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3 O terceiro e último módulo pretende dar continuidade ao processo de instrumentalização do leitor com foco na diretriz: Como fazer. A criação de um produto ou serviço (ou a sua dinamização ou seu reposicionamento) de- manda a definição de estratégias de posicionamento, ações e definição de canais de divulgação, entre outras. Demanda ainda um estudo apurado, não só em ter- mos de mercados e tendências, mas, também acerca dos perfis dos novos consumidores e das relações pos- síveis de serem estabelecidas. As interlocuções insti- tucionais e a visibilidade dos produtos ou serviços são pautas constantes e devem refletir não só a missão, os valores e a visão do projeto/negócio mas, sobretudo, o posicionamento ante os desafios da sociedade con- temporânea e os impactos sociais e ambientais. Subitens: • 3.1 Introdução ao marketing • 3.2 Coolhunting: mercado e inovação • 3.3 Novos mercados e novos consumidores • 3.4 Meu produto e o mundo: visibilidade e posi- cionamento • 3.5 Meu produto e o planeta: responsabilidade, sustentabilidade e comprometimento 152 MÓDULO III 3.1 INTRODUÇÃO AO MARKETING O que é marketing? Por que o meu negócio precisa de marketing? Para o guru da área, Philip Kotler, em 1969, marketing era “a criação, implementação e controle de programas calculados para influenciar a aceitabilidade das ideias sociais”; em 1998 era “a entrega de satisfação para o cliente em forma de benefício”; no ano seguinte “a ciência e a arte de conquistar e manter clientes e de- senvolver relacionamentos lucrativos com eles” e no outro ano, ainda, “o processo por meio do qual pessoas e gru- pos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e que desejam com a criação, oferta e livre negociação de pro- dutos e serviços de valor com outros” Podemos assim perceber que o próprio Kotler, profes- sor universitário e pesquisador americano, aperfeiçoou o conceito alargando o seu escopo e aprofundando a sua capilaridade. Interessante notar que na primeira definição o cliente não é citado, na segunda e na ter- ceira já surgem nominalmente e, na última, há a deno- minação de pessoas e grupos de pessoas. A rapidez, a complexidade e o modus operandi da atu- alidade operaram alterações nas dinâmicas sociais e não poderia ser diferente no marketing, seja no seu âm- bito, nas suas formas ou resultados e, principalmente, 153DESIGN MÓDULO III nas estratégias a serem adotadas. Desta forma, Kotler, conhecido como o “pai do marketing moderno” 38, lança, em 2011, “Marketing 3.0” com um subtítulo que define o conceito da versão atualizada: As forças que estão de- finindo o novo marketing centrado no ser humano. Em termos retrospectivos, é importante referir que, primeiramente, na Era Industrial: O marketing dizia respeito a vender os pro- dutos da fábrica a todos que quisessem comprá-los. Os produtos eram relativa- mente básicos, concebidos para servir ao mercado de massa. O objetivo era padro- nizar e ganhar em escala, a fim de reduzir ao máximo os custos de produção, para que essas mercadorias pudessem ter um preço mais baixo e ser adquiridas por um número maior de compradores. (Kotler, 2010 s/p) O Marketing 1.0 tinha como objetivo o produto. O Marke- ting 2.0, embora voltado para o consumidor, parece não ter levado em conta a sua capacidade de articu- lação e o seu grau de informação, como refere Kotler (2010). Posteriormente, contudo, passa-se a perceber o cliente enquanto protagonista: O surgimento do Marketing 3.0, ou a era voltada para os valores. Em vez de tra- 38 Marketing 3.0 – As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser huma- no - Philip Kotler, conhecido como o “pai do marketing moderno”, é professor de Marketing Internacional da Kellogg School of Management, Northwestern University. O Wall Street Journal o considera um dos seis mais influentes pensadores da área de negócios. 154 MÓDULO III tar as pessoas simplesmente como consu- midoras, os profissionais de marketing as tratam como seres humanos plenos: com mente, coração e espírito. Cada vez mais, os consumidores estão em busca de soluções para satisfazer seu anseio de transformar o mundo globalizado num mundo melhor. Em um mundo confuso, eles buscam em- presas que abordem suas mais profundas necessidades de justiça social, econômica e ambiental em sua missão, visão e valores. Buscam não apenas satisfação funcional e emocional, mas também satisfação espiri- tual, nos produtos e serviços que escolhem. (Kotler, 2010 s/p) A passividade do consumidor é então substituída por uma abordagem mais pessoal. Kotler (2010 s/p) refere que esta nova versão leva o “conceito de marketing à arena das aspirações, valores e espírito humano”. As empresas, por consequência, necessitam também construir um posicionamento ante os desafios e ante a complexidade contemporâneos. Veja, a seguir, um quadro que apresenta as principais diferenças de abordagem. Marketing 1.0 = produto Marketing 2.0 = consumidor Marketing 3.0 = valor 155DESIGN MÓDULO III Objetivo Forças Propulsoras Conceito de Marketing Como as Empresas veem o Mercado Diretrizes de Marketing da Empresa Proposição de Valor Interação com Consumidores Vender Produtos Revolução Industrial Funcional Transação do tipo Um-para-Um Desenvolvimento de Produto Especificação do Produto Compradores de Massa com Necessidades Físicas Marketing 1.0 Centrado no PRODUTO Satisfazer e Reter o Consumidor Tecnologia da Informação Funcional e Emocional Relacionamento do tipo Uma-para-Um Diferenciação Posicionamento do Produto e da Empresa Consumidor Inteligente, dotado de Coração e Mente Marketing 2.0 Centrado no CONSUMIDOR Fazer do Mundo um Lugar Melhor Nova onda da Tecnologia Funcional, Emocional e Espiritual Colaboração do tipo Um-para-Um Valor Missão, Visão e Valores da Empresa Ser Humano Pleno, com Coração, Mente e Espírito Marketing 3.0 Centrado no VALOR Figura 48 – Comparação entre Marketing 1.0, 2.0 e 3.0 Adaptado de Marketing 3.0 – Philip Kotler Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira Rumar ao Marketing 3.0, por meio de uma abordagem centrada no consumidor enquanto ser humano pleno, como refere Kotler (2010), requer uma nova perspec- tiva também para as marcas. Segundo o autor: Para estabelecer conexão com os seres hu- manos, as marcas precisam desenvolver um DNA autêntico, o núcleo de sua verda- deira diferenciação. Esse DNA refletirá a identidade da marca. A personalidade de marca com DNA singular será construída ao longo de sua vida. Atingir a diferenciação já é difícil para os profissionais de Marketing. Atingir a diferenciação autêntica é ainda mais difícil. (Kotler, 2010 p. 39) 156 MÓDULO III No Marketing 1.0, a questão da credibilidade estava apenas vinculada à qualidade do produto ofertado. Hoje, além dos atributos intrínsecos do produto ou ser- viço, é fundamental que haja convergência de valores e atitudes, de conexões e comportamentos. Isso é ser autêntico. Isso é DNA. Primeiramente, havia o conceito de “relevância na mente do consumidor”, cujo objetivo final era obter destaque na preferência do comprador, como refere Kotler (2010 p. 40). Entretanto, percebe-se, posterior- mente, que “não basta atingir apenas a mente. Os profis- sionais de Marketing também precisam atingir o coração dos consumidores” (2010 p. 40). Estamos falando de Marketing emocional. Na perspectiva de Kotler (2010 p. 40), no entanto, o Marketing precisa alçar outra posição, ou seja, atingir “o espírito dos consumidores”. Tarefa complexa e que requer uma redefinição de estratégias. Para tanto, o pesquisador propõe uma abordagem que se assenta em 3 pilares: marca, posicionamento e diferenciação que estão relacionados à identidade, integridade e imagem de marca, ou, simplesmente, 3 Is. No mundo horizontal dos consumidores, a marca é inútil se apenas articular o seu po-sicionamento. A marca pode ter uma iden- tidade clara na mente dos consumidores, “No Marketing 3.0 as empresas precisam abordar os consumidores como seres humanos plenos” Philip Kotler 157DESIGN MÓDULO III mas, não necessariamente boa. O posicio- namento é uma mera alegação que alerta os consumidores para serem cautelosos a respeito de uma marca não autêntica. Em outras palavras, o triângulo não está com- pleto sem a diferenciação. A diferenciação é o DNA da marca que reflete sua verdadei- ra integridade. (Kotler, 2010 p. 41) integridade da marca posicionamento diferenciação marca identidade da m arca im ag em d a m ar ca Figura 49 – Modelo dos 3 Is Adaptado de Marketing 3.0 – Philip Kotler Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira Segundo o criador do Modelo dos 3 Is, o alinhamento entre o DNA da marca e o seu comportamento institu- cional é o que revela a sua integridade. “É a prova só- lida de que a marca concretiza as suas promessas”. Esta concretização é o que, na perspectiva do autor, “estabe- 158 MÓDULO III lece sinergia com o posicionamento” criando, automati- camente, uma boa imagem de marca (Kotler, 2010 p. 41). Esta trajetória de transformação do Marketing está, obviamente, relacionada à transformação social, cul- tural e econômica. Na década de 1950, Neil Borden “cunhou a famosa expressão Mix de Marketing” (Kotler, 2010 p. 29). Também conhecido como o Composto de Marketing, o Marketing Mix constitui um “conjunto de fer- ramentas que a empresa usa para atingir os seus objeti- vos de marketing no mercado-alvo” (Kotler, 1998 p. 97). Posteriormente, na década de 1960, Jerome E. Mc- Carthy apresentou uma estrutura inovadora para as técnicas mercadológicas desenvolvidas desde 1950, e que atende pelo nome de teoria dos 4 Ps do Marketing. A função principal