência. Essa organização tem como missão “atuar em situações de emergência provocadas pelas atividades da organização, protegendo pessoas e atenuando danos ao patrimônio e ao meio ambiente” (CARDELLA, 2016, p. 82). Os acidentes e as emergências envolvem diversas pessoas: gestores, vítimas, demais colaboradores, comunidade e profissionais envolvidos com o resgate/transporte/atendimento. Por exemplo: um motorista cochilou e perdeu o controle de uma máquina que estava operando externamente à empresa. Com isso, acabou lesionando duas pessoas, além de si próprio. Na hora de deslocar as vítimas para o hospital, o transporte via ambulância também pode envolver riscos. Além dos envolvidos, os acidentes podem envolver outras potenciais situações de risco de danos e que não seja o acidente em si. Isso reforça a preocupação em buscar sempre a prevenção, quando possível (ZOCCHIO, 2002). Com relação aos envolvidos na situação decorrente de uma emergência, podemos afirmar que a OCE pode ter quatro tipos de “clientes”, que seriam as pessoas atendidas pela organização (CARDELLA, 2016, p. 82): Cliente-consumidor: conjunto de pessoas atingidas pela emergência; Cliente-patrocinador: a própria organização que investe na implantação da OCE; Cliente-comunidade: demais membros da organização que mantém a OCE, contratados, visitantes e a comunidade. Cliente-componente: atua diretamente na OCE, são os empregados que têm dedicação exclusiva no controle de emergências, como e, também, os que atuam em outras atividades, mas são convocados em situações emergenciais. A OCE precisa estar em desenvolvimento constantemente e deve ficar sempre preparada para agir imediatamente nas situações necessárias. Como em muitas situações, a contenção e o resgate são perigosos e difíceis, sendo necessário manter sempre a atualização de estratégias, ações e recursos disponíveis. O objetivo principal é que a OCE consiga liberar recursos para a ação mais rápida possível, por isso, contar com uma equipe treinada é primordial. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 14/26 A segurança e a saúde do trabalho e os riscos inerentes da realização das atividades cotidianas também influenciam no psicológico das pessoas. Pensando nisso, Mota (2017) estudou e escreveu a obra “Psicologia aplicada em segurança do trabalho: destaque nos aspectos comportamentais e trabalho em equipe da NR-10”. Conforme vimos, para o controle das emergências, é preciso que a emergência seja detectada,mobilizada e, consequentemente, ocorra uma intervenção. E é isso que estudaremos no próximo tópico. VOCÊ QUER LER? 4.3 Gestão de risco nas intervenções Ao falar de intervenção, é preciso ter em mente que as ações de intervenção no contexto organizacional atingem muitos componentes que se relacionem e possuem interdependência: a cultura, a liderança e os sistemas de gestão. Ao intervir para mudar a cultura organizacional em prol da segurança, busca-se modificar crenças, valores e modo de agir dos colaboradores. Na liderança, a intervenção está relacionada com a conscientização e aderência dos líderes para que estes inspirem, motivem e passem confiança para os demais colaboradores. E, por fim, nos sistemas de gestão, são desenvolvidos sistemas, diretrizes e programas, determinados procedimentos, bem como são realizadas auditorias e outras ações voltadas para intervir na organização, visando mais segurança no trabalho. As intervenções podem ser realizadas em áreas ou em sistemas com o propósito de realizar visitas, inspeções, modificações ou alterações de processos e tudo isso pode vir a gerar riscos para a organização, os quais precisam ser controlados de modo específico. 