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PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO AO SALÁRIO 1 – Princípio da irredutibilidade salarial: O princípio da irredutibilidade já estava implicitamente previsto no art. 468 da CLT, que não permite a alteração de cláusula contratual (especialmente a que dispõe sobre salário) em prejuízo do trabalhador. O art. 7º, VI, da CF/88 consagra-o explicitamente, excepcionando apenas a possibilidade de redução salarial por meio de convenção ou acordo coletivo de trabalho. Mesmo havendo previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, a redução salarial deve ser transitória e respeitar o mínimo existencial indisponível, ou seja, o salário mínimo. Além disso, é preciso verificar, em cada caso, se realmente há transação/negociação, isto é, se a redução salarial implicará, por exemplo, manutenção dos empregos ou outras vantagens. Se for constatado que houve simplesmente renúncia ao direito fundamental de irredutibilidade salarial em troca de nada, o órgão judicial poderá declarar a nulidade da cláusula prevista no instrumento coletivo de autocomposição por violação dos princípios da irredutibilidade, da razoabilidade e/ou proporcionalidade. 2 – Princípio da inalterabilidade salarial: O art. 468 da CLT proíbe qualquer forma de alteração salarial in pejus. Permite-se a alteração salarial quando mais benéfica ao empregado. Esse princípio está profundamente vinculado ao princípio constitucional da irredutibilidade salarial (CF, art. 7º, VI). Assim, não é válida a alteração que modifique, em prejuízo direto ou indireto para o empregado, a forma de pagamento do salário de quinzenal para mensal. Também não é permitida a alteração de pagamento em comissão para salário fixo ou vice-versa, salvo se o empregador provar (o onus probandi é seu) que a alteração é vantajosa para o trabalhador. 3 – Princípio da integralidade salarial: Esse princípio protege o salário contra os descontos impróprios e abusivos do empregador. Sua base legal reside no art. 462, §§ 1º a 4º, da CLT. Portanto, é vedado ao empregador efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei (v.g., contribuições previdenciárias ou imposto de renda retido na fonte) ou de previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho. Também é lícito o desconto na hipótese de dano causado pelo empregado ao empregador, desde que essa possibilidade tenha sido prevista no contrato de trabalho ou na ocorrência de dolo do empregado. Súmula 342, do TST: Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médicohospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico. 4 – Princípio da intangibilidade salarial O fundamento legal do princípio da intangibilidade salarial repousa no art. 449 da CLT, que dispõe, in verbis: Art. 449. Os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho subsistirão em caso de falência, concordata ou dissolução da empresa. § 1º Na falência, constituirão créditos privilegiados a totalidade dos salários devidos ao empregado e a totalidade das indenizações a que tiver direito. § 2º Havendo concordata na falência, será facultado aos contratantes tornar sem efeito a rescisão do contrato de trabalho e consequente indenização, desde que o empregador pague, no mínimo, a metade dos salários que seriam devidos ao empregado durante o interregno. Vê-se, portanto, que, de acordo com o texto consolidado, os créditos trabalhistas, abrangendo, evidentemente, os salários, são privilegiados e preferem até mesmo ao crédito tributário. 5 – Princípio da impenhorabilidade salarial Este princípio protege o salário contra os credores do empregado. Sua base legal não está na CLT, e sim no inciso IV do art. 833 do CPC, que trata da impenhorabilidade do salário. Há algumas exceções à incidência do princípio da impenhorabilidade salarial, como no caso do empregado devedor de prestação alimentícia, inclusive com a possibilidade de desconto em folha de pagamento, bem como do empregado condenado ao pagamento de multa por prática de ilícito penal, conforme previsto no art. 50 e seus parágrafos do Código Penal. Questão polêmica é a que diz respeito à possibilidade de penhora de parte de salário do sócio da empresa ou do empregador pessoa física para pagamento de crédito trabalhista. Deve o juiz ponderar no caso concreto, invocando o princípio da razoabilidade ou proporcionalidade, interpretar o inciso IV do art. 833 do CPC conforme a Constituição e admitir a penhora de parte do salário (ou provento) do devedor, de modo a se preservar tanto a dignidade do credor quanto a do devedor. 