do Marketing era gerar demanda de produtos. Os 4 Ps de McCarthy explicavam, de maneira concisa, as práticas genéricas da gestão do produto vigente na época: desenvolver um produto (product), determinar um preço (price), realizar uma promoção (promotion) e definir um ponto (place) de distribuição. (Kotler, 2010 p. 30) 159DESIGN MÓDULO III P product P produto P promotion P promoção P place P ponto P price P preço Figura 50 – Modelo dos 4 Ps - Jerome E. McCarthy Adaptado de Marketing 3.0 – Philip Kotler Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira Na década de 1980, Kotler (Silveira, 1994 apud Ama- ral, 2000 p. 53) analisa que as premissas da referida teoria, em face do contexto sócio cultural de então, se tornam desatualizadas. Não só pelas premissas Top Down, ou seja, de cima para baixo, mas, também, pela severa orientação para o produto e, sobretudo, por um modo unilateral de interlocução. A redefiniçao dos 4 Ps fica consolidada desta forma: 1. Probing (Sondagem) - Valorizando a pesquisa para entender o mercado consumidor; 160 MÓDULO III 2. Partitioning (Segmentação) - Enfocando a seg- mentação para fragmentar o mercado em grupos cada vez menores de consumidores; 3. Prioritizing (Prioridade) - Destacando a priori- dade para seleção dos grupos de consumidores de interesse estratégico para a organização; 4. Positioning (Posicionamento) - Ressaltando o posicionamento para desenvolver uma estraté- gia diferenciada e competitiva para cada um dos segmentos do mercado da organização. (Amaral, 2000 p. 53) Na década seguinte, há uma nova alteração, desta vez proposta por Lauterborn (Schultz, 1994). Surge, então, a Teoria dos 4 Cs: 1. Esqueça o produto - Estude as vontades e as necessidades do consumidor ou cliente. Você não pode mais vender tudo o que consegue fabricar, pode apenas vender o que alguém especificamente quer adquirir. 2. Esqueça o preço - Compreenda o custo para o consumidor satisfazer sua vontade ou necessidade. “A diferenciação é o DNA da marca que reflete a sua verdadeira integridade”. Philip Kotler 161DESIGN MÓDULO III 3. Esqueça o ponto de distribuição (praça) - Pense na conveniência de comprar. 4. Esqueça a promoção - A palavra de ordem da década de 90 é a comunicação. (Schultz, 1994 p. 14) Muitas são as teorias de Marketing. Há quem preconize que a Teoria dos 4 Ps já não faça sentido, nem a Teoria dos 4 Cs. Outros sugerem a dos 4 As (análise, adapta- ção, ativação e avaliação). É inegável o surgimento de um novo contexto, muito mais complexo e fragmentado. Mesmo assim, para Kotler (2010), é inegável que “a natureza tática do mo- delo clássico de Marketing 1.0 continuou existindo” muito embora, para o pesquisador, outros Ps tenham se jun- tado aos originais: “Pessoas, Processo, Provas Físicas, Opinião Pública e Poder Político” (Kotler, 2010 p. 30). Em seu livro Marketing 4.0, com o sugestivo subtítulo Do Tradicional ao Digital, Kotler (2017) reequaciona os 4 Cs. 162 MÓDULO III C co-criation C cocriação C crurrency M moeda C conversation C conversa C communal ativation A ativação comunitária Figura 51 – Modelo dos 4 Cs – Marketing 4.0 - Philip Kotler Adaptado de Marketing 4.0 – Philip Kotler Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira 1. Cocriação (Co-Criation) - Entram aqui os processos contemporâneos de desenvolvimento, sobre os quais já conversamos no Módulo 2. Palavras como transver- sal, colaborativo e horizontal definem o primeiro C. 2. Moeda (Currency) - É Moeda porque o preço deve ser regulado pela flutuação do mercado. 3. Ativação Comunitária (Communal Ativation) - Re- mete à uma nova economia com modos compartilha- dos e Novos canais de distribuição. 163DESIGN MÓDULO III 4. Conversa (Conversation) - Entra aqui o fato do cliente, agora, também ser um elaborador de conte- údo e um formador de opinião em pequena escala. O âmbito das mídias sociais propícia uma nova forma de interação e adaptação de mensagens promocionais. 164 MÓDULO III SÍNTESE O QUE É: Marketing - Ciência e a arte de explorar, criar e entre- gar valor para satisfazer as necessidades de um mer- cado-alvo com lucro. (Kotler, 2010 p. 43) Ideias Centrais dos Marketings: Marketing 1.0 – produto Marketing 2.0 – consumidor Marketing 3.0 – valor Marketing 4.0 - participação Marketing 4.0 - Cocriação (Co-Criation); Moeda (Cur- rency); Ativação Comunitária (Communal Ativation); Conversa (Conversation). 165DESIGN MÓDULO III 3.2 COOL HUNTING: MERCADO E INOVAÇÃO Para Sun Tzu (2000, p. 68), “um general hábil sabe ante- cipadamente tudo o que deve fazer”. Cool Hunting é, ba- sicamente, antecipar cenários. Esta espécie de dinâ- mica “futurologista” não se trata de adivinhação, mas, antes, de uma atenta leitura comportamental. São duas as condicionantes contemporâneas que demandam a antecipação de cenários: mercado, co- municação e comportamento. Embora possa parecer óbvio mencionar, é importante ter presente que, ante- cipar tendências pode ser decisivo na obtenção de re- levância em um mercado concorrencial enorme. A par disto, há o acesso e o enorme fluxo de informações a que todos nós estamos sujeitos, inclusive como consu- midores. Por fim, há a questão social e comportamen- tal que dá indícios de uma, cada vez maior, fluidez no estabelecimento das relações, justamente pelo fluxo exagerado de informações a que somos submetidos constantemente. Então, como antecipar cenários nesse contexto? Muito utilizado pela cadeia de moda, o cool hunting se con- solida como uma ferramenta de prognósticos extre- mamente interessante e valiosa para outras áreas de negócios também. 166 MÓDULO III Falaremos no tópico a seguir sobre mercado e con- sumidor, mas é importante referir que, atualmente, o consumidor, mais do que um indivíduo, deve ser tra- tado como uma entidade. A onipresença do consumi- dor está relacionada com a sua força enquanto rede de convergência de hábitos, de alinhamento de ideias e de construção identitária. Kotler (2010) faz referência ao empowerment doconsu- midor. Na visão do autor é necessário que a empresa seja capaz de construir a sua mensagem institucional reforçando a importância do consumidor. Relata ainda, em seu livro Marketing 3.0, uma infinidade de ações de marketing que procuram construir o conteúdo com a ajuda dos consumidores. Estas ações buscam reforçar a ideia de pertencimento, de conexão com as marcas e o alinhamento aos valores propostos por elas. Embora possa ser considerada também uma pes- quisa, o Cool Hunting, atende especificações e faz leitu- ras subliminares de um grande universo, o que requer habilidades específicas. O profissional do Cool Hunting chama-se Cool Hunter. Espalhados pelo mundo, os Coolhunters atuam no sentido de descobrir movimentos culturais e estéticos que poderão influenciar principalmente os campos de moda, publici- “Criatividade é subtração”. Austin Kleon 167DESIGN MÓDULO III “Observação do meio é uma ferramenta de construção de estratégias para a inovação.” Na- thalie Bonome dade, design e, por consequência, o desem- penho de mercado de todos os setores que produzem bens de consumo. Baseada em funções da pesquisa etnográfica, o Coolhun- ting promove a análise empírica dos indiví- duos e ambientes. (BONOME, 2011 p. 53) Palavras como imersão, observação, percepção e pa- drão, entre outras, dizem de um universo vasto e bas- tante complexo de pesquisa, se tivermos em conta a ra- pidez na troca de informações e o surgimento constante de novos estímulos. Esta estrutura de pesquisa reco- nhece, como refere Picoli (2008 apud Bonome, 2011), ser essencial ter início: No topo, com os Inovadores, 3% da popula- ção, que são os indivíduos capazes de criar ou gerar tendências através do seu estilo. Imediatamente a seguir encontram-se os trendsetters, cerca de 17% da população, que são os que influenciam ou lançam ten- dências, se destacam pela diferenciação e inovação, adotam e começam a disseminar as tendências. Surgem depois os mainstre- am, grande parte da população, que são os que adotam a moda na sua fase inicial. E por último, as massas que incorporam a moda já instalada (PICOLI, 2008 apud BONOME, 2011 p. 54). E como tratar esses dados? Como saber o que incluir ou deixar de fora? Kleon (2012), no livro “Roube como um Artista”, afirma que Criatividade é subtração. E por quê? 168 MÓDULO III Na perspectiva do autor, na era do excesso de infor- mação ou, se quisermos, em tempos Hiper Modernos39 (Lipovetsky, 2004), ganhará destaque no mercado concorrencial aquele que tiver a maior capacidade de síntese, ou seja, aquele que souber exatamente “o que deixar de fora, para assim poder se concentrar no que realmente importa”. (Kleon, 2012 p. 145) Esse é o papel do Cool Hunter, identificar sinais de rele- vância e antecipar cenários. Figura 52 – Arte Urbana Fonte: Pixabay. Autor: Public Domain Pictures. CC0 Creative Commons Grátis para uso comercial. Atribuição não requerida. Disponível em: < https://pixa- bay.com/pt/centro-de-juventude-grafite-164488/> Acesso: 07 jul.2018 Onde pesquisar? O universo de pesquisa de antecipação dos novos rumos é, por excelência, o ambiente de trânsito das faixas etárias mais jovens. Para Morris (2011 s/p), o Cool 39 Hipermodernidade: Conceito cunhado por Gilles Lipovetsky que referencia o exa- gero da sociedade contemporânea. 