4.3.1 Objeto da intervenção Quando a empresa muda, adapta ou altera uma situação existente por necessidade imperiosa, podemos mencionar que essa ação seria uma intervenção. Contudo, ao realizar uma ação, existe um risco e, caso ele se concretize, pode haver um “efeito 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 15/26 dominó ou cascata” que gerará uma emergência em decorrência da intervenção realizada (CARDELLA, 2016). Por isso, é importante estudarmos a gestão de riscos nas intervenções. A intervenção é invasiva porque ela não é uma escolha, e sim necessária, impactante e traz inúmeros efeitos positivos e/ou negativos. Por exemplo, ao realizar uma reforma em um prédio que está com as estruturas ruins, os efeitos positivos são as melhores condições estruturais e físicas, assim como a segurança. Contudo, essa obra pode trazer efeitos negativos, como a degradação do solo. Além disso, existe a probabilidade de os riscos advindos dessa manutenção se tornarem reais, na figura de acidentes, por exemplo, trazendo efeitos negativos também. Além de positivos e negativos, os efeitos das intervenções podem ser imediatos ou retardados, ou seja, acontecem imediatamente ou, com o tempo, eles passem a aparecer (CARDELLA, 2016). A intervenção apresenta sete importantes elementos (CARDELLA, 2016): interventor, objeto da intervenção, meio ambiente (ar, solo, águas, fauna e flora), agentes impactantes (pessoas, animais, equipamentos, resíduos etc.), alvos (pessoas, meio ambiente e patrimônio), impactos e efeitos. Existem quatro principais itens que podem ser objetos das intervenções (CARDELLA, 2016): agregado: conjunto no qual as propriedades do todo são deduzidas das propriedades das partes. É a soma de suas partes. Não há interligação adequada entre os componentes, não importa como as partes estão organizadas, e as propriedades do todo são a soma das propriedades dos componentes. A essência não muda se acrescentarmos ou retirarmos algumas peças. Exemplos: conjunto de livros, monte de areia; sistema: entidade composta de elementos inter-relacionados e interdependentes que interagem entre si e com o meio ambiente, “desenvolvendo transformações a partir de estímulos recebidos do exterior e com uma finalidade bem definida” (CARDELLA, 2016, p. 229). As interações dos diversos componentes fazem surgir características novas para o todo. A retirada de um ou mais componentes altera ou até destrói a essência do sistema. No sistema, as relações são mais importantes que as partes; área: região do espaço delimitada por algum critério; 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 16/26 processo: conjunto de funções organizadas, ou seja, uma estrutura formada por funções com relações bem definidas. Pode ser unitário (constituído por uma única função) ou multifuncional (constituído por duas ou mais funções). As funções são exercidas por componentes que têm uma função básica e outras funções complementares. Para caracterizar o processo, não bastam as funções e relações, sendo necessárias as variáveis de processo – grandezas que determinam as condições nas quais as funções são exercidas. Exemplos: temperatura, pressão, vazão de fluidos, propriedades químicas, clima organizacional, aderência. Como os sistemas possuem diversas inter-relações e interdependências, a intervenção realizada em um sistema é muito mais crítica e traz muito mais riscos. Mas quais tipos de intervenção podem ser realizadas? Descobriremos no próximo item. Siga com seus estudos! 4.3.2 Tipos de intervenção As intervenções podem ser classificadas como intencionais (planejadas) ou incidentais/involuntárias (demandas externas e de pouco controle). Além dessa classificação, as intervenções intencionais podem ser de dois tipos (CARDELLA, 2016, p. 100): De dentro para fora: ocorre nas áreas e nas atividades internas que compõem o todo. Podem causar impactos no sistema maior, são de difícil controle porque estão sujeitas a falhas de planejamento decorrente da visão restrita dos membros do sistema menor. Por exemplo: a produção de ruídos. De fora para dentro (ou intervenções propriamente ditas): normalmente é uma intervenção controlada, monitorada, realizada por alguém externo que é acompanhado por um membro da organização. Por exemplo: visitas, inspeções, instalação e manutenção de equipamentos, modificação de processos etc. Agora que você já conhece os tipos de intervenções, é necessário descobrir como é possível controlar os impactos e os riscos nessas intervenções. Para isso, alguns elementos são cruciais. Veja: 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 17/26 Figura 5 - Elementos para o controle de riscos. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em CARDELLA, 2016. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 18/26 As licenças também são elementos importantes para o controle de riscos. Em empreendimentos, para evitar que os riscos apareçam apenas na etapa final (a intervenção), deve-se buscar ter sistemas de controle de riscos em todas as fases do empreendimento. Se os riscos estiverem dentro da tolerância, são concedidas as autorizações e liberações para que possa prosseguir. No caso de unidades industriais, são necessárias autorizações de órgãos públicos voltados para a fiscalização ambiental (CARDELLA, 2016). Paulo Baraldi é um consultor brasileiro, especializado em gestão de riscos empresariais. Por ser um escritor que pauta seus estudos no ambiente organizacional e nas suas experiências com a consultoria, suas publicações são atuais, práticas e compatíveis com a realidade das empresas. Como podemos perceber, a análise e o controle dos riscos são as melhores formas de prevenir que eles se concretizem e possam gerar acidentes e emergências. Por isso, no próximo tópico, focaremos os estudos dos meios para analisar e controlar o risco. VOCÊ O CONHECE? 4.4 Análise e controle de risco A análise e o controle de risco são cruciais para que as organizações possam ter noção da melhor forma de realizar suas atividades, intervenções e rotinas, de modo a garantir a segurança dos seus trabalhadores e o menor impacto/dano ao meio ambiente e ao patrimônio. Para isso, conheceremos o mecanismo de produção de danos, as técnicas de análise de riscos, os fatores de risco, as técnicas para analisar e como controlar os riscos, por meio do desenvolvimento de planosde ação específicos. Tanto a análise quanto o controle de risco são fundamentais, mas também extremamente complexos. Por isso, dividiremos o estudo, iniciando pelo conhecimento do mecanismo de produção de danos. Confira! 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 19/26 4.4.1 Mecanismo de produção de danos Antes de iniciar o estudo sobre a análise e o controle dos riscos, é preciso compreender o papel dos danos. A produção de danos pode ser analisada com base em dois modelos distintos (CARDELLA, 2016): danos decorrentes “da relação agente agressivo x alvo: três fatores concorrem para produzir o dano: agente agressivo, alvo e exposição. A ação do agente agressivo sobre o alvo gera o dano” (CARDELLA, 2016, p. 108). Assim, o dano só ocorre se o alvo existir e estiver exposto à ação do agente agressivo. Se algum dos elementos estiver ausente, não haverá dano. Dessa forma, perceba que o controle pode ser realizado em apenas um dos fatores (o dano) e eliminado. Assim, por exemplo, se há um vazamento de gás (agente agressivo), existem pessoas no local (alvos) e, se estas estão expostas (exposição), acontecerá o dano. Se um dos fatores for eliminado, o dano será nulo; danos decorrentes de “falhas dos sistemas que compõem a organização: como a organização é composta por sistemas organizacionais (sistema de gestão, cultura organizacional e liderança) e operacionais (sistema de usinagem, de armazenamento, de transporte e elétrico)” (CARDELLA, 2016, p. 108) podem conter falhas. Quando a falha acontece em um sistema organizacional, ela tem causas básicas; quando ocorre nos sistemas operacionais, causa, imediatamente, danos. O plano de ação para controle de risco “é um instrumento de intervenção e, dependendo da dimensão dos riscos, dos sistemas e das organizações envolvidas, pode ser muito simples ou bastante complexo. Pode conter ações de curto, médio e longo prazos” (CARDELLA, 2016, p. 134). Ele será específico para cada um dos modelos de mecanismo de produção de danos. Assim, quando o dano for decorrente da ação agente agressivo versus alvo, o plano de ação pode focar no agente (eliminar a fonte, reduzir a potência e/ou a nocividade do agente, reduzir a frequência de falhas, combater agentes agressivos, reduzir ação de agentes agressivos e nocivos), no alvo (reduzir susceptibilidade e/ou aumentar a capacidade dos sistemas de defesa dos alvos), na exposição (determinar distâncias adequadas, sistemas de proteção, sistemas de isolamento, alarmes sonoros e olfativos). 