6 – Outros princípios de proteção ao salário A CF/88 (art. 7º, X) considera crime a retenção dolosa do salário. Esse dispositivo, segundo entendimento majoritário, constitui norma de eficácia limitada, dependendo, portanto, de regulamentação através de lei ordinária. Além disso, o art. 459 da CLT reconhece o princípio da periodicidade do pagamento dos salários, pois o “pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a um mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações”. Nos termos do parágrafo único desse mesmo artigo, quando “o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido”. À luz do art. 450 da CLT: Ao empregado chamado a ocupar, em comissão, interinamente, ou em substituição eventual ou temporária, cargo diverso do que exercer na empresa, serão garantidas a contagem do tempo naquele serviço, bem como a volta ao cargo anterior. Nesse mesmo sentido, infere da Súmula 159 do TST: Substituição de caráter não eventual e vacância do cargo. I – Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual, inclusive nas férias, o empregado substituto fará jus ao salário contratual do substituído. II – Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a salário igual ao do antecessor. REMUNERAÇÃO E SALÁRIO Com o advento da Lei 13.419, de 13.03.2017, e, posteriormente, da Lei 13.467, de 13.07.2017, o art. 457 e seus parágrafos da CLT passaram a ter a seguinte redação: Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. § 2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. § 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados. § 4º Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades. § 5º Inexistindo previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, os critérios de rateio e distribuição da gorjeta e os percentuaisde retenção previstos nos §§ 6º e 7º deste artigo serão definidos em assembleia geral dos trabalhadores, na forma do art. 612 desta Consolidação. § 6º As empresas que cobrarem a gorjeta de que trata o § 3º deverão: I – para as empresas inscritas em regime de tributação federal diferenciado, lançá-la na respectiva nota de consumo, facultada a retenção de até 20% (vinte por cento) da arrecadação correspondente, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente ser revertido integralmente em favor do trabalhador; II – para as empresas não inscritas em regime de tributação federal diferenciado, lançá-la na respectiva nota de consumo, facultada a retenção de até 33% (trinta e três por cento) da arrecadação correspondente, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente ser revertido integralmente em favor do trabalhador; III – anotar na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no contracheque de seus empregados o salário contratual fixo e o percentual percebido a título de gorjeta. § 7º A gorjeta, quando entregue pelo consumidor diretamente ao empregado, terá seus critérios definidos em convenção ou acordo coletivo de trabalho, facultada a retenção nos parâmetros do § 6º deste artigo. § 8º As empresas deverão anotar na Carteira de Trabalho e Previdência Social de seus empregados o salário fixo e a média dos valores das gorjetas referente aos últimos doze meses. § 9º Cessada pela empresa a cobrança da gorjeta de que trata o § 3º deste artigo, desde que cobrada por mais de doze meses, essa se incorporará ao salário do empregado, tendo como base a média dos últimos doze meses, salvo o estabelecido em convenção ou acordo coletivo de trabalho. § 10. Para empresas com mais de sessenta empregados, será constituída comissão de empregados, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para acompanhamento e fiscalização da regularidade da cobrança e distribuição da gorjeta de que trata o § 3º deste artigo, cujos representantes serão eleitos em assembleia geral convocada para esse fim pelo sindicato laboral e gozarão de garantia de emprego vinculada ao desempenho das funções para que foram eleitos, e, para as demais empresas, será constituída comissão intersindical para o referido fim. § 11. Comprovado o descumprimento do disposto nos §§ 4º, 6º, 7º e 9º deste artigo, o empregador pagará ao trabalhador prejudicado, a título de multa, o valor correspondente a 1/30 (um trinta avos) da média da gorjeta por dia de atraso, limitada ao piso da categoria, assegurados em qualquer hipótese o contraditório e a ampla defesa, observadas as seguintes regras: I – a limitação prevista neste parágrafo será triplicada caso o empregador seja reincidente; II – considera-se reincidente o empregador que, durante o período de doze meses, descumpre o disposto nos §§ 4º, 6º, 7º e 9º deste artigo por mais de sessenta dias. Diversas são as denominações dadas à retribuição percebida pelos trabalhadores em geral em decorrência da prestação do seu trabalho. Os servidores públicos civis investidos em cargos públicos, por exemplo, percebem vencimento. Os militares, soldo. Honorários constituem a remuneração dos profissionais liberais. Ordenado, recebido pelos empregados mais qualificados. Os agentes políticos exercentes de poder, como magistrados e membros do Ministério Público, percebem subsídios. Salário, em sentido técnico, é a retribuição devida àqueles que trabalham na condição de