169DESIGN MÓDULO III Hunting constitui uma complexa “combinação de aborda- gens antropológicas, como vivências em subgrupos e ob- servação com uma compreensão funcional de sociologia e psicologia”. Para o autor, neste fundamental processo de pesquisa é necessário: Observar o que os jovens estão fazen- do, para onde estão olhando, o que estão acessando, que bandeiras estão levantan- do, como estão absorvendo informações, que métodos de comunicação estão sendo usados e que roupas e atitudes estão de- monstrando, para depois interpretar a di- reção que esses modismos poderão tomar. (MORRIS, 2011 s/p). Figura 53 e 54 – Grafite e Skate Fonte: Pixabay. Autor: Malixe e GerardoCholula, respectivamente. CC0 Creative Commons Grátis para uso comercial. Atribuição não requerida. Disponível em: < https://pixa- bay.com/pt/rindo-grafite-1152775/> e < https://pixabay.com/pt/breakdancing-bre- ak-dan%C3%A7a-free-style-3532494/> Acesso: 07 jul.2018 170 MÓDULO III Remete ao conceito do Zeitgeist40, que, traduzido do alemão como o “Espírito da Época”, se constitui como o conjunto das principais características capazes de es- boçar uma época do ponto de vista sócio cultural. Segundo Hegel (1999), o espírito do tempo é o que define os rumos da história. Ele en- caminha o presente para determinada di- reção, e assim age também sobre o futuro. Este fenômeno ocorre desde as pequenas coisas do cotidiano até nas grandes desco- bertas, interesses e revoluções da história. (Araújo, 2015 p. 17) Como pesquisar? A transdisciplinaridade do processo de pesquisa em Cool Hunting tem como objetivo final a construção de uma narrativa conceitual. Pode ser con- siderado um híbrido, na medida em que demanda um processo perceptivo, fortemente intuitivo, e uma re- leitura dos métodos de pesquisa convencionais, como refere Bonome (2011). Abaixo, alguns desses métodos: • Observação do Meio - Para Bonome (2011), a Observação do Meio é uma “ferramenta de cons- trução de estratégias para a inovação” e de funda- mental importância dado que: Observar quando, onde e como os códigos emergem permeando e atravessando o meio sociocultural e as relações interindi- 40 O conceito de Zeitgeist foi inicialmente criado pelo filósofo alemão Johann Got- tfried Herder, em 1769, um dos principais pensadores do Romantismo Alemão, se- gundo Araújo (2015) “Criatividade é subtração”. Austin Kleon 171DESIGN MÓDULO III viduais, e identificar o sentido que está se configurando, é condição sine qua non41 para a constituição de tendências. O potencial simbólico que se evidencia a partir de dife- rentes maneiras de representação traduz o estado do imaginário coletivo. A identifica- ção de sinais, e a posterior relação entre os mesmos, permite perceber e delinear uma leitura formal do sentido da atualidade (VI- SONÁ, 2010 apud Bonome, 2011 p.67). • A Pesquisa Etnográfica - Segundo o dicionário Aurélio, Etnografia é a ciência que descreve os povos no relativo aos seus costumes, índole, raça, língua, religião, etc. Para Chizzotti (2006 apud Bonome, 2011), a obser- vação dessa dinâmica deve ser feita por meio de um registro de “fenômenos singulares”, cotidianos, cuja interpretação traduz significados de relevância para a construção da narrativa que se procura. • A Pesquisa Netnográfica - Segundo Kozinets (2002 apud Rocha, 2005 p. 22), a “Netnografia é definida como um método de pesquisa derivado da técnica etnográfica desenvolvida no campo da antropologia”. Tendo como campo de pesquisa a in- ternet, a Netnografia permite o monitoramento de grupos específicos, bem como de seus comporta- mentos e as respectivas produções de conteúdo. 41 Fundamental. 172 MÓDULO III A antecipação de cenários consolida uma enorme vantagem competitiva no mercado concorrencial. Não apenas como oferta de produtos ou serviços, mas, também, como conteúdo para uma interlocução de re- levância. Antecipar a informação para gerar interesse e trocas significativas. 173DESIGN MÓDULO III SÍNTESE O QUE É: Cool Hunting - Deriva da junção de dois termos: “cool”, elementos atuais, “legais” e “hunter”, que significa “ca- çador” na língua inglesa. Em termos práticos, Cool Hun- ting, é antecipação de tendências de mercado. Cool Hunter - Profissional de Cool Hunting. Zeitgeist - Espírito do Tempo. Pesquisa Etnográfica - Pesquisa a partir da observa- ção de grupos sociais e respectivas características. Pesquisa Netnográfica - O mesmo que Pesquisa Etno- gráfica, mas, com o âmbito de pesquisa restrito à internet. 174 MÓDULO III 3.3 NOVOS MERCADOS E NOVOS CONSUMIDORESFalar de mercado e consumidor, na atualidade, é falar de organismos vivos, articulados, pensantes e engaja- dos. Mas, nem sempre foi assim. Há uma célebre pas- sagem de Henry Ford, fundador da Ford Motor Com- pany, que mostra bem a posição de comando que as empresas pensavam ter. Reza a lenda que Ford anun- ciava a oferta de produtos de sua empresa dizendo: “O cliente pode ter o carro da cor que quiser, desde que seja preto”. Segundo Wheeler (2012 p. 24), a “General Motors apareceu com cinco cores e roubou a cena”. Ford, que achava ter o controle na sua mão por ser o dono da fábrica, impunha uma única cor, não impor- tando o que o cliente desejava. Entretanto, o mercado queria outras cores. Queria, sobretudo, poder escolher, mesmo que no final escolhesse o preto. Comprar e vender um produto ou serviço é antes de tudo uma troca. Há pessoas interessadas em vender, e pessoas interessadas em comprar. É esta a premissa para a definição de mercado que, segundo Kotler (1998), apresenta o seguinte fluxo: Os fabricantes vão aos mercados de recur- sos, obtém os recursos e os transformam 175DESIGN MÓDULO III em bens e serviços. Depois, vendem os pro- dutos acabados a intermediários, que os vendem aos clientes finais. Os consumido- res vendem seu trabalho e recebem dinhei- ro, com o qual pagam seus bens e serviços. O governo recolhe impostos para comprar bens nos mercados de recursos, bem como dos fabricantes e dos intermediários e usa esses bens e serviços para fornecer servi- ços públicos. A economia de cada nação e a economia global consistem, dessa forma, em conjunto de mercados em complexa in- teração e vinculados entre si por processos de troca. (KOTLER, 1998, p.8) O que garante a dinâmica de mercado, incluindo o preço, é o equilíbrio entre Oferta e Demanda. Oferta é a quantidade disponível de mercadoria, e Demanda está relacionada à procura, entre outras palavras, os clientes que desejam comprar o produto ou serviço. O mercado pode ser: • Consumidor B2C (Business To Commerce ou Con- sumer) - Indivíduos que adquirem o produto ou serviço para consumo próprio • Empresarial B2B (Business To Business) - Empre- sas, instituições governamentais, ONGs – organi- zações não governamentais, entre outros, que ad- quirem o produto ou serviço para consumo próprio. “O cliente pode ter o carro da cor que quiser, desde que seja preto”. Henry Ford 176 MÓDULO III Em termos estruturais, o mercado contém o segmento de mercado que, por sua vez, contém o nicho de mer- cado, como ilustrado na figura abaixo: segmento de mercado nicho de mercado mercado Figura 55 – Mercado, segmento de mercado e nicho de mercado Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira MERCADO Em termos práticos, pode-se dizer que mercado é o conjunto de compradores efetivos de um produto ou serviço. Os potenciais clientes, aqueles que poderão vir a ser consumidores da marca, também integram este conjunto. Em comum, estes compradores têm a neces- sidade, ou desejo, de adquirir um bem ou serviço. 177DESIGN MÓDULO III mercado total mercado potencial Figura 56 – Mercado total e mercado potencial Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira Dentro de Mercado potencial existe o: • Mercado disponível; • Mercado disponível qualificado; • Mercado alvo; • Mercado penetrado. Mercado disponível - Configura um grupo de consumi- dores cujas características (interesse e poder aquisi- tivo) configuram condição para aquisição de determi- nado produto ou serviço. Mercado disponível qualificado - É um grupo de con- sumidores cujas características (interesse, poder aqui- 178 MÓDULO III sitivo e qualificações42) configuram condição para aqui- sição de determinado produto ou serviço. Mercado alvo - Constitui o grupo de consumidores do mercado qualificado disponível para o qual a empresa dirige a oferta de um produto ou serviço. Mercado penetrado - É o grupo de consumidores efetivos, ou seja, aqueles que já compram o produto ou serviço. mercado potencial mercado disponível mercado disponível e qualificado mercado alvo mercado penetrado Figura 57 – Mercado Potencial Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira SEGMENTO DE MERCADO O Segmento de mercado é o resultado de uma divi- são do universo de clientes potenciais levando-se em conta características que formem grupos homogêneos de consumidores. 42 Neste caso, podem ser entendidas como critérios, por exemplo: um produto espe- cífico para a terceira idade ou para crianças. 