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IMERSÃO PRESENCIAL SAÚDE DA MULHER IMERSÃO EM SAÚDE DA MULHER UM PRODUTO CASO CLÍNICO 01: SOP, ANTICONCEPCIONAL, CICLO MENSTRUAL e TPM CASO CLÍNICO 02: ENDOMETRIOSE CASO CLÍNICO 03: MENOPAUSA CASO CLÍNICO 01: SOP, ANTICONCEPCIONAL E CICLO MENSTRUAL Maria Andrade, 19 anos, 1,55 m de altura e 72 kg apresenta um IMC de 30 kg/m², encontrando-se na faixa de obesidade, o que vai de encontro com o percentual de gordura de 32,23%. A paciente procurou atendimento nutricional após encaminhamento ginecológico, motivado por um aumento de peso e diagnóstico de SOP. Durante a consulta, relatou início do uso de anticoncepcional, porém sem melhora aparente dos sintomas da SOP e com piora do quadro de TPM. PRINCIPAIS QUEIXAS Ciclos desregulados Cólicas menstruais Humor deprimido Dificuldade concentração Sensibilidade nos seios Vontade de doces Fluxo menstrual intenso Queda de cabelo O anticoncepcional em questão era o LeveL, que contém levonorgestrel (0,1 mg) e etinilestradiol (0,02 mg). Além de prevenir a gravidez, sua fórmula ajuda a regularizar o ciclo menstrual e aliviar sintomas da TPM, como cólicas, inchaço e dores de cabeça. Na consulta, também foram realizados uma avaliação do grau de hirsutismo e um questionário de sintomas, que apontou um grau severo e um possível diagnóstico de SOP, respectivamente. Em relação a sua rotina, a paciente refere passar boa parte do tempo fora de casa, preferindo sempre refeições prontas. Costumava se exercitar, porém, devido a rotina corrida, nos últimos 2 anos parou totalmente qualquer atividade física, mas voltou a treinar há 1 mês. A ingestão de hídrica era de 1 litro por dia e a de álcool 3 vezes na semana (gin ou vodka). Além disso, a paciente relatou ter um sono ruim, acordando muito cansada todos os dias, e que ficava no celular antes de dormir. Sua latência do sono era de 50 minutos, com despertares noturnos acontecendo duas vezes por noite. ROTINA E SONO RECORDATÓRIO ALIMENTAR Maria apresenta um paladar infantil, pouco fracionamento de refeições, sem rotina alimentar no final de semana e consumo de álcool sob a justificativa de que "é para ter uma vida social". O recordatório alimentar, realizado durante a consulta, foi calculado em 2.083 kcal/dia, distribuídos em carboidratos (255,9 g/dia), proteínas (79,5 g/dia), lipídeos (77,8 g/dia) e fibras (9,3 g/dia). Ajustando os valores para g/kg de peso/dia, têm-se: 28,9 kcal/kg, 3,5g/kg de carboidratos, 1,1g de proteínas, 1 g/kg de gordura. Não havia utilização de suplementação. CICLO MENSTRUAL O ciclo menstrual é responsável por alterações cíclicas nos ovários e no útero, sendo composto pelo: (1) ciclo ovariano, que inclui a fase folicular e a fase lútea, separadas pela ovulação; e (2) ciclo endometrial, que inclui as fases menstrual, proliferativa e secretória. A primeira fase é a folicular, na qual o FSH estimula um folículo levando-o a completar o seu desenvolvimento. A fase folicular inicia-se com o início da menstruação e dura, em média, 14 dias; durante a foliculogênese, há aumento produção do estradiol, o qual estimula a maturação do endométrio, este período é a fase proliferativa do ciclo endometrial. Em determinado momento, um rápido aumento na secreção de estradiol pelos ovários provoca um aumento nos níveis de LH, o que faz com que a ovulação aconteça. Depois de expulsar o seu óvulo, o folículo se transforma no corpo lúteo, razão pela qual a segunda metade do ciclo ovariano é denominada fase lútea; as células lúteas produzem progesterona e estrógeno, que estimula ainda mais o crescimento e o desenvolvimento do endométrio. Este período é a fase secretória do ciclo endometrial. FLUXO FASE FOLICULAR FASE LÚTEA OVULAÇÃO O ciclo menstrual de 28 dias nem sempre é coerente com a realidade de muitas mulheres. Desse modo, várias mulheres apresentam ciclos maiores ou menores, como, por exemplo, ciclos de 32 ou 24 dias; essa variação normalmente ocorre na fase folicular, pois esta é a fase mais variável do ciclo menstrual VARIAÇÕES NO CICLO TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL (TPM) A TPM constitui um amplo grupo de sintomas físicos, emocionais e comportamentais que ocorrem na fase lútea tardia do ciclo menstrual da mulher (semana anterior à menstruação). Dentre as principais alterações da mulher nessa fase são associados a humor deprimido, irritabilidade, enxaqueca, estresse, hiperfagia, retenção hídrica, desejo por doces, entre outros são comuns no consultório médico e nutricional. A atividade cíclica ovariana e os efeitos do estradiol e progesterona sobre os neurotransmissores (serotonina e GABA) apresentam-se como possíveis mecanismos de alteração. Em relação à prevalência, 75 - 80% das mulheres apresentam sintomas da TPM. Os sintomas mais comuns são: irritabilidade, dores nos seios, desejo por comida, alterações de humor, distensão abdominal e raiva. O comportamento alimentar é baseado em ações que as pessoas têm em relação ao ato de comer e todos os aspectos que isso envolve. Por exemplo, as memórias, emoções, cultura, rotina e o convívio social. Tudo isso influencia de maneira consciente ou inconsciente as decisões do indivíduo em relação à alimentação. VARIAÇÕES HORMONAIS E COMPORTAMENTO ALIMENTAR QUADRO 1 Revisão da literatura Gender-related Differences in Food Craving and Obesity O estudo de Hallam J.et al (2016) investigou as diferenças de gênero no desejo por comida, com o objetivo de informar o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para obesidade e perda de peso. Nesse contexto, a revisão acima demonstrou que de acordo com a variação hormonal presente no ciclo menstrual, a mulher terá mais ou menos desejo por comida e, como consequência, apresentará uma maior ingestão calórica. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27354843/ As linhas representam a variação no sexo hormônios durante a menstruação ciclo e sua relação proposta com o desejo por comida. Durante a fase folicular (dias 0-14), os níveis de estradiol aumentam e o desejo tende a diminuir. Durante a ovulação (dias 14-17) e fase lútea (dias 17-28), os níveis de progesterona aumentam e depois diminuem antes da menstruação. H or m ôn io s se xu ai s D es ej o po r co m id a Estradiol Progesterona Desejo Fim da Menstruação Início da Menstruação Fase folicular Ovulação Fase lútea Dias 0 - 14 Dias 17 - 28Dias 14 - 17 Estômago Tecido adiposo Pâncreas Grelina ↓Consumo alimentar ↑Consumo alimentar Leptina Insulina NEURÔNIOS Lepr Lepr Mc3r Ghsr Mc4rY1r Consumo Gasto Nú cl eo a rq ue ad o Estradiol Progesterona Gônadas Agrp/ Npy Pomc/ CartTerceiro ventrículo TPM E MECANISMOS ENVOLVIDOS NO AUMENTO DA FOME Há vários mecanismos envolvidos no aumento da fome, principalmente relacionados a redução do estradiol: redução de serotonina, redução de pregnolona e redução de BDNF. Redução Serotonina Quando os receptores de serotonina são ativados, estes ativam os neurônios POMC no núcleo arqueado, os quais liberam o hormônio estimulante de alfa melanócitos (α-MSH), que promove a ativação da via anorexígena (via da saciedade) através da sua ligação aos receptores de melanocortina (MC-4R) no núcleo paraventricular do hipotálamo. Entretanto, 7 dias antes da menstruação os estrogênios começam a baixar, provocando menor ativação de POMC e redução nos níveis de saciedade. A expressão de CB1 em neurônios aferentes vagais é regulado pela CCK, apresentando redução diante da alimentação. Os níveis de endocanabinóides são alterados pelos níveis circulantes de estrogênios, sendo que quanto menor o nível de estrogênio, maiores são os níveis dos canabinóides, aumentando o apetite. Redução de BDNF A redução de estradiol na fase pré menstrual também impacta diretamente na produção de BDNF e na expressão dos receptores de BDNF. O BDNF é um fator neurotrófico importante envolvido na plasticidade neuronal, sobrevivência neuronal, aprendizagem e memória. O BDNF é a principalneurotrofina do cérebro. Tem grande expressão no hipocampo, amigdala, cerebelo e neocórtex. Medeia os principais processos que são dependentes de estímulo externo, como aprendizado, experiências e memórias. Estudos e mostram que a redução do BDNF nos neurônios hipotalâmicos do núcleo ventromedial levam a hiperfagia e obesidade. ↓PREGNOLONA ↑CANABINOIDES ESTIMULAÇÃO DA CB1 PROMOVE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ATIVAÇÃO DO SISTEMA RECOMPENSA AUMENTO DA INGESTÃO ENERGÉTICA Redução Pregnolona Estudos indicam que a pregnolona também é capaz de reduzir a atividade canabinóide induzida pelo receptor CB1. QUALIDADE DO SONO O sono e os ritmos circadianos são alterados em associação com as alterações hormonais no ciclo menstrual. Isso se deve, principalmente, por conta da redução nos níveis de estradiol antes da menstruação. Com essa redução dos níveis estrogênicos, também há um declínio nos níveis do neurotransmissor serotonina, que é um precursor da melatonina. Consequentemente, há menos produção de melatonina que pode levar a algumas alteções no sono. Aumento da fase N2 do sono não REM A amplitude do cortisol e hormônios da tireoide é reduzida Aumento da frequência cardíaca (~ 4 bpm) Os episódios do sono REM são mais curtos Aumento na atividade do encefalograma, superior aos eixos do sono Inibição do declínio de temperatura na fase N2 EXAMES BIOQUÍMICOS Para realizar uma boa avaliação de exames bioquímicos, deve- se levar em consideração os valores de referência, juntamente ao quadro clínico da paciente. Para a correta interpretação e solicitação de exames, é necessário entender em qual período do ciclo menstrual a mulher se encontra no momento do exame; para facilitar esse processo, recomenda-se que os exames sejam dosados no período de fluxo menstrual, no início da fase folicular. No tocante aos exames da Maria, observamos alterações em marcadores glicídicos, lipídicos, inflamatórios, hepáticos e de lesão, bem como possíveis deficiências vitamínicas e de minerais. Esses