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REMUNERAÇÃO E SALÁRIO 1ª Parte Princípios de Proteção ao Salário 1 – Princípio da irredutibilidade salarial; 2 – Princípio da inalterabilidade salarial; 3 – Princípio da integralidade salarial; 4 – Princípio da intangibilidade salarial; 5 – Princípio da impenhorabilidade salarial. Princípio da irredutibilidade salarial Previsto no art. 468 da CLT e art. 7º, IV, da CF/88, este princípio não permite a alteração de cláusula contratual (especialmente a que dispõe sobre salário) de forma prejudicar o trabalhador. Existe a possibilidade de redução salarial por meio de convenção ou acordo coletivo de trabalho. Contudo, essa redução deve ser transitória e respeitar o mínimo existencial (salário mínimo). Princípio da inalterabilidade salarial Também previsto no art. 468 da CLT, este princípio proíbe qualquer forma de alteração salarial de forma a prejudicar o trabalhador. Ex.: Não é permitida a alteração da forma de pagamento, de quinzenal para mensal, ou em salário fixo para pagamento por comissão, salvo se provar ser mais benéfico ao trabalhador. Princípio da integralidade salarial Previsto no art. 462, §§ 1º a 4º, da CLT, este princípio protege o salário contra descontos impróprios e abusivos do empregador. Pode haver exceções, sendo: contribuições previdenciárias, imposto de renda retido na fonte, ou previsão em convenção ou acordo coletivo. Além da possibilidade de descontos na hipótese de dano causado pelo empregado, desde de que previsto em contrato ou na ocorrência de DOLO do empregado. Súmula 342, do TST: Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médicohospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico. Princípio da intangibilidade salarial Este princípio ensina que o salário do empregado é inafetado, e tem até mesmo privilégio créditos trabalhistas. Princípio da impenhorabilidade salarial Previsto art. 833, inciso IV, do CPC, este princípio protege o salário do empregado contra credores, sendo impenhorável. Há exceção, como no caso do devedor de pensão alimentícia, como também na condenação ao pagamento de multa por prática de ilícito penal. Remuneração e salário Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. § 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. § 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados. (...) Denominações: Servidores públicos Vencimentos Militares Soldo Profissionais liberais Honorários Magistrados e membros do MP Subsídios Salário, em sentido técnico, é a retribuição devida àqueles que trabalham na condição de empregados. O art. 457 da CLT faz distinção entre salário e remuneração. O primeiro é a contraprestação originariamente fixada, em virtude do contrato individual de trabalho. Já a remuneração tem sentido mais amplo, de modo a englobar tudo o que venha a ser acrescido à retribuição básica ou originária do empregado. À luz do art. 457 da CLT, entretanto, tem-se que: a) remuneração = salário + gorjeta; b) salário = contraprestação devida e paga diretamente pelo empregador em face do contrato de trabalho; c) gorjeta = importância dada espontaneamente pelo cliente ao empregado (facultativa) ou cobrada pela empresa ao cliente como adicional nas contas, a qualquer título, destinada à distribuição aos empregados (obrigatória). Ambas constituem remuneração do empregado para todos os efeitos legais. Componentes do salário e remuneração Além do salário-base (ou salário fixo), que corresponde à contraprestação mínima pelo tempo que o empregado fica trabalhando ou à disposição do empregador, disciplina o § 1º do art. 457 da CLT, com nova redação dada pela Lei 13.467/2017 que “Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e de função e as comissões pagas pelo empregador”. A nova regra retirou do núcleo salarial as percentagens, as gratificações não previstas em leis, as diárias para viagens (excedentes em cinquenta por cento do salário) e os abonos. As parcelas que integram a remuneração do empregado podem ser classificadas em dois grupos: as parcelas de natureza não salarial (integrando tão somente a remuneração) e as parcelas de natureza salarial (formando o complexo salarial do trabalhador). Natureza salarial Salário base Adicionaiscomissões Gratificaç ões Maira Gabriele Prudente Natureza não salarial Participação nos lucros TransporteAssistência médica Despesas com alimentação Existem, ainda, parcelas pagas por terceiros: Gorjetas Gueltas Honorários advocatícios de sucumbência Estas parcelas compõem a remuneração, mas não integram – e nem se incorporam – ao salário do empregado. O novel § 2º do art. 457 da CLT, retirou a natureza salarial de