179DESIGN MÓDULO III Para a elaboração de segmentos de mercado, ou a segmentação de mercado, há critérios previamente estabelecidos que constituem os seguintes tipos de segmentação: • Geográfica • Demográfica • Psicográfica • Comportamental Segmentação geográfica - O critério de seleção desta segmentação, como o próprio nome refere, é o geo- gráfico. Desta forma, ficam estabelecidas unidades que podem ser bairros, municípios, estados, países, continentes, regiões e afins. Segmentação demográfica - Este tipo de segmentação leva em conta os critérios dos grupos sociais, desde os mais básicos como gênero ou idade, passando por ní- vel de instrução, ocupação, rendimentos, entre outros. Segmentação psicográfica - A Segmentação psicográ- fica organiza consumidores segundo preferências, há- bitos sociais e valores adquiridos. Segmentação comportamental - Esta segmentação or- ganiza grupos tendo em vista a relação que o consumi- dor estabelece com um produto ou serviço. São levados 180 MÓDULO III em conta o conhecimento sobre o produto ou serviço; a intensidade de uso (light, medium ou heavy users43); a fidelidade em relação ao produto ou serviço (convictos, divididos, inconstantes e infiéis)44, entre outros. NICHO DE MERCADO O nicho de mercado é uma parte do segmento de mer- cado que por qualquer razão ainda não é atendida de forma satisfatória, pela oferta de produtos e serviços disponível. Em termos de escala, é uma fatia menor, mas que justamente por não ter as suas necessidades atendidas pode se transformar em um bom espaço de comercialização ou prestação de serviços. O MERCADO FÍSICO E O MERCADO VIRTUAL Em termos retrospectivos, o mercado constituía ape- nas um espaço físico de troca, posteriormente, ampliou o seu âmbito de ação por meio das compras à distância em canais de venda e, hoje, como sabemos, se tornou exponencialmente alargado ante as possibilidades do comércio eletrônico, o e-commerce. mercado em franco crescimento, o e-commerce já representa mais de 5% 43 Light, medium ou heavy users são, respectivamente, consumidores com baixo, médio ou alto índice de utilização de um determinado produto ou serviço. 44 Convictos, divididos, inconstantes e infiéis são, respectivamente, consumidores que usam sempre a mesma marca; usam mais do que uma marca em simultâneo; mudam constantemente de marca e não estão vinculados a nenhuma marca. 181DESIGN MÓDULO III do varejo nacional, segundo dados da Abradi-SP – As- sociação Brasileira de Agentes Digitais. Se a marca já estiver instalada, e esteja à procura de in- cremento de vendas, por meio do e-commerce, pode ter uma grata surpresa ao perceber que a presença digital pode fomentar também a atividade física da marca. Além disso, os novos formatos de compartilhamento logístico permitem que os processos de estocagem, administração e envio sejam terceirizados, fazendo com que a equipe de trabalho seja bastante com- pacta. Há ainda as vantagens intangíveis, ou seja, de difícil mensuração. Uma delas é o alcance que a marca pode ter se bem gerida no âmbito virtual. Figura 58 – Ícone E-Commerce Fonte: Pixabay. Autor: Geralt. CC0 Creative Commons Grátis para uso comercial. Atribuição não requerida. Disponível em: < https://pixa- bay.com/pt/carrinho-de-compras-internet-728407/>Acesso: 07 jul.2018 182 MÓDULO III CONSUMIDOR Para Kotler (2010), embora individualmenteo consu- midor tenha pouca relevância, “seu poder coletivo será sempre maior do que o poder de qualquer empresa”. Este choque de realidade apresentado por Kotler (2010) dá a dimensão da relevância do consumidor na atualidade. E não apenas em termos de potencialidade de vendas ou fidelização, mas, antes, da relação estabelecida, do vínculo e, sobretudo, do que o consumidor pode emitir como opinião sobre a marca. O enfoque no Ser Humano e não mais no Cliente, como referimos anteriormente, passa a valorizar o mais re- levante ativo contemporâneo, o capital humano. Nessa perspectiva, conhecer as pessoas em profundidade é imprescindível para que se possa estabelecer uma in- terlocução eficaz. O contexto econômico, social e cultural no qual es- tamos inseridos colabora para a construção de uma identidade que, de certo modo, podemos chamar de geracional, da geração. Para melhor entendimento do que são essas gerações, recorre-se ao conceito elabora- do por Jeffries e Hunte (2003), segundo os quais geração representa um grupo de pessoas nascidas em determinado período e que podem compartilhar experiências co- 183DESIGN MÓDULO III muns no processo histórico e social e, em um estágio similar de sua vida, predispõem-se a uma modalidade comum de pensamento e experiência e a um modo comum de com- portamento. (VIANA, 2013 p.2) O conceito de perfis geracionais surgiu na década de 1950, como refere Viana (2013), mas a faixa etária não é condição suficiente para se estabelecer um grupo. É preciso mais do que isso, é necessário a identificação de um “conjunto de vivências históricas compartilhadas – obviamente de caráter macrossocial – o qual marca alguns princípios compartilhados de visão da vida, de contexto e um conjunto de valores comuns” (Garcialombardia et al., 2008 apud Viana, 2013 p. 6). Importante referir que a origem deste conjunto de per- fis geracionais é o período pós guerra nos Estados Uni- dos e, portanto, não há consenso entre pesquisadores acerca do período exato utilizado como critério das ge- rações ou do conjunto de características (Viana, 2013). Sem contar que, como qualquer pesquisa, não apre- senta resultados absolutos, mas apesar das condicio- nantes, pode se mostrar bastante eficaz nos traços gerais, valores e interesses. Abaixo apresenta-se um quadro síntese dos grupos geracionais e suas princi- pais características: “O poder coletivo do cliente será sempre maior do que o poder de qualquer empresa”. Philip Kotler 184 MÓDULO III GERAÇÃO NASCIDOS ENTRE CARACTERÍSTICAS Geração Silenciosa Geração Baby Bloomers Geração X Geração Y Geração Z 1995/2012 1925/1945 1946/1964 1966/1977 1978/1994 Conformistas confiantes que valorizam a estabilidade. Grandes compradores; voltados para valores e causas, apesar de auto indulgência e do hedonismo. Cínicos e familiarizados com a mídia. Mais alienados e individualistas. Impacientes. Focados no estilo urbano. Mais idealistas que a geração X. Multiculturais. Conhecimento em tecnologia. Instruídos. Socieda- de rica. Poder aquisitivo. Figura 59 – Quadro/Características Geracionais Adaptado de Philip Kotler Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira 185DESIGN MÓDULO III SÍNTESE O QUE É: Mercado - mercado total + mercado potencial • Mercado total - Conjunto de compradores efeti- vos de um produto ou serviço. • Mercado potencial - Conjunto de compradores que poderão vir a ser consumidores da marca. Dentro de mercado potencial temos: Mercado disponível - Grupo de consumidores que apresenta condições para adquirir um produto ou serviço. Mercado disponível Qualificado - Grupo de con- sumidores que apresenta condições para adquirir um produto ou serviço, quando há restrições para consumo. Mercado alvo - Grupo de consumidores (dentro do mercado qualificado disponível) para o qual a em- presa dirige a oferta de um produto ou serviço. Mercado penetrado - É o grupo de consumidores efetivos, ou seja, aqueles que já compram o pro- duto ou serviço. Mercado consumidor B2C (business to commerce ou consumer) - Indivíduos que adquirem o produto ou serviço para consumo próprio. 186 MÓDULO III Mercado empresarial B2B (business to business) - Em- presas, instituições governamentais, ONGs – organiza- ções não governamentais, entre outros, que adquirem o produto ou serviço para consumo próprio. Segmentação de mercado - “Ato de dividir um mercado em grupos distintos de compradores com diferentes ne- cessidades e respostas” (Kotler, 1998, p. 257). • Segmentação Geográfica - Critério de seleção = localização geográfica. • Segmentação Demográfica - Critério de seleção = características dos grupos sociais. • Segmentação Psicográfica - Critério de seleção = hábitos. • Segmentação Comportamental - Critério de se- leção = relação com a marca. Nicho de mercado - Uma parte do segmento de mercado. Consumidor - Pessoa física ou jurídica que adquire bens, produtos ou serviços. 187DESIGN MÓDULO III 3.4 MEU PRODUTO E O MUNDO: VISIBILIDADE E POSICIONAMENTO Quando se fala em estratégia, no mundo dos negócios, talvez a primeira associação a ser feita seja uma série de manobras e técnicas, tão radicais quanto neces- sário, para se ganhar destaque no mercado concor- rencial, no melhor estilo Sun Tzu: “Não permitas que o inimigo tome a dianteira” (Sun Tzu, 2000, p. 11) Na atualidade, no entanto, há outros elementos que, obrigatoriamente, devem integrar uma estratégia de negócios eficaz. Como referimos anteriormente, as mu- danças sociais que se refletem nos novos mercados e nos novos consumidores não demandam somente ini- ciativa negocial, mas também o conhecimento acerca da motivação, do enfoque e da finalidade corporativa. Quem é essa empresa? Qual é a sua posição em re- lação aos desafios contemporâneos? Enfim, qual é a sua razão de existir? Hoje não há mais lugar para uma empresa focada apenas na obtenção de lucro e vazia de propósitos. E como expressar esses desígnios? A estruturação deste contorno institucional começa com a definição de alguns conceitos. Missão, visão e valores são posicionamentos a serem estruturados e deverão rebater a imagem da empresa, seja no seu 188 MÓDULO III produto, na sua identidade visual, nos pontos de con- tato da marca, na interlocução com o consumidor, nos conteúdos veiculados nas redes sociais, na gestão de crise, enfim, em tudo. Para incluir as boas ações na cultura cor- porativa e manter-se firme a seu compro- misso, a melhor abordagem é incorporá-las à missão, à visão e aos valores da empre- sa. Os líderes das empresas encaram essas declarações como seu DNA corporativo. (Kotler, 2010 s/p) MISSÃO Em termos gerais, pode-se dizer que a missão de uma empresa expressa, de forma sintética, a razão e a mo- tivação de sua existência. Para Kotler (2010), no en- tanto, a missão no âmbito do Marketing 3.0 deve: Apresentar uma nova perspectiva de negó- cios que pode transformar a vida dos con- sumidores. Nós a chamamos de “práticas inovadoras”. Também acreditamos que há sempre uma boa história por trás de uma boa missão. Portanto, difundir a missão junto aos consumidores envolve uma his- tória que emociona as pessoas. Uma ideia incomum embutida em uma missão teria de ser adotada pelo mercado mainstream para causar impacto significativo. Em outras pa- lavras, a concretização da visão requer a participação do consumidor. Assim, o em- powerment do