resultados condizem com as queixas e com as possíveis alterações metabólicas pela paciente. EXAMES LABORATORIAIS Marcadores Resultado Referência Hemoglobina glicada Glicose em jejum Insulina Triglicerídeos Colesterol total Colesterol HDL Colesterol LDL Colesterol VLDL Ferro Ferritina TGO TGP AMH Estradiol FSH LH PCR Homocisteína Fibrinogênio Vitamina B12 Ácido fólico Vitamina D Magnésio Selênio 5,8% 98 22 130 271 71 177 24 36 160 66 61 3,8 1 5,4 3,47 6,3 15,7 384 230 4,9 26 1,5 38 Pré-DM >5.7% 60-99mg/dL 1.9- 23µU/mL <150mg/dL <190mg/dL >40mg/dL <110mg/DL 8-25mg/dL 50 - 170 ug/dl 13.0 A 150.0 ng/mL <34U/L 10-49U/L 1,5 - 4,0 ng/ml 19,5 a 144,2 2,5 a 10,2 1,9 a 12,5 < 1,0 mg/L 4.4 - 13.5 200 – 400 mg/dL 211,0 a 911,0 pg/mL > 5,38 ng/mL 30 a 60 ng/mL 1,6 a 2,6 mg/dL 46 a 143 mcg/L. Os exames acima foram marcados em vermelho para os resultados fora do limite de referência e em amarelo para valores dentro da referência, mas que são preocupantes pois estão muito próximos dos limites inferiores ou superiores. Desse modo, os valores ideais estão sempre longe desses limites. SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SOP) A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino heterogêneo que afeta muitas mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo. Essa síndrome é frequentemente associada a ovários aumentados e disfuncionais. Dentre dez mulheres, uma apresenta SOP antes da menopausa e luta contra suas complicações. Assim, algumas alterações metabólicas e de exames bioquímicos de Maria podem também estar relacionadas a essa condição. FATORES DE RISCO Alguns fatores são capazes de aumentar o risco de desenvolvimento da SOP, como: epigenética, genética, alimentação, resistência à insulina, hiperandrogenismo e fatores ambientais. Exemplificando o caráter genético, ter uma mãe ou irmã com SOP aumenta seu risco de desenvolvimento em 30-50%. De acordo com o que foi exposto, e destacando os principais fatores de risco relacionados a mudanças epigenéticas, alterações ambientais e hábitos alimentares, têm-se: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA SOP O perfil da mulher com SOP é bem característico, marcado por alterações decorrentes do hiperandrogenismo, ovários policísticos e da oligo ou amenorreia. Graus mais severos de SOP apresentam alterações nesses três parâmetros, enquanto que graus menos severos apenas em dois. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Acne Alopecia Ganho de Peso Menstruação Irregular (<21 ou >35 dias) Hirsutismo Dificuldade para engravidar ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS A SOP começa a se manifestar clinicamente na vida adulta, após a maturação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA). A doença é uma disfunção multigênica e neuroendócrina, no qual ocorre o aumento na liberação pulsátil de GnRH. Pulsatilidade GnRH normal Pulsatilidade LH Pulsatilidade LH anormal Pulsatilidade GnRH anormal Isso leva ao aumento na secreção de LH em relação ao FSH, e consequentemente, aumento da razão LH/FSH. O FSH é responsável pelo desenvolvimento do folículo, uma vez que esse se encontra deficiente, ocorre o acúmulo de células antrais e a não escolha de um folículo principal. O LH é responsável pela fase lútea, ou seja, liberação do folículo principal. Acredita-se que na SOP existam níveis aumentados de AMH, que é responsável por regular o crescimento e desenvolvimento dos folículos, por meio da sensibilidade destes folículos ao FSH, Ou seja, quanto maior suas taxas, menor a sensibilidade ao FSH e assim vice-versa. O AMH também influenciará negativamente na conversão de andrógenos em estrógenos, por meio da inibição da atividade da aromatase. Por conta disso, ocorre um aumento na produção de andrógenos pela célula da teca. Em casos normais, deveria ocorrer a conversão desses androgênios em estradiol e progesterona pelas células granulosas, sendo essa última responsável por gerar um feedback negativo no hipotálamo, diminuindo a secreção de LH e FSH. Em contrapartida, o que ocorre é que a produção aumentada de androgênios estimula um feedback negativo em relação a progesterona e estradiol, ou seja, não existe uma conversão tão eficiente, devido ao fato da atividade reduzida da enzima CYP17. Um dos androgênios em maiores quantidades na SOP é a testosterona, responsável inclusive por diminuir ação inibitória da progesterona em relação ao GnRH. Isso dificulta o desenvolvimento dos folículos ovarianos. Como resultado, níveis baixos de progesterona e estradiol contribuem também para a manutenção dos níveis circulantes de LH. Fora isso, observa-se também uma resistência dos ovários a ação do FSH. GnRH ↔↓FSH ↑LH/FSH ↑AMH ↑ANDRÓGENOS PELA CÉLULA DA TECA ↓ESTRADIOL ↓ PROGESTERONA ↑LH HORMÔNIO ANTI MÜLLERIANO (AMH) O hormônio anti mülleriano (AMH) é uma glicoproteína que é produzida pelas células da granul osa dos folículos primários e pré antrais, e, quando em excesso, bloqueia o estimulo de FSH. Além disso, o AMH é considerado um grande marcador de reserva ovariana em pacientes com SOP. Isso se faz verdade pois o aumento do LH hipofisario converte muito colesterol em testosterona na células da teca, com esse cenário, na ausencia do FSH, os androgênios não se convertem em estrógenos. Andrógenos Estrogênios P450aro AMH FSH Folículo primordial Folículo primário Folículopré antral Células da granulosa Células da Teca Folículo pré ovulatório Folículo antral tardio Folículo antral precoce Folículo cístico Foliculogênese independente de gonadotrofina Foliculogênese dependente de gonadotrofina EXCESSO DE ANDRÓGENOS HIPOTÁLAMO Menor sensibilidade à leptina Menor expressão de POMC CÉLULAS BETA PANCREÁTCAS Hipersecreção de insulina MÚSCULO Menor sensibilidade à insulina TECIDO ADIPOSO Gordura visceral Adiposidade Inflamação MACRÓFAGO Estresse oxidativo ANTICONCEPCIONAIS ORAIS O uso de anticoncepcionais é bastante relacionadocom a SOP, tanto é que existe uma famosa expressão muito citada por pacientes e profissionais da saúde. Nasce uma mulher com SOP, nasce uma usuária de anticoncepcional. SEM USO COM USO Os anticoncepcionais (ACO) apresentam diversos efeitos, sendo o principal a inibição da ovulação, evitando o surto pré-ovulatório de LH. Os ACO reduzem significativamente os níveis de FSH e LH. FSH LH ESTRADIOL PROGESTERONA CLASSIFICAÇÃO A contracepção hormonal contém um progestágeno com ou sem estrogênio. A progesterona é a única progestina que ocorre naturalmente; a maioria dos progestágenos contraceptivos, como levonorgestrel e noretindrona, são sintetizados a partir da testosterona. A classificação dos ACO pode ser feita em progestagênios e estrogênios. Progestagênios Têm efeitos negativos diretos na permeabilidade do muco cervical. Os progestágenos reduzem a receptividade endometrial, a sobrevivência e o transporte do esperma às trompas. Estrogênios A contribuição mais importante dos estrogênios para os anticoncepcionais à base de progestágenos é a redução do sangramento irregular. Os contraceptivos de progestagênio isolados ainda podem ser separados de acordo com a geração. 1ª GERAÇÃO Noretisterona Medroxiprogesterona Ação androgênica Piora do perfil Lipídico Eventos tromboembólicos 2ª GERAÇÃO Levanorgestrel Maior seletividade pelos receptores Ação androgênica Piora do perfil Lipídico Menos eventos tromboembólicos 3ª GERAÇÃO Gestodeno e Desogestrel Mais seletivos pelos receptores Ação anti-androgênica Melhora do perfil Lipídico Mais eventos tromboembólicos 4ª GERAÇÃO Drospirenona, Dienogest e Nomegestrol Mais seletivos pelos receptores Ação anti-androgênica Melhora do perfil Lipídico Mais eventos tromboembólicos EFEITOS COLATERAIS Após conhecido os principais anticoncepcionais orais, é necessário entender os principais efeitos adversos dessa classe de medicamentos. ETINILESTRADIOL PROGESTÁGENOS QUADRO 2 Revisão da literatura Hormonal contraception and mood disorders O estudo de Mu E. et al (2022) revisou a relação temporal entre o uso de contracepção hormonal e o desenvolvimento de depressão ou alterações de humor novas ou agravadas. Neste estudo, há evidências que sugerem que o estrogênio é neuroprotetor no hipotálamo, hipocampo, amígdala e tronco cerebral, protegendo o cérebro de doenças neurodegenerativas, declínio cognitivo e distúrbios afetivos. Em contrapartida, a progesterona pode piorar os sintomas de humor. As ligações plausíveis incluem o aumento do efeito da progesterona na inibição da transmissão glutamatérgica e o aumento nas concentrações de monoamina oxidase, resultando na diminuição das concentrações de serotonina. DISTÚRBIOS DE HUMOR 17 mulheres tomavam OCs (30 µg de etinil estradiol + 0,15 mg de levonorgestrel) e 18 placebo QUADRO 3 Ensaio clínico Hormonal Cycle and Contraceptive Effects on Amygdala and Salience Resting-State Networks in Women with Previous Affective Side Effects on the Pill O estudo de Engman J. et al (2017) avaliou os efeitos do ciclo menstrual e dos contraceptivos orais (OCs) na conectividade funcional do estado de repouso da rede de saliência e da amígdala. Níveis hormonais, sintomas depressivos e conectividade funcional em estado de repouso foram medidos https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35755988/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28741624/ Nesse outro estudo, todas as participantes foram examinadas na fase folicular de um ciclo basal e na terceira semana do ciclo subsequente. O último ponto de tempo teve como alvo a fase lútea intermediária em usuárias de placebo e as concentrações de etinilestradiol e levonorgestrel em estado estacionário em usuárias de OCs. Os resultados mostraram que os níveis de hormônios eram diferentes entre as mulheres que tomavam a pílula e as que tinham ciclos naturais. As mulheres que tomavam a pílula tinham níveis mais baixos de estradiol e progesterona. Além disso, o grupo OC relatou mais sintomas de depressão do que as mulheres do grupo placebo. Além disso, as usuárias de contraceptivos