empregados. O art. 457 da CLT faz distinção entre salário e remuneração. O primeiro é a contraprestação originariamente fixada, em virtude do contrato individual de trabalho. Já a remuneração tem sentido mais amplo, de modo a englobar tudo o que venha a ser acrescido à retribuição básica ou originária do empregado. À luz do art. 457 da CLT, entretanto, tem-se que: a) remuneração = salário + gorjeta; b) salário = contraprestação devida e paga diretamente pelo empregador em face do contrato de trabalho; c) gorjeta = importância dada espontaneamente pelo cliente ao empregado (facultativa) ou cobrada pela empresa ao cliente como adicional nas contas, a qualquer título, destinada à distribuição aos empregados (obrigatória). Ambas constituem remuneração do empregado para todos os efeitos legais. A Súmula 354 do TST dispõe que as “gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado”. Componentes do salário e remuneração Além do salário-base (ou salário fixo), que corresponde à contraprestação mínima pelo tempo que o empregado fica trabalhando ou à disposição do empregador, disciplina o § 1º do art. 457 da CLT, com nova redação dada pela Lei 13.467/2017 que “Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e de função e as comissões pagas pelo empregador”. A nova regra retirou do núcleo salarial as percentagens, as gratificações não previstas em leis, as diárias para viagens (excedentes em cinquenta por cento do salário) e os abonos. Além disso, é importante lembrar que o novel § 1º do art. 457 da CLT ignora as posições da doutrina e da jurisprudência, no sentido de que tal preceito não é numerus clausus. Vale dizer, além dos elementos expressamente previstos no preceptivo em causa, outros há no ordenamento jurídico obreiro, como os adicionais, o abono etc. Em melhor didática, e reconhecendo a inconstitucionalidade parcial do § 1º do art. 457 da CLT com a redação dada pela Lei 13.467/2017, as parcelas que integram a remuneração do empregado podem ser classificadas em dois grupos: as parcelas de natureza não salarial (integrando tão somente a remuneração) e as parcelas de natureza salarial (formando o complexo salarial do trabalhador). Parcelas de natureza salarial: são as parcelas percebidas com habitualidade pelo trabalhador, como o salário base, as comissões, percentagens, os adicionais (insalubridade, hora extraordinária, periculosidade, por tempo de serviço etc.), as gratificações, os abonos (antecipações do reajuste salarial, por exemplo), a quebra de caixa (TST, Súmula 247) e os prêmios. Parcelas de natureza não salarial: são aquelas parcelas de natureza indenizatória, ressarcitória ou instrumental relacionadas à educação, ao transporte, à assistência médica, ao seguro de vida e acidentes pessoais, à previdência privada e ao vale-cultura; a participação nos lucros ou resultados; o abono pecuniário (não habitual); as despesas com alimentação (se o empregador for filiado ao PAT-Programa de Alimentação do Trabalhador). Existem, ainda, parcelas pagas por terceiros, como as gorjetas, gueltas e honorários advocatícios de sucumbência para o advogado empregado. Estas parcelas compõem a remuneração, mas não integram – e nem se incorporam – ao salário do empregado. O novel § 2º do art. 457 da CLT, como já alertamos sobre a sua inconstitucionalidade na epígrafe anterior, retirou a natureza salarial de diversas parcelas, ainda que pagas habitualmente ao trabalhador, tais como: ajuda de custo (limitada a 50% da remuneração mensal), auxílio-alimentação (vedado seu pagamento em dinheiro), diárias para viagem e os prêmios não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário. Examinaremos adiante todos os componentes da remuneração e dosalário. Comissões e percentagens As comissões e as percentagens, como componentes do salário, constituem tipicamente forma de remuneração por unidade de obra ou serviço, ou seja, não se leva em conta o tempo gasto, e sim a produção alcançada pelo empregado. As comissões, portanto, constituem modalidade salarial variável, cujo pagamento, em geral, é feito por um percentual sobre o valor do resultado da atividade laboral exercida pelo empregado. Um empregado que confecciona calçados, por exemplo, pode ter seu salário pago em comissões por unidade produzida (a cada dez pares produzidos, terá direito a um par de calçados) ou em percentagens (10% sobre cada par de calçados produzido). O novel § 1º do art. 457 da CLT (redação dada pela Lei 13.467/2017), no entanto, excluiu as percentagens dos componentes do salário. Os empregados que trabalham por comissão podem ser classificados em: comissionista puro (todo o salário é variável) ou comissionista misto (uma parte do salário é fixa e a outra é variável). Tratando-se de comissionista puro, isto é, se o empregado receber salário exclusivamente por comissão, será a ele garantido pelo menos o direito de receber o salário mínimo legal ou