consumidor é fundamental. (Kotler, 2010 s/p) 189DESIGN MÓDULO III Para o autor, as três características de uma boa mis- são estão resumidas em 3 verbos: Criar, Difundir e Concretizar. práticas inovadoras histórias que emocionam empowerment do consumidor criar difundir concretizar Figura 60 – Características para Elaboração da Boa Missão Adaptado de Philip Kotler Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira • Criar está relacionado com as Práticas Inovado-ras, ou seja, quão original é a ideia de negócio. Uma boa missão tem sempre a ver com mu- dança, com transformação, com fazer a di- ferença. O Marketing 3.0 está relacionado a mudar a maneira como os consumidores fazem as coisas na vida. Quando uma marca traz transformações, os consumidores a aceitam inconscientemente, como parte de seu cotidiano. (Kotler, 2010 s/p) • Difundir, por sua vez, tem conexão com Histórias que emocionam as pessoas. Kotler (2010) mencio- na Robert McKee, roteirista, que acredita haver: Duas maneiras diferentes de convencer as pessoas. A primeira é basear as ideias em uma série de fatos e números e envolver as pessoas em argumentos intelectuais. A outra, muito mais eficaz segundo sua opinião, é es- 190 MÓDULO III crever histórias atrativas em torno das ideias e envolver as emoções das pessoas. (Kotler, 2010 s/p) Estamos falando de Storytelling. • Por fim, concretizar, que está relacionado com outro conceito bastante difundido nos tempos mais recentes, o empoderamento, ou empower- ment, neste caso, do cliente. O concretizar fala de um protagonismo que, ao invés de ser da marca, passa a ser do consumidor. Muitas são as ações que procuram envolver o comprador. Desta forma, há uma retroalimentação do sistema de valoriza- ção da marca: valoriza-se o consumidor que, por ser valorizado, resignifica a marca e a relação es- tabelecida. Nas palavras de Kotler (2010): O empowerment do consumidor é a plata- forma para sua conversa. A conversa mui- tos-para-muitos é o que torna uma rede de consumidores poderosa. A história de uma marca não tem significado algum quando os consumidores não estão falando sobre ela. (Kotler, 2010 s/p) VISÃO Para Kotler (2010 s/p), “enquanto a missão tem suas ra- ízes no passado, quando a empresa foi fundada, a visão tem a ver com a invenção do futuro”. Esta perspectiva aponta cenários: o que se pretende realizar? Missão = razão + motivação da existência 191DESIGN MÓDULO III Para definir isso, uma empresa preci- sa criar um quadro mental do futuro com base na definição de missão corporativa. O símbolo que utilizamos é o de uma bússola que orienta a empresa até seu estado fu- turo. Por outro lado, os valores podem ser considerados “padrões de comportamen- to institucionais da corporação”. Como as empresas costumam seguir o mesmo ciclo de valores, eles são simbolizados por uma roda. (Kotler, 2010 s/p) Wheeler (2012) fala de visão enquanto um exercício de futuro e, sobretudo, de coragem na expressão daquilo que se quer construir. Fala de uma construção concei- tual de veracidade pois, para a autora, sem um valor real em que se acredite, efetivamente, não há como perpetuar a verdade de uma marca perante a mais exigente avaliação, a do consumidor. 192 MÓDULO III proporcionar satisfação realizar aspiração praticar compaixão lucratividade retorno sustentabilidade ser melhor diferenciar-se fazer a diferença mente coração espírito va lo re s co m o vi sã o o qu ê m is sã o p or q uê em p re sa indivíduo Figura 61 – Características para Elaboração da Boa Missão Adaptado de Philip Kotler Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira VALORES Os valores definidos para uma empresa devem expri- mir aquilo em que se acredita, as suas motivações e atitudes. Aquilo que se valoriza como de fundamental importância para a concretização de um negócio. Con- forme Kotler (2010): Os valores articulam um conjunto de priori- dades corporativas e tentativas de gestão para incluí-los em suas práticas, o que, espe- Visão = invenção do futuro (Philip Kotler) 193DESIGN MÓDULO III ra-se, fortalecerá comportamentos que be- neficiem a empresa e as comunidades dentro e fora dela, o que, por sua vez, fortalecerá os valores da instituição. (Kotler, 2010 s/p) POSICIONAMENTO Quando se fala de posição, de forma geral, nos refe- rimos a localização de alguma coisa, a situação que determinado objeto ocupa no espaço e, se assim for, consequentemente, ficam definidos os pontos de refe- rência dos demais objetos. Quando se fala de posicionamento de marca não é muito diferente. A definição dos valores institucionais é como um conjunto de coordenadas que define exata- mente onde um negócio está no mapa concorrencial. Desenvolvido na década de 1980, por Al Ries e Jack Trout, o posicionamento, para Wheeler (2012), está as- sentado na Teoria dos 4 pilares: preço, produto, pro- moção/divulgação e praça/distribuição e se configura como uma estratégia multifocal: Impulsionando o planejamento, o marketing e as vendas. O posicionamento é desenvol- vido para criar aberturas em um mercado que está sempre mudando, um mercado no qual os consumidores estão saturados com produtos e mensagens. O posicionamento tira vantagens das mudanças que ocorrem na demografia, na tecnologia, nos ciclos de marketing, nas tendências dos consumido- 194 MÓDULO III res e nas brechas de mercado para encon- trar novos meios de chamar a atenção do público. (Wheeler, 2012 p. 24) E como já veremos ao longo deste conteúdo, posiciona- mento não é nada sem propósito! Coincidentemente a Ana Couto Branding45 acaba de lançar um relatório so- bre marcas e propósito46. A pesquisa é extremamente interessante enquanto conceito e enquanto resultado. Tem o sugestivo nome de Pi47 Index que, conceitual- mente, faz a conexão matemática necessária para uma avaliação quantitativa daquilo que “as pessoas esperam e admiram nas marcas que mais consumimos” (Ana Couto Branding, 2018 s/p). O objetivo maior da pesquisa pode ser resumido em uma única palavra: propósito. “Propósito é valor, e é um valioso caminho para as marcas evoluírem”. (Ana Couto Branding, 2018 s/p). Para os autores, entre as muitas conclusões possíveis há uma, em especial, que reforça o protagonismo do consumidor na sua relação com a marca: a percepção de valor é um dado relevante e em crescimento. Em 2015, lançamos a TIP (transparência, 45 Ana Couto Branding – Agência de Branding Full Service - http://www.anacouto.com.br/ 46 Pi Index – Ana Couto Branding - Disponível em: <http://www.anacouto.com.br/pi- -index/> Acesso: 11 jul. 2018. 47 Proporção numérica obtida por meio da razão entre o perímetro e o diâmetro de uma circunferência. 195DESIGN MÓDULO III inspiração e propósito), pesquisa que colo- cava em pauta o papel das marcas e avalia- va a influência do propósito no momento de compra e relacionamento. Hoje lançamos o PI Index, um estudo que aprofunda essa análise e suscita novas reflexões. Quais marcas o consumidor mais valoriza e por quê? O que ele considera mais relevante? Como podemos medir a atuação das prin- cipais empresas que fazem negócio no Bra- sil? (Ana Couto Branding, 2018 s/p) VISIBILIDADE Este conjunto de definições conceituais-institucionais define a posição ocupada por uma marca que, por consequência, diz a forma como se mostra no mer- cado concorrencial e perante o seu grupo de consumi- dores. Diz, em suma, de sua visibilidade. A forma como se percebe a sua presença. No entanto, a visibilidade de uma marca não deve se restringir ao seu público consumidor apenas. Deve também ser construída e sedimentada perante os seus pares, especialistas e os formadores de opinião. A participação em eventos de premiação, na perspec- tiva de Ana Brum48, tem inúmeras vantagens. Além de estimular a dinâmica projetual, promovendo a criativi- dade e a renovação na busca da superação constante de desafios, pode ser uma estratégia tão eficiente de 48 Diretora técnica do CBC – Centro Brasil Design “Propósito é valor, e é um valioso caminho para as marcas evoluírem” Ana Couto Branding 196 MÓDULO III salvaguarda da Propriedade Intelectual quanto as for- mas tradicionais de proteção legal. Há diversas iniciativas de chancela da produção de Design no Brasil e no mundo. Os investimentos em tais participações podem ter retorno imediato ou a longoprazo, como qualquer iniciativa institucional, seja uma feira, uma exposição, entre outros. Podem até mesmo se firmar como estratégias sólidas de internacionaliza- ção e abertura de novos mercados. O Centro Brasil Design49 mantém uma agenda atuali- zada das principais iniciativas do setor, não só de prê- mios, mas também de cursos, eventos, exposições, en- tre outros. Vale a pena consultar regularmente! A seguir listamos as principais premiações de Design, nacionais e internacionais. Consulte o seu Designer sobre o perfil das iniciativas e a maneira mais adequada de participar. Prêmios Nacionais • Prêmio Museu da Casa Brasileira (MCB) • Prêmio Salão Design http://www.salaodesign.com.br/ • Prêmio Universitário Tok&Stok de Design Universitário https://www.tokstok.com.br/PremioTokStok/home.jsf • Prêmio Bornancini http://www.premiobornancini.com.br/ 49 http://www.designbrasil.org.br/agenda-do-design/ “Participar de premiações pode ser uma eficiente estratégia de salvaguarda da propriedade intelectual”. Ana brum 197DESIGN MÓDULO III • Prêmio Jovens Deginers http://www.jovensde- signers.com.br/ • Prêmio Nacional de Inovação http://www.pre- miodeinovacao.com.br/ • Prêmio de Design de Móveis http://www.premio- dedesigndemoveis.com.br/ • Prêmio Nacional Aspacer de Design http://www. aspacer.com.br/hotsite/premioaspacer/ • Prêmio ABF + RDI de Design