apresentaram uma conectividade aumentada do dACC (Córtex cingulado anterior dorsal) na comparação entre o período folicular (baseline) e o período de tratamento, enquanto a conectividade da amígdala foi maior durante o período de baseline em comparação com o período de tratamento. Por sua vez, o grupo controle apresentou uma conectividade aumentada da amígdala com várias regiões do cérebro durante o período lúteo em comparação com o período folicular. Todavia, não foram encontradas correlações significativas entre mudanças na conectividade e mudanças nos sintomas depressivos nas mulheres que usaram contraceptivos orais. FASE FOLICULAR BASELINE > TRATAMENTO ACO AMIGDALA TRATAMENTO ACO > FASE FOLICULAR BASELINE CÓRTEX CINGULADO ANTERIOR Como conclusão, foram encontradas conexões entre as redes de repouso do cérebro e a regulação hormonal endógena e exógena, associadas ao ciclo menstrual e ao uso de contraceptivos orais (OCs), respectivamente. Os resultados indicam que quanto mais elevados os níveis hormonais, maior a conectividade funcional em áreas específicas dessas redes, especialmente na amígdala e no córtex cingulado anterior. Esses padrões de conectividade sugerem um mecanismo protetor potencial para a regulação emocional por meio de uma maior sensibilidade nessas redes. FUNÇÃO HEPÁTICA Os contraceptivos podem gerar alterações bioquímicas, devido a mudanças nas vias metabólicas e pela sobrecarga hepática induzida pelo uso de anticoncepcionais orais. Estrogênio oral TGI Fígado Sistema circulatório ↑Expressão do receptor de LDL ↓Proproteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9) ↓Lipase hepática Estrogênio injetável Metabolismo de primeira passagem hepática Esses medicamentos estão associados a várias complicações relacionadas ao fígado, incluindo colestase intra-hepática, adenomas hepáticos, carcinoma hepatocelular, trombose venosa hepática. Os estrogênios utilizam de diversos mecanismos para exercer seus efeitos bológicos no fígado. ERβ ERα Dentre os principais mecanismos, um deles é a ligação ao seus receptores hormonais nucleares esteroides: receptor de estrogênio alfa (ERα) ou Receptor de estrogênio beta (ERβ). Além desses, os estrogênios podem sinalizar através de outro receptor de superfície celular, receptor de estrogênio acoplado à proteína G (GPER, também chamado Gpr30). ↑cAMP ↑Ca++ ↑Ca++ Calmodulina GPER 17β estradiol (E2) E2 + SHBG na corrente sanguínea ↑cAMP ↑Ca++ EGFR↑Ca++ Calmodulina AMPc PR OL IFER AÇÃO CELULAR Um total de 120 mulheres Grupo A (n=76) não utilizava ACOs QUADRO 4 Ensaio clínico Influence of oral contraceptives on lipid profile and paraoxonase and commonly hepatic enzymes activities O estudo de Kowalska K. et (2018) avaliou os efeitos do uso de anticoncepcionais orais (ACOs) por período superior a 1 ano nas enzimas hepáticas. Grupo B (n=46) usavam ACOs https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28276605/ Neste estudo, foram observadas alterações significativas nos marcadores hepáticos (AST, ALT, GGT, e AST/ALT), além de piora no perfil lipídico, com aumento do índice Castelli I no grupo ACO. Ademais níveis de malondialdeído (MDA) pioraram significativamente no grupo ACO, representando um aumento do estresse oxidativo. PERFIL LIPÍDICO Os contraceptivos orais alteram o perfil lipídico por meio da via genômica, na qual as alterações do receptor de estrogênio afetam a regulação positiva da apolipoproteína hepática 17,9 30,5* 18 22,4* 25,1 39,2* 1 0,6* 1,2 2,1* 61,2 75,3* 106,9 93,3* 1,2 2,9* Um total de 1391 mulheres 477 tomavam DMPA e 498 COC's QUADRO 1 Ensaio clínico Effect of hormonal contraceptives on serum lipids: A prospective study O estudo de Dilshad H. et al (2016) estimou os efeitos do uso de anticoncepcionais hormonais nos níveis séricos de lipoproteínas Grupo controle: 416 O estudo acima teve como observaçãoconclusiva que os grupos Acetato de depotmedroxiprogesterona injetável (DMPA) e anticoncepcional oral combinado (COCs) apresentaram maior valor nos índices Castelli I e II quando comparados com o grupo controle, com aumento significativo no grupo DMPA. Além disso, demonstrou aumento no colesterol total (CT) e triglicerídeos (TG), bem como lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL-C) e colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C). Um total de 42 mulheres Idades entre 18 e 35 anos QUADRO 2 Ensaio Clínico Elevation of Oxidized Lipoprotein of Low Density in Users of Combined Oral Contraceptives O estudo de Nery A. C. et al (2018) testou a hipótese da diferença nos valores plasmáticos de LDL oxidada entre mulheres que usam e que não usam COC, além de avaliar a correlação entre esta, o perfil lipídico e PCR. triglicerídeos <150 e glicemia<100 mg/dL O estudo acima alocou as 42 mulheres em dois grupos: COC, formado por 21 mulheres em uso de COC há pelo menos 1 ano; e o grupo controle (GC), com 21 mulheres que não faziam uso de nenhum tipo de anticoncepcional hormonal há pelo menos 1 ano. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27592475/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30328945/ Anticoncepcionais Hormonais de Estrogênio e progesterona Inflamação Hipercoagulabilidade Alterações bioquímicas Mudanças estruturais Efeito direto na formação de fibrinogênio e fibrina ↑ Fibrinogênio ↑ Trombina ↑ Estresse Oxidativo (ROS) O estrogênio e a progesterona têm efeitos pró e anti- inflamatórios e níveis aumentados desses hormônios podem afetar diretamente o fibrinogênio e a trombina. As possíveis propriedades pró-inflamatórias desses hormônios podem desencadear um estado pró-trombótico. Os resultados encontrados foram que as mulheres do grupo COC apresentaram níveis plasmáticos de LDL oxidado (mU/mL) mais elevados do que o Grupo Controle, com uma média de 384 (198-410) versus 283 (208-250) (p < 0,01). Além disso houve aumento significativo de PCR, concluindo que o uso de COC pode ser um fator independente para a elevação da PCR plasmática em mulheres na idade reprodutiva. PERFIL INFLAMATÓRIO Alguns fatores imunológicos inflamatórios podem ser interrompidos pelo uso de contraceptivos hormonais. Estudos mostram, principalmente, níveis elevados de proteína C reativa em mulheres com uso de COCs. Um total de 591 mulheres 481 Faziam uso de COC's por pelo menos 3 meses QUADRO 3 Estudo Transversal Evaluation of Cardiometabolic Parameters among Obese Women Using Oral Contraceptives O estudo de Ferreira J. R. et al (2017) avaliou o perfil cardiometabólico e inflamatório de mulheres do nordeste do Brasil em relação ao uso de COC e obesidade. 110 Não faziam uso de COC's O estudo encontrou que a PCR apresentou diferenças significativas entre os grupos estudados, com os níveis mais elevados observados em usuárias de COCs (p<0,05), independentemente da geração do COC. Concluindo que a obesidade e o uso de COC foram associados a alterações nos parâmetros cardiometabólicos. Um total de 31 mulheres 16 mulheres com níveis elevados de testosterona QUADRO 4 Ensaio Clínico The effect of oral contraception on cardiometabolic risk factors in women with elevated androgen levels O estudo de Krysiak R.. et al (2017) investigou o efeito da contracepção oral sobre os fatores de risco cardiometabólico em uma população de mulheres com hiperandrogenismo.. 15 mulheres saudáveis O estudo observou um aumento nos níveis de hsCRP, fibrinogênio, homocisteína no grupo saudável, enquanto o anticoncepcional oral sobre fatores de risco cardiometabólicos em mulheres com níveis elevados de testosterona foi pouco pronunciado. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29033897/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27771529/ PRINCIPAIS EFEITOS COLATERAIS DOS ANTICONCEPCIONAIS NA DEPLEÇÃO NUTRICIONAL Ácido fólico Vitamina B12 Vitamina B2 Vitamina B6 Vitamina C Vitamina E Magnésio Selênio Zinco ANTICONCEPCIONAL E CONTEXTO NUTRICIONAL Diversos estudos investigaram se mulheres em uso de ACOs necessitam de diferentes quantidades de vitaminas e minerais. Em particular, um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a influência dos COs nas necessidades nutricionais é um tema de alta relevância clínica e, portanto, deve receber grande atenção. Além disso, as vitaminas necessitam de atenção devido ao seu impacto na sintese de neurotransmissores como a serotonina. TRIPTOFANO SEROTONINA N-ACETIL SEROTONINA Triptofano hidroxilase Descarboxilase Transferase ↓ Vitamina B6 ↓Zinco/Magnésio ↓SEROTONINA Metil transferase ↑HOMOCISTEÍNA ↓ Vitamina B9 ↓ Vitamina B12 METIONINA METIL CISTATIONA SAME ↓ Vitamina B16 TRATAMENTO EXERCÍCIO FÍSICO Dado o exposto, pode-se perceber que o caso se trata de uma paciente que apresenta os seguintes cenários: sono ruim, TPM intensa, comer emocional, SOP descontrolada, alimentação ruim, sedentarismo e uma rotina estressante. Portanto, o início do seu tratamento deve levar em consideração, principalmente três pilares: exercício físico, dieta e suplementação. Abordando o exercício como adjuvante no tratamento de pacientes com SOP, pode-se citar o estudo acima, que teve como resultado efeitos estatisticamente benéficos do exercício para uma variedade de desfechos metabólicos, antropométricos e relacionados à aptidão cardiorrespiratória. Já que, atualmente, não há um tratamento curativo para a SOP, vê-se a importância de concentrar a perda de peso por meio de exercícios e dieta regulares em mulheres com sobrepeso/obesas e portadoras da SOP, o que pode ser favorável, também, para quadros de resistência à insulina. Um total de 27 artigos Ensaios elegíveis: design randomizado QUADRO 5 Revisão sistemática com meta-análise Exercise, or exercise and diet for the management of polycystic ovary syndrome: a systematic review and meta-analysis O estudo de Kite C. et al (2019) analisou as evidências sobre a eficácia do exercício no manejo da SOP, quando comparado a cuidados habituais, dieta e exercício combinado com dieta. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30755271/ Um total de 29 mulheres com sobrepeso e SOP. 3 anos de estudo QUADRO 6 Ensaio clínico randomizado High-intensity training elicits greater improvements in cardio-metabolic and reproductive outcomes than moderate-intensity training in women with polycystic ovary syndrome: a randomized clinical trial O estudo de Patten R. K.. et al (2022) comparou 12 semanas de treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) e treinamento contínuo padrão de intensidade moderada (MICT) e seus desfechos metabólicos em mulheres com SOP. 2 grupos: HIIT e MICT O estudo encontrou uma relação positiva entre as mudanças no pico de VO2 e o Índice de Sensibilidade à Insulina com o treinamento físico, principalmente no grupo HIIT. Além disso, houve uma relação positiva entre as mudanças no pico de VO2 e o SHBG com o treinamento físico, principalmente, também, no grupo HIIT. Ou seja, o exercício, independentemente da intensidade, tem benefícios claros para a saúde de mulheres com SOP, parecendo, o HIIT, ser uma estratégia mais benéfica. Um total de 40 mulheres 2 Grupos: Treinamento e Controle QUADRO 7 Ensaio clínico The effect of 8 weeks aerobic exercise on severity of physical symptoms of premenstrual syndrome: a clinical trial study O estudo de Dehnavi Z. M. et al (2018) determinou o efeito de 8 semanas de exercícios aeróbicos na gravidade dos sintomas físicos da síndrome pré-menstrual (TPM). Mulheres de 18 a 25 anos https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35325125/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29855308/ COMO INICIAR O TRATAMENTO DAS MULHERES COM SOP ↑Omêga 3 Corrigir deficiências nutricionais ↓ Consumo CHO ↑Fibras Consumo de inositol ↑Polifenóis ↓Gordura saturada ↑CHO complexos O estudo em questão concluiu que o exercício aeróbico pode ser uma das formas de tratar a síndrome pré-menstrual, podendo reduzir os sintomas físicos da síndrome. DIETA Para alémdos medicamentos, o tratamento da síndrome dos ovários policísticos inclui mudanças no estilo de vida, intervenções dietéticas e perda de peso conforme necessário. A abordagem dietética nessas pacientes visa melhorar a resistência à insulina e as funções metabólicas e reprodutivas por meio de uma dieta personalizada, que deve considerar a composição de nutrientes da dieta, que independentemente da perda de peso, afeta a sensibilidade à insulina. A qualidade e quantidade de carboidratos possuem um papel importante, a redução da carga glicêmica (CG) leva à redução dos níveis de glicose pós-prandial. Uma dieta rica em carboidratos complexos, e fibras tem sido associada a uma maior sensibilidade à insulina, por outro lado, o consumo de polifenóis, por exemplo, está associado a um contexto antioxidante e antiinflamatório. Um total de 72 mulheres G1: MED + Low carb (até 100g CHO) QUADRO 8 Ensaio clínico randomizado Mediterranean Diet Combined With a Low-Carbohydrate Dietary Pattern in the Treatment of Overweight Polycystic Ovary Syndrome Patients O estudo de Mei S. et al (2022) teve como objetivo determinar o efeito terapêutico de uma dieta mediterrânea (MED) em pacientes com SOP e excesso de peso. G2: Low fatdiet (até 40g de GORD) O estudo acima não apresentou diferença entre o consumo total de calorias entre os grupos, entretanto, ambas as dietas foram efetivas para melhora de parâmetros antropométricos e exames, porém a dieta mediterrânea + low carb obteve melhores resultados. Horário da refeição e resistência a insulina Em estudos, o horário das refeições vem sido fortemente relacionado à implicações cruciais no peso, apetite e resistência à insulina. Um total de 60 mulheres 2 Grupos com dietas isocalóricas QUADRO 9 Ensaio clínico randomizado Effects of caloric intake timing on insulin resistance and hyperandrogenism in lean women with polycystic ovary syndrome O estudo de Jakubowicz D. et al (2013) comparou se a ingestão calórica cronometrada influencia diferencialmente a resistência à insulina e o hiperandrogenismo em mulheres magras com SOP. Diferenciação do tempo das refeições https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35445067/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23688334/ O estudo em questão dividiu dois grupos de dietas isocalóricas caracterizados em "Café da manhã": com 980kcal no café da manhã, 640Kcal no lanche e 190Kcal no jantar; e "Jantar": com 190kcal no café da manhã, 640Kcal no lanche e 980Kcal no jantar. Ao final dos 90 dias, foi possível obervar que apenas o grupo café da manhã apresentou redução nos níveis de insulina plasmática. O estudo conclui que uma ingestão calórica alta no café da manhã com ingestão reduzida no jantar resulta em melhores índices de sensibilidade à insulina e redução da atividade do citocromo P450c17α. SUPLEMENTAÇÃO Alguns nutrientes desempenham um papel crucial no prognóstico da SOP e no contexto metabólico geral da paciente. Além disso, determinados fitoterápicos também podem ser utilizados no tratamento. Cálcio Os níveis séricos de cálcio estão reduzidos em mulheres com TPM, e sua suplementação pode melhorar a incidência de sintomas relacionados a TPM. Um total de 66 mulheres 2 Grupos: Intervenção (500mg de Cálcio/2x ao dia) e Placebo QUADRO 10 Ensaio clínico randomizado Effect of calcium on premenstrual syndrome: A double- blind randomized clinical trial O estudo de Shobeiri F. et al (2017) avaliou os efeitos de baixas doses de cálcio na gravidade da Tensão pré- menstrual (TPM). Idade média: 20 anos. Tempo de estudo: 2 meses https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28217679/ ↑ Uso de Mg ↑ Uso de B6 ↓ Disponibilidade Prejuízo na prod. de neurotransmissores ↑ Sintomas Fase lútea ↑Metabolismo proteico ↑Anabolismo endometrial Não foram observadas diferenças significativas nas pontuações médias dos sintomas da TPM entre os grupos de cálcio e placebo antes do tratamento. No entanto, diferenças significativas foram observadas entre os dois grupos de intervenção no primeiro (p=0,01) e no segundo ciclo menstrual (p=0,001) após a intervenção; o que sugeriu que o tratamento com suplementos de cálcio pode ser um método eficaz para reduzir os transtornos de humor durante a TPM. Vitamina B6 Durante a fase lútea, um aumento do metabolismo proteico pode ocorrer, fazendo com que a utilização da vitamina B6 pelo organismo seja aumentado, o que pode gerar diminuição da sua disponibilidade, logo, um prejuízo na produção de alguns neurotransmissores. QUADRO 11 Ensaio clínico randomizado A Pilot Randomized Treatment-Controlled Trial Comparing Vitamin B6 with Broad-Spectrum Micronutrients for Premenstrual Syndrome O estudo de Retallick-Brown H. et al (2020) comparou a eficácia de uma fórmula de micronutrientes de amplo espectro a uma única vitamina (B6) para o tratamento da TPM. Um total de 72 mulheres Intervenção: 80mg/dia Vitamina B6 Placebo: Complexo Micronutrientes https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31928364/ O estudo observou que, para ambos grupos, houve uma redução nos escores de igual magnitude. Concluindo, portanto, que os tratamentos proporcionaram benefícios semelhantes na redução dos sintomas da TPM, com maior efeito dos micronutrientes na qualidade de vida, bem como potencial benefício clínico dos micronutrientes para o TDPM. Magnésio O aumento do consumo de magnésio durante a fase lútea pelo maior metabolismo proteico deve ser levado em consideração, visto que este pode gerar mais consumo de cálcio e glutamato no hipocampo. ↑ Uso de Mg ↑ Ca e glutamato no hipocampo Fase lútea ↑Metabolismo proteico ↑Anabolismo endometrial ↑HPA ↓BDNF ↑Inflamação ↑ERO QUADRO 12 Ensaio clínico Pilot study of the efficacy and safety of a modified- release magnesium 250 mg tablet (Sincromag) for the treatment of premenstrual syndrome O estudo de Quaranta S. et al (2007) avaliou um comprimido patenteado de 250 mg de magnésio de liberação modificada para melhorar os sintomas em mulheres afetadas pela TPM. Um total de 41mulheres 250mg/dia Magnésio ou Placebo Idade média: 18 a 45 anos ANSIEDADE HIDRATAÇÃO DESEJO DEPRESSÃO O estudo observou que as pontuações de subescala reduziram desde a linha de base e durante todo o ciclo de tratamento. Podendo, portanto, concluir que o magnésio de liberação modificada foi eficaz na redução dos sintomas pré-menstruais em mulheres com TPM. Além disso, o magnésio pode atuar impactando o perfil metabólico pela redução da interleucina 6 e 1, TNF-alfa e espécies reativas de oxigênio, bem como aumentando a capacidade antioxidante; fazendo com que haja um aumento na expressão dos receptores de insulina, logo, uma redução da glicose sérica. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17177579/ MAGNÉSIO ↓ROS ↓IL-1 ↓IL-6 ↓TNF-alfa ↑ATIVIDADE ANTIOXIDANTE ↑IRS1 ↑GLUT-4 ↑PI3K ↑INRS ↓RESISTÊNCIA À INSULINA ↓GLICOSE PLASMÁTICA ↓AKT ↓JNK ↓NKFB ↑INRS tirosina quinase QUADRO 13 Ensaio clínico Randomizado The effects of magnesium supplementation on abnormal uterine bleeding, alopecia, quality of life, and acne in women with polycystic ovary syndrome: a randomized clinical trial O estudo de Jaripur M. et al (2022) examinou os efeitos da suplementação de magnésio no sangramento uterino anormal, alopecia, qualidade de vida e acne. Um total de 64 mulheres 250mg/dia Magnésio ou Placebo 10 semanas de estudo Ademais, evidências sugerem que a deficiência de magnésio pode desempenhar um papel importante na saúde da mulher em várias condições clínicas, incluindo síndrome pré-menstrual, dismenorréia e SOP O estudo acima encontrou que a suplementação de magnésio em mulheres com Síndrome do óvario policístico teve um efeito positivo significativo na melhoria da qualidade de vida total e seus componentes. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17177579/ Ômega-3 Comportamentos negativos de saúde, como maus hábitos alimentares, estresse e sedentarismo, podem desencadear um umento da relação n-6/n-3 da dieta. A sinalização pró-inflamatóriasubsequente pode levar a alterações na liberação, recaptação e síntese de dopamina. Isso, por sua vez, pode gerar sintomas de retardo psicomotor e anedonia motivacional, reforçando ainda mais um estado de comportamento doentio, e pode induzir, aumentar ou manter a depressão e comportamentos de saúde mais negativos. QUADRO 14 Ensaio clínico Omega-3 supplementation effects on polycystic ovary syndrome symptoms and metabolic syndrome O estudo de Khani B. et al (2017) avaliou o efeito do ômega-3 nos sintomas da SOP e na síndrome metabólica. Um total de 88 indivíduos 2g/dia omêga 3 ou Placebo Idade média: 29 a 31 anos https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28616051/ O estudo em questão observou, após 6 meses de intervenção, uma circunferência da cintura (CC) menor em ômega-3 quando comparado com o grupo controle. Além disso, A lipoproteína de alta densidade aumentou, enquanto a lipoproteína de baixa densidade, triglicerídeos e colesterol em ômega-3 foram significativamente menores do que no controle. Segue abaixo o esquema de explicação desse cenário de diminuição de alguns parâmetros lipídicos. Vitamina D Mulheres com TPM têm níveis séricos mais baixos de vitamina D na fase lútea em comparação com seus controles normais. DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D ↓SHBG Obesidade ↑Ação androgênica Resistência à Insulina Síndrome metabólica Disfunção ovariana na SOP O trabalho pôde analisar que a suplementação de vitamina D em altas doses (4.000 UI/dia) por 12 semanas para mulheres com SOP teve efeitos benéficos em comparação com a vitamina D em baixa dose (1.000 UI/dia) e placebo; com reduções significativas na testosterona total, índice de andrógeno livre, hirsutismo e PCR de alta sensibilidade. QUADRO 15 Ensaio clínico randomizado Effect of Two Different Doses of Vitamin D Supplementation on Metabolic Profiles of Insulin- Resistant Patients with Polycystic Ovary Syndrome O estudo de Jamilian M. et al (2017) avaliou os efeitos da suplementação de vitamina D nos perfis metabólicos de indivíduos resistentes à insulina com síndrome dos ovários policísticos (SOP Um total de 90 mulheres 4.000UI/dia, 1.000UI/dia ou Placebo 12 semanas de estudo Vitex Agnus Castus Caracteriza-se como o fruto da árvore “Chaste”, nativo da Ásia ocidental e do sudoeste da Europa; é conhecida pela sua atividade dopaminérgica e por reduzir sintomas físicos. Suas atividades podem ser relacionadas a presença de polifenóis em sua composição. Anti-inflamatório Anti-microbiano Antioxidante Anti-fúngico Anti-bacteriano Anti-parasítico VITEX AGNUS CASTUS https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29186759/ QUADRO 16 Revisão Vitex agnus-castus in premenstrual syndrome: A meta- analysis of double-blind randomised controlled trials O estudo de Csupor D. et al (2019) avaliou a eficácia da Vitex agnus- castus (VAC) na TPM Seguiu diretrizes do PRISMA recomendações do CONSORT 3 Estudos usados A revisão concluiu que, embora vários ensaios clínicos tenham sido realizados com VAC, a maioria dos estudos não pode ser usada como evidência de eficácia devido ao relato incompleto, especialmente no que diz respeito à descrição do medicamento usado. Mais estudos seguindo as recomendações do CONSORT são necessários para avaliar a eficácia dos extratos VAC. Curcumina O Açafrão, é uma especiaria há muito reconhecida por suas propriedades medicinais, pois é a principal fonte do polifenol curcumina. A curcumina possui diversas propriedades farmacológicas protetoras, como efeitos antiinflamatórios, antioxidantes, antineoplásicos, neuro e cardioprotetores, imunomoduladores, analgésicos e antidepressivos. CURCUMINA NRF2 Microbiota Tecido adiposo PGC1α PPARγ INFLAMAÇÃO SIRT Tecido Adiposo Branco NF-kβ Tecido Adiposo Marrom Cardioproteção Envelhecimento saudável Neuroproteção EROs Neuroinflamação https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31780016/ O ensaio clínico concluiu que mais estudos são necessários com amostras maiores, usando doses mais altas de curcumina por períodos mais longos e talvez em terapia combinada. QUADRO 17 Ensaio clínico randomizado Effects of curcumin on menstrual pattern, premenstrual syndrome, and dysmenorrhea: A triple-blind, placebo- controlled clinical trial O artigo de Bahrami A. et al (2021) avaliou os efeitos dos suplementos de curcumina nos sintomas de dor em mulheres jovens com TPM e dismenorréia. Um total de 124 mulheres Curcuminóides 500mg/dia ou Placebo Idade média: 20 anos QUADRO 18 Meta-análise Effects of Curcumin on Glycemic Control and Lipid Profile in Polycystic Ovary Syndrome: Systematic Review with Meta-Analysis and Trial Sequential Analysis A meta-análise de Chien Y. J. et al (2021) avaliou os efeitos da curcumina no controle glicêmico e perfil lipídico em pacientes com SOP Três RCTs foram incluídos A partir de 28 de novembro de 2020 pacientes adultos com SOP Entretanto, o estudo acima observou que a curcumina melhora significativamente a glicemia em jejum, insulina em jejum, Homeostase Modelo de Avaliação de Resistência à Insulina (HOMA-IR), e índice quantitativo de verificação da sensibilidade à insulina (QUICKI). Concluindo que a curcumina pode melhorar o controle glicêmico e o metabolismo lipídico em pacientes com SOP e anormalidades metabólicas sem efeitos adversos significativos. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34708460/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33669954/ Um total de 53 participantes 2g/dia Myoinositol + 200mcg de Ác. Fólico 500mg (3x/dia) cloridrato de metformina PPAR- GAMA ↓PAI- I ↑ADIPONECTINA ↓RESISTINA ↓TNF-ALFA ↓LEPTINA ↓IL-6 OUTRAS SUPLEMENTAÇÕES Mio-inositol É um isômero do inositol, um composto que pertence a família dos açúcares, além de ser conhecido por estimular hormônios da tireoide e folículos, e melhorar a sinalização insulínica. QUADRO 19 Ensaio clínico randomizado Comparison of myo-inositol and metformin on glycemic control, lipid profiles, and gene expression related to insulin and lipid metabolism in women with polycystic ovary syndrome: a randomized controlled clinical trial O estudo de Shokrpour M. et al (2019) avaliar a comparação de mio- inositol e metformina no controle glicêmico, perfil lipídico e expressão gênica relacionada à insulina e metabolismo lipídico em mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP). O estudo controlado encontrou que a suplementação com mio-inositol aumentou a expressão gênica de PPAR-γ em comparação com a metformina. O PPAR-γ controla a expressão de genes que regulam a diferenciação de adipócitos, a homeostase da glicose e de lipídeos e o armazenamento de ácidos graxos. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30608001/ Além disso, o mioinositol mostrou-se benéfico para melhorar sensibilidade a insulina e glicemia em jejum. Berberina A berberina é um tipo de extrato de erva alcaloide derivado de isoquinolina, e é conhecida por melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a hiperandrogenemia, assim como estimular a captação de glicose pela regulação positiva de GLUT-4. QUADRO 20 Ensaio clínico Study on the Effect of Berberine, Myoinositol, and Metformin in Women with Polycystic Ovary Syndrome: A Prospective Randomised Study O ensaio de Mishra N. et al (2022) analisou os efeitos da berberina, metformina e mioinositol em mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP). Um total de 129 participantes 3 Grupos de suplementação 12 semanas de estudo https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35251851/ O ensaio clínico em questão suplementou 3 diferentes grupos, G1: Cloridrato de berberina 500mg 2x/dia; G2: Cloridrato de metformina 500mg 2x/dia; e G3: mioinositol 1000mg 2x/dia. Ao final, observou que a berberina pode ter maior potencial para reduzir o risco de doença cardiovascular do que a metformina em pacientes com SOP devido ao seu efeito na composição corporal, perfil lipídico e melhora no estado hormonal. Vitamina E QUADRO 21 Meta-análise Effect of vitamin E supplementation on cardiometabolic risk factors, inflammatoryand oxidative markers and hormonal functions in PCOS (polycystic ovary syndrome): a systematic review and meta-analysis O trabalho de Tefagh G. et al (2022) analisou os efeitos da da Vit E em fatores de risco cardiometabólicos, marcadores inflamatórios e oxidativos e funções hormonais em mulheres com SOP 12 artigos incluídos A partir de 1º de agosto de 2020 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35388031/ Analisando o artigo, pôde-se concluir que a suplementação de vitamina E melhora o perfil lipídico, diminui os níveis de insulina e HOMA-IR. Além disso, enquanto a suplementação de vitamina E diminui as concentrações de LH e testosterona, esta também aumenta as concentrações de FSH e progesterona. Silimarina QUADRO 20 Meta-análise The Effects of a Fixed Combination of Berberis aristata and Silybum marianum on Dyslipidaemia - A Meta- analysis and Systematic Review O estudo de Tóth B. et al (2020) avaliou a eficácia e a segurança de uma combinação fixa de B. aristata e S. marianum(Berberol) nos níveis de lipídios séricos em comparação com o placebo Um total de 491 pacientes Pacientes adultos com dislipidemia 12 semanas de estudo https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31784970/ A silimarina, é derivada da planta do cardo mariano Silybum marianum, e é comumente conhecida por suas funções de proteção hepática, anti-inflamatória e tratamento da dislipidemia. Portanto, a meta-análise em questão analisou que o berberol reduziu significativamente o nível de lipoproteína de baixa densidade, o colesterol total, os níveis de glicose plasmática em jejum e o índice de avaliação do modelo homeostático em comparação com o placebo. Concluindo que é uma terapia complementar eficaz e presumivelmente segura para o tratamento da dislipidemia; no entanto, as evidências que apóiam seu uso são muito limitadas. Sendo necessária uma avaliação abrangente da eficácia e segurança em