diversas parcelas, ainda que pagas habitualmente ao trabalhador, tais como: ajuda de custo (limitada a 50% da remuneração mensal), auxílio-alimentação (vedado seu pagamento em dinheiro), diárias para viagem e os prêmios não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário. Comissões As comissões constituem modalidade salarial variável, cujo pagamento, em geral, é feito por um percentual sobre o valor do resultado da atividade laboral exercida pelo empregado. Os empregados que trabalham por comissão podem ser classificados em: comissionista puro (todo o salário é variável) ou comissionista misto (uma parte do salário é fixa e a outra é variável). Tratando-se de comissionista puro, isto é, se o empregado receber salário exclusivamente por comissão, será a ele garantido pelo menos o direito de receber o salário mínimo legal ou convencional (CF, art. 7º, VII). Adicionais Os adicionais, embora não expressamente previstos no § 1º do art. 457 da CLT, são parcelas integrantes do salário e têm por escopo compensar o trabalho realizado em situações que exijam maior desconforto do empregado em razão do tempo e do lugar da prestação do serviço ou que representem maior perigo ou risco para a sua saúde. Os adicionais ora derivam da lei (adicional noturno, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, adicional de penosidade, adicional de hora extra, adicional de transferência), ora de instrumento coletivo (adicional de produtividade), ora do contrato individual (adicional em virtude de área de difícil acesso ou adicional por tempo de serviço). Hora extra O adicional de hora extra, como parcela de natureza salarial, é devido em função do trabalho prestado além do limite horário máximo legal, em regime de prorrogação da jornada. Conforme disposição da Súmula 85 do TST, não há pagamento do adicional de horas extras no caso de regime de compensação de horas (instituído por acordo individual escrito ou negociação coletiva) ou de banco de horas (instituído somente por acordo ou convenção coletiva). O art.71, § 4º, da CLT versa que “quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho”. Adicional de insalubridade O adicional de insalubridade, previsto no art. 189 da CLT, é parcela salarial destinada a compensar o trabalho realizado em condições sujeitas a agressões de agentes físicos (como o ruído excessivo), químicos (compostos de carbono) ou biológicos (doenças encontradas nos hospitais) nocivos à saúde do empregado. O trabalho em condições insalubres gera, para o empregado, o direito à percepção do adicional de insalubridade, em percentuais de 40%, 20% ou 10%, caso a insalubridade constatada seja em grau máximo, médio ou mínimo, respectivamente. Adicional de periculosidade O adicional de periculosidade é parcela salarial prevista no art. 193 da CLT que tem por escopo compensar o trabalho prestado em condições que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I - Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II- Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial (Lei 12.740/2012); III - Atividades de trabalhador em motocicleta (Lei 12.997/2014). O trabalho realizado em condições (CLT, art. 193) consideradas perigosas confere ao empregado o direito ao recebimento do adicional de periculosidade na base de 30% sobre a sua remuneração, nos termos do art. 193, § 1º, da CLT. Adicional de transferência O adicional de transferência, que é parcela integrante do salário, está previsto no art. 469 da CLT e é devido enquanto durar a alteração de domicílio do empregado, sendo seu valor, no mínimo, 25% do montante das parcelas de natureza salarial. Ressalta-se que a mudança definitiva não gera o direito ao adicional de transferência, mas tão somente aquela em que reside a característica da provisoriedade. Com efeito, a percepção do adicional de transferência não afasta o dever de o empregador arcar com as despesas resultantes da mudança de domicílio do empregado, conforme previsto no art. 470 da CLT. Trata-se de uma ajuda de custo e, por esse motivo, não integra o salário do empregado. Adicional noturno Diz o art. 73 da CLT: “salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna”. Para o empregado urbano, entende-se por trabalho noturno aquele realizado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte (§ 2º). Para o empregado rural, considera-se trabalho noturno o executado entre as 21 horas de um dia e as 5 do dia seguinte, na lavoura, e entre as 20 horas de um dia e as 4 horas do dia seguinte, na atividade pecuária, sendo que o adicional noturno será de 25% sobre a remuneração normal (Lei 5.889/73, art. 7º, parágrafo único). OBRIGADO! HOJE TEM BIZ!!!