https://premiodesign. abf.com.br/ • Prêmio Bom Design http://www.premiobomdesign.com/ • Prêmio ABILUX Design de Luminárias http://www. abilux.com.br/portal/premio-design-de-luminarias • Talento Design https://www.vw.com.br/pt/volkswa- gen/talento-design.html • Prêmio de Design Instituto Tomie Ohtake Leroy Merlin https://www.institutotomieohtake.org.br/premios/pra- omio-de-design-instituto-tomie-ohtake-leroy-merlin Prêmios Internacionais • iF Design Award https://ifworlddesignguide.com/ • Red Dot Design Award https://www.red-dot.org/ • A’ Design Award and Competition http://www.com- petition.adesignaward.com/ 198 MÓDULO III • The Good Design Awards https://good-designawards.com/ • Compasso D’Oro http://www.adi-design.org/ho- mepage.html • Cannes Lions – International Festival of Creativity https://www.canneslions.com/ • IDA Design Awards https://idesignawards.com/ • Core 77 Design Awards https://designawards.core77.com/ • German Design Award https://www.german-design- -award.com/en.html • European Design Awards https://europeandesign.org/ APRESENTANDO O MEU PROJETO Na sociedade contemporânea, onde o tempo é cada vez mais escasso e o volume de informações cada vez maior, as mensagens necessitam ser diretas, interes- santes e, sobretudo, capazes de destacar o diferencial daquilo que se deseja apresentar: seja uma palestra, uma aula, um projeto, uma ideia. Há muitas técnicas inovadoras, mas nada substitui um bom conceito (o alicerce da sua ideia, o seu diferencial, entre outros, como já referimos anteriormente). Apresentação Uma maneira clássica de dar a conhecer um projeto é fazer uma apresentação. Fácil, né? É só pegar aqueles 199DESIGN MÓDULO III textos todos que redigimos e colocar no Power Point, certo? ERRADO! (Sim, com letras maiúsculas e tudo...) Uma apresentação institucional deve condensar o es- sencial da informação de maneira organizada, sucinta e visualmente interessante. A síntese é, normalmente, algo complexo de se obter, mas fundamental para que a apresentação atinja os seus objetivos: informar e cativar. A coerência na condução do tema é imprescindível para que o leitor (ou espectador) seja contextualizado de imediato e possa perceber, sem dificuldades, o que se pretende comunicar. É um projeto? É uma empresa? Não importa. O fundamental é que a mensagem seja suficientemente clara para comunicar ao cliente o dife- rencial do seu projeto ou empresa. Existe uma ligeira diferença entre enviar uma apresen- tação do seu projeto, por e-mail, por exemplo, e utilizar uma apresentação, como apoio, quando você for ex- por a sua ideia de forma presencial. Apresentação “Editorial” - A apresentação “Editorial” é quase uma publicação concebida e elaborada para ser enviada ao cliente. Neste tipo de apresentação as informações (ou seja, o texto) e as imagens compõem o todo informativo. 200 MÓDULO III Apresentação “Exposição” - Já a apresentação “Ex- posição” é utilizada como recurso nas comunicações presenciais. O conteúdo contempla o máximo de in- formação visual. A utilização de texto é mínima, pois o essencial da informação deve ser apresentado pelo interlocutor. A utilização massiva de texto em uma co- municação presencial concorre diretamente com o apresentador pela atenção da audiência (não sendo recomendada). A SOAP50 é um escritório de Design especializado em apresentações institucionais (além de treinamentos e edição de livros sobre o assunto). Vale uma visita virtual! No livro “Super Apresentações”, os diretores da SOAP apresentam a estrutura de uma apresentação eficaz: 1. Diagnóstico - Contém as perguntas básicas que ajudam a estruturar a condução do conteúdo: Com quem será a interlocução e qual é o respectivo perfil? Qual é o as- sunto e o que a audiência já sabe sobre ele? Em quanto tempo farei essa apresentação? Qual é o meu objetivo? E, talvez o mais importante: se pudesse sintetizar (o pro- duto ou serviço) em uma única palavra, qual seria? 2. Roteiro - O roteiro é a história que será contada e como será contada. É fundamental, na elaboração de um roteiro, tentar fazer um exercício de “faz de conta”. “Faz de conta” que eu não sei nada sobre este as- 50 http://soap.com.br/ 201DESIGN MÓDULO III sunto. Assim, deve-se partir da seguinte pergunta: Por onde a apresentação deve começar para que a men- sagem seja inteligível? 3. Conteúdo - Definido o roteiro, chega a hora de es- tabelecer o conteúdo pertinente aos tópicos da es- trutura pensada. Aqui é necessário um exercício de síntese, mas visual. O conteúdo textual é o discurso do apresentador. Na apresentação em si, apenas devem estar referências visuais que façam a conexão com a ideia principal, com a mensagem a ser transmitida. 4. Elaboração Visual - Aqui o Designer deve pensar no conceito visual do todo, levando em conta a iden- tidade visual da marca e o conceito editorial da apre- sentação. O programa de Power Point, embora tenha vindo a ser subestimado nos tempos mais recentes, continua a ser uma excelente ferramenta de comuni- cação, desde que seja visualmente bem pensada! Há também outras ferramentas, como o Keynote ou o Prezi51. A desvantagem do primeiro é ser exclusivo da Apple, o que às vezes pode, por incompatibilidade de sistemas, comprometer a apresentação. O segundo, o Prezi, apre- senta algumas opções de animação que, se não usadas com parcimônia, podem desconectar a audiência. 51 https://prezi.com/?gclid=CjwKCAjwp7baBRBIEiwAPtjwxIvnfF7jcudc7W4ZEeBk-h- gorArNlijl8GklpduEqpFM7pPVK5XaVBoCXw8QAvD_BwE 202 MÓDULO III 5. Apresentação - Para a SOAP, tão importante quanto a elaboração visual é a forma de apresentar, ou seja, o discurso. O tom, a dinâmica, as coerências, entre tantos outros pontos, são de fundamental importância para uma apresentação bem sucedida. Além disso, treinar e cronometrar a apresentação do conteúdo é impor- tante para que haja coesão entre a fala e a imagem. Pitch O site Anjos do Brasil52 define Pitch como sendo uma ferramenta para a venda do projeto de uma empresa para potenciais investidores. Se você não conhece este site, vale uma boa olhada! Ok! Mas, qual é a diferença de uma apresentação clás- sica? Lembra quando falamos de Kleon (2012) e de sua máxima: a Criatividade é subtração?Tem muito a ver com o Pitch! A diferença entre uma apresentação e o Pitch é o tempo: enquanto uma apresentação pode levar algum tempo (até 30 minutos e, sobretudo, ter muitos slides) o Pitch deve ter 3 minutos (há quem fale em 5 minu- tos), nomáximo, e sobretudo, destacar os diferenciais 52 Anjos do Brasil - É uma organização sem fins lucrativos fundada em 2011 por Cas- sio Spina, que, depois de completar o ciclo do empreendedor (startup, crescimento, aquisições e fusões, aporte de investimentos e venda), passou a apoiar startups na fase de crescimento. Desde então, vem sendo feito um trabalho consistente com apoio de conselheiros, parceiros e um time de colaboradores dispostos a fazer acontecer. A Anjos do Brasil é mantida por voluntários, patrocinadores, apoiadores, cursos, eventos e outras atividades contribuem para manutenção da organização. Disponível em:<http://www.anjosdobrasil.net/pitch.html> Acesso: 16 jul. 2018. 203DESIGN MÓDULO III do seu projeto. Ou, em outras palavras, porque o pro- jeto deve receber investimento. E, como fazer um bom Pitch? A Endeavor Brasil53 apre- senta uma sugestão bem interessante sobre como elaborar um Pitch eficaz. Em termos gerais, para Cas- sio Spina, um bom Pitch deve conter, de forma sintética os seguintes itens: • Qual é a oportunidade; • O mercado que irá atuar; • Qual é a sua solução; • Seus diferenciais; • O que está buscando. Rodadas de Negócios São iniciativas que propiciam encontros entre empre- sas vendedoras e empresas compradoras com o ob- jetivo de criar oportunidades e gerar negócios e par- cerias. O cronograma é definido pela instituição que promove o evento, mas em geral as reuniões são cur- tas e pré-agendadas de forma a otimizar a oportuni- dade. Participar de iniciativas desta natureza traz como be- nefício, além da oportunidade de novas transações, desenvolver novos fornecedores, novas parcerias e o 53 Endeavor Brasil é uma organização global sem fins lucrativos que tem como mis- são multiplicar o poder de transformação dos empreendedores. Disponível em: < ht- tps://endeavor.org.br/quem-somos/> Acesso: 16 jul. 2018. 204 MÓDULO III famoso networking54. Muitas vezes, os benefícios são imediatos, mas também podem surgir a médio e até a longo prazo. Feiras e Exposições O SEBRAE lançou uma pequena cartilha sobre a partici- pação de empreendedores em Feiras e Exposições que discute as vantagens, os critérios, os tipos de feiras e as etapas de produção do evento. Vale a pena conferir55. As Feiras e Exposições também são excelentes opor- tunidades de expor produtos e Serviços, ajudando na visibilidade da marca. São investimentos que deman- dam avaliação prévia, dado que nem sempre é possí- vel mensurar o lucro de imediato, como já referido. 54 Capacidade de estabelecer uma rede de contatos. 55 Cartilha Como Participar de Feiras e exposições; Disponível em: <http://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/mt/bis/como-participar-de-feiras-e-ex- posicoes,a86eaea3fcf9d510VgnVCM1000004c00210aRCRD?origem=estadual&co- dUf=12#0> Acesso: 16 jul. 2018. 205DESIGN MÓDULO III SÍNTESE O QUE É: Missão - Síntese da razão e da motivação de existência da marca. Visão - “Visão tem a ver com a invenção do futuro” (Kotler, 2010 s/p). Valores - Expressão daquilo em que se acredita, das motivações e atitudes da marca. Posicionamento -Estratégia multifocal. 