outros estudos clínicos. Café da manhã Lanche da tarde - Panqueca de banana Jantar Lanche da manhã Almoço CARDÁPIO PLANEJADO PLANEJAMENTO ALIMENTAR 2 fatias pão integral 2 ovos de galinha 30g queijo ricota 1/2 mamão papaia 1 col. sobremesa psyllium 1 café coado (200ml) 1 Banana 1/2 Medidor whey protein 1 ovo de galinha 2 col. de sopa farelo de aveia 1 col. sobremesa psyllium 15g pasta de castanhas Love Nuts 120g frango desfiado 2 Col. sopa de cuscuz 30g de queijo ricota 1 col. sopa chia 10 unidades morango 1 iogurte natural 1/2 medidor whey protein Salada de Folhas 120g de Legumes Cozidos 140g Filé de Tilápia 2 Col. sopa arroz integral 1 concha de feijão KCAL CHO (g) PTN (g) GORD(g) FIBRAS KCAL CHO (g) PTN (g) GORD(g) FIBRAS Dado o exposto, percebe-se que a dieta em questão é caracterizada por ser uma alimentação rica em fibras, com ingestão proteica adequada (1.8g/kg), consumo adequado de carboidratos (2.5g/kg), maior consumo de frutas e verduras além de apresentar redução no consumo de açúcar. FÓRMULAS PARA SINTOMAS TPM Fórmula 1: inflamação, glicose e lipídios Berberina-----------------------------------------------------------------------------500 mg Red Yeast Rice-----------------------------------------------------------------------500 mg Curcumina----------------------------------------------------------------------------300 mg Bioperine---------------------------------------------------------------------------------3 mg Modo de Uso: 1 dose 11:00 e as 21:00 Forma Farmacêutica- cápsula Fórmula 2: deficiência de micronutrientes Vitamina D3--------------------------------------------------------------------------4000 ui K2mk7----------------------------------------------------------------------------------50 mcg Citrato de Magnésio---------------------------------------------------------------200 mg Piridoxal 5 Fosfato-------------------------------------------------------------------10 mg 5 MTHF---------------------------------------------------------------------------------0,5 mg Metilcobalamina------------------------------------------------------------------200 mcg Selenio AA complex----------------------------------------------------------------30 mcg Alfa Tocoferol--------------------------------------------------------------------------30 mg Modo de Uso: 1 dose após a ceia Forma Farmacêutica- cápsula CASO CLÍNICO 02: ENDOMETRIOSE Cláudia Alves, 28 anos, 1,63 m de altura e 69 kg apresenta um IMC de 25,9 kg/m², encontrando-se na faixa de sobrepeso, e está com o percentual de gordura de 24,29%. A paciente procurou atendimento nutricional para melhora de hábitos de vida, "Estou procurando uma terapia mais natural para a minha endometriose, vi no Instagram que a alimentação era importante, então decidi cuidar mais dela." QUADRO CLÍNICO Principais queixas de acordo com questionário Dor/cólica (frequentemente) Dor ao defecar (as vezes) Dor ao urinar (frequentemente) Distensão abdominal (frequentemente) Fadiga/exaustão (frequentemente) Ciclo menstrual irregular Dor durante relações sexuais (dispareunia) A paciente relatou que sofre muito nos períodos de TPM, e que quando está na fase menstrual do seu ciclo, sente-se doente, sentindo muita dor e cólica associadas a um fluxo intenso. Apresenta acompanhamento ginecológico desde jovem por conta das dores e foi diagnosticada com endometriose aos 15 anos. A ginecologista prescreveu anticoncepcional desde cedo para o tratamento, porém, a paciente retirou o ACO no último ano, pois não queria mais usar hormônios. ENDOMETRIOSE A endometriose é uma doença inflamatória, estrogênio- dependente em que o tecido semelhante ao revestimento do útero (endométrio) cresce fora da cavidade uterina, causando dor e/ou infertilidade. EPIDEMIOLOGIA DIFICULDADE NO DIAGNÓSTICO DA ENDOMETRIOSE O diagnóstico da endometriose pode ser difícil, porque seus sinais e sintomas são semelhantes aos de outros distúrbios pélvicos e a gravidade dos sintomas nem sempre reflete a extensão da doença, o que contribui para que ocorra um longo retardo entre o início dos sintomas e do diagnóstico, em que o intervalo que as pessoas com endometriose podem esperar entre o início de seus sintomas e diagnóstico é de 4 a 11 anos. A intensidade da dor associada à endometriose ocorre não apenas pelo estadiamento da doença, mas também pelo tempo de manifestação dos sintomas, podendo ser influenciada por outras variáveis, como fatores psicossociais. DISFUNÇÃO OVULATÓRIA AFETA CERCA DE 10% DAS MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA DOR E INFERTILIDADE 190 MILHÕES DE MULHERES https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/psychosocial-factor PATOGÊNESE O desenvolvimento da endometriose envolve a interação de processos endócrinos, imunológicos, pró-inflamatórios e pró- angiogênicos. Se esses fatores são patogênicos (causais) ou apenas uma característica do processo fisiopatológico tipicamente medido anos após o início dos sintomas permanece incerto. Nesse contexto, as origens postuladas da origem do tecido endometriótico ectópico são: menstruação retrógrada, metaplasia celômica e metástase linfática e vascular. De um modo geral, as lesões endometrióticas superficiais e profundas são estabelecidas e mantidas através da interação de mecanismos moleculares que promovem adesão e proliferação celular, esteroidogênese sistêmica e localizada, resposta inflamatória localizada, desregulação imune e vascularização. EXAMES BIOQUÍMICOS Com todas as alterações metabólicas decorrentes da endometriose, é esperado que ocorram algumas alterações no exames bioquímicos. (Formado a partir do tronco endometrial e progenitor, células epiteliais glandulares e estromais) LESÕES ENDOMETRIÓTICAS EXAMES LABORATORIAIS Marcadores Resultado Referência Hemoglobina glicada Glicose em jejum Insulina Triglicerídeos Colesterol total Colesterol HDL Colesterol LDL Colesterol VLDL Ferro Ferritina TGO TGP CPK Estradiol FSH LH PCR Homocisteína Fibrinogênio Vitamina B12 Ácido fólico Vitamina D Magnésio Selênio 5,6%98 15 200 257 35 192 30 36 30 30 35 120 12 3,4 2,5 8,2 10,8 520 300 10,3 18 1,8 29 Pré-DM >5.7% 60-99mg/dL 1.9- 23µU/mL <150mg/dL <190mg/dL >40mg/dL <110mg/DL 8-25mg/dL 50 - 170 ug/dl 13.0 A 150.0 ng/mL <34U/L 10-49U/L 34-145 U/L 19,5 a 144,2 2,5 a 10,2 1,9 a 12,5 < 1,0 mg/L 4.4 - 13.5 200 – 400 mg/dL 211,0 a 911,0 pg/mL > 5,38 ng/mL 30 a 60 ng/mL 1,6 a 2,6 mg/dL 46 a 143 mcg/L. Diante disso, foi observado alterações em marcadores de inflamação, ferro, marcadores glicídicos, lipidograma, e em algumas vitaminas e minerais. Um dos pontos que valem mais destaque e atenção é a resistência à insulina e a inflamação. EXERCÍCIO FÍSICO Na endometriose, a dor é uma consequência que resulta em dor pélvica crônica (DPC). Quase metade das mulheres afetadas com endometriose tem DPC, enquanto em 70% a dor ocorre durante a menstruação. TRATAMENTO A endometriose deve ser abordada como uma doença crônica e merece acompanhamento durante a vida reprodutiva da mulher, momento no qual a doença manifesta seus principais sintomas. O principal objetivo do tratamento clínico é o alívio dos sintomas álgicos e a melhora da qualidade de vida, não se esperando diminuição das lesões ou cura da doença, mas sim o controle do quadro clínico. As opções de tratamento incluem a remoção cirúrgica das lesões de endometriose e/ou tratamento medicamentoso; há também uma variedade de terapias complementares disponíveis, como podemos observar abaixo. Em resumo, o tratamento da endometriose é baseado em fármacos, exercício físico e nutrição adequada a condição. Na prática clínica, as alterações posturais são frequentemente observadas em mulheres com DPC. A avaliação postural pode levar à detecção precoce de posições irregulares, encurtamentos, posturas antálgicas e tensões. Embora essas alterações posturais possam não ser a causa primária do quadro clínico, elas podem contribuir significativamente para o agravamento da dor. Passaram por um programa de treinamento de 8 semanas. QUADRO 1 Ensaio Clínico Efficacy of exercise on pelvic pain and posture associated with endometriosis: within subject design O estudo de Awad et al., 2017 teve como objetivo determinar o efeito do exercício físico na dor pélvica e na postura associada à endometriose. Receberam acetato de medroxiprogesterona 100 mg/mês durante 6 meses. Após 8 semanas de realização do programa de exercícios, houve redução estatisticamente significativa na intensidade da dor e no ângulo da cifose torácica dos pacientes em comparação com o pré-tratamento. Em última análise, foi comprovado que oito semanas de um programa de exercícios é muito eficaz na diminuição da dor e anormalidades posturais associadas à endometriose. ÂNGULO DE CIFOSE Pré exercícios 43,1 4 Intensidade da dor (média) Quarta semana 43 1,5 Oitava semana 39,6 1 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29643586/ ALIMENTAÇÃO Na análise da alimentação da paciente, de uma forma geral, foi visto que ela possui um consumo excessivo de industrializados, muitos "tabus" alimentares e alto consumo de carboidratos no período noturno. O recordatório alimentar, realizado durante a consulta, foi calculado em 2.560 kcal/dia, distribuídos em carboidratos (255,9 g/dia), proteínas (167,3 g/dia), lipídeos (102,1 g/dia) e fibras (15 g/dia). Ajustando os valores para g/kg de peso/dia, têm-se: 37,10 kcal/kg, 3,7g/kg de carboidratos, 2,4g de proteínas, 1,4 g/kg de gordura. Vitaminas D, antioxidantes, ômega 3, NAC, PAE, probióticos. Doença inflamatória estrogênio-dependente. O manejo nutricional está relacionado ao objetivo de controlar o estresse oxidativo já exacerbado na patologia e também envolvido na promoção da dor. Frutas, verduras, carne vermelha, gorduras trans, minerais, vitaminas e álcool. QUADRO 2 Revisão Nutrition in the prevention and treatment of endometriosis: A review O estudo de Neal D Barnard et al., (2023) foi uma revisão sobre a prevensão e tratamento da endometriose. Além disso, a