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 20/26 Quando o plano de ação é pautado no mecanismo de danos e perdas decorrentes de falhas nos sistemas, há um leque maior de opções, sendo o controle voltado para as variáveis organizacionais (definição de políticas e diretrizes, mudança na cultura organizacional, mudança no papel e comportamento da liderança) ou operacionais (treinamentos que tornem os trabalhadores mais hábeis, cursos, experiências, melhorias e ajustes nos equipamentos, nos procedimentos etc.). Com relação aos danos decorrentes de falhas dos sistemas que compõem a organização, é preciso destacar o papel das demandas que: são eventos que demandam pela ação de sistemas de controle de emergência para que a sequência que leva aos danos não prospere”, as quais podem ser classificadas em quatro tipos: inerentes ao sistema, decorrentes de falhas humanas, decorrentes de falhas de equipamentos e decorrentes da ação de agentes externos (CARDELLA, 2016, p. 109). Por exemplo, é inerente, quando faz parte do sistema, o profissional que atua em uma atividade nítida de risco e se protege adequadamente; é uma falha de equipamento quando um registro que se fecha ou falha humana quando o registro é fechado por uma pessoa; por fim, é uma ação de agente externo se um vento muito forte ou uma tempestade interfere no sistema. No caso da ação de agente externo, muitas vezes, não é possível realizar o controle, como no caso dos exemplos de eventos da natureza. Em outros, é possível monitorar a intensidade e/ou frequência. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 21/26 É possível afirmar que, quando ocorre uma demanda e o sistema de controle de emergência falha, ocorrem danos ou perdas; por isso, tanto as demandas quanto as falhas dos sistemas são consideradas fatores de risco (CARDELLA, 2016). Para conseguir apurar os mecanismos de produção de danos, é importante mensurar a frequência com que ocorrem as demandas, qual a probabilidade de os sistemas de controle de emergência falharem, como são as falhas e por qual razão elas ocorrem. Figura 6 - A demanda é considerada inerente se não houver falhas ou ação de agentes externos. Fonte: Dmitry Kalinovsky, Shutterstosk, 2018. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 22/26 Outro ponto que merece destaque é o perigo, ou seja, é uma característica daquilo que possa vir a gerar danos. Assim, “para identificar eventos perigosos identificam- se agentes agressivos, fontes, possibilidades de liberação, alvos e possibilidades de exposição” (CARDELLA, 2016, p. 110). A identificação desses eventos perigosos é fundamental para a realização da análise de riscos, porque permite associar a frequência de ocorrência e as consequências advindas. Compreender o dano, os fatores de risco e o perigo é extremamente importante. Mas, afinal, em posse dessas informações, como os riscos são analisados? Para entender, siga com os estudos. 4.4.2 Técnicas de análise de riscos Para que seja possível analisar o risco, é preciso avaliar a frequência e a consequência do evento perigoso, sabendo que tanto uma quanto a outra podem ocorrer de três formas: qualitativa, semiquantitativa e quantitativa. Em alguns casos, lança-se mão de técnicas e cálculos sofisticados; em outros, busca-se trabalhar a visão holística da segurança, comportamentos e conhecimentos relacionados à falha humana, sinalização, organização, limpeza e boas práticas (CARDELLA, 2016). A avaliação quantitativa da frequência (número de ocorrências na unidade de tempo) pode ser realizada de duas maneiras: direta (dados históricos) ou indiretamente (análise a partir da frequência e probabilidade de ocorrência de eventos que, combinados, geram o evento). Esse tipo de avaliação melhora a compreensão sobre o perigo (CARDELLA, 2016). É importante destacar algumas técnicas para a análise de riscos. São elas: 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 23/26 Figura 7 - Resumo das principais técnicas de análise de riscos. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em CARDELLA, 2016. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 24/26 Além de compreender as técnicas de análise de riscos, é preciso ter noção sobre a gravidade dos acidentes de trabalho que podem ser decorrentes da concretização destes riscos. A gravidade dos acidentes de trabalho é expressa de duas formas (CARDELLA, 2016): taxa de gravidade: determina quantos seriam os dias computados em um milhão de horas de exposição ao risco; dias computados: indicam a perda provocada pelo acidente em dias de trabalho. É realizada a soma dos dias perdidos ou de ausência ao trabalho e dos dias debitados – quando há incapacidade permanente. Esses indicadores medem a perda