Prévia do material em texto
1. Síntese – Libido, Pulsões e Sexualidade Para Freud a sexualidade é um tema fundamental, sendo a base da formação da personalidade e da subjetividade. Também dimensão do desejo humano, da libido, do simbólico e da autoestima, assim está mais à frente da compreensão de uma sexualidade genital. Freud partindo de suas pesquisas sobre a história da sexualidade indica no tema dois importantes itens: o conceito de sexualidade, esse vai além de sua definição relativa ao sexo, como se pensava e a sua origem está em um período anterior àquele atribuído e reconhecido socialmente, ou seja, a adolescência. Outra grande contribuição diz respeito à libido, essa se organiza em fases de desenvolvimento e deixam marcas no psiquismo, no entanto, devido as experiências subjetivas de cada sujeito, podem ter diferentes tempos e, neste sentido, inclusive, não há um consenso entre os pesquisadores do tema. Isso vem ao encontro da ideia de pontos de fixação, pois esse pode gerar a constituição de um modo de funcionamento específico a cada pessoa, se organizando de acordo com suas vivências em cada uma das fases. As fases são as seguintes: oral, anal, fálica, período de latência e fase genital. Oral de 0 a 2 anos, zona erógena, a boca, é por onde a criança tenta conhecer o mundo e, também, por onde recebe o alimento. Hábitos ligados à boca (falar, comer, beber, fumar), dependência, medo do desamparo, baixa tolerância à frustração. A fase anal vai dos 2 a 3 anos, é quando a criança amadurece os esfíncteres que controlam fezes e urina, tanto sente prazer ao controlar e reter, sendo uma forma de obter atenção, o ato de trancar as fezes. A fixação nessa fase pode levar o adulto à competitividade excessiva, desejo de controle e manipulação, desejo de acumulação de posses, neuroses obsessivo-compulsivas. Fase fálica vai de 3 a 5 ou 6 anos, há o reconhecimento dos órgãos genitais, percebe as diferenças entre meninos e meninas, por isso manipula e mostra os órgãos genitais. É, também, onde aparece o Complexo de Édipo. A fase de latência vai de 6 anos até a puberdade, nesse período a criança se volta para as atividades sociais e escolares. Não se costuma falar em regressão nesta fase. A partir da puberdade é a fase genital, sendo a fase de maturidade, por isso não se costuma ver a fixação, como algo negativo, assim quando um adolescente ou adulto se prende a fases anteriores a essa, haveria a regressão. O autor adverte, a quem inicia o estudo da psicanálise, que não se deve apressar em julgar e enquadrar o analisando somente partindo de observação de um determinado comportamento do mesmo, diagnosticando quem está em uma determinada fase de fixação, portanto é “neurótico”, “perverso” ou “psicótico”, isso pode gerar um erro. Freud indica a ideia da organização e desenvolvimento da estrutura psíquica, partindo de pesquisas. Percebeu, também, que cada sujeito dispõe de uma determinada e predominante subjetividade, atribuindo à psique uma forma de funcionamento, com suas defesas exclusivas, formas de interação com o mundo, ainda, os modos de sofrimento, entre outros. Então revela os três mecanismos de organização psíquica: neuroses, psicoses e perversões. A neurose é um comportamento presente em todas as pessoas, os sintomas sentidos é o que indicará se há uma patologia, pelo seu nível de mal-estar. No neurótico existe um conflito entre a pulsão libidinal, ou seja, o desejo ser satisfeito e o mecanismo de defesa do ego, dificultando a realização daquele desejo de forma imediata. Freud divide a neurose em dois aspectos, as neuroses atuais, que são a neurastenia e neurose de angústia; e as psiconeuroses, reconhecidas como neuroses de transferência, subdividida em: fobia, histeria e obsessão. Os mecanismos de defesa da neurose são: o recalcamento ou repressão, regressão, conversão orgânica, projeção, deslocamento, racionalização, formação reativa e sublimação. Na psicose o ego está tão desorganizado e/ou fragmentado que há um sério comprometimento de seu funcionamento e, dentro de sua angústia, o ego passa a ficar sob o domínio do Id. A psicose é uma organização muito primitiva, portanto, assim como os pontos de fixação abordados na etiologia das neuroses, as experiências subjetivas e os eventos traumáticos remetem às fases de desenvolvimento psicossexuais mais iniciais. São três as suas categorias: os estados psicóticos, as condições psicóticas, as psicoses propriamente ditas. Sendo estes os mecanismos de defesa da psicose: forclusão (repúdio), recusa, dissociação, projeção, introjeção, idealização, identificação projetiva. As suas subestruturas são: esquizofrenia, paranoia e melancolia. Na neurose a distorção da realidade é parcial, enquanto na psicose é total. Na neurose a desintegração do self é superficial, na psicose é profunda. Os mecanismos de defesa na neurose são elaborados e na psicose são primitivos. A perversão, por sua vez, decorre das defesas de renegação, as recusas, ligadas à angústia de castração. Assim, se percebe a recusa de saber reconhecer a ausência do falo no outro o que representa a ideia do corpo da mãe, na qual, simbolicamente, não existe o pênis/falo. O conceito real de perversão está para além do que indica o senso comum, como é percebido na atualidade, a perversidade. Ela é sim uma estrutura psíquica própria, assim como as neuroses e psicoses, ou seja, existe, na perversão, um modo de se relacionar com o mundo, de estabelecer relações, de apresentar modos de sofrer, e, também, modos de obtenção de prazer. São tipos de perversão, os principais: fetichismo, sadismo e masoquismo. Portanto, o perverso é capaz de saber o que quer, aquilo que lhe dá prazer e, assim, pode realizá-lo, enquanto, para o neurótico, esse desejo de satisfação acaba por ser reprimido. Sobre as diferentes formas de organização psíquica é necessário salientar e compreender que essas organizações, ou subjetividades, irão conduzir o indivíduo em suas relações intrapsíquicas e inter psíquicas. Outra ênfase é sobre o diagnóstico, é necessário reconhecer quando as características são “normais” ou patológicas, é preciso, portanto, um estudo sério por parte do terapeuta.