206 MÓDULO III Visibilidade - A forma como a marca é percebida. Apresentação de Projeto - Organização da informação essencial de um projeto estruturada segundo um roteiro previamente estabelecido e visualmente interessante. Apresentação – Roteiro para Elaboração • Diagnóstico • Roteiro • Conteúdo • Elaboração Visual • Apresentação Pitch - Apresentação (de tempo mínimo) com o essen- cial da ideia de um projeto para potenciais investidores. Rodadas de Negócios - São iniciativas que propiciam encontros entre empresas vendedoras e empresas compradoras. Feiras e Exposições • Feiras Iniciativas expositivas para públicos distintos (vol- tados ao consumidor final ou compradores). • Exposições Iniciativas expositivas, de maneira geral, com obje- tivos institucionais, ou seja, de divulgação da marca. 207DESIGN MÓDULO III 3.5 MEU PRODUTO E O PLANETA A proximidade do final do século XX trouxe à tona a discussão sobre o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade do Designer sobre o projeto pós con- sumo. Não só o Designer, como todos nós, tem uma enorme parcela de responsabilidade e, sobretudo, de contributo para com a Sustentabilidade, seja Econô- mica, Social ou Ambiental. O projeto Story of Stuff (A História das Coisas)56, produ- zido por Annie Leonard, elucida o papel do consumidor e do Design na economia contemporânea, por meio de pequenos vídeos de uma simplicidade arrebatadora. Vale conhecer! Quando se fala de Sustentabilidade e Design, algumas dimensões devem ser abordadas: a questão do con- sumo, a questão projetual e a questão do descarte. Para Cardoso (2008): O conflito entre consumo e meio ambiente não é problema ultrapassado e nem uma questão de alarmismo ou ‘ecochatice’, como dizem alguns. Não resta dúvida que de que 56 A História das Coisas é um documentário, produzido por Annie Leonard, que apre- senta uma perspectiva do consumo contemporâneo bem como, o impacto ambien- tal desse padrão de consumo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=- 7qFiGMSnNjw> Acesso: 12 jul. 2018. 208 MÓDULO III o modelo consumista da prosperidade pela expansão contínua da produção e das ven- das é insustentável a longo prazo. (Cardoso, 2008, p. 247). Consumo A Sociedade de Consumo, baseada na economia de mercado e no vertiginoso crescimento em face da glo- balização e da evolução tecnológica, se depara com novos desafios. A transformação contemporânea im- põe distintas necessidades que demandam distintas respostas; o avanço tecnológico promove a rapidez na troca de informações que nos leva a conhecer, desejar e copiar outros modelos culturais; a quebra de bar- reiras geográficas promove a mobilidade e o fluxo de ideias; a globalização facilita a aquisição de mercado- rias a baixíssimo custo, entre tantos outros fatores. Contudo, será que precisamos mesmo de tantas coi- sas? Será que estes desafios contemporâneos, de fato, nos colocam novas necessidades ou, por outro lado, nos são impostas por novas formas de aborda- gem e comunicação? Parece que, de alguma forma, estas novas dinâmicas de consumo fizeram com que entrasse na pauta da atualidade um novo movimento: o Minimalismo. Em- bora possa remeter a uma corrente artística, o Mini- malismo, enquanto manifesto, questiona a posse de 209DESIGN MÓDULO III objetos, os novos modos de habitar, mas, sobretudo, a forma como consumimos. Para os adeptos da síntese de posse e consumo, quando nos livramos do excesso de coisas, a liberdade é decretada. Há muitas iniciativas sobre o assunto (blogs, livros, entre outros), mas talvez a mais enfática seja a experiência de Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, registrada no documentário “Minimalism: A Documentary about the Important Things” (Minimalismo: Um Documentário so- bre as Coisas Importantes), em 2016, e disponível na Netflix. Os dois contam a transição entre uma posição bem sucedida, em termos profissionais (mas, segundo os próprios, sem um propósito maior), para um estado de liberdade (quase plena). Criticado por uns, admi- rado por outros, o documentário vale pela reflexão que promove, não só em termos pessoais, mas, também, em termos de razão de ser de negócios e marcas. Já falamos sobre a questão do propósito, mas abordar o tema também sob a perspectiva da sustentabilidade, e de sua capilaridade, faz refletir sobre a amplitude deste conceito. Mais do que apenas uma premissa con- ceitual, o posicionamento da marca deve refletir uma verdade da marca e de seu propósito de existir. O que é a minha marca? O que é o meu produto ou serviço? Qual é a contribuição do meu produto ou serviço para o Novo modelo de negócios = pessoas + planeta + lucro (Alina Wheeler) 210 MÓDULO III mundo? Para a coletividade? Para a posteridade? Wheeler (2012)refere ser de fundamental importân- cia, para a construção e consolidação de uma marca, “fazer a diferença”. E fazer de um modo consistente, acreditando-se no propósito. Sem verdade não há so- brevivência, pois, para a autora: Os consumidores estão examinando os seus valores e as empresas estão repen- sando suas propostas de valor. O resulta- do final triplo (pessoas, planeta e lucro) é um novo modelo de negócios e representa uma diferença fundamental no modo como as empresas medem o sucesso. (Wheeler, 2012, p. 80). Projeto Manzini (2008), logo no início do seu livro “Design para Inovação Social e Sustentabilidade”, afirma que, ao contrário dos clichés estabelecidos, a verdadeira sus- tentabilidade está na contramão da conservação. En- quanto não houver uma verdadeira desconstrução do modelo vigente, que nas palavras do autor recebe o nome de Descontinuidade Sistêmica, não há lugar para uma verdadeira atitude de sustentabilidade. E por que Descontinuidade Sistêmica? Por que a dinâ- mica de produção e consumo instalada demanda uma transformação social nas distintas escalas: seja na ma- cro ou na micro dimensão. Na perspectiva do autor, o “Código genético” do design = melhorar a qualidade do mundo (Ezio Manzini) 211DESIGN MÓDULO III Designer, no desempenho do seu ofício, comporta um paradoxo, podendo, em muitas oportunidades, ser ao mesmo tempo causa e consequência dessa continui- dade sistêmica indevida. Os limites dos recursos do planeta solicitam uma re- flexão sobre a questão da obsolescência. Mas, afinal, o que é obsolescência? Segundo o dicionário Aurélio, Obsolescência é a desclassificação tecnológica do ma- terial industrial motivada pela aparição de um material mais moderno. Redução gradativa e consequente de- saparecimento. Facilitando: Vem de obsoleto. Obsoles- cência está relacionado com tornar-se obsoleto. Figura 62 – Green Ideas Fonte: Pixabay. Autor: Elisa Riva. CC0 Creative Commons Grátis para uso comercial. Atribuição não requerida. Disponível em: < https://pixa- bay.com/pt/eco-ambientalmente-sustent%C3%A1vel-1976741/>Acesso: 17 jul.2018 Descarte Há cerca de dois anos muitos veículos de comunicação noticiaram a proximidade de uma nova era geológica. “A transição rumo à sustentabilidade será um processo de aprendizagem social”. Enzo Manzini 212 MÓDULO III O site da BBC relatou que a época atual, Holocena, cujo início data de 11.500 anos, em breve dará lugar ao período Antropoceno. Um artigo do Slate57, replicado há pouco tempo pela página do projeto A História das Coisas, trata sobre esta questão também. Aborda os “fósseis” e apresenta o título Os Seres Humanos Pro- duzem Tanto Lixo que Estão Criando uma Nova Ca- mada Geológica58. O artigo refere a pertinência da discussão acerca do impacto ambiental causado pela emissão de gases, enfatizando a crescente contribuição que o descarte de bens tecnológicos tem conferido à amplitude do dano ao meio ambiente. Segundo a mesma fonte, um estudo da Universidade de Leicester (Reino Unido) ar- risca uma estimativa de peso: 30 trilhões de tonela- das que sedimentam uma nova camada geológica, a tecnosfera, cuja dimensão pode ameaçar o equilíbrio dos demais sistemas e seus respectivos sistemas de autorregulação. Manzini (2008) é categórico ao afirmar que o Designer é, ao mesmo tempo, solução e parte deste problema con- temporâneo. O pensamento projetual deve refletir sobre 57 SLATE – Revista Diária Online - https://slate.com/ 58 Humans Produce So Much Junk, We Are Creating a New Geological Layer - SLATE – Disponível em <http://www.slate.com/articles/technology/future_tense/2017/03/ humans_are_creating_a_new_geological_layer_of_technofossils.html?wpsrc=sh_all_ mob_tw_bot>.Acesso: 14 jul. 2018. 213DESIGN MÓDULO III as reais necessidades projetuais, mas, também, sobre o destino despois da utilização. Para Cardoso (2008): Uma vertente importante da indústria da atualidade é a ideia do desmonte (Design for Disassembly), ou seja, projetar um arti- go já prevendo o seu descarte e facilitando a reutilização das peças, tendência que vem surtindo bons resultados na indústria auto- mobilística, entre outras (Cardoso, 2008, pg. 248). A utilização de materiais recicláveis muitas vezes não é suficiente para se colocar em prática uma política de sustentabilidade no âmbito de um produto ou serviço. O design for disassembly, o DfD, ou design para desmon- tagem, mencionado por Cardoso (2008), é, de fato, a condição necessária para que uma embalagem, por exemplo, possa ser efetivamente reciclada. Não basta haver apenas o material. É necessário que o projeto contemple esta condição de desmembramento pos- terior ou, de outra forma, corre-se o risco da utilização de materiais recicláveis ser em vão por não ser possí- vel a sua separação. Então, se todos nós - sejamos designers, empreende- dores, industriais, comerciantes, entre outros - devemos estar compromissados com a sustentabilidade social, econômica ou ambiental, o que dizer de uma marca? Com as empresas e as marcas não poderia ser diferente: “Fazer o bem é um bom negócio” Alina Wheeler 214 MÓDULO III Historicamente, o objetivo das empresas sempre foi criar valor para o acionista. A nova ordem integra a prosperidade econô- mica com a proteção do meio ambiente e a demonstração de carinho por comunida- des e funcionários. Muitos acreditam que a sustentabilidade exige inovações radicais: alterar seus produtos, seus processos de produção e sua distribuição. Uma nova ge- ração de empresas vê a sustentabilidade como objetivo principal de sua promessa de marca. A autenticidade é essencial. As redes sociais logo revelam que as marcas não cumprem suas promessas. (Wheeler, 2012, p. 80). No Módulo 1, referimos a máxima do fundador da IBM, Thomas Watson, “Bom Design é bom negócio”. Wheeler (2012 p. 80), acerca do propósito sustentável de uma marca, contribui com a seguinte reflexão: “Fazer o bem é um bom negócio”. A autora que, também no Módulo 1, nos apresentou o conceito de pontos de contato da marca (por meio dos quais a essência da marca é veiculada) revela agora os pontos de contato da sustentabilidade, que constituem ações onde as “as empresas podem fazer a diferença” (Wheeler, 2012 p. 80) e, assim, firmar um compromisso de Responsabilidade Ambiental. 