convencional (CF, art. 7º, VII). Adicionais Os adicionais, embora não expressamente previstos no § 1º do art. 457 da CLT, são parcelas integrantes do salário e têm por escopo compensar o trabalho realizado em situações que exijam maior desconforto do empregado em razão do tempo e do lugar da prestação do serviço ou que representem maior perigo ou risco para a sua saúde. Os adicionais ora derivam da lei (adicional noturno, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, adicional de penosidade, adicional de hora extra, adicional de transferência), ora de instrumento coletivo (adicional de produtividade), ora do contrato individual (adicional em virtude de área de difícil acesso ou adicional por tempo de serviço). Ressalta-se que os adicionais estão condicionados à permanência de condições mais gravosas ou complexas do trabalho realizado pelo empregado, pois no momento em que tais condições deixam de existir o empregador pode cessar o respectivo pagamento. Sobre o tema, recomendamos a leitura das Súmulas 80, 248, 265 e 291 do TST. HORA EXTRA O adicional de hora extra, como parcela de natureza salarial, é devido em função do trabalho prestado além do limite horário máximo legal, em regime de prorrogação da jornada. O art. 59, § 1º, da CLT previa que as horas extraordinárias serão remuneradas com um acréscimo de 20% sobre o valor da hora normal. No entanto, tal dispositivo não foi recepcionado pela Constituição de 1988, pois o art. 7º, inciso XVI, determina que a remuneração deverá ser, no mínimo, superior à metade da hora normal. Conforme disposição da Súmula 85 do TST, não há pagamento do adicional de horas extras no caso de regime de compensação de horas (instituído por acordo individual escrito ou negociação coletiva) ou de banco de horas (instituído somente por acordo ou convenção coletiva). No que se refere ao acordo de compensação de horas, é necessário que seja formalizado por escrito. O TST, em sua Súmula 85, II, entende que acordo individual de compensação também é válido e não somente por negociação coletiva. Assim, numa semana em que o empregado trabalhe 9 horas de segunda a quinta-feira para não ter que laborar aos sábados, o trabalho realizado a partir da 9ª hora deve ser remunerado como hora extraordinária (50% sobre o valor da hora normal). A Lei 13.467/2017, no entanto, alterou o art. 59 da CLT para permitir, em seus §§ 5º e 6º, o banco de horas e o regime de compensação por meio de acordos individuais, sendo que neste último caso, inclusive, por meio de acordo tácito. O art. 71, § 4º, da CLT versa que “quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho”. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE O adicional de insalubridade, previsto no art. 189 da CLT, é parcela salarial destinada a compensar o trabalho realizado em condições sujeitas a agressões de agentes físicos (como o ruído excessivo), químicos (compostos de carbono) ou biológicos (doenças encontradas nos hospitais) nocivos à saúde do empregado. Conforme disposto no art. 190 da CLT, cabe ao Ministério do Trabalho e Previdência aprovar o quadro de atividades e operações consideradas insalubres, bem como os requisitos e limites de tolerância para caracterização da insalubridade para cada um dos agentes nocivos. Conforme jurisprudência majoritária, a Norma Regulamentadora 15 do MTE (atualizada constantemente) possui um rol taxativo, sendo imprescindível o laudo pericial para comprovação da situação insalubre no caso concreto. O adicional de insalubridade também possui fundamento constitucional, como se infere do art. 7º, inciso XXIII, da CF/88. O trabalho em condições insalubres gera, para o empregado, o direito à percepção do adicional de insalubridade, em percentuais de 40%, 20% ou 10%, caso a insalubridade constatada seja em grau máximo, médio ou mínimo, respectivamente. Discute-se bastante se a concessão ou não de equipamentos de proteção individual (EPI) pode afastar ou reduzir o adicional de insalubridade percebido pelo empregado. O TST (Súmula 289) entende que “o simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado”. Assim, em decorrência do poder fiscalizatório do empregador, em caso de recusa do empregado em utilizar o EPI, o vínculo empregatício poderá ser extinto com justa causa (art. 158, parágrafo único, b, da CLT). Porém, em caso de não utilização do EPI pelo empregado, mesmo que fornecido conforme todas as normas, o adicional será devido, pois cabia ao empregador fiscalizar. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE O adicional de periculosidade é parcela salarial prevista no art. 193 da CLT que tem por escopo compensar o trabalho prestado em condições que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I - Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II- Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial (Lei 12.740/2012); III - Atividades de trabalhador em motocicleta (Lei 12.997/2014). Também fazem jus ao adicional de periculosidade os empregados que trabalhem em sistema elétrico de potência em condições de risco (SBDI-1, OJ 324 e OJ 347) ou expostos à radiação ionizante ou substância radioativa (SBDI- 1, OJ 345). Os empregados que laboram com bombas de gasolina (STF, Súmula 212; TST, Súmula 39) ou exercem atividades em prédios de construção vertical com armazenamento de líquido inflamável (SBDI-1, OJ 385) também têm direito ao adicional de periculosidade. São consideradas atividades ou operações perigosas aquelas previstas na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Previdência. As atividades perigosas estão arroladas na Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Previdência. O adicional de periculosidade, tal como ocorre com o de insalubridade, é devido ao empregado quando comprovada, mediante prova pericial, a existência das condições que autorizam o seu pagamento (CLT, art. 195). O trabalho realizado em condições (CLT, art. 193) consideradas perigosas confere ao empregado o direito ao recebimento do adicional de periculosidade na base de 30% sobre a sua remuneração, nos termos do art.193, § 1º, da CLT. Outra questão importante reside na OJ 259 da SBDI-1 do TST, segundo a qual o adicional de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno, já que também nesse horário o trabalhador permanece sob as condições de risco. O adicional de periculosidade, assim como o de insalubridade, possui natureza salarial e, por esse motivo, integra-se à remuneração para cálculo de outros direitos trabalhistas, tais como férias, 13º salário, FGTS etc. ADICIONAL DE PENOSIDADE O adicional de penosidade também possui fundamento constitucional no art. 7º, inciso XXIII, porém não há nenhuma legislação infraconstitucional que o regule. A Lei dos Servidores Públicos Federais traz um conceito de trabalho penoso, porém tal legislação não pode ser aplicada aos empregados: “o adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados em regulamento (Lei 8.112/90, art. 71)”. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA O adicional de transferência, que é parcela integrante do salário, está previsto no art. 469 da CLT e é devido enquanto durar a alteração de domicílio do empregado, sendo seu valor, no mínimo, 25% do montante das parcelas de natureza salarial. São requisitos essenciais para caracterização do direito ao adicional: a alteração do domicílio do empregado e da localidade da prestação de serviço; e a provisoriedade da mudança. A inexistência desses requisitos pode configurar abuso do poder diretivo do empregador, podendo, em teoria, o empregado utilizar seu direito de resistência para permanecer ou retornar ao seu local de trabalho anterior. Entendemos, porém, que há situações em que a real necessidade da prestação de serviço não precisará ser comprovada, por exemplo, no caso do representante de uma marca cujo contrato já previa a possibilidade de alteração de domicílio periodicamente, ou de um empregado que exerce função de confiança, devendo sempre ser observada a proporcionalidade e a boa-fé do empregador, podendo ser configurado um abuso de direito no caso concreto (art. 469, § 1º, da CLT). Ressalta-se que a mudança definitiva não gera o direito ao adicional de transferência, mas tão somente aquela em que reside a característica da provisoriedade. Com efeito, a percepção do adicional de transferência não afasta o dever de o empregador arcar com as despesas resultantes da mudança de domicílio do empregado, conforme previsto no art. 470 da CLT. Trata-se de uma ajuda de custo e, por esse motivo, não integra o salário do empregado. ADICIONAL NOTURNO Diz o art. 73 da CLT: “salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna”. Para o empregado urbano, entende-se por trabalho noturno aquele realizado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte (§ 2º). Para o empregado rural, considera-se trabalho noturno o executado entre as 21 horas de um dia e as 5 do dia seguinte, na lavoura, e entre as 20 horas de um dia e as 4 horas do dia seguinte, na atividade pecuária, sendo que o adicional noturno será de 25% sobre a remuneração normal (Lei 5.889/73, art. 7º, parágrafo único). Nos horários mistos (parte diurno e parte noturno), aplicam-se as regras do art. 73 consolidado no que concerne às horas trabalhadas no horário noturno. O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. Além disso, cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas (TST, Súmula 60). Ou seja, após a jornada noturna, as horas laboradas serão acrescidas do adicional de horas extraordinárias como se fossem noturnas. A transferência para o turno diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno (TST, Súmula 265). Ao vigia, sujeito ao trabalho noturno, é assegurado o direito ao adicional respectivo (TST, Súmula 140).
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