paciente não realiza atividade física, faz uso de bebidas alcoólicas de 2-3x/semana, tendo preferência por vinho, bebe 1,5 litros de água por dia, faz um alto consumo de industrializados e costuma beliscar doces ao longo do dia. A qualidade e a quantidade de gordura parecem ser fatores moduladores da endometriose. A ingestão de ácido palmítico e gordura trans está associada a um risco aumentado da doença, além de que o alto consumo de gorduras animais tem sido associado também a outras doenças ginecológicas. A alta ingestão de gorduras trans também está associada a níveis mais altos de vários marcadores inflamatórios, como IL-6 e TNF-α, que se acredita estarem envolvidos na patogênese da endometriose. GORDURA DIETÉTICA IL-9 Th2 IgE NAV1.8 ESCs IL-2 IL-3 IL-6 IL-7 IL-10 IL-25 Histamina Leucotrienos Triptase TNF-α Prostaglandinas IL-1 IL-8 CXCL8 CCL8 CXCL2 NF-kB TNF-α IL-6 IL-1β TGF-β Reação de Hipersensibilidade Estradiol "Desgranulação" dos Mastócitos Neurogênese Hiperalgesia VEGF IL-17α IL-8 Gro-α COX-2 Neurogênese https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36875844/ Um total de 1199 mulheres QUADRO 3 Ensaio Clínico A prospective study of dietary fat consumption and endometriosis risk O estudo de Stacey et al (2010) investigou a relação entre a ingestão de gordura na dieta e o risco de endometriose. A ingestão de gorduras trans na dieta foi avaliada por meio de dados prospectivos de 12 anos do questionário de frequência alimentar. O estudo acima alocou as 42 mulheres em dois grupos: COC, formado por 21 mulheres em uso de COC há pelo menos 1 ano; e o grupo controle (GC), com 21 mulheres que não faziam uso de nenhum tipo de anticoncepcional hormonal há pelo menos 1 ano. A ingestão de ácido palmítico, foi significativamente relacionada ao aumento do risco de endometriose quando todos os outros componentes da dieta foram mantidos constantes (95% CI = 0,94– 2,46 ; Pt = 0,008). GORDURA ANIMAL A ingestão de ácido palmítico, uma gordura saturada, está relacionada ao aumento do risco de endometriose. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20332166/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20332166/ A alta presença de gorduras saturadas pode promover a expressão de marcadores pró-inflamatórios, que podem estar envolvidos na patogênese e progressão da endometriose. QUADRO 4 Revisão The Role of Dietary Fats in the Development and Treatment of Endometriosis O estudo de Marcinkowska. et al (2023) teve como objetivo atualizar o conhecimento sobre o impacto das gorduras alimentares no desenvolvimento de endometriose e inflamação crônica em mulheres com endometriose e dietoterapia. GORDURA SATURADA X ENDOMETRIOSE Os resultados indicam uma relação significativa entre a ingestão de SFA e o risco de endometriose; no entanto, a relação entre SFAs e o risco de desenvolver endometriose não é completamente clara. Apesar deste fato, e levando em consideração os resultados, especialmente da meta-análise, o estudo recomenda que mulheres com endometriose devem receber uma dieta baixa em SFAs e, em particular, limitar a ingestão de ácido palmítico, para a qual os produtos de origem animal são os principais contribuintes. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36983810/ LEITE E DERIVADOS Embora a gordura presente nos laticínios esteja associada a um maior risco de endometriose, os níveis elevados de cálcio e de vitamina D presentes nesses proutos tem um papel importante na atenuação desse processo. QUADRO 5 Meta-analíse sistemática Relationship Between Dairy Products Intake and Risk of Endometriosis: A Systematic Review and Dose-Response Meta-Analysis O estudo de Xiangying Qi. et al (2021) teve como objetivo investigar a associação entre produtos lácteos e o risco de endometriose e avaliar a quantidade de ingestão de laticínios que afeta o risco de endometriose. Os resultados demonstraram que, quando compardas as mulheres com baixa ingestão de laticínios, as mulheres comalto consumo de laticínios tem risco reduzido de desenvolver endometriose. DIETA MEDITERRÂNEA Estima-se que cerca de 10% dos cânceres endometriais incidentes poderiam ser evitados se as populações ocidentais pudessem mudar sua dieta para a tradicional dieta mediterrânea. ↑ frutas, vegetais e saladas ↑ Cereais integrais, feijão, sementes ↑ ervas e especiarias↓ sal e gordura Ovos até 4x/semana ↓carnes vermelhas Consumo de peixes ↓ Doces https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34368211/ A dieta do mediterrâneo pode trazer benefícios no tratamento da endometriose devido a combinação de alimentos ricos em antioxidantes, fibras, fitoquímicos e gorduras insaturadas. Os polifenóis provenientes da dieta mediterrânea modulam o estresse oxidativo e a inflamação associada à endometriose. Também agem potencializando as vias antiinflamatórias e antioxidantes mediadas por AMPK e Nrf2, refletidas pela regulação positiva de adiponectina antiinflamatória, PPARγ e antioxidantes endógenos (SOD, GSH, GPx e GST). DIETA MEDITERRÂNEA ALTO APORTE DE POLIFENÓIS SUPLEMENTAÇÃO ÔMEGA-3 O ômega 3 apresenta atividade anti-inflamatória que pode aliviar os sintomas da dismenorreia primária, influenciando no metabolismo das prostaglandinas e em outros fatores envolvidos na dor e na inflamação. ÔMEGA 6 ÔMEGA 3 EPA/DHAÁCIDO ARACDÔNICO PROSTAGLANDINA E LEUCOTRIENOS SERIE ÍMPAR PROSTAGLANDINA E LEUCOTRIENOS SERIE PAR INFLAMAÇÃO RESOLVINAS PRÓ-RESOLUÇÃO MENOS POTENTE Um total de 1199 mulheres QUADRO 6 Ensaio Clínico A prospective study of dietary fat consumption and endometriosis risk O estudo de Stacey et al (2010) investigou a relação entre a ingestão de gordura na dieta e o risco de endometriose. A ingestão de gorduras trans na dieta foi avaliada por meio de dados prospectivos de 12 anos do questionário de frequência alimentar. Consumir cada 1% adicional de energia de ácidos graxos ômega-3 em vez de gorduras saturadas, monoinsaturadas ou ômega-6 poliinsaturadas foi associado a um risco aproximadamente 50% menor de endometriose. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20332166/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20332166/ GRUPO 1: Ômega-3 (3 meses) seguido de placebo GRUPO 2: Placebo (3 meses) seguido de ômega-3 QUADRO 7 Ensaio Clínico Effect of omega-3 fatty acids on intensity of primary dysmenorrhea O estudo de Nahid Rahbar. et al (2012) teve como objetivo examinar se a suplementação dietética com ácidos graxos ômega-3 aliviou os sintomas da dismenorréia primária. Cápsula: 180mg EPA e 120mg DHA Duração: 6 meses Foi visto que, o escore médio de gravidade da dor foi acentuadamente reduzido com a suplementação de ômega 3, mas permaneceu alto com o uso do placebo. O tratamento com ácidos graxos ômega-3 também reduziu a dose de resgate de ibuprofeno. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Rahbar+N&cauthor_id=22261128 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30328945/ VITAMINA D A vitamina D participa da manutenção da homeostase do cálcio e do fosfato e tem efeitos antitumorais, imunomoduladores, endócrinos e efeitos modulatórios nos processos reprodutivos em humanos. ER MIF COX-2MIF CD44 Supõe-se que a vitamina D pode diminuir a síntese e elevar a inativação de PGE2 pela supressão da COX-2, sendo a PGE2 um fator importante na promoção da dor inflamatória. PGE2 Estradiol CD74 CXCR2/4 CD74-ICD No contexto da endometriose. GRUPO 1: Vitamina D (50000UI a cada 2 semanas) GRUPO 2: Placebo QUADRO 8 Ensaio Clínico The effect of vitamin D supplementation on clinical symptoms and metabolic profiles in patients with endometriosis O estudo de Mehdizadehkashi. et al (2021) teve como objetivo determinar os efeitos da suplementação de vitamina D nos sintomas clínicos e perfis metabólicos em pacientes com endometriose. 50 mulheres (Idade: 18 A 40 anos) Duração: 12 semanas Nos resultados, a ingestão de vitamina D em pacientes com endometriose resultou em uma melhora significativa da dor pélvica, CPR e TAC. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33508990/ O complexo antioxidante do corpo é influenciado pela ingestão de nutrientes como: betacarotenos, vitamina C, vitamina E entre outros compostos. Devido ao papel da inflamação na endometriose, a ingestão de antioxidantes pode ser muito importante no tratamento. ANTIOXIDANTES Esses compostos protegem o organismo contra o excesso de ROS que está presente nessa doença, contribuindo para minimizar o estresse oxidativo característico. ESCsNF-kB TNF-α IL-6 IL-1β TGF-β Estresse Oxidativo Menstruação retrógada Sobrecarga de Ferro Outros gatilhos + Via clássica das vitaminas antioxidantes no combate ao estresse oxidativo via NF-kB que regula citocinas de sinalização crítica envolvidas na dor neuropática relacionada à inflamação. BDNF Dor Doi: 10.3390/nu14122496 Grupo A (n = 30): 1000 mg de Vitamina C + 800 UI de Vitamina E por dia GRUPO B (n=30): Placebo QUADRO 9 Ensaio Clínico The Effect of Combined Vitamin C and Vitamin E Supplementation on Oxidative Stress Markers in Women with Endometriosis: A Randomized, Triple-Blind Placebo- Controlled Clinical Trial O estudo de Leila Amini et al (2021) avaliou o papel da suplementação com vitaminas antioxidantes nos índices de estresse oxidativo, bem como na gravidade da dor em mulheres com endometriose. 60 participantes (Idade: 37 anos) Duração: 8 semanas https://doi.org/10.3390%2Fnu14122496 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34122682/ A administração dos antioxidantes reduziu estatisticamente MDA, ROS em comparação com a ingestão de placebo, mas não mudou nos níveis de TAC. CURCUMINA A curcumina é um componente natural da Cúrcuma longa L., uma planta herbácea, possui uma série de benefícios terapêuticos que podem ser utilizados no tratamento de diversas doenças. No que concerne aos seus efeitos, podemos atribuí-los à efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios, hipoglicemiante, antitumoral, regulador hormonal, anti-angiogênico, anti-mutagênico. Esta pode ser, portanto, utilizada como adjuvante para o tratamento da endometriose. Potential Health Benefits of Curcumin on Female Reproductive Disorders: A Review DOI: 10.3390/ijms21072440 QUADRO 10 Revisão O estudo de Kamal et al (2021), teve como objetivo fornecer uma visão geral dos potenciais benefícios para a saúde da curcumina no tratamento de distúrbios reprodutivos femininos, incluindo a síndrome dos ovários policísticos (SOP), insuficiência ovariana e endometriose. A curcumina é um dos principais compostos polifenólicos do rizoma da cúrcuma. Possui propriedades antioxidantes, antiinflamatórias, anticancerígenas, antiartrites, antiasmáticas, antimicrobianas, antivirais e antifúngicas. A evidência disponível mostrou que a curcumina reduziu o alto nível de andrógeno, e relatou os efeitos positivos da curcumina no alívio da endometriose por meio de mecanismos antiinflamatórios, antiproliferativos, antiangiogênicos e pró-apoptóticos. Assim, a curcumina possui vários efeitos na SOP, doenças ovarianas e endometriose. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34579002/ ASTAXANTINA A astaxantina é um carotenoide fotopigmentado de xantofila solúvel em lipídios, vermelho-laranja, isolado da alga Haematococcus pluvialis. Possui propriedades antioxidantes, imunomoduladoras, antiinflamatórias, antiproliferativas, antiapoptóticas, antidiabéticas e neuroprotetoras. GRUPO 1: Cápsula de astaxantina (6mg) GRUPO 2: Placebo QUADRO 11 Ensaio Clínico Astaxanthin ameliorates inflammation, oxidative stress, and reproductive outcomes in endometriosis patients undergoing assisted reproduction: A randomized, triple- blind placebo-controlled clinical trial O estudo de Rostani. et al (2023) teve como objetivo estudar o efeito da Astaxantina (AST) em citocinas pró-inflamatórias, estresse oxidativo (OS) marcadores e resultados precoces da gravidez. 50 mulheres (Idade: 20 A 40 anos) Duração: 12 semanas https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37020589/ Comparando parâmetrosde estimulação ovariana e resultados de ART, o número de oócitos recuperados, o número de oócitos MII embriões de alta qualidade melhoraram significativamente após a terapia AST. RESVERATROL O resveratrol é uma fitoalexina natural, sintetizada por plantas devido à radiação ultravioleta e infecções fúngicas. Esse composto presenta propriedades antineoplásicas, antiinflamatórias, antioxidantes, antimicrobianas, antiaterogênicas, antiangiogênicas e cardioprotetoras. A expressão da aromatase no endométrio eutópico parece ser crucial não apenas para o desenvolvimento da endometriose, mas também para determinar a agressividade do curso clínico desta doença. Além disso, em doses farmacológicas, o resveratrol inibe a atividade da aromatase nos níveis de transcrição enzimática e gênica. Recptividade endometrial RESVERATROL SIRT Ácido retinóico RXR RAR CRABP2 Mudanças epigenética H3K27 Acetilação Células deciduais Células senescentes Células endometriais ESTRESSE OXIDATIVO ESTRESSE DE GLICAÇÃO DOI: 10.1002/rmb2.12303 GRUPO 1: 400mg de revesratrol 2x ao dia GRUPO 2: Placebo QUADRO 12 Ensaio Clínico A randomized exploratory trial to assess the effects of resveratrol on VEGF and TNF-α 2 expression in endometriosis women O estudo de Khodarahmian et al (2020) avaliou os efeitos do resveratrol na expressão do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) no endométrio eutópico de pacientes inférteis com endometriose. 34 mulheres Duração: 12-14 semanas https://doi.org/10.1002/rmb2.12303 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33387724/ No grupo de tratamento, a expressão do mRNA do VEGF, a expressão da proteína VEGF e a expressão da proteína VEGF diminuiu significativamente quando comparada ao grupo controle após o período de intervenção. Além disso, a expressão do mRNA de TNF-α e da proteína TNF-α após a intervenção reduziu significativamente em comparação com o grupo controle. NAC Forma acetilada do aminoácido cisteína naturalmente presente em algumas substâncias como alho, exercendo função antiproliferativa, antioxidante e regulação do estresse oxidativo. Cys-Cys Acetil De-ACase Cisteína Glutationa Glutamato GCL Glicina Cisteína De-ACase Efeito antioxidante A cisteína é precursora da glutationa, um dos principais antioxidantes intracelulares. Seu mecanismo de ação inclui ação antioxidante através da eliminação de ROS, peróxido de hidrogênio e radical hidroxila. E como exposto anteriormente, o estresse oxidativo está intimamente envolvido com os mecanismos da dor. NAC QUADRO 13 Ensaio Clínico Efficacy of N-Acetylcysteine on Endometriosis-Related Pain, Size Reduction of Ovarian Endometriomas, and Fertility Outcomes O estudo de Anastasi et al (2023) teve como objetivo confirmar a eficácia do NAC na redução da dor relacionada à endometriose e no tamanho dos endometriomas ovarianos. Receberam 600mg de NAC oral trimestralmente (3 dias consecutivos da semana) 120 mulheres (idade média: 33 anos) Duração: 3 meses https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36981595/ Foram observadas diferenças nos sintomas de dor, expressos como dismenorréia, dispareunia e dor pélvica crônica, uso de AINEs, tamanho dos endometriomas ovarianos e níveis séricos de Ca125 em t0 e t3. Entre as cinquenta e duas pacientes com desejo reprodutivo, trinta e nove (75%) tiveram uma gravidez espontânea em 6 meses ( p = 0,001), enquanto seis (11,5%) conseguiram engravidar com sucesso por meio de ART. PLANEJAMENTO DIETÉTICO 4 Col. de Sopa Cuscuz 2 Ovos de galinha 2 Col. de Sopa de Farelo de Aveia 1 Col. de Sopa Psyllium 1 Rodela Abacaxi Café coado com canela Café da manhã PLANEJAMENTO ALIMENTAR Pré-treino 1 Banana 2 Col. de Sopa de Farelo de Aveia Canela em pó Almoço Salada de Folhas mix de sementes Legumes Cozidos 150g Filé de Frango 4 Col. sopa arroz integral 1 quadrado chocolate 70% Café coado (200ml) Lanche da tarde 2 Fatias de Pão integral 3 Col. de Sopa de Frango desfiado Salada Crua Jantar Salada de Folhas Legumes Cozidos 150g Filé de Atum 3 Escumadeiras Macarrão integral Após toda a construção de uma estratégia baseada em evidências, a primeira consulta da paciente foi caracterizada por uma oferta de 1769 kcal, divididas em gorduras (1,0 g/kg), proteína (2,0 g/kg), carboidratos (2,3g/kg) e 23g de fibras. SUGESTÕES DE FÓRMULAS N-Acetyl Cisteina------ ------ ------ ------ ------ ------ -- ------ ------ ------ -----300 mg Resveratrol----------- ------ ------ ------ ------ ------ -- ------ ------ -------------150 mg Curcumina------ ------ ------ ------ ------ ------ -- ------ ------ ------ -------------500 mg Bioperine---------- ------ ------ ------ ------ ------ -- ------ ------ --------------------5 mg Modo de Uso: 1 dose pela manhã ao acordar e antes de dormir. Forma Farmacêutica- cápsula Fórmula 1 - endometriose PRESCRIÇÕES Fórmula 2 - endometriose Astaxantina---------- ------ ------ ------ ------ ------ -- ------ ------ ---------------------6 mg Ácido Ascóbico------ ------ ------ ------ ------ ------ -- ------ ------ -----------------250 mg Alfa Tocoferol------------ ------ ------ ------ ------ ------ -- ------ ------ --------------15 mg Vitamina D3------------- ------ ------ ------ ------ ------ -- ------ ------ --------------4000 ui Modo de Uso: 1 dose a noite. Forma Farmacêutica- cápsula Fórmula 3 - endometriose Fórmula 3: Ferro Glycinato Quelato------30 mg Modo de Uso: 1 dose 1 hora antes do almoço em dias alternados Forma Farmacêutica- cápsula CASO CLÍNICO 03: MENOPAUSA Marina Fernandes, 54 anos, 1,57 m de altura e 63 kg apresenta um IMC de 25,5 kg/m², encontrando-se na faixa de sobrepeso, e está com o percentual de gordura de 27,8%. A paciente procurou atendimento nutricional após encaminhamento médico para melhora de composição corporal e comportamento alimentar, ela refere que houve piora dos sintomas de menopausa nos últimos 6 meses e por isso procurou atendimento médico. A paciente percebeu mudanças no comportamento alimentar a medida que o nível de trabalho aumentou, se sentindo sobrecarregada e querendo comer algo para compensar o dia. HISTÓRICO DA PACIENTE Toda vez que chego em casa tarde sinto a necessidade de pedir alguma comida, principalmente fast food e doces, como uma tentativa de me sentir melhor pelo estresse do dia. Além disso, iniciou acompanhamento médico após a menopausa para realização de terapia de reposição hormonal buscando melhora na qualidade de vida com redução dos sintomas. Comecei não conseguindo dormir direito, acordava durante a noite com muito calor. Se não bastasse, ainda tenho essa sensação de cansaço o dia todo, como se o meu sono não tivesse sido bom. SONO ROTINA DA PACIENTE INTESTINO OUTRAS INFORMAÇÕES ANAMNESE Leve intolerância à lactose verificada por exame; Quadros de diarreia quase que diários nos últimos 3 meses; Presença de distensão abdominal e gases; Cólicas abdominais. Latência: 50 minutos; Despertares noturnos: 3x durante a noite; Qualidade do sono: refere ser ruim, acordando muito cansada todo os dias; Calores noturnos dificultam o sono. Paciente é psicóloga, dona de uma clínica. Passa a maior parte do tempo fora de casa, realizando a maioria das refeições através de delivery de aplicativos ou restaurantes. Exercício: Musculação 5x/semana; Medicamentos: Rosuvastatina 10mg; Suplementos: Creatina, Ômega 3 e Whey; Álcool: Sem consumo de bebida alcoólica; Água: 2,5 litros por dia. Natifa 1 mg Composição: Estradiol + Acetato de noretisterona Medicamento utilizado na terapia de reposição hormonal em mulheres na menopausa, com sintomas de deficiência de estrogênio e na prevenção da osteoporose. TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL MEDICAMENTOS DISCUSSÃO DE CASO Qual ponto você analisaria primeiro nessa anamnese? A) Privação de sono e insônia B) Sinais da menopausa C) Intestino desregulado SINAIS DE MENOPAUSA QUADRO CLÍNICO Principais queixas de acordo com questionário
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