215DESIGN MÓDULO III crie valor de longo prazo co m p re ju st o + co m p re lo ca l tr ab al he c om in te gr id ad e de se nv ol va n ov o m od el o de n eg óc io s ino ve co m re sp on sa bi lid ad e co ns tru a c om un ida de + vo lun ta ria do red uza a p ega da de car bon o use d esign mais intel igent e repens e o cicl o de vi da do p roduto redesenhe o processo de fabricação elimine desperdício não cause danos instigue m udanças significativas passe da teoria à ação use energia de m aneira eficiente analise alternativas de m aterial utilize recursos renováveis va lo riz e sa [u d e e be m e st ar av al ie a c ad ei ra d e fo rn ec im en to re pe ns e em ba la ge ns e p ro du to s pr om ov a co ns ciê nc ia a m bi en ta l ed uq ue so br e s us te nt ab ilid ad e reu tiliz e, r ec icle , re no ve prom ova cert ifica ção com cre dibil idad e pense: pesso as, pla neta, lu cro reexamine a sua missão comprometa-se com valores essenciais estabeleça políticas ambientais exija transparência avalie práticas com erciais defina benchm arks para o progresso crie locais de trabalho saudáveis re d ef in a p ro sp er id ad e MARCA Figura 63 – Pontos de contato de marca/sustentabilidade Adaptado de Design de Identidade de Marca – Alina Wheeler Imagem elaborada por Elisabete Barbosa Castanheira O propósito da marca deve contemplar a questão da prática da responsabilidade sob o seu prisma amplo, ou seja, por meio do tripéda sustentabilidade: ambien- tal, social e econômica. Wheeler (2012 p. 81) compartilha ainda os questionamen- tos de Chris Hacker, Vice Presidente de Design da John- son & Johnson, acerca do propósito da sustentabilidade: Precisamos mesmo? 216 MÓDULO III Foi projetado para minimizar o desperdício? Pode ser menor, mais leve ou feito com menos materiais? Foi projetado para ser durável ou multifuncional? Utiliza recursos renováveis? A reutilização é prática e estimulada? O produto e a embalagem podem ser reutilizados, re- ciclados ou consertados? É feito de materiais reciclados ou reaproveitados? Os materiais estão disponíveis em uma forma menos tó- xica? Vem de uma empresa social ou ambientalmente res- ponsável? É da região? Por fim, a pesquisadora reflete sobre a questão da certificação e da sua importância enquanto diferencial que distingue um propósito de mera estratégia de visi- bilidade. Em um mercado com vasta oferta, o consumi- dor estabelece critérios de avaliação para definir a sua escolha. Na medida em que o cenário concorrencial aumenta, os parâmetros de seleção se aprimoram. A sofisticação destes diferenciais, como referimos ante- riormente, definem um perfil. Se o perfil não estiver de acordo com os critérios pessoais, não se estabelece vínculo, não se estabelece conexão com a marca. 217DESIGN MÓDULO III Segundo a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, Certificação59 é: Um processo no qual uma entidade inde- pendente (3ª parte) avalia se determinado produto atende às normas técnicas. Esta avaliação se baseia em auditorias no pro- cesso produtivo, na coleta e em ensaios de amostras. O resultado satisfatório destas atividades leva à concessão da certificação e ao direito ao uso da marca de conformida- de ABNT em seus produtos. (http://www. abnt.org.br/certificacao/o-que-e) Segundo INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia60 – Inmetro, há dois tipos de certificação no âmbito do Sistema Brasileiro de Avalia- ção da Conformidade: As certificações voluntárias são aquelas em que a empresa define se deve ou não certi- ficar o seu produto, e acordo com o disposto em uma norma técnica, partir dos benefí- cios que identifique que essa certificação 59 ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, Certificação - é o Foro Nacional de Normalização por reconhecimento da sociedade brasileira desde a sua funda- ção, em 28 de setembro de 1940, e confirmado pelo governo federal por meio de diversos instrumentos legais. Disponível em: < http://www.abnt.org.br/abnt/conheca- -a-abnt> Acesso: 17 jul. 2018. 60 INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - é uma au- tarquia federal brasileira, no formato de uma agência executiva, vinculada ao Minis- tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível em: < http://www. inmetro.gov.br/> Acesso: 17 jul. 2018. 218 MÓDULO III pode trazer ao seu negócio. As certificações compulsórias são aquelas em que um regu- lamento determina que a empresa só pode produzir/comercializar um produto depois que ele estiver certificado.(http://www. inmetro.gov.br/qualidade/iaac/certifique- -seu-produto.asp) Principais benefícios da Certificação • Promove o comprometimento com a qualidade; • É um método gerencial que lhe permite medir a melhoria continua do desenvolvimento do negócio; • Assegurar eficiência e eficácia do produto, servi- ço ou sistema; • Introduzir novos produtos e marcas no mercado; • Reduzir perdas no processo produtivo e melho- rar a sua gestão; • Diminuir controles e avaliações por parte dos clientes; • Fazer frente à concorrência desleal; • Melhorar a imagem da organização e de seus produtos ou atividades junto aos seus clientes; • Assegurar que o produto, serviço ou sistema atende às normas; • Tornar a organização altamente competitiva com produtos em conformidade às normas técnicas. 219DESIGN MÓDULO III SÍNTESE: O QUE É: Obsolescência - É a desclassificação tecnológica do material industrial, motivada pela aparição de um ma- terial mais moderno. Design for Disassembly | DfD (design para desmonta- gem) - Condição necessária para que uma embalagem possa ser reciclada. Pontos de Contato da Sustentabilidade - Ações, por meio das quais, as empresas podem firmar um com- promisso de Responsabilidade Ambiental. Certificação - Um processo no qual uma entidade in- dependente (3ª parte) avalia se determinado produto atende às normas técnicas. Esta avaliação se baseia em auditorias no processo produtivo, na coleta e em ensaios de amostras. O resultado satisfatório destas atividades leva à concessão da certificação e ao direito ao uso da marca de conformidade ABNT em seus pro- dutos. (http://www.abnt.org.br/certificacao/o-que-e) 220 MÓDULO III CONCLUSÃO O assunto Design, bem como toda a sua transdiscipli- naridade, é extenso e complexo. Não se esgota aqui, de forma alguma. Pelo contrário. Assim, esperamos que o conteúdo aqui apresentado possa abrir as muitas por- tas da curiosidade e da procura de informações. Só assim se constrói conhecimento. Acreditamos nos processos interativos e colaborativos, mas, para tanto, é necessário conhecer, estar de posse das informações mínimas para que a interlocução com a equipe de desenvolvimento de projetos possa ser produtiva e eficaz. Este é um dos objetivos deste curso. Para além disto, procurou-se, da melhor forma, apre- sentar o Design como ferramenta no desenvolvimento de produtos e soluções sob a ótica da inovação e da estratégia, de forma a incrementar a competitividade de empresas/setores. Construir produtos e Serviços inovadores, transversais. Materializar ideias para gerar inovação e sustentabili- dade, do ponto de vista social, econômico e ambiental. Projete, empreenda e inove. Bons Negócios e Bom Design! 221DESIGN MÓDULO III REFERÊNCIAS ANA, Couto Branding. Pi Index. São Paulo, Ana Couto Branding, 2018. Dis- ponível em: <http://www.anacouto.com.br/pi-index/> Acesso: 11 jul. 2018. ASSOCIAÇÃO, dos Designers de Produto. 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BONOME, Nathalie Cristina. Comunicação e Coolhunting: Os Caçadores de Tendências Sob o Olhar das Relações Públicas. Bauru: Universidade 222 MÓDULO III Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus De Bauru - Facul- dade de Arquitetura Artes e Comunicação, 2011. Disponível em: < https:// repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/131741/000855157.pdf?- sequence=1&isAllowed=y> Acesso: 06 jul. 2018. BRASIL, Ângela. Planejamento Estratégico: Análise SWOT. 2011. BROWN, Tim. Design Thinking. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2010. BURDEK, Bernhard E. História, Teoria e Prática do Design de Produtos. São Paulo: Editora Blucher, 2005. CÂNDIDO, Ana Clara. Inovação Disruptiva: Reflexões sobre as suas características e implicações no mercado. Monte da Caparica: IET - Research Centre on Enterprise and Work Innovation Centro de Inves- tigação em Inovação Empresarial e
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