de capacidade produtiva em decorrência do afastamento dostrabalhadores e da gravidade do evento danoso, contudo, não levam em conta danos de outra natureza, como os físicos e psicológicos. Assim, mostra-se necessário buscar indicadores que foquem nos outros danos decorrentes do acidente, sejam físicos, psicológicos ou sociais, bem como sejam danos à vítima ou às pessoas envolvidas, como os colegas e familiares. Essa preocupação demonstra a evolução da gestão com base na visão dos trabalhadores como seres humanos primordiais para o desenvolvimento e crescimento das empresas, mas dotados de individualidade e importância como ser. Isso é diferente da visão do trabalhador como um mero recurso que, ao se acidentar, apenas trará prejuízo por reduzir a capacidade produtiva do negócio. O objetivo é evitar que os riscos se concretizem em eventos danosos e que as emergências ocorram; todavia, caso isso venha a acontecer e tenha vítimas, é preciso lidar da maneira mais rápida, planejada e humana possível com a situação. CASO Uma empresa trabalha com gases tóxicos, que correm risco de vazamento. Contudo, existe um padrão rigoroso de procedimentos para a realização das atividades, consideradas perigosas, com normas e diretrizes que são seguidas por todos os trabalhadores. Dentre elas, consta o uso de máscara durante todo o período laboral. Há uma grande preocupação, porque existe uma probabilidade alta de ocorrerem eventos danosos relacionados ao vazamento de gás. Ao ocorrer o evento danoso “trabalhador inala gás tóxico”, os gestores ficam apreensivos e sem saber como isso 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 25/26 pode ter acontecido. Contudo, ao analisar as informações, pôde-se perceber que o evento danoso foi decorrente de eventos combinados que aconteceram simultaneamente: um homem removeu a máscara e o gás vazou. Como a probabilidade de o gás vazar era alta, no momento em que o trabalhador removeu a máscara, ele aumentou a probabilidade de ter ocorrido o evento danoso, e o risco passou a ser muito maior. Nesse caso, o trauma sofrido e/ou as lesões físicas não seriam contados nos cálculos de dias computados ou na taxa de gravidade, apenas a perda de capacidade produtiva deste trabalhador. Síntese Chegamos ao fim do capítulo. Nele você pôde se aprofundar mais no estudo sobre o monitoramento da segurança, questão crucial para evitar que os riscos se tornem emergências. Foi possível verificar como trabalhar com a gestão de emergências, bem como a gestão de riscos nas intervenções, na análise e no controle de riscos. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: compreender como realizar o monitoramento da segurança; conhecer os instrumentos de monitoramento, discernindo entre auditoria e diagnóstico; entender como ocorre a gestão de emergências; conhecer a organização para controle de emergências; aprender sobre a gestão de risco nas intervenções; entender como analisar e controlar os riscos. Bibliografia BOMBACK, M. Unstoppable (Incontrolável). Direção: Tony Scott. Produção: 20th Century Fox et al. Estados Unidos: 20th Century Fox, 2010. 29/08/2023, 18:36 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_QVSSAT_20/unidade_4/ebook/index.html 26/26 BRASIL. Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. (http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.5 14-1977?OpenDocument) Brasília: Casa Civil, 1977. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6514.htm>. Acesso em: 25/7/2018. CARDELLA, B. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma abordagem holística - segurança integrada à missão organizacional com produtividade, qualidade, preservação ambiental e desenvolvimento de pessoas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2016. LIMONGI-FRANÇA, A. C.; RODRIGUES, L. A. Stress e trabalho: uma abordagem psicossomática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2013. LLORY, M. Acidentes industriais: o custo do silêncio. Rio de Janeiro: Multimais, 1999. MOTA, M. C. Z. Psicologia aplicada em segurança do trabalho: destaque nos aspectos comportamentais e trabalho em equipe da NR-10. 6. ed. São Paulo: LTR, 2017. ZOCCHIO, A. Prática da prevenção de acidentes: ABC da segurança do trabalho. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.